You are on page 1of 24

Espaço e composição

introdução
LINGUAGEM VISUAL
Sempre que projetamos, traçamos ou esboçamos algo, o conteúdo visual
desta comunicação é composta por uma série de Elementos Visuais.
Esses elementos constituem a substância básica daquilo que vemos. São
muitos os pontos de vista a partir dos quais podemos analisar qualquer
manifestação visual, mas um dos mais reveladores é decompô-la nos
elementos que a constituem de forma que melhor possamos compreender
o todo.
Se quiséssemos refletir sobre o número de vocábulos suficientes para se
formar uma Linguagem Visual poderíamos ter como resposta que os
principais são basicamente: o ponto; a linha; o plano; o volume e a cor.

ELEMENTOS CONCEITUAIS
Não é visível, como o próprio nome já diz é um conceito. Ex.: linha que
marca o contorno das coisas. Imaterial.

ELEMENTOS VISUAIS
São sempre visíveis. Ex: o próprio desenho numa superfície. Material.
Piet Mondrian, Composition A, 1923
ELEMENTOS RELACIONAIS
Inter-relacionam as formas em uma composição. Alguns são visíveis (Ex:
direção e posição) e outros invisíveis (Ex: sentido, espaço e profundidade).

27/08/2009
Espaço e composição
introdução

PONTO
O ponto é o início de tudo.
É a unidade mais simples. Qualquer marca, borrão pode ser identificada
com um ponto.
Qualquer ponto atrai o olho, para ser lido.
Elemento visual: indica posição.
Elemento visual: possui tamanho (pequeno) e formato (simples).
Classificado por adensamento (concentração) e rarefação (espaçamento).
Elemento relacional: acontece visualmente quando constituem uma
seqüência visual, formando uma linha de pontos.

Vassily Kandinsky, Linha Transversa

27/08/2009
Espaço e composição
introdução

LINHA RETA
O ponto em movimento. Aguça nossos sentidos de direção e velocidade.
Elemento visual: movimento e trajetória.
Elemento visual: possui comprimento e largura
Elemento relacional: acontece visualmente quando constituem uma
seqüência visual, formando uma linha de pontos. Pode ser vertical,
horizontal ou diagonal.
Linha horizontal: repouso.
Linha verticalidade: possível movimento.
Linha diagonal: em movimento.

27/08/2009
Espaço e composição
introdução

LINHA CURVA
Quando diversas forças agem na linha.
O redondo, o curvilíneo o ondulante, estão em oposição ao caráter racional
da linha reta.
A linha reta não tem fim, já a curva é passível de encontros e flexibilidades.

27/08/2009
Espaço e composição
introdução

PLANO
1
A trajetória de uma linha em movimento, em direção que não seja paralela
a outra, acaba por definir um plano.
Elemento visual: possui comprimento e largura, tem posição e direção,
2 limitado por linhas e define os limites externos de um volume.
1 - Planos Geométricos – Constituídos matematicamente.
2 - Planos Orgânicos – Limitados por curvas livres, sugerindo fluidez e
3 crescimento.
3 - Planos Retilíneos – Limitados por linhas retas que não se relacionam
umas com as outras
4 matematicamente.
4 - Planos Irregulares – Limitados por linhas retas e curvas que também não
se relacionam umas
às outras matematicamente.
5 5 - Planos Caligráficos – Criados sem auxílio de instrumentos, composto por
linhas orgânicas.
6 -Planos Acidentais – Determinado pelo efeito de processos especiais ou
6 obtidos ocasionalmente.

27/08/2009
Espaço e composição
introdução

QUADRADO
Do mesmo modo como o ângulo reto é o ângulo mais objetivo, o quadrado
é também a forma geométrica mais simples e objetiva. Formado por duas
linhas horizontais e duas verticais, que se encontram em quatro ângulos
retos, o quadrado representa o símbolo da terra – do universo criado e da
matéria.
É a antítese do transcendente. Anti-dinâmico por excelência, já que seu
formato o impede de movimentar-se com facilidade. É destinado a ser
estável e limitado.
Associado ao número quatro, o quadrado também é o símbolo do mundo
estabilizado. Daí sua identificação com o poder e o domínio, o controle e a
força. Muitos espaços repousam sobre a forma quadrada: Templos,
cidades, indústrias, presídios, campos militares etc.
É interessante notar que as notas de dinheiro são quadrangulares, bem
com a maioria das portas e janelas, estando diretamente vinculados a idéia
de força e de poder, divisão, fronteirização, controle e vontade racional.
O quadrado é a figura de base do espaço, e representa o tempo enquanto
oposto à eternidade. Se o quadrado tem quatro lados, a terra tem quatro
direções, o homem tem quatro membros, os instrumentos de orientação
têm quatro pontos cardeais.

27/08/2009
Espaço e composição
introdução

CÍRCULO
Assim como já vimos, no caso da linha curva, que é resultado de duas
forças que exercem pressão lateral e simultânea sobre o ponto, sendo uma
delas contínua e preponderante.
Quanto maior for essa pressão lateral, a linha se arqueia cada vez mais até
o ponto limite de fechar-se sobre si mesma gerando o círculo. Quando isso
ocorre, fim e começo se fundem, com toda sua efemeridade e solidez.
A imagem do Uno, do todo. A serpente que morde a própria cauda
simbolizando o ciclo da evolução. Movimento, continuidade,
autofecundação, eterno retorno da manifestação ao interior de sua origem.
Autoconhecimento e meditação sobre si próprio, seus atos e
desejos.
É neste sentido que o traço curvo realiza-se em si mesmo. Enquanto a linha
reta expressa uma tendência desejada e consciente em direção a uma
meta, o que a faz também, exacerbada, sair de si.

27/08/2009
Espaço e composição
introdução

FIGURA E FUNDO
Uma FIGURA se destaca do fundo pela atenção que desperta no
observador.
A FIGURA é o elemento que possui significado, enquanto o FUNDO é o
pouco significativo. A atenção sobre a FIGURA ocorre pelas características
próprias do objeto ou por características presentes no observador.
O contraste é o responsável pela distinção entre a FIGURA e o FUNDO. Nem
sempre as relações entre a FIGURA e o FUNDO são definidas. Pode-se
perceber um
espaço ora como FIGURA, ora como FUNDO.

FORMAS POSITIVAS E NEGATIVAS


A forma é geralmente apresentada como que ocupando o espaço, mas
também pode ser vista como um espaço vazio circundado por espaço
ocupado.
Quando é preenchida como ocupando um espaço, a chamamos forma
positiva.
Quando é preenchida como um espaço vazio, circundado por espaço
ocupado, a chamamos de forma negativa.
As formas, sejam positivas ou negativas são, geralmente entendidas como
um FORMATO, que se encontra sobre um FUNDO. Em casos ambíguos a
relação figura-fundo pode ser reversível.
27/08/2009
Espaço e composição
introdução

INTER-RELAÇÃO ENTRE FORMAS


As formas podem ser organizadas de infinitas maneiras. E dependendo
dessa organização, o efeito espacial é alterado, criando, assim, novos
resultados.
As principais formas de inter – relação por são oito:
a - Separação
As duas formas permanecem separadas uma da outra. Efeito Espacial -
a Ambas as formas podem parecer eqüidistantes do olhar ou uma mais
próxima e a outra mais distante, dependendo do tamanho ou da cor
aplicada.
b - Contato
Se aproximarmos as duas formas, estas começam a se tocar. O espaço
contínuo que as mantém separadas é então rompido. Efeito espacial – No
b
contato, a situação espacial das duas formas também é flexível, como na
separação. A cor desempenha um papel importante na determinação da
situação espacial.
c - Superposição
Se aproximarmos ainda mais as duas formas, uma cruza a outra e parece
estar sobre ela, cobrindo uma porção da forma que parece estar por baixo.
c Efeito espacial – É evidente que neste caso, percebe-se que uma forma se
encontra na frente ou sobre a outra.

27/08/2009
Espaço e composição
introdução

d - Interpenetração
O mesmo que na superposição, sendo que ambas as formas parecem
transparentes. Efeito espacial – Neste caso, a situação espacial é um pouco
d
vaga, porém, é possível colocar uma forma sobre a outra pela manipulação
das cores.
e - União
O mesmo que na Superposição, porém, as duas formas são unidas e se
tornam uma forma nova. Ambas perdem uma parte de seus contornos
e quando estão em união. Efeito espacial – Na união, em geral as formas
parecem eqüidistantes do olhar porque se tornam uma forma nova.
f - Subtração
Quando uma forma invisível cruza uma visível, o resultado é a subtração. A
porção da forma visível que coberta pela invisível também se torna
invisível. A subtração pode ser considerada como a superposição de uma
forma negativa em uma positiva. Efeito espacial – Na subtração, assim
f
como na interpenetração, deparamos com uma nova forma. Nenhuma
variação espacial se faz possível.

27/08/2009
Espaço e composição
introdução

g - Interseção
O mesmo que na interpenetração, mas somente a parte onde as duas
g formas se cruzam é visível. Uma forma menor emerge como resultado da
interseção. Efeito espacial – A interseção pode não nos remeter as formas
originais a partir das quais foi criada.
h - Coincidência
Se aproximamos ainda mais as duas formas, elas coincidem, as duas formas
tornam-se uma só. Efeito espacial – Na coincidência, percebemos somente
h
uma forma, caso as duas formas sejam idênticas, se não forem idênticas
poderá ocorrer os efeitos espaciais citados nos casos acima, como
superposição, interpenetração, união etc.

Referências:
ARHEIM, R. Arte e Percepção Visual: Uma Psicologia da Visão Criadora. São
Paulo: Livraria Pioneira/Ed. USP, 1980.
CHING, Francis D. K. Arquitetura: Forma, Espaço e Ordem. São Paulo:
Martins Fontes, 1987.
Kandinsky, Vassily. Ponto e linha sobre plano. São Paulo: Martins Fontes,
2001.

27/08/2009
Espaço e composição
introdução

EQUILÍBRIO
A internalização psíquica da verticalidade do corpo contra uma base estável
paralela a um horizonte reconhecido, resulta na noção de equilíbrio,
provavelmente, a base consciente e a referência mais forte para o juízo
visual.
Rudolf Arnheim é o autor de um importante, e muito citado, livro onde é
bem sucedido na aplicação da teoria da Gestalt para a interpretação e
entendimento das chamadas artes visuais.
Para Arnheim a idéia de equilíbrio físico — estado no qual duas forças,
agindo sobre um corpo, compensam-se quando forem de igual resistência e
aplicadas em direções opostas — pode ser analogamente aplicável para o
equilíbrio visual. O que uma pessoa percebe não é apenas um arranjo de
cores e formas e tamanhos. Vê, antes de tudo, uma interação de tensões.
Ou seja, percebe tensões que existem como forças, já que possuem
direção, intensidade e ponto de aplicação. Arnheim acredita que estas
tensões podem ser descritas também como forças psicológicas, porque as
“sentimos” psicologicamente na nossa
experiência visual.

27/08/2009
Espaço e composição
introdução

Kandinsky subdivide um plano básico objetivo, um quadrado, em quatro


campos de força: o superior (s), o inferior (i), o da esquerda (e) e o da
direita (d) — ver figura a seguir. O campo superior suscitaria a idéia de
soltura moderada, a vinculação ou atração seria mínima. O campo inferior
suscitaria uma idéia oposta, de gravidade e a vinculação seria máxima.
Depois de dividir o plano básico em quatro partes primárias, Kandinsky
define um esquema genérico de distribuição de “pressão” ou “atmosfera”.
Neste esquema, as partes a e d encontram-se em máxima oposição e a
tensão resultante é chamada metaforicamente de “dramática”. Já as partes
c e b encontram-se em oposição moderada e a tensão resultante é, então,
chamada de “lírica” — ver figura ao lado.
Para Arnheim dois outros fatores exercem influência significativa sobre o
equilíbrio de uma composição: o peso de cada elemento e a direção das
forças visuais que o arranjo e configuração destes elementos produz.

27/08/2009
Espaço e composição
introdução

• Uma posição “forte” no mapa estrutural dará mais peso do que uma
localizada fora do centro ou fora das linhas estruturais;
• Elementos verticalmente orientados parecem mais pesados;
•Os formatos regulares e simples são, em geral, mais pesados que os
irregulares;
• Uma forma isolada pesa mais do que outra de aparência semelhante
circundada por outras figuras;
• O interesse intrínseco de um elemento pode prender a atenção do
observador, seja pela complexidade formal ou por outras peculiaridades;
• As cores luminosas são mais pesadas que as escuras;
• Quando todos os outros fatores se equivalem, o maior elemento será o
mais pesado.

27/08/2009
Espaço e composição
introdução
Trabalho 01 – colagem abstração
Material: papel A4, papeis coloridos, cola e tesoura.
Procedimentos: realizar uma colagem livre - abstração, utilizando como base papel A4(branco)
e recortes/rasgos de papel colorido. Tendo como momentos a escolha da posição do papel
(horizontal/vertical), as cores dos fragmentos de papel, a posição e quantidade de fragmentos
na folha A4 e a finalmente a fixação com cola. No verso da folha escrever uma palavra ou frase
que agregue significado a colagem abstração, o numero do exercício e a identificação do autor.
Digitalizar o trabalho.
Produto: 1 colagem em folha A4.
Trabalho 02 – composição com pontos adensamento/rarefação.
Trabalho 03 – composição com linhas.
Trabalho 04 –composição com quadrados idênticos.
Trabalho 05 – composição com retângulos.
Trabalho 06 – composição com círculos idênticos.
Trabalho 07 – composição com triângulos retângulos idênticos.
Trabalho 08 – composição com quadrados e círculos, figura /fundo.
Trabalho 09 – composição com ponto, linha e plano.
Trabalho 10 – composição orgânica.
Material: papel A4, papeis duplex preto e branco, cola e tesoura.
Procedimentos: realizar composições com a colagem de figuras geométricas em papel A4, a
partir da teoria do ponto, linha e plano, exposta anteriormente. Observando a proporção e
escala dos elementos na folha A4. No verso da folha escrever quais as inter-relações ou
sensações propostas na composição, o número do exercício e a identificação do autor.
Digitalizar os trabalhos. Produto: 8 colagens em folha A4.

20/08/2009
Espaço e composição
introdução

20/08/2009
Espaço e composição
introdução

20/08/2009
Espaço e composição
introdução

20/08/2009
Espaço e composição
introdução

20/08/2009
Espaço e composição
introdução

20/08/2009
Espaço e composição
introdução

20/08/2009
Espaço e composição
introdução

20/08/2009
Espaço e composição
introdução

MATERIAL PARA PRÓXIMA AULA:


-Papel duplex (preto, branco, vermelho, azul, amarelo, cinza);
- Papel A4;
- Cola;
- Tesoura;
-Estilete;
-Réguas, esquadros e escala.; e
- máquina fotográfica digital e cabo.

20/08/2009

You might also like