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Português

Antolo
gia
Poemas do século XIX

Nomes: Renan Costa Neves(Nº 30), Vinícius Alexandre(Nº


36), Bruno Correia(Nº 06).
[18/06/2009]
Sumário
Introdução...................................................
.....................04
Biografias....................................................
......................04

Alberto de
Oliveira....................................................................
.......04
Almeida
Garret......................................................................
...........05
Álvares de
Azevedo...................................................................
........06
Casimiro de
Abreu.......................................................................
......07
Castro
Alves........................................................................
..............08
Cruz e
Sousa.......................................................................
...............09
Fagundes
Varela......................................................................
..........10
Gonçalves
Dias.........................................................................
.........10
Gonçalves
Magalhães................................................................
........11
Junqueira
Freire.......................................................................
.........12
Olavo
Bilac........................................................................
................13
Raimundo
Correia.....................................................................
........13
Poemas e
Compreensões........................................
....14
Conclusão......................................................
......................24

Introdução
Trabalho sobre poemas do século XIX, incluindo conclusões e biografia
dos demais autores.

Biografias

Alberto de Oliveira
Antônio Mariano de Oliveira (Saquarema, 28 de abril de 1857 — Niterói,
19 de Janeiro de 1937), brasileiro da região fluminense, foi Poeta, Professor,
Farmacêutico, Secretário Estadual de Educação, Membro Honorário da
Academia de Ciências de Lisboa e Imortal Fundador da Academia Brasileira
de Letras. Adotou o nome literário "Alberto de Oliveira" no livro de estréia,
após várias modificações dispersas nos jornais.

Seu pai, mestre-de-obras, transferiu residência para o município de Itaboraí,


onde construiu o teatro. De origem humilde, Antônio foi, seguindo o irmão
mais velho, à Capital da Província, trabalhar como modesto vendedor.
Ambos moravam num barracão aos fundos da casa comercial do Sr. Pinto
Moreira, em Niterói, vizinhos do pintor Antônio Parreiras, ainda anônimo,
com 17 anos, que lembra, ancião, o contato com o "moço" "de andar firme e
compassado".

Diplomou-se em Magistério e Farmácia, cursando Medicina (vindo a


conhecer Olavo Bilac), até o terceiro ano, mediante grande esforço pessoal,
o que lhe rendeu emprego na Drogaria do "Velho Granado". Também abriu
um colégio em Niterói.

Após a glória literária, destacou-se na política como Oficial de Gabinete do


primeiro Presidente de Estado/RJ eleito José Thomaz da Porciúncula (1892-
1894), do Partido Republicano Fluminense, marcadamente prudentista e
antiflorianista [1], com a pasta de Diretor Geral da Instrução Pública do Rio
de Janeiro, equivalente ao atual Secretário de Estado de Educação. Durante
a tranferência da Capital do Estado de Niterói para Petrópolis (1894), devido
às insurreições e revoltas pró e contra a Proclamação da República,
permaneceu na Cidade Imperial Serrana, já que a excelência de seu
trabalho o manteve no cargo durante o mandato de Joaquim Maurício de
Abreu (1894-1897). Foi Professor de Português e Literatura no Colégio Pio-
Americano (1905) e na Escola Dramática e Escola Normal (1914), dirigida
por Coelho Neto.

Participou da famosa "Batalha do Parnaso", ocorrida no Diário do Rio de


Janeiro entre 1878 e 1881 contra o Ultra-romantismo piegas e já
desgastado, junto com Teófilo Dias, Artur Azevedo e Valentim Magalhães,
resgatando as origens do Romantismo dialogadas com aqueles novos
tempos. Reunidos em torno de Artur de Oliveira, num café da Rua do
Ouvidor, eram integrantes da vanguarda Idéia Nova, ao lado de Fontoura
Xavier, Carvalho Jr. e Affonso Celso Jr., que lhe prefaciou o Livro de Ema
(deslocado da 1a. para a 2a. série das Poesias). Inspirados na Arte Moderna
da França — feita por Théophile Gautier, Théodore de Banville, Charles
Baudelaire e Leconte de Lisle, os "Tetrarcas" do Parnasianismo —, e,
secundariamente, em Sully Prudhome e José-Maria de Heredia, fizeram
todos a maior revolução na poesia brasileira até então, importantíssima
para a consolidação da Modernidade do Brasil, no tocante à literatura, a
partir da eleição do Novo como valor e da Ruptura como sistema, tradição.

Envolveu-se com os fundadores da inovadora Gazeta de Notícias, Manuel


Carneiro e Ferreira de Araújo, publicando poemas posteriormente reunidos
no livro Canções Românticas (prefácio de Teófilo Dias) (1878) e conhecendo
neste jornal o amigo Machado de Assis, que o citou no famoso artigo "A
Nova Geração" (Revista Brasileira, 1879) bem como lhe prefaciou
Meridionais (1884), ainda financiadas pelo jornal, livro-chave para a Idéia
Nova da Nova Geração, só mais tarde referida conceitualmente,
"rotulada" ou esquematizada como "estilo parnasiano".

Decorrido apenas um ano, publica, sob encomenda dos leitores, Sonetos e


poemas (1885), consagrando-se junto ao público, o que lhe rende um
prefácio de T. A. Araripe Jr. ao livro seguinte, Versos e rimas (1895), títulos
talvez alusivos a Sonetos e rimas (1880), de Luís Guimarães Jr., também
Jovem Poeta, como eram conhecidos esses revolucionários em prol da
poesia autêntica sem os clichês românticos. Depois de quatro livros
publicados, foi convidado por Machado de Assis para a Fundação da
Academia Brasileira de Letras, em 1897, ocasião em que se vê a
longevidade do convívio entre o romancista e o poeta.

Com Raimundo Correia e Olavo Bilac, formou a tríade mais representativa


da Idéia Nova da Nova Geração, hoje chamado Parnasianismo, reunida
em sua casa no bairro Barreto, Niterói/RJ, à época capital de província, e
depois no seu famoso Solar da Engenhoca, sito à mesma cidade, ou no
bairro Neves, São Gonçalo/RJ, residência anterior. Impecável na métrica e
correto na forma, sofre uma vaia que parece ainda ecoar desde a Semana
de Arte Moderna de 1922, na voz de críticos literários fiéis à idéia
modernista. Mário de Andrade, rancoroso pela rejeição dos parnasianos ao
seu livro parnasiano Há uma gota de sangue em cada poema (1917), se
empenha em retaliar o velho estilo, cuja principal vítima era o poeta de
Saquarema, como se vê nos ensaios "Mestres do Passado", publicados no
Jornal do Commercio em 1921 e na "Carta Aberta a Alberto de Oliveira",
publicada na Revista Estética no. 3, em 1925.

Seus incontáveis versos falam da pujança da natureza fluminense e dos


encantos da mulher brasileira, ambas freqüentemente evocadas pela
memória. Os temas da Grécia Antiga, que caracterizam o Parnasianismo de
moldes franceses, formam uma pequena minoria da obra, em torno de 10%.

Almeida Garret
João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett nasceu no Porto a 4 de
Fevereiro de 1799. No período de sua adolescência foi viver para os Açores,
na Ilha Terceira, quando as tropas francesas de Napoleão Bonaparte
invadiram Portugal e onde era instruído pelo tio, D. Alexandre, bispo de
Angra.

Em 1816 seguiu para Coimbra, onde se matriculou no curso de Direito. Em


1821 publicou O Retrato de Vénus, trabalho que lhe custou um processo por
ser considerado materialista, ateu e imoral. É neste mesmo ano que ele e
sua família passam a usar o apelido de Almeida Garrett.

Participou na revolução liberal de 1820, seguindo para o exílio na Inglaterra


em 1823, após a Vilafrancada. Antes havia casado com Luísa Midosi, de
apenas 14 anos. Foi em Inglaterra que tomou contacto com o movimento
romântico, descobrindo Shakespeare, Walter Scott e outros autores e
visitando castelos feudais e ruínas de igrejas e abadias góticas, vivências
que se reflectiriam na sua obra posterior.

Em 1824, seguiu para França, onde escreveu Camões (1825) e Dona Branca
(1826), poemas geralmente considerados como as primeiras obras da
literatura romântica em Portugal. Em 1826 foi amnistiado e regressou à
pátria com os últimos emigrados dedicando-se ao jornalismo, fundando e
dirigindo o jornal diário O Português (1826-1827) e o semanário O Cronista
(1827).

A vitória do Liberalismo permitiu-lhe instalar-se novamente em Portugal,


após curta estadia em Bruxelas como cônsul-geral e encarregado de
negócios, onde lê Schiller, Goethe e Herder. Em Portugal exerceu cargos
políticos, distinguindo-se nos anos 30 e 40 como um dos maiores oradores
nacionais. Foram de sua iniciativa a criação do Conservatório de Arte
Dramática, da Inspecção-Geral dos Teatros, do Panteão Nacional e do Teatro
Normal (actualmente Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa). Mais do que
construir um teatro, Garrett procurou sobretudo renovar a produção
dramática nacional segundo os cânones já vigentes no estrangeiro.
Com a vitória cartista e o regresso de Costa Cabral ao governo, Almeida
Garrett afasta-se da vida política até 1852. Contudo, em 1850 subscreveu,
com mais de 50 personalidades, um protesto contra a proposta sobre a
liberdade de imprensa, mais conhecida por “lei das rolhas”.

A vida de Garrett foi tão apaixonante quanto a sua obra. Revolucionário nos
anos 20 e 30, distinguiu-se posteriormente sobretudo como o tipo perfeito
do dandy, ou janota, tornando-se árbitro de elegâncias e príncipe dos salões
mundanos.Foi um homem de muitos amores, uma espécie de homem fatal.
Separado da esposa, Luisa Midosi, com quem se casou, em 1822, quando
esta tinha 14 anos de idade, passa a viver em mancebia com D. Adelaide
Pastor até à morte desta em 1841.

A partir de 1846, a sua musa é a viscondessa da Luz, Rosa Montufar Infante,


andaluza casada, desde 1837, com o oficial do exército português Joaquim
António Velez Barreiros, inspiradora dos arroubos românticos das Folhas
caídas.

Por decreto do Rei D. Pedro V de Portugal datado de 25 de Junho de 1851


Garrett é feito Visconde de Almeida Garrett em vida (tendo o título sido
posteriormente renovado por 2 vezes). Em 1852 sobraça, por poucos dias, a
pasta dos Negócios Estrangeiros em governo presidido pelo Duque de
Saldanha.

Falece em 1854, vítima de cancro, em Lisboa, na sua casa situada na actual


Rua Saraiva de Carvalho, em Campo de Ourique.

Álvares de Azevedo
Manuel Antônio Álvares de Azevedo (São Paulo, 12 de setembro de
1831 — Rio de Janeiro, 25 de abril de 1852) foi um escritor da segunda
geração romântica (Ultra-Romântica, Byroniana ou Mal-do-século), contista,
dramaturgo, poeta e ensaísta brasileiro, autor de Noite na Taverna.

Filho de Inácio Manuel Álvares de Azevedo e Maria Luísa Mota Azevedo,


passou a infância no Rio de Janeiro, onde iniciou seus estudos. Voltou a São
Paulo (1847) para estudar na Faculdade de Direito do Largo de São
Francisco, onde desde logo ganhou fama por brilhantes e precoces
produções literárias. Destaca-se pela facilidade de aprender línguas e pelo
espírito jovial e sentimental.

Durante o curso de Direito, traduz o quinto ato de Otelo, de Shakespeare;


traduz Parisina, de Lord Byron; funda a revista da Sociedade Ensaio
Filosófico Paulistano (1849); faz parte da Sociedade Epicuréia; inicia o
poema épico O Conde Lopo, do qual só restaram fragmentos.

Não chegou a concluir o curso, pois adoeceu de tuberculose. Porém, o que


deu fim real a sua vida foi um tumor na fossa ilíaca que piorou depois de
sua queda de cavalo, aos 20 anos. A sua obra compreende: Poesias
diversas, Poema do Frade, o drama Macário, o romance O livro de Fra
Gondicário, Noite na Taverna, Cartas, vários Ensaios (Literatura e civilização
em Portugal, Lucano, George Sand, Jacques Rolla), e a sua principal obra
Lira dos vinte anos (inicialmente planejada para ser publicada num projeto -
As três Liras - em conjunto com Aureliano Lessa e Bernardo Guimarães). É
patrono da cadeira 2 da Academia Brasileira de Letras.

Um aspecto característico de sua obra e que tem estimulado mais


discussão, diz respeito a sua poética, que ele mesmo definiu como uma
"binomia", que consiste em aproximar extremos, numa atitude tipicamente
romântica. É importante salientar o prefácio à segunda parte da Lira dos
Vinte Anos, um dos pontos críticos de sua obra e na qual define toda a sua
poética. É o primeiro a incorporar o cotidiano na poesia no Brasil, com o
poemas Idéias íntimas, da segunda parte da Lira.

Figura na antologia do cancioneiro nacional. E foi muito lido até as duas


primeiras décadas do século XX, com constantes reedições de sua poesia e
antologias. As últimas encenações de seu drama Macário, foram em 1994 e
2001.

Casimiro de Abreu
Casimiro José Marques de Abreu (Barra de São João, 4 de janeiro de
1839 — Nova Friburgo, 18 de outubro de 1860) foi um poeta brasileiro da
segunda geração romântica.

Filho de um comerciante e fazendeiro português, e de Luísa Joaquina das


Neves, uma fazendeira viúva. A localidade onde nasceu, Barra de São João,
é hoje distrito do município que leva seu nome, e também chamada
"Casimirana", em sua homenagem. Recebeu apenas a instrução primária no
Instituto Freeze, em Nova Friburgo, então cidade de maior porte da região
serrana do estado do Rio de Janeiro, e para onde convergiam, à época, os
adolescentes induzidos pelos pais a se aplicarem aos estudos. Casimiro, no
entanto, só cursou naquela cidade a instrução primária, dos onze aos treze
anos.

Aos treze anos transferiu-se para o Rio de Janeiro para trabalhar com o pai
no comércio. Com ele, embarcou para Portugal em 1853, onde entrou em
contato com o meio intelectual e escreveu a maior parte de sua obra. O seu
sentimento nativista e as saudades da família escreve: "estando a minha
casa à hora da refeição, pareceu-me escutar risadas infantis da minha
mana pequena. As lágrimas brotavam e fiz os primeiros versos de minha
vida, que teve o título de Ave Maria".Em Lisboa, foi representado seu drama
Camões e o Jaú em 1856, que foi publicado logo depois.
Seus versos mais famosos do poema Meus oito anos: Oh! Que saudades que
tenho/da aurora da minha vida,/ da minha infância querida/que os anos não
trazem mais!/ Que amor, que sonhos, que flores,/naquelas tardes fagueiras,/
à sombra das bananeiras,/ debaixo dos laranjais!

Em 1857 retornou ao Brasil para trabalhar no armazém de seu pai. Isso, no


entanto, não o afastou da vida boêmia. Escreveu para alguns jornais e fez
amizade com Machado de Assis. Escolhido para a recém fundada Academia
Brasileira de Letras, tornou-se patrono da cadeira número seis.

Tuberculoso, retirou-se para a fazenda de seu pai, Indaiaçu, hoje sede do


município que recebeu o nome do poeta, onde inutilmente buscou uma
recuperação do estado de saúde, vindo ali a falecer. Foi sepultado conforme
desejo onde nasceu, estando sua lápide no cemitério da secular Capela de
São João Batista, em Barra de São João, junto ao túmulo do pai. Em 1859
editou as suas poesias reunidas sob o título de Primaveras.

Espontâneo e ingênuo, de linguagem simples, tornou-se um dos poetas


mais populares do Romantismo no Brasil. Deixou uma obra cujos temas
abordavam a casa paterna, a saudade da terra natal e o amor (mas este
tratado sem a complexidade e a profundidade tão caras a outros poetas
românticos).

Castro Alves
Antônio Frederico de Castro Alves (Curralinho, 14 de março de 1847 —
Salvador, 6 de julho de 1871, com 24 anos) foi um poeta brasileiro. Nasceu
na fazenda Cabaceiras, a sete lagunas (42 km) da vila de Nossa Senhora da
Conceição de "Curralinho", hoje Castro Alves, Estado da Bahia. Suas poesias
mais conhecidas são marcadas pelo combate à escravidão, motivo pelo qual
é conhecido como "Poeta dos Escravos".

Sua mãe faleceu em 1869 .No colégio, no lar por seu pai, iria encontrar uma
atmosfera literária, produzida pelos oiteiros, ou saraus, festas de arte,
música, poesia, declamação de versos. Aos 17 anos fez as primeiras
poesias. No dia 10 de novembro de 1863 teria recitado os primeiros versos
em festa no Ginásio Português.

O pai se casou por segunda vez em 24 de janeiro de 1862 com a viúva


Maria Rosário Guimarães. No dia seguinte ao do casamento, o poeta e seu
irmão Antônio José partiram para o Recife, enquanto o pai se mudava para o
solar do Sodré.

Em maio, submeteu-se à prova de admissão para o ingresso na Faculdade


de Direito do Recife sendo reprovado. Mas seria em Recife tribuno e poeta
sempre requisitado nas sessões públicas da Faculdade, nas sociedades
estudantis, na platéia dos teatros, incitado desde logo pelos aplausos e
ovações, que começava a receber e ia num crescendo de apoteose. Era um
belo rapaz, de porte esbelto, tez pálida, grandes olhos vivos, negra e basta
cabeleira, voz possante, dons e maneiras que impressionavam a multidão,
impondo-se à admiração dos homens e arrebatando paixões às mulheres.
Ocorrem então os primeiros romances, que nos fez sentir em seus versos,
os mais belos poemas líricos do Brasil.

Em 1863 a atriz portuguesa Eugênia Câmara se apresentou no Teatro Santa


Isabel. Influência decisiva em sua vida exerceria a atriz, vinda ao Brasil com
Furtado Coelho. No dia 17 de maio, Castro Alves publicou no primeiro
número de A Primavera seu primeiro poema contra a escravidão: A canção
do africano. A tuberculose se manifestou e em 1863 teve uma primeira
hemoptise.

Em 1864 seu irmão José Antônio, que sofria de distúrbios mentais desde a
morte de sua mãe, suicidou-se em Curralinho. Ele enfim consegue
matricular-se na Faculdade de Direito do Recife e em outubro viaja para a
Bahia. Só retornaria ao Recife em 18 de março de 1865, acompanhado por
Fagundes Varela. Alistou-se a 19 de agosto no Batalhão Acadêmico de
Voluntários para a Guerra do Paraguai. Em 16 de dezembro, voltou com
Fagundes Varela a Salvador. Seu pai morreu no ano seguinte, a 23 de janeiro
de 1866. Castro Alves voltou ao Recife, matriculando-se no segundo ano da
faculdade. Nessa ocasião, fundou com Rui Barbosa e outros amigos uma
sociedade abolicionista.

Em 1866, tornou-se amante de Eugênia Câmara.

Teve fase de intensa produção literária e a do seu apostolado por duas


grandes causas: uma, social e moral, a da abolição da escravatura; outra, a
república, aspiração política dos liberais mais exaltados. Data de 1866 o
término de seu drama Gonzaga ou a Revolução de Minas, representado na
Bahia e depois em São Paulo, no qual conseguiu consagrar as duas grandes
causas de sua vocação. No dia 29 de maio, resolveu partir para Salvador,
acompanhado de Eugênia. Na estréia de Gonzaga, dia 7 de setembro, no
Teatro São João, foi coroado e conduzido em triunfo

Em janeiro de 1868, embarcou com Eugênia Câmara para o Rio, sendo


recebido por José de Alencar e visitado por Machado de Assis. A imprensa
publica troca de cartas entre ambos, com grandes elogios ao poeta. Em
março, viajou com Eugênia para São Paulo. Decidira ali - na Faculdade de
Direito de São Paulo - continuar seus estudos, e se matriculou no 3º ano. A 7
de setembro de 1868, fez a apresentação pública de Tragédia no mar, que
depois ganharia o nome de O navio negreiro. No dia 25 de outubro, foi
reapresentada sua peça Gonzaga no Teatro São José.

Desfaz-se em 28 de agosto de 1868 sua ligação com Eugênia Câmara.


Castro Alves foi aprovado nos exames da faculdade de Direito e a 11 de
novembro - tragédia de grandes consequências - se feriu no pé, durante
uma caçada. Tuberculoso, aventara uma estadia na cidade de Caetité, onde
moravam seus tios e morrera o avô materno (o Major Silva Castro, herói da
Independência da Bahia), dois grandes amigos (Otaviano Xavier Cotrim e
Plínio de Lima), de clima salutar. Na fazenda paterna, resolveu realizar uma
caçada e feriu o pé com um tiro. Disso resultou longa enfermidade,
cirurgias, chegando ao Rio no começo de 1869, para salvar a vida, mas com
o martírio de uma amputação.

Em março de 1869, matriculou-se no quarto ano do curso jurídico, mas a 20


de maio, tendo piorado seu estado, decidiu viajar para o Rio de Janeiro,
onde seu pé foi amputado em junho. No dia 31 de outubro, assistiu a uma
representação de Eugênia Câmara, no Teatro Fênix Dramática. Ali a viu por
última vez, pois a 25 de novembro decidiu partir para Salvador. Mutilado,
estava obrigado a procurar o consolo da família e os bons ares do sertão.

Em fevereiro de 1870 seguiu para Curralinho para melhorar a tuberculose


que se agravara, viveu na fazenda Santa Isabel, em Itaberaba. Em
setembro, voltou para Salvador. Ainda leria, em outubro, A cachoeira de
Paulo Afonso para um grupo de amigos, e lançou Espumas flutuantes. Mas
pouco durou.

Sua última aparição em púbico foi em 10 de fevereiro de 1871 numa récita


beneficente. Morreu às três e meia da tarde, no solar da família no Sodré,
Salvador, Bahia, em 6 de Julho de 1871.

Seus escritos póstumos incluem apenas um volume de versos: A Cachoeira


de Paulo Afonso (1876), Os Escravos (1883) e, mais tarde, Hinos do Equador
(1921).

É patrono da cadeira 7 da Academia Brasileira de Letras.

Cruz e Sousa
João da Cruz e Sousa (Nossa Senhora do Desterro (atual Florianópolis) 24
de novembro de 1861 — Estação do Sítio, 19 de março de 1898) foi um
poeta brasileiro, alcunhado Dante Negro e Cisne Negro. Foi um dos
precursores do simbolismo no Brasil.

Filho de negros alforriados, desde pequeno recebeu a tutela e uma


educação refinada de seu ex-senhor, o Marechal Guilherme Xavier de Sousa
- de quem adotou o nome de família. Aprendeu francês, latim e grego, além
de ter sido discípulo do alemão Fritz Müller, com quem aprendeu
Matemática e Ciências Naturais.

Em 1881, dirigiu o jornal Tribuna Popular, no qual combateu a escravidão e o


preconceito racial. Em 1883, foi recusado como promotor de Laguna por ser
negro. Em 1885 lançou o primeiro livro, Tropos e Fantasias em parceria com
Virgílio Várzea. Cinco anos depois foi para o Rio de Janeiro, onde trabalhou
como arquivista na Estrada de Ferro Central do Brasil, colaborando também
com o jornal Folha Popular. Em Fevereiro de 1893, publica Missal (prosa
poética) e em agosto, Broquéis (poesia), dando início ao Simbolismo no
Brasil que se estende até 1922. Em novembro desse mesmo ano casou-se
com Gavita Gonçalves, também negra, com quem tem quatro filhos, todos
mortos prematuramente por tuberculose, levando-a à loucura.

Faleceu a 19 de Março de 1898 no município mineiro de Antônio Carlos, num


povoado chamado Estação do Sítio, para onde fôra transportado às pressas
vencido pela tuberculose. Teve o seu corpo transportado para o Rio de
Janeiro em um vagão destinado ao transporte de cavalos. Ao chegar, foi
sepultado no Cemitério de São Francisco Xavier por seus amigos, dentre
eles José do Patrocínio.Onde permaneceu até 2007, quando seus restos
mortais foram acolhidos no Museu Histórico de Santa Catarina - Palácio Cruz
e Sousa no centro de Florianópolis.

Foi integrante da Academia Catarinense de Letras, de cuja cadeira 15 é


patrono.

Fagundes Varela
Luís Nicolau Fagundes Varella (Rio Claro, 17 de agosto de 1841 —
Niterói, 18 de fevereiro de 1875) foi um poeta brasileiro, patrono na
Academia Brasileira de Letras.

Filho do magistrado Emiliano Fagundes Varella e de Emília de Andrade,


ambos de ricas famílias cariocas.

Poeta romântico e boêmio inveterado, Fagundes Varella foi um dos


maiores expoentes da poesia brasileira, em seu tempo. Tendo ingressado no
curso de Direito (e frequentado as faculdades de São Paulo e Recife),
abandonou o curso no quarto ano. Foi a transição entre a segunda e a
terceira geração romantica.

Diria, reafirmando sua vocação exclusiva para a arte, no poema "Mimosa",


na boca duma personagem: "Não sirvo para doutor"...

Casando-se muito novo (aos vinte e um anos) com Alice Guilhermina


Luande, filha de dono de um circo, teve um filho que veio a morrer aos três
meses. Este fato inspirou-lhe o poema "Cântico do Calvário", expressão
máxima de seus versos, tão jovem ainda. Sobre estes versos, analisou
Manuel Bandeira:

"...uma das mais belas e sentidas nênias da poesia em língua portuguesa.


Nela, pela força do sentimento sincero, o Poeta atingiu aos vinte anos uma
altura que, não igualada depois, permaneceu como um cimo isolado em
toda a sua poesia."

Casou-se novamente com uma prima - Maria Belisária de Brito Lambert,


sendo novamente pai de duas meninas e um menino, também falecido
prematuramente, o menino morreu aos 11 anos.

Embriagando-se e escrevendo, viveu até a morte ainda jovem, às custas do


pai, boa parte do tempo no campo - seu ambiente predileto.
Fagundes Varella morreu com 34 anos de idade.

Gonçalves Dias
Nascido em Caxias (Maranhão), era filho de uma união não oficializada entre
um comerciante português com uma mestiça cafuza brasileira (o que muito
o orgulhava de ter o sangue das três raças formadoras do povo brasileiro:
branca, indígena e negra), e estudou inicialmente por um ano com o
professor José Joaquim de Abreu, quando começou a trabalhar como caixeiro
e a tratar da escrituração da loja de seu pai, que veio a falecer em 1837.

Foi estudar na Europa, em Portugal em 1838 onde terminou os estudos


secundários e ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de
Coimbra (1840), retornando em 1845, após bacharelar-se. Mas antes de
retornar, ainda em Coimbra, participou dos grupos medievistas da Gazeta
Literária e de O Trovador, compartilhando das idéias românticas de Almeida
Garrett, Alexandre Herculano e Antonio Feliciano de Castilho. Por se achar
tanto tempo fora de sua pátria inspira-se para escrever a Canção do exílio e
parte dos poemas de "Primeiros cantos" e "Segundos cantos"; o drama
Patkull; e "Beatriz de Cenci", depois rejeitado por sua condição de texto
"imoral" pelo Conservatório Dramático do Brasil. Foi ainda neste período que
escreveu fragmentos do romance biográfico "Memórias de Agapito Goiaba",
destruído depois pelo próprio poeta, por conter alusões a pessoas ainda
vivas.

No ano seguinte ao seu retorno conheceu aquela que seria sua grande musa
inspiradora: Ana Amélia Ferreira Vale. Várias de suas peças românticas,
inclusive “Ainda uma vez — Adeus” foram escritas para ela. Nesse mesmo
ano viajou para o Rio de Janeiro, então capital do Brasil, onde trabalhou
como professor de história e latim do Colégio Pedro II, além de ter atuado
como jornalista, contribuindo para diversos periódicos: Jornal do Commercio,
Gazeta Oficial, Correio da Tarde e Sentinela da Monarquia, publicando
crônicas, folhetins teatrais e crítica literária.

Em 1849 fundou com Porto Alegre e Joaquim Manuel de Macedo a revista


Guanabara, que divulgava o movimento romântico da época. Em 1851
voltou a São Luís do Maranhão, a pedido do governo para estudar o
problema da instrução pública naquele estado.

Gonçalves Dias pediu Ana Amélia em casamento em 1852, mas a família


dela, em virtude da ascendência mestiça do escritor, refutou
veementemente o pedido. No mesmo ano retornou ao Rio de Janeiro, onde
casou-se com Olímpia da Costa. Logo depois foi nomeado oficial da
Secretaria dos Negócios Estrangeiros. Passou os quatro anos seguintes na
Europa realizando pesquisas em prol da educação nacional. Voltando ao
Brasil foi convidado a participar da Comissão Científica de Exploração, pela
qual viajou por quase todo o norte do país.
Voltou à Europa em 1862 para um tratamento de saúde. Não obtendo
resultados retornou ao Brasil em 1864 no navio Ville de Boulogne, que
naufragou na costa brasileira; salvaram-se todos, exceto o poeta que foi
esquecido agonizando em seu leito e se afogou. O acidente ocorreu nos
baixios de Atins, perto da vila de Guimarães no Maranhão.

Sua obra pode ser enquadrada no Romantismo. Procurou formar um


sentimento nacionalista ao incorporar assuntos, povos e paisagens
brasileiras na literatura nacional. Ao lado de José de Alencar, desenvolveu o
Indianismo.Por sua importância na história da literatura brasileira, podemos
dizer que Gonçalves Dias incorporou uma idéia de Brasil a literatura
nacional.

Gonçalves Magalhães
Domingos José Gonçalves de Magalhães, primeiro e único barão e
depois visconde do Araguaia (Rio de Janeiro, 13 de agosto de 1811 — Roma,
10 de julho de 1882), filho de Pedro Gonçalves de Magalhães Chaves, foi um
médico, professor, diplomata, político, poeta e ensaísta brasileiro, tendo
participado de missões diplomáticas na França, Itália, Vaticano, Argentina,
Uruguai e Paraguai, além de ter representado a província do Rio Grande do
Sul na sexta Assembléia Geral.

Morreu em Roma, onde exercia cargos diplomáticos junto à Santa Sé, no ano
de 1882.

Ingressou em 1828 no curso de medicina, diplomando-se em 1832. No


mesmo ano estreou com "Poesias" e, no ano seguinte, parte para a Europa,
com a intenção de se aperfeiçoar em medicina.

Em 1838 é nomeado professor de Filosofia do Colégio Pedro II, tendo


lecionado por pouco tempo.

De 1838 a 1841 foi secretário de Caxias no Maranhão e de 1842 a 1846 no


Rio Grande do Sul. Em 1847 entrou para a carreira diplomática brasileira. Foi
Encarregado de Negócios nas Duas Sicílias, no Piemonte, na Rússia e na
Espanha; ministro residente na Áustria; ministro dos Estados Unidos,
Argentina e na Santa Sé, onde morreu.

Recém formado em Medicina, viaja para a Europa, onde entra em contato


com as idéias românticas, fator essencial para a introdução do movimento
no Brasil. Sua importância está no fato de ter sido o introdutor do
Romantismo no Brasil, não obstante suas obras serem consideradas fracas
pela crítica literária. Embora fosse voltado para a poesia religiosa, como fica
claro em Suspiros poéticos e saudades, também cultivou a poesia indianista
de caráter nacionalista, como no poema épico A Confederação dos Tamoios
(esta obra lhe valeu agitada polêmica com José de Alencar, relativa à visão
de cada autor sobre o índio), ambas bastante fantasiosas.
Em contato com o romantismo francês, publicou em 1836 seu livro
"Suspiros poéticos e saudades", cujo prefácio valeu como manifesto para o
Romantismo brasileiro, sendo por isso considerado o iniciador dessa escola
literária no país. Em parceria com Araújo Porto-Alegre e Torres Homem,
lançou a revista "Niterói", no mesmo ano. Introduziu ali seus principais
temas poéticos: as impressões dos lugares que passou, cidades tradicionais,
monumentos históricos, sugestões do passado, impressões da natureza
associada ao sentimento de Deus, reflexões sobre o destino de sua Pátria,
sobre as paixões humanas e o efêmero da vida. Ele reafirma, dentro de um
ideal religioso, que a poesia tem finalidade moralizante, capaz de ser
instrumento de elevação e dignificação do ser humano, condenando o estilo
mitológico.

Ao retornar ao Brasil, em 1837, é aclamado chefe da "nova escola" e volta-


se para a produção teatral, que então era renovada com a produção de
Martins Pena e os desempenhos de João Caetano. Escreve duas tragédias:
"Antônio José" ou "O poeta e a Inquisição" (1838) e "Olgiato" (1839).

Junqueira Freire
Luis José Junqueira Freire nasceu em Salvador (BA), no dia 31 de dezembro
de 1832. Filho de José Vicente de Sá Freire e Felicidade Augusta Junqueira,
teve a infância e a juventude comprometidas por problemas de ordem
cardíaca, fato que o levou a concluir os estudos primários de forma irregular.

Em 1849 matriculou-se no Liceu Provincial, onde cursou Humanidades e se


destacou como um excelente aluno, grande leitor e poeta. Por pressões
familiares e motivado pelas inconstâncias da própria vida, ingressou na
"Ordem dos Beneditinos" dois anos mais tarde, em 1851.

Nas clausuras do Mosteiro de São Bento de Salvador, o jovem Junqueira


Freire não manifestava a menor vocação monástica. Este período de sua
vida foi repleto de amarguras, revoltas e arrependimentos pela decisão
irrevogável que tomara. Porém, pôde fazer suas leituras preferidas e
dedicar-se a escrever poemas, além de atuar como professor atendendo
pelo nome de Frei Luís de Santa Escolástica Junqueira Freire.

Paralelamente, dedicou-se a reunir uma coletânea de seus versos, que viria


a ser intitulada Inspirações do Claustro. Esta obra foi impressa na Bahia
pouco tempo antes de sua morte, ocorrida em 24 de junho de 1855, aos 23
anos, motivada pelas enfermidades cardíacas de que sofreu por toda a vida.

A figura humana de Junqueira Freire é facilmente percebida ao analisarmos


o conteúdo de sua obra. "Contrário a si mesmo, cantando por inspirações
opostas, aparece-nos o homem através do poeta romântico", como o
descreveu Machado de Assis. O jovem que sofreu a vida debilitado em sua
saúde, e optou ainda na adolescência por uma vida clerical, via-se
prisioneiro do próprio erro e lamuriava-se clamando pela morte em seu
claustro. Sua curta e sofrida passagem no mosteiro, forneceu-lhe os temas
mais freqüentes dos versos. Daí provieram as características principais de
sua personalidade jovial, porém conflitante, que desembocaram em citações
como o prólogo de Inspirações do Claustro.

Olavo Bilac
Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac (Rio de Janeiro, 16 de
dezembro de 1865 — Rio de Janeiro, 28 de dezembro de 1918) foi um
jornalista e poeta brasileiro, membro fundador da Academia Brasileira de
Letras. Criou a cadeira 15, cujo patrono é Gonçalves Dias.

Filho de Brás Martins dos Guimarães Bilac e de Delfina Belmira dos


Guimarães Bilac, após o término da educação, iniciou o curso de Medicina
na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, que não chegou a concluir.
Tentou, então, a Faculdade de Direito de São Paulo que também não
concluiu.

De volta ao Rio de Janeiro, passou a dedicar-se à literatura. Começou a


trabalhar no jornal A Cidade do Rio, ao lado de José do Patrocínio. Neste
jornal, conseguiu ser indicado correspondente em Paris no ano de 1890. De
volta no ano seguinte, iniciou o romance O esqueleto, em colaboração com
Pardal Mallet, que foi publicado no jornal Gazeta de Notícias em forma de
folhetins e sob o pseudônimo de Vítor Leal.

É como poeta, contudo, que Bilac se imortalizou. Foi eleito Príncipe dos
Poetas Brasileiros pela revista Fon-Fon em 1907. Juntamente com Alberto de
Oliveira e Raimundo Correia, foi a maior liderança e expressão do
parnasianismo no Brasil, constituindo a chamada Tríade Parnasiana. A
publicação de Poesias, em 1888 rendeu-lhe a consagração.

Raimundo Correia
Raimundo da Mota de Azevedo Correia (São Luís do Maranhão, 13 de
maio de 1859–Paris, 13 de setembro de 1911) foi um juiz e poeta brasileiro.

Nasceu a bordo do navio São Luís, ancorado em águas maranhenses. Filho


de família de classe elevada, foram seus pais o desembargador José da
Mota de Azevedo Correia e Maria Clara Vieira da Mota de Azevedo Corrêa
ambos naturais do Maranhão. Seu pai descendia dos Duques de Caminha e
era filho de pais portugueses. Realizou o curso secundário no Colégio Pedro
II, no Rio de Janeiro. Em 1882 formou-se advogado pela Faculdade do Largo
São Francisco, desenvolvendo uma bem-sucedida carreira como Juiz de
Direito no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. Teve um sobrinho que levou seu
nome, filho de seu tio José da Mota de Azevedo Correia, Raimundo Correia
Sobrinho, formado em direito e poeta como o tio, que escreveu um livro de
poesias "Oração aos Aflitos" publicado, em 1945, pela Livraria José Olympio
Editora.

Faleceu a 13 de Setembro de 1911, em Paris, onde fora tratar da saúde.


Raimundo Correia iniciou a sua carreire poética com o livro "Primeiros
sonhos", revelando forte influência dos poetas românticos Fagundes Varela,
Casimiro de Abreu e Castro Alves. Em 1883 com o livro "Sinfonias", assume
o parnasianismo e passa a integrar, ao lado de Alberto de Oliveira e Olavo
Bilac, a chamada "Tríade Parnasiana".

Os temas adotados por Raimundo Correia giram em torno da perfeição


formal dos objetos. Ele se diferencia um pouco dos demais parnasianos
porque sua poesia é marcada por um forte pessimismo, chegando até a ser
sombria. Ao analisar a obra de Raimundo Correia percebe-se que há nela
uma evolução. Ele iniciou sua carreira como Romântico, depois adotou o
Parnasianismo e, em alguns poemas aproximou-se da escola Simbolista.

Poemas e Compreensões
O Ninho
de Alberto de Oliveira
O musgo mais sedoso, a úsnea mais leve
Trouxe de longe o alegre passarinho,
E um dia inteiro ao sol paciente esteve
Com o destro bico a arquitetar o ninho.

Da paina os vagos flocos cor de neve


Colhe, e por dentro o alfombra com carinho;
E armado, pronto enfim, suspenso, em breve,
Ei-lo, balouça à beira do caminho.

E a ave sobre ele as asas multicores


Estende e sonha. Sonha que o áureo pólen
E o néctar suga às mais brilhantes flores;

Sonha… Porém, de súbito, a violento


Abalo acorda. Em torno as folhas bolem…
É o vento! E o ninho lhe arrebata o vento

Conclusão: O autor cita em uma metáfora, quão difícil é, para


conseguirmos alcançar os nossos objetivos, e como é rápida e dura a perda
dos mesmos.

Este Inferno de Amar


De Almeida Garrett

Este inferno de amar - como eu amo!


Quem mo pôs aqui na alma...quem foi?
Esta chama que alenta e consome,
que é a vida - e que a vida destrói -
Como é que se veio atear,
Quando - ai quando se há-de ela apagar?

Eu não sei, não me lembra; o passado,


A outra vida que dantes vivi
Era um sonho talvez...-foi um sonho-
Em que paz tão serena dormi!

Oh! Que doce era aquele sonhar...


quem me veio, ai de mim! Despertar?

Só me lembra que um dia formoso


eu passei... dava o Sol tanta luz!
E os meus olhos, que vagos airavam,
em seus olhos ardentes os pus,
que fez ela? Eu que fiz? - Não no sei,

mas nessa hora a viver comecei...

Conclusão: Fala sobre um amor que acabou, tendo sido ele tão bom,
que pareçia um sonho. Agora o eu-lírico se sente sozinho, porém, diz
que começou a viver melhor.

Soneto
de Álvares de Azevedo

Pálida, à luz da lâmpada sombria,


Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!
Era a virgem do mar! Na escuma fria
Pela maré das águas embalada!
Era um anjo entre nuvens d'alvorada
Que em sonhos se banhava e se esquecia!
Era mais bela! O seio palpitando...
Negros olhos as pálpebras abrindo...
Formas nuas no leito resvalando...
Não te rias de mim, meu anjo lindo!
Por ti - as noites eu velei chorando,
Por ti - nos sonhos morrerei sorrindo!

Conclusão: Fala sobre a idealização da mulher como um anjo,


virgem, sensual e o amor com o qual ele sonhava.

Meus Oito Anos


de Casimiro de Abreu

Oh! Que saudades que tenho


Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida,
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

Como são belos os dias


Do despontar da existência!
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é lago sereno,
O céu - um manto azulado,
O mundo - um sonho dourado,
A vida - um hino d'amor!

Que auroras, que sol, que vida,


Que noites de melodia,
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d'estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!

Oh! dias de minha infância


Oh! meu céu de primavera!
Que doce à vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!

Livre filho das montanhas,


Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberto o peito,
- Pés descalços, braços nus -.
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!

Naqueles tempos ditosos


Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!

Oh! que saudades que tenho


Da aurora da minha vida
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
- Que amor, que sonhos, que flores -,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

Conclusão: O autor tem saudades de sua infância e o desejo de


realizar seus sonhos.

Navio Negreiro
de Castro Alves

Senhor Deus dos desgraçados!


Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!

Quem são estes desgraçados


Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são? Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa Musa,
Musa libérrima, audaz!...

São os filhos do deserto,


Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão.
Ontem simples, fortes, bravos.
Hoje míseros escravos,
Sem luz, sem ar, sem razão. . .

São mulheres desgraçadas,


Como Agar o foi também.
Que sedentas, alquebradas,
De longe... bem longe vêm...
Trazendo com tíbios passos,
Filhos e algemas nos braços,
N'alma — lágrimas e fel...
Como Agar sofrendo tanto,
Que nem o leite de pranto
Têm que dar para Ismael.

Lá nas areias infindas,


Das palmeiras no país,
Nasceram crianças lindas,
Viveram moças gentis...
Passa um dia a caravana,
Quando a virgem na cabana
Cisma da noite nos véus ...
... Adeus, ó choça do monte,
... Adeus, palmeiras da fonte!...
... Adeus, amores... adeus!...

Depois, o areal extenso...


Depois, o oceano de pó.
Depois no horizonte imenso
Desertos... desertos só...
E a fome, o cansaço, a sede...
Ai! quanto infeliz que cede,
E cai p'ra não mais s'erguer!...
Vaga um lugar na cadeia,
Mas o chacal sobre a areia
Acha um corpo que roer.

Ontem a Serra Leoa,


A guerra, a caça ao leão,
O sono dormido à toa
Sob as tendas d'amplidão!
Hoje... o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar...
E o sono sempre cortado
Pelo arranco de um finado,
E o baque de um corpo ao mar...

Ontem plena liberdade,


A vontade por poder...
Hoje... cúm'lo de maldade,
Nem são livres p'ra morrer. .
Prende-os a mesma corrente
— Férrea, lúgubre serpente —
Nas roscas da escravidão.
E assim zombando da morte,
Dança a lúgubre coorte
Ao som do açoute... Irrisão!...

Senhor Deus dos desgraçados!


Dizei-me vós, Senhor Deus,
Se eu deliro... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus?!...
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
Do teu manto este borrão?
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão! ...

Conclusão: Fala sobre o sofrimento dos escravos nas viagens de


navio, de um lugar ao outro, a falta de higiene, alimentação precária,
entre outras.

Flor do Mar
De Cruz e Sousa

És da origem do mar, vens do secreto,


do estranho mar espumaroso e frio
que põe rede de sonhos ao navio
e o deixa balouçar, na vaga, inquieto.
Possuis do mar o deslumbrante afeto,
as dormências nervosas e o sombrio
e torvo aspecto aterrador, bravio
das ondas no atro e proceloso aspecto.
Num fundo ideal de púrpuras e rosas
surges das águas mucilaginosas
como a lua entre a névoa dos espaços...
Trazes na carne o eflorescer das vinhas,
auroras, virgens músicas marinhas,
acres aromas de algas e sargaços...

Conclusão:o autor compara o amor dele com a imensidão do mar e


sonhos que o mar possui com amor dele.

Ideal
De Fagundes Varella

Não és tu quem eu amo, não és!


Nem Teresa também, nem Ciprina;
Nem Mercedes a loira, nem mesmo
A travessa e gentil Valentina.
Quem eu amo te digo, está longe;
Lá nas terras do império chinês,
Num palácio de louça vermelha
Sobre um trono de azul japonês.

Tem a cútis mais fina e brilhante


Que as bandejas de cobre luzido;
Uns olhinhos de amêndoa, voltados,
Um nariz pequenino e torcido.

Tem uns pés... oh! que pés, Santo Deus!


Mais mimosos que uns pés de criança,
Uma trança de seda e tão longa
Que a barriga das pernas alcança.

Não és tu quem eu amo, nem Laura,


Nem Mercedes, nem Lúcia, já vês;
A mulher que minh'alma idolatra
É princesa do império chinês.

Conclusão:Fala do amor impossível do autor por uma princesa


chinesa e do fato de ele só ter olhos pra ela.

Canção do Exílio
de Gonçalves Dias

Minha terra tem palmeiras,


Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,


Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,


Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,


Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,


Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Conclusão: O eu - lírico relata a saudade de sua terra, pois está


exilado em Portugal, e diz que não quer morrer sem voltar para lá.

Canção do Exílio
De Gonçalves Magalhães
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,


Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,


Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,


Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,


Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Conclusão: O eu - lírico relata a saudade de sua terra, pois está


exilado em Portugal, e diz que não quer morrer sem voltar para lá.

Soneto
De Junqueira Freire

Arda de raiva contra mim a intriga,


Morra de dor a inveja insaciável;
Destile seu veneno detestável
A vil calúnia, pérfida inimiga.

Una-se todo, em traiçoeira liga,


Contra mim só, o mundo miserável.
Alimente por mim ódio entranhável
O coração da terra que me abriga.

Sei rir-me da vaidade dos humanos;


Sei desprezar um nome não preciso;
Sei insultar uns cálculos insanos.

Durmo feliz sobre o suave riso


De uns lábios de mulher gentis, ufanos;
E o mais que os homens são, desprezo e piso.

Conclusão: Fala sobre o ódio do autor por uma pessoa, e ao mesmo


tempo o amor dele pela mesma.

As Pombas
De Raimundo Correia
Vai-se a primeira pomba despertada...

Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas

De pombas vão-se dos pombais, apenas

Raia sanguínea e fresca a madrugada...

E à tarde, quando a rígida nortada

Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,

Ruflando as asas, sacudindo as penas,

Voltam todas em bando e em revoada...

Também dos corações onde abotoam,

Os sonhos, um por um, céleres voam,

Como voam as pombas dos pombais;

No azul da adolescência as asas soltam,

Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,

E eles aos corações não voltam mais...

Conclusão: Ele compara o amor com as pombas, porem, as pombas


voltam, o amor não.
Conclusão
Os poemas do século XIX, são caracterizados por pois marcam o
período do verdadeiro nascimento da nossa literatura. Neles,
enriqueceu-se admiravelmente a poesia, criaram-se o romance e o
teatro nacionais e formou-se o circuito autor-obra-público, tão
necessário ao estímulo da vida literária.

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