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Após uma leitura do trabalho da minha colega Ivete Pereira, identifiquei um aspecto

que está no centro das minhas preocupações e, sobre o qual, gostaria aqui de
reflectir brevemente: a imagem negativa do professor bibliotecário na escola. Aliás,
esta “fraqueza” encontra-se referida noutros trabalhos, pelo que me parecem
pertinentes as seguintes observações.

1. Bibliotecas e bibliotecários

A imagem da biblioteca era, ainda há pouco tempo atrás, uma imagem


estereotipada. Um espaço soturno onde quase nada se passava, um espaço
mítico onde nos era “permitido estar” em silêncio, um lugar solene e
fechado. Recordemos que o termo Biblioteca surgiu na Grécia com o
significado de “cofre do livro”, designando o local onde os livros e as
colecções eram conservados, ou seja um espaço para quem gostava ou
precisava de ler. O bibliotecário era o velho severo e circunspecto, aquele
que intimidava e reprimia, o guardião da palavra escrita. Nas escolas, “o
papel tradicional da biblioteca escolar tem sido sempre o de sustentar
sustentar o trabalho educacional da escola e fornecer os recursos essenciais
para cumprir esse fim.” (1) A biblioteca estava muito ligada à Língua e
Literatura e limitava-se a oferecer uma colecção de livros mais ou menos
organizada.

A mudança é inevitável e está em curso.

Hoje as bibliotecas estão “democratizadas”, transformaram-se em


centros multimédia/ de recursos. Introduziram-se os materiais não-livro, os
computadores, tornaram-se espaços livres e abertos onde nos apetece estar.

A resistência ainda é grande e a formação dos professores deficiente.


Tenho observado que os nossos colegas não têm qualquer expectativa que o
bibliotecário possa ser um parceiro na aplicação do currículo e na
planificação de actividades. O mesmo se passa com os órgãos de gestão
que, na maioria dos casos, não reconhecem à biblioteca escolar o seu papel
indispensável para melhorar a qualidade do ensino. Para Estes, a boa
biblioteca é aquela que assegura um serviço e não levanta problemas ou
discussões. Também verifico que a oferta da biblioteca é facilmente
apropriada por professores e alunos que a integram como fazendo parte dos
seus trabalhos e actividades.

Precisamos de dar passos para contornar o problema da imagem


negativa do professor bibliotecário e da biblioteca escolar. Naturalmente
teremos que “investir” na nossa formação e preocupar-nos com a nossa
atitude. Os conhecimentos técnicos são indispensáveis e uma atitude
empreendedora é importante. Devemos estar focalizados em fazer algo
diferente, inovar, transformar. Teremos também que aumentar a divulgação
que fazemos das nossas actividades, a exposição tem que ser maior. Por
último, seria importante que os órgãos de gestão alterassem a sua visão
estereotipada da biblioteca escolar, que reconheçam o seu potencial e que a
considerem não como um custo, mas como um investimento e uma
oportunidade.

Davies (1979)
Davies (1979)

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