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MINISTÉRIO PÚBLICO

DEPARTAMENTODE INVESTIGAÇÃOE ACÇÃO PENAL b'


DISTRITO JUDICIAL DE COIMBRA \

A arguida, como médica especialista, assistente graduada de cardiologia, sabia que,

considerada a idade do doente e o seu estado de saúde (com parâmetros vitais instáveis), devia

mantê-lo nos HUC para estabilização, estudo (por ex., realizaç,ãode ECG, de ecocardiograma- que

daria, seguramente, importante informação acerca da função global e segmentardo ventrículo esquerdo - e de

marcadores bioquímicos cardíacos seriados), vigilância e tratamento optimizado (se necessário,

transferência imediata para a unidade de cuidados intensivos "polivalente" ou cardíacos), pois era esta a

conduta que se impunha face às "Ieges-artis" que regem a sua profissão (regrasgeneralizadamente

reconhecidasda ciência médica) e face ao dever genérico de cuidado que sobre todos impende.

A arguida sabia que, como funcionária dos HUC, estabelecimento integrado no

Sistema Nacional de Saúde, tinha a obrigação de proporcionar ao doente as condições para o

melhor diagnóstico e para a melhor terapêutica que fossem possíveis para o seu caso, o

que só seria possível com a manutenção do doent~ nos HUC, que dispõe de meios

altamente diferenciados, como bem sabia, sendo 'certo que a arguida podia ter decidido que

o doente se mantivesse nos HUC.

A arguida sabia que tinha a obrigação de, por um lado, adoptar todas condutas que

fossem adequadas a evitar o agravamento do estado de saúde do doente e a poder evitar a

sua morte e de, por outro lado, abster-se daquelas que aumentassem o risco, o perigo, de

produção de qualquer destes resultados.

A arguida sabia que ao decidir-se pela transferência para o Hospital de Seja não

estava a "defender" os interesses do doente, pois este é um "simples" hospital distrital, com

escassos meios humanos, materiais e técnicos, designadamente

- quanto a meios de diagnóstico e de terapêutica;

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