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PROJETO “É O MEU RIO GRANDE DO SUL, CÉU, SOL, SUL TCHÊ!

Paula Ugalde dos Santos

Projeto integrante do Porta Fólio digital de Paula Ugalde / Todos os direitos SANTOS, P. U.
Céu, Sol, Sul
Leonardo

EU QUERO ANDAR NAS COXILHAS


SENTINDO AS FLEXILHAS DAS ERVAS DO CHÃO
TER OS PÉS ROSETEADOS DE CAMPO
FICAR MAIS TRIGUEIRO QUE O SOL DE VERÃO

É O MEU RIO GRANDE DO SUL


CÉU, SOL, SUL,
TERRA E COR
ONDE TUDO QUE SE PLANTA CRESCE
E O QUE MAIS FLORESCE
É O AMOR (...)
(Música preferida da Turma)

CRIANÇAS PASSEANDO NA RUA COM SEUS CAVALOS- DE-PAU

Projeto integrante do Porta Fólio digital de Paula Ugalde / Todos os direitos SANTOS, P. U.
APRESENTAÇÃO

Tudo surgiu de modo espontâneo! Como uma brincadeira...


Mais uma da nossa turma.
Três alunos eram apaixonados por cavalos, tinham contato, cavalga-
vam na garupa dos pais e conheciam a “lida do campo”.
Em brincadeiras livres traziam esses conhecimentos para os colegas e,
pouco a pouco, a turma foi se interessando pela cultura gaúcha, já um pou-
co esquecida na escola. Todos os dias os meninos levavam cavalos, bois e
outros brinquedos que eram muito apreciados pelos pares. Vinham trajando
a indumentária gauchesca e era engraçado observar que só na hora do
parquinho tiravam o lenço e as botas, ficando mais à vontade, de chinelo.
Havia na sala, um livro que contava a história do Negrinho do Pastoreio.
As crianças o adoravam, apesar de se posicionar contra o fazendeiro e seu
filho, não aceitando suas injustiças. Conversa vai, conversa vem, discutimos
e demonstraram entendimento quando mencionarmos a questão da escra-
vatura.
Foi aí que surgiu a idéia de trabalhar a história e a cultura do nosso po-
vo com a abordagem lúdica de sempre, porém, não esquecendo de con-
textualizá-la. E aí está o projeto, fruto desse trabalho.

Paula Ugalde dos Santos ;)

Projeto integrante do Porta Fólio digital de Paula Ugalde / Todos os direitos SANTOS, P. U.
SOBRE A HISTÓRIA

“A história está presente na vida de todos nós.


Está acontecendo todo o dia.
O que aconteceu ontem é passado, é história.
O que acontece hoje poderá ser história no futuro.
Conhecer o passado de uma sociedade é como conhecer
o passado de uma pessoa. Quando encontramos
um novo amigo, queremos saber coisas sobre
a sua história para entendê-lo melhor e até ajudá-lo.”

“Conhecer a história das sociedades, ajuda a entender melhor o mundo em


que se vive e a resolver os problemas do presente. Torna a criança mais
consciente de como o mundo em que vive chegou no ponto em que está e
a ajudará a tomar a decisão de não ficar parada, esperando acontecer ...
Isso começa pelas suas relações com as pessoas com as quais convive.
É, em última instância: o exercício da cidadania infantil.”
(AMIGOS DA HISTÓRIA)

Projeto integrante do Porta Fólio digital de Paula Ugalde / Todos os direitos SANTOS, P. U.
EU SOU GAÚCHA...

SOMOS GAÚCHOS!

Ah! Eu sou GAÚCHO!!


Ah! Eu sou GAÚCHO!!
Com muito orgulho,
No coraçãããão!!!

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1 SÍNTESE DA EXPERIÊNCIA

O Projeto “É o meu Rio Grande do Sul, Céu, Sol, Sul Tchê!” justifica-se por con-
templar o interesse e curiosidade infantil pela cultura gaúcha; por enriquecer o co-
tidiano infantil, ajudar a entender melhor o mundo e a resolver os problemas do
presente; valorizar as raízes e a cultura, contribuir para a compreensão do sentido
de identidade, valorização e pertencimento e por proporcionar experiências de
aprendizagens significativas, prazerosas e contextualizadas. Concomitante a isso, a
proximidade ao mês em que se homenageia a figura do gaúcho e a necessidade
do resgate da cultura gaúcha junto à Comunidade escolar.

Organizou-se uma proposta com atividades vivenciais, tendo como pano de


fundo histórias, lenda, músicas, cantigas infantis, danças, poesias e o acervo de
brincadeiras da cultura gaúcha. Esse trabalho contribuiu para a constituição de
imagens culturais durante as interações e instrumentalizou na construção e sociali-
zação do conhecimento. O proposto contribuiu com o imaginário infantil na refle-
xão da riqueza folclórica e, sendo prazeroso, desafiador, inventivo e flexível, impul-
sionou a busca de trocas com os pares para a exploração do novo, o diálogo, a
reflexão e a síntese expressa através de várias linguagens. Também trabalhou valo-
res, a partir da discussão das ações de outros. A maioria das produções resultou em
brincadeiras muito ao gosto das crianças, a exemplo da contagem e/ ou criação
de livrinhos, a biblioteca bagual, as rodas e brinquedos cantados, os cavalinhos de
pau; as esculturas de papelão;
a vaca parada; as danças; as
dramatizações; a confecção
de brinquedos, fantoches; a
roda de chimarrão; etc.

O projeto teve por objetivos


contemplar o interesse dos a-
prendizes por conhecer a cul-
tura gaúcha; promover seu
resgate e valorização e enri-
CRIANÇAS DANÇANDO A MÚSICA “O PEZINHO”

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PROJETO “É O MEU RIO GRANDE DO SUL, CÉU, SOL, SUL TCHÊ!”

cer o cotidiano infantil, a partir da ampliação dos conhecimentos, na vivência de


situações lúdicas, prazerosas e significativas.

Avaliou-se a participação; a expressividade oral, gráfica, plástica e corporal; a


desenvoltura; a autonomia na realização das produções; a criatividade; a inventi-
vidade; a observação, o reconhecimento, a apreciação e a interpretação de mú-
sicas, cantigas e o conhecimento da cultura gaúcha.

ESPAÇO DE EXPOSIÇÃO PERMANENTE NA ESCOLA

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2 JUSTIFICATIVA

Para as crianças de uma escola de educação infantil, o brincar, o imaginar e


o criar constituem o espaço para a construção de conhecimentos. É vivenciando
diferentes situações, lúdicas, prazerosas, espontâneas e leves como ela, é intera-
gindo com os pares e com os adultos, é nas trocas que elas aprendem. Suas pro-
duções, nas diferentes linguagens: seja nas artes plásticas, na música, na dança,
no teatro ou na criação e/ou (re) criação de histórias e posterior socialização é
que lhes assegurarem a possibilidade de desenvolver-se. Favorecem ainda a for-
mação de valores não apenas no tempo presente.

Este projeto trouxe um enfoque mais abrangente, pois considerou e contri-


buiu para que a criança construísse a compreensão de que a história se faz pre-
sente na vida de todos. Oportunizou, a partir da reflexão e comparação de como
era as suas vidas quando menores, a de seus pais e / ou professores, a compreen-
são de que o que aconteceu ontem é passado, é história e de que o que aconte-
ce hoje poderá se tornar história no futuro. Conhecendo sua história a criança es-
tá mais instrumentalizada para compreender o mundo em que vive e resolver os
problemas do presente, mantendo relações mais positivas com as pessoas da sua
convivência. É o início da formação para a cidadania infantil.
Sob essa perspectiva, o presente projeto justificou-se por contemplar o inte-
resse e curiosidade infantil pela cultura gaúcha; contribuir com o imaginário e enri-
quecer o cotidiano infantil a partir de um maior conhecimento da cultura gaúcha,
ajudar a entender melhor o mundo e a resolver os problemas do presente; valori-
zar as raízes e a cultura, contribuir para o sentido de identidade, valorização e per-
tencimento; proporcionar a construção de conhecimentos específicos, previstos
no Plano de Trabalho do Professor e no Plano de Trabalho da Escola, em conso-
nância com a Filosofia e objetivos do educandário; proporcionar experiências de
aprendizagens significativas, prazerosas e contextualizadas. Concomitante a isso,
a necessidade do resgate da cultura gaúcha junto à Comunidade Escolar e a
proximidade ao mês em que se homenageia a figura do gaúcho, por ocasião das
comemorações as Semana Farroupilha, grande marco na história do Estado.

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3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Todo ensino que se quer de qualidade precisa contemplar, desde a Educa-


ção Infantil, elementos da cultura do povo em seu currículo. Em se tratando do Es-
tado do Rio Grande do Sul, tema de estudo no presente projeto, o mesmo é riquís-
simo em tradições relacionadas à cultura gaúcha. A própria história da Revolução
Farroupilha já mexe com o imaginário infantil e oferece muitas possibilidades de
trabalho. A cultura gaúcha, com seus hábitos, costumes, músicas, danças, culiná-
ria, contos, lenda e as brincadeiras possui uma riqueza de elementos para a reali-
zação de um trabalho que oportunize a construção de conhecimentos de forma
lúdica, prazerosa e contextualizada.

Por esse viés, a cultura do povo precisa estar presente no cotidiano das es-
colas infantis, compondo o acervo de brincadeiras constitutivas do banco de da-
dos de imagens culturais utilizados pelas crianças nas situações interativas. Assim o
ensino estará instrumentalizando as crianças para a construção do conhecimento
e sua socialização.

Sabidamente, vários autores afirmam que a criança só valoriza um conteú-


do, uma temática, a partir do momento em que esta se torna significativa. A partir
daí ela passa a valorizar tal e ter prazer em aprender. Em se tratando de crianças
de escolas infantis, só é possível despertar esse sentimento, a partir do oferecimen-
to de um ensino lúdico e significativo. Se ele for contextualizado, maiores são as
chances da criança ter desperto seu desejo por aprender. Trabalhando nessa
perspectiva, está se favorecendo a construção das aprendizagens infantis de mo-
do natural e prazeroso.

Na interação com os pares e a professora, ao vivenciar diferentes situações


organizadas sob essa abordagem, a criança aprende fazendo, brincando e isso, é
do que precisa para se desenvolver sadiamente e construir valores. A metodologi-
a permite as crianças rever conceitos, fazer novas descobertas, socializar emo-
ções, inseguranças, questionamentos, sonhos, expectativas, sucessos e desapon-
tamentos.

A criança aprende enquanto brinca de faz-de-conta, quando vencia e refle-


te idéias por meio da literatura infantil, quando dramatiza e se coloca no lugar

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dos personagens, ao contar e criar histórias, quando brinca com os pares, ouve
músicas, canta, dança, realiza produções em artes, etc.

Trabalhos desta natureza favorecem não apenas o imaginário infantil, como


a reflexão da riqueza da cultura, com todos os elementos que a constituem, acu-
mulados pelos diferentes povos e que evidenciam a pluralidade cultural do povo.
Assim, excluir do currículo escolar as cantigas, os contos e as lendas, bem como
as músicas e as danças que fizeram parte do imaginário das crianças de tempos
passados trazem como conseqüência a separação da escola e da cultura.

Faz-se necessário o resgate de toda essa cultura acumulada e que, hoje, já


é desconhecida por muitos, especialmente os mais novos, as crianças, em função
da correria dos tempos modernos, que dificulta a transmissão oral. As crianças
querem aprender, são curiosas e tem desejo de realizar novas descobertas. O
professor precisa saber aproveitar isso, partir daí, dos temas considerados por ela
importantes, pois essa é a forma de “pescar” a criança para a construção de no-
vos conhecimentos.

Precisa ter presente que o brincar, para a criança, é coisa séria e que cabe
a ele o grande desafio de proporcionar um ensino lúdico, significativo e contextu-
alizado, que traga elementos da cultura formadora da inteligência e oportunize
muitas brincadeiras de papéis, pois estas, favorecem a criação de situações ima-
ginárias e reorgani-
za as experiências
vividas.

O processo
de ensino na Edu-
cação Infantil pre-
cisa organizar situ-
ações de aprendi-
zagem que oportu-
nizem a constru-
ção do saber atre-
lado ao brincar e
ao fazer, pois a- CRIANÇAS MONTANDO E LAÇANDO CAVALO CONFECCIONADO EM PET

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prender interagindo, brincando e vivenciando diferentes situações favorece a cri-


ança a elaboração de significações próprias e contribui para que exercite suas
relações e vivência junto aos pares, a ampliação da sua expressividade, comuni-
cação, autonomia e cooperação.

Um ensino comprometido com a formação da cidadania infantil tem a brin-


cadeira como elemento balizador de toda sua proposta. Considera o “direito”
inalienável da criança de brincar, como forma particular de expressão, pensa-
mento, interação e comunicação infantil.

Através da brincadeira ocorre o desenvolvimento das capacidades cogniti-


vas, como de imaginação, imitação, modificação da realidade, ampliação de
conhecimentos, etc; das capacidades afetivas e emocionais, como o estabeleci-
mento de vínculos, escolha de papéis, de parceiros e de objetos; interpessoais,
como a convivência em um grupo social; físicas; éticas e estéticas, dentre outras.

As metáforas do brincar e do criar, para a criança é que trazem as aprendi-


zagens, a partir de suas relações e trocas e de suas produções nas diferentes lin-
guagens, a saber, nas artes plásticas, na música, na dança, no teatro ou na cria-
ção e/ou (re) criação de histórias e posterior socialização.

ALGUNS ‘LAÇADORES’ SE REVELARAM.

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4 OBJETIVOS EDUCACIONAIS

4.1 Objetivo Geral

Favorecer o conhecimento e a valorização da cultura Riograndense, por


meio da proposição/participação em atividades vivenciais lúdicas, significativas
e contextualizadas que desse mais sentido a aprendizagem, capaz de preparar
os alunos para a crescente autonomia, criticidade, responsabilidade, comprome-
timento pessoal e social, para que mostrem suas habilidades e suas capacidades
de forma criativa e prazerosa, nos trilhos da cidadania infantil.

4.2 Objetivos Específicos

Linguagem Oral e Escrita: Participar de situações de co-


municação oral, interagindo e expressando desejos, ne-
cessidades e sentimentos por meio da linguagem oral;
apreciar a escuta e recontagem de histórias; familiari-
zar-se com a escrita através do contato com materiais
escritos. EXIBINDO LIVRINHO CONFEC-
CIONADO/BIBLIOTECA BAGUAL

Natureza e Sociedade: Explorar o ambiente e as situa-


ções vivenciadas, se relacionando com as pessoas e es-
tabelecendo contato com materiais, objetos e utensílios
diversos, manifestando curiosidade e interesse; conhe-
cer e explorar o próprio corpo com todas as suas possi-
bilidades.

Matemática: Estabelecer aproximações a algumas no-


ções matemáticas cotidianas vivenciadas.

Formação Pessoal e Social: Experimentar/utilizar recursos


para satisfação necessidades; expressar sentimentos,
desejos, etc.; familiarizar-se com próprio corpo e interes-
sar-se por seus cuidados; brincar; relacionar-se sadia-
mente.
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Movimento e Expressividade: Conhecer e experimentar


as diversas formas de movimentos, coreografias; explo-
rar as possibilidades de movimento do próprio corpo;
participação em estudo dirigido; projeto em equipe;
pesquisa de danças; apresentações; aula prática, brin-
cadeiras; outras situações de interação envolvendo o
canto e o movimento.

Música: Ouvir, perceber e discriminar produções musi-


cais; brincar com a Música, imaginar, inventar e repro-
duzir criações musicais; conhecer e apreciar as músicas
do RS.

Artes: Desenvolver as habilidades de observação, ima-


ginação, sensibilidade, conhecimento e produção ar-
tística pessoal e grupal.

Dramatização: Conhecer um pouco da história do RS


através de vivências dramáticas diversas. Conhecer as
biografias de Bento Gonçalves, Anita e Giuseppe Gari-
baldi e Bento Gonçalves.

DRAMATIZAÇÃO DE HISTÓRIA

Uma das paixões era a dramatização. Acima, após a CAVALINHOS SE CUMPRIMENTANDO


apresentação da história ‘O Negrinho do Pastoreio’,
parta as crianças da escola.
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5 CONTEXTUALIZAÇÃO DA EXPERIÊNCIA

A escola onde foi realizado o presente projeto é uma Escola-Creche de um


bairro da cidade de um pequeno município do interior do Rio Grande do Sul. A
clientela atendida pela escola é variada, sendo alguns filhos de profissionais libe-
rais, comerciantes, outros de trabalhadores assalariados e outros ainda com me-
nor poder aquisitivo, sendo que alguns sem emprego fixo. Assim também eram as
crianças da turma. Os alunos com vivências e conhecimentos da cultura gaúcha
tinham pais que a cultuam.

No Projeto Pedagógico da escola estava previsto o ensino da cultura do Es-


tado e a metodologia de trabalho tinha por princípio considerar os interesses in-
fantis e isso não vinha ocorrendo com relação à Cultura Gaúcha. Eram propostas
atividades estanques, meramente para lembrar a data, porém sem relacioná-las
com a realidade e, especialmente proporcionar vivências práticas as crianças.
Com isso, as crianças perdiam em termos de possibilidades de novas elabora-
ções simbólicas a partir do conhecimento de suas raízes, por não ser facilitado o
estudo mais contextualizado no tempo e no espaço, sobre suas raízes.

A grande maioria dos pais dos alunos da escola aprecia músicas gaúchas e
nativistas, sendo que as solicitam muito durante a realização da Festa Junina da
escola, o que é um equívoco e conteúdo que poderia ser trabalhado, a fim de
que a idéia fosse desconstituída e atribuído o devido valor à música, bem como
aos outros elementos da cultura gaúcha..

Antes do início do trabalho o imaginário infantil de apenas três alunos da


turma refletia parte da riqueza da cultura gaúcha, o que se evidenciava pelo co-
nhecimento da lida no campo, de algumas músicas gauchescas, das vestes e
vivência de rodeios, entre outros. Seus conhecimentos também precisavam ser
sistematizados para ser melhor compreendidos.

Os alunos eram apaixonados por cavalos, tinham contato e cavalgavam


na cavalos na garupa dos pais. O pai de um dos alunos ia buscá-lo a saída da
escola a cavalo, fato que chamava muito a atenção das crianças da escola e,
em especial, das da turma, em função de serem seus colegas e brincadei-
ras com cavalos fazerem parte em sala de aula.

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Nas brincadeiras livres, os três meninos traziam seus conhecimentos para os
colegas e brincavam desde montar um nas costas do outro a com as miniaturas
de bois, cavalos, “liam” livrinhos e ouviam CDs de músicas gauchescas trazidos
por eles. Às vezes um deles propunha que dançassem e as meninas o disputa-
vam pois os demais meninos não dançavam, se mostrando envergonhados. Mas
durante a dança batiam os pés no chão ou tamborilavam, demonstrando gos-
tar. O pai de um assinava “Horse Business” e “Cavalos de Raça” e o aluno as le-
vava com freqüência para mostrar para os colegas, que muito apreciavam. Vi-
nham trajando a indumentária gauchesca e era engraçado observar que só na
hora do parquinho tiravam o lenço e as botas, ficando mais à vontade, de chine-
lo. As meninas os achavam lindos e eles ficavam muito felizes. No parquinho, a-
doravam brincar com cordas e sua brincadeira predileta era laçar os tocos de
árvores. Essa brincadeira foi se tornando popular e conquistando mais adeptos e
chegou um dia que faltaram cordas, havendo disputas. As meninas passaram
também a querer realizar a atividade e os meninos nunca deixavam. Um dia dois
alunos disseram falas que tornaram evidente a necessidade de trabalhar ques-
tões de gênero junto a turma.

“- Vocês não falam que batom e cor de rosa é de menina? Brincar de


laçar é coisa de menino!”

“- É! são muito fraquinha... Não sabem! Não conseguem!” (risada)

Pouco a pouco, a turma toda foi se interessando pela cultura gaúcha, já


um pouco esquecida na escola, que desenvolvia algumas atividades em setem-
bro, por ocasião das comemorações alusivas à Semana Farroupilha.

Havia na mini-biblioteca da sala de aula, um livro que contava a história do


Negrinho do Pastoreio que as crianças adoravam. Contudo, se posicionavam ve-
emente contra o fazendeiro e seu filho, não aceitando as injustiças cometidas
por eles contra o negrinho. Falas como “Papai do Céu fica triste!” ou “O anjinho
da guarda chora” quando se referiam ao menino eram comuns sempre que
“liam” e / ou contavam a história. Um dia, durante um Sarau de Histórias, que é o
momento em que a turma se reunia, tendo cada um escolhido um livro para
contar aos colegas, após um deles contar essa história, no espaço dos

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PROJETO “É O MEU RIO GRANDE DO SUL, CÉU, SOL, SUL TCHÊ!”
comentários, conversa vai, conversa vem, introduziu-se a discussão sobre a que-
escravatura. As crianças demonstraram entendimento e se posicionaram indig-
nadas com “o homem branco malvado que foi lá longe, na casa dos negros
prender eles e trazer pra trabalhar de graça.”

Esse episódio foi determinante. A partir dele surgiu a idéia de trabalhar a


história e a cultura do povo gaúcho, com a abordagem lúdica de sempre, pro-
pondo atividades vivenciais e prazerosas, porém, contextualizadas. Daí oProjeto
“É o Meu Rio Grande do Sul, Céu, Sol, Sul, Tchê!!!”.

Inicialmente partiu-se para a pesquisa bibliográfica, buscando a fundamen-


tação e a confirmar de saberes. Coletou-se uma infinidade de músicas, danças,
contos, causos, lendas, etc. Procedeu-se o planejamento de uma possibilidade
de trabalho, que foi modificada ao longo do processo, considerando as produ-
ções, os limites, as possibilidades e, em última instância, os interesses infantis.

As crianças participantes se sentiram co-autoras e os frutos permaneceram.


Nunca se estabeleceu tantos vínculos com uma turma.

A experiência foi muito significativa e marcante, tanto para a professora


como para os aprendizes. A partir dela, a docente tem revisto sua metodologia
de trabalho e continua trabalhando não apenas na dimensão lúdica, mas de
forma contextualizada, mesmo com crianças bem pequenas. Criança é uma
caixinha de surpresas e sempre estará a desafiar os professores a ir além. Duran-
te te a realização do projeto se percebeu estar aprendendo a conhecer melhor
as crianças com quem se trabalhava, sobre como aprendiam, sobre como me-
lhor ensinar, etc. O professor ajudou o aluno a sistematizar, mas a construção do
conhecimento foi dos alunos.

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6 DESENVOLVIMENTO DAS AÇÕES

A parir do planejamento e conseqüente estabelecimento de objetivos cla-


ros organizou-se, de maneira específica e intencional, situações ricas, divertidas,
prazerosas e favorecedoras a construção das aprendizagens infantis.

Os conhecimentos, habilidades e competências previstos no Plano de Tra-


balho do Professor e que se inserem nos blocos de conteúdos previstos no Plano
de Trabalho da Escola foram contemplados dentro da proposta de trabalho do
projeto. Foram eles escuta, contagem ou recontagem e criação de histórias,
contos, lenda, poemas; relatos; apreciação e entoação de canções e cantigas
infantis; danças; dramatizações; produções artísticas com técnicas diversas
(desenhos, recortes, colagens, pinturas, esculturas, etc.); brincadeiras; jogos;
passeios; exploração de materiais e utensílios, conhecimento do próprio corpo
por meio do seu uso; contagem oral, noções de quantidade, tempo e espaço
em jogos; iniciativa, autonomia, participação, respeito; colaboração; higiene
pessoal e social; entrevistas; sistematizações orais individuais e coletivas e regis-
tros escritos pela professora.

A releitura da história pelas crianças:

NEGUINHO DO PASTOREIO

Era uma vez o negrinho.


- Do pastoreio!
Era afilhado da Santinha. E pretinho,
pretinho.
O homem malvado judiava dele. Surrava.
O filhinho também é ruim.
Um dia o negrinho perdeu o cavalo.
O homem ruim surrô ele. Doeu muito.
O filho disse que foi o negrinho, mas foi ele.
O homem surrô tanto e saiu sangue.
Levô o negrinho no formiguero.
Quando o galo cantô:
- Cócóricó!
O homem ruim viu o negrinho fugindo pro
céu cus cavalo e a Santa Senhora.
CAPA DO LIVRO (RELEITURA) O NE-
GRINHO DO PASTOREIO

Produção coletiva Turma Maternal II - 2006

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PROJETO “É O MEU RIO GRANDE DO SUL, CÉU, SOL, SUL TCHÊ!”
O projeto foi introduzido oficialmente com a utilização das árvores genealó-
gicas que cada aluno recebeu como tema para casa. Deveriam trazer com os
nomes dos pais e dos avós completos. Observando as árvores expostas questio-
nou-se quem era filho de quem e a procedência de cada pessoa. Para os que
nasceram no município, questionou-se como eram chamadas as pessoas do lu-
gar. Questionou-se o que mais eram e disseram de início “brasileiros” e, diante da
insistência na pergunta, uma aluna disse que gaúchos. A professora lhes apresen-
tou o mapa, perguntando se já tinham visto um. Juntos localizaram o Estado e o
Município, a partir das pistas dadas. Então, para melhor compreensão utilizou o
jogo de casas, dos tamanhos e disse que podiam pensar na cidade como o filho,
no Estado como o Pai e no País como o avô. Após, escutaram a música ”É o meu
Rio Grande do Sul, Céu, Sol, Sul”, que foi muito apreciada, sendo que algumas cri-
anças já a conheciam.

A letra da música foi discutida e as palavras desconhecidas explicadas. Ao


som da música teve início a aula de artes, quando cada um pintou livremente
coisas que ama da terra gaúcha. Surgiram várias produções interessantes, tais
como um sol e a lua, quando um aluno que o pai mora em São Paulo contestou,
dizendo que “ - Sol e lua tem sempre! Lá em São Paulo também.” Os autores não
gostaram e questionaram a professora que concordou, mas acrescentou que os
gaúchos dizem que olhando daqui eles parecem mais bonitos, mas que não sabi-
a e nunca tinha pensado no assunto. Perguntou se achariam bom que fosse, ao
que assentiram. O aluno que questionou ainda na ficou convencido e comentou:
“- Não sei não. Vo pergunta pro meu pai!” Ficaram pensando. Outros alunos pin-
taram bota, chaleira, cuia e uma menina disse que não era..Que isso tem em loja.
Questionou-se em que lojas e citaram as lojas da cidade. A professora perguntou
onde ficava a cidade e se tinha em outras cidades. Entenderam que as cidades
são do Estado, porém não souberam responder se tinha em outras cidades.

Aprenderam o versinho que segue, o qual adoraram e virou o grito dos pe-
quenos gaúchos da sala:

“Ah! Eu sou gaúcho! Ah! Eu sou gaúcho! Com muito orgulho, no coraçãããão!” Já
nesse dia se pode ouvir repetirem-no no parquinho.

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PROJETO “É O MEU RIO GRANDE DO SUL, CÉU, SOL, SUL TCHÊ!”
Como de costume, as pinturas ficavam no varal e no dia seguinte eram e-
molduradas pelas crianças à hora da chegada, antes da hora do café, para
posterior exposição no espaço da escola destinado para tal, à entrada da sala
de aula. Como sempre, resultaram em ricas produções, pois os alunos aprecia-
vam muito a atividade se mostravam bastante desenvolvidos na área, sendo que
alguns, inclusive, davam um realismo notável as suas criações. Assim, ao chega-
rem, ao som da música, já foram cuidando dos seus trabalhinhos, ansiosos para
que secassem logo, a fim de vê-los expostos.

A letra da música estava exposta na sala e foi proposto que identificassem


a letra inicial de seus nomes, para ver quem tinha mais vezes repetidas. Os alunos
deveriam pintá-la e, concluída a tarefa, ganhavam uma ficha da professora pa-
ra aumentar seu tesouro (saquinho de TNT). Gostaram da atividade. Porém, al-
guns ainda não identificavam suas letras e foram ajudados pelos colegas. Outros
ainda, não encontrando a sua letra inicial, passaram a marcar as letras do meio,
a fim de não ficarem sem pontos. Isso foi permitido com o entendimento de que
o importante é que saibam, nessa idade, diferenciar letra de desenho. Os pontos
foram somados com o auxílio da professora. Eram empilhados a fim de que ob-
servassem que aumentando os pontos aumentava a quantidade e, conseqüen-
temente, o tamanho.

Nesse dia começaram a chegar os materiais de sucata que haviam sido solici-
tados aos pais, para a confecção de alguns brinquedos. À pedido da professora,
um aluno também trouxe várias revistas sobre cavalos. A proposta seria estudar
mais sobre os cavalos, o que era muito do interessa de todos. Ao invés de con-

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PROJETO “É O MEU RIO GRANDE DO SUL, CÉU, SOL, SUL TCHÊ!”
tar uma história a professora leu e /
ou explicou algumas reportagens
sobre cavalos, já selecionadas. Ao
término, questionou sobre o que ha-
viam visto e a atividade resultou na
confecção de um livrinho, com defi-
nições das crianças, o “Cavalhada
– tudo sobre cavalos”. Todos acom-
panharam interessados enquanto a
professora transcrevia as falas no livrinho. Ao final, todos queriam lê-lo e foi neces-
sário recorrer ao sorteio. Porém, o menino que havia trazido as revistas estava in-
consolável por não ser ele a pegar. A professora disse que quem sabe não seria
ele a levá-lo para casa na sexta-feira. Mas era terça e o menino sabia que ainda
teria de “dormir algumas noites” até chegar o dia.

Foi aí que se resolveu montar o acervo de livrinhos do projeto em separado


e permitir que levassem para casa diariamente, para o que se teve o auxílio dos
pais, que passaram a anotar as retiradas e as devoluções. Nessa situação o meni-
no foi “sorteado” e menino foi todo feliz com o livrinho para casa.

A turma brincou de imitar um cavalinho, seguindo as ordens da professora:

“ – Quando os cavalinhos estão com frio (tremem de frio)

Saem todos a passear. (relincho)

Uma pata! (batem uma perna no chão)

Duas patas! (batem duas pernas no chão)

Três patas! (batem duas pernas no chão e uma mão na perna)

Quatro patas! (batem uma perna no chão e duas mãos nas pernas)

Pocotó! Pocotó! Pocotó! (saem troteando na sala)

Pocotó! Pocotó! Pocotó! “

A brincadeira foi muito apreciada e aos poucos alguns meninos foram dando
outras ordens: “ - Parem! Tem que toma água.” ou ainda “Tão cansado. Tem que
i pra casa durmi.”

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No outro dia o aluno que levou o livrinho trouxe seu primeiro desenho de ca-
valo. Era uma cabeça, com as orelhas pequenas, dos lados, como representava
a figura humana, uma barriga comprida do lado, pescoço unindo e abaixo as
quatro patas. Pediu para que fosse exposto na sala, o que foi feito. Nesse dia to-
das as crianças quiseram desenhar cavalos, especialmente duas meninas que
sempre achavam que “desenhavam mais bonito”. Durante as observações dos
cavalos se aperceberam que o aluno havia desenhado as orelhas dos lados ao
invés de em cima, que não tinha crina e nem rabo. O menino se desestabilizou de
início, pegou seu desenho, observou as figuras e completou o desenho.

Durante todo o projeto o espaço destinado a “Biblioteca Bagual” era muito


apreciado, os cuidados com os livrinhos eram uma constante e apesar das retira-
das diárias, que persistiram para além do seu desenvolvimento, todos permane-
ceram em bom estado. Até o aluninho que quando se sentia inseguro tinha o há-
bito de morder os livrinhos passou a ter maior cuidado, desde o dia em que quis
retirar o livro do cavalo branquinho e os colegas protestaram pois iria estraga-lo. A
professora teve de interferir, conversando com o menino e explicando que se ele
danificava os livrinhos, os pares não iriam querer que levasse, pois eram muito le-
gais, de todos da turma. De início ficou amuado, mas, em seguida, prometeu que
não ia morder e não o fez.

Com o auxílio das crianças, teve início a construção de um cavalinho de


pet. Á medida que ia tomando forma às crianças iam reconhecendo a figura do
cavalo e era grande sua expectativa. Quando concluído, nem quiseram carac-
terizaram sua fuça e já foram montando e querendo cordas para laçá-lo. Fica-
ram muito entusiasmados com a novidade e quiseram levar para o parquinho.
Brincaram muito com esse cavalinho e os meninos maiores sempre o pediam em-
prestado e negociavam, sendo que às ve-
zes emprestavam e noutras não. Com isso,
o cavalo não durou três semanas, pois não
suportou o peso dos maiores e nem. Fica-
ram muito tristes quando não deu mais pa-
ra consertar o cavalo. Uma aluna disse
que era porque os meninos montavam
juntos. Um aluno sugeriu que fizessem ou-

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tro. A professora ficou de ver um modo de tornar o cavalo mais forte.

Num outro dia, durante um sarau de histórias, teve um aluno que não quis
pegar livro, dizendo que ia contar uma história de cavalinho que conhecia. Con-
tou de forma muito expressiva, os colegas
adoraram e a professora anotou sua fala.
No dia seguinte havia mais um livro na sa-
la, o do cavalo branquinho. Quiseram ou-
vir a história de novo e o aluno se levan-
tou de imediato para contá-la com aju-
da da professora, pois, diante das ilustra-
ções organizadas por essa, confundiu-se
um pouco. Na saída contou para a mãe que tinha um livrinho novo na sala, da
sua história e aquela, depois de lê-la, comentou que estava modificada, pois na
original não tinha o cavalo do time de futebol.

Chegou o dia em que ganhariam os cavalos de pau confeccionados pela


professora durante momentos específicos, tais como o café da manhã, recreio,
aula de educação física, etc, em que a monitora da turma auxiliava nos cuida-
dos com as crianças. Algumas mães também auxiliaram na confecção. As crian-
ças ficaram apaixonadas pelos cavalinhos. Passaram a manhã brincando com
eles, os batizaram e, no dia seguinte saíram pela primeira vez passear nas calça-
das, nas ruas. Era muito lindo vê-los assim, chamaram a atenção das pessoas da
cidade e despertaram ciúmes e desapontamento nas demais crianças da escola
que não tinham seus cavalinhos. Aqui se destaca a importância da colaboração
entre todos num educandário. A autora apresentou rascunho do projeto as cole-
gas e convidou para que se engajassem e não obteve concordância. Sugeriu
que também construíssem cavalinhos pa-
ra os seus alunos, evitando disputas, mas
acharam interessante que quem quisesse
adquirisse nas lojas de R$ 1 real. Com isso,
foram confeccionados ainda dois cavali-
nhos sobressalentes e oferecidos as de-
mais crianças no parquinho. Seguido as
crianças da turma os emprestavam pa-

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ra os amigos mais chegados. As crianças confeccionaram seus próprios livrinhos
da história do seu cavalinho de pau, que vieram fazer parte do acervo até o dia
em que os levaram embora, findo o projeto.

Havia sido previsto a realização e pesquisa na Internet junto com as crian-


ças para que as mesmas apreciassem músicas e danças típicas. Porém, como a
a escola não dispunha do recurso, as crianças teriam que se deslocar até outra
escola, o que não foi possível devido a intempéries. Com isso, a professora trou-
xe a pesquisa de algumas, tais como Pezinho, Maçanico, Balaio, Caranguejo,
Chimarrita, É o meu Rio Grande do Sul, Querência Amada, Eu sou do Sul, etc.
para os alunos apreciarem, gravadas em CD.

Com isso, duas outras atividades muito apreciadas pelas crianças foram a
escuta de obras musicais e à realização dos fandangos, quando dançaram a
valer. O primeiro se realizou na própria sala de aula, apenas entre as crianças
da turma. Desde o início as crianças dançaram a valer, não se importando com
a forma. Teve dois casais. Dois meninos que se uniram como casais para fazer
piada, outros que dançavam soltos, algumas meninas dançavam de modo
mais sensual, à exemplo de como adultas dançam alguns rítimos e outros ainda
apenas se limitavam a pular no mesmo lugar, seguindo o ritmo da música. Um
aluno quis dançar com a professora e essa começou a arrodeá-lo, o que acha-
ram muito “legal” e imitaram. Estava introduzida a questão das coreografias nas
músicas. Foi explicado que era costume dos gaúchos de movimentarem de de-
terminado jeito ao dançarem as músicas e pediram que lhes ensinasse.

A professora lhes apresentou a dança do pezinho, dançando com uma


menina. Depois de assistirem, todos quiseram fazer e para uma primeira vez dan-
çaram muito bem, mas foram auxiliados com orientações de comando:
“pezinhos mexendo”, “troca”, “engancha
braços”, “troca”, etc. essa dança tornou-ser
referência em dança para as crianças que
passaram a dançá-la espontaneamente. Já
era proposta apresentar-lhes outras danças
gauchescas por ocasião da visita do Patrão
do CTG e da prendinha gaúcha a turma.

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Como já sabiam a história do Negrinho do Pastoreio, foi organizado sua a-
presentação na escola, com o uso de fantoches. Após, se desenharam em pa-
pel pardo, pintaram, dando a forma do negrinho. Essa atividade é importante
para se aperceberem do esquema corporal. A partir deste dia um menino que
se desenhava com os braços sa-
indo da cabeça passou a dese-
nhá-los partindo do tronco. De-
pois de seco foi recortado e cola-
do em papelão e, posteriormente
veio a ser a primeira “escultura”
humana do projeto. A atividade
foi prazerosa e por isso repetida
quando se trabalhou a história da
Revolução Farroupilha e a música
O Tatu.

Essa história foi muito significativa para as crianças que ficaram apaixona-
das pelo gaúcho tatu e suas aventuras e inconformados ao final, com a sua mor-
te. A história os conquistou desde o início e quando a professora fazia sua leitura,
pois a transformou em livro, ao ler “arrodeia a roda”, imediatamente se levanta-
ram e trocaram e lugares às risadas e para “voltinha no meio” se levantaram no-
vamente, uns com as mãos na cintura e arrodearam espontaneamente.

PERSONAGENS REVOLUÇÃO FARROUPILHA. O GAÚCHO TATU E DONA TATUA.

As crianças ouviram a música explorando alguns personagens, teceram co-


mentários sobre quem queriam “ser” (representar), pediram pra repetir e duas
meninas quiseram fazer a história do “seu tatu”, confeccionando um livrinho.

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As meninas, de posse do livro feito pela professora, passaram a contar a história
a seu modo. Contaram com detalhes a professora serviu de escriba.

Ouvi contá uma história


do tatu.
Bateu a pata! Ele disse:
- Arrodeia a roda!
- Voltinha no meio!
- O tatu é meu!

Ele tinha um pala do pai.


Ele mordeu a perna da tatua.
Daí ele foi nos cachorro.
Acima as pequenas autoras A cachorrada mordeu ele.
e abaixo seu livrinho, com a rees- Daí ele foi pra outro lugar.
crita da história e ilustração da
turma. Foi impressionante a sensi- Ele viu um milho e tava com fome e comeu tudo.
bilidade para a letra da música. E Ele roubou feijão.
mais interessante o final, pois não
E foi pra outro lugar.
quiseram que o Tatu morresse.
- Que ta fazendo no cavalo tatu?
- Vou lá pra cima dança.

Ele levou as coisa. Ele ficou triste porque tomou u-


ma surra e só também por causa da mordida dos
cachorro. E murchou as orelha. Ficaram caída.

Ele roubou feijão.


Ele foi pra outro lugar.
Daí ele tomou um chimar-
rão e foi ficando doente.
- Me ajude dona Tatua, se-
As demais crianças ilustra- não eu vô morre!
ram o livrinho. A professora releu A tatua deu remédio: uma folhinha.

a produção das meninas e, à Daí ele morreu e eles rezaram: a tatua e os tatuzi-
medida que a ação se desenro- nhos. Eles fazeram um buraco pra bota ele.

lava, os alunos iam orientando


A dona tatua disse:
onde deveria parar, a fim de que - Eu acho que o meu homem
desenhassem os personaens. Os não tá morrido. Ele tá no médico.

desenhos eram concluídos e en- Ela ajudo ele. Ele saro. E o Tatu, a
Tatua e os tatuzinhos viveram felizes para sem-
tregues para a professora montar
pre.” (Fim)
o livrinho. A compreensão foi
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surpreendente. Elas contextualizaram e interagiram com a história. Chamou mui-


ta atenção o fato do tatu ter dado uma ‘mordidinha’ na perna do seu bem e
um menino quis dar uma mordidinha na sua ‘namorada’, uma coleguinha de
aula, que reclamou. Também os cachorros morderam o tatu, sendo que alguns
têm medo de cachorro e outros vivem rodeados de cães em suas casas. Houve
um episódio, durante um passeio da turma, que estes últimos mexeram com ca-
chorros em uma casa e a turma teve de escapar dos mesmos. Aí já colocaram o
sentimento da tristeza para o tatu. Comentaram o roubo, alguns reprovando,
mas como simpatizaram com o tatu, alegaram que era porque não tinha o que
comer. Não queriam que o tatu adoecesse e não se conformaram com a sua
morte, deram um jeito de dizer o ‘e viveram felizes para sempre’. Muitas vezes
‘leram os livrinhos do tatu, pois outro foi ilustrado com os desenhos das crianças e
ambos eram muito disputados.

Outra atividade interessante foi a realizada com a letra da música Piazito


Carreteiro, alguns dias depois. Os meninos se identificaram muito com o persona-
gem e as meninas com a sua prendinha. Também confeccionaram uma histori-
nha, porém, a técnica escolhida foi desenho com nanquim e pintura com giz de
cera e anilina líquida e, na falta do nanquim, foi experimentado sua substituição
por caneta de retroprojetor e, ao pintarem com anilina, as imagens ficaram bor-
radas.mas a história ficou interessantíssima, muito rica em detalhes.

Nos dias subseqüentes, brincaram espontaneamente de ser o piazito, du-


rante as brincadeiras no parquinho, quando andavam nos seus cavalinhos de
pau. As meninas ficavam dentro da casinha de boneca sonhando e esperando
os seus “cambichos”, olhando pra lua. Quando os meninos chegavam saiam
passear juntos, os convidavam para entrar
comer, etc.

É costume da turma ter um mascote


na sala e, a cada trabalho significativo de-
senvolvido é criado um afim. Assim foi com
o “Piazito”, o mascote da turma em setem-
bro. Para confecciona-los, as crianças, sen-
tadas em círculo, amassaram jornais e for-

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maram uma bola que foi colada pela professora, que também acrescentou o-
lhos, nariz e boca, além de chapéu e botas aos bonequinhos. As crianças os pin-
taram, foram impermeabilizados com cola e passaram a brincar muito com eles.
Algumas crianças os levavam para casa posar com elas. Os bonequinhos as a-
companhavam ao refeitório, durante as refeições e até no parquinho. Um dia
uma criança de outra sala entrou na sala do maternal e levou um dos bonequi-
nhos e o dono, quando se apercebeu, chorou muito. As outras crianças corre-
ram oferecer os seus “emprestado”, mas não podia levar embora. A professora
sugeriu que fizesse outro, mas o aluno não quis. Só dois dias depois a criança o
devolveu, vendo a tristeza do amiguinho, que ficou feliz ao ver seu piazito.

A partir dessa história passou-se a pesquisa sobre a “lida campeira”, quan-


do se discutiu algumas letras de música que falavam disso e foi entrevistado um
pai de aluno. O pai contou da lida, mas ao mencionar que preparam os animais
para o rodeio o interesse das crianças aumentos e a
palestra foi direcionada para o tema rodeio. O pai
contou da competição de laço a vaca parada que
despertou o interesse geral. A professora tinha desco-
berto que para tornar mais resistente os brinquedos
confeccionados com pet era preciso reforçá-los com
tiras de gesso, daquele usado nos hospitais. Propôs
que confeccionassem uma “vaca parada” para a tur-
ma, acreditando que não montariam tanto.

Mas de nada adiantou pois desde o início já passaram a montar na vaca.


Nos próximos dias todos participaram do trabalho, pois, após a primeira etapa
de rejunte das pets com fita durex e cola quente, era preciso passar as tiras de
gesso, especialmente nas emendas e alisa-las até secar. Após, era preciso rasgar
folhas ofício, passa-las numa mistura de cola e água e colar no corpo da vaca,
preenchendo-o todo. Depois foi o momento de pintarem a vaca. E por fim, da
colagem do rabo e da cara, feitos em EVA. Quando a vaca ficou pronta, brin-
caram muito – tanto na sala de aula como fora - de laçar. Devido ao seu gran-
de interesse, o professor de Educação Física também entrou na brincadeira e
deu algumas aulas prevendo atividades envolvendo o laço a vaca, bem como
cordas e a própria vaca. As crianças adoraram e, um dia, ao final da aula,

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aquele foi visto aprendendo a laçar com um dos aluninhos que sabia bem. Ape-
sar de tomarem mais cuidado, para que a vaca não estragasse, não deixavam
de brincar com ela e isso se estendeu até o final do ano. No início desse ano, já
estudando em outra turma, davam um jeito e ir à sala do maternal brincar coma
vaca.

Ao observar as crianças brincarem de laçar percebe-se que fazem do brin-


quedo uma situação social, a partir da imitação de condutas, explorações e rela-
cionamentos. Elas vivenciam comportamentos e papéis num espaço imaginário
em que a satisfação de seus desejos pode acontecer.

Foi um desafio contar a história da Revolução Farroupilha de modo simples,


com o essencial, para o fácil entendimento das crianças e sem posicionamento.
Para tal, se buscou várias fontes e realizou-se trocas com alguns profissionais das
relações, para que esses dessem suas contribuições. Foi muito difícil explicar os
motivos econômicos da Revolução, por exemplo: discutir o fato de quererem se
separar do Brasil, sem emitir posicionamento, etc. . Como a história foi apresenta-
da para toda a escola, na “hora do conto”, com o recurso de um teatrinho, foi
levada manuscrita e, após a apresentação não foi mais encontrada, tendo assim,
se perdido. Durante a apresentação a atenção foi integral e já de início alguns
aluninhos da turma quiseram auxiliar segurando os fantoches e acabaram partici-
pando espontaneamente, muito seguros e com falas bastante coerentes, o que
tornou a história mais leve e deixou a professora mais confortável, com suas pre-
senças, pois a mesma apresenta dificuldades e certa timidez ao se apresentar di-
ante de platéias, apesar de não transparecer. Todos gostaram muito e a diretora
foi a que mais elogiou. Depois dessa história foram confeccionadas bustos-
esculturas de papelão da Anita e do Giuseppe Garibaldi, do Bento Gonçalves e
do Duque de Caxias. As mesmas ficaram bastante interessantes e vieram a carac-
terizar os personagens. Um exemplo disso são as distinções nas roupas dos milita-
res. Observou-se que as crianças quiseram representar os personagens que lhes
tinha chamado à atenção. A professora levou para a classe imagens pesquisadas
na Internet dos personagens e as expôs para que observassem características físi-
cas dos mesmos. Porém, ao representarem, preferiram se olhar no espelho, como
se tivessem incorporado os personagens – o que é muito comum na faixa etária.

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A riqueza das propostas contribuiu para a constituição do imaginário infantil,


a construção do conhecimento e sua socialização. Durante todo o projeto as cri-
anças se colocaram como “atores sociais” no processo de ensino-aprendizagem
o que pode ser ilustrado a partir da análise das suas falas, por ocasião da sistema-
tização dos estudos no Jornal Legal Gaúcho Tchê!!!, como se pode ver:

JORNAL LEGAL GAÚCHO TCHÊ!!!

NO MÊS DO ANIVERSÁRIO DOS GAÚCHOS A HISTORINHA QUE MAIS GOSTAMOS FOI...


NÓS... DO PIAZITO CARRETERO.
APRENDEMOS UM MONTE DE COISAS DO GAÚCHO! DO GAÚCHO TATU. EU ADOREI ESSA!
É! COMO ELE FALA! ÁGUA-DE-CHÊRO É PERFUME. EU TAMBÉM! DO MEU TATU E DA FERNANDA!
CAMBICHO É NAMORADO. DO MEU CAVALINHO BRANCO.
BÓIA É COMIDA! EU SOU ’GURI’! O DA GUERRA!
CHINOCA É QUE NEM A MINHA MÃE: GRANDE, BONI- É! O DA MINHA ANITA!
TA. NÃO É DA ANITA! É DO GAIBAUDI!
E CAGAÇO É...(RISADA) É UM SUSTÃO! É! DA ANAINHA!
É DUS DOIS NÉ PRO?

O QUE MAIS GOSTAMOS DE FAZER FOI...


EU GOSTEI DAS HISTÓRINHA! DE FAZÊ ELAS.
O QUE APRENDEMOS SOBRE O GAÚCHO?
EU TAMBÉM! SÓ QUE EU GOSTEI MAIS...GOSTEI
OS GAÚCHO GOSTA DE TOMA MATE.
MAIS...DAS QUE EU FIZ! E O PEZINHO.
É. E AS PRENDA USAM VESTIDO.
NÃO É O “PEZINHO!” É MÚSICA GUIA!
E BOTA!
MAS É O NOME DELA! (FERNANDA) (...) NÓS ACHAMO
E OS GAÚCHO BOMBACHA, BOTA...
MUITO LEGAL! E FIZEMO OS PIAZITO.
TEM GUAIACA E LENÇO.
A GENTE BRINCO COM OS CAVALINHO-DE-PAU.
E BOTA E CHAPÉU.
EU ADOREI A MINHA EGUINHA COR-DE-ROSA.
EU TAMBÉM! SÓ QUE A FILHINHA TÁ FICANDO MUITO (...)
TEIMOSA. FOI NA RUA ONTE. DEI UM XINGO NELA!
É! ISSO FOI LEGAL“MUITO BOM”! QUANDO A GENTE
VAI LEVÁ ELES PRO?
É! QUANTAS NOITE FALTA PRA GENTE LEVÁ ELES
PRA CASA?

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7 AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS

Foram inúmeras as aprendizagens construídas pelos alunos acerca da cultura


gaúcha. Os conhecimentos sobre as suas raízes foram ampliados em muito. Po-
rém, o mais importante é que isso se deu de forma lúdica, prazerosa e significati-
va, bem ao gosto das crianças. A avaliação das aprendizagens infantis se deu por
meio da observação, análise e registro dos conhecimentos, hábitos e atitudes a-
presentados pelas crianças durante o processo, sendo que todas as atividades
culminaram na sistematização dos trabalhos no jornal mural feito pela turma e na
confecção de Portfolios individuais, contendo suas produções.

A partir do desenvolvimento do projeto foi possível perceber ainda sua contri-


buição real na formação de crianças-cidadãs, solidárias, participantes, sensíveis,
dialógicas, criativas e inventivas, pois aprenderam, ensinaram, cresceram, cons-
truíram sua identidade e desenvolveram suas potencialidades a partir das brinca-
deiras, das interações e das trocas, do trabalho cooperativo e participativo.

Independente de classe social, poder aquisitivo das famílias e recursos que as


crianças tenham ou deixem e ter em seus lares, ou mesmo na escola, um ensino
fundamentado, bem planejado e rico em possibilidades de (re) construções indivi-
duais e coletivas constitui espaço da socialização e de construção do conheci-
mento. Se a criança de classe popular não tem acesso a materiais ou lhes falta
estímulos em casa, maior é a responsabilidade dos educadores.

Pode-se afirmar que o projeto veio a contribuir para que as crianças amplias-
sem suas referências culturais e sociais, a partir do conhecimento das suas raízes,
da valorização da sua identidade e da maior compreensão da história de luta do
seu povo.

Acredita-se ter conseguido respeitar as diversidades e valorizar as contribui-


ções de cada um e de todos para o sucesso do projeto comum, permitindo a ca-
da criança revelar suas potencialidades, suas limitações, seus saberes e não sabe-
res e, principalmente, suas possibilidades no devenir.

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CONCLUSÃO

A importância de se trabalhar a partir de uma metodologia sólida que em-


base a prática docente faz toda a diferença na promoção de um ensino de qua-
lidade, capaz de formar crianças-cidadãs. E mais que isso, é preciso ter consciên-
cia das incompletudes e de que sempre estará em formação. O professor precisa
estudar muito e sempre, pesquisar, realizar trocas entre os pares, planejar e avaliar
sua prática cotidianamente.

Planejando é possível contemplar-se possíveis ações e conhecimentos a se-


rem trabalhados e evita-se, com isso, a intervenção de improviso, imediatista, sem
um objetivo educacional a ser alcançado, em termos de construção de conheci-
mentos. Entretanto, esse planejamento precisa ser flexível, a fim de se adaptar as
situações que surgem, considerar as singularidades, os níveis de desenvolvimento
e os interesses infantis. Já a avaliação permite a reflexão e análise da própria prá-
xis, a organização e o encaminhamento de novas propostas e intervenções didá-
ticas, que só são possíveis a partir da compreensão da realidade existente com-
parada a que se quer construir.

A partir da reflexão do trabalho desenvolvido, dos resultados pretendidos e


os alcançados, foi possível mais uma vez confirmar que o ensino lúdico apresenta
inúmeras possibilidades e efetivamente contribui para o desenvolvimento infantil e
a construção de aprendizagens numa perspectiva social. No projeto, trabalhou-se
com as crianças, não apenas a ampliação dos conhecimentos, como o estabele-
cimento de relações entre os conteúdos do ensino e o contexto social mais am-
plo, o que assegurou uma aprendizagem efetiva.

Mas não foi só para os alunos que o ensino aprendizagem se tornou mais pra-
zeroso a partir do desenvolvimento do projeto, para a professora também foi as-
sim. Do início ao fim a mesma sentiu muita alegria com as novas aprendizagens
das crianças e, principalmente, ficou contagiada e até emocionou-se pelo seu
entusiasmo por trabalharem a temática. A docente conseguiu enxergar melhor os
seus alunos, ver suas possibilidades, lacunas e sentiu-se mais instrumentalizada a
realizar intervenções metodológicas contributivas para o avanço das crianças. Foi
uma surpresa os saberes e as possibilidades de aprendizagem infantis, que, dia-a-

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dia, surpreenderam. Precisou se reciclar em alguns aspectos, tornando-se mais di-


nâmica, a fim de contemplar propostas que atendessem aos diferentes interesses
e mais ágil, para não descuidar das atividades de rotina numa escola infantil, rela-
cionadas aos cuidados, tais como higiene, alimentação, etc. não foi uma nem
duas vezes que a diretora, a coordenadora pedagógica ou a monitora a auxilia-
ram, a fim da mesma não atrasar os horários, estando todos na turma tão imersos
nas atividades.

Neste sentido, fica registrada a importância do apoio recebido pela profes-


sora para o êxito do projeto. Tanto as dirigentes da escola, como outros sujeitos da
comunidade escolar, pais de alunos e Secretaria da Educação, cada um a seu
modo contribuíram para que fosse possível sua realização.

Foi muito enriquecedor para a prática docente a pesquisa a partir de uma


temática específica e suas aprendizagens, enquanto ensinante, foram ampliadas
em muito: “Ensinou aprendendo”. Além de favorecer o imaginário infantil, sem dú-
vida contribuiu para as representações da educadora acerca da infância e dos
processos de ensino-aprendizagem.

Considerando as expectativas em relação às intervenções realizadas, em


termos de resultados e / ou aprendizagens dos alunos, a cada dia ocorreu uma
grata surpresa. Foram inúmeras as situações onde ficou evidenciado o quanto o
trabalho foi significativa para os alunos e veio ampliar o universo de suas represen-
tações sociais e culturais. E isso, com as crianças se colocando como sujeitos de
todo o processo a desafiar a docente ir além no seu professorar.

O ensino promovido tornou-se ainda mais desafiador, complexo, criativo,


prazeroso, significativo e contextualizado, pois incentivou o desejo de aprender, o
prazer e alegria de viver, nos trilhos da construção da cidadania infantil. Foi um
grande prazer ensinar e aprender, tanto para os alunos como para a professora.

Certamente o projeto apresenta contributos para a comunidade educacio-


nal, pois a partir da realização da experiência ficou provado que é possível levar o
aluno,mesmo sendo bem pequenos,como os participantes da experiência, a
construção do conhecimento de modo alegre, prazeroso, colaborativo, introdu-
zindo elementos da cultura a partir de brincadeiras e outras atividades significati-

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significativas, tão ao gosto das crianças e também dos adultos.

O jogo, a brincadeira fazem parte da vida dos seres humanos e são o que
tornam especial a sua existência e, em se tratando de criança, a ludicidade com-
põem sua essência..

A experiência vivida permite defender uma proposta metodológica lúdica e


que, ao mesmo tempo, traga elementos socioculturais contextualizados para den-
tro da sala de aula com o entendimento que essa vertente possibilita o melhor pa-
ra acriança, em termos de ensino-aprendizagem.

PINTANDO A “VACA PARADA” FEITA DE SUCATA

“um autêntico projeto encontra sempre o seu ponto


de partida no impulso do aluno (...) O projeto supõe
a visão de um fim. Implica uma previsão de conse-
qüências que resultariam da ação que se introduz
no impulso inicial” (LIMA, 2003, p. 69).

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMIGOS DA HISTÓRIA. Disponível em http://74.125.47.132/search?q=cache:eW_m-


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BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Funda-


mental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. v. 1, 2 e 3. Brasí-
lia: MEC/SEF, 1998.

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Projeto integrante do Porta Fólio digital de Paula Ugalde / Todos os direitos SANTOS, P. U.
Este material é parte integrante do Porta Fólio digital
da autora. O projeto foi desenvolvido no ano de
2005, junto a turma de Maternal II, da EMEI Amanda
Viana dos Santos, Santa Bárbara do Sul. Participou
dos Prêmios PROFESSORES DO BRASIL – 2ª
EDIÇÃO/EDUCAÇÃO INFANTIL e do EDUCADO-
RES DO BRASIL 2006. Infelizmente as imagens fo-
ram tiradas de celular, tendo baixa resolução. A auto-
ra possui autorização dos pais para exibição das ima-
gens, por ocasião das participações. Para evitar a ex-
posição infantil - mesmo em relatório educacional,
optou-se por preservar as identidades infantis.

Projeto integrante do Porta Fólio digital de Paula Ugalde / Todos os direitos SANTOS, P. U.

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