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O Brasil e as relações internacionais Depois, os holandeses irão estabelecer poderosas produções de cana-de-
1. Introdução: açúcar nas Antilhas holandesas, desbancando a produção brasileira.
Se a primeira metade do século XVI foi de prosperidade para Portugal, o . A Restauração: Em 1640, a Espanha já é uma potência declinante.
mesmo não se pode dizer para a primeira metade do século XVII. De Enfrenta neste ano revoltas na Catalunha e Andaluzia, ambas apoiadas
1580 a 1640, Portugal é anexado pela Espanha, o que leva à tomada do pela França. Assim, ficou facilitada a independência de Portugal.
Nordeste brasileiro pelos holandeses. Portugal consegue a sua . O acirramento do colonialismo: O Estado português, porém, ressurge
independência da Espanha em 1640, tendo que lidar com os holandeses. em péssimo estado financeiro, tendo perdido várias colônias na África e
Diante disso, endurece as condições dos colonos, o que leva a uma série na Ásia, com o problema holandês no Nordeste por resolver e ainda com
de revoltas. uma forte decadência do preço do açúcar no mercado internacional
devido ao surgimento de novas áreas de produção de cana na América.
2. União Ibérica e invasão holandesa: O rei decide, então, por um endurecimento da situação colonial para que
. A União Ibérica (1580-1640): Todo o ouro e prata explorados pelos conseguisse mais fundos para estabilizar o Estado. Cria, então, a
espanhóis na América fazem da Espanha a grande potência européia do Companhia de Comércio do Brasil (16471720) e a Cia de Comércio do
século XVI, possuindo territórios em toda a Europa. Diante de uma Maranhão (1682-5) que deveria monopolizar todo o comércio com o
questão dinástica, Portugal é anexado pela Espanha de Felipe II, sem Brasil, segundo os moldes ingleses e holandeses. Em 1640 é criado
poder reagir ante o poderoso vizinho. também o Conselho Ultramarino, órgão português responsável pelas
. A curta tomada de Salvador (1624): O problema é que a aliada de colônias. Criaram-se ainda os juizes de fora, que seriam os presidentes
Portugal, Holanda, era inimiga da Espanha. E esta veta a participação das câmaras municipais e seriam nomeados pelo Rei, num ato de forte
dos holandeses no comércio do açúcar brasileiro. Contrariados, os centralização.
holandeses tomam Salvador em 1624, sendo expulsos no ano seguinte
por uma esquadra luso-espanhola. 3. As revoltas coloniais:
. A longa tomada do Nordeste (1630-54): Em 1630, com 70 navios, os . A revolta de Beckman (1684): Essa foi uma revolta contra a
holandeses tomam Pernambuco e depois todo o Nordeste, do Sergipe ao centralização e endurecimento do colonialismo a partir da Restauração.
Maranhão. Dominaram ainda portos escravistas na África, dominando, Reação à criação da Companhia de Comércio do Maranhão, que detinha
portanto, a produção de quase todo o açúcar brasileiro e também o o monopólio do comércio na capitania. Os revoltosos propunham o fim
abastecimento de escravos para as plantagens. Era a Nova Holanda, a do monopólio e atacaram a companhia e os jesuítas, que proibiam a
principal colônia holandesa na América. escravização dos índios. A revolta foi massacrada.
. O governo de Nassau (1637-44): Dentro do período holandês, . O quilombo dos Palmares (1630-1694): Revolta totalmente diferente
destacou-se o governo de Maurício de Nassau da Nova Holanda. Nassau da de Beckman. Foi a mais importante resistência escrava existente na
se aliou à elite açucareira nordestina, fornecendo crédito aos colônia. Os escravos resistiam de várias formas, mas principalmente
fazendeiros. com fugas e formação de quilombos – comunidades de escravos
Implantou a liberdade religiosa na colônia, onde antes o catolicismo era fugidos. Palmares foi o maior quilombo existente na colônia, tamanho
a religião oficial. Remodelou Recife e trouxe missões artísticas e esse devido à desorganização das plantagens nordestinas com a guerra
científicas, as primeiras vindas ao Brasil. contra os holandeses. Após várias expedições, o bandeirante Domingos
. A saída dos holandeses: Mesmo com o fim da União Ibérica, os Velho destrói o quilombo.
holandeses se recusam a sair do Nordeste e dá-se a guerra entre Portugal . A guerra dos mascates (1709-11): Esse foi um conflito local, portanto,
e Holanda. Como a Holanda estava em uma difícil guerra com a diferente dos outros dois, foi o conflito entre os senhores de Olinda e
Inglaterra, abandona a colônia da Nova Holanda, obrigando Portugal a Recife. Os comerciantes de Recife não queriam mais se sujeitar à
pagar uma indenização para tal. Câmara de Olinda, o que leva ao conflito. Em 1709 é criada a Câmara
de Recife e em 1711 as cidades são equiparadas, ponde-se um fim ao
conflito.
QUESTÕES DE VESTIBULARES
(UPE) Questão 1: Em Pernambuco, a presença dos holandeses, apesar “As mulheres, sobretudo as velhas, que são mais gulosas de carne
de ter fornecido várias contribuições, sobretudo na administração de humana e anseiam pela morte dos prisioneiros, chegam com água
Nassau, provocou também divergências e conflitos. Com a saída dos fervendo, esfregam e escaldam o corpo a fim de arrancar-lhe a
holandeses, epiderme. Logo depois o dono da vítima e alguns ajudantes abrem o
A - os engenhos recuperam sua capacidade de produção e autonomia corpo e o esquartejam. E então pegam os filhos, uns após outros, e lhes
nos lucros. esfregam o corpo, os braços e as pernas com o sangue inimigo a fim de
B - a concorrência do açúcar antilhano diminui, ajudando a economia torná-los mais valentes. Em seguida, todas as partes do corpo, inclusive
portuguesa. as tripas depois de bem lavadas, são colocadas no moquém, em torno do
C - o algodão passou, de imediato, a ser o produto mais importante da qual as mulheres se reúnem para recolher a gordura que escorre pelas
colônia. varas dessas grandes e altas grelhas de madeira. Em seguida exortam os
D - a escravidão negra diminui, acentuadamente, com a ruína dos homens a procederem de modo que elas tenham sempre tais petiscos e
engenhos. lambem os dedos e dizem iguatu, o que quer dizer "está muito bom!"
E - a crise nos preços do açúcar atinge a economia colonial no Brasil. (Relato adaptado de Hans Staden sobre o canibalismo entre os índios
Tupinambá, em 1554).
(UECE) Questão 2: Assinale a alternativa em que todos os espaços O texto de Staden ilustra a prática do canibalismo entre os Tupinambá.
(hoje, estados) sofreram ofensivas holandesas, no Brasil Colonial. Com base em seus conhecimentos históricos sobre esse ritual
A - Maranhão, Ceará e Pernambuco. tupinambá, é correto afirmar:
B - Ceará, Pernambuco e Amazonas. A - O canibalismo entre os Tupinambá era fruto da fome e do desespero.
C - Ceará, Mato Grosso e Goiás. Como sua técnica de caça e pesca era primitiva, quando estavam
D - Piauí, Pernambuco e Mato Grosso. famintos, comiam seus prisioneiros.
B - O canibalismo era comum entre os povos indígenas americanos, I. A União Ibérica provocou a interrupção do comércio de cana-de-
simbolizando a raiva destes povos contra os europeus opressores, açúcar entre o Nordeste brasileiro e a Holanda.
principais alvos de sua prática canibal. II. As invasões holandesas na Bahia e em Pernambuco foram
C - A prática canibal era ritual entre os Tupinambá e servia centralmente provocadas pela necessidade de os holandeses recuperarem os capitais
para retirar do morto (em geral guerreiros valentes e inimigos) seus investidos na lavoura de cana-de-açúcar, mantendo o comércio do
poderes e coragem. açúcar.
D - Os Tupinambá eram parte de uma minoria de índios primitivos e III. A expansão territorial do século XVII foi ocasionada, inicialmente,
sanguinários, que, por não saberem plantar ou criar animais, comiam pela descoberta de minas de ouro no sul do Brasil.
homens. IV. O ciclo bandeirante de apresamento ao índio contou com o apoio
E - O canibalismo era um ritual indígena que expressava o poder e a dos jesuítas nas Missões do Guairá e do Tape, no sul do Brasil.
riqueza dos Tupinambá, os quais comiam seus líderes internos menores A análise das afirmativas permite concluir que somente são corretas:
para exaltar o poder central diante dos cacicados locais. A - I e II
B - I e III
(UPE) Questão 4: A administração de Maurício de Nassau continua C - II e III
criando polêmica entre os historiadores. Não há como negar, porém, que D - II e IV
Nassau: E - III e IV
A - estabeleceu uma boa relação com os grandes proprietários, evitando,
com habilidade, a crise da produção do açúcar. (UFF/RJ) Questão 9: O domínio holandês no Brasil, sobretudo no
B - promoveu expedições militares, conseguindo expandir o domínio governo de Maurício de Nassau, foi marcado por grande
holandês até Salvador na Bahia. desenvolvimento cultural e artístico. Tal processo pode ser relacionado a
C - preocupou-se em modernizar o Recife, trazendo intelectuais características peculiares da República das Províncias Unidas no século
europeus que divulgaram idéias renascentistas. XVII. Relativamente a este momento histórico é incorreto afirmar:
D - mudou os hábitos religiosos e culturais cotidianos, combatendo o A - A assimilação da arte, identificada mais fortemente na produção
catolicismo. artística de Rembrandt, testemunhou o poderio da burguesia holandesa
E - era um dos sócios da Cia. das Índias Ocidentais e tinha projeto de do período.
expandir o domínio holandês pela América. B - Os holandeses viviam numa república descentralizada que
encorajava não só a eficiência econômica, como também o
(UFPE) Questão 5: A União Ibérica durou 60 anos e teve influência na florescimento das artes e ciências.
colonização portuguesa do Brasil. Durante o período da união entre C - O calvinismo foi o fator determinante para o desenvolvimento do
Portugal e Espanha, o Brasil: capitalismo holandês.
A - conseguiu ficar mais livre da pressão dos colonizadores europeus. D - A cultura holandesa era mais receptiva às inovações, assim como
B - atingiu o auge da sua produção açucareira com ajuda de capitais aos elementos estrangeiros.
espanhóis. E - A inexistência de uma corte contribuiu para que a burguesia
C - foi invadido pela Holanda, interessada na produção do açúcar. holandesa não assimilasse, mais efetivamente, o consumismo
D - conviveu com muitas rebeliões dos colonos contra o domínio exacerbado ditado pelos padrões culturais europeus.
espanhol.
E - registrou conflitos entre suas capitanias, insatisfeitas com a GABARITO: questão 1: E - questão 2: A - questão 3: C - questão 4: C -
instabilidade econômica. questão 5: C - questão 6: A - questão 7: D - questão 8: A - questão 9: C -
questão 10: B
(UFTM/MG) Questão 6: Os holandeses invadiram parte do Nordeste
brasileiro no século XVII e, sob Maurício de Nassau (1637-1644), (UFPel/RS) Questão 1: No decorrer do período colonial no Brasil os
ocorreu o auge desse domínio. A administração de Nassau foi interesses entre metropolitanos e colonos foram se ampliando.
caracterizada: “O descontentamento se agravou quando, a 1º de abril de 1680, a Coroa
A - Pela concessão de créditos aos senhores de engenho e por incentivos estabeleceu a liberdade incondicional dos indígenas, proibindo
à produção cultural, com a vinda de artistas e cientistas. taxativamente que fossem escravizados. Além disso confiou-os aos
B - Por uma política de tolerância religiosa e pela tomada das terras dos jesuítas, que passaram a ter a jurisdição espiritual e temporal das aldeias
colonos portugueses, a fim de assegurar aos holandeses a produção indígenas.Visando solucionar o problema da mão-de-obra para as
açucareira. atividades agrícolas do Maranhão, o governo criou a Companhia do
C - Pela regularização de fornecimento de escravos africanos e pela Comércio do Estado do Maranhão (1682).
proibição à participação política dos senhores de engenho. Durante vinte anos, a Companhia teria o monopólio do comércio
D - Pelo aumento dos impostos cobrados aos colonos portugueses e pela importador e exportador do Estado do Maranhão e do Grão-Pará. Cabia-
modernização dos engenhos de açúcar mediante investimentos. lhe fornecer dez mil escravos africanos negros, à razão de quinhentos
E - Pela utilização intensiva de mão-de-obra escrava indígena e pela por ano, durante o período da concessão outorgada.”
política de arrocho colonial, com reforço do monopólio. AQUINO, Rubim Santos Leão de [et al.]. Sociedade Brasileira: uma
história através dos movimentos sociais. 3. ed., Rio de Janeiro: Record,
(UPE) Questão 7: A exploração das terras brasileiras pela Coroa 2000.
Portuguesa exigia investimentos expressivos. Portugal conseguiu Pelos elementos mercantilistas, geográficos e cronológicos, o conflito
aliados para explorar a Colônia, com destaque inicial para a Holanda, inferido do texto foi a Revolta:
que: A - dos Emboabas.
A - se interessou pelo rico comércio do pau-brasil, nas regiões do Norte B - dos Mascates.
e Nordeste; C - de Amador Bueno.
B - financiou a exploração das minas no Oeste da Colônia, conseguindo D - de Filipe dos Santos.
lucros excepcionais; E - de Beckman.
C - vendeu muitos navios de guerra para proteger o litoral do Brasil,
reforçando as tropas portuguesas; (UFPR) Questão 2: “Herói desequilibrado, paladino da liberdade,
D - teve papel importante no comércio do açúcar, obtendo bons lucros; falastrão, corajoso, imprudente, bode expiatório, patrono da República
E - estreitou as relações de Portugal com a Espanha, favorecendo o [...]. Os olhares sobre Tiradentes são tão variados quanto os olhares
comércio de ouro e prata. sobre a Inconfidência Mineira, em particular, e sobre o próprio
passado do Brasil.”
(PUC-RS) Questão 8: Responder à questão com base nas afirmativas
abaixo, sobre o contexto do século XVII no Brasil Colonial.
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Org. Prof. Marco Aurélio Gondim
www.marcoaurelio.tk