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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

Faculdade de Comunicação
Tópicos Especiais em Comunicação 2 – TV Pública
Professora Maria Heloísa Pereira de Toledo Machado
Camila Nascimento
Tajla Medeiros
Tatiana Tenuto

Iluminismo: Montesquieu

Brasília
Agosto/2008
I. CONTEXTO HISTÓRICO.....................................................................................................3
II. ILUMINISMO.......................................................................................................................4
III. QUEM FOI MONTESQUIEU.............................................................................................5
IV. TEORIA DA TRIPARTIÇÃO DOS PODERES DO ESTADO...........................................6
V. IMPORTÂNCIA E CONCEPÇÃO DAS LEIS.....................................................................7
VI. CONSEQÜÊNCIAS............................................................................................................9
VII. BIBLIOGRAFIA..............................................................................................................10
I. CONTEXTO HISTÓRICO

O Iluminismo é datado do século XVIII, o Século das Luzes. No entanto, antes das
explicações a respeito desse movimento cultural, cabe ressaltar o contexto vivido pelos
intelectuais da época.
Os séculos XVII e XVIII foram marcados pelo auge do Estado absolutista. A base da
economia européia era o mercantilismo, caracterizado por guerras para aumento de território,
pelos pactos coloniais e pelas altas taxas de importação impostas pelas metrópoles, visando à
manutenção de uma balança comercial favorável. Essa prática econômica contribuiu com o
desenvolvimento da burguesia.
Um dos precursores do Iluminismo foi René Descartes, conhecido como “pai do
racionalismo”. Em Discurso do Método, o matemático recomenda que se duvide de tudo para
chegar à verdade, mesmo daquilo que já foi consagrado como verdadeiro. Descartes estudava
e defendia a universalidade da razão, cujo objeto de estudo era a dúvida racional para a
compreensão do mundo.
Além dele, Isaac Newton também contribuiu fortemente para o pensamento racional.
Foi ele quem explicou o movimento dos planetas e a queda de corpos com o princípio da
gravidade universal. Newton estudou o comportamento dos corpos em movimento,
descrevendo as três leis mais conhecidas da Física: o princípio da inércia, o princípio
fundamental da mecânica e a lei de ação e reação.
II. ILUMINISMO

Essa época da história intelectual foi brilhantemente definida pelo filósofo alemão
Immanuel Kant: o Iluminismo representa a saída dos seres humanos de uma tutelagem que
estes mesmos se impuseram a si. Em poucas palavras, Kant defendeu o conhecimento racional
como meio de desfazer mitos e de duvidar de ideologias tradicionais.
O Iluminismo valoriza a razão e o questionamento, assim como propunha Descartes. A
crença na capacidade racional humana ganha força novamente, junto com a ênfase no
progresso proposto pela defesa da liberdade política e econômica. Isso ocorria devido à
insustentabilidade do modelo mercantilista: o protecionismo alfandegário prejudicava as
relações comerciais, pois a produção de manufaturas não era completamente absorvida pelas
colônias, gerando prejuízos aos burgueses.
O movimento iluminista criticava o absolutismo, o clero e a nobreza. Os filósofos
repudiavam a concentração dos poderes nas mãos de apenas uma figura – o rei – e os
privilégios dos dois primeiros estamentos da sociedade. À época, o monarca tinha o respaldo
do direito divino dos reis para deter o poder completamente; segundo esse princípio, o rei
tinha o direito absoluto de reinar por vontade de Deus. Vê-se, portanto, um confronto direto
entre o questionamento e a atitude de pensamento e ação propostos pelo Iluminismo e o
contexto histórico vivido até aquele momento.
A partir deste ponto, nossa pesquisa irá se concentrar na figura do filósofo francês
Charles de Montesquieu, na sua Teoria da Separação dos Poderes e na discussão a respeito das
leis e das instituições políticas, abordada no livro O Espírito das Leis.
III. QUEM FOI MONTESQUIEU

Charles-Louis de Secondat nasceu a 18 de janeiro de 1689, em Bordeaux, na França.


Nobre e de família rica, Montesquieu se formou em direito pela Universidade de Bordeaux
em 1708. Em 1716, herdou de um tio o cargo de presidente da Câmara de Bordeaux,
juntamente com o título de Barão de La Brède e Montesquieu. No entanto, ele abandonou o
cargo para se dedicar exclusivamente aos livros e aos estudos.
Em 1721, Montesquieu publicou o livro Cartas Persas, no qual faz duras críticas à
religião católica e ao clero - foi a primeira vez que isso acorreu no século XVIII. O pensador
francês viajou por toda a Europa e decidiu morar na Inglaterra, onde ficou por dois anos.
Impressionado com o sistema político inglês, decide por estudá-lo. De volta à França,
Montesquieu escreve sua obra-prima, O Espírito das Leis. Publicada em 1748, essa obra foi
muito criticada, a ponto de figurar no Index Librorum Prohibitorum, o índice de livros
proibidos pela Igreja. Mesmo assim, não foi capaz de impedir seu sucesso. Em resposta aos
críticos, dois anos mais tarde, o filósofo publica a obra Em defesa do Espírito das Leis.
Montesquieu morre aos 66 anos, quase cego, em Paris, deixando inconcluso um ensaio
para a Enciclopédia de Diderot e D’Alembert.
IV. TEORIA DA TRIPARTIÇÃO DOS PODERES DO ESTADO

A separação dos poderes foi desenvolvida por Montesquieu no livro O Espírito das
Leis e visou a moderar o poder do Estado, dividindo-o em funções e delegando competências
aos diferentes órgãos. A Constituição inglesa serviu de inspiração para Montesquieu descrever
cuidadosamente a separação dos poderes em Executivo, Legislativo e Judiciário. Esse
trabalho influenciou várias constituições, inclusive a dos Estados Unidos, e hoje é considerada
uma das pedras angulares do exercício do poder democrático. Segundo Montesquieu, “é
preciso que o poder limite o poder”; para que isso ocorra, as decisões relacionadas ao Estado
não devem ser tomadas por uma só pessoa - no caso, o monarca. Com a divisão dos poderes,
as etapas do processo decisório do Estado também são divididas, ou seja, uma determinada lei
não é julgada nem executada pela mesma pessoa que a criou. Esse fato é de extrema
importância para a legitimação do processo democrático.
No sistema político proposto pelo filósofo, o poder legislativo deveria ser separado em
duas casas: a câmara dos comuns, composta por representantes do povo, e a câmara dos
nobres. As deliberações dessas casas deveriam ser feitas separadamente. Os legisladores eram
os homens que deveriam elaborar as leis para regular o Estado. Quem sanciona ou veta o
projeto de lei, porém, é o poder executivo, cujo representante é o presidente, ao qual também
é atribuída a administração dos interesses públicos. Por fim, o poder judiciário seria exercido
pelos juízes, com o objetivo de julgar de acordo com as leis constitucionais, criadas pelos
legisladores, como dito anteriormente. Vê-se, portanto, a ligação entre os poderes, a
mutualidade na atividade de cada um deles: um fiscaliza o outro, um depende do outro para
continuar o processo político.
V. IMPORTÂNCIA E CONCEPÇÃO DAS LEIS

O Iluminismo tinha como palavra de ordem a razão. Com isso, criticava-se muito o
pensamento tradicional e procurava-se sempre criticar e duvidar, pensar por si próprio. As
ciências exatas tinham muita credibilidade, pois demonstravam que o universo era regido por
racionalidade. E foram as ciências exatas também que deram um novo sentido ao conceito de
lei, já que, até o século XVI, as únicas leis eram as divinas. A idéia de que a natureza podia ter
leis que não eram ordens ou mandamentos demorou a acontecer: de Descartes, que atribui a
um decreto de Deus as leis que descobre nos corpos (conservação do movimento, queda,
choque), passando por Spinoza, que diz que é por metáfora que se vê a palavra 'lei' aplicada
às coisas naturais, pois, normalmente, quando se diz lei, se diz mandamento; até chegar a
Newton, que atribui à natureza as leis universais e racionais. Nascia, portanto, um novo
conceito de lei: o conceito de leis da natureza.
Com Montesquieu, há uma nova definição de lei. Ele acredita que leis são relações
necessárias, que derivam da natureza das coisas. Segundo ele, todos os seres têm as suas leis:
a divindade tem as suas leis, o mundo material tem as suas leis, as inteligências superiores
aos homens têm as suas leis, os animais têm as suas leis, o homem tem as suas leis. Ou seja,
ele ampliou o conceito de lei científica das ciências exatas para todos os elementos e seres
existentes.
É com o conceito de que todos os seres do universo, inclusive Deus, estão submetidos
às leis-relações, que Montesquieu desenvolve a obra O Espírito das Leis, em que ele busca
analisar não o objeto-lei em si, mas realmente a natureza das leis.
À medida que os graus do ser vão se elevando, as leis perdem em fixidez e exatidão. O
filósofo relata: como ser inteligente que é, o homem viola constantemente as leis
estabelecidas por Deus e, do mesmo modo, transforma as que ele próprio estabeleceu.
Portanto, a questão do erro e da transformação e violação das leis é inerente à conduta do
homem e também possui uma lei própria: as leis da violação da leis.
Nesse sentido, as leis criadas pelos legisladores, as que ele chama de leis positivas
(que na verdade consistem em qualquer lei criada pelos homens), devem estar em
conformação tanto com as leis de violação típicas da conduta do homem quanto com as leis
gerais que regem a conduta do homem. Para isso, o legislador deve consultar o cientista
político, para evitar o erro e a inconsistência política.
Apesar de não ter conseguido definir com exatidão quais seriam as leis de violação das
leis e quais as leis que regem a humanidade, Montesquieu contribuiu bastante ao considerar o
conceito de leis cientificas nas ciências humanas, além de ser o primeiro a tratar da ciência
política com embasamento em sociedades reais, não tipos ideais, ou seja, de acordo com os
usos e leis de todos os povos do mundo.
Ainda quanto às leis positivas, Montesquieu reforça a importância delas em todas as
relações que envolvem os homens, já que os corpos não possuem leis positivas por não terem
espírito para desobedecer, mas o homem tem de se conduzir a si próprio. No entanto, é um
ser limitado, está sujeito à ignorância e ao erro como todas as inteligências finitas, e ainda
perde os fracos conhecimentos que possui. Como criatura sensível que é, fica sujeito a mil
paixões. Um ser desta espécie poderia, a todo o momento, esquecer-se de si próprio: os
filósofos aconselharam-no com as leis da moral. Feito para viver na sociedade, poderia
esquecer nela os outros homens: os legisladores chamaram-no aos seus deveres através das
leis políticas e civis.
Montesquieu considera muito importante a existência de leis positivas, principalmente
porque os homens em sociedade tendem a obter vantagem uns sobre os outros, assim como as
nações, caracterizando um verdadeiro estado de guerra: cada sociedade particular passa a
sentir a própria força, e isso produz um estado de guerra entre as nações. Os particulares,
dentro de cada sociedade, começam a sentir a própria força; procuram desviar em beneficio
próprio as principais vantagens dessa sociedade; o que produz, entre eles, um estado de
guerra. Essas duas espécies de estado de guerra levam ao estabelecimento das leis entre os
homens. Podemos perceber isso em mais um trecho de O Espírito das Leis: alguns
legisladores antigos, como Licurgo e Rômulo, dividiram igualmente as terras. [...] Se,
quando o legislador faz semelhante partilha, não cria leis para mantê-la, não faz senão uma
constituição passageira; a desigualdade penetrará pelo lado que as leis não tiverem
impedido, e a república estará perdida.
Essa importância das leis é percebida não só no pensamento de Montesquieu, mas
também por outros pensadores do Iluminismo. Em conseqüência disso, temos o chamado
otimismo jurídico, que persiste até hoje: é a confiança no sistema das leis e no poder do
legislador como capazes de assegurar a virtude e a felicidade dos homens. Se as leis forem
racionais, serão justas, podendo promover o bem-estar geral. A legislação é que deverá tornar
os homens mais felizes, unindo e harmonizando todas as atividades humanas.

VI. CONSEQÜÊNCIAS

O Iluminismo influenciou amplamente a vida política e intelectual dos países


ocidentais. Uma das grandes conquistas foi a redução da influência da Igreja e da nobreza na
política, juntamente com a expansão dos direitos civis. A consolidação dos estados-nação
também foi importante, por assegurar a soberania de um território delimitado, habitado por
uma população de composição étnica e cultural homogênea e governado por elementos dessa
mesma composição.
Além disso, o Iluminismo influenciou a Independência dos Estados Unidos (1776) e a
Revolução Francesa (1789), assim como seus maiores frutos: a Constituição dos EUA (1787)
e a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789), respectivamente. Vale ressaltar
que a Constituição e a Declaração também foram influenciadas pela tripartição dos poderes,
proposta por Montesquieu.
Mais adiante, no século XIX, as idéias iluministas foram associadas também ao
surgimento de novas correntes de pensamento, tais como socialismo, social-democracia e
liberalismo.
VII. BIBLIOGRAFIA

VICENTINO, Cláudio. História Geral. São Paulo: Scipione, 2002.


FILHO, Milton B. B. História Moderna e Contemporânea. São Paulo: Scipione, 1993.
FALCON, Francisco José Calazans. Iluminismo. São Paulo: Ática, 1994.
ALTHUSSER, Louis. Montesquieu: A Política e A História. Lisboa: Presença, 1977.
www.mundodosfilosofos.com.br (12/08/2008 – 15/08/2008)
www.wikipedia.org (12/08/2008 – 16/08/2008)

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