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Fundamentos de tática: capítulo I - MI Alexandru Segal

Com muita satisfação apresentamos aos nossos visitantes o prefácio e o primeiro capítulo do
livro Fundamentos de tática, de autoria do mestre internacional Alexandru Segal.

Conforme contato com o renomado mestre, que nos autorizou a publicação na íntegra de sua
excelente obra, decidimos então levar ao leitor amigo um pouco de seu vasto conhecimento
sobre tática, que veio a consagrá-lo nacional e internacionalmente. Segal tem uma grande
afinidade com essa difícil arte que é o mundo mágico das combinações e suas partidas são
exemplos constantes da melhor maneira de explorá-las.

A cada mês publicaremos um novo capítulo e em breve teremos todo o livro disponível. A obra
tem 15 capítulos, 66 páginas e foi editada no ano de 1982.

Prefácio

A tática constitui, sem dúvida, um dos mais importantes elementos do xadrez. Sua aplicação
causa, além de um resultado concreto e objetivo, uma impressão harmoniosa, onde todos os
componentes participam de uma verdadeira “revolução” em determinado instante da partida.
No seu desenvolvimento se aprecia, geralmente, o xadrez como verdadeira obra de arte.

Quais os fatores pertinentes à tática? Como, quando e por que ela existe? Qual sua relação
com a estratégia? Como aplicar os elementos táticos e como reconhecê-los?

Para essas perguntas acreditamos ter encontrado respostas satisfatórias aos estudantes do
xadrez. Baseados na experiência própria e em diversos exemplos extraídos do cotidiano
enxadrístico, temos a certeza de podermos prestar aos leitores um cabedal de informações que
propiciará uma aprendizado correto.

O presente trabalho contém quinze capítulos. Os quatro primeiros são dedicados às definições
e exemplos da tática. Os dez capítulos subseqüentes tratam, em separado, com exemplos
elucidativos, cada um dos elementos que compõem as combinações básicas. O último capítulo
apresenta uma recapitulação através de uma “bateria de vinte exemplos” sobre a matéria
apresentada, com respostas à parte para que os enxadristas possam verificar seu
aproveitamento. Nas páginas que se seguem, procuramos colocar os amantes do xadrez
dentro do fantástico mundo da combinação. Longe da idéia de esgotar este tema, queremos
que os nossos leitores compreendam a essência das combinações e seus elementos básicos.
Isto acontecendo, o autor sentir-se-á realmente recompensado.

Alexandru Sorin Segal.

Capítulo I

Definições

O objetivo final que um enxadrista persegue quando joga uma partida é dar mate ao rei
adversário. Este objetivo é claro e preciso, por isso não é de estranhar que a primeira
tendência de qualquer jogador principiante é de decorar algumas ciladas elementares, com a
ajuda das quais (e também com a contribuição do adversário) pode dar mate em poucos
lances.

No tempo da juventude do xadrez moderno (séculos XVI e XVII) os mestres Paolo Boi,
Gioachino Greco (italianos) e Ruy Lopez (espanhol) eram jogadores impetuosos de ataque,
seguindo sempre em suas partidas um caminho rápido para mate. Os poucos livros de xadrez
que existiam eram cheios sobretudo de ciladas de aberturas, mas sobre o jogo posicional não
se sabia quase nada.
Evidentemente que dar mate ao rei adversário todos sabem, mas o caminho para atingir este
objetivo não é fácil de ser encontrado. Na época do xadrez moderno se procurava ataque direto
ao rei adversário, indiferente da posição. Essa concepção de jogo se manteve por muito tempo
pois as partidas jogadas permitiam combinações com espetaculares sacrifícios.

Entretanto, houve um tempo quando, devido à melhoria da técnica de defesa e ao


desenvolvimento geral da teoria do xadrez, que os ataques ao rei “de qualquer jeito”
começaram a “custar caro”; ainda na época de Philidor (1726-1795), ele mostrou a eficiência de
uma defesa correta e mais tarde Morphy e Steinitz (que foi o primeiro campeão mundial oficial
e pai da estratégia moderna) demostraram que somente através de um jogo combinativo, tendo
como objetivo imediato o ataque ao rei, não se pode ganhar um partida de xadrez contra uma
defesa correta.

Partindo dessa constatação, Steinitz sublinhou que o objetivo final da partida – o mate – não
pode ser alcançado de uma só vez. Os ataques rápidos no começo do jogo são possíveis
somente como conseqüência de erros do oponente, mas frente a uma defesa correta eles são
inadequados.

Em decorrência disso, antes de alcançar o objetivo final – o xeque-mate – têm que ser criadas
as bases necessárias para que o ataque tenha sucesso e estas bases só podem ser adquiridas
através de planos estratégicos elaborados com apreciação objetiva da posição. Essa idéia de
acumulação de pequenas vantagens posicionais para decidir partidas, seja através de uma
vantagem posicional decisiva ou da criação das condições necessárias para um ataque
vitorioso, constitui a base da estrutura moderna do xadrez.

Estabelecer um plano adequado em uma partida, é muito importante, mas apenas isso não
resolve o problema. É necessário que este plano seja posto em prática, traduzido em lances.
Parece que isso é muito fácil, no momento em que se estabelece um plano: colocar o cavalo
numa casa central por exemplo. Mas nesse ponto começam a se complicar as coisas, pois o
adversário prevê a nossa idéia e tenta impedi-la. Ele possui o seu próprio plano e quer realizá-
lo. Cada uma das partes vai tentar impor o seu plano e ao mesmo dificultar o do oponente.

Dessa maneira nasce a luta tática que mostra claramente a capacidade de cada jogador de
transformar as idéias em lances que contribuam o melhor possível à realização do plano
proposto. Aqui entra em jogo a habilidade do enxadrista de combinar e calcular uma série de
lances (variantes). Devem-se analisar com profundidade os movimentos subseqüentes e as
conseqüências decorrentes de uma jogada.

Podemos estabelecer que no xadrez a estratégia consta da elaboração dos planos de menor
ou maior envergadura baseados na apreciação objetiva da posição. A tática significa um modo
de alcançar esses planos. Daqui resulta logicamente que a estratégia é abstrata e a tática
concreta.

Devemos notar que o equilíbrio entre estratégia e tática nunca é estável. Depende da
capacidade e preferências de cada jogador e da realidade objetiva do tabuleiro. Há indivíduos
que gostam mais do caminho estratégico e outros que se baseiam quase que exclusivamente
nos golpes táticos.

Que é mais importante: a estratégia ou a tática? Na história do xadrez, a predominância de


uma e outra se alternaram. Estudando partidas de jogadores que representaram o estilo de
jogo de suas épocas podemos afirmar que alguém não pode ser um verdadeiro mestre se não
domina em primeiro lugar o aspecto tático do jogo. Isso é facilmente explicável. É inútil chegar
a uma posição estrategicamente ganhadora se nesse momento, por uma combinação tática,
leva-se mate em dois lances.

O fato de que os golpes táticos têm seqüências imediatas fazem com que a tática apresente
uma importância maior que a estratégia.

Por isso todos os grandes jogadores da história do xadrez, independentemente do seu nível, do
ponto de vista estratégico, sempre foram excelentes táticos.
Fundamentos de tática: capítulo II - MI Alexandru Segal

Veja o capítulo I

Capítulo II

Partida Modelo

Como exemplo prático apresentamos uma partida "clássica" que reflete a luta estratégica e
tática em todas as fases e que representa após mais de quarenta anos, um modelo
maravilhoso.

R.Fine P.Keres

Torneio A .V.R.O.

Amsterdã - 1938

Abertura Ruy Lopez

1.e4 e5

2.Cf3 Cc6

3.Bb5 a6

4.Ba4 Cf6

5.O-O Be7

6.De2 b5

7.Bb3 d6

8.a4 ...

Atualmente esta variante (de abertura) é pouco encontrada em torneios magistrais. Na época
era considerada como a melhor variante especialmente porque Fine havia conseguido
expressivas vitórias com essa linha. A intenção das brancas é criar algumas dificuldades de
desenvolvimento para as pretas em ligação com o ataque sobre o b7.

Esse plano estratégico estaria correto se as pretas fossem obrigadas a defender o peão, mas
como vamos ver, esse plano pode ser combatido de forma tática.

Considerando-se que o objetivo dessa primeira fase da partida é o desenvolvimento rápido das
peças, Keres utiliza um método tático bastante usual nas abertura, sacrifica o peão atacado
para ganhar tempos tornando suas peças mais dinâmicas, compensando a desvantagem
material.

8 ... Bg4

9.c3 O-O

10.a4xb5 a6xb5

11.Txa8 Dxa8

12.Dxb5 ...
As brancas decidem respeitar seu plano e tomam o peão. Baseado na experiência desta
partida a teoria recomenda o plano mais tranqüilo com 12.d3.

12 ... Ca7!

A idéia tática das pretas começa a se definir. Elas liberam a diagonal a8-h1, obtendo com
tempo contra-jogo com ataque sobre e4. A principal variante que Keres teria que calcular seria
13.Da5 Dxe4 14.Dxa7 Bxf3 15.gxf3 Dxb1 16.Dxc7 Dg6+ 17.Rh1 Dd3! 18.Rg1 Ch5 19.Dxe7
Cf4! e as pretas ganham por causa da ameaça de Dg6+ seguido de mate e se 20. Dg5 Ch3+ e
ganham, seguido de Ce2+ ou Dg1++. (Se Dh4) ... Dxf3.

13.De2 Dxe4!

Muito mais forte que 13...Cxe4 14.De3! e as brancas equilibrariam a partida.

14.Dxe4 Cxe4

A fase de abertura terminou com sucesso para as pretas que conseguiram primeiro
desenvolver suas peças e obterão agora por causa de uma ameaça tática, o enfraquecimento
da posição dos peões brancos. Por exemplo: as brancas não podem defender
satisfatoriamente Bxf3 com 15)Bd1 pois nesse caso seguiria 15...Cc5! e a penetração do
cavalo na casa d3 seria desvantajosa para as brancas.

15.d4 Bxf3

16.gxf3 Cg5

Agora a partida entra numa nova fase, a posição nesse momento é favorável às pretas que
mantêm a vantagem de desenvolvimento e têm uma estrutura de peões algo melhor. A única
compensação das brancas consta no par de bispos, mas a iniciativa está com as pretas que
utilizam para seu plano estratégico inicial: procurar enfraquecer ainda mais a estrutura de
peões das brancas impedindo ao mesmo tempo a abertura da posição (nesse caso o par de
bispos se tornaria perigoso) e assegurar para seus cavalos casas bem defendidas no centro
(princípio posicional de Steinitz). As pretas se baseiam também no fato que não seria bom para
seu adversário a troca 17.Bxg5, pois nesse caso desapareceria completamente qualquer contra
- chance das brancas e mesmo com bispos de cores opostas guardariam boas especialmente
por causa da fraqueza dos peões na ala do rei das brancas.

17.Rg2 Tb8

18.Bc4 exd4

19.cxd4 Ce6

Atacando o peão isolado de d4 as pretas forçam seu avanço, liberando a casa c5 para um dos
seus cavalos.

20.d5 Cc5

21.Cc3 Cc8

O segundo cavalo se prepara para entrar no jogo via b6 exercendo pressão sobre o peão fraco
de d5.

22.Te1 Rf8

23.Te2 f5?

Uma imprecisão tática, as pretas desejam instalar o seu bispo em f6 sem permitir a resposta
Ce4, mas o lance da partida enfraquece a casa e6 dando boas contra-chances às brancas.
Keres poderia aumentar sua vantagem posicional da seguinte maneira 23...Tb4; 24.Bb5 Ca7
25.Bc6 Cxc6 26.dxc6 Tc4 e o peão branco deveria cair.

24.Cb5 Cb6

25.b3 Cxd5

Esta continuação é praticamente forçada para as pretas porque senão as brancas jogariam
Cd4 com jogo excelente. A tentativa tática 25...c6? seria refutada com 26.dxc6 d5 27.c7! Tc8
28.b4 com bom jogo.

26.Cd4?!

É interessante observar como o plano estratégico influência o pensamento de Fine, ele segue a
partida baseado na utilização da casa e6 para contra-jogo e prefere esse lance. Mas, com a
apreciação mais objetiva da posição seria melhor para as brancas procurar salvação no final
em que se entraria com 26.Cxd6 Bxd6 27.Bxd5 Cxb3 28.Tb2 Ba3 29.Txb3 Txb3 30.Bxb3 Bxc1
31.Bc2 com boas chances de empate.

26 ... Cb4

27.Bd2? ...

Desta vez as brancas erram decisivamente de maneira tática, jogando 27.Cxf5 Bf6 28.Bf4 elas
obteriam boas chances de defesa. Essa continuação aponta outro defeito do lance preto 26...f5
especialmente a fraqueza em si do próprio peão.

27 ... d5!

Keres começa com esta jogada uma bonita continuação, sacrificando a qualidade para obter
dois peões passados e unidos na ala da dama. A seqüência que segue é praticamente forçada.

28.Bxb4 Txb4

29.Cc6 dxc4

30.Cxb4 cxb3

31.Cd5 Cd3

Novamente um golpe tático, embora o bispo esteja atacado duas vezes ele de fato não pode
ser capturado, pois se 32.Cxe7 Cf4+ 33.Rf1 Cxe2 e ganham. E se 32.Txe7 b2 33.Cc3 Rxe7 e a
posição e facilmente ganha para as pretas.

32.Td2 b2

33.Td1 c5?!

Seguindo sua idéia de unir os peões as pretas realizam um lance natural, mas não o melhor. A
continuação do jogo tático preciso seria 33...Cc1 34.Cc3 Bb4 35.Cb1 Bc5 e a futura entrada do
rei combinada com o avanço do peão de c7 decidiria rapidamente a partida.

34.Tb1 c4

35.Rf1 Bc5

36.Re2 Bxf2!
37.Ce3 c3!

Este lance é fundamental para a combinação, evidentemente


que as pretas fossem forçadas a jogar 37...Bxe3 sua
vantagem desapareceria e assim não obteriam mais que
empate. Se as brancas jogam 38.Rxd3 Bxe3 39.Rxc3 Bc1 e o
final se ganha por causa da maioria de peões na ala do rei.
Keres começa agora uma seqüência de lances táticos que
decidem a partida em seu favor. A continuação teria que ser
muito bem analisada pois qualquer erro poderia lhe resultar
em empate ou até em perda da partida.

<BR

38.Cc2 Ce1!

Os golpes táticos se sucedem sem interrupção, as duas peças pretas estão "en prise", mas
nenhuma pode ser tomada, pois se 39.Cxd1 Bxd1(se ameaça c2) 40.Rd3 Bd2 e ganham.

39.Ca3 Bc5

Após uma série de lances muito finos de novo as pretas cometem uma imprecisão. A jogada
natural 39...Bh4 colocariam as brancas em "zugzwang" pois o único lance possível 40.Rd1 a
resposta Cxf3 decide rapidamente. Agora as brancas têm de novo chances de defesa.

40.Rxe1 Bxa3

41.Rd1 Bd6

42.Rc2 ....

As brancas não tinham tempo de jogar 42.h3 por causa da manobra Bc5-g1 que seria
ganhadora.

42 ... Bxh2

43.Th1 Be5?!

Mais fácil seria 43...Bf4 44.Txh7 Rf7 45.Th1 Bd2 mas também a continuação escolhida é
suficiente para a vitória.

44.Txh7 Rf7

45.Th1 g5

46.Te1 Rf6

47.Tg1 Rg6

48.Te1 Bf6

49.Tg1 g4!

Esse sacrifício é necessário para poder arrematar a posição.

50.fxg4 f4

51.g5 Bd4
52.Td1 Be3!

53.Rxc3 Bc1

54.Td6+ ...

Se 54.Rc2 Rxg5 e o avanço do peão de f4 é decisivo.

54 ... Rxg5

55.Tb6 f3

56.Rd3 Rf4

57.Tb8 Rg3

As brancas abandonam.

Não se poderia fazer mais nada contra o avanço combinado dos dois peões. Por exemplo:
58.Tg8+ Rf2 59.Tb8 Re1 60.Rc2 f2 61.Te8+ Rf1 62.Tf8 Re2 63.Te8+ Rf3 64.Tf8+ Bf4 e
ganham.

Fazendo um resumo desta interessante partida do ponto de vista do conteúdo estratégico e


tático podemos dividi-lo nas seguintes fases:

Lances 1 - 16: Fase de Abertura. Com um golpe tático engenhoso as pretas obtêm vantagem
posicional e iniciativa.

Lances 16 - 27: Fase de Meio Jogo. As duas partes manobram seguindo objetivos estratégicos
diferentes. As brancas tentam obter o desenvolvimento e também uma posição harmoniosa de
peças( as pretas tentam impedir isso e enfraquecer mais ainda a estrutura de peões brancos o
que elas conseguem) e colocar seus cavalos nas fortes casas centrais. As pretas também
desejam pressionar o peão de b2 branco trazendo o bispo para f6. Na realização dessa última
idéia cometem uma imprecisão que da muitas chances para as brancas.

Lances 27 - 31: Um erro de cálculo das brancas permite às pretas resolver taticamente o
problema da concretização de sua vantagem. Após a combinação efetuada chega-se a um final
que necessita de uma nova apreciação estratégica.

Lances 32 - 57: Fase decisiva. A apreciação estratégica da posição após a combinação das
pretas mostra uma vantagem decisiva. A realização dessa vantagem pode ser feita somente
após um jogo tático muito bom com pequenas combinações características. Teremos que
ressaltar que as ligeiras imprecisões das pretas nesta fase da partida somente vieram
prolongar a luta sem dar em momento algum chances reais de salvação para as brancas.

Fundamentos de tática: capítulo III - MI Alexandru Segal

Veja o capítulo II

O que é uma combinação?

A maioria dos trabalhos que se ocupam com o aspecto tático do xadrez, são consagrados a
combinação, que, sem dúvida, constitui o elemento mais importante da tática e ao mesmo
tempo o mais interessante. Somente nos últimos tempos foram abordados outros aspectos da
tática fazendo-se uma diferença sobre a combinação propriamente dita e a manobra tática.

Que é a combinação no xadrez?

A resposta a essa pergunta não é muito simples de ser dada, pois vários grandes jogadores e
analistas do xadrez estudando esse problema chegaram a conclusões parecidas, porém não
idênticas, sobre o tema. resumiremos algumas delas.

Em seu trabalho “Manual de Xadrez”, Manuel Lasker, campeão mundial , entre 1894 e 1921,
aborda este tema explicando que “em certas posições existam certos lances, chamados
forçantes, que criam ameaças inesperadas e fortes, por exemplo: ameaças de mate, de
tomada de peça ou coroação de um peão. O objetivo desses lances é trocar todos os valores
naturais. Para contra-atacar esses lances forçantes o adversário tem à disposição lances de
defesa igualmente forçantes. Deste jeito o ataque, o contra-ataque, a defesa formam uma
seqüência, as vezes simples, as vezes mais complexas, chamada variante. Quando essas
seqüências se ramificam, por exemplo quando existem dois ou mais meios de defesa se pode
falar em cadeias de variantes”. Depois dessa definição de variante Lasker passa a definir
combinação da seguinte maneira: “se um grupo de variantes contém em si o resultado concreto
que merece atenção então a totalidade dessas variantes se chama combinação”.

Como podemos perceber, Lasker trata a combinação exclusivamente do ponto de vista de um


jogador prático. Não o preocupa o fato de existir ou não na combinação o sacrifício como
elemento constitutivo. Uma outra explicação sobre combinação foi dada por outro ex campeão
mundial, Dr. Max Euwe entre 1935 e 1937, que em seu artigo “Estratégia e Tática” publicado
em Amsterdã em 1935 dizia que “se partimos do ponto de vista que por estratégia se entende
estabelecer um plano e por tática realizá-lo, então a combinação deve ser considera como a
mais alta manifestação de tática. Por combinação se cria uma etapa especial e curta da partida
onde se atinge forçado um objetivo precioso. Nesta etapa da partida os lances formam uma
seqüência lógica e se encontram numa ligação indissolúvel um após o outro”. Euwe trata
também da característica estética da combinação: “combinações provocam sempre uma
expressão estética. O modo em que as coisas incríveis se tornam inesperadamente evidentes
e o fantástico se torna realidade, exerce sobre os enxadristas um incrível fascínio...”

Uma opinião não tão “catedrática” mas eloqüente citou o conhecido grande mestre Tartakower
que com seu habitual humor definiu a combinação como “uma faísca divina que encontra-se
fora do jogo de xadrez e que de fato, despreza aqueles princípios sobre tempo, espaço,
material e lógica que gostariam de conduzir o jogo exclusivamente...” ( publicado em Berlim,
1928, no livro “Schachmethodik”).

Podemos perceber que o elemento estético é também um fator importante nas combinações. A
maioria das combinações, se caracterizam por um elemento que lhes é comum, isto é, o
sacrifício. Sacrifício representa o rompimento temporário do equilíbrio quantitativo com o
objetivo de obter vantagem material e posicional ou uma definição imediata da partida (mate,
xeque perpétuo, afogado, etc).

Aceitando a tese de que o elemento estético é indissoluvelmente ligado a uma combinação é


fácil entender porque a maioria dos analistas considera o sacrifício como parte obrigatória da
combinação. A combinação é, então, considerada o cume da habilidade tática, representando
de fato, uma resolução rápida, precisa e definitiva do problema estratégico contido na posição.
Em geral, as mais bonitas combinações contêm normalmente sacrifícios diversos. Existem,
entretanto, combinações sem sacrifícios, mas, neste caso, o complexo de lances deve ser
forçado e deve produzir uma impressão estética.

A manobra tática significa exatamente este caso onde temos um objetivo claro realizado
através de lances forçados, mas onde não se produz o sacrifício. Essa manobre tática se
encontra freqüentemente na terminologia enxadrística sobre o nome de seqüência forçada.

Resumindo podemos dizer que combinação é um elemento principal da tática na qual a parte
ativa obtém uma vantagem objetiva, com a ajuda de uma série de lances forçados (com ou
sem sacrifícios) que na totalidade possui uma impressão estética.

A seguir apresentamos dois exemplos em que se pode perceber a diferença entre a


combinação propriamente dita e a seqüência forçada.

O primeiro exemplo apresenta a clássica combinação efetuada por Botwinnik em sua partida
contra Capablanca no torneio internacional de Amsterdã em 1938 e o segundo exemplo vem a
ser uma manobra forçada numa partida disputada entre Capablanca e Yates. Nos dois
exemplos temos um objetivo claro, porém falta ao segundo o sacrifício.

Botwinnik teria a possibilidade de jogar uma forte manobra


1.Ce2 seguido de 2.Cf4 com excelentes possibilidades. Em vez
disto começou uma combinação com sacrifícios, calculando
mais de dez lances, sendo este não só o mais bonito mas
também o mais efetivo meio de obter-se a vitória. 1.Ba3!! Dxa3
2.Ch5+! gxh5 3.Dg5+ Rf8 4.Dxf6+ Rg8 5.e7! Dc1+ 6.Rf2 Dc2+
7.Rg3 Dd3+ 8.Rh4 De4+ 9.Rxh5 De7+ 10.Rh4 De4+ 11.g4!
De1+ 12.Rh5 e as pretas abandonaram.

Capablanca começa agora uma instrutiva manobra


forçada 1.Cc3 Tc5 2.Ce4 Tb5 3.Ced6 Tc5 4.Cb7 Tc7
5.Cbxa5. O objetivo dessa manobra era ganhar o peão de a5.
O que foi realizado com uma seqüência de lances
forçados, sem sacrifícios que na totalidade reduziu uma
impressão estética.

Fundamentos de tática: capítulo IV - MI Alexandru Segal

Veja o capítulo III

Análise das fases de uma combinação

Fazendo uma análise de qualquer combinação conhecida, podemos constatar que a realização
desta tem que passar, do ponto de vista analítico, pelas seguintes fases:

1. Estabelecer a existência de premissas favoráveis que torna provável a


existência de uma combinação numa certa posição.
2. Estabelecer a idéia (tema) principal da combinação.
3. Calcular concretamente a série de lances (variantes e sub-variantes) que
forma a combinação.
4. Apreciar as conseqüências reais da combinação.

Estas etapas resumem o processo de pensamento efetuado por um jogador que faz uma
combinação. Durante uma partida é claro que estas etapas se sobrepõem, e o esforço recai
especialmente sobre os dois últimos tópicos (cálculo e apreciação). Os bons jogadores táticos
conseguem, devido ao talento e experiência, perceber quase instintivamente, a presença das
combinações em diversas posições, especialmente se elas decorrem logicamente do
desenvolvimento normal do plano estratégico.

Podemos dividir as combinações em duas grandes categorias em função de como aparecem


na partida de xadrez:
1. Combinações que surgem como conseqüência lógica de um plano
estratégico bem elaborado.
2. Combinações que aparecem “ao acaso”.

As combinações do primeiro grupo são conseqüência de um plano estratégico complexo bem


elaborado e a sua realização é apenas o desfecho natural desse plano.

Já no segundo grupo temos combinações muito mais difusas. O nome “ao acaso” não tem nem
de longe a intenção de diminuí-las, pois estas combinações podem aparecer em qualquer
momento devido às infinitas opções táticas que contém o xadrez. Na base de uma partida
qualquer descuido, qualquer erro, qualquer cálculo descuidado ou superficial das variantes
podem dar chance ao adversário de realizar um golpe tático inesperado.

A prática demonstrou que as mais bonitas e elegantes combinações são conseqüência da


realização de um plano estratégico profundo. Apresentamos a seguir um exemplo clássico de
combinação brilhante derivada de um plano estratégico bem elaborado, a partida disputada
entre:

Pachman,L – Bronstein,D
Match – Moscou x Praga (1946)

1.d4 Cf6 2.c4 d6 3.Cc3 e5 4.Cf3 Cbd7 5.g3 g6 6.Bg2 Bg7 7.0–0 0–0 8.b3 Te8 9.e4 exd4
10.Cxd4 Cc5 11.Te1 a5 12.Bb2 a4 13.Tc1 c6 14.Ba1 axb3 15.axb3 Db6 a fase de abertura
terminou já com algum sucesso para as negras na realização do seu plano. Ao preço de uma
só fraqueza (d6) suas peças ocupam posições favoráveis exercendo pressão sobre as casas
pretas, especialmente d4. A coluna a está em seu poder e o peão de b3 das brancas é fraco.
Para obter contrajogo as brancas teriam que conseguir o avanço f4, porém isso é irrealizável.
Na continuação as pretas aumentarão a pressão exercida pelo bispo de g7 16.h3 Cfd7 17.Tb1
Cf8 18.Rh2 h5! o começo de um plano de ataque muito original. As pretas obtiveram uma
melhor posição de peças do ponto de vista de seu plano estratégico. O objetivo desse corajoso
avanço é criar uma nova fraqueza na ala do rei branca, obtendo desta maneira, eventuais
possibilidades de concretizar sua vantagem posicional através do caminho tático 19.Te2 h4
20.Td2 parece que as brancas têm defendidas todas suas fraquezas. Mas como acontece
freqüentemente em posições nas quais a pressão posicional de uma das partes atingiu uma
grande intensidade, é exatamente agora que aparece a possibilidade de as pretas efetuarem
uma combinação bastante bonita. Esta combinação é conseqüência lógica do jogo posicional
das pretas que criou as premissas para a existência dessa combinação: as forças das brancas
estão mobilizadas na defesa das fraquezas na ala da dama e no centro ao tempo que as peças
pretas estão colocadas de tal modo que podem começar uma ação combinada nas quais serão
usadas todas as vantagens posicionais e o golpe principal será desferido na ala do rei
20...Txa1!! as pretas calcularam uma série de variantes que as leva à vitória mesmo contra a
melhor defesa das brancas. Essas variantes se baseiam na seguinte idéia combinativa: as
pretas "viram" que depois de uma série de lances forçados a dama preta penetra em f2 com
mate decisivo. Portanto, o tema dessa combinação é o ataque de mate contra a posição
enfraquecida do roque das brancas 21.Txa1 Bxd4 22.Txd4 Cxb3 23.Txd6 Dxf2 este é o lance
sutil em que se baseia toda a combinação das pretas. Agora as brancas não podem jogar
24.Dxb3 por causa da bonita variante 24...hxg3+ 25.Rh1 Bxh3 26.Tg1 Bxg2+ 27.Txg2 Df1+
28.Tg1 Dh3++. Por isso as brancas não têm outra defesa a não ser a que tentaram na partida
24.Ta2 Dxg3+ 25.Rh1 Dxc3 a combinação das pretas terminou, elas obtiveram duas peças por
torre e guardaram o ataque decisivo, que de fato ganhou a
partida em alguns lances 26.Ta3 (seria incorreto 26.Td3 por
causa de 26...Dc1) 26...Bxh3 27.Txb3 Bxg2+ 28.Rxg2
Dxc4 29.Td4 De6 agora a posição das brancas desmorona
em dois lances porque seu rei está exposto em demasia
30.Txb7 Ta8 31.De2 h3+ e as brancas abandonaram.

Mostraremos a seguir, um exemplo de combinação “por


acaso”.
Na posição do diagrama que representa a partida jogada entre Bondarevski e Ufimtzev no
campeonato da cidade de Leningrado de 1936, a possibilidade de uma combinação por parte
das brancas é totalmente surpreendente. No tabuleiro restaram poucas peças, o rei preto está
suficientemente defendido e na verdade as pretas venceriam sem maiores dificuldades após
1...Tc3, porém um lance inesperadamente superficial foi jogado: 1...Bg2?? e agora a partida
muda de rumo por completo. A possibilidade de combinação que se oferece é utilizada pelas
brancas e se baseia numa idéia de mate característica de finais artísticos 2.Th8+ Rf7 3.Be8+!!
inacreditável, o bispo é sacrificado forçando o cavalo preto a abandonar a casa f6 3...Cxe8
4.Rg5 este é o ponto final da combinação. Não há defesa para o mate no próximo lance e
percebe-se a razão do sacrifício do bispo em e8, pois se o cavalo preto estivesse em f6 poderia
agora dar um xeque salvador ao rei branco. Nota-se também, porque o lance 1...Bg2 foi um
erro, pois abriu às brancas a possibilidade de dar o xeque em h8, além de obstruir a casa de
xeque da torre preta na coluna g. Uma combinação original e elegante que tem como tema a
expulsão das peças defensoras, que será estudado num próximo capítulo.

Fundamentos de tática: capítulo V - MI Alexandru Segal

Veja o capítulo IV

Divisão das combinações em 10 tipos

O número de combinações é muito grande. Entretanto podem ser classificadas em relação a


idéia (tema que está em sua base; a idéia citada representa o elemento tático). A prática
mostrou que existem muitas formas de combinações, mas podemos classificá-las em dez
categorias:

Cravada ou descravada de peças.

Peças sobrecarregadas.

Interferência das linhas de ação do


adversário.

Ataque duplo e xeque descoberto.

Abertura de linhas e diagonais.

Fraqueza da última linha.

“Zugzwang”.

Bloqueio ou liberação de uma casa.

Eliminação e expulsão de peças do


adversário.

Bloqueio e captura de peças.

Por cravada se define uma situação em que uma peça não pode se movimentar porque, ao
fazê-lo, abre linhas de ação de uma peça própria, criando, dessa maneira, uma desvantagem.
Na prática encontramos a cravada sob duas formas:

a. Cravada absoluta – quando a peça cravada não pode se movimentar em hipótese alguma,
pois deixaria o rei em xeque.

b. Cravada relativa – quando, através do movimento da peça cravada, se deixa no “ar” uma
peça de valor superior a peça que deu causa à cravada.

Portanto, podemos resumir que a cravada, diminui a liberdade de uma peça em grande grau
(quando relativa) ou completamente (quando absoluta).

Por isso, a possibilidade de uma cravada constitui, muitas vezes, a premissa de uma
combinação possível.

Essa posição surgiu após 24 lances.

As brancas continuaram com um lance imprudente 25.Txd4 e


após 25...Dc5 entraram numa cravada mortal. Seguiu 26.Ted1
Txd4 27.Dxd4? (seria melhor 27.Txd4 apesar que após
27...Dc1+ 28.Rf2 Dxb2+ 29.Rg3 Dxa2 as pretas devem
ganhar) 27...Td8! e as brancas abandonaram porque perdem
uma torre por causa da cravada.

A dama não pode tomar a torre pois o rei ficaria em xeque


(cravada absoluta) e se 28.Dxc5 as pretas jogam 28...Txd1+
e, logo após retomam a dama.

Neste exemplo, com seu último lance Tfe8 as pretas cravaram de maneira absoluta a dama e
parece que obrigam as brancas a abandonar em seguida, mas a combinação existe! 1.Bxf7+
Rxf7 2.Tf1+ Rg8 3.Tf8+ Txf8 4.Dg7++.

As brancas conseguiram se descravar, através de dois


sacrifícios, utilizando também, o tema de desvio que
examinaremos no XIII capítulo.

O próximo diagrama refere-se a partida Herzog x Walter,


disputada em Trencianské-Treplice, 1937, a posição é muito
aguda. As pretas deixaram-se tentar pela combinação 1...Txg3?
2.hxg3 Txg3 achando que ganhariam por causa da “cravada”.
Mas, as brancas conseguem dar a “volta por cima”: 3.Tf8+ Rg7
4.Tg1!! e as pretas foram obrigadas a abandonar, pois se 4...Txg1
5.Tf7+ seguido de Dxh3.

Desta vez temos uma


combinação parecida com a do
diagrama anterior, que só é possível por causa da torre em g3
que será cravada. Percebe-se uma forte pressão das pretas
em todos os sentidos: horizontal, vertical e diagonal. As pretas
jogaram 1...Txg3+ 2.Txg3 Tg8! e as brancas abandonaram,
pois se 3.Txg8 Dxc3 com vantagem decisiva de material e
posição.
Fundamentos de tática: capítulo VI - MI Alexandru Segal

Veja o capítulo V

Combinações baseadas nas peças sobrecarregadas.

Chamamos uma peça de sobrecarregada quando ela é obrigada a defender, simultaneamente,


duas ou mais casas ou duas ou mais peças. Muitas vezes podemos utilizar essa sobrecarga de
maneira tática.

O mecanismo das combinações que se baseiam numa peça sobrecarregada é simples: a peça
é forçada a deixar a defesa de uma casa ou de uma peça. Isso se realiza através de sacrifícios,
troca ou de forte ameaça.

Exemplos práticos:
A posição do diagrama merece uma análise atenta. A primeira
vista parece que o ataque das brancas não pode prosseguir de
imediato. Na realidade, as brancas têm uma linha forçada que se
baseia exatamente na peça sobrecarregada. No caso, essa peça é
o cavalo de f6 das pretas que defende, simultaneamente, o peão
de h7, o bispo de d7 e o peão de d5. O mestre internacional
Friydman, que jogava de brancas contra o Dr. Vidmar no
Torneio Internacional de Budapest em 1934, percebeu o detalhe
citado acima e começou sua combinação com 1.Cxd5! (abre a
diagonal sobre o bispo de d7. Se agora 1...exd5 2.Cxd7 Dxd7 3.Bxh7+! Rh8 4. Bf5+
desc. ganhando a dama). Podemos observar na análise dada acima que o cavalo de f6
não pode tomar nem em d5 nem em d7 por causa de Dxh7++. Percebemos
perfeitamente o mecanismo de ataque contra a peça sobrecarregada. As pretas
calcularam essa variante na partida, mas como não havia salvação perderam
rapidamente após 1...g6 2.Cxe7+ Dxe7 3. Bxc4 Txc4 4. Txc4
bxc4 5.Bg5 com posição ganhadora.

Neste exemplo, percebemos que se trata de uma posição de final


de partida. Este tipo de combinação se pode encontrar em todas
as fases do jogo. O final de torres se apresentava igual, mas
depois do último lance das brancas 1.Rb4? apareceu
surpreendentemente, uma possibilidade de combinação baseada
na “arapuca” em que o rei branco entrou. Seguiu-se 1...c3!,
2.Txc3 (lance obrigatório para defender a ameaça Tc5++) 2...Txh3!! (uma jogada
excepcional com o qual as pretas exploram o sobrecarregamento da torre branca em c3,
pois ela tem de defender simultaneamente as duas casas de mate, em c4 e b3) 3.Tfc2
(parece que as brancas conseguiram defender-se do mate, porém agora entra em função
o mecanismo típico contra as peças sobrecarregadas: forçar esta a defender um ponto
para desproteger outro) 3...Tc4+ 4.Txc4 Tb3++.

Podemos afirmar que este tipo de combinação se encontra num número


surpreendentemente grande, tanto na prática magistral como em torneios de categorias
inferiores sendo, por isso, de vital importância a sua compreensão. Muitas vezes,
encontramos juntamente com esse tema outros elementos táticos, especialmente xeque-
descoberto, xeque duplo e cravada.

Na posição do diagrama extraído de uma partida jogada no


Campeonato Romeno de 1956 o experiente mestre internacional
Troianescu aproveitou o “sobrecarregamento” da dama branca
(que precisava defender a torre de c1 e o cavalo de d3) da
seguinte maneira: 1...Dxd3! 2.Txd3 Txd3 3.Dxd3 (forçado, pois
se 3.Dc2 Txc1+ 4.Dxc1 Td1+ e as pretas ganharam uma peça)
3...Txc1+ 4.Bf1 Bh3 e esta foi a posição calculada pelas pretas
quando entraram na combinação. As brancas têm ainda à sua
disposição alguns xeques que não implicam no resultado:
5.Dd5+ Rf8 6.Da8+ Rf7 7.Dd5+ Rg6 8.f5+ Rh5 9.g4+ Rxg4 e as brancas abandonaram.

O exemplo com que encerramos o capítulo é mais difícil, apesar


de ser pequeno o número de peças apresentado. Após 1.Th8+
Rd7 (forçado, pois se 1...Tf8, 2.T8h7 com vantagem decisiva)
resultou uma posição curiosa de um equilíbrio aparente entre os
dois pares de torres que se atacam mutuamente. Simagin
percebeu que o rei preto é, no caso, uma peça sobrecarregada,
pois defende tudo, portanto 2. Bc6!! Re6 (apesar de o bispo ter
sido atacado três vezes, ele não pode ser capturado de nenhuma
maneira pois qualquer tomada perde no mínimo uma qualidade).
O lance do texto apenas adia o fim. A partida continuou com 3.Th6+ Tf6 4.Bd7+ Rxd7
5.Txf6 com posição ganhadora, já que além de qualidade a mais têm superioridade
posicional decisiva.

Fundamentos de tática: capítulo VII - MI Alexandru Segal

Veja o capítulo VI

Combinações baseadas na interferência


das linhas de ação do adversário

Este tipo de combinação é muito usada no xadrez artístico (de composição), onde encontramos
os mais bonitos exemplos, mas aparece muitas vezes também no jogo prático.

Na sua forma mais elegante a combinação constitui-se em sacrificar uma peça numa
determinada casa onde convergem duas linhas de ação de peças adversárias distintas.
Qualquer uma dessas peças, tomando a peça sacrificada, interrompe a linha de ação de
defesa sobre outro ponto do tabuleiro.

A posição do diagrama representa uma grande composição do


renomeado problemista A. Troitzk com a qual ele ganhou um
concurso internacional de composição artística. O tema deste final é exatamente a interferência
de linhas de ação das peças adversárias; isso feito com grande elegância, produzindo uma
impressão estética excepcional. As brancas não podem impedir coroação do peão preto de e2.
As suas chances de vitória se baseiam nos seus dois peões passados avançados. No começo,
as brancas vão efetuar uma manobra de introdução onde as peças pretas serão obrigadas a
ocupar uma posição desfavorável tendo em vista a combinação conclusiva. 1.Cc3 e1=D 2. g7
Dg1 3. a7 exd3 4. Bg2! (lance que dá início à combinação propriamente dita) percebe-se a
interferência do bispo branco nas linhas de defesa da dama preta sobre o ponto g8 e do bispo
preto sobre o ponto a8. 4...Dd4+ (única tentativa das pretas para evitar a coroação de um dos
peões, pois se 4...Bxg2 5.g8=D e se 4...Dxg2 5.a8=D Dxa8 6.g8=D e ganham) 5. Rb5 Db4+ 6.
Ra6 Dc4+ 7.Rb6 Bxg2. As pretas conseguiram restabelecer o controle sobre os dois pontos
críticos de coroação dos peões brancos. Se as pretas jogassem, ao invés de seu último lance,
7...Db4+ seguiria 8.Cb5 e as pretas não mais teriam como impedir as coroações. 8.Cd5!!. As
brancas sacrificam sua última peça para conseguir nova interferência nas linhas de ação das
peças e as pretas não dispõem mais de nenhum recurso defensivo. Elas se vêm forçadas a
tomar o cavalo de d5, porém isso as leva a derrota. Se 8...Bxd5 9.g8=D+ Bxg8 10.a8=D++ ou
8...Dxd5 9.a8=D+ Dxa8 10.g8=D++.

O grande compositor de problemas Sam Loyd, que viveu na metade


do século passado, era também um forte jogador na prática. Muitas
vezes aplicou idéias de composições nas suas partidas. Um desses
casos representa o exemplo acima onde ele enfrenta um forte jogador
da época C. Moore. Analisando a posição do diagrama percebemos
que as brancas poderiam dar mate com 1.Chg6 se o bispo de c8 não
atacasse a torre, ou com Cf5+ se a torre preta não pudesse interferir
em h6. As linhas de ação dessas duas peças pretas se encontram
sobre o ponto e6 e isso torna possível a clássica combinação
baseada em interferência. 1.De6!! e as pretas abandonaram, pois
indiferentemente de que peça seja tomada a dama o mate é inevitável, por exemplo: se Txe6
ou Cxe6 seguiria 2. Chg6+ Rg8 3.Th8++ e se Bxe6 então 2.Cf5+ Rg8 3.Ce7+ Rf8 4.C7g6+ Re8
5.Th8+ Bg8 6.Txg8++.

Apesar de encontrarmos menos estatísticas falando de exemplos de interferência na prática do


que os outros dois elementos estudados até agora, a atenção para com este capítulo se faz
necessária pois, além do elemento prático, o elemento estético se encontra com
predominância.

Na posição do diagrama 15, relativo a uma partida entre Kirilov e


Vatnikov, em Vilnius 1949 as brancas poderiam dar mate com
Bg8 se a dama preta não defendesse a dita casa. Daqui resulta a idéia
da combinação: 1.Te8! agora se 1...Bxe8, 2.Bg8++ e se 1...Dxe8
segue 2.Bxe8 Bxe8 3.De6 Ba4 4.Dxf5 Tb8 5.Ce5+ desc. Rg8
6.De6+ Rh7 7.Dxd6 ganhando.

Apresentamos outro exemplo de rara


beleza no diagrama 16. A partida disputada
em Nova York, no ano de 1938, ilustra
nosso tema de 3 maneiras diferentes. 1.d5!! agora se 1...Txd5
2.Dxf7+, e caso 1...Dxd5 2.Td4, ganhando uma torre e ainda se
1...cxd5; 2) e6! que é o teor da combinação. Na partida seguiu 1...Tb7
2. dxc6 Tb8 3.c4 e as brancas ganharam sem problemas.

Fundamentos de tática: capítulo VIII - MI Alexandru Segal

Veja o capítulo VII

Combinações baseadas no ataque duplo e xeque descoberto.

O ataque duplo é uma arma tática utilizada várias vezes, tanto isolada quanto elemento
componente de combinações mais complexas. Podemos afirmar que o ataque duplo
representa a forma mais comum de elementos táticos na partida de xadrez. Não existem,
quase, partidas - desde as de principiantes e até as de grandes mestres - onde não
encontramos pelo menos uma ameaça de xeque-duplo. A forma mais simples do ataque duplo
é o assim chamado “garfo”, isto é, quando um peão ataca simultaneamente duas peças. Quem
não sofreu em suas partidas um garfo?

Outro ataque-duplo muito comum é o xeque atacando ao mesmo tempo outra peça,
normalmente de valor superior. Nesse sentido o xeque de cavalo é sempre o mais perigoso
pela sua mobilidade e elasticidade.

Sem dúvida, as outras peças (dama, torre e bispo) podem também ser a causa de ataques
duplos e xeques duplos. Até o rei pode vir a dar xeque duplo, mas neste caso é também
chamado de xeque-descoberto. Por exemplo na seguinte posição: brancas – Rg3 e Tg1; pretas
- Rg7, Be7 e Ce3. As brancas jogam 1.Rf2+ e ganham uma peça.

O xeque descoberto representa também um elemento tático muito usado. Normalmente é


perigoso e leva quase sempre a perdas materiais a até a posições de mate inevitável.

O último lance das pretas, nesta posição, (Te2+) foi uma jogada
natural mas constitui um erro que permite às brancas uma
combinação de problema transformando essa partida, disputada entre
Schreiner e Spiess em 1938, no Campeonato de Munique, num dos
mais bonitos exemplos de ataque duplo, pois nela encontramos vários
elementos em apenas 5 movimentos: 1.Dxe2 (sacrifício de dama)
1...fxe2 2.Ta5+ Ce5 3.Txe5+!! (as brancas sacrificaram também a
torre para colocar o rei negro em posição de “garfo” 3...Rxe5 4.f4+
(apareceu o “garfo” que, neste caso, não é o elemento decisivo, mas
preparatório para o xeque duplo de cavalo) 4...Rxf4 (se 4...Dxf4
5.Cg6+ duplo) 5.Ce6+ (o xeque duplo de cavalo é decisivo, pois após a retomada da dama as
brancas não tem dificuldades para ganhar o final).

As pretas tem uma posição melhor, mas não prestaram atenção


nos “detalhes táticos” e as brancas têm possibilidades de não
somente salvarem-se, mas ainda extraírem o ponto inteiro:
1.Txb5+! Txb5 2.c4+ Rc5 3.cxb5 Rxb5. O final resultante é
inteiramente ganho para o primeiro jogador por causa de seu peão
passado distante em a2. Uma observação importante é o fato de que
nesse tipo de final as pretas não têm peão passado defendido,
pois se assim fosse a vitória lhes pertenceria, já que neste caso,
iria tomar o peão distante das brancas e voltar ganhando a
partida, sendo que as brancas não poderiam executar um plano
ativo pois seu rei teria que escravizar-se no encalço do peão passado preto. No presente
exemplo as brancas devem ter cuidado e não permitir às pretas a formação do dito peão
passado: 4.g4! e4+ (outros lances tampouco salvam) 5.fxe4 fxg4 6.hxg4 h4, as pretas
conseguiram seu peão passado mas agora as brancas têm dois peões que ganham sem ser
necessário a ajuda do rei: 7.Re3 Rc5 8.a4 Rb4 9.e5 Rc5 10.a5 e ganham.

Um outro exemplo “limpo” de ataque duplo temos no diagrama 21.


Trata-se de uma partida disputada num “match” entre França e
Bélgica em 1948. Muffang, primeiro tabuleiro da França durante duas
décadas, arrematou a partida com 1.Tc7 Dxd7. A dama preta foi
atraída na casa necessária para poder tornar possível o golpe 2.Txd8
e as pretas não podem evitar o mate ou a perda de sua dama.

Este nosso capítulo sobre ataque duplo e


xeque duplo pode parecer, à primeira vista,
simples e também que somente jogadores de categorias inferiores
podem “cair” em tais ciladas. Mas, mesmo enxadristas mais
gabaritados podem incorrer em tais falhas, como é o caso do
diagrama acima onde o ex-campeão mundial Emmanuel Lasker contra Eugênio Torre, no
torneio de Moscou, em 1925, descuidou-se e jogou 1...Db5, ao que seguiu 2.Bf6!! (a cravada
na quinta horizontal foi ilusória e foram as brancas que se aproveitaram dela. As pretas são
forçadas a aceitar o sacrifício) 2...Dxh5 3.Txg7+ (agora cria-se o assim chamado “moinho”
onde a bateria formada de torre e bispo obtêm, por xeques sucessivos de torre e de bispo por
descoberto, graves perdas materiais) 3...Rh8 4.Txf7+ Rg8 5.Tg7+ Rh8 6.Txb7+ Rg8 7.Tg7+
Rh8 8.Tg5+ Rh7 9.Txh5. A combinação terminou com grande vantagem material para as
brancas e após alguns lances sem maior importância as pretas abandonaram.

O “moinho”, que vimos neste último exemplo, representa uma poderosa arma quando se
consegue obtê-lo, pois produz grandes prejuízos materiais normalmente “limpando” toda uma
ala.

Encerramos o nosso capítulo apresentando uma combinação de belo


efeito estético. A partida foi jogada numa simultânea em Búfalo, EUA
no ano de 1893: 1.Dd7+! Bxd7 2.Cd6+ (duplo) 2...Rd8 3.Cf7+ Rc8
4.Te8+ Bxe8 5.Td8++. Percebemos neste exemplo que as brancas
sacrificaram uma dama e uma torre para fechar o rei preto. Tivemos,
além de xeque duplo, a abertura de linha e o desvio de peça, outros
dois temas estudados neste livro. Mas, o elemento básico desta
combinação continua sendo o xeque duplo.

Fundamentos de tática: capítulo IX - MI Alexandru Segal

Veja o capítulo VIII

Combinações baseadas na abertura de linhas e diagonais

Este tipo de combinação encontra-se freqüentemente na prática enxadrística. Tal fato é devido
a que normalmente a defesa tenta fechar as linhas de ataque das peças do adversário para
limitar suas atividades. É lógico então, que a reabertura dessas linhas constitui um objetivo
tático do atacante que tentará aproveitar qualquer oportunidade para realizar combinações
sobre este tema.

Antes de estudarmos alguns exemplos queremos sublinhar que as combinações de abertura de


linhas normalmente estão ligadas a outros elementos táticos, em geral ataques-duplos, mas
que atuam num papel secundário.

Analisando-se a posição do diagrama podemos perceber que um


xeque na coluna torre-rei seria decisivo por causa do auto-bloqueio do
rei branco. Mas essa coluna está fechada pelo peão em h3. Será que
ela poderá ser aberta? Partindo desta idéia não foi difícil para
Sokolski, que jogava de pretas contra Kamichev, achar a seguinte
combinação: 1...Dxg4! 2.hxg4, agora a coluna torre-rei foi aberta mas
nenhuma das torres lhe têm acesso, a casa h4 está controlada
2...Th5+! uma das torres sacrifica-se para liberar também a horizontal
3.h5 Th4++.

Este exemplo reflete de maneira simples e concisa o tema de liberação de casas. Assistimos
em apenas quatro lances uma dupla liberação vertical-horizontal para chegar-se ao efeito
desejado, no caso o mate.
Como o leitor pode perceber, este capítulo não é outra coisa senão o inverso do capítulo VII,
onde foi estudado a interferência das linhas de ação do adversário. Entretanto, do ponto de
vista prático, encontramos muito mais exemplos de liberação de casa
do que de interferência, sendo que este último tema é geralmente
mais encontrado em finais artísticos.

Um exemplo verdadeiramente dramático é o que apresentamos


agora.
A partida foi disputada entre W. Hart e G. Enders num “match” em
1936. Tanto as brancas quanto pretas estão atacando. Para o primeiro jogador, seu próprio
peão em h6 bloqueia a coluna torre-rei. Elas começam, então uma combinação típica, para
abrir com “tempo” essa coluna, o que no fim lhe dá a vitória através do mate.

Como observação, salientamos ainda, que todos os lances das brancas têm que ser forçados
através de xeque, pois elas não podem dar nenhuma “trégua” para as pretas que ameaçam
mate em um lance com ...Dxc2.

Foi jogado: 1.Df6+ Rg8 2.Dg7+! (a dama sacrifica-se para abrir a coluna) 2...Txg7 3.Cf6+ Rh8
4.hxg7+ duplo, 4...Rxg7 5.Th7++.

1.Bxe5!! fxe5 (se 1...Tb6 2.Txg7+ Rxg7 3.Dc7+ Tf7 4.Tg1+ Rh8
5.Dxf7, com mate indefensável) 2.Txg7+! as pretas abandonaram.
A abertura completa da coluna decidiu a luta. É interessante que após
1...fxe5 abriu-se uma nova linha de ataque para as brancas, ou seja,
o caminho da dama de c6 para g6 que permite após: 2...Rxg7 3.Dg6+
Rh8 4.Dh7++.

Mais um bonito exemplo de abertura de linha


com duplo sacrifício que encerra nossa matéria. O grande tático russo
Riumin decidiu em uma seqüência de apenas cinco movimentos sua
partida com Popov, disputada em Moscou em 1929, da seguinte
maneira: 1...Txf3! 2.Bxf3 Dxf3!! 3.Rxf3 (a diagonal foi liberada e
agora com xeque-duplo as pretas podem obter seqüência de mate)
3...Cxd4+ duplo 4.Rg4 Bc8+ 5.Rh4 Cf3++.

Fundamentos de tática: capítulo X - MI Alexandru Segal

Veja o capítulo IX

Combinações baseadas na fraqueza da última linha

Provavelmente não existe jogador que não perdeu sequer uma vez uma partida por causa da
fraqueza na última linha. A falta de uma “janelinha” por onde o rei pode sair em caso de um
xeque inesperado na última fileira se mostra inúmeras vezes fatal.

Muitos jogadores interpretando, “adliteram”, os princípios estratégicos evitam jogar lances


como h3 ou g3 para não enfraquecer a posição do roque. Sem contestar, de forma nenhuma,
que estes lances enfraquecem a posição do rei e criam muitas vezes objetivos de ataque para
o adversário, temos que constatar, que em muitos casos, especialmente quando os perigos de
um ataque direto sobre o roque diminuíram devido a trocas de peças, uma “janelinha” se
mostra necessária para evitar surpresas desagradáveis, como veremos nos próximos
exemplos.

A partida entre Adams e Torre no Torneio de New Orleans


em 1926, figura sem dúvida, em todos os tratados de tática
do mundo. Isto não somente pela combinação perfeita, mas
também pela forma estética que ela apresenta que nos deixa
maravilhados, tornando este exemplo inesquecível. Esta
posição poderia ser enquadrada, também na categoria das
combinações baseadas em peças sobrecarregadas, pelo fato
de que aqui a dama preta não pode defender a oitava linha.
O elemento característico da combinação é a ameaça de
mate na última fileira e por isso, este exemplo foi enquadrado
neste capítulo. As brancas perceberam estes detalhes e
começaram uma combinação de seis lances onde se
verificou uma “volta ao mundo”.
1.Dg4! Db5 (esta é a única casa onde a dama preta pode colocar-se sem deixar a defesa da
torre de e8. É claro que não se pode jogar 1...Dxg4 por causa de 2.Txe8+ seguido de mate)
2.Dc4! Dd7 (de novo a dama branca não pode ser tomada por causa do mate) 3.Dc7! Db5 (a
dama branca continua sendo um “tabu” pela mesma ameaça) 4.a4! (atrai a dama para a casa
a4 para poder sofrer novo ataque. Nota-se que se as brancas jogassem 4.Dxb7?, as pretas
ganhariam por causa da fraqueza da oitava linha com 4...Dxe2! 5.Txe2 Tc1+ 6.Ce1 Txe1+
7.Txe1 Txe1++. A falta da “janelinha” daria o ganho às pretas) 4...Dxa4 5.Te4!! (a chave da
combinação! Agora, além da dama branca atacada em c7, também a torre de e4 está atacada
duas vezes, mas ela também é um “tabu”, pois se 5...Dxe4 6.Txe4 e as pretas perdem a dama
por uma torre em virtude de não poderem retomar a dama branca por causa do mate. E se
5...Txe4 6.Dxc8+ seguido de mate) 5...Bb4 6.Dxb7! agora as brancas ganham porque a dama
preta não possui nenhuma casa na diagonal a4-f8 e percebe-se a diferença do comentário
relativo ao lance 4, pois a torre branca estando em e4, ao invés de e2, tira o lance salvador
Dxe1 das pretas.

O exemplo é de uma partida de Alekhine jogada em uma


simultânea. Embora como se sabe o tempo de reflexão numa
simultânea ser curto, com sua percepção tática, o ex-
campeão mundial descobriu rapidamente o caminho da
vitória explorando o rei preto em h8 sem “janelinha”. 1.Tc8!
(o peão em d7 serve às brancas como ponto de sustento
para a penetração da torre na oitava, apesar da casa c8
parecer estar suficientemente controlada pelas pretas)
1...Txc8 (se 1... Dxd7 2.Df8+ seguido de mate) 2.De7!! e as
pretas abandonaram porque se 2...Dxe7 3.dxc8D+ e mate no
próximo lance, e se 2...Tg8 3.d8D e as brancas ganham, pois
possuem duas damas contra torre e dama.

Kotov, que na época era


considerado um dos cinco melhores jogadores do mundo,
achou que poderia tomar o peão em d4 sem maiores riscos e
jogou 1.Cxd4? , mas seu jovem adversário - o mestre italiano
Paoli - arrematou a posição baseado no tema que ora
estudamos 1...Cc5 2.Dg4 (a dama branca precisa defender o
cavalo e a torre de d1, pois se ameaça e5), não havendo
inclusive a tentativa de contra-ataque 2.De3 e5 3.Df3 Txe4!
4.Txe4 exd4 5.Dxf6 Te1++. 2...Bxe4 3.Txe4 De5! 4.Td1
(única), De4!! (tema conhecido de exemplos anteriores: a
dama branca está sobrecarregada, não podendo defender a
torre de d1 e a si mesma. Não esquecendo ainda que a torre
de c2 se encontra atacada!) Kotov vendo-se perdido,
abandonou após alguns lances.

A seguir temos um exemplo onde as brancas exploram com


uma combinação típica a fraqueza da oitava linha
em conexão com a coroação de seu peão: 1.Dxd8! Txd8
2.Te8+ Df8 3.Bf7! e as pretas abandonaram porque não
se pode defender a seqüência 4.Txf8+ Txf8 5.Be8
coroando em seguida.

Encerramos nosso capítulo


mostrando um exemplo, a nosso
ver espetacular, de uma
combinação complexa que tem
como objetivo explorar a fraqueza
da oitava linha. Gheorghiu com
as brancas, jogando esta partida
na final do Campeonato Mundial Juvenil de 1961, arrematou
sua vantagem posicional da seguinte maneira: 1.Txd6!
(desvia um dos defensores do quadro c8 e coloca a dama
numa casa desfavorável) 1...Dxd6 2.Cxf7+! Txf7 3.Te8+ Df8
as pretas são obrigadas a entregar a dama pois se 3...Tf8 seguiria a chave da combinação
4.Dd2!! e a dama preta não pode defender-se juntamente com a torre de f8 e o peão de h6.
Agora as brancas tem notória vantagem material que concretizaram em apenas mais seis
movimentos: 4.Txf8+ Txf8 5.Dd2 Rg8 6.Dd4 Tf7 7.Bxc8 Txc8 8.Dxc5 Tcf8 9. Bd4 e as pretas
abandonaram.

Fundamentos de tática: capítulo XI - MI Alexandru Segal

Veja o capítulo X

Combinações baseadas em “zugzwang”

A palavra “zugzwang” é muito usada na terminologia enxadrística. De proveniência alemã, mais


conhecida por “zug” simplesmente, refere-se àquelas posições em que a obrigação de jogar é
prejudicial; posições em que, se as regras de xadrez permitissem, seria preferível “passar” a
vez!

A posição de “zug” surge especialmente no final da partida quando o número das peças
diminuem na mesma proporção que as possibilidades de fazer bons lances.

Isso explica porque o “zug” é utilizado com muita habilidade pelos compositores de finais
artísticos nos quais a sua imaginação fecunda cria, muitas vezes, posições maravilhosas onde
a obrigação de jogar chega a ser uma calamidade!

Neste final artístico de Kliatzkin o ganho parece impossível à


primeira vista, pois ambas as peças brancas estão atacadas.
1.Txb3! a torre é sacrificada tirando qualquer possibilidade
das pretas de retirarem sua dama, 1...cxb3 2.g6!!
sacrificando também o cavalo, as brancas bloqueiam
completamente a dama negra, 2...Dxg8 (forçado, pois se 2...
De8 3.Ce7 e as pretas não podem defender a ameaça g7,
seguido de g8) 3.Rc5! (as brancas atingiram o objetivo: as
pretas se encontram em “zug”, pois nem a dama nem o rei
podem se movimentar por causa dos peões brancos, já que
nesse caso seguiria a seguinte variante: 3...Dh8 4.g7+ Dxg7
5.fxg7+ Rxg7 6.Rd6 Rf6 7.Rxd7 Rxf5 8.Rc6 Re4 9.Rb5 Rd3
10.Rb4! Rc2 11.Ra3 e as
brancas ganham o peão e
a partida, pois novamente temos uma posição de “zug”)
3...d6+ 4.Rd4 d5 5.Rc5 d4 6.Rxd4 e as pretas agora perdem
a dama e a partida, tanto 6...Re8 como 6...Dh8 recebem
xeque-duplo.

Este exemplo é um dos mais bonitos sobre o tema de “zug”.


A primeira vista parece simplesmente impossível que as
brancas queiram ganhar, pois o xeque perpétuo aparece
como única alternativa por causa da desvantagem material
de dois peões. 1.De7+! Dg5 (forçado, pois se 1...g5 2.De1+
ganha) 2.De4+! Dg4 3. De3!! (após este incrível lance as
pretas abandonaram por causa da posição de “zug” total.
Embora a jogada em si não ameace nada, o fato de as pretas terem o lance as prejudicam
fatalmente. Se 3...Df5 4.Dg3++, se 3...Dg5 4.Dh3++ e se 3...g4 4.Df2+ seguido de mate). Uma
tristeza perder um final desses com dois peões a mais.

O “zug” é um elemento tático que deve ser considerado mormente em finais simples de reis e
peões (veja exemplo 1) e em geral nas posições de poucas peças.

Fundamentos de tática: capítulo XII - MI Alexandru Segal


Veja o capítulo XI

Combinações baseadas no bloqueio ou liberação de uma casa


Este tipo de combinação, estritamente ligado ao tema de mate, apresenta na maioria das
vezes, os bloqueios de casas tendo como objetivo obrigar o adversário a trazer uma de suas
peças para um quadro que impeça a fuga do próprio rei frente às ameaças de mate.

Igualmente, a liberação de uma casa é necessária para tornar possível a ocupação da mesma
por uma outra peça. Na continuação esta peça utiliza a casa liberada para começar ou
continuar um ataque.

Como outros tipos de combinação, também estes se encontram tanto em bonitas realizações
de compositores como na prática.

Este problema artístico foi elaborado por Gurvichi e


classificou-se em segundo lugar num concurso organizado
pela revista soviética "Schamati", em 1929. Na posição inicial
as brancas não têm vantagem material e o ganho não será
possível se não houver a possibilidade de uma combinação
de mate.

1.Cb2 (corta as possibilidades de fuga do rei preto e ameaça


ao mesmo tempo 2.Th4, seguido de mate) 1...Te4! (esta é a
única possibilidade para as negras defenderem seus pontos
fracos "h4" e "g4". Se 1...b5 2.Th4 Cc6 3.Ta4+! bxa4 4.Cc4+
+ - note-se que a torre foi sacrificada em "a4" para bloquear a
casa). 2.Be3! (o bispo ataca o cavalo preto e visa a casa
"c5", não podendo ser capturado por causa de Cc4+, duplo).
2...Cc6 3.Bc5+ Cb4 4.Cd3 a5 5.Bxb4+! (um lance inesperado, pois diminui as forças das
brancas, porém o objetivo é continuar o bloqueio do rei preto e abrir a coluna da torre para a
manobra final) 5...axb4 6.Th8 Te6 (praticamente forçado, pois se 6...Ra4 7.Cc5+ e se 6...b2
7.Ta8+ seguido de Cc5+, ganhando a torre) 7.Ta8+ Ta6 8.Txa6+!! (um lance incrível para
quem joga para ganhar, pois só sobrou um cavalo para as brancas, mas agora irá se completar
o auto-bloqueio total do rei preto) 8...bxa6 9.Cb2! (agora as
brancas fecharam todas as retiradas e as pretas são
obrigadas a fazer lances únicos de peão, "suicidando-se").
9...a5 10.Ra1 a4 11.Cc4 mate. Uma excelente realização
que produz uma impressão estética fora do comum.

O exemplo refere-se a uma partida disputada entre dois


jogadores menos conhecidos: Mann Hime e Regensburg,
jogada por correspondência em 1912. Este exemplo se
tornou clássico, sendo
considerado até hoje como
modelo perfeito de
combinação baseada em
liberação de casa. Se as
brancas tivessem a dama
na coluna "h" em vez de
uma torre, poderiam dar
mate num só movimento
jogando Dh7++. Em vista
disso, elas tratam de
conseguir uma posição
semelhante através do
sacrifício das duas torres.
Neste caso, a casa liberada é "h1". 1.Th8+! Rxh8 2.Th1+
Rg8 3.Th8+ Rxh8 4.Dh1+ Rg8 5.Dh7++. O mecanismo
desta combinação é simples: as peças inúteis são
sacrificadas com tempo para dar lugar à peça útil.

Outro exemplo - que desta vez surgiu na prática - apesar de ser fácil a solução (mate em dois
lances), mostra perfeitamente o conceito ora estudado. Se as brancas jogassem Cb6+, as
pretas teriam uma única casa de fuga em "c7". Portanto, a solução é 1.Dc7+ Cxc7 (bloqueando
a única casa de fuga) 2.Cb6++.

Com este exemplo encerramos este capítulo, mostrando a bonita combinação efetuada por
Pawelchak. 1.Txe6! Txe6 2.Dg6+ Txg6 3.hxg6+ Rh8 4.Cf7++.

Concluindo, podemos afirmar que as combinações de bloqueio e liberação de casas têm


destacada importância na galeria das combinações enxadrísticas.

Fundamentos de tática: capítulo XIII - MI Alexandru Segal

Veja o capítulo XII

Combinações baseadas na eliminação e expulsão de peças do adversário


Nada pode ser mais natural que o desejo de qualquer atacante de eliminar ou expulsar as
peças do adversário que estão no caminho da realização de suas intenções.

Para atingir este objetivo são utilizadas na prática enxadrística inúmeras combinações,
numerosas ciladas contendo uma gama muito larga de idéias. Na verdade encontramos desde
a tomada imediata da peça defensora até a expulsão ou desvio através dos meios mais sutis.

Muitas vezes o tema principal da combinação é acompanhado de outras combinações


secundárias (cravadas, ataque duplo etc) isto significando que esta categoria de combinações
tem exemplos muito variados.

A posição do diagrama é o resultado de uma famosa partida


disputada na Olimpíada de Munique, em 1958, entre o ex-
campeão mundial Mikhail Tal e um dos melhores mestres
ingleses H. Golombek.

O rei negro parece bastante bem guarnecido e após a


retirada do cavalo branco as pretas poderiam consolidar a
posição com Cd5, por isso, Tal sacrifica o seu cavalo para
realizar uma combinação típica no tema de expulsão de peça
defensora. 1.Tf4! bxc5 2.Txh4 Txh4 3.Dg7+!! (as pretas têm
uma torre e um cavalo a mais, mas a penetração da dama
branca é decisiva. Isto representou o objetivo das brancas,
sendo que a combinação significa um ataque de mate ao rei
preto) 3...Re8 4.Dg8+ Rd7
5.Dxf7 Rd6 6.De7+ e as negras abandonaram.
A decisão das pretas é certa, pois se 6...Rd5 7.Dxc5+ Re4
8.De4++. Uma excelente realização de Mikhail Tal.

O exemplo que mostramos agora necessita um estudo


atento, pois pode ser bastante enganoso. Olhando
superficialmente parece que as brancas vencem com
facilidade com o lance 1.Dxh5. Neste caso percebe-se que
se 1...gxh5 segue 2.Bh7++ e se 1...Bxg5 2.Dh8++, portanto
aparentemente não existe defesa para as pretas. Porém,
Vera Menchik, primeira campeã mundial tendo conquistado o
título contra Sônia Kraf num match cujo diagrama que ora
apresentamos refere-se a 14ª partida, percebeu que seria
errado 1.Dxh5 por causa de 1...Dxh2+ (recurso engenhoso que salvaria a partida, pois se
agora 2.Dxh2 Cxh2 3.Rxh2 Bxg5 e a posição continuaria
igual), portanto, sendo 1...Dxh2+ o lance salvador é
necessário procurar algo que expulse ou desvie a dama
preta. Pensando dessa forma surge claramente a
continuação certa que ocorreu na partida. 1.Td7! após este
lance as pretas
abandonaram, pois se
1...Dxd7 2.Dxh5 (o que
agora tem caráter de mate
sem defesa), e se
1...Dxh2+ 2.Dxh2 Cxh2
3.Txe7! Cxf1 4.Txb7 e as
brancas ganham
facilmente por causa do
material excedente. Sem dúvida uma boa partida de Vera
Menchik, a melhor jogadora de antes da segunda guerra
mundial.

Na posição do diagrama respectivo, Mackenzie com as


brancas já tinha sacrificado uma peça para manter o rei no centro. Começa agora uma
combinação decisiva com sacrifício de torre, dama e bispo dando mate com as únicas peças
restantes. 1.Txe5+ dxe5 2.Dxe5+ Dxe5 (primeiro desvio) 3.Bc6+ Txc6 (segundo desvio)
4.Td8++.

Analisando a posição do diagrama 40 podemos perceber que qualquer xeque na coluna "h"
seria decisivo embora as brancas possam defendê-lo com Ch3 ou Th3. Mas uma só dessas
defesas são insuficientes por causa da possibilidade de um sacrifício em "h3" que abriria
decisivamente a diagonal do bispo de b7. Esta constatação leva a idéia da combinação que
segue. 1...Dxg5! (uma das peças que defende o ponto h3 deve ser eliminada) 2.fxg5 Th8+
3.Th3 Txh3+ 4.gxh3 c5+ 5.De4 Bxe4++.

Fundamentos de tática: capítulo XIV - MI Alexandru Segal

Veja o capítulo XIII

Combinações baseadas no bloqueio e captura de peças

Além do tema de mate, o ganho de material é assunto habitual no mundo das combinações.
Qualquer combinação, começando com a mais simples cravada e terminando com as forças
mais complexas pode ter como objetivo apenas o ganho de um peão. Normalmente, as várias
combinações estão ligadas a idéia de ganho de material. Às vezes, este tema aparece de
modo independente, mas mesmo assim, utiliza-se para sua realização elementos básicos
(ataque duplo, desvio de peça defensora, etc).

Nosso capítulo trata de uma forma especial, o ganho de material, normalmente naqueles casos
em que a captura de peça do adversário é precedida de uma combinação típica de
imobilização ou bloqueio da mesma.

Na posição do diagrama, as brancas estão à frente de um


dilema. Se defendem o avanço do peão preto com 1.Bc5
hxg6, e as petas liberam a torre. O ganho é obtido através de
uma combinação engenhosa. 1.g7 f2 2.Be7 f1=D 3.Bf6
Dxf6! (último recurso de defesa das pretas. Parece que
agora conseguiriam salvar a partida, pois se 4.exf6 as pretas
estão afogadas e se 4.gxh7+ e elas retomam com a dama. E
mesmo assim...) 4.gxh8=D+, Dxh8 5.d4! e o objetivo foi
atingido. A dama preta é prisioneira no canto do tabuleiro e a
obrigação de jogar faz perdê-la em qualquer casa. Um
exemplo que lembra o "zug". Agora o final está perdido. Por
exemplo: 5...Dg7 6.hxg7 h5 7.e6 h4 8.e7 h6 9.Rd7 h2
10.e8=D+ e as brancas
ganham.

Este final artístico composto pelo problemista russo Guliaev,


em 1940, apresenta uma posição final maravilhosa onde os
peões brancos conseguem manter prisioneira uma
dama!

O conhecido problemista Herbstmann realizou esta


pequena obra prima num final aparentemente simples.
Como se sabe, rei e dois cavalos não é vantagem suficiente
para a vitória contra um rei sozinho. Mas, uma vez que
temos uma torre de cada lado a vantagem de dois cavalos
é enorme pois mais cedo ou mais tarde a parte que tem torre
e dois cavalos consegue uma posição de mate ou algum duplo tomando a torre e ganhando a
partida. Na posição do diagrama, a torre branca está atacada duas vezes e não se vê
possibilidade de defender o cavalo branco, pois a um lance de torre segue 1...Cac3+ seguido
de Txa1. As brancas conseguem uma pequena e maravilhosa combinação com a qual obtêm
empate: 1.Tf3+ (a importância deste xeque é atrair o rei para a segunda linha e para isso darão
xeques até que o rei se encontre nessa horizontal) 1...Rg2 2.Tb3 Cac3+ 3.Rc1! Txa1 4.Tb2+
(eis o porquê de colocar o preto na segunda linha). 4...Rf3 5.Ta2!! (a chave da combinação)
5...Cxa2 (se 5...Txa2 o rei branco está afogado) 6.Rb2! a torre será capturada e obter-se-á o
empate.

Este último tipo apresentado encerra os 10 tópicos que formam a base dos elementos táticos
que se encontram na prática enxadrística e que estão encaixados em todas as combinações,
sejam elas simples ou complexas.

Evidentemente os elementos táticos aqui apresentados aparecem isolados nas combinações


simples ou elementares. Nas combinações completas (que serão objeto de nosso próximo
estudo) estes elementos vêm-se interligados, podem haver dois ou mais deles num só
exemplo.

Fundamentos de tática: capítulo XV - MI Alexandru Segal

Veja o capítulo XIV

Chegamos ao fim do nosso curso.

Seu objetivo foi apresentar rapidamente os dez tipos de combinações elementares para que os
amadores do xadrez tenham uma sistematização básica da tática do jogo.

Nossa visão não é, sem dúvida, a mais completa possível. Para objetivos práticos evitamos
uma divisão demasiada dos tipos de combinações porque isso leva a um fracionamento muito
grande do material, dificultando sua sistematização. Uma classificação mais simples é também
mais fácil de ser absorvida, e, em conseqüência, mais útil do ponto de vista prático.

Apresentaremos a seguir dois exercícios de cada capítulo correspondente a cada elemento


tático. Recomendamos como plano de estudo que os leitores que estudem os capítulos em seu
conteúdo para em seguida passarem a resolver os exercícios correspondentes. As posições
desses últimos devem ser colocadas sobre um tabuleiro e suas análises e variantes
correspondentes (solução) ser anotadas em separado e confrontadas com as respostas que
seguem aos mesmos. É aconselhável que os leitores não efetuem análises simultâneas com os
movimentos próprios no tabuleiro para respeitar, na medida do possível, as mesmas condições
de uma partida ao vivo.

Capítulo V - Cravada e descravada de peças.

Capítulo VI - Peças sobrecarregadas.


Capítulo VII - Interferências de linhas.

Capítulo VIII - Ataque duplo e xeque descoberto.

Capítulo IX - Abertura de linhas.


Capítulo X - Fraqueza da última linha.

Capítulo XI - "Zugzwang".

Capítulo XII - Bloqueio ou liberação de uma casa.


Capítulo XII - Eliminação ou expulsão de peças adversárias.

Capítulo XIV - Bloqueio e captura de peças.

Soluções

Onesciuc - Gama
Diagrama 43 - Exercício 1, 1955

1.Cxf3! exf3 2.Dg7+!! Txg7 3.Te8+ Tg8 4.Txg8+ Rxg8 5.gxh4+- 1-0

Gendel - Schuchkevic
Diagrama 44 - Exercício 2, 1956

1...Txg3+! 2.Txg3 Tg8!!+- 0-1

Alatortzev - Konstantinopolski
Diagrama 45 - Exercício 3, 1937

1...Bxc4!! 2.Dxc4 Td1+! 3.Rg2 Dxc4 4.Txc4 Txa1+- 0-1

Reti - Fahrni
Diagrama 46 - Exercício 4, 1914 1.Txc8 Dxc8 2.Dg6! Tf8 [2...Dd7 3.Dxh6#] 3.Dxg7# 1-0

Nenarokov - Gligoriev
Diagrama 47 - Exercício 5, 1923

1...Bd6!! 2.Bxd6 [2.Txd6 h2 3.Txd2 (3.Th6 d1D+-) 3...h1D+-] 2...d1D+- 0-1

Broer - Laurentius
Diagrama 48 - Exercício 6, 1936

1.Td7! Bxd7 2.Bxh7+!! Cxh7 3.Dxf7+ Rh8 4.Cg6# 1-0

Bakulin - Cistiakow
Diagrama 49 - Exercício 7, 1959

1...Df1! 2.Cxf1 Txg2+ 3.Rh1 Txf2+ 4.Rg1 Tg2+ 5.Rh1 Txc2+ 6.Rg1 Cf3+ 7.Rh1 Cg5+ 8.Rg1
Cxh3# 0-1

N. N. - Blendinger
Diagrama 50 - Exercício 8, 1939

1...Cf5!! 2.Dxe2 Cg3+ 3.hxg3 Th8+ 4.Dh5 Txh5# 0-1

N. N. - Richter
Diagrama 51 - Exercício 9

1...Tf2!! 2.Bxf4 [2.Rxf2 Ch3#; 2.Txf2 Te1+ 3.Tf1 Ch3#] 2...Tg2+ 3.Rh1 Txg3+ 4.Tf3 Bxf3# 0-1

Kolich - Loyd
Diagrama 52 - Exercício 10, 1867

1.Dxg6! hxg6 2.Tf3 Ted8 3.Th3# 1-0

Lowizky - Lartakower
Diagrama 53 - Exercício 11, 1937
1...Db6+ 2.Rh1 Db5 3.Rg1 Dc5+ 4.Rh1 Dc4 5.Rg1 Dd4+ 6.Rh1 De4! 7.Dc1 Dd3 8.Rg1 Dd4+
9.Rh1 Dd2! 10.Dg1 [10.Dxd2 Tf1#; 10.h4 Dxc1+] 10...Dxg5+- 0-1

Bernstein - Kotov
Diagrama 54 - Exercício 12, 1946

1.Th8+ Rg6 2.f5+ exf5 3.Dxh6+ gxh6 4.Tag8# 1-0

Bolbochan - German
Diagrama 55 - Exercício 13, 1960

1.Tc8! a5 2.Tc7!! Bd8 3.Tc5+ Rxe4 4.Txc4+ Td4 5.Txd4+ Rf5 6.Txd8+- 1-0

John - Saemisch
Diagrama 56 - Exercício 14

1...Rg7!! 2.De7 [2.De2 hxg3 3.Dg2 Dxg2+ 4.Rxg2 gxh2 5.Bxh2 Ce3+ 6.Rf3 Cc2+-] 2...Cf2+!
3.Bxf2 Df1+ 4.Bg1 Df3# 0-1

Dinamarca - 1948
Diagrama 57 - Exercício 15, 1948

1.Cf6+! gxf6 2.Dh3 Tfe8 ou qualquer outro lance - seguido de mate 3.Dh8# 1-0

Sokolski - Hovener
Diagrama 58 - Exercício 16, 1936

1.Dh5+ gxh5 2.Cf5# 1-0

Bulah - Petrov
Diagrama 59 - Exercício 17, 1951

1...Txf3! 2.gxf3 Be4+! 3.Dxe4 Dc1+!! 4.Txc1 Td2# 0-1

Opocenski - Hromadka
Diagrama 60 - Exercício 18, 1918

1.Txd5+! cxd5 2.Cd3+! cxd3 3.f4# 1-0

Freymann - Rabinovith
Diagrama 61 - Exercício 19, 1934

1.Ca4 Dd8 2.Cb6 Dxb6 [2...axb6 3.Dxa8±] 3.Ba5 Dxa5+ 4.Dxa5+- 1-0

Zahodiakin,G - Composição
Diagrama 62 - Exercício 20, 1951

1.Th7+ Re6 [1...Rg6 2.Th6+ Rxh6 3.Bf6=] 2.Th1 Cc3+ 3.Ra6!! Cb1 4.Te1+ Rf7 5.Bd6! a1D
6.Te7+ Rg6 7.Te6+ Rf5 8.Te5+ Rf6 9.Txa5= Dc3 10.Be5+ Dxe5 11.Txe5= ½-½
Fim

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