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CARTILHA DE ARMAMENTO E TIRO

APRESENTAÇÃO

Esta cartilha foi elaborada pelo Serviço de Armamento e Tiro da Academia


Nacional de Polícia, tendo como objetivo principal fornecer os ensinamentos que
serão cobrados em exame para a comprovação de capacidade técnica aos
interessados em adquirir e/ou portar arma de fogo de uso permitido, de que trata o
inciso III do Art. 4º e o inciso II do Art. 10, ambos da Lei nº 10.826, de 22 de
dezembro de 2003, bem como o parágrafo 3° e o inciso VI do Art. 12, e o Art. 22 do
Decreto nº 5.123, de 1º de julho de 2004.

O comprovante de capacitação técnica deverá atestar, necessariamente, que


o pretendente demonstre ter conhecimento da conceituação e normas de segurança
pertinentes à arma de fogo, conhecimento básico dos componentes e partes da
arma de fogo e habilidade do uso da arma de fogo demonstrada, pelo interessado,
em estande de tiro.
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1. ARMA DE FOGO

1.1. CONCEITO

Dispositivo que impele um ou vários projéteis através de um cano pela


pressão de gases em expansão produzidos por uma carga propelente em
combustão.

1.2. CLASSIFICAÇÃO

1.2.1. Quanto à alma do cano

A alma é a parte oca do interior do cano de uma arma de fogo, que vai desde
a culatra até a boca do cano, destinada a resistir à pressão dos gases produzidos
pela combustão da pólvora e outros explosivos e a orientar o projétil. Pode ser lisa
ou raiada, dependendo do tipo de munição para o qual a arma foi projetada.

Alma lisa
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É aquela isenta de raiamentos, com superfície absolutamente polida, como,


por exemplo, nas espingardas. As armas de alma lisa têm um sistema redutor,
acoplado ao extremo do cano, que tem como finalidade controlar a dispersão dos
bagos de chumbo.

Alma raiada

A alma é raiada quando o interior do cano tem sulcos helicoidais dispostos no


eixo longitudinal, destinados a forçar o projétil a um movimento de rotação.

1.2.2. Quanto ao tamanho

Armas Curtas:

Pistolas – Termo originalmente aplicado a todas as armas de mão, mas agora


limitado às armas de um só tiro (geralmente com “alma” lisa) e às semi-automáticas.
Arma para ser disparada apenas com uma mão. Seu nome provém de Pistoia, um
velho centro de armeiros italianos.
Revólveres – Arma curta de repetição, na qual os cartuchos são colocados num
tambor atrás do cano, podendo o mecanismo de disparo ser de ação simples ou
dupla.

Armas Longas – Raiadas:

Rifles – Termo muito comum, de origem inglesa, que significa o mesmo que fuzil.
Arma longa, portátil que pode ser de uso militar/policial ou desportivo; de repetição,
semi-automática ou automática. Dentro desta classificação ainda temos as seguintes
subdivisões:
Fuzil de Assalto – Fuzil Militar de fogo seletivo de tamanho intermediário
entre um fuzil propriamente dito e uma carabina.
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Carabina (Carbine) – Geralmente uma versão mais curta de um fuzil de


dimensões compactas, cujo cano é superior a 10 polegadas e inferior a 20
polegadas (geralmente entre 16 e 18 polegadas).
Submetralhadora – Também conhecida no meio Militar como metralhadora de mão,
é classificada assim por possuir cano de até 10 polegadas de comprimento e utilizar
cartuchos de calibres equivalentes aos das pistolas semi-automáticas.
Metralhadora – Arma automática, que utiliza cartuchos de calibres equivalentes ou
superiores aos dos fuzis semi-automáticos; geralmente necessita mais de uma
pessoa para sua operação.

Armas Longas – Alma Lisa:

Espingardas - Arma longa, de “alma” lisa, que utiliza cartuchos de projéteis


múltiplos ou de caça.

1.2.3.Quanto ao sistema de funcionamento

Antecarga – Qualquer arma de fogo que deva ser carregada pela boca do
cano.
Retrocarga – Arma de fogo carregada pela parte de trás ou extremidade da
culatra.
Repetição – Arma capaz de ser disparada mais de uma vez antes que seja
necessário recarregá-la. Apresenta um carregador cuja função é alimentar munição
à câmara de tiro, embora os revólveres (que não têm carregadores mas sim várias
câmaras independentes) sejam classificados como armas de repetição.
Ação simples – Termo que se refere a revólveres que precisam ser
engatilhados a cada vez que se dispara, ou a pistolas semi-automáticas que
necessitam armas o cão ou puxar o ferrolho antes do primeiro tiro.
Ação dupla – Capacidade de uma arma portátil de atirar cada vez que o
gatilho é puxado, sem que seja preciso armas manualmente o cão ou o percussor
entre os disparos.
Ferrolho – Componente que se movimenta para trás e para frente a fim de
abrir ou fechar o mecanismo ou ação. Vários tipos de armas de fogo utilizam
diferentes tipos de ferrolho, inclusive fuzis automáticos, metralhadoras, fuzis e
espingardas semi-automáticos e pistolas.
Semi-automático – Sistema pelo qual a ação faz a arma atirar, ejeta o
cartucho, inserindo outro e rearma o mecanismo de disparo, apenas com um
acionamento da tecla do gatilho, necessitando da liberação e do posterior
acionamento do gatilho para um novo disparo.
Automático – Sistema pelo qual a arma, mediante o acionamento da tecla do
gatilho e enquanto esta estiver premida, atira continuamente, ejetando e
realimentando a arma até que esgote a munição de seu carregador ou cesse a
pressão sobre o gatilho.
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2. PARTES E COMPONENTES DA ARMA DE FOGO

Revólver
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Pistola
8

ESPINGARDA PUMP

CANO

JANELA DE CARREGADOR
EJEÇÃO E TUBULAR
CABEÇA
DO FELHO

GUARDA-
MÃO

GUARDA-MATO
E GATILHO

CORONHA
COM
SOLEIRA
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ESPINGARDA DOIS CANOS MOCHA

TRAVA DE
FECHAMENTO
TRAVA DE
SEGURANÇA

CANOS DUPLOS
PARALELOS

GATILHOS DUPLOS
E GUARDA-MATO

CORONHA
E
SOLEIRA
10

ESPINGARDA COMUM

CÃO
CANO

CORONHA
E SOLEIRA
GUARDA-MÃO

GATILHO E
GUARDA-MATO
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CARABINA PUMA

MASSA DE
MIRA

CANO CARREGADO
R TUBULAR

ALÇA DE MIRA

CÃO JANELA DE
ALIMENTAÇÃO

ALAVANCA
DE ARMAR
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RIFLE SEMI-AUTOMÁTICO

MASSA DE
MIRA COM
PROTETOR

CANO

ALÇA DE
MIRA

ALAVANCA
DE ARMAR
E FERROLHO

CARREGADOR

CORONHA LIBERADOR DO
E CARREGADOR
SOLEIRA

GATILHO E
GUARDA-MATO
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RIFLE DE FERROLHO (BOLT ACTION)

FERROLHO

GUARDA-MATO E
GATILHO
CANO

CORONHA
E SOLEIRA

3. NORMAS DE SEGURANÇA

1. Jamais aponte uma arma, carregada ou não, para qualquer coisa ou alguém
que você não pretenda acertar, mesmo por brincadeira, a não ser em legítima
defesa;
2. Nunca engatilhe a arma quando não tiver a intenção de atirar;
3. A arma jamais deverá ser apontada em direção que não ofereça segurança
quanto a um disparo acidental;
4. Trate a arma de fogo como se ela estivesse permanentemente carregada;
5. Antes de utilizar uma arma, obtenha informações sobre como manuseá-la
com um instrutor competente;
6. Mantenha seu dedo longe do gatilho até que você e esteja realmente
apontando para o alvo e pronto para o disparo;
7. Ao sacar ou coldrear uma arma, faça-o sempre com o dedo fora do gatilho;
8. Certifique-se de que a arma esteja descarregada antes de qualquer limpeza;
9. Nunca deixe uma arma de forma descuidada;
10. Guarde armas e munições separadamente e em locais fora do alcance de
crianças;
11. Evite testar sistematicamente as travas de segurança da arma após acioná-
las;
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12. As travas de segurança da arma são apenas dispositivos mecânicos e não


substitutos do bom senso;
13. Certifique-se de que o alvo e a zona que o circunda sejam capazes de
receber os impactos de disparos com a máxima segurança;
14. Nunca atire em superfícies planas e duras ou em água, porque os projéteis
podem ricochetear.
15. Nunca puxe uma arma em sua direção, pelo cano;
16. Carregue e descarregue a arma com o cano apontado para uma direção
segura;
17. Caso a arma “negue fogo”, mantenha-a apontada para o alvo por alguns
segundos. Em alguns casos, pode haver um retardamento de ignição do
cartucho;
18. Sempre que entregar uma arma a alguém, entregue-a descarregada;
19. Sempre que pegar uma arma, verifique se ela está realmente descarregada;
20. Verifique se a munição corresponde ao tamanho e ao calibre da arma;
21. Quando a arma estiver fora do coldre e empunhada para o tiro, esteja
absolutamente seguro de que não a está apontando para qualquer parte de
eu corpo ou de outras pessoas ao seu redor;
22. Armas de fogo desprendem lateralmente gases e alguns resíduos de chumbo
na folga existente entre o cano e o tambor. Quando estiver atirando,
mantenha as mãos livres dessas zonas e as pessoas afastadas;
23. Tome cuidado com possíveis obstruções do cano da arma quando estiver
atirando. Caso perceba algo de anormal com o recuo ou o som da detonação,
interrompa imediatamente os disparos; verifique cuidadosamente a existência
de obstruções no cano; um projétil ou qualquer outro objeto deve ser
imediatamente removido, mesmo em se tratando de lama, terra, excessiva
quantidade de graxa, etc., a fim de evitar danificações à arma;
24. Sempre trate a arma como instrumento de precisão, o que ele realmente é;
25. Não tente modificar a tensão do acionamento da arma sem a ajuda de um
armeiro qualificado, uma vez que isso afeta o engajamento da armadilha e do
cão, facilitando o disparo acidental;
26. Não faça uso de álcool ou qualquer tipo de drogas quando estiver portando
arma;
27. Nunca transporte uma arma no bolso ou no cós da calça. Use a embalagem
apropriada ou o respectivo coldre com fecho de segurança;
28. A arma deve ser transportada no coldre, salvo quando houver a consciente
necessidade de utilizá-la;
29. Munição velha ou recarregada pode ser perigosa e seu uso não é
recomendável;
30. Jamais transporte ou coldreie sua arma com o cão armado;
31. Utilize óculos protetores e abafadores de ruídos quando estiver praticando tiro
real.
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4. CONDUTA NO ESTANDE

1. Obedeça sempre ao comando do instrutor avaliador, fazendo aquilo que for


ordenado;
2. Os deslocamentos do candidato no estande deverão ser feitos com a arma
desmuniciada no respectivo coldre ou na embalagem apropriada à mesma até
o início da prova;
3. Todo procedimento de carregar, sacar, descarregar, inspecionar e colocar a
arma no coldre deverá ser feito com o cano apontado para o alvo e para o
chão no ângulo de 45º;
4. O silêncio é fator preponderante para segurança e deverá ser observado
rigorosamente na linha de tiro;
5. Em caso de incidente com a arma, o permaneça com a arma apontada em
direção ao alvo e levante o braço oposto para que o instrutor avaliador possa
atendê-lo;
6. No caso de haver mais de um candidato realizando a prova ao mesmo tempo,
mantenha sempre o alinhamento com os outros atiradores, não se situando
avançado nem recuado em relação aos demais.
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5. DEMONSTRAÇÃO, EM ESTANDE, DO USO CORRETO DE


ARMA DE FOGO CURTAS

1. O ALVO: Deverá ser silhueta humanóide, padrão DPF/ANP (em anexo), com
pontuação de 05 (cinco) pontos no garrafão, 04 (quatro) pontos na área
próxima do garrafão, demarcada no alvo, três pontos no braço direito e 02
(dois) no braço esquerdo;
2. DISTÂNCIA DO ATIRADOR AO ALVO: 7 (sete) metros;
3. QUANTIDADE DE TIROS: Duas séries de (5) cinco tiros;
4. TEMPO DE DURAÇÃO: Trinta (30) segundos para cada série;
5. SISTEMA DE ACIONAMENTO:
a) Para revólver – ação dupla.
b) Para pistola – O primeiro em ação dupla e os demais em ação simples, ou
de acordo com a sua especificidade (IMBEL ação simples).
6. DA MUNIÇÃO: Nova (não será permitido o uso de munição recarregada);
7. DA APROVAÇÃO: Será aprovado o candidato que obtiver, no mínimo, 60% da
pontuação máxima do alvo, ou seja 30 (trinta) pontos do total dos 50
(cinqüenta) pontos possíveis;
8. DA REPROVAÇÃO: O candidato dará ciência de sua reprovação em campo
próprio do formulário de aferição de habilidade em tiro real.

OBSERVAÇÕES:
a) O candidato iniciará a prova na posição de retenção. As armas que
contenham travas de segurança deverão ficar travadas até que seja dado o
comando de início da prova pelo policial avaliador;
b) Caso o candidato venha a infringir as normas de segurança e/ou
conduta no estande de tiro, a critério do avaliador responsável, dada a
gravidade do fato, o candidato poderá ser reprovado no exame, devendo ser
observado o item 8 acima.
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6. DEMONSTRAÇÃO, EM ESTANDE, DO USO CORRETO DE


ARMA DE FOGO LONGAS

1. O ALVO: Deverá ser o padrão CBTP para prova de NRA, dimensão 75 x 45


cm (anexo).
2. DISTÂNCIA DO ATIRADOR AO ALVO:
a) Arma longa de alma raiada – 20 (vinte) metros;
b) Arma longa de alma lisa – 15 (quinze) metros; * o teste efetuado com o
pistolão, a distância deverá ser reduzida para 10 (dez) metros.
3. QUANTIDADE DE TIROS: Duas séries de (5) cinco tiros (alma raiada) e, uma
série de (5) tiros (alma lisa).
4. TEMPO DE DURAÇÃO: Sessenta (60) segundos para cada série.
5. DA MUNIÇÃO: Não será permitido o uso de munição recarregada. As armas
de alma lisa utilizarão o cartucho com chumbo de nº 5 a 7,5 CBC.
6. SISTEMA DE ACIONAMENTO: De acordo com a especificidade da arma.
7. DA APROVAÇÃO: Será aprovado o candidato em arma de alma raiada que
obtiver, no mínimo, 60% da pontuação máxima do alvo, ou seja, 60 (sessenta)
pontos do total de 100 (cem) pontos possíveis.
Nas armas de alma lisa, será aprovado o candidato que obtiver bom
desempenho em acertar o alvo, ficando a critério do instrutor o
prosseguimento na quantidade de disparos (5) acima definidas.
8. DA REPROVAÇÃO: O candidato dará ciência de sua reprovação em campo
próprio do formulário de aferição de habilidade em tiro real.

OBSERVAÇÕES:
a) O candidato iniciará a prova na posição de retenção. As armas que
contenham travas de segurança deverão ficar travadas até que seja dado o
comando de início da prova pelo policial avaliador;
b) Caso o candidato venha a infringir as normas de segurança e/ou
conduta no estande de tiro, a critério do avaliador responsável, dada a
gravidade do fato, o candidato poderá ser reprovado no exame, devendo ser
observado o item 8 acima.
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7. SÃO CONSIDERADAS ARMAS DE USO PERMITIDO, CONFORME


LEGISLAÇÃO EM VIGOR:

1. Armas de fogo curtas, de repetição ou semi-automáticas, cuja munição


comum tenha, na saída de cano, energia de até trezentas libras-pé ou
quatrocentos e sete joules e suas munições, como por exemplo os calibres:
22 LR, 25 AUTO, 32 AUTO, 32 S&W, 38 SPL e 380 auto.
2. Armas de fogo longas raiadas, de repetição ou semi-automáticas, cuja
munição comum tenha, na saída de cano energia de até mil libras-pé ou mil
trezentos e cinqüenta e cinco joules e suas munições, como por exemplo os
calibres: 22 LR, 32-22, 38-40 e 44-40;
3. Armas de fogo de alma lisa, de repetição ou semi-automática, calibre 12 ou
inferior, com comprimento de cano igual ou maior do que 24 polegadas ou
seiscentos e de milímetros e suas munições de uso permitido;
4. Armas de pressão por ação de gás comprimido ou por ação de mola, com
calibre igual ou inferior a 6 milímetros e suas munições de uso permitido;
5. Armas que tenham por finalidade dar partida em competições desportivas,
que utilizem cartuchos contendo exclusivamente pólvora.

8. PROVA ORAL

O comprovante de capacitação técnica deverá atestar, necessariamente, que


o pretendente demonstrou ter conhecimento da conceituação e normas de
segurança pertinentes à arma de fogo e conhecimento básico dos componentes e
partes da arma de fogo.

Questões a serem respondidas:


- Conceituação (1);
- Nomenclatura externa e componentes da arma (4);
- Regras de segurança (4);
- Conduta no estande (1).
Perfazem 10 (dez) questões que deverão ter acerto de no mínimo 60% de
acertos (6 no total de 10).

ARMAS VINCULADAS AO CR DE COLECIONADORES E ATIRADORES NÃO


PODEM SER UTILIZADAS COMO ARMAS DE PORTE. SENDO ASSIM, NÃO É
PERMITIDA A EMISSÃO DE AUTORIZAÇÃO PARA PORTE DAS MESMAS.
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Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI No 10.826, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2003.

Dispõe sobre registro, posse e comercialização


de armas de fogo e munição, sobre o Sistema
Nacional de Armas – Sinarm, define crimes e
dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono


a seguinte Lei:

CAPÍTULO I

DO SISTEMA NACIONAL DE ARMAS

o
Art. 1 O Sistema Nacional de Armas – Sinarm, instituído no Ministério da Justiça, no âmbito da
Polícia Federal, tem circunscrição em todo o território nacional.

o
Art. 2 Ao Sinarm compete:

I – identificar as características e a propriedade de armas de fogo, mediante cadastro;

II – cadastrar as armas de fogo produzidas, importadas e vendidas no País;

III – cadastrar as autorizações de porte de arma de fogo e as renovações expedidas pela Polícia
Federal;

IV – cadastrar as transferências de propriedade, extravio, furto, roubo e outras ocorrências


suscetíveis de alterar os dados cadastrais, inclusive as decorrentes de fechamento de empresas de
segurança privada e de transporte de valores;

V – identificar as modificações que alterem as características ou o funcionamento de arma de


fogo;

VI – integrar no cadastro os acervos policiais já existentes;

VII – cadastrar as apreensões de armas de fogo, inclusive as vinculadas a procedimentos


policiais e judiciais;

VIII – cadastrar os armeiros em atividade no País, bem como conceder licença para exercer a
atividade;

IX – cadastrar mediante registro os produtores, atacadistas, varejistas, exportadores e


importadores autorizados de armas de fogo, acessórios e munições;

X – cadastrar a identificação do cano da arma, as características das impressões de raiamento e


de microestriamento de projétil disparado, conforme marcação e testes obrigatoriamente realizados
pelo fabricante;
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XI – informar às Secretarias de Segurança Pública dos Estados e do Distrito Federal os registros


e autorizações de porte de armas de fogo nos respectivos territórios, bem como manter o cadastro
atualizado para consulta.

Parágrafo único. As disposições deste artigo não alcançam as armas de fogo das Forças
Armadas e Auxiliares, bem como as demais que constem dos seus registros próprios.

CAPÍTULO II

DO REGISTRO

o
Art. 3 É obrigatório o registro de arma de fogo no órgão competente.

Parágrafo único. As armas de fogo de uso restrito serão registradas no Comando do Exército, na
forma do regulamento desta Lei.

o
Art. 4 Para adquirir arma de fogo de uso permitido o interessado deverá, além de declarar a
efetiva necessidade, atender aos seguintes requisitos:

I – comprovação de idoneidade, com a apresentação de certidões de antecedentes criminais


fornecidas pela Justiça Federal, Estadual, Militar e Eleitoral e de não estar respondendo a inquérito
policial ou a processo criminal;

II – apresentação de documento comprobatório de ocupação lícita e de residência certa;

III – comprovação de capacidade técnica e de aptidão psicológica para o manuseio de arma de


fogo, atestadas na forma disposta no regulamento desta Lei.

o
§ 1 O Sinarm expedirá autorização de compra de arma de fogo após atendidos os requisitos
anteriormente estabelecidos, em nome do requerente e para a arma indicada, sendo intransferível
esta autorização.

o
§ 2 A aquisição de munição somente poderá ser feita no calibre correspondente à arma
adquirida e na quantidade estabelecida no regulamento desta Lei.

o
§ 3 A empresa que comercializar arma de fogo em território nacional é obrigada a comunicar a
venda à autoridade competente, como também a manter banco de dados com todas as
características da arma e cópia dos documentos previstos neste artigo.

o
§ 4 A empresa que comercializa armas de fogo, acessórios e munições responde legalmente
por essas mercadorias, ficando registradas como de sua propriedade enquanto não forem vendidas.

o
§ 5 A comercialização de armas de fogo, acessórios e munições entre pessoas físicas somente
será efetivada mediante autorização do Sinarm.

o o
§ 6 A expedição da autorização a que se refere o § 1 será concedida, ou recusada com a
devida fundamentação, no prazo de 30 (trinta) dias úteis, a contar da data do requerimento do
interessado.

o o
§ 7 O registro precário a que se refere o § 4 prescinde do cumprimento dos requisitos dos
incisos I, II e III deste artigo.

Art. 5º O Certificado de Registro de Arma de Fogo, com validade em todo o território nacional,
autoriza o seu proprietário a manter a arma de fogo exclusivamente no interior de sua residência ou
domicílio, ou dependência desses, desde que seja ele o titular ou o responsável legal do
estabelecimento ou empresa.
21

o
§ 1 O certificado de registro de arma de fogo será expedido pela Polícia Federal e será
precedido de autorização do Sinarm.

o o
§ 2 Os requisitos de que tratam os incisos I, II e III do art. 4 deverão ser comprovados
periodicamente, em período não inferior a 3 (três) anos, na conformidade do estabelecido no
regulamento desta Lei, para a renovação do Certificado de Registro de Arma de Fogo.

o
§ 3 Os registros de propriedade, expedidos pelos órgãos estaduais, realizados até a data da
publicação desta Lei, deverão ser renovados mediante o pertinente registro federal no prazo máximo
de 3 (três) anos.

CAPÍTULO III

DO PORTE

o
Art. 6 É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional, salvo para os casos
previstos em legislação própria e para:

I – os integrantes das Forças Armadas;

II – os integrantes de órgãos referidos nos incisos do caput do art. 144 da Constituição Federal;

III – os integrantes das guardas municipais das capitais dos Estados e dos Municípios com mais
de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei;

IV - os integrantes das guardas municipais dos Municípios com mais de 50.000 (cinqüenta mil) e
menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, quando em serviço; (Redação dada pela Lei nº
10.867, de 2004)

V – os agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteligência e os agentes do Departamento


de Segurança do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República;

VI – os integrantes dos órgãos policiais referidos no art. 51, IV, e no art. 52, XIII, da Constituição
Federal;

VII – os integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas prisionais, os integrantes das
escoltas de presos e as guardas portuárias;

VIII – as empresas de segurança privada e de transporte de valores constituídas, nos termos


desta Lei;

IX – para os integrantes das entidades de desporto legalmente constituídas, cujas atividades


esportivas demandem o uso de armas de fogo, na forma do regulamento desta Lei, observando-se,
no que couber, a legislação ambiental.

o
§ 1 As pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI deste artigo terão direito de portar arma de
fogo fornecida pela respectiva corporação ou instituição, mesmo fora de serviço, na forma do
regulamento, aplicando-se nos casos de armas de fogo de propriedade particular os dispositivos do
regulamento desta Lei.

o
§ 2 A autorização para o porte de arma de fogo dos integrantes das instituições descritas nos
o
incisos V, VI e VII está condicionada à comprovação do requisito a que se refere o inciso III do art. 4 ,
nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei.

o
§ 3 A autorização para o porte de arma de fogo das guardas municipais está condicionada à
formação funcional de seus integrantes em estabelecimentos de ensino de atividade policial e à
existência de mecanismos de fiscalização e de controle interno, nas condições estabelecidas no
22

regulamento desta Lei, observada a supervisão do Comando do Exército. (Redação dada pela Lei nº
10.867, de 2004)

o
§ 4 Os integrantes das Forças Armadas, das polícias federais e estaduais e do Distrito Federal,
o
bem como os militares dos Estados e do Distrito Federal, ao exercerem o direito descrito no art. 4 ,
ficam dispensados do cumprimento do disposto nos incisos I, II e III do mesmo artigo, na forma do
regulamento desta Lei.

o
§ 5 Aos residentes em áreas rurais, que comprovem depender do emprego de arma de fogo
para prover sua subsistência alimentar familiar, será autorizado, na forma prevista no regulamento
desta Lei, o porte de arma de fogo na categoria "caçador".

o
§ 6 Aos integrantes das guardas municipais dos Municípios que integram regiões
metropolitanas será autorizado porte de arma de fogo, quando em serviço. (Incluído pela Lei nº
10.867, de 2004)

o
Art. 7 As armas de fogo utilizadas pelos empregados das empresas de segurança privada e de
transporte de valores, constituídas na forma da lei, serão de propriedade, responsabilidade e guarda
das respectivas empresas, somente podendo ser utilizadas quando em serviço, devendo essas
observar as condições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo órgão competente, sendo o
certificado de registro e a autorização de porte expedidos pela Polícia Federal em nome da empresa.

o
§ 1 O proprietário ou diretor responsável de empresa de segurança privada e de transporte de
valores responderá pelo crime previsto no parágrafo único do art. 13 desta Lei, sem prejuízo das
demais sanções administrativas e civis, se deixar de registrar ocorrência policial e de comunicar à
Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de armas de fogo, acessórios e
munições que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas depois de ocorrido o
fato.

o
§ 2 A empresa de segurança e de transporte de valores deverá apresentar documentação
o
comprobatória do preenchimento dos requisitos constantes do art. 4 desta Lei quanto aos
empregados que portarão arma de fogo.

o
§ 3 A listagem dos empregados das empresas referidas neste artigo deverá ser atualizada
semestralmente junto ao Sinarm.

o
Art. 8 As armas de fogo utilizadas em entidades desportivas legalmente constituídas devem
obedecer às condições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo órgão competente,
respondendo o possuidor ou o autorizado a portar a arma pela sua guarda na forma do regulamento
desta Lei.

o
Art. 9 Compete ao Ministério da Justiça a autorização do porte de arma para os responsáveis
pela segurança de cidadãos estrangeiros em visita ou sediados no Brasil e, ao Comando do Exército,
nos termos do regulamento desta Lei, o registro e a concessão de porte de trânsito de arma de fogo
para colecionadores, atiradores e caçadores e de representantes estrangeiros em competição
internacional oficial de tiro realizada no território nacional.

Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo de uso permitido, em todo o território
nacional, é de competência da Polícia Federal e somente será concedida após autorização do
Sinarm.

o
§ 1 A autorização prevista neste artigo poderá ser concedida com eficácia temporária e
territorial limitada, nos termos de atos regulamentares, e dependerá de o requerente:

I – demonstrar a sua efetiva necessidade por exercício de atividade profissional de risco ou de


ameaça à sua integridade física;

o
II – atender às exigências previstas no art. 4 desta Lei;
23

III – apresentar documentação de propriedade de arma de fogo, bem como o seu devido registro
no órgão competente.

o
§ 2 A autorização de porte de arma de fogo, prevista neste artigo, perderá automaticamente sua
eficácia caso o portador dela seja detido ou abordado em estado de embriaguez ou sob efeito de
substâncias químicas ou alucinógenas.

Art. 11. Fica instituída a cobrança de taxas, nos valores constantes do Anexo desta Lei, pela
prestação de serviços relativos:

I – ao registro de arma de fogo;

II – à renovação de registro de arma de fogo;

III – à expedição de segunda via de registro de arma de fogo;

IV – à expedição de porte federal de arma de fogo;

V – à renovação de porte de arma de fogo;

VI – à expedição de segunda via de porte federal de arma de fogo.

o
§ 1 Os valores arrecadados destinam-se ao custeio e à manutenção das atividades do Sinarm,
da Polícia Federal e do Comando do Exército, no âmbito de suas respectivas responsabilidades.

o o
§ 2 As taxas previstas neste artigo serão isentas para os proprietários de que trata o § 5 do art.
o o
6 e para os integrantes dos incisos I, II, III, IV, V, VI e VII do art. 6 , nos limites do regulamento desta
Lei.

CAPÍTULO IV

DOS CRIMES E DAS PENAS

Posse irregular de arma de fogo de uso permitido

Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso
permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou
dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal
do estabelecimento ou empresa:

Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.

Omissão de cautela

Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito)
anos ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua
posse ou que seja de sua propriedade:

Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.

Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor responsável de empresa
de segurança e transporte de valores que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à
Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou
munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato.

Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido


24

Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório
ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou
regulamentar:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a arma de fogo
estiver registrada em nome do agente.

Disparo de arma de fogo

Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências,
em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de
outro crime:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável.

Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito

Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder,
ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de
fogo, acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com
determinação legal ou regulamentar:

Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.

Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:

I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou


artefato;

II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma de fogo


de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade
policial, perito ou juiz;

III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou
em desacordo com determinação legal ou regulamentar;

IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou
qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado;

V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou
explosivo a criança ou adolescente; e

VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma,


munição ou explosivo.

Comércio ilegal de arma de fogo

Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar,
montar, remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição, sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
25

Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.

Parágrafo único. Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para efeito deste artigo,
qualquer forma de prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o
exercido em residência.

Tráfico internacional de arma de fogo

Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a qualquer título,
de arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da autoridade competente:

Pena – reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.

Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumentada da metade se a arma de
fogo, acessório ou munição forem de uso proibido ou restrito.

Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é aumentada da metade se
o o o
forem praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6 , 7 e 8 desta Lei.

Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são insuscetíveis de liberdade provisória.

CAPÍTULO V

DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 22. O Ministério da Justiça poderá celebrar convênios com os Estados e o Distrito Federal
para o cumprimento do disposto nesta Lei.

Art. 23. A classificação legal, técnica e geral, bem como a definição das armas de fogo e demais
produtos controlados, de usos proibidos, restritos ou permitidos será disciplinada em ato do Chefe do
Poder Executivo Federal, mediante proposta do Comando do Exército.

o
§ 1 Todas as munições comercializadas no País deverão estar acondicionadas em embalagens
com sistema de código de barras, gravado na caixa, visando possibilitar a identificação do fabricante
e do adquirente, entre outras informações definidas pelo regulamento desta Lei.

o o
§ 2 Para os órgãos referidos no art. 6 , somente serão expedidas autorizações de compra de
munição com identificação do lote e do adquirente no culote dos projéteis, na forma do regulamento
desta Lei.

o
§ 3 As armas de fogo fabricadas a partir de 1 (um) ano da data de publicação desta Lei
conterão dispositivo intrínseco de segurança e de identificação, gravado no corpo da arma, definido
o
pelo regulamento desta Lei, exclusive para os órgãos previstos no art. 6 .

Art. 24. Excetuadas as atribuições a que se refere o art. 2º desta Lei, compete ao Comando do
Exército autorizar e fiscalizar a produção, exportação, importação, desembaraço alfandegário e o
comércio de armas de fogo e demais produtos controlados, inclusive o registro e o porte de trânsito
de arma de fogo de colecionadores, atiradores e caçadores.

Art. 25. Armas de fogo, acessórios ou munições apreendidos serão, após elaboração do laudo
pericial e sua juntada aos autos, encaminhados pelo juiz competente, quando não mais interessarem
à persecução penal, ao Comando do Exército, para destruição, no prazo máximo de 48 (quarenta e
oito) horas.

Parágrafo único. As armas de fogo apreendidas ou encontradas e que não constituam prova em
inquérito policial ou criminal deverão ser encaminhadas, no mesmo prazo, sob pena de
26

responsabilidade, pela autoridade competente para destruição, vedada a cessão para qualquer
pessoa ou instituição.

Art. 26. São vedadas a fabricação, a venda, a comercialização e a importação de brinquedos,


réplicas e simulacros de armas de fogo, que com estas se possam confundir.

Parágrafo único. Excetuam-se da proibição as réplicas e os simulacros destinados à instrução,


ao adestramento, ou à coleção de usuário autorizado, nas condições fixadas pelo Comando do
Exército.

Art. 27. Caberá ao Comando do Exército autorizar, excepcionalmente, a aquisição de armas de


fogo de uso restrito.

Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica às aquisições dos Comandos Militares.

Art. 28. É vedado ao menor de 25 (vinte e cinco) anos adquirir arma de fogo, ressalvados os
o
integrantes das entidades constantes dos incisos I, II e III do art. 6 desta Lei.

Art. 29. As autorizações de porte de armas de fogo já concedidas expirar-se-ão 90 (noventa)


dias após a publicação desta Lei. (Vide Medida Provisória nº 174, de 2005)

Parágrafo único. O detentor de autorização com prazo de validade superior a 90 (noventa) dias
o o
poderá renová-la, perante a Polícia Federal, nas condições dos arts. 4 , 6 e 10 desta Lei, no prazo
de 90 (noventa) dias após sua publicação, sem ônus para o requerente.

Art. 30. Os possuidores e proprietários de armas de fogo não registradas deverão, sob pena de
responsabilidade penal, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias após a publicação desta Lei, solicitar o
seu registro apresentando nota fiscal de compra ou a comprovação da origem lícita da posse, pelos
meios de prova em direito admitidos. (Vide Medida Provisória nº 174, de 2005)

Art. 31. Os possuidores e proprietários de armas de fogo adquiridas regularmente poderão, a


qualquer tempo, entregá-las à Polícia Federal, mediante recibo e indenização, nos termos do
regulamento desta Lei.

Art. 32. Os possuidores e proprietários de armas de fogo não registradas poderão, no prazo de
180 (cento e oitenta) dias após a publicação desta Lei, entregá-las à Polícia Federal, mediante recibo
e, presumindo-se a boa-fé, poderão ser indenizados, nos termos do regulamento desta Lei. (Vide
Medida Provisória nº 174, de 2005)

Parágrafo único. Na hipótese prevista neste artigo e no art. 31, as armas recebidas constarão de
cadastro específico e, após a elaboração de laudo pericial, serão encaminhadas, no prazo de 48
(quarenta e oito) horas, ao Comando do Exército para destruição, sendo vedada sua utilização ou
reaproveitamento para qualquer fim.

Art. 33. Será aplicada multa de R$ 100.000,00 (cem mil reais) a R$ 300.000,00 (trezentos mil
reais), conforme especificar o regulamento desta Lei:

I – à empresa de transporte aéreo, rodoviário, ferroviário, marítimo, fluvial ou lacustre que


deliberadamente, por qualquer meio, faça, promova, facilite ou permita o transporte de arma ou
munição sem a devida autorização ou com inobservância das normas de segurança;

II – à empresa de produção ou comércio de armamentos que realize publicidade para venda,


estimulando o uso indiscriminado de armas de fogo, exceto nas publicações especializadas.

Art. 34. Os promotores de eventos em locais fechados, com aglomeração superior a 1000 (um
mil) pessoas, adotarão, sob pena de responsabilidade, as providências necessárias para evitar o
27

o
ingresso de pessoas armadas, ressalvados os eventos garantidos pelo inciso VI do art. 5 da
Constituição Federal.

Parágrafo único. As empresas responsáveis pela prestação dos serviços de transporte


internacional e interestadual de passageiros adotarão as providências necessárias para evitar o
embarque de passageiros armados.

CAPÍTULO VI

DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 35. É proibida a comercialização de arma de fogo e munição em todo o território nacional,
o
salvo para as entidades previstas no art. 6 desta Lei.

o
§ 1 Este dispositivo, para entrar em vigor, dependerá de aprovação mediante referendo popular,
a ser realizado em outubro de 2005.

o
§ 2 Em caso de aprovação do referendo popular, o disposto neste artigo entrará em vigor na
data de publicação de seu resultado pelo Tribunal Superior Eleitoral.

o
Art. 36. É revogada a Lei n 9.437, de 20 de fevereiro de 1997.

Art. 37. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

o o
Brasília, 22 de dezembro de 2003; 182 da Independência e 115 da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA


Márcio Thomaz Bastos
José Viegas Filho
Marina Silva

Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 23.12.2003

ANEXO
TABELA DE TAXAS

SITUAÇÃO R$
I – Registro de arma de fogo 300,00
II – Renovação de registro de arma de fogo 300,00
III – Expedição de porte de arma de fogo 1.000,00
IV – Renovação de porte de arma de fogo 1.000,00
V – Expedição de segunda via de registro de arma de fogo 300,00
VI – Expedição de segunda via de porte de arma de fogo 1.000,00
28

Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos

DECRETO Nº 5.123, DE 1º DE JULHO DE 2004.

o
Regulamenta a Lei n 10.826, de 22 de dezembro
de 2003, que dispõe sobre registro, posse e
comercialização de armas de fogo e munição,
sobre o Sistema Nacional de Armas - SINARM e
define crimes.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da
o
Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei n 10.826, de 22 de dezembro de 2003,

DECRETA:

CAPÍTULO I

DOS SISTEMAS DE CONTROLE DE ARMAS DE FOGO

o
Art. 1 O Sistema Nacional de Armas - SINARM, instituído no Ministério da Justiça, no âmbito da
Polícia Federal, com circunscrição em todo o território nacional e competência estabelecida pelo
caput e incisos do art. 2o da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, tem por finalidade manter
cadastro geral, integrado e permanente das armas de fogo importadas, produzidas e vendidas no
país, de competência do SINARM, e o controle dos registros dessas armas.

o
§ 1 Serão cadastradas no SINARM:

I - as armas de fogo institucionais, constantes de registros próprios:

a) da Polícia Federal;

b) da Polícia Rodoviária Federal;

c) das Polícias Civis;

d) dos órgãos policiais da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, referidos nos arts. 51,
inciso IV, e 52, inciso XIII da Constituição;

e) dos integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas prisionais, dos integrantes das
escoltas de presos e das Guardas Portuárias;

f) das Guardas Municipais; e

g) dos órgãos públicos não mencionados nas alíneas anteriores, cujos servidores tenham
autorização legal para portar arma de fogo em serviço, em razão das atividades que desempenhem,
o o
nos termos do caput do art. 6 da Lei n 10.826, de 2003.

II - as armas de fogo apreendidas, que não constem dos cadastros do SINARM ou Sistema de
Gerenciamento Militar de Armas - SIGMA, inclusive as vinculadas a procedimentos policiais e
judiciais, mediante comunicação das autoridades competentes à Polícia Federal;

III - as armas de fogo de uso restrito dos integrantes dos órgãos, instituições e corporações
o o
mencionados no inciso II do art. 6 da Lei n 10.826, de 2003; e
29

o o
IV - as armas de fogo de uso restrito, salvo aquelas mencionadas no inciso II, do §1 , do art. 2
deste Decreto.

o
§ 2 Serão registradas na Polícia Federal e cadastradas no SINARM:

o o
I - as armas de fogo adquiridas pelo cidadão com atendimento aos requisitos do art. 4 da Lei n
10.826, de 2003;

II - as armas de fogo das empresas de segurança privada e de transporte de valores; e

III - as armas de fogo de uso permitido dos integrantes dos órgãos, instituições e corporações
o o
mencionados no inciso II do art. 6 da Lei n 10.826, de 2003.

o o
§ 3 A apreensão das armas de fogo a que se refere o inciso II do §1 deste artigo deverá ser
imediatamente comunicada à Policia Federal, pela autoridade competente, podendo ser recolhidas
aos depósitos do Comando do Exército, para guarda, a critério da mesma autoridade.

o
Art. 2 O SIGMA, instituído no Ministério da Defesa, no âmbito do Comando do Exército, com
circunscrição em todo o território nacional, tem por finalidade manter cadastro geral, permanente e
integrado das armas de fogo importadas, produzidas e vendidas no país, de competência do SIGMA,
e das armas de fogo que constem dos registros próprios.

o
§ 1 Serão cadastradas no SIGMA:

I - as armas de fogo institucionais, de porte e portáteis, constantes de registros próprios:

a) das Forças Armadas;

b) das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares;

c) da Agência Brasileira de Inteligência; e

d) do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República;

II - as armas de fogo dos integrantes das Forças Armadas, da Agência Brasileira de Inteligência
e do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, constantes de registros
próprios;

III - as informações relativas às exportações de armas de fogo, munições e demais produtos


controlados, devendo o Comando do Exército manter sua atualização;

IV - as armas de fogo importadas ou adquiridas no país para fins de testes e avaliação técnica; e

V - as armas de fogo obsoletas.

o
§ 2 Serão registradas no Comando do Exército e cadastradas no SIGMA:

I - as armas de fogo de colecionadores, atiradores e caçadores; e

II - as armas de fogo das representações diplomáticas.

o
Art. 3 Entende-se por registros próprios, para os fins deste Decreto, os feitos pelas instituições,
órgãos e corporações em documentos oficiais de caráter permanente.

o
Art. 4 A aquisição de armas de fogo, diretamente da fábrica, será precedida de autorização do
Comando do Exército.
30

o
Art. 5 Os dados necessários ao cadastro mediante registro, a que se refere o inciso IX do art.
o o
2 da Lei n 10.826, de 2003, serão fornecidos ao SINARM pelo Comando do Exército.

o
Art. 6 Os dados necessários ao cadastro da identificação do cano da arma, das características
das impressões de raiamento e microestriamento de projetil disparado, a marca do percutor e extrator
o o
no estojo do cartucho deflagrado pela arma de que trata o inciso X do art. 2 da Lei n 10.826, de
2003, serão disciplinados em norma específica da Polícia Federal, ouvido o Comando do Exército,
cabendo às fábricas de armas de fogo o envio das informações necessárias ao órgão responsável da
Polícia Federal.

Parágrafo único. A norma específica de que trata este artigo será expedida no prazo de cento e
oitenta dias.

o
Art. 7 As fábricas de armas de fogo fornecerão à Polícia Federal, para fins de cadastro, quando
da saída do estoque, relação das armas produzidas, que devam constar do SINARM, na
o o
conformidade do art. 2 da Lei n 10.826, de 2003, com suas características e os dados dos
adquirentes.

o
Art. 8 As empresas autorizadas a comercializar armas de fogo encaminharão à Polícia Federal,
quarenta e oito horas após a efetivação da venda, os dados que identifiquem a arma e o comprador.

o
Art. 9 Os dados do SINARM e do SIGMA serão interligados e compartilhados no prazo máximo
de um ano.

Parágrafo único. Os Ministros da Justiça e da Defesa estabelecerão no prazo máximo de um


ano os níveis de acesso aos cadastros mencionados no caput.

CAPÍTULO II

DA ARMA DE FOGO

Seção I

Das Definições

Art. 10. Arma de fogo de uso permitido é aquela cuja utilização é autorizada a pessoas físicas,
bem como a pessoas jurídicas, de acordo com as normas do Comando do Exército e nas condições
o
previstas na Lei n 10.826, de 2003.

Art. 11. Arma de fogo de uso restrito é aquela de uso exclusivo das Forças Armadas, de
instituições de segurança pública e de pessoas físicas e jurídicas habilitadas, devidamente
autorizadas pelo Comando do Exército, de acordo com legislação específica.

Seção II

Da Aquisição e do Registro da Arma de Fogo de Uso Permitido

Art. 12. Para adquirir arma de fogo de uso permitido o interessado deverá:

I - declarar efetiva necessidade;

II - ter, no mínimo, vinte e cinco anos;

III - apresentar cópia autenticada da carteira de identidade;


31

IV - comprovar no pedido de aquisição e em cada renovação do registro, idoneidade e


inexistência de inquérito policial ou processo criminal, por meio de certidões de antecedentes
criminais fornecidas pela Justiça Federal, Estadual, Militar e Eleitoral;

V - apresentar documento comprobatório de ocupação lícita e de residência certa;

VI - comprovar, em seu pedido de aquisição e em cada renovação de registro, a capacidade


técnica para o manuseio de arma de fogo atestada por empresa de instrução de tiro registrada no
Comando do Exército por instrutor de armamento e tiro das Forças Armadas, das Forças Auxiliares
ou do quadro da Polícia Federal, ou por esta habilitado; e

VII - comprovar aptidão psicológica para o manuseio de arma de fogo, atestada em laudo
conclusivo fornecido por psicólogo do quadro da Polícia Federal ou por esta credenciado.

o
§ 1 A declaração de que trata o inciso I do caput deverá explicitar, no pedido de aquisição e
em cada renovação do registro, os fatos e circunstâncias justificadoras do pedido, que serão
examinados pelo órgão competente segundo as orientações a serem expedidas em ato próprio.

o
§ 2 O indeferimento do pedido deverá ser fundamentado e comunicado ao interessado em
documento próprio.

o
§ 3 O comprovante de capacitação técnica mencionado no inciso VI do caput deverá ser
expedido por empresa de instrução de tiro registrada no Comando do Exército, por instrutor de
armamento e tiro das Forças Armadas, das Forças Auxiliares, ou do quadro da Polícia Federal ou por
esta credenciado e deverá atestar, necessariamente:

I - conhecimento da conceituação e normas de segurança pertinentes à arma de fogo;

II - conhecimento básico dos componentes e partes da arma de fogo; e

III - habilidade do uso da arma de fogo demonstrada, pelo interessado, em estande de tiro
credenciado pelo Comando do Exército.

o
§ 4 Após a apresentação dos documentos referidos nos incisos III a VII do caput, havendo
o
manifestação favorável do órgão competente mencionada no §1 , será expedida, pelo SINARM, no
prazo máximo de trinta dias, em nome do interessado, a autorização para a aquisição da arma de
fogo indicada.

o o
§ 5 É intransferível a autorização para a aquisição da arma de fogo, de que trata o §4 deste
artigo.

Art. 13. A transferência de propriedade da arma de fogo, por qualquer das formas em direito
admitidas, entre particulares, sejam pessoas físicas ou jurídicas, estará sujeita à prévia autorização
da Polícia Federal, aplicando-se ao interessado na aquisição as disposições do art. 12 deste Decreto.

Parágrafo único. A transferência de arma de fogo registrada no Comando do Exército será


autorizada pela instituição e cadastrada no SIGMA.

Art. 14. É obrigatório o registro da arma de fogo, no SINARM ou no SIGMA, excetuadas as


obsoletas.

Art. 15. O registro da arma de fogo de uso permitido deverá conter, no mínimo, os seguintes
dados:

I - do interessado:

a) nome, filiação, data e local de nascimento;


32

b) endereço residencial;

c) endereço da empresa ou órgão em que trabalhe;

d) profissão;

e) número da cédula de identidade, data da expedição, órgão expedidor e Unidade da


Federação; e

f) número do Cadastro de Pessoa Física - CPF ou Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica -


CNPJ;

II - da arma:

a) número do cadastro no SINARM;

b) identificação do fabricante e do vendedor;

c) número e data da nota Fiscal de venda;

d) espécie, marca, modelo e número de série;

e) calibre e capacidade de cartuchos;

f) tipo de funcionamento;

g) quantidade de canos e comprimento;

h) tipo de alma (lisa ou raiada);

i) quantidade de raias e sentido; e

j) número de série gravado no cano da arma.

Art. 16. O Certificado de Registro de Arma de Fogo expedido pela Polícia Federal, após
autorização do SINARM, com validade em todo o território nacional, autoriza o seu proprietário a
manter a arma de fogo exclusivamente no interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda,
no seu local de trabalho, desde que seja ele o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou
empresa.

o
§ 1 Para os efeitos do disposto no caput deste artigo considerar-se-á titular do estabelecimento
ou empresa todo aquele assim definido em contrato social, e responsável legal o designado em
contrato individual de trabalho, com poderes de gerência.

o
§ 2 Os requisitos de que tratam os incisos IV, V, VI e VII do art. 12 deste Decreto deverão ser
comprovados, periodicamente, a cada três anos, junto à Polícia Federal, para fins de renovação do
Certificado de Registro.

Art. 17. O proprietário de arma de fogo é obrigado a comunicar, imediatamente, à Unidade


Policial local, o extravio, furto ou roubo de arma de fogo ou do seu documento de registro, bem como
a sua recuperação.

§ 1o A Unidade Policial deverá, em quarenta e oito horas, remeter as informações coletadas à


Polícia Federal, para fins de registro no SINARM.
33

o
§ 2 No caso de arma de fogo de uso restrito, a Polícia Federal deverá repassar as informações
ao Comando do Exército, para registro no SIGMA.

o
§ 3 Nos casos previstos no caput, o proprietário deverá, também, comunicar o ocorrido à
Polícia Federal ou ao Comando do Exército, encaminhando, se for o caso, cópia do Boletim de
Ocorrência.

Seção III

Da Aquisição e Registro da Arma de Fogo de Uso Restrito

Art. 18. Compete ao Comando do Exército autorizar a aquisição e registrar as armas de fogo de
uso restrito.

o
§ 1 As armas de que trata o caput serão cadastradas no SIGMA e no SINARM, conforme o
caso.

o
§ 2 O registro de arma de fogo de uso restrito, de que trata o caput deste artigo, deverá conter
as seguintes informações:

I - do interessado:

a) nome, filiação, data e local de nascimento;

b) endereço residencial;

c) endereço da empresa ou órgão em que trabalhe;

d) profissão;

e) número da cédula de identidade, data da expedição, órgão expedidor e Unidade da


Federação; e

f) número do Cadastro de Pessoa Física - CPF ou Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica -


CNPJ;

II - da arma:

a) número do cadastro no SINARM;

b) identificação do fabricante e do vendedor;

c) número e data da nota Fiscal de venda;

d) espécie, marca, modelo e número de série;

e) calibre e capacidade de cartuchos;

f) tipo de funcionamento;

g) quantidade de canos e comprimento;

h) tipo de alma (lisa ou raiada);

i) quantidade de raias e sentido; e


34

j) número de série gravado no cano da arma.

o
§ 3 Os requisitos de que tratam os incisos IV, V, VI e VII do art. 12 deste Decreto deverão ser
comprovados periodicamente, a cada três anos, junto ao Comando do Exército, para fins de
renovação do Certificado de Registro.

o
§ 4 Não se aplica aos integrantes dos órgãos, instituições e corporações mencionados nos
o o o
incisos I e II do art. 6 da Lei n 10.826, de 2003, o disposto no § 3 deste artigo.

Seção IV

Do Comércio Especializado de Armas de Fogo e Munições

Art. 19. É proibida a venda de armas de fogo, munições e demais produtos controlados, de uso
restrito, no comércio.

Art. 20. O estabelecimento que comercializar arma de fogo de uso permitido em território
nacional é obrigado a comunicar ao SINARM, mensalmente, as vendas que efetuar e a quantidade de
armas em estoque, respondendo legalmente por essas mercadorias, que ficarão registradas como de
sua propriedade, de forma precária, enquanto não forem vendidas, sujeitos seus responsáveis às
penas prevista na lei.

Art. 21. A comercialização de acessórios de armas de fogo e de munições, incluídos estojos,


espoletas, pólvora e projéteis, só poderá ser efetuada em estabelecimento credenciado pela Polícia
Federal e pelo comando do Exército que manterão um cadastro dos comerciantes.

o
§ 1 Quando se tratar de munição industrializada, a venda ficará condicionada à apresentação
pelo adquirente, do Certificado de Registro de Arma de Fogo válido, e ficará restrita ao calibre
correspondente à arma registrada.

o
§ 2 Os acessórios e a quantidade de munição que cada proprietário de arma de fogo poderá
adquirir serão fixados em Portaria do Ministério da Defesa, ouvido o Ministério da Justiça.

o
§ 3 O estabelecimento mencionado no caput deste artigo deverá manter à disposição da
Polícia Federal e do Comando do Exército os estoques e a relação das vendas efetuadas
mensalmente, pelo prazo de cinco anos.

CAPÍTULO III

DO PORTE E DO TRÂNSITO DA ARMA DE FOGO

Seção I

Do Porte

Art. 22. O Porte de Arma de Fogo de uso permitido, vinculado ao prévio cadastro e registro da
arma pelo SINARM, será expedido pela Polícia Federal, em todo o território nacional, em caráter
o
excepcional, desde que atendidos os requisitos previstos nos incisos I, II e III do §1 do art. 10 da Lei
o
n 10.826, de 2003.

Parágrafo único. A taxa estipulada para o Porte de Arma de Fogo somente será recolhida após
a análise e a aprovação dos documentos apresentados.

Art. 23. O Porte de Arma de Fogo é documento obrigatório para a condução da arma e deverá
conter os seguintes dados:
35

I - abrangência territorial;

II - eficácia temporal;

III - características da arma;

IV - número do registro da arma no SINARM ou SIGMA;

V - identificação do proprietário da arma; e

VI - assinatura, cargo e função da autoridade concedente.

Art. 24. O Porte de Arma de Fogo é pessoal, intransferível e revogável a qualquer tempo, sendo
válido apenas com a apresentação do documento de identidade do portador.

Art. 25. O titular do Porte de Arma de Fogo deverá comunicar imediatamente:

I - a mudança de domicílio, ao órgão expedidor do Porte de Arma de Fogo; e

II - o extravio, furto ou roubo da arma de fogo, à Unidade Policial mais próxima e,


posteriormente, à Polícia Federal.

Parágrafo único. A inobservância do disposto neste artigo implicará na suspensão do Porte de


Arma de Fogo, por prazo a ser estipulado pela autoridade concedente.

Art. 26. O titular de Porte de Arma de Fogo não poderá conduzi-la ostensivamente ou com ela
adentrar ou permanecer em locais públicos, tais como igrejas, escolas, estádios desportivos, clubes
ou outros locais onde haja aglomeração de pessoas, em virtude de eventos de qualquer natureza.

o
§ 1 A inobservância do disposto neste artigo implicará na cassação do Porte de Arma de Fogo
e na apreensão da arma, pela autoridade competente, que adotará as medidas legais pertinentes.

o o
§ 2 Aplica-se o disposto no §1 deste artigo, quando o titular do Porte de Arma de Fogo esteja
portando o armamento em estado de embriaguez ou sob o efeito de drogas ou medicamentos que
provoquem alteração do desempenho intelectual ou motor.

o o o
Art. 27. Será concedido pela Polícia Federal, nos termos do § 5 do art. 6 da Lei n 10.826, de
2003, o Porte de Arma de Fogo, na categoria "caçador de subsistência", de uma arma portátil, de uso
permitido, de tiro simples, com um ou dois canos, de alma lisa e de calibre igual ou inferior a 16,
desde que o interessado comprove a efetiva necessidade em requerimento ao qual deverão ser
anexados os seguintes documentos:

I - certidão comprobatória de residência em área rural, a ser expedida por órgão municipal;

II - cópia autenticada da carteira de identidade; e

III - atestado de bons antecedentes.

Parágrafo único. Aplicam-se ao portador do Porte de Arma de Fogo mencionado neste artigo as
demais obrigações estabelecidas neste Decreto.

Art. 28. O proprietário de arma de fogo de uso permitido registrada, em caso de mudança de
domicílio, ou outra situação que implique no transporte da arma, deverá solicitar à Polícia Federal a
expedição de Porte de Trânsito, nos termos estabelecidos em norma própria.
36

Art. 29. Observado o princípio da reciprocidade previsto em convenções internacionais, poderá


ser autorizado o Porte de Arma de Fogo pela Polícia Federal, a diplomatas de missões diplomáticas e
consulares acreditadas junto ao Governo Brasileiro, e a agentes de segurança de dignitários
estrangeiros durante a permanência no país, independentemente dos requisitos estabelecidos neste
Decreto.

Seção II

Dos Atiradores, Caçadores e Colecionadores

Subseção I

Da Prática de Tiro Desportivo

Art. 30. As agremiações esportivas e as empresas de instrução de tiro, os colecionadores,


atiradores e caçadores serão registrados no Comando do Exército, ao qual caberá estabelecer
normas e verificar o cumprimento das condições de segurança dos depósitos das armas de fogo,
munições e equipamentos de recarga.

o
§ 1 As armas pertencentes às entidades mencionadas no caput e seus integrantes terão
autorização para porte de trânsito (guia de tráfego) a ser expedida pelo Comando do Exército.

o
§ 2 A prática de tiro desportivo por menores de dezoito anos deverá ser autorizada
judicialmente e deve restringir-se aos locais autorizados pelo Comando do Exército, utilizando arma
da agremiação ou do responsável quando por este acompanhado.

o
§ 3 A prática de tiro desportivo por maiores de dezoito anos e menores de vinte e cinco anos
o
pode ser feita utilizando arma de sua propriedade, registrada com amparo na Lei n 9.437, de 20 de
fevereiro de 1997, de agremiação ou arma registrada e cedida por outro desportista.

Art. 31. A entrada de arma de fogo e munição no país, como bagagem de atletas, para
competições internacionais será autorizada pelo Comando do Exército.

o
§ 1 O Porte de Trânsito das armas a serem utilizadas por delegações estrangeiras em
competição oficial de tiro no país será expedido pelo Comando do Exército.

o
§ 2 Os responsáveis e os integrantes pelas delegações estrangeiras e brasileiras em
competição oficial de tiro no país transportarão suas armas desmuniciadas.

Subseção II

Dos Colecionadores e Caçadores

Art. 32. O Porte de Trânsito das armas de fogo de colecionadores e caçadores será expedido
pelo Comando do Exército.

Parágrafo único. Os colecionadores e caçadores transportarão suas armas desmuniciadas.

Subseção III

Dos Integrantes e das Instituições Mencionadas no Art. 6o da Lei no 10.826, de 2003

Art. 33. O Porte de Arma de Fogo é deferido aos militares das Forças Armadas, aos policiais
federais e estaduais e do Distrito Federal, civis e militares, aos Corpos de Bombeiros Militares, bem
como aos policiais da Câmara dos Deputados e do Senado Federal em razão do desempenho de
suas funções institucionais.
37

o
§ 1 O Porte de Arma de Fogo das praças das Forças Armadas e dos Policiais e Corpos de
Bombeiros Militares é regulado em norma específica, por atos dos Comandantes das Forças
Singulares e dos Comandantes-Gerais das Corporações.

o
§ 2 Os integrantes das polícias civis estaduais e das Forças Auxiliares, quando no exercício de
suas funções institucionais ou em trânsito, poderão portar arma de fogo fora da respectiva unidade
federativa, desde que expressamente autorizados pela instituição a que pertençam, por prazo
determinado, conforme estabelecido em normas próprias.

o
Art. 34. Os órgãos, instituições e corporações mencionados nos incisos I, II, III, V e VI do art. 6
o
da Lei n 10.826, de 2003, estabelecerão, em normas próprias, os procedimentos relativos às
condições para a utilização das armas de fogo de sua propriedade, ainda que fora do serviço.

o o o
§ 1 As instituições mencionadas no inciso IV do art. 6 da Lei n 10.826, de 2003,
estabelecerão em normas próprias os procedimentos relativos às condições para a utilização, em
serviço, das armas de fogo de sua propriedade.

o
§ 2 As instituições, órgãos e corporações nos procedimentos descritos no caput, disciplinarão
as normas gerais de uso de arma de fogo de sua propriedade, fora do serviço, quando se tratar de
locais onde haja aglomeração de pessoas, em virtude de evento de qualquer natureza, tais como no
interior de igrejas, escolas, estádios desportivos, clubes, públicos e privados.

Art. 35. Poderá ser autorizado, em casos excepcionais, pelo órgão competente, o uso, em
serviço, de arma de fogo, de propriedade particular do integrante dos órgãos, instituições ou
o o
corporações mencionadas no inciso II do art. 6 da Lei n 10.826, de 2003.

o
§ 1 A autorização mencionada no caput será regulamentada em ato próprio do órgão
competente.

o
§ 2 A arma de fogo de que trata este artigo deverá ser conduzida com o seu respectivo
Certificado de Registro.

Art. 36. A capacidade técnica e a aptidão psicológica para o manuseio de armas de fogo, para
o o
os integrantes das instituições descritas nos incisos III, IV, V, VI e VII do art. 6 da Lei n 10.826, de
2003, serão atestadas pela própria instituição, depois de cumpridos os requisitos técnicos e
psicológicos estabelecidos pela Polícia Federal.

Parágrafo único. Caberá a Polícia Federal avaliar a capacidade técnica e a aptidão psicológica,
bem como expedir o Porte de Arma de Fogo para os guardas portuários.

Art. 37. Os integrantes das Forças Armadas e os servidores dos órgãos, instituições e
o o
corporações mencionados no inciso II do art. 6 da Lei n 10.826, de 2003, transferidos para a reserva
remunerada ou aposentados, para conservarem a autorização de Porte de Arma de Fogo de sua
propriedade deverão submeter-se, a cada três anos, aos testes de avaliação da aptidão psicológica a
o o
que faz menção o inciso III do art. 4 da Lei n 10.826, de 2003.

o
§ 1 O cumprimento destes requisitos será atestado pelas instituições, órgãos e corporações de
vinculação.

o
§ 2 Não se aplicam aos integrantes da reserva não remunerada das Forças Armadas e
Auxiliares, as prerrogativas mencionadas no caput.

Subseção IV

Das Empresas de Segurança Privada e de Transporte de Valores


38

Art. 38. A autorização para o uso de arma de fogo expedida pela Polícia Federal, em nome das
empresas de segurança privada e de transporte de valores, será precedida, necessariamente, da
o o
comprovação do preenchimento de todos os requisitos constantes do art. 4 da Lei n 10.826, de
2003, pelos empregados autorizados a portar arma de fogo.

o
§ 1 A autorização de que trata o caput é válida apenas para a utilização da arma de fogo em
serviço.

o
§ 2 Será encaminhada trimestralmente à Polícia Federal, para registro no SINARM, a relação
nominal dos empregados autorizados a portar arma de fogo.

o
§ 3 A transferência de armas de fogo, por qualquer motivo, entre estabelecimentos da mesma
empresa ou para empresa diversa, deverão ser previamente autorizados pela Polícia Federal.

Art. 39. É de responsabilidade das empresas de segurança privada e de transportes de valores


a guarda e armazenagem das armas, munições e acessórios de sua propriedade, nos termos da
legislação específica.

Parágrafo único. A perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório
e munições que estejam sob a guarda das empresas de segurança privada e de transporte de valores
deverá ser comunicada à Polícia Federal, no prazo máximo de vinte e quatro horas, após a
ocorrência do fato, sob pena de responsabilização do proprietário ou diretor responsável.

Subseção V

Das guardas Municipais

Art. 40. Cabe ao Ministério da Justiça, diretamente ou mediante convênio com as Secretarias de
o o o
Segurança Pública dos Estados ou Prefeituras, nos termos do §3 do art. 6 da Lei n 10.826, de
2003:

I - conceder autorização para o funcionamento dos cursos de formação de guardas municipais;

II - fixar o currículo dos cursos de formação;

III - conceder Porte de Arma de Fogo;

IV - fiscalizar os cursos mencionados no inciso II; e

V - fiscalizar e controlar o armamento e a munição utilizados.

Parágrafo único. As competências previstas nos incisos I e II deste artigo não serão objeto de
convênio.

Art. 41. Compete ao Comando do Exército autorizar a aquisição de armas de fogo e de


munições para as Guardas Municipais.

o
Art. 42. O Porte de Arma de Fogo aos profissionais citados nos incisos III e IV, do art. 6 , da Lei
o
n 10.826, de 2003, será concedido desde que comprovada a realização de treinamento técnico de,
no mínimo, sessenta horas para armas de repetição e cem horas para arma semi-automática.

o
§ 1 O treinamento de que trata o caput desse artigo deverá ter, no mínimo, sessenta e cinco
por cento de conteúdo prático.

§ 2o O curso de formação dos profissionais das Guardas Municipais deverá conter técnicas de
tiro defensivo e defesa pessoal.
39

o
§ 3 Os profissionais da Guarda Municipal deverão ser submetidos a estágio de qualificação
profissional por, no mínimo, oitenta horas ao ano.

o
§ 4 Não será concedido aos profissionais das Guardas Municipais Porte de Arma de Fogo de
calibre restrito, privativos das forças policiais e forças armadas.

Art. 43. O profissional da Guarda Municipal com Porte de Arma de Fogo deverá ser submetido,
a cada dois anos, a teste de capacidade psicológica e, sempre que estiver envolvido em evento de
disparo de arma de fogo em via pública, com ou sem vítimas, deverá apresentar relatório
circunstanciado, ao Comando da Guarda Civil e ao Órgão Corregedor para justificar o motivo da
utilização da arma.

o o
Art. 44. A Polícia Federal poderá conceder Porte de Arma de Fogo, nos termos no §3 do art. 6 ,
o
da Lei n 10.826, de 2003, às Guardas Municipais dos municípios que tenham criado corregedoria
própria e autônoma, para a apuração de infrações disciplinares atribuídas aos servidores integrantes
do Quadro da Guarda Municipal.

Parágrafo único. A concessão a que se refere o caput dependerá, também, da existência de


Ouvidoria, como órgão permanente, autônomo e independente, com competência para fiscalizar,
investigar, auditorar e propor políticas de qualificação das atividades desenvolvidas pelos integrantes
das Guardas Municipais.

Art. 45. A autorização de Porte de Arma de Fogo pertencente às Guardas Municipais terá
validade somente nos limites territoriais do respectivo município.

Parágrafo único. Poderá ser autorizado o Porte de Arma de Fogo para os integrantes das
o o
Guardas Municipais previstos no inciso III do art. 6 da Lei n 10.826, de 2003, nos deslocamentos
para sua residência, quando esta estiver localizada em outro município.

CAPÍTULO IV

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS, FINAIS E TRANSITÓRIAS

Seção I

Das Disposições Gerais

Art. 46. O Ministro da Justiça designará as autoridades policiais competentes, no âmbito da


Polícia Federal, para autorizar a aquisição e conceder o Porte de Arma de Fogo, que terá validade
máxima de cinco anos.

Art. 47. O Ministério da Justiça poderá celebrar convênios com os Estados e o Distrito Federal
para possibilitar a integração, ao SINARM, dos acervos policiais de armas de fogo já existentes, em
o o
cumprimento ao disposto no inciso VI do art. 2 da Lei n 10.826, de 2003.

Art. 48. Compete ao Ministério da Defesa e ao Ministério da Justiça:

I - estabelecer as normas de segurança a serem observadas pelos prestadores de serviços de


transporte aéreo de passageiros, para controlar o embarque de passageiros armados e fiscalizar o
seu cumprimento;

II - regulamentar as situações excepcionais do interesse da ordem pública, que exijam de


policiais federais, civis e militares, integrantes das Forças Armadas e agentes do Departamento de
Segurança do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, o Porte de Arma de
Fogo a bordo de aeronaves; e
40

III - estabelecer, nas ações preventivas com vistas à segurança da aviação civil, os
procedimentos de restrição e condução de armas por pessoas com a prerrogativa de Porte de Arma
de Fogo em áreas restritas aeroportuárias, ressalvada a competência da Polícia Federal, prevista no
o
inciso III do §1 do art. 144 da Constituição.

Parágrafo único. As áreas restritas aeroportuárias são aquelas destinadas à operação de um


aeroporto, cujos acessos são controlados, para os fins de segurança e proteção da aviação civil.

Art. 49. A classificação legal, técnica e geral e a definição das armas de fogo e demais produtos
controlados, de uso restrito ou permitido são as constantes do Regulamento para a Fiscalização de
Produtos Controlados e sua legislação complementar.

Parágrafo único. Compete ao Comando do Exército promover a alteração do Regulamento


mencionado no caput, com o fim de adequá-lo aos termos deste Decreto.

Art. 50. Compete, ainda, ao Comando do Exército:

I - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de armas, munições e demais produtos


controlados, em todo o território nacional;

II - estabelecer as dotações em armamento e munição das corporações e órgãos previstos nos


o o
incisos II, III, IV, V, VI e VII do art. 6 da Lei n 10.826, de 2003; e

III - estabelecer normas, ouvido o Ministério da Justiça, em cento e oitenta dias:

a) para que todas as munições estejam acondicionadas em embalagens com sistema de código
de barras, gravado na caixa, visando possibilitar a identificação do fabricante e do adquirente;

o o
b) para que as munições comercializadas para os órgãos referidos no art. 6 da Lei n 10.826, de
2003, contenham gravação na base dos estojos que permita identificar o fabricante, o lote de venda e
o adquirente;

o o
c) para definir os dispositivos de segurança e identificação previstos no §3 do art. 23 da Lei n
10.826, de 2003; e

IV - expedir regulamentação específica para o controle da fabricação, importação, comércio,


o
trânsito e utilização de simulacros de armas de fogo, conforme o art. 26 da Lei n 10.826, de 2003.

Art. 51. A importação de armas de fogo, munições e acessórios de uso restrito está sujeita ao
regime de licenciamento não-automático prévio ao embarque da mercadoria no exterior e dependerá
da anuência do Comando do Exército.

o
§ 1 A autorização é concedida por meio do Certificado Internacional de Importação.

o
§ 2 A importação desses produtos somente será autorizada para os órgãos de segurança
pública e para colecionadores, atiradores e caçadores nas condições estabelecidas em normas
específicas.

Art. 52. Os interessados pela importação de armas de fogo, munições e acessórios, de uso
restrito, ao preencherem a Licença de Importação no Sistema Integrado de Comércio Exterior -
SISCOMEX, deverão informar as características específicas dos produtos importados, ficando o
desembaraço aduaneiro sujeito à satisfação desse requisito.

Art. 53. As importações realizadas pelas Forças Armadas dependem de autorização prévia do
Ministério da Defesa e serão por este controladas.
41

Art. 54. A importação de armas de fogo, munições e acessórios de uso permitido e demais
produtos controlados está sujeita, no que couber, às condições estabelecidas nos arts. 51 e 52 deste
Decreto.

Art. 55. A Secretaria da Receita Federal e o Comando do Exército fornecerão à Polícia Federal,
as informações relativas às importações de que trata o art. 54 e que devam constar do cadastro de
armas do SINARM.

Art. 56. O Comando do Exército poderá autorizar a entrada temporária no país, por prazo
definido, de armas de fogo, munições e acessórios para fins de demonstração, exposição, conserto,
mostruário ou testes, mediante requerimento do interessado ou de seus representantes legais ou,
ainda, das representações diplomáticas do país de origem.

o
§ 1 A importação sob o regime de admissão temporária deverá ser autorizada por meio do
Certificado Internacional de Importação.

o
§ 2 Terminado o evento que motivou a importação, o material deverá retornar ao seu país de
origem, não podendo ser doado ou vendido no território nacional, exceto a doação para os museus
das Forças Armadas e das instituições policiais.

o
§ 3 A Receita Federal fiscalizará a entrada e saída desses produtos.

o
§ 4 O desembaraço alfandegário das armas e munições trazidas por agentes de segurança de
dignitários estrangeiros, em visita ao país, será feito pela Receita Federal, com posterior comunicação
ao Comando do Exército.

Art. 57. Fica vedada a importação de armas de fogo, seus acessórios e peças, de munições e
seus componentes, por meio do serviço postal e similares.

Parágrafo único. Fica autorizada, em caráter excepcional, a importação de peças de armas de


fogo, com exceção de armações, canos e ferrolho, por meio do serviço postal e similares.

Art. 58. O Comando do Exército autorizará a exportação de armas, munições e demais produtos
controlados.

o
§ 1 A autorização das exportações enquadradas nas diretrizes de exportação de produtos de
defesa rege-se por legislação específica, a cargo do Ministério da Defesa.

o
§ 2 Considera-se autorizada a exportação quando efetivado o respectivo Registro de
Exportação, no Sistema de Comércio Exterior - SISCOMEX.

Art. 59. O exportador de armas de fogo, munições ou demais produtos controlados deverá
apresentar como prova da venda ou transferência do produto, um dos seguintes documentos:

I - Licença de Importação (LI), expedida por autoridade competente do país de destino; ou

II - Certificado de Usuário Final (End User), expedido por autoridade competente do país de
destino, quando for o caso.

Art. 60. As exportações de armas de fogo, munições ou demais produtos controlados


considerados de valor histórico somente serão autorizadas pelo Comando do Exército após consulta
aos órgãos competentes.

Parágrafo único. O Comando do Exército estabelecerá, em normas específicas, os critérios para


definição do termo "valor histórico".
42

Art. 61. O Comando do Exército cadastrará no SIGMA os dados relativos às exportações de


armas, munições e demais produtos controlados, mantendo-os devidamente atualizados.

Art. 62. Fica vedada a exportação de armas de fogo, de seus acessórios e peças, de munição e
seus componentes, por meio do serviço postal e similares.

Art. 63. O desembaraço alfandegário de armas e munições, peças e demais produtos


controlados será autorizado pelo Comando do Exército.

Parágrafo único. O desembaraço alfandegário de que trata este artigo abrange:

I - operações de importação e exportação, sob qualquer regime;

II - internação de mercadoria em entrepostos aduaneiros;

III - nacionalização de mercadoria entrepostadas;

IV - ingresso e saída de armamento e munição de atletas brasileiros e estrangeiros inscritos em


competições nacionais ou internacionais;

V - ingresso e saída de armamento e munição;

VI - ingresso e saída de armamento e munição de órgãos de segurança estrangeiros, para


participação em operações, exercícios e instruções de natureza oficial; e

VII - as armas de fogo, munições, suas partes e peças, trazidos como bagagem acompanhada
ou desacompanhada.

Art. 64. O desembaraço alfandegário de armas de fogo e munição somente será autorizado
após o cumprimento de normas específicas sobre marcação, a cargo do Comando do Exército.

o
Art. 65. As armas de fogo, acessórios ou munições mencionados no art. 25 da Lei n 10.826, de
2003, serão encaminhados, no prazo máximo de quarenta e oito horas, ao Comando do Exército,
para destruição, após a elaboração do laudo pericial e desde que não mais interessem ao processo
judicial.

o
§ 1 É vedada a doação, acautelamento ou qualquer outra forma de cessão para órgão,
corporação ou instituição, exceto as doações de arma de fogo de valor histórico ou obsoletas para
museus das Forças Armadas ou das instituições policiais.

o
§ 2 As armas brasonadas ou quaisquer outras de uso restrito poderão ser recolhidas ao
Comando do Exército pela autoridade competente, para sua guarda até ordem judicial para
destruição.

o
§ 3 As armas apreendidas poderão ser devolvidas pela autoridade competente aos seus
o o
legítimos proprietários se presentes os requisitos do art. 4 da Lei n 10.826, de 2003.

o
§ 4 O Comando do Exército designará as Organizações Militares que ficarão incumbidas de
destruir as armas que lhe forem encaminhadas para esse fim, bem como incluir este dado no
respectivo Sistema no qual foi cadastrada a arma.

Art. 66. A solicitação de informações sobre a origem de armas de fogo, munições e explosivos
deverá ser encaminhada diretamente ao órgão controlador da Polícia Federal ou do Comando do
Exército.
43

Art. 67. Nos casos de falecimento ou interdição do proprietário de arma de fogo, o administrador
da herança ou curador, conforme o caso, deverá providenciar a transferência da propriedade da
arma, mediante alvará judicial, aplicando-se ao herdeiro ou interessado na aquisição, as disposições
do art. 12 deste Decreto.

o
§ 1 O administrador da herança ou o curador comunicará ao SINARM ou ao SIGMA, conforme
o caso, a morte ou interdição do proprietário da arma de fogo.

o
§ 2 Nos casos previstos no caput deste artigo, a arma deverá permanecer sob a guarda e
responsabilidade do administrador da herança ou curador, depositada em local seguro, até a
expedição do Certificado de Registro e entrega ao novo proprietário.

o o
§ 3 A inobservância do disposto no §2 deste artigo implicará na apreensão da arma pela
autoridade competente aplicando-se ao administrador da herança ou ao curador, as disposições do
o
art. 13 da Lei n 10.826, de 2003.

Seção II

Das Disposições Finais e Transitórias

o
Art. 68. O valor da indenização de que tratam os arts. 31 e 32 da Lei n 10.826, de 2003, bem
como o procedimento para pagamento, será fixado pelo Ministério da Justiça.

Parágrafo único. Os recursos financeiros necessários para o cumprimento do disposto nos arts.
o
31 e 32 da Lei n 10.826, de 2003, serão custeados por dotação específica constante do orçamento
do Departamento de Polícia Federal.

Art. 69. Presumir-se-á a boa-fé dos possuidores e proprietários de armas de fogo que se
o
enquadrem na hipótese do art. 32 da Lei n 10.826, de 2003, se não constar do SINARM qualquer
registro que aponte a origem ilícita da arma.

Art. 70. A entrega da arma de fogo, acessório ou munição, de que tratam os arts. 31 e 32 da Lei
o
n 10.826, de 2003, deverá ser feita na Polícia Federal ou em órgãos por ela credenciados.

Art. 71. Será aplicada pelo órgão competente pela fiscalização multa no valor de:

I - R$ 100.000,00 (cem mil reais):

a) à empresa de transporte aéreo, rodoviário, ferroviário, marítimo, fluvial ou lacustre que permita
o transporte de arma de fogo, munição ou acessórios, sem a devida autorização, ou com
inobservância das normas de segurança; e

b) à empresa de produção ou comércio de armamentos que realize publicidade estimulando a


venda e o uso indiscriminado de armas de fogo, acessórios e munição, exceto nas publicações
especializadas;

II - R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), sem prejuízo das sanções penais cabíveis:

a) à empresa de transporte aéreo, rodoviário, ferroviário, marítimo, fluvial ou lacustre que


deliberadamente, por qualquer meio, faça, promova ou facilite o transporte de arma ou munição sem
a devida autorização ou com inobservância das normas de segurança; e

b) à empresa de produção ou comércio de armamentos, na reincidência da hipótese mencionada


no inciso I, alínea "b"; e

III - R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), sem prejuízo das sanções penais cabíveis, na hipótese
de reincidência da conduta prevista na alínea "a", do inciso I, e nas alíneas "a" e "b", do inciso II.
44

Art. 72. A empresa de segurança e de transporte de valores ficará sujeita às penalidades de que
o
trata o art. 23 da Lei n 7.102, de 20 de junho de 1983, quando deixar de apresentar, nos termos do
o o o o
art. 7 , §§ 2 e 3 , da Lei n 10.826, de 2003:

o
I - a documentação comprobatória do preenchimento dos requisitos constantes do art. 4 da Lei
o
n 10.826, de 2003, quanto aos empregados que portarão arma de fogo; ou

II - semestralmente, ao SINARM, a listagem atualizada de seus empregados.

o
Art. 73. Não serão cobradas as taxas previstas no art. 11 da Lei n 10.826, de 2003, dos
o
integrantes dos órgãos mencionados nos incisos I, II, III, IV, V, VI e VII do art. 6 .

o
§ 1 Será isento do pagamento das taxas mencionadas no caput, o "caçador de subsistência"
assim reconhecido nos termos do art. 27 deste Decreto.

o
§ 2 A isenção das taxas para os integrantes dos órgãos mencionados no caput, quando se
tratar de arma de fogo de propriedade particular, restringir-se-á a duas armas.

Art. 74. Os recursos arrecadados em razão das taxas e das sanções pecuniárias de caráter
o o
administrativo previstas neste Decreto serão aplicados na forma prevista no § 1 do art. 11 da Lei n
10.826, de 2003.

Parágrafo único. As receitas destinadas ao SINARM serão recolhidas ao Banco do Brasil S.A.,
na conta "Fundo para Aparelhamento e Operacionalização das Atividades-Fim da Polícia Federal".

Art. 75. Serão concluídos em sessenta dias, a partir da publicação deste Decreto, os processos
de doação, em andamento no Comando do Exército, das armas de fogo apreendidas e recolhidas na
o
vigência da Lei n 9.437, de 20 de fevereiro de 1997.

Art. 76. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

o
Art. 77. Ficam revogados os Decretos n s 2.222, de 8 de maio de 1997, 2.532, de 30 de março
de 1998, e 3.305, de 23 de dezembro de 1999.

Brasília, 1º de julho de 2004; 183º da Independência e 116º da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA


Márcio Thomaz Bastos
José Viegas Filho

Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 2.7.2004

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