O autor move ação contra duas empresas requeridas, operadora de plano de saúde e administradora de benefícios, alegando que teve o plano cancelado sem justificativa e não recebeu os boletos de pagamento das mensalidades a tempo, ficando sem cobertura médica. Requer a reativação do plano e emissão dos boletos atrasados, além de indenização por danos morais. Alega se enquadrar na assistência judiciária gratuita e que há relação de consumo regida pelo CDC, responsabilizando solid
O autor move ação contra duas empresas requeridas, operadora de plano de saúde e administradora de benefícios, alegando que teve o plano cancelado sem justificativa e não recebeu os boletos de pagamento das mensalidades a tempo, ficando sem cobertura médica. Requer a reativação do plano e emissão dos boletos atrasados, além de indenização por danos morais. Alega se enquadrar na assistência judiciária gratuita e que há relação de consumo regida pelo CDC, responsabilizando solid
O autor move ação contra duas empresas requeridas, operadora de plano de saúde e administradora de benefícios, alegando que teve o plano cancelado sem justificativa e não recebeu os boletos de pagamento das mensalidades a tempo, ficando sem cobertura médica. Requer a reativação do plano e emissão dos boletos atrasados, além de indenização por danos morais. Alega se enquadrar na assistência judiciária gratuita e que há relação de consumo regida pelo CDC, responsabilizando solid
EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO ___
JUIZADO ESPECIAL CVEL E DAS RELAES DE CONSUMO DA COMARCA DE XXX - MA
ASSISTNCIA JUDICIRIA GRATUITA
Autor, qualificao, nesta capital, vem perante V. Exa., por seu bastante procurador e advogado ao final assinado (instrumento procuratrio em anexo), vem respeitosamente perante Vossa Excelncia, propor a presente
AO DE INDENIZAO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS, com pedido de antecipao de tutela
em face de AMIL ASSISTNCIA MDICA INTERNACIONAL LTDA, empresa operadora de plano de sade, inscrita sob o CNPJ n. 29.309.127/0001-79, localizada na Rua Colmbia, 332, Jardim Amrica, So Paulo - SP;
QUALICORP ADMINISTRADORA DE BENEFICIOS S.A., empresa inscrita sob o CNPJ n 07.658.098/0001-18, localizada na Rua Doutor Plnio Barreto, n 365, Bela Vista, So Paulo - SP, CEP 01313-020, em conformidade com as razes de fato e de direito a seguir aduzidas
I - DOS FATOS:
O Requerente celebrou a proposta n XXX de contrato coletivo por adeso com a primeira requerida, por meio da empresa administradora de plano de sade (segunda requerida). Ocasio em que se estabeleceu que a mensalidade seria equivalente a R$ XXX , com vencimento no 10 dia de cada ms, bem como o envio do boleto de pagamento para o endereo do consumidor.
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Em 01/09/3013, o autor realizou o pagamento da adeso, entretanto, no recebeu as faturas para fins de pagamento das mensalidades, conforme pactuado no contrato. De tal forma, o Requerente no intuito de cumprir com as obrigaes assumidas com as requeridas, passou a solicitar os boletos ao servio de atendimento ao consumidor da administradora Qualicorp, que os encaminhava via email, causando pagamento posterior data de vencimento, conforme extrato de pagamento fornecido obtido no site da Qualicorp, a seguir detalhado:
Data do vencimento Data do pagamento 10/10/2013 24/10/2013 10/11/2013 06/01/2014 10/12/2013 06/01/2014 10/01/2014 10/01/2014 10/02/2014 11/03/2014
Tendo em vista que o boleto referente prestao com vencimento em 10/03/2014 no foi entregue na residncia do Autor, este, como era de praxe, o solicitou ao SAC da Qualicorp que o enviasse por email. Ocorre que, no atendimento em comento, a requerida no informou o nmero do protocolo, assim como no realizou prontamente o solicitao realizada pelo consumidor. Somente em 14/04/2014, passado mais de um ms do vencimento da prestao (10/03/2014), a Requerida encaminhou a fatura para fins de pagamento, com data de vencimento em 15/04/2014 (sendo pago nesta data). Ocorre que ao requerer, o boleto referente mensalidade com vencimento em 10.04.2014, o Autor foi informado que o plano de sade contratado com as requeridas se encontrava cancelado por falta de pagamento desde 28.02.2014. Ainda, comunicaram que o boleto requerido seria encaminhado e o plano reativado. Entretanto, at o presente momento, o Requerente no recebeu os boletos referentes aos vencimentos ocorridos em 10.04.2014 e 10.05.2014. Diante desse contexto, corriqueiramente, o Autor tem acionado as requeridas com fins de obter o boleto e honrar
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com suas obrigaes, sendo informado que a reativao do plano de sade ainda no foi analisada pelo setor competente. Dessa forma, o Autor encontra-se sem a cobertura do plano de sade contratado, por culpa exclusiva das Requeridas que no cumpriram com a obrigao de envio dos boletos at a data de vencimento acordada. Por todos os transtornos de ordem material e moral causados ao Autor, vem- se a este juzo requerer que condene a Requerida a reestabelecerem o plano de sade do Autor, bem como a emisso dos boletos de pagamento referentes s mensalidades dos meses maro e abril.
II. DO DIREITO
a) DA ASSISTNCIA JUDICIRIA GRATUITA
Primordialmente, o Autor requer a concesso do benefcio da assistncia judiciria gratuita, tendo em vista que se enquadra no que dispe o art. 2, pargrafo nico, da Lei 1.060/1950, ou seja, no dispe de meios e condies financeiras suficientes para arcar com as despesas processuais sem comprometer a subsistncia prpria e da sua famlia, devendo ser esta concedida para resguardar seus eventuais interesses recursais sem necessidade do pagamento de qualquer taxa ou preparo.
b) DA LEGITIMIDADE PASSIVA
Inicialmente, cabe destacar a responsabilidade da duas requeridas para figurarem no polo passivo da ao, uma vez que no contrato foi celebrado entre o Requerente e essas, tanto a empresa operadora do plano, quanto a administradora de benefcios so responsveis solidrias pelos prejuzos causados ao autor consumidor, em razo da defeituosa prestao de servio, nos termos do artigo 14, do Cdigo de Defesa do Consumidor. Neste sentido, a jurisprudncia:
JUIZADO ESPECIAL CVEL. PROCESSUAL CIVIL. DIREITO DO CONSUMIDOR. PLANO DE SADE. CANCELAMENTO INJUSTIFICADO. SEGURADORA E ADMINISTRADORA DE PLANO DE SADE. LEGITIMIDADE PASSIVA. ARTIGO 7 DO CDC. RECUSA DE ATENDIMENTO MDICO. DANOS
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MORAIS. CABIMENTO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENA MANTIDA. 1. O CDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR APLICA-SE S RELAES ENTRE O SEGURADO E A ADMINISTRADORA DO PLANO DE SADE QUALICORP ADMINISTRADORA DE BENEFCIOS S/A, BEM COMO ENTRE A AMIL - ASSISTNCIA MDICA INTERNACIONAL S.A., MOTIVO PELO QUAL PATENTE A RESPONSABILIDADE SOLIDRIA E OBJETIVA DA RECORRENTE PELA REPARAO DOS DANOS CAUSADOS AO CONSUMIDOR EM RAZO DA DEFEITUOSA PRESTAO DE SERVIOS, NA FORMA DOS ARTIGOS 7 E 14, AMBOS DO CDC. REJEITADA A PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA DA QUALICORP ADMINISTRADORA DE BENEFCIOS S/A. 2. POSITIVADO O CANCELAMENTO INJUSTIFICADO DO PLANO DE SADE QUE O RECORRIDO CONTRATOU PARA SUA FILHA, MEDIANTE PROVA DOCUMENTAL CARREADA AOS AUTOS, QUE DEMONSTRA O PAGAMENTO DAS PARCELAS ANTERIORES A 08/09/2013 (FLS. 17 E 116/121), DATA EM QUE LEVARA A SUA FILHA AO HOSPITAL ANCHIETA PARA ATENDIMENTO NO PRONTO SOCORRO E FOI RECUSADO O ATENDIMENTO EM RAZO DO CANCELAMENTO DO PLANO DE SADE, IRRETOCVEL SE MOSTRA A SENTENA QUE CONDENOU AS REQUERIDAS AMIL ASSISTNCIA MDICA INTERNACIONAL LTDA. E QUALICORP ADMINISTRADORA DE BENEFCIOS S/A, SOLIDARIAMENTE, AO PAGAMENTO DE INDENIZAO POR DANOS MORAIS. 3. O CANCELAMENTO IRREGULAR DO PLANO DE SADE, QUE GEROU A RECUSA DE ATENDIMENTO MDICO, ULTRAPASSA O MERO ABORRECIMENTO E SE PERFAZ EM FATO SUFICIENTE A MACULAR DIREITOS PERSONALSSIMOS, ENSEJANDO, POIS, INDENIZAO POR DANOS MORAIS. 7. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENA MANTIDA. 8. CONDENADO O RECORRENTE AO PAGAMENTO DAS CUSTAS PROCESSUAIS, SEM CONDENAO NOS HONORRIOS ADVOCATCIOS, ANTE AUSNCIA DE CONTRARRAZES (CERTIDO DE FL. 155). 9. A SMULA DE JULGAMENTO SERVIR DE ACRDO, CONFORME REGRA DO ART. 46 DA LEI N. 9.099/95. (TJ-DF - ACJ: 20130310286763 DF 0028676-26.2013.8.07.0003, Relator: CARLOS ALBERTO MARTINS FILHO, Data de Julgamento: 08/04/2014, 3 Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito Federal, Data de Publicao: Publicado no DJE : 22/04/2014 . Pg.: 311)
c) DA RELAO DE CONSUMO E A APLICABILIDADE DO CDC
Ocupa-se esta ao de relao de consumo, vez que, na forma da Lei n 8.078/1990, Cdigo de Defesa do Consumidor, a autora consumidora, sendo as requeridas fornecedores de servios. Neste caso, so intocveis os preceitos nessa Lei contidos, em especial o conceito de fornecedor (artigo 3), o da inverso do nus da prova em favor do
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consumidor (artigo 6, VIII), o do cabimento da indenizao por dano material e moral (artigo 6, VI e VII) e da responsabilidade objetiva dos fornecedores de servios (artigo 20), entre outros, os quais sero apontados no decorrer da narrativa. Consoante narrado, as requeridas, injustificadamente, excluram o autor do plano sem qualquer notificao do inadimplemento. Assim o fazendo, causou dano esfera de direitos do Autor, uma vez que este se encontra sem cobertura de assistncia sade, dependendo exclusivamente do sistema pblico, que notoriamente no responde a contento s necessidades da populao. Como j amplamente demonstrado, a relao de consumo, sob o prisma do CDC, irrefutvel, conforme prescrevem os artigos 2, caput e 3, caput e 2, da referida Lei Federal, verbo ad verbum: Art. 2 Consumidor toda pessoa fsica ou jurdica que adquire ou utiliza produto ou servio como destinatrio final.
Art. 3 Fornecedor toda pessoa fsica ou jurdica, pblica ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produo, montagem, criao, construo, transformao, importao, exportao, distribuio ou comercializao de produtos ou prestao de servios. (...) 2 Servio qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remunerao, inclusive as de natureza bancria, financeira, de crdito e securitria, salvo as decorrentes das relaes de carter trabalhista.
Nesse caso, patente se revela a responsabilidade objetiva das requeridas em reparar os danos ao Autor. Os fornecedores de servios respondem, independentemente da existncia de culpa, pelos danos ou riscos de danos causados ao consumidor, como exposto no j citado artigo 14, caput, do CDC, in verbis:
Art. 14. O fornecedor de servios responde, independentemente da existncia de culpa, pela reparao dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos prestao dos servios, bem como por informaes insuficientes ou inadequadas sobre sua fruio e riscos.
Alm dos artigos supracitados, outros dispositivos do CDC subsumem-se perfeitamente ao caso em tela, como por exemplo, o artigo 6, caput, e incisos VI, VII e VII: Art. 6 So direitos bsicos do consumidor: VI - a efetiva preveno e reparao de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos; VII - o acesso aos rgos judicirios e administrativos com vistas preveno ou reparao de danos patrimoniais e morais, individuais,
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coletivos ou difusos, assegurada a proteo Jurdica, administrativa e tcnica aos necessitados; VIII - a facilitao da defesa de seus direitos, inclusive com a inverso do nus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critrio do juiz, for verossmil a alegao ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinrias de experincias; (...)
Assim, afigura-se, sob todos os ngulos possveis, reprovvel e ilcita a conduta das requeridas, as quais esto causando ao Autor considerveis danos. Neste sentido, cedia a ilegalidade dos atos perpetrados pela parte r, vez que como documentado, o Autor necessita ser reintegrado urgentemente ao plano de sade firmado com as requeridas. d) DA ILEGALIDADE DO CANCELAMENTO AUTOMTICO
A Lei n 9.656/1998 impede expressamente a conduta das requeridas, como se nota a seguir: Art. 13. Os contratos de produtos de que tratam o inciso I e o 1 o do art. 1 o desta Lei tm renovao automtica a partir do vencimento do prazo inicial de vigncia, no cabendo a cobrana de taxas ou qualquer outro valor no ato da renovao.
Pargrafo nico. Os produtos de que trata o caput, contratados individualmente, tero vigncia mnima de um ano, sendo vedadas:
II - a suspenso ou a resciso unilateral do contrato, salvo por fraude ou no-pagamento da mensalidade por perodo superior a sessenta dias, consecutivos ou no, nos ltimos doze meses de vigncia do contrato, desde que o consumidor seja comprovadamente notificado at o qinquagsimo dia de inadimplncia.
Do mesmo modo, preceitua o artigo 17, pargrafo nico, da Resoluo Normativa 195/2009, da Agncia Nacional de Sade ANS:
Art. 17 As condies de resciso do contrato ou de suspenso de cobertura, nos planos privados de assistncia sade coletivos por adeso ou empresarial, devem tambm constar do contrato celebrado entre as partes.
Pargrafo nico. Os contratos de planos privados de assistncia sade coletivos por adeso ou empresarial somente podero ser rescindidos imotivadamente aps a vigncia do perodo de doze meses e mediante prvia notificao da outra parte com antecedncia mnima de sessenta dias.
Os tribunais ptrios tm seguido fielmente as disposies legais, conforme se verifica nos julgados abaixo ementados:
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Nmero do processo: 0363742013 Nmero do acrdo: 1379882013 Data do registro do acrdo: 30/10/2013 Relator: LOURIVAL DE JESUS SEREJO SOUSA Data de abertura: 07/08/2013 Data do ementrio: 01/11/2013 Orgo: SO LUS
PROCESSUAL CIVIL. APELAO. AO DE CONSIGNAO EM PAGAMENTO COM INDENIZAO POR DANOS MORAIS. PLANO DE SADE. CANCELAMENTO DO CONTRATO. AUSNCIA DE NOTIFICAO PRVIA. VIOLAO DA LEI N. 9.656/98. INDENIZAO. NECESSIDADE. 1. O cancelamento de plano de sade somente possvel se forem respeitados os termos do artigo 13, inciso II, da Lei n. 9656/98, pois constitui ato ilcito indenizvel a resciso contratual sem o prvio aviso do associado. 2. In casu, a indenizao por danos morais mostra-se necessria diante da prova da conduta ilegal da administradora do plano de sade alm do que, inexiste qualquer das causas excludentes de ilicitude. 3. Sentena que se reforma. Apelo provido.
CONSUMIDOR. AO DE OBRIGAO DE FAZER. PLANO DE SADE. CANCELAMENTO DO SERVIO DE FORMA IRREGULAR E ABUSIVA. INOBSERVNCIA DO DISPOSTO NO ART. 13, PARGRAFO NICO, INCISO II, DA LEI N 9.656/98. AUSNCIA DE PROVA DE NOTIFICAO PRVIA DO CANCELAMENTO. RESTABELECIMENTO DO PLANO DE SADE NOS MOLDES ORIGINALMENTE CONTRATADOS. 1. Conforme preconiza o disposto no artigo 13, pargrafo nico, II, da Lei dos Planos de Sade (n.o 9.656/98), o cancelamento ou a resciso unilateral do contrato est autorizada somente em situaes excepcionais, devidamente descritas na norma, como no caso de fraude ou quando haja cumulativamente o inadimplemento pelo consumidor e a sua notificao devidamente comprovada at o quinquagsimo dia de inadimplncia. 2. No caso do autos, no restou demonstrado pela parte demandada que a notificao tenha ocorrido at o quinquagsimo dia de inadimplncia, j que a
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notificao (fl. 37/38) ocorreu somente aps o prazo legal, sendo ilegtimo o cancelamento do plano levado a efeito, ainda mais quando pagamento da parcela em atraso ocorreu no dia do cancelamento (fls. 10/11). 3. No tendo a operadora do plano de sade observado os termos da lei quando da resciso contratual, impe-se o restabelecimento do plano de sade, nos moldes originalmente contratados, observando os valores vigentes das mensalidades, R$ 339,00 mensais, confirmando-se a antecipao de tutela de fl. 12. RECURSO IMPROVIDO. SENTENA MANTIDA POR SEUS PRPRIOS FUNDAMENTOS. (TJ-RS - Recurso Cvel: 71003934627 RS , Relator: Lucas Maltez Kachny, Data de Julgamento: 14/05/2013, Primeira Turma Recursal Cvel, Data de Publicao: Dirio da Justia do dia 16/05/2013)
No caso em tela, verifica-se a ausncia de notificao que antecedesse o desligamento do Autor do plano de sade. O Requerente foi surpreendido ao solicitar, ao servio de atendimento ao consumidor, o boleto referente ao vencimento que ocorreria em 10/04/2014, ocasio em que foi informado que fora desligado do plano por falta de pagamento desde 28/02/2014. Tendo em vista que o autor cliente das requeridas, com quem prestou contrato coletivo por adeso, faz-se, mister, portanto, a tutela jurisdicional no presente caso.
e) DOS DANOS MORAIS
A Constituio brasileira de 1988 consagrou em seu art. 5, X 1 a inviolabilidade honra, assegurando o direito de indenizao pelos danos causados quele que fora lesado. Ora, o que aqui se pleiteia, nada mais de que seja o Requerente indenizado pelos transtornos a que fora submetido, haja vista que no pairam dvidas acerca dos prejuzos sofridos por este, nem tampouco o abalo que tal ofensa gerou sua honra, tendo a r obrigao de ressarci-lo. Tal direito tambm vem a ser garantido pela legislao infraconstitucional, como se passa a demonstrar.
1 Art. 5: Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros residentes no Pas a inviabilidade do direito vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade, nos termos seguintes: Inciso X: So inviolveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenizao material ou moral decorrente de sua violao. (Grifo nosso)
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O art. 927 do Cdigo Civil ptrio, bem como o seu pargrafo nico, dispe acerca da obrigao de reparao pelo dano causado, atravs de indenizao, daquele que comete ato ilcito em favor da vtima, independentemente de culpa, conforme se pode observar da transcrio do citado dispositivo:
Art. 927: Aquele que, por ato ilcito, causar dano a outrem, fica obrigado a repar-lo. Pargrafo nico: Haver obrigao de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. (Grifo nosso).
Como se nota da simples transcrio literal do artigo supracitado, h o dever de indenizar para aquele que comete ato ilcito a outrem, independentemente deste ter agido com culpa ou dolo na prtica do ato tipificado como ilcito, valendo-se o sistema jurdico brasileiro da responsabilidade objetiva. De bom alvitre nos parece a definio legal do que vem a ser considerado ato ilcito para o sistema normativo nacional, necessrio para a caracterizao do dano ocasionado ao requerente, ocasio em que devemos nos remeter ao Ttulo III do Cdigo Civil, nomeado DOS ATOS ILCITOS, especificamente em seu art. 186, o qual vem a dispor: Art. 186: Aquele que, por ao ou omisso voluntria, negligncia ou imprudncia, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilcito. (Grifo nosso).
Dessa forma, constitui ato ilcito o que venha a ser praticado em desacordo com a ordem jurdica vigente, vindo a violar direito subjetivo individual, seja este patrimonial ou moral, cabenndo ao lesado requer-lo pela via do poder judicirio, conforme assegurado constitucionalmente pelo art. 5, XXXV 2 . Para findar, mister trazer novamente a lume o disposto no art. 6, VI da Lei 8.078/90, ao tratar dos direitos bsicos do consumidor, disciplina:
Art. 6 So direitos bsicos do consumidor:
2 Art. 5: Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros residentes no Pas a inviabilidade do direito vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade, nos termos seguintes: Inciso XXXV: A lei no excluir da apreciao do Poder Judicirio leso ou ameaa a direito. (Grifo nosso)
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VI A efetiva preveno e reparao de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos. (Grifo nosso)
No caso em voga, o ato ilcito praticado pelas Requeridas foi ter feito de forma ilegal, diante da ausncia de prvia notificao, o cancelamento do plano de sade contratado pelo autor. Outrossim, faz-se necessrio observar que prpria jurisprudncia tem se encarregado de dar interpretao natureza da indenizao dos danos morais no sentido de ser ela compensatria e no de ressarcimento, como no caso dos danos materiais. Assim, absolutamente devida uma compensao financeira s vtimas que j sofreram pela dor, pelo desconforto, pela tristeza ou pelos constrangimentos ntimos causados por terceiros. Seno, leia-se a seguinte ementa do Supremo Tribunal Federal:
EMENTA: DANO MORAL INDENIZAO CABIMENTO. Embora o dano moral seja um sentimento de pesar ntimo da pessoa ofendida, para o qual no se encontra estimao perfeitamente adequada, no isso razo para que se lhe recuse em absoluto uma compensao qualquer. Essa ser estabelecida, como e quando possvel, por meio de uma soma, que no importando uma exata reparao, todavia representar a nica salvao cabvel nos limites das foras humanas. (RE 69.754-SP. STF. Rel.: Min. Thompson Flores RT 485/230) (Grifo nosso)
f) DA ANTECIPAO DOS EFEITOS DA TUTELA
Com efeito, presentes na hiptese os requisitos autorizadores da concesso da tutela antecipada previstos no artigo 273, do Cdigo de Processo Civil, quais sejam, o fumus boni iuris e periculum in mora. O primeiro consiste na plausibilidade do direito alegado que patente, uma vez que o requerente foi excludo do plano de assistncia sua sade sem qualquer notificao , por conduta abusiva por parte das requeridas.
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O segundo encontra-se na necessidade do autor realizar acompanhamento mdico regular, bem como da encontra-se resguardando na ocorrncia de fato que exija cuidados mdicos minuncisos, resguardando, portanto, direito constitucional vida. DO PEDIDO
Diante do exposto, requer-se respeitosamente:
a) Em sede de antecipao de tutela, o restabelecimento imediato do autor ao plano de sade, sem qualquer perodo de carncia e nas mesmas condies em que foi celebrado o contrato e a emisso dos boletos de pagamento de pagamento que teriam vencimento em 10/04/2014 e 10/05/2014, com o intuito de cessar a inadimplncia;
b) A citao das requeridas nos endereos informados no prembulo para, querendo, contestar a presente inicial, bem como para produzir todas as provas que achar pertinente e admitidas em direito, sob pena de confisso e revelia quanto matria ftica;
c) Como provimento final, o restabelecimento do autor ao plano de sade sem qualquer perodo de carncia e nas mesmas condies em que foi celebrado o contrato;
d) A condenao das suplicadas, solidariamente, ao pagamento dos danos morais causados, em valor a ser arbitrado em sentena, que considere o valor do prejuzo, a pessoa do consumidor e a capacidade de pagamento da empresa, assim como o escopo pedaggico da pena, prevenindo a reiterao das prticas abusivas ao consumidor;
e) Que seja concedida a assistncia judiciria gratuita autora, com fulcro na lei 1.060/50, com as alteraes introduzidas pela Lei 7.510/86, por no ter condies de arcar com as custas processuais e honorrios advocatcios.
Protesta ainda pela inverso do nus da prova, com fulcro no art. 6, VIII, da Lei n. 8.078/90.
D-se a causa o valor de R$ 28.960,00 (vinte e oito mil novecentos e sessenta reais)