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BELO HORIZONTE
UFMG – ESCOLA DE ENGENHARIA
2006
MAURO NOGUEIRA FONTENELLE
BELO HORIZONTE
UFMG – ESCOLA DE ENGENHARIA
2006
ii 2
AGRADECIMENTOS
Faço um agradecimento especial ao prof, Dr. Marcos von Sperling, que por meio de
suas aulas magistrais despertaram grande interesse de nossa parte sobre os temas
relativos ao tratamento de águas residuárias.
Ainda a minha querida esposa e a meus filhos agradeço pela compreensão quando
se viram privados de minha companhia durante incontáveis horas de aulas noturnas
e infindáveis fins de semana em que passei estudando.
iii3
RESUMO
O consumo mundial de leite atingiu a cifra média de 80 kg/hab/ano, em 2005. O Brasil está
numa situação confortável em relação a este valor, já que se estima que nosso consumo tenha
chegado a 138 kg/hab/ano em 2005. Essa situação é, entretanto, relativa, pois comparada com
alguns paises desenvolvidos, que consomem até 180 kg/hab/ano, temos muito a crescer nesse
aspecto. Considerando-se que na industrialização do leite se gasta, no Brasil, uma média de
até 5 litros de água por litro de leite processado, pode-se ter idéia de quanto efluente é gerado
a cada dia pelas indústrias de laticínios. Não bastasse o grande volume de efluente líquido
gerado, deve-se considerar que comparativamente ao esgoto doméstico, esse efluente tem uma
DBO5 de 2 a 10 vezes superior. Esse fato é muito grave porque tanto no Estado de Minas
Gerais como no Brasil, a maior parte dos laticínios descarta seus efluentes diretamente nos
corpos de água, sem nenhum tipo de tratamento. As conseqüências são bem conhecidas: a
matéria orgânica do efluente retira o oxigênio dissolvido na água para se estabilizar,
acarretando a morte dos peixes e outros organismos aquáticos por asfixia. Baseando-se nessas
informações e considerando que o Estado de Minas Gerais é o maior produtor de leite do
Brasil, com cerca de 28% do volume total produzido, essa monografia foi planejada de forma
a proporcionar uma visão geral da questão, no Estado de Minas. Assim, o trabalho contempla
informações da indústria de laticínios do Estado, em termos operacionais, tipos e volumes de
efluentes gerados, tecnologias em uso para tratamento dos efluentes e resultados obtidos em
três empresas visitadas pelo aluno. Esse trabalho apresenta também a seqüência das
operações de tratamento em cada empresa visitada e as fotografias correspondentes às
instalações industriais envolvidas nesse tratamento.
iv4
ABSTRACT
The average of world milk consumption has reached 80 kg/inh/year, in 2005. Brazil is in a
comfortable situation relatively to this datum if we consider that our consumption in 2005 has
reached 138 kg/inh/year. This comfortable situation is therefore relative and when we
compare it with some developed countries where the consumption has grown up till 180
kg/inh/year we realize we have a large way to go. Considering that it is spent an average of
about 5 liters of water per liter of milk processed in Brazil, one can have an idea about the
wastewater generated every day by the dairy industry. As if it was not enough the big volume
of the effluent produced, one has to consider that dairy effluent has a BOD from 2 to 10 times
greater than for domestic effluent. It is a big problem in the State of Minas Gerais and in
Brazil as a whole because the great majority of dairies make the disposal of its effluents
directly in the waterways without any kind of treatment. Consequences are well known:
organic material from effluents uses oxygen dissolved in water to be stabilized, carrying
fishes and other aquatic organisms to death by asphyxia. It was to promote a general view
about dairy effluents that this report was planned taking these information into account and
considering that the State of Minas Gerais is the biggest milk producer in Brazil, with 28% of
the total amount. So, this study contains data from the dairy industries in Minas Gerais in
terms of operation, types and volumes of produced wastewaters, different technologies in use
to treat these effluents and the obtained results in three industries visited by the student. This
study also presents the sequence of treatment operations in each of the industries visited and
the photos of the facilities involved in this treatment.
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SUMÁRIO
LISTA DE SIGLAS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE FIGURAS
3.4 – Processo para redução de volume dos efluentes líquidos em uma indústria ..................17
vi6
3.6.1 – Análise crítica da disposição do efluente tratado no solo.............................................32
3.7 - Sólidos gerados nos processos de tratamento dos efluentes líquidos...............................33
3.7.1 – Tratamento e disposição do lodo..................................................................................33
4 – METODOLOGIA.......................................................................................................... ..35
8.2 – Fotografias da seqüência operacional de tratamento dos efluentes da Empresa B... ...55
8.3 – Fotografias da seqüência operacional do tratamento dos efluentes da Empresa C.... ...57
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LISTA DE SIGLAS
RC – Resolução CONAMA
viii
8
LISTA DE TABELAS
ix
9
LISTA DE FIGURAS
Figura 20: Tratamento do efluente sanitário por meio de Fossa Séptica e Sumidouro
x
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1 – INTRODUÇÃO
A indústria de laticínios ocupa lugar de destaque em nível mundial por ser geradora de
produto básico para a nutrição e saúde humana.
O mesmo tem ocorrido no Brasil, onde a evolução do consumo não tem acompanhado o
crescimento populacional e cuja produção de leite está praticamente estabilizada em 25
bilhões de litros/ano. Desse total, a região sudeste é a maior produtora, representando
aproximadamente 40%, no ano de 2004. Sozinhos, os estados de Minas Gerais, São Paulo,
Rio Grande do Sul, Goiás e Paraná respondem por mais de 65% da produção, sendo Minas o
maior produtor nacional, com cerca de 28% (Revista Leite e Derivados no 79, agosto de
2004).
Considerando-se que em média são gastos 5 litros de água para o processamento de 1 litro de
leite ou derivados, pode-se ter idéia do volume de efluentes líquidos de laticínios a serem
tratados. O tratamento destes efluentes é o foco do trabalho a ser desenvolvido pelo aluno.
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2 – OBJETIVOS
Objetivo geral
Objetivos específicos
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3 – REVISÃO DE LITERATURA
Minas Gerais é o maior produtor de leite e derivados no Brasil, respondendo por cerca de 28%
do total da produção.
São aproximadamente 1250 indústrias das quais mais da metade não tem controle do Serviço
de Inspeção Federal - SIF. A maioria é formada de pequenas indústrias com poucas opções de
produtos. Independentemente do porte, poucas são aquelas que têm destinação adequada para
seus efluentes líquidos e resíduos sólidos deles originados, sendo que a grande maioria
promove o descarte desses resíduos diretamente nos cursos d’água ou no solo, sem nenhum
tratamento.
As pequenas indústrias, que são maioria, ainda recebem o leite em latões, de fornecedores
sem condições de refrigeração do leite. Esse fato aliado ao transporte do leite, muitas vezes
inadequado, coloca em risco sua qualidade já na recepção nas indústrias.
Nessa fase são feitos testes para determinação de acidez (Método titulométrico com solução
de NaOH 0,111N), da carga microbiana*, do teor de gordura (Método Gerber é o mais
usado), da presença de resíduos de antibióticos (Método Charm e Método Snap são os mais
usados), eventual fraude por adição de água (Crioscopia)** , desnate*** e/ou fraude por
adição de soro (Método colorimétrico)
*Pela IN 51 de setembro de 2002, pelo menos uma vez por mês, deve-se colher amostra do
leite de cada produtor para que seja feita avaliação por um laboratório credenciado. Na região
metropolitana de Belo Horizonte o laboratório credenciado é o da UFMG.
*** A conclusão sobre existência ou não do desnate depende de análise crítica dos
parâmetros seguintes: % de gordura, % de estrato seco (Total ou desengordurado) e resultado
da crioscopia.
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Nessa fase de avaliação da qualidade do leite, é possível que seja constatada a eventual
acidificação do leite. É o leite ácido.
Uma acidez superior a 18º Dornic, corresponde a valores de pH inferiores a 6,5. Devido aos
processos de refrigeração do leite na origem e seu transporte em caminhões isotérmicos,
pode-se dizer que atualmente o leite ácido não chega mais às indústrias de maior porte.
Se, eventualmente, esse fato ocorrer, o leite ácido pode ter destinações diversas como:
- devolução ao produtor;
- utilização para produção de produtos como queijo parmesão, requeijão, mussarela, etc.
- utilização como ração animal, e
- descarte como efluente a ser tratado, o que representará simplesmente custo para a indústria.
O grande problema hoje está relacionado com o leite que apresenta resultado positivo no teste
de resíduos de antibióticos. Há uma fuga de responsabilidades entre o Ministério da
Agricultura e Ministério do Meio Ambiente quanto ao destino ideal desse leite contaminado.
Conceitualmente, este leite não deve ser devolvido ao produtor, para que não venha ser
destinado a outra indústria, mas retê-lo e/ou processá-lo como efluente é um custo que onera
indevidamente a indústria.
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3.2.3 – Processo de limpeza dos silos e de tanques de armazenamento de leite e soro.
Esse processo é o mesmo adotado na recepção de leite, gerando o mesmo tipo de efluente.
O queijo pode ser considerado como um concentrado de proteína e gordura do leite, obtido
pela precipitação ou coagulação da caseína que, arrastando a gordura, vai formar o coágulo. A
caseína coagulada e a gordura são separadas do soro, moldadas, salgadas, maturadas ou não,
dependendo do tipo de queijo a ser elaborado. (MINAS AMBIENTE, 2002)
O soro é a parte líquida do leite resultante da produção de queijos. A sua composição varia de
acordo com a composição do leite processado e de acordo com as perdas dos constituintes do
leite, durante os processos de fabricação dos diversos tipos de queijos. O teor de água do soro
varia entre 91 e 95% e o seu extrato seco é bastante reduzido, em média, 7% do peso total. Na
composição desse extrato tem-se 70 a 80% de lactose, 10 a 14% de compostos nitrogenados
(proteínas), 1,5 a 4% de minerais e 0,05 a 0,6% de lipídios (gordura) (GREIG e HARRIS,
1983; MELLO, 1987).
O soro pode ser ácido (quando há adição de ácido láctico ao leite) ou doce (quando há adição
de fermento e coalho ao leite). Ele é gerado na proporção aproximada de 90% do total do
leite processado. Esse soro pode ser aproveitado total ou parcialmente, principalmente na
fabricação de soro em pó, ricota, bebidas lácteas e lactose. Quando não aproveitado
internamente em uma indústria, o soro é normalmente vendido para outra empresa.
Se o soro se acidifica naturalmente, ele é doado para aproveitamento como ração animal.
Conceitualmente, poderia ser tratado como efluente, mas isso não é feito devido ao alto custo
incorrido.
O leitelho típico contém: 90% de água, 4,4% de lactose, 3,5% de proteínas, 0,2% de gordura,
0,6% de ácido láctico e 0,7% de minerais. O leitelho é um produto que pode ser obtido
quando da acidificação total ou parcial do leite desnatado e pasteurizado, após receber um
cultivo de bactérias lácticas selecionadas (Lactobacillus bulgaricus, Streptococcus lactis ou a
mistura de ambos, e outros). Ele conterá, no mínimo, 8,5% de sólidos do leite, excluída a
gordura. Incuba-se o leite a 37°C até que a acidez alcance 0,75-0,85%, expresso em ácido
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láctico. Agita-se bem para se obter um produto homogêneo e cremoso e armazena-se em
temperatura baixa para que sua acidez não aumente. (MONTES, 1997).
Com 100 kg de creme com 37% de gordura tem-se 37 kg de gordura pura + leite + água.
Desse total obtém-se 45,12 kg de manteiga + 54,88 kg de leitelho puro + 6,44 litros de
leitelho aguado, oriundo da lavagem da manteiga com água gelada ainda no interior da
batedeira. O leitelho é portanto um subproduto do processo de fabricação da manteiga que
poderá ser misturado ao soro para aproveitamento na fabricação de leite em pó modificado ou
na produção de bebidas lácteas. Na fase de bateção há uma eliminação natural de parte do
leitelho por dispositivo da própria batedeira. Este leitelho que cai no chão é posteriormente
lavado, formando um efluente que é encaminhado ao tratamento para diminuir ou eliminar
sua carga poluidora. (Tecnólogo da EMPRESA A)
Esse efluente, como os demais anteriormente considerados, possui forte carga poluidora em
termos de DBO e por essa razão deve ser tratado, como nos casos anteriores, antes de seu
lançamento nos corpos receptores.
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3.3 – Os efluentes líquidos
a - segregação da maior parte possível dos despejos em condutos separados para posterior
destinações específicas;
b – recirculação da água não poluente (refrigeração, etc);
c – redução da concentração de NaOH e HNO3 nas operações de limpeza (sistema CIP -
cleaning in place) e desinfecção.
d – utilização da última água do sistema CIP como água de reposição para desinfecção e/ou
limpeza inicial.
e – redução de: transbordamentos com instalação de controladores de nível; vazamentos
mediante manutenções corretivas imediatas e execução de preventivas programadas; perdas
acidentais mediante maior conscientização e cuidados operacionais. (BRAILE e
CAVALCANTI, 1970)
Se os volumes são reduzidos, tanto as dimensões das instalações poderão ser menores como
também os gastos com infra-estrutura, pessoal, dispositivos de controle e medições e insumos
para tratamento. Assim, também, se os volumes a serem tratados são menores, menores
também serão os volumes descartados / pós-tratamento e maiores serão as facilidades de
enquadramento à legislação aplicável.
Um sistema de tratamento de efluentes domésticos pode ser composto por processos físicos,
químicos e biológicos. Nos primeiros predomina a aplicação de forças físicas (Ex:
gradeamento, mistura, floculação, sedimentação, flotação, filtração). Nos processos químicos
a remoção ou conversão dos contaminantes ocorre devido à adição de produtos químicos ou
reações químicas (Ex: precipitação, adsorção, desinfecção). Nos processos biológicos a
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remoção dos poluentes se dá por meio da atividade biológica dos micro-organismos (Ex:
remoção da matéria orgânica carbonácea, desnitrificação, etc). (von SPERLING, 2005).
Nas indústrias de laticínios os efluentes líquidos também podem ser tratados com tecnologias
disponíveis para tratamento de esgotos domésticos, pelos mesmos processos físicos, químicos
e biológicos em níveis preliminar, primário, secundário e terciário. O tratamento terciário de
efluentes nas indústrias de laticínios ainda é raro, no Brasil.
Nos estudos de concepção do sistema de tratamento de efluentes líquidos, devem ser bem
caracterizados os seguintes aspectos:
• impacto ambiental do lançamento no corpo receptor
• objetivo do tratamento (principais constituintes a serem removidos)
• nível do tratamento;
• eficiências de remoção desejadas.
Em relação ao impacto ambiental, devem ser feitos estudos quanto aos níveis de poluição por
matéria orgânica, contaminação por microrganismos patogênicos, eutrofização dos corpos
d’água e grau esperado de atendimento à legislação aplicável (von SPERLING, 2005).
Por sua vez, o objetivo principal é o atendimento à legislação aplicável e, nesse aspecto, duas
referências devem ser consideradas. São elas:
Resolução CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) 357/05 : dispõe sobre a
classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento bem como
estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e
DN (Deliberação Normativa) 010/86 do COPAM (Conselho de Política Ambiental):
estabelece normas e padrões para a qualidade das águas e lançamento de efluentes nas
coleções de águas, para o Estado de Minas Gerais. A razão de se referir à DN 010 se deve ao
fato de conceitualmente uma legislação estadual poder ser mais restritiva que uma federal.
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(e) hortaliças consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem
remoção de película
(f) hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o público possa
vir a ter contato direto
(g) culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras
(h) de forma geral, e em comunidades indígenas
(*) conforme Resolução CONAMA 274/2000
A remoção dos poluentes objetivando adequar à legislação está associada aos conceitos de
nível e eficiência do tratamento (von SPERLING, 2005).
Quanto aos níveis de tratamento, as seguintes opções são possíveis:
Notas:
1) Uma ETE em nível secundário usualmente tem tratamento preliminar, mas pode ou não ter tratamento primário (depende do
processo)
(2) Padrão de lançamento, tal como expresso nas legislações ambientais estaduais mais usuais. O órgão ambiental poderá
autorizar outros valores para o lançamento, caso estudos ambientais demonstrem que o corpo receptor continuará enquadrado
dentro da sua classe. (von SPERLINGg, 2005)
Deve-se observar, no entanto, que a eficiência de remoção mostrada na tabela é válida para
tratamento de esgoto doméstico e pode não ser válida para o efluente típico da indústria de
laticínios.
A análise da eficiência de remoção é importante para se manter a qualidade das águas dos
corpos receptores dentro das condições estabelecidas para suas respectivas classes. Para tanto,
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deve-se ter como referência a tabela 3 que apresenta os principais mecanismos para remoção
de poluentes de águas residuárias.
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Tanque de equalização e
acerto de pH
Tratamento Tratamento
Tratamento Tratamento Secundário Corpo
Preliminar Primário
Primário receptor
Tratamento do lodo:
-Leito de secagem
-Filtro prensa
Esse fluxograma apresenta uma concepção geral das tecnologias disponíveis para as indústrias
de laticínios, mas deve-se ter em mente que a configuração efetiva a ser adotada por um dado
laticínio vai depender dos tipos de efluentes, suas características, volumes gerados e classe do
corpo receptor do efluente após tratamento. Independentemente desses fatores, são
apresentadas a seguir as diferentes tecnologias do fluxograma proposto.
As grades são normalmente feitas de barras de aço paralelas com aberturas compatíveis com o
tamanho dos sólidos que se quer reter. As barras podem ser verticais ou inclinadas. É
importante que sejam freqüentemente desobstruídas para evitar que o nível do efluente a
montante se eleve de tal forma que se corra o risco de um maior fluxo de maior velocidade, no
momento da desobstrução, venha a carrear o material que se planejou reter.
As peneiras têm o mesmo objetivo, mas promovem a retenção de material bem mais fino.
Após sua separação, os sólidos grosseiros podem ser removidos de forma manual ou por
dispositivos mecânicos e essa remoção tem as seguintes finalidades:
- proteger as unidades de tratamento
- proteger as bombas e tubulações e
- melhorar a qualidade estética dos corpos receptores.
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Especificamente sobre a areia, oriunda principalmente da lavagem de pisos e caminhões na
plataforma de recepção de leite, sua remoção objetiva:
- evitar a abrasão nos equipamentos e tubulações,
- eliminar ou diminuir a possibilidade de entupimento em tubulações e outras unidades do
sistema de tratamento, e
- facilitar o transporte do líquido.
Nível de efluente
Grade
Chegada do afluente
Saída do efluente
Caixa de areia
Areia sedimentada
Tratamento Preliminar
Nestas caixas o material flutuante de menor densidade como óleos e graxas são removidos na
superfície juntamente com parte da matéria orgânica. A remoção, nos laticínios visitados pelo
aluno era manual e as caixas eram de pequenas dimensões. As fotos que se seguem, mostram
uma caixa de gordura da EMPRESA A e um flotador da EMPRESA B.
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Figura 4 - Caixa de gordura da Figura 5 - Flotador da EMPRESA B
EMPRESA A com raspadores movidos por
correntes
Neste equipamento, que pode ter forma circular ou retangular, o efluente entra pela parte
inferior e é distribuído na superfície por uma haste rotativa ou jorra na parte central do
equipamento. Os sólidos suspensos mais pesados que a parte líquida se sedimentam e vão
para o fundo. O material sedimentado é chamado de lodo primário bruto.
Este lodo pode ser removido por meio de raspadores ou por sucção por meio de bombas e
enviado para tratamento em digestores anaeróbios. Após esses processos e antes da disposição
final o lodo deverá ter sua umidade reduzida ao máximo em leitos de secagem, filtro prensa
ou ambos. Quando o sistema de tratamento incluir lodo ativado, os decantadores primários
podem deixar de ser usados. Aliás, nenhuma das empresas visitadas pelo aluno usava
decantador primário.
Saída efluente p/
trat. secundário
Efluente
Saída do Lodo
decantado
Tratamento Tratamento
preliminar primário
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Eventualmente, ele pode ser posicionado após a caixa de gordura e antes do flotador ao qual
se fez referência no item 3.5.3.1. Um exemplo de tanque de equalização é mostrado a seguir.
Esse tratamento é o único que possui eficiência capaz de atender aos padrões de lançamento
da legislação ambiental. O tratamento nessa fase pressupõe as operações do tratamento
preliminar, mas pode prescindir dos equipamentos de tratamento primário. (BARROS et al.,
1995)
Como visto no fluxograma mostrado na figura 2, essa etapa de tratamento envolve processos
anaeróbios e aeróbios
a) Lagoa Anaeróbia
Este reator é também conhecido com dois outros nomes: Reator de fluxo ascendente e manta
de lodo e Reator UASB, cuja sigla vem de seu nome em inglês (Upflow anaerobic sludge
blanket). Apesar de o aluno não ter visto esse equipamento em funcionamento em um
laticínio, mas considerando que ele foi contemplado no fluxograma geral de tratamento de
efluente, mostrado na figura 2, apresenta-se, a seguir, resumo de seu funcionamento, adaptado
de MINAS AMBIENTE, 2002.
O efluente contendo matéria orgânica entra pelo fundo do reator e sobe encontrando o lodo
que está na zona de digestão, onde ocorre a digestão anaeróbia com produção do gás metano.
As partículas suspensas aderem à parte inclinada externa, do separador de fases, e ao se
acumularem e, em função de seu peso, se desprendem e voltam à zona de digestão e ao fundo
do reator.
No corte do equipamento, pode-se ver que os gases são direcionados ao centro do reator,
pelos defletores de gases, e são liberados pela parte superior. Lateralmente, na parte superior
sai também o efluente tratado.
25
Saída de Gás
Efluente
Separador Tratado
Trifásico
Defletor de
Gases
Manta de
Lodo
Leito de
Lodo
Efluente
Industrial
Esses reatores podem ser construídos em formas cônica, tronco-cônica, cilíndrica, prismática
ou retangular e em diferentes materiais como concreto armado, aço, PVC, fibra de vidro ou
cimento amianto. A principal característica desse equipamento é o separador de fases e duas
zonas conhecidas como leito de lodo e manta de lodo. No leito de lodo, a concentração em
sólidos totais está compreendida entre 40 e 100 g/L. A manta de lodo, por sua vez, é
constituída por sólidos em suspensão onde se encontram aderidos microrganismos anaeróbios,
cuja atividade é responsável pela degradação da matéria orgânica. À medida que os sólidos
que constituem a manta aumentam sua massa, sedimentam-se e passam a constituir o leito de
lodo. Periodicamente, o lodo constituinte do leito deve ser retirado e submetido a tratamento
adequado.
c) Filtro Anaeróbio
Este filtro opera normalmente com fluxo ascendente, de forma que o efluente entra pela parte
inferior e sai tratado na parte superior. O tratamento do efluente se dá basicamente pela ação
de microrganismos aderidos ao meio suporte, que pode ser constituído de pedra britada,
blocos cerâmicos, anéis plásticos, escória, esferas de polietileno, etc, no qual a biomassa fica
aderida. Um dos principais problemas operacionais dos filtros anaeróbios é a colmatação ou
entupimento do meio suporte. (MINAS AMBIENTE, 2002)
Esse filtro opera freqüentemente tratando efluentes de tanques ou fossas sépticas. Trata-se do
sistema chamado tanque séptico / filtro anaeróbio, onde o tanque séptico remove a maior parte
dos sólidos em suspensão que após sedimentarem sofrem digestão anaeróbia no fundo do
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tanque, ficando a remoção complementar da DBO por conta do filtro anaeróbio. (von
SPERLING, 2005).
Saída de Gás
Efluente
Tratado
Meio Suporte
Efluente
Industrial
Descarte do Lodo
Figura 10: Desenho esquemático de filtro anaeróbio, extraído de MINAS AMBIENTE, 2002
a) Lagoa Aeróbia
Lagoas aeróbias são processos de tratamento biológico de efluentes com custo moderado
quando comparadas com sistema de lodos ativados.
A indústria de laticínios usa, normalmente, lagoas de estabilização aeróbias que podem ser
lagoas facultativas aeradas ou não. Pode-se optar também pelo processo australiano, que
associa uma lagoa anaeróbia seguida de uma lagoa facultativa. A adoção desse último
processo apresenta a vantagem de necessitar de uma área inferior àquela de uma única lagoa
facultativa (von SPERLING, 1995, apud MINAS AMBIENTE)
Esta lagoa difere da lagoa facultativa convencional pelos motivos apresentados abaixo:
• O oxigênio é fornecido por aeradores mecânicos, enquanto nas lagoas facultativas ele
é fornecido pela fotossíntese realizada pelas algas.
• Exige menor área e menor volume, pois a maior introdução de oxigênio no meio
líquido faz com que o volume necessário seja menor assim como o tempo de detenção
(5 a 10 dias) e, como conseqüência, menor área.
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Por outro lado, há uma semelhança com as lagoas facultativas convencionais. Enquanto a
energia mecânica gerada pelos aeradores é suficiente para a obtenção do oxigênio, o mesmo
não ocorre quanto à manutenção dos sólidos (bactérias e sólidos do esgoto) em suspensão na
massa líquida. Esse fato faz com que haja sedimentação da matéria orgânica, formando o lodo
no fundo da lagoa, o qual será estabilizado anaerobiamente como numa lagoa facultativa
convencional. (von SPERLING, 2005).
a.2) Lagoa Facultativa (não aerada)
É uma lagoa de fácil operação, já que não possui equipamentos de aeração. Dependendo da
profundidade, pode apresentar 3 zonas distintas: a parte superficial ou aeróbia, o fundo da
lagoa ou zona anaeróbia e a parte intermediária ou zona facultativa, onde a estabilização da
matéria orgânica se dá por bactérias facultativas que podem sobreviver tanto na presença
como na ausência de oxigênio.
Essas lagoas têm normalmente profundidade variando de 1,5 a 2,0 metros e larga aplicação
em regiões tropicais onde há grandes períodos de insolação, ao logo de todo o ano. Outro
aspecto relevante para adoção dessas lagoas, adicionalmente à grande necessidade de
incidência de luz solar, é a disponibilidade de áreas com preço competitivo. Nessas lagoas o
afluente entra por um lado e sai pelo outro. Face à grande área dessas lagoas, o tempo de
detenção do efluente em processo, usualmente é superior a 20 dias.
Uma característica dessas lagoas é o equilíbrio entre consumo e produção de oxigênio e gás
carbônico na zona aeróbia. Enquanto as bactérias consomem oxigênio e produzem gás
carbônico, através da respiração, as algas agem inversamente na realização da fotossíntese. As
reações envolvidas são praticamente as mesmas com direções opostas, como mostrado a
seguir.
Fotossíntese: CO2 + H2O + Energia solar Matéria Orgânica + O2
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b) Lodos Ativados
O lodo ativado é o floco produzido num esgoto bruto ou decantado pelo crescimento de
bactérias zoogléias ou outros organismos, na presença de oxigênio dissolvido e acumulado em
concentração suficiente graças ao retorno de outros flocos previamente formados no tanque de
decantação (JORDÃO e PESSOA, 1995, apud MINAS AMBIENTE, 2002).
Aeradores
Decantador Decantador
Efluente do primário secundário
tratamento Efluente
preliminar tratado
Reator
* O lodo primário: pode ser encaminhado para um digestor anaeróbio e, em seqüência, a um leito de
secagem ou, simplesmente, a um leito de secagem.
Nota: No sistema convencional, o excesso de lodo deve ser encaminhado para tratamento via adensamento, digestão
complementar e desidratação (von SPERLING, 2005).
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remoção de DBO nesse sistema é maior que no sistema convencional de lodos ativados, mas
apresenta a desvantagem de gastar mais energia elétrica com os aeradores. (MOTA, 2000)
Aeradores
Decantador
secundário
Efluente do Efluente
tratamento tratado
preliminar
Reator
Retorno do lodo
Nota: No caso de aeração prolongada, o excesso de lodo é encaminhado para tratamento via adensamento e desidratação
(von SPERLING, 2005).
Os valos de oxidação podem trabalhar interligados com um decantador secundário, que recebe
seu efluente e do qual recebem e recirculam o lodo para aumentar sua eficiência do
tratamento. Em visita à EMPRESA A, o aluno viu esta instalação funcionando interligada a
um decantador secundário, cujas fotos A10 e A11 podem ser vistas no ANEXO, item 8.1.
Abaixo, pode-se ver um desenho desse sistema de tratamento.
Decantador secundário
Valo de Oxidação
30
As principais vantagens e limitações do sistema de lodos ativados são mostradas na tabela 4,
adaptada de von Sperling (1997), apud MINAS AMBIENTE, 2002.
Nesse filtro o efluente é aplicado sob forma de gotas ou jatos lançados na superfície pelo
braço de um distribuidor e percola até o fundo do filtro onde se localizam os drenos. Na
passagem do efluente pela população microbiana aderida ao meio suporte, ocorre a
degradação ou estabilização da matéria orgânica. A figura 15 mostra desenho esquemático
desse filtro. (MINAS AMBIENTE, 2002)
Efluente
Sistema
Efluente Industrial Distribuidor tratado
de
rotativo
drenagem
31
Quanto à disposição no solo, pode-se considerá-la como uma forma final de tratamento do
efluente do sistema de tratamento. A disposição no solo pode se dar por infiltração ou
escoamento superficial. O sistema de infiltração se divide em: infiltração lenta (irrigação),
infiltração rápida e infiltração subsuperficial.
• Infiltração rápida: o liquido é disposto em bacias rasas e percola pelo fundo poroso,
sofrendo tratamento. Há menos necessidade de área e as taxas de aplicação são altas e
intermitentes para permitir que o solo se restabeleça. (von SPERLING, 1995, apud
MINAS AMBIENTE)
Para que se possa dispor o efluente tratado no solo, devem ser observados os seguintes itens:
características do solo, tipo de cultura existente ou pretendida, volume de efluente a ser
lançado e as características do próprio efluente.
32
possa representar, deve-se considerar que a qualidade do efluente final é excelente e que os
custos de implantação e operação são baixos. (von SPERLING, 1995 e EPA, 1973, apud
MINAS AMBIENTE).
Baseando-se na informação acima, pode-se concluir que a disposição dos efluentes tratados
no solo pode ser uma excelente alternativa de efetivo tratamento final, principalmente para os
pequenos laticínios.
Como nas demais indústrias, os laticínios geram resíduos sólidos diversos, tais como: papel,
papelão, plástico, lixo em geral, sobras de alimento e lodo retirado das lagoas, das unidades
de decantação (Decantadores primários e secundários) e de filtros e reatores anaeróbios.
Um dos focos do presente trabalho se volta para o lodo. De modo geral, o lodo retirado das
lagoas tem aproximadamente a seguinte constituição: 89% de água e 11% de sólidos, sendo
que, destes sólidos, 10 % são óleos e graxas e o restante, sólidos típicos como, por exemplo,
proteína desnaturada. (Químico responsável pela área de Meio Ambiente das empresas A e
B.)
O lodo dos decantadores primários (lodo primário) é constituído pelos sólidos em suspensão
no efluente. Por sua vez, o lodo dos decantadores secundários (lodo secundário) é composto
de microrganismos (biomassa) que se reproduzem às custas da matéria orgânica do efluente.
Ambos são retirados continuamente, mas existem outros que permanecem longo tempo no
sistema de tratamento. Esse é o caso daqueles localizados no fundo das lagoas, que
permanecem de 5 a 20 anos ou mais e os gerados nos reatores anaeróbios, que podem
permanecer vários meses no sistema de tratamento. (BARROS et al., 1995.)
Como o lodo possui basicamente água e matéria orgânica, seu tratamento visa basicamente a
redução de volume, pela redução da umidade, e a redução da matéria orgânica, pela
estabilização do lodo.
Para a redução de seu volume a alternativa mais barata é a adoção de leitos de secagem. Esta
alternativa apresenta, entretanto, a desvantagem de ter sua eficácia drasticamente reduzida em
épocas de chuva.
Uma opção mais técnica seria a adoção de um sistema constituído de um adensador por
gravidade, um digestor anaeróbio e, finalmente, um filtro prensa ou outro tipo de desidratador
mecânico. Evidentemente, essa opção demanda mais investimento em equipamento e pessoal
e não se sabe se seria economicamente viável para a grande maioria dos laticínios existentes
em Minas Gerais. Entretanto, essa é uma opção apresentada por BARROS et al, 1995.
33
Figura 16 - Leitos de secagem de lodo da EMPRESA A
O lodo tratado em qualquer das alternativas pode ser disposto em aterro sanitário, por meio do
Serviço de Limpeza Urbana, mas deve-se buscar sempre que possível sua utilização na
agricultura como fertilizante e recompositor da camada superficial do solo. Para uso dessa
última alternativa, torna-se imprescindível fazer-se uma avaliação da probabilidade de
transmissão de doença ao homem, via consumo de vegetais (BARROS et al, 1995).
Uma alternativa que pode se impor à disposição em aterro sanitário ou no solo, como
fertilizante, seria sua doação ou comercialização com indústrias que possam usá-lo como
matéria prima em outros processos. Essa última opção não é usada no Brasil, mas o é na
Europa.
34
4 – METODOLOGIA
A metodologia aplicada contempla as seguintes etapas:
35
5 – INDÚSTRIAS DE LATICÍNIOS VISITADAS, TECNOLOGIAS
USADAS E RESULTADOS DOS TRATAMENTOS DE EFLUENTES
LÍQUIDOS
Aplicando-se a metodologia planejada, foi possível a identificação de três empresas para
serem visitadas.
A seguir, são mostrados dados gerais das empresas visitadas, dados operacionais sobre
afluente e efluente dos sistemas de tratamento, a seqüência operacional dos tratamentos
realizados e análise crítica dos dados obtidos, mediante confrontação dos mesmos com a
legislação aplicável para os efluentes tratados a serem lançados nos corpos d’água ou no solo.
5.1 - Empresa A
Matéria prima: A EMPRESA A recebe leite “in natura”, colhido de tanques de refrigeração
nas propriedades dos fornecedores, em caminhões próprios da empresa. Os caminhões são
isolados termicamente para manter o leite a baixa temperatura de forma a chegar na fábrica
sem risco de perda de qualidade, quanto à acidez.
Produtos: leite esterelizado, leite em pó, bebida láctea e creme de leite. Hoje mais de 98% de
sua produção está concentrada em leite esterelizado e leite em pó.
Volume de leite e soro processados: 343.000 litros / dia (Média do ano de 2005)
Consumo de Água (Referente a leite e soro): 838.000 litros / dia (Média do ano de 2005)
36
* As indústrias podem também processar soro, quando o recebem de outras indústrias,
objetivando produzir soro em pó, ricota, bebidas lácteas, etc.
Caixa de
Grade Gordura
Afluente
Industrial C. Areia
Tanque de Estação
C. Parshall equalização elevatória
Lagoa Lagoa
aerada 2 aerada 1
Valo de
oxidação Tanque de
aeração
Decantador
secundário
Tanque
misturador
Lagoa de
polimento
Lodo
Corpo
Sistema de Lodo Ativado receptor
Nota: O sistema de lodo ativado já existia quando houve necessidade de se implantar as lagoas aeradas face ao aumento da
geração de efluentes e maior carga orgânica dos mesmos, oriundos do aumento da produção.
37
5.1.4 – Seqüência operacional do sistema de tratamento
A tabela 7 detalha cada etapa do processo de tratamento adotado pela empresa. Assim como
para as demais empresas visitadas, as fotografias referidas na coluna da direita da tabela
poderão ser vistas no anexo, item 8.
38
(Sistema de lodo lodo no fundo do m de diâmetro com alimentação central e
ativado) equipamento. por baixo. Parte do lodo decantado é
bombeado de volta ao valo de oxidação e ao
tanque de aeração e parte é periodicamente
enviada para 4 células de secagem para
controlar a quantidade de material em
suspensão, cujo limite é de 6000 mg/L. O
projeto inicial previa 8 células.
12 – Tanque Receber e homogeneizar Esse tanque tem aproximadamente 2 m2 de Não há
misturador o efluente do decantador, superfície por 1 m de profundidade e nele foto
com produtos químicos são adicionados os seguintes produtos:
que vão auxiliar a Policloreto de alumínio (floculante),
coagulação e decantação Polieletrólito (coadjuvante da floculação) e
do lodo. Hidróxido de Sódio (Acerto de pH, para
coagulação ideal).
13- Floco-decantadores Reduzir os sólidos em Existem 2 equipamentos interligados de A.13
suspensão ainda aproximadamente 1,6 m de diâmetro por 4
restantes, a demanda m de altura. Sua alimentação se dá pela
bioquímica e fósforo sob parte inferior e sobe até a parte superior,
forma de fosfato. sendo submetido a uma chicana formada por
tubos concêntricos. O líquido clarificado é
enviado a outro equipamento de mesma
dimensão. O líquido clarificado do segundo
equipamento é submetido a filtragem em
filtros de areia pressurizados. O lodo dessa
unidade é bombeado de volta ao sistema de
lodo ativado.
14 - Filtros de areia Filtrar o efluente São 4 filtros com cerca de 0,8 m de A.14
sobrenadante dos floco- diâmetro e 1,4 m de altura.
decantadores
15-Lagoa de polimento Desnitrificar o efluente. Lagoa de formato irregular com cerca de A.15
1500 m2 de aérea e 0,8 m de profundidade.
Nela ocorre a redução de sólidos em
suspensão, nutrientes e microrganismos.
OBS 1: Esses dados registrados pelo aluno nos dias 13, 15, 20 e 23 de março de 2006, foram
gentilmente revisados pelo Químico das Empresas A e B.
39
Tabela 8: Resultados do monitoramento do afluente e do efluente
Período de coleta: 03/2005 a 02/2006
Afluente Efluente
Parâmetro Valor Valor Valor Valor Valor Valor
mínimo médio máximo mínimo médio máximo
Temperatura 31 33 34 25 26 30
(° C)
pH 8,0 9,6 10,2 7,7 8,0 8,2
DBO5 944 1373 1918 19 41 55
(mg O2/L)
DQO 1416 2751 5668 60 75 88
(mg O2/L)
Sólid. Susp. 308 381 453 31 46 57
(mg/L)
Sólid. Sedim. 0,4 0,8 2,1 0,1 0,1 0,1
(mg/L)
Óleos / Graxas 45 105 155 1 9 13
(mg/L)
Detergentes 0,10 0,17 0,26 0,10 0,10 0,10
(mg/L)
Vazão 612 767 855 597 748 833
(m3/ dia)
O aspecto relevante da análise a ser feita diz respeito à eficiência do tratamento. Esta
eficiência pode ser vista em termos de remoção ou diminuição da concentração dos poluentes
do afluente ao sistema de tratamento.
Esta fórmula será aplicada para os seguintes parâmetros: DBO5, sólidos suspensos, sólidos
sedimentáveis e óleos / graxas. Os comentários acerca da eficiência levam em consideração os
parâmetros do COPAM, cujos valores são apresentados na tabela 9.
40
Eficiência obtida: E = (1373 – 41) x 100 / 1373 = 97% .
Logo, o valor obtido atende plenamente à legislação.
Eficiência obtida : E = (381 – 46) x 100 / 381 = 88%. Logo, o valor médio obtido para o
período de medições atende ao valor limite definido para a média diária. Entretanto, não
podemos afirmar que a concentração máxima diária permitida (100 mg/L) atenda, pois esse
dado não foi explicitado pela empresa. É preciso que este dado seja monitorado para servir de
evidência objetiva, quando de uma auditoria.
Eficiência obtida
E = (105 – 9) x 100 / 105 = 91% . Logo, esse parâmetro atende plenamente a legislação.
A tabela 10, apresenta a geração média mensal de resíduos sólidos. Em negrito está destacada
a geração de lodo no sistema de tratamento de efluentes líquidos, para o período 03/2005 a
02/2006
5.2 – Empresa B
Matéria prima: A empresa recebe sua matéria prima exatamente como na empresa A.
Produtos: A empresa produz leite em pó, queijos diversos e manteiga, nas seguintes
proporções: Leite em pó: 50 % ; Queijo: 30 % e Manteiga: 20 %.
41
Número de funcionários: 180
Os efluentes são tratados na ETE onde há geração do efluente tratado que é lançado no rio e
lodo oriundo de três pontos. São eles:
• Da caixa de gordura
• Da instalação de flotação.
• Do tanque no 2 de aeração.
O lodo da caixa de gordura é colocado em bombonas. Aquele oriundo do sistema de flotação
é posto em grandes caixas e aquele recolhido no tanque aerado no 2, em um tanque cilíndrico
de aço. Semanalmente um caminhão de uma empresa licenciada e especializada nesse tipo de
transporte recolhe o lodo desses locais e o encaminha à ETE da COPASA em Ipatinga.
Adição de
Flotador
prod. químicos
Esgoto Despejo
sanitário industrial
Corpo Receptor
Depósito Tanque de
homogenei
Temporário de Lodo
zação
42
5.2.5 – Seqüência operacional do sistema de tratamento
A tabela 11, a seguir, detalha cada etapa do processo de tratamento adotado pela EMPRESA
B.
43
5.2.6 – Resultados do tratamento dos efluentes
a) Pela análise dos dados referentes ao pH de saída, percebe-se que houve uma correção do
pH do afluente provavelmente para não haver comprometimento do resultado do tratamento e
dos equipamentos, pela possibilidade de corrosão.
Eficiência obtida: E = (396 – 46) x 100 / 396 = 88 %. Logo, o valor médio obtido para o
período de medições atende ao valor limite definido para a média diária. Entretanto, não
podemos afirmar que a concentração máxima diária permitida (100 mg/L) atenda, pois esse
dado não foi explicitado pela empresa. É preciso que este dado seja monitorado para servir de
evidência objetiva, quando de uma auditoria.
44
Eficiência obtida: E = (1,1 – 0,1) x 100 / 1,1 = 91 %
O valor obtido demonstra de forma clara que o parâmetro medido é muitíssimo inferior ao
limite permitido pela legislação.
Eficiência obtida
E = (165 – 9) x 100 / 165 = 94 % . Logo, esse parâmetro atende plenamente a legislação.
5.3 – Empresa C
Matéria prima: A empresa recebe sua matéria prima em caminhões tanque, como nas
empresas A e B.
Produtos: leite, queijo, manteiga, requeijão e doce de leite pastoso. A produção de queijo é de
aproximadamente 90% da produção.
Consumo de água: 110.000 litros / dia (Baseado no Consumo Específico de Água constante
do PCA).
Número de funcionários: 58
O soro gerado na produção de queijo é vendido a outras indústrias. Aquele que não atinge o
padrão de qualidade é armazenado nos silos abaixo e é doado para alimentação animal.
45
5.3.2 – Constituição do Efluente
O efluente industrial é coletado separadamente do efluente sanitário. Este efluente vai direto a
uma fossa séptica cujo efluente é enviado a um sumidouro. O efluente do laticínio, como nas
demais empresas, é constituído de leite eventualmente derramado e água de limpeza de piso e
de limpeza e sanitização de utensílios, tubulações e equipamentos.
A EMPRESA C adota dois sistemas de tratamento, um para o esgoto sanitário oriundo dos
escritórios e outro específico para o efluente do laticínio propriamente dito, que são mostrados
a seguir.
Tampa p/
Tampa de retirada do Tampa de
acesso lodo acesso
Entrada do afluente
sanitário
Inflitração no
solo
Lodo
Fossa séptica
Sumidouro
Peneira/Cx.
Gordura/
C.Parshall Lagoa
anaeróbia
Lagoa
facultativa
Lagoa de
maturação
Lagoa
anaeróbia
Lagoa
facultativa
Lagoa de
maturação
Casa de Entrada
bombas do
efluente
Caixa de
do
gordura
laticínio
Saída do efluente
tratado para o corpo
receptor
Figura 21 – Tratamento do efluente do laticínio por uma seqüência de lagoas
46
5.3.4 - Seqüência operacional do sistema de tratamento em lagoas
Todo o efluente do laticínio vai para uma caixa coletora, localizada no sub-solo. O material
sólido aderido às paredes desta caixa é periodicamente retirado e doado a pescadores que,
após prensagem, fazem dele boa isca. Da caixa coletora, o efluente é bombeado para
tratamento num sistema constituído de 6 lagoas em seqüência, cujo detalhamento é mostrado
na tabela 13.
47
Lagoa Anaeróbia Tem o mesmo objetivo do da Esta lagoa tem 306 m2 de C.9
4 lagoa 1 área e 3m de profundidade.
Apresenta grande
quantidade de algas de
pequenas dimensões, se
comparadas com aquelas da
lagoa 3.
Lagoa Tem o mesmo objetivo da Esta lagoa tem 961 m2 de C.10
Facultativa 5 lagoa 2 e, pela qualidade área e 1,5 m de
superficial da água e baixa profundidade. A água da
profundidade, trata-se de uma lagoa é relativamente limpa,
lagoa aeróbia. tem criação de peixes e
muitos patos e gansos
habitam esta lagoa.
Lagoa de Com este nome, deveria ter o Esta lagoa tem 464 m2 de C.11
Maturação ou mesmo objetivo da lagoa área e 1,5 m de
Polimento 6 número 3. profundidade.
Coleta de Monitorar a qualidade do C.12
efluente tratado efluente tratado.
Nota 1: Os nomes e dimensões das lagoas foram tirados do PCA que nos foi disponibilizado
pela Direção da EMPRESA C. Observa-se que as lagoas formam um duplo conjunto, em
seqüência, sendo que cada um é constituído de: Lagoa anaeróbia – Lagoa facultativa – Lagoa
de maturação.
Este efluente tem as características mostradas na tabela que se segue, cujos valores são da
análise apresentada ao aluno quando de sua visita em 30/03/2006.
48
(mg/L)
Óleos e graxas 243 2
(mg/L)
Detergentes (Surfactantes 0,25 ≤ 0,06
aniônicos) (mg/L)
* Dados fornecidos pela Direção da empresa e pela Gerente Geral, extraídos do relatório
ambiental entregue por empresa prestadora de serviços de controle ambiental, na semana da
visita do aluno.
Eficiência obtida:
E = (767 – 2,2) x 100 / 767 = 100 % .
Logo, o valor obtido atende plenamente à legislação.
Eficiência obtida
E = (282 – 14) x 100 / 282 = 95%. Logo, o valor médio obtido para o período de medições
atende ao valor limite definido para a média diária. Entretanto, não podemos afirmar que o
valor obtido atenda à concentração máxima diária permitida (100 mg/L), pois esse dado não
foi explicitado pela empresa.
É preciso que este dado seja monitorado para servir de evidência objetiva, quando de uma
auditoria.
Eficiência obtida
E = (243 – 2) x 100 / 243 = 99% . Logo, esse parâmetro atende plenamente a legislação.
Embora as eficiências obtidas sejam bem elevadas, ressalta-se que as mesmas tiveram origem
em uma única amostra e podem não expressar a realidade média do tratamento e/ou dos
valores diários.
49
6 – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
A publicação do livro Controle Ambiental nas Pequenas e Médias Indústrias de Laticínios, do
Projeto Minas Ambiente, tem contribuído de forma significativa para a melhoria da
conscientização do empresariado.
A adoção de caixa de gordura, para retenção de óleos/graxas, tem baixa eficiência , pelo
menos nos laticínios visitados. Acredita-se que esta baixa eficiência esteja ligada ao fato de a
gordura dos laticínios encontrar-se na forma de emulsão. Em contraposição a esse fato, a
adoção de uma unidade de flotação no sistema de tratamento tem-se mostrado eficiente na
remoção de gordura, evitando excesso de material sobrenadante nas lagoas aeradas.
O volume de efluentes gerado nas empresas pode ser consideravelmente diminuído com
reflexos diretos nas dimensões dos sistemas de tratamento, de vez que foi constatado que
nenhuma das empresas visitadas possui um processo ou programas formais de
conscientização, qualificação e motivação dos funcionários das áreas gerenciais, operacionais,
de manutenção e controle da qualidade para a redução e controle de volumes de efluentes e
de suas cargas poluidoras.
Adicionalmente pode-se fazer uma recomendação não específica às empresas visitadas, mas
de aplicação geral:
50
7 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
7.6 – COPAM – DN N° 010/1986: normas e padrões para qualidade das águas e lançamento
de efluentes nas coleções de água, para o Estado de Minas Gerais.
7.7 - GREIG e HARRIS, 1983; MELLO, 1987, citados por Minas Ambiente, 2002, cap 4,
p.81.
7.8 – MAPA - IN 51, 2002: Regulamentos técnicos de produção, identidade, qualidade, coleta
e transporte de leite
7.11 – MOTA, SUETÔNIO, 2000 – Introdução à Engenharia Ambiental, cap. 7, p. 265 – 276.
51
8 - ANEXOS
52
A.8 – Lagoa Aerada 2 A.9 – Tanque de Aeração
53
A.15 – Lagoa de Polimento ao fundo
54
8.2 – Fotografias da seqüência operacional de tratamento dos efluentes
da EMPRESA B
OBS: Não foram tiradas fotografias dos equipamentos de tratamento preliminar, constituído
de Grade, Caixa de Areia e Caixa de Gordura pelo fato de já terem sido apresentadas para a
EMPRESA A.
55
B.7 – Tanque para depósito temporário de
lodo ao fundo, vendo-se carrinho de mão B.8 – Lagoa de estabilização 1 (sem
para transporte de lodo e rampa de aeração)
acesso ao tanque.
56
8.3 – Fotografias da seqüência operacional do tratamento dos efluentes
da EMPRESA C
57
8 – Lagoa de Maturação ou Polimento 3
C.7 – Escada de aeração do efluente da
lagoa facultativa 2
58