Este documento resume a vida e obra do poeta português Antônio Gomes Leal. Ele nasceu em 1848 em Lisboa e teve uma vida difícil, trabalhando em jornais e como escrevente. Sua poesia abrange temas como o romantismo, realismo, anticlericalismo e sátira social. Converteu-se ao catolicismo em 1910 e passou seus últimos anos em dificuldades financeiras, morrendo em 1921. Sua obra mais conhecida é "Claridades do Sul".
Este documento resume a vida e obra do poeta português Antônio Gomes Leal. Ele nasceu em 1848 em Lisboa e teve uma vida difícil, trabalhando em jornais e como escrevente. Sua poesia abrange temas como o romantismo, realismo, anticlericalismo e sátira social. Converteu-se ao catolicismo em 1910 e passou seus últimos anos em dificuldades financeiras, morrendo em 1921. Sua obra mais conhecida é "Claridades do Sul".
Este documento resume a vida e obra do poeta português Antônio Gomes Leal. Ele nasceu em 1848 em Lisboa e teve uma vida difícil, trabalhando em jornais e como escrevente. Sua poesia abrange temas como o romantismo, realismo, anticlericalismo e sátira social. Converteu-se ao catolicismo em 1910 e passou seus últimos anos em dificuldades financeiras, morrendo em 1921. Sua obra mais conhecida é "Claridades do Sul".
Efignia Gregrio Damio RA-0050040769 4 semestre curso Letras Prof Elizabeth Franke Nov 2013 Antnio Duarte Gomes Leal nasceu em Lisboa no dia 6 de Junho de 1848, na Praa do Rossio, freguesia da Pena. Filho ilegtimo de um funcionrio da Alfndega, com algumas posses, que morreu em 1876, e de Henriqueta Fernandina Monteiro Alves Cabral Leal.
Viveu com a sua me e irm Maria Fausta a sua principal fonte de inspirao Frequentou o Curso Superior de Letras, mas no o concluiu. No se fixou porm em qualquer carreira ou profisso que lhe assegurasse uma subsistncia regular; No jornalismo, no panfletarismo poltico, acima de tudo na poesia, aplicaria a sua vocao de boemia e artista; Empregou-se como escrevente de um notrio de Lisboa, mas a sua cultura literria foi quase toda adquirida no seu meio de trabalho e nos cafs;
Comeou cedo a trabalhar no mundo jornalstico, tendo tambm feito edio de livros e panfletos; Colaborou com diversos jornais da poca, publicando crticas literrias e artigos satricos. Enquanto crtico, Gomes Leal era j defensor do realismo, mas como poeta era ainda ultra romntico, o que bem visvel, formalmente, no tom de balada e na exposio narrativa de muitas das suas composies, componente que no deixar nunca de revelar, apesar das vicissitudes e converses do seu percurso literrio e pessoal,ou por isso mesmo.
Quando Gomes Leal publica as suas primeiras composies poticas na Gazeta de Portugal, a poesia do romantismo em Portugal atravessava um perodo de radical conflito a nvel terico. Era o perodo da clebre polemica Questo Coimbr ou do Bom Senso e Bom Gosto, provocada por Antero de Quental; Pode-se dizer que, nessa altura salvo rarssimas excees, a poesia em Portugal continuava alheia s influncias desse modernismo que, no interior do prprio romantismo europeu, Baudelaire proclamara j genericamente em 1846; Tudo isto nos permite situar Gomes Leal nos finais dos anos 60 do sc. XIX, como um herdeiro direto (mas no um imitador ou mesmo um discpulo) dos primeiros romnticos portugueses. Mas h tambm desde o incio da sua obra, um sentido finissecular baudeilairiano que a define essencialmente, tornando-a nica; Em Lisboa Praa de Cames em 1868, Gomes Leal estreou-se aos dezoito anos em 1866, ao publicar a poesia Aquela Morta, na Gazeta de Portugal, aonde publica igualmente A gondoleira a 5 de Novembro de 1867
Em 16 de Janeiro de 1869, comea a publicar o folhetim "Trevas" na Revoluo de Setembro; Com este trabalho tornou-se conhecido como poeta. apresentado por Luciano Cordeiro como um dos "poetas Novos", a par de Tefilo Braga, Antero de Quental, Guilherme Braga e Guerra Junqueiro, entre outros; No ano da morte de sua irm (Maria Fausta, sua principal fonte de inspirao) publica "Claridades do Sul"(1875), o seu primeiro livro potico, e nele j se notam os seus ideais anticlericalistas e republicanos, preocupaes tambm presentes em obras posteriores;
Em 1881 um dos fundadores do jornal O Sculo, publica A banalidade nacional irritada (30 de Janeiro de 1881);
Para celebrar Cames e Bocage, publica o poema em 4 cantos A Fome de Cames para celebrar o tricentenrio do poeta (1880) e A Morte de Bocage, (1881); Nestes dois ltimos livros reflete sobre o destino fatal do poeta de misso, com que ele prprio se identificava;
Poesia oscilante entre trs escolas literrias da segunda metade do sc. XX: o Romantismo, o Simbolismo e o Parnasianismo. Foi considerado ainda um precursor do Modernismo; Fez poemas de quase todos os tipos, inspirados em diversas tendncias literrias; Poesia de cunho social, retratando a misria e o desalento dos mais necessitados; Poesia satrica em que ironizava a corte, o clero, a burguesia e os costumes do povo portugus. Foi detido e cumpriu pena na priso do Limoeiro por crticas ao rei D. Lus; Poesia romntica em que exaltava o amor e idealizava a mulher; Trabalhou ainda outros temas, como a religiosidade, o ocultismo, o pessimismo e a vida bomia noturna de Portugal.
Quando a me morre, em 1910, converte-se ao catolicismo, o que tem influncia na sua escrita, mudana que se manifestou na sua obra, em livros como "A Senhora da Melancolia;
A Senhora da Melancolia
Poema de Gomes Leal, datado de 1910, sub intitulado "Avatares de um ateu", que assinala a converso do poeta, pois como o autor diz no prefcio; No impossvel que o descrente um belo dia encontre a sua estrada real de Damasco, como Saulo, onde a cegueira dos seus olhos se cure e dissipe enfim". Comea aqui o perodo mais difcil da sua vida, do ponto de vista econmico, foi recolhido em 1913 por uma pessoa piedosa, dormia de casa em casa, ou nos bancos da praa pblica, e chegou mesmo a ser apedrejado pelos garotos da rua, at que Teixeira Pascoaes e outros escritores lanaram um apelo pblico para que o Estado lhe atribusse uma penso. Este objetivo foi conseguido quando o Parlamento votou que lhe fosse atribuda a penso, no valor de 600$00 reis que, apesar de diminuta, foi o seu sustento at a morte; A fase final da vida de Gomes Leal foi marcada por um grande fervor religioso, associado degradao fsica e moral consequente do seu alcoolismo. Morreu em Lisboa no dia 29 de Janeiro de 1921;
Apesar de se mover literria e pessoalmente nos crculos prximos da Gerao de 70, no integra o grupo dos Vencidos da Vida, referindo porm, o apreo que Ea de Queirs e Antero de Quental lhe dedicam, num comentrio feito pelo prprio Gomes Leal na obra A Morte do Rei Humberto (1900);
Designao com que Oliveira Martins batizou em 1888, o "grupo jantante", de onze intelectuais portugueses, que se encontrava ora no Caf Tavares ora no Hotel Bragana, e que congregava, para fins de mero convvio e diverso, os membros mais destacados da chamada Gerao de 70, entre os quais o prprio Oliveira Martins (autor da denominao Vencidos da Vida), Ramalho Ortigo, Guerra Junqueiro, Antnio Cndido, o Marqus de Soveral, o conde de Ficalho e, a partir de 1889, Ea de Queirs; Para alm destes, e para completar o grupo dos onze tambm participaram Carlos Mayer, Carlos Lobo d'vila, Bernardo de Pindela e o Conde de Sabugosa; Vrios destes intelectuais estiveram associados a iniciativas de renovao da vida social e cultural portuguesa de ento, como as Conferncias do Casino. Como um grupo, ficaram conhecidos (embora no com inteira justia) pelo seu diletantismo, por um certo mundanismo desencantado; Estes no eram, contudo, sinais de falta de profundidade intelectual, como comprovam as abundantes realizaes dos seus membros na poltica, na diplomacia, na historiografia e na literatura; Respondendo aos comentrios dos muitos que desconfiavam da existncia de intenes polticas ocultas por detrs destes encontros, nomeadamente a uma crnica de Pinheiro Chagas no Correio da Manh, em que este ironizava sobre o fato de todos aqueles vultos eminentes da sociedade portuguesa se autoproclamarem vencidos, Ea escreveu: "Mas que o querido rgo [Correio da Manh], nosso colega, reflita que, para um homem, o ser vencido e derrotado na vida depende, no da realidade aparente a que chegou, mas do ideal ntimo a que aspirava; O autor de Os Maias dava assim, voz ao sentimento de desencanto ou frustrao de uma gerao que almejara a reforma sociocultural profunda do pas e que, como Ea dizia desde 1878, parecia ter "falhado; Com a morte e o afastamento progressivo dos seus membros, o grupo dos "Vencidos da Vida" dissolveu-se por volta de 1894. Desde o incio da sua obra potica, Gomes Leal revela uma curiosa tendncia heterclita. Para essa tendncia contribuem, sem dvida, os modelos do romantismo portugus, paralelamente a modelos estrangeiros, frente dos quais est Baudelaire; Gomes Leal rene Garrett e Herculano num mesmo preito patritico, em 1897, num texto em poesia, bastante polmico: O estrangeiro vampiro. Carta a El-Rei D. Carlos I; Gomes Leal define-se como um gnio inadaptado sociedade, num misticismo visionrio. Inmeros so os exemplos desta perspectiva do poeta proscrito e infeliz, como Soneto dum poeta morto, Aquele Sbio, El Desdichado e Noites de Chuvade Claridades do Sul; Obras O Tributo do Sangue (1873) A Canalha (1873) Claridades do sul (1875) A Fome de Cames: Poema em 4 cantos (1880) A Traio (1881) O Renegado a Antnio Rodrigues Sampaio carta ao Velho Pamphletario sobre a perseguio da imprensa(1881) (2)A morte do athleta (1883) Histria de Jesus para as Criancinhas Lerem (1883) Troa Inglaterra (1890) A Senhora da Melancolia (1910)
Noites de chuva Eu no sei, meu bem, cheio de graas! Se tu amas no Outono -- j sem rosas -- A longa e lenta chuva nas vidraas, E as noites glaciais e pluviosas!...
Nessas noites sem luz, que -- visionrios -- Temos quimeras msticas, celestes, E cismamos nos pobres solitrios Que tiritam debaixo dos ciprestes!
Que evocamos os lricos passados, As quimeras, e as horas infelizes, Os velhos casos tristes olvidados E os mortos coraes sob as razes!...
Nessas noites, meu bem, em que desfeito cai o frio granizo nas estradas, E tanto apraz sonhando, sobre o leito, Ouvir a longa chuva nas caladas;
Nessas noites, elctricas, nervosas, Todas cheias de aromas outonais, Que a tristeza tem formas monstruosas, Como, num sonho, os prticos claustrais;
Noites s em que o sbio acha prazeres, -- To ignorados dos cruis profanos; -- E em que as nervosas, msticas, mulheres, Desfalecem chorando, nos pianos;
Nessas noites, meu bem! que os poetas Tm s vezes seus sonhos mais brilhantes, Folheiam suas obras predilectas... -- evocam rostos... e vises distantes!