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VARAIS

Penduro-me em varais de quintais velhos, Pra me refrescar e quem sabe Secar as lgrimas ao sabor dos ventos. Primeiro me lavo, esfrego, enxaguou bem. Ensabo e alvejo. Depois toro e retoro meu corao: Sujo, cansado, surrado. Fico exposto ao sol, ao perigo, vida, E quem sabe aos meninos malinos Que derrubam ou sujam as roupas limpas E irritam quem quer tudo limpo, polido. Fico dependurado em janelas esperando, me secando... O sol castiga o vento alivia, Os prendedores me doem na carne. Eu me desgasto com o uso, com o tempo, com o morfo. Amacio, centrifugo, me passo, engomo Dobro-me, me guardo: Guarda-roupas, cruzeta, naftalinas.

Emilson Lopes

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