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A primeira coisa que as pessoas que gostam dos livros fazem quando
compram um é folheá-lo sem pressa, sem maiores compromissos.
Vejamos o que significa cada uma das seções e o porquê dessas interrupções.
® Em cada Pausa
Pausa, você encontrará um exercício-desafio para responder.
Consulte seus colegas e companheiros. Comente e discuta suas respostas.
Como diz o ditado, “duas cabeças pensam melhor que uma”...
® Em cada Em Tempo
Tempo, procuramos acrescentar alguma informação que
seja importante para o entendimento do texto. Por exemplo: dados
numéricos, trechos de documentos históricos significativos e assim por
diante.
Finalizado esse contato inicial com o seu livro, esperamos que você faça
muito bom proveito dele. Aceitamos, de bom grado, críticas, elogios e sugestões.
Os autores
1
1
INTRODUÇÃO
NASCIMENTO CASAMENTO
85 - MUDANÇA
74 - 1 º EMPREGO PARA S.PAULO 92 - FILHA
1 1 1 1
9 9 9 9
TEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPO
6 7 8 9
0 0 0 0
Nessa linha do tempo, você poderá identificar os anos em que acontece- A U L A
ram fatos importantes para a vida de Maria da Conceição, para a história dela.
É claro que outros acontecimentos marcaram sua vida, pois esses foram
apenas exemplos. Alguns podem ter ocorrido em um mesmo ano, tornando esse 1
ano mais importante que outros.
Há também períodos que duram mais de um ano e que, por determinados
fatos, tornaram-se fundamentais para a história da vida dela. Podem ser anos ou
meses, ou até mesmo décadas (períodos de dez anos), em que aconteceram
mudanças importantes. Exemplo disso seria todo o tempo em que viveu na
Bahia e os anos que já mora em São Paulo. Tudo isso pode estar assinalado na sua
linha do tempo.
Da mesma forma que imaginamos uma linha do tempo para cada história
individual, podemos fazer uma linha para a história de uma sociedade, a
história de um povo. Assim como as pessoas, os grupos sociais (os povos) têm
sua história.
Como é muito mais longa que a história de uma só pessoa, a linha do tempo
da História normalmente não é marcada com anos, e sim com séculos , que
são períodos de cem (100) anos.
Costumamos numerar os séculos em algarismos romanos.
V A M O S R E C O R D A R O S ALGARISMO S R O M A N O S :
TEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPO
7 6 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 7
NASCIMENTO D E CR I S T O
A U L A As datas e os séculos
1 Agora que você sabe o significado de uma data e o que é um século, tente
responder a esta pergunta: como se sabe a que século pertence determinado ano?
Observe a linha de tempo abaixo:
MARCO ZERO
NASCIMENTO
D E CRISTO
TEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPO
1 101 201
Como você pode ver, o marco zero é assinalado pelo nascimento de Cristo.
Passados cem anos (do ano 1 ao ano 100), temos o primeiro século do nosso
calendário - o século I. Do ano 101 ao ano 200, o segundo século - o século II. E
assim por diante.
O século é, portanto, uma centena de anos. Em vez de dizer "cem anos",
dizemos "um século"; 1.000 anos são 10 séculos; 1.500 anos são 15 séculos.
O século começa sempre no ano que termina em 01 01; e o século acaba quando
se completa a centena, que termina em 0000.
Para saber a que século pertence uma data, precisamos apenas verificar
quando se completará a centena.
Por exemplo, o ano da Independência do Brasil é 1822: no final daquele
século tivemos o ano de 1900, com dezenove centenas. Então, o ano de 1822
pertence ao século XIX, que começou em 1801 e terminou em 1900.
A descoberta do Brasil pertence ao século XV, porque 1500 é o ano em que
terminou o século XV.
Vamos ver a linha do tempo na História do Brasil e localizar nessa linha o ano
de 1822:
TEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPO
XV XVI XVII XVIII XIX XX
1822
1801
Estamos no século XX, quase chegando ao século XXI... Pense, agora: em A U L A
que ano chegaremos ao século XXI?
O século XXI começará no dia 1º de janeiro do ano 2001.
1
O que é História, afinal?
Até agora, falamos de História e de histórias de vida. Mas que História é essa
a que nos referimos com H maiúsculo? Afinal, o que é História?
Quer dizer, não se trata da vida de cada uma das pessoas, mas da vida dos
grandes grupos sociais que essas pessoas formam. Por isso, a História é
considerada uma ciência social.
Mas, o que interessa para a História? Interessa entender tudo o que fazem,
pensam ou realizam as pessoas dessas sociedades, desses grupos ou desses
povos. A História se interessa por todas as atividades humanas, por tudo aquilo
que as pessoas fazem, em grupo, durante a sua vida.
E a História estuda essas pessoas no tempo, isto é, os seres humanos e sua
vida em sociedade nas diferentes épocas. E também estuda essa gente no
espaço , ou seja, nos diferentes lugares em que vivem.
TEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPO
ANTIGA MÉDIA MODERNA CONTEMPORÂNEA
Fontes históricas
Nobres ou
escravos, Lembre-se do início desta aula. Seus documentos fornecem informações do
indígenas, brancos tempo e do lugar em que você nasceu. Então, eles fornecem informações sobre
ou negros, homens
a sua história. Os documentos escritos dão importantes informações para a
ou mulheres, todos
fazemos a História. Eles servem tanto para a sua história de vida quanto para a História de
História da uma sociedade ou de um povo. As informações escritas que são deixadas por
humanidade. grupos sociais revelam sua maneira de viver, de se identificar, de pensar, de se
Nesta colagem de divertir, de falar, de rezar e até de morrer.
ilustrações, foram Para quem quer conhecer a História desses grupos sociais, é fundamental ler
reunidas pessoas com atenção os documentos ou registros escritos por eles. Esses documentos são
que, como você, chamados fontes. São as fontes escritas.
fazem a História
Porém, nem só pelos documentos escritos se conhece a História de uma
do Brasil.
sociedade... Há outros tipos de fonte.
A História pode ser conhecida pelas lendas e canções que ficaram na
memória das pessoas e que passam de pais para filhos. A História de um povo
pode ser conhecida também por pinturas, esculturas e desenhos produzidos por
ele. Por fotografias, filmes, poesias que se sabem de cor e até pela maneira de
construir uma casa ou uma cidade. Pela arquitetura de suas igrejas, pelas roupas
que usavam. Todas essas coisas falam da História de um povo povo. Enfim, quase
tudo na vida tem a ver com a História...
Se todos esses elementos da vida das pessoas em sociedade interessam à
História e fazem parte dela, quer dizer que todos os homens e todas as mu-
História. Todos fazemos a História!
lheres fazem História
E que História é essa? A U L A
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Todas as nossas aulas terminarão lembrando que o tempo não pára . Esta O tempo
parte será uma espécie de “cenas dos próximos capítulos”, mostrando que não pára
aquilo que estudamos em cada aula ajuda a entender o que veremos nas aulas
seguintes. Precisamos separar os tempos e os temas para estudar a História, mas
não podemos esquecer que, na realidade, a História é uma construção contínua
do relacionamento de todas as pessoas que a viveram, em cada época.
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Exercícios
A U L A Relendo o texto
1 Nesta parte, você deverá fazer exatamente o que o título anuncia: reler o
texto. Você vai perceber que uma segunda leitura é sempre melhor que a
primeira, especialmente quando voltamos ao texto com algumas perguntas na
cabeça. Estudar História é aprender a perguntar. Vamos experimentar?
1. Releia A história das soci edades e responda: O que é um século? O que
sociedades
adotamos para marcar o século I? Por que estamos no século XX?
2. Releia Fontes históricas e responda: Por que os documentos escritos são
importantes para a História? Que outros tipos de fonte , além dos docu-
mentos escritos, são utilizados pelos historiadores?
3. Releia E que História é essa? e retire do texto trechos que falem sobre
como o historiador trabalha.
4. Dê um novo título a esta aula.
Fazendo a História
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AUU
A L AL A
2
2
MÓDULO 1
O encontro de
dois mundos
Esta é a primeira aula de História do Brasil. Hoje, todos sabemos que Nesta aula
moramos num país chamado Brasil e que somos brasileiros. Nosso país fica na
América do Sul. Todos os brasileiros falam a mesma língua. Mas por que os
brasileiros, que moram na América do Sul, falam a mesma língua de quem nasce
em Portugal, que fica na Europa?
Muitas transformações
O Humanismo Esse movimento, conhecido como Humanismo, acabou por influenciar ou-
tros acontecimentos da vida dos europeus. O Homem, assim com H maiúsculo,
entendido como o ser humano de maneira geral, foi colocado no centro das
atenções. Intelectuais, médicos, artistas e religiosos começaram a se interessar
por ele, a pintá-lo, a descobrir como funcionava seu organismo e como funcio-
nava a natureza.
A Contra-Reforma A Igreja Católica reagiu e adotou algumas reformas para impedir que o
protestantismo crescesse ainda mais. A reação da Igreja Católica ficou conhecida
como Contra-Reforma . Por isso foi criada a Companhia de Jesus, formada por
padres chamados de jesuítas, que se tornou muito importante, espalhando a fé
católica por todo o mundo.
Foi aí que Portugal entrou nessa História. No século XV, o comércio no mar
Mediterrâneo era controlado pelos italianos. E, vindos do Oriente, os turcos 2
avançavam em direção à Europa. Ficava cada vez mais difícil comerciar com o
rico Oriente pelas rotas do Mediterrâneo. A saída era navegar pelo oceano
Atlântico, conhecido na época como “Mar Tenebroso”.
Os portugueses foram os primeiros nessa expansão marítima. Encontravam-
se em vantagem porque, além do desenvolvimento de seus portos e de sua
navegação, já contavam com uma monarquia forte e capaz de arrecadar muitos
recursos. Logo no início do século XV, eles fizeram suas primeiras viagens,
conquistando a região africana de Ceuta, em 1415. A partir de então conquista-
ram várias ilhas do oceano Atlântico e pontos do litoral da África, que lhes
forneceram escravos para as primeiras plantações de cana-de-açúcar nessas
ilhas do Atlântico.
Em 1488, o navegador português Bartolomeu Dias contornou o cabo das
Tormentas, no extremo sul da África, que daí em diante teve seu nome mudado
para cabo da Boa Esperança. Dez anos depois, outro português, Vasco da Gama,
seguiu o caminho aberto por Bartolomeu Dias e conseguiu finalmente alcançar,
pelo mar, as Índias das especiarias e do rico comércio.
No entanto, foram os espanhóis que chegaram primeiro à América. Finan-
ciado pelos reis da Espanha, Cristóvão Colombo partiu com três caravelas na
aventura de contornar a Terra e chegar à Índia. Para a época, isso foi uma
Os europeus foram
ousadia, pois não se tinha certeza de que a Terra fosse mesmo redonda. descobrindo e
No dia 12 de outubro de 1492, Colombo encontrou terras que julgou ser a conquistando
Índia. A conclusão de que se tratava de um novo continente foi do navegador e novas terras,
cartógrafo Américo Vespúcio. Por isso, passou-se a chamar o novo mundo de durante os séculos
América. XV e XVI.
A U L A A conquista da América
As Américas
eram habitadas
por diversos
povos indígenas.
I NCAS
Dessa enorme tragédia, alguma coisa nova foi se formando. Alguns historia- O tempo
dores já disseram que 1492, ano da descoberta da América por Colombo, deveria não pára
ser o início da Época Moderna. Desde então, alargaram-se as fronteiras do
mundo para ameríndios e europeus.
A América, o nosso continente, é o produto histórico desse encontro
violento. É por causa desse encontro que nós, brasileiros, falamos português e
temos uma enorme dívida a resgatar com os povos indígenas que, ainda hoje,
mantêm sua cultura em território brasileiro.
Fazendo a História
Documento A
“ Seus corpos são protegidos e apenas emerge o rosto. É branco como a
cal. Têm cabelos amarelos (...) Cavalgam em cima de animais gigantes e
assim, empoleirados, ultrapassam o nível dos tetos. Seus cachorros
também têm olhos enormes: têm olhos que derramam fogo e são de um
amarelo intenso (...)
Quando diante de um estouro, parte uma espécie de bola de pedra do interior
do pedaço, lança uma chuva de fogo e espalha uma fumaça pestilenta.
Despedaça tudo e torna pó como se fosse obra de algo prodigioso (...)
Quando a eles Montezuma ofereceu bandeiras de ouro e plumas, o sorriso
abria seu rosto. Agarravam o ouro como macacos e logo sentavam-se
satisfeitos como se seu coração tivesse se iluminado. O que é certo é que têm
muita sede de ouro. Como porcos esfomeados o procuram.”
Documento B
“E que não apenas não têm nenhuma cultura como não conhecem o uso
da escrita e não sabem ler: suas instituições e costumes são bárbaros.”
6
A UU
A L AL A
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3
MÓDULO 1
O nascimento
do Brasil
Do escambo à escravidão
O meridiano do
Tratado de
A Coroa portuguesa resolveu estimular o cultivo da cana e a produção do
Tordesilhas
cortava a açúcar em terras do Brasil. Colonos portugueses haviam obtido sucesso com
América do Sul, esse tipo de produção nas ilhas do Atlântico mais próximas dos continentes
deixando apenas europeu e africano, usando em suas propriedades trabalhadores escravos
a pequena área levados da África.
da direita para Os portugueses conheciam, portanto, a tecnologia necessária para a cons-
Portugal. trução de engenhos de açúcar, relativamente complexa para a época. E também
O pontilhado sabiam aproveitar-se dos conflitos entre povos africanos, conseguindo com isso
mostra a rota de
Martim Afonso
trabalhadores escravos. Os cativos eram adquiridos por meio de troca com
de Souza. comerciantes africanos.
Resolveu-se, então, adaptar esse modelo à América. A Coroa estimulou a
vinda de colonos portugueses com “cabedal”, isto é, recursos para montar um
engenho. Esses colonos procuraram aliar-se aos nativos para garantir a própria
segurança e conseguir trabalhadores cativos.
A escravização indígena A U L A
Na época do
Brasil colonial,
os engenhos de
açúcar produziam
a todo o vapor.
Æ ðð ðð
Este quadro é uma
Ã
simplificação do COLÔNIA
que ocorria com o
Pacto Colonial.
ñ PACTO COLONIAL ò
A Metrópole
enviava produtos
manufaturados
para a Colônia
ñ ò
e comandava
o tráfico de
escravos.
Æ
Çïï ¶ ïï
Já a Colônia era
obrigada a
comercializar toda
sua produção METRÓPOLE
apenas com os
representantes da Manufaturas Escravos
Metrópole.
6
A lavoura de exportação não parava de crescer no Brasil colonial, passando OA tempo
U L A
a exigir cada vez mais terras e mais escravos. não pára
As fortunas acumuladas no comércio colonial foram se transformando, sem
parar, em escravos e engenhos - que eram a fonte de todo o prestígio no mundo 3
colonial.
Começava a se formar uma sociedade ao mesmo tempo mercantil e aristo-
crática, baseada principalmente no trabalho escravo, ou seja, uma sociedade
escravista.
Fazendo a História
6
A UA UL L AA
4
4
MÓDULO 1
Ocupação do interior
da Colônia
Este mapa
mostra o Brasil
no século XVI,
quando
começaram as
primeiras
atividades
econômicas e
teve início a
penetração pelo
interior.
4
SÉCULO XVI l COLONIZAÇÃO NO LITORAL
1501-1600 l EXPLORAÇÃO DO PAU- BRASIL
l CULTIVO DA CANA- DE- AÇÚCAR
Pecuária
4
Drogas do sertão
No século XVIII,
grande parte do
atual território
brasileiro já havia
sido ocupado.
A base dessa
ocupação eram as
atividades
econômicas.
São Vicente
Mas o vale amazônico não era a única região colonial onde, até o século
XVIII, havia pouca presença portuguesa e o controle da Metrópole era reduzido.
Este também era o caso de São Vicente (no atual estado de São Paulo), embora
fosse a mais antiga povoação portuguesa em terras do Brasil.
Mais afastada da Europa do que Pernambuco e Bahia, a região de São Vi-
cente não se desenvolveu como a da grande lavoura . Vivendo em situação de
pobreza, os habitantes de São Vicente começaram a se deslocar para o interior,
fugindo das invasões do litoral por estrangeiros, tão comuns no século XVI. No
interior, os vicentinos dedicaram-se à captura de índios, os quais eram utilizados
em suas fazendas e vendidos como escravos para a capitania do Rio de Janeiro,
onde a lavoura de cana-de-açúcar, no século XVII, estava se iniciando. Nos
sertões do sul do país eles enfrentaram os jesuítas, cujas missões atacavam com
freqüência para capturar os nativos. Ali, os índios já estavam habituados ao
trabalho regular e aos costumes dos europeus.
Muitas vezes, os vicentinos também eram contratados para recuperar escra- A U L A
vos fugidos e destruir seus acampamentos. E foi com a busca do ouro, no interior,
que São Vicente voltou a despertar a atenção da Metrópole.
4
Em busca do ouro
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O tempo Se hoje vemos um Brasil tão cheio de diferenças, naquele tempo as
não pára palavras Brasil e brasileiro tinham outros significados. Sabemos, agora, que
a própria área que hoje conhecemos como Brasil não corresponde ao primeiro
território de que Portugal tomou posse.
O movimento de ocupação acabou desrespeitando a marca inicial do
Tratado de Tordesilhas. Por causa disso, foram feitos vários outros tratados
entre Portugal e Espanha, no final do século XVII e ao longo do século XVIII.
A modificação das fronteiras foi constante e até batalhas foram travadas
por causa delas. Porém, nenhuma das regiões da Colônia se sentia brasileira .
A única noção de pátria que reunia as regiões coloniais era a de pátria
portuguesa. Este território americano, também conhecido como Brasil, fazia
parte do grande Império Colonial Português dessa época.
Relendo o texto Exercícios
A U L A
4
Leia mais uma vez o texto da aula, sublinhe as palavras que não entendeu e
procure ver o que elas significam, no dicionário ou no vocabulário da Unidade.
1. Releia Deixando de arranhar o litoral como caranguejos e Entrando pelo
interior e complete o quadro abaixo:
ATIVIDADE
REGIÕES LOCALIZAÇÃO M Ã O- D E- O B R A
ECONÔMICA
Fazendo a História
1. O documento abaixo descreve a expansão da pecuária na América
portuguesa.
“E porque as fazendas e currais do gado se situam onde há largueza de
campo e água sempre manente [permanente] dos rios ou lagoas: por isso
os currais da parte da Bahia estão postos na borda do rio de São
Francisco, na do rio das Velhas (...) e de outros rios, nos quais, por
informações tomadas de vários, que correrão esse sertão, estão atual-
mente mais de 500 currais.”
Fonte: Antonil, 1711
Retire desse documento um trecho em que o autor mostra as razões do gran-
de desenvolvimento da pecuária nas proximidades dos rios. O que você
aprendeu sobre o mesmo assunto, a partir da leitura do item Pecuária?
6
A UA UL L AA
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5
MÓDULO 1
O Brasil indígena
Provavelmente, você não acha que elas são estranhas, assim como não acha
estranho o hábito de comer farinha, tomar banho e dormir em rede. Pois saiba
que esses costumes, e também aquelas palavras, têm a mesma origem: a cultura
dos índios.
Nesta aula, vamos conhecer um pouco da vida e da influência desses primeiros
brasileiros, dos povos que habitavam nossas terras antes do descobrimento.
Os povos indÍgenas
A cultura indígena
influiu bastante
no modo de vida
dos europeus que
vieram para cá.
Desse povo gentil, herdamos muita coisa, como palavras que hoje estão
perfeitamente incorporadas à nossa língua. O costume de dormir em rede ou a
técnica de fazer canoa com um tronco só, bem como a arte da cestaria e da
cerâmica e os diversos usos da mandioca na culinária, são importantes contribui-
ções indígenas à vida cotidiana. Os hábitos higiênicos dos indígenas, que
costumavam banhar-se diariamente, acabaram por influenciar os brasileiros,
que são o povo que mais toma banho no mundo. Nas artes, essa influência se
faz pelo uso de flautas e chocalhos na música, pelas cores alegres e variadas do
carnaval, pelas lendas e explicações do mundo, como a da Yara, a mãe d’água;
a do Curupira, protetor das matas e dos animais, e a do Saci-Pererê.
A U L A
“ Vocês, brancos, são todos uns grandes loucos, porque atravessaram Ecossistema
o mar e sofreram grandes transtornos, como vocês disseram quando é toda a cadeia
chegaram aqui, e se empenham tanto em acumular para vossos filhos e de vida
para os que viverem depois de vocês. que existe em
Mas a terra que vos nutriu não será suficiente para também alimentar determinado
vossos filhos? ambiente.
Nós também temos pais, mães e filhos que amamos; mas nós, ao
contrário, somos seguros de que, depois da nossa morte, a terra que
primeiro nos nutriu, alimentará também a eles (nossos descendentes) por
isso repousamos sem preocupações.”
Palavras de um tupinambá , texto de Jean de Lery - século XVI.
Para as sociedades brancas, a terra é vista como uma mercadoria e uma fonte
de riquezas, mas, para os índios, ela é mais do que isso. Ela é a fonte de todas as
riquezas, pois é a fonte da própria vida e da existência. Há uma integração plena
do homem com a natureza e uma consciência de que, assim como a terra o
alimenta hoje, seu corpo alimentará a terra um dia.
Essa sabedoria indígena precisa ser hoje objeto de estudo que nos leve a
compreender melhor a natureza e a retirar dela os produtos que livrarão a
humanidade de doenças terríveis, como câncer e AIDS. E que, principalmente,
nos ensine a amar ainda mais o nosso planeta e a agredi-lo menos.
6
A U L A DADOS GERAIS SOBRE OS ÍNDIOS NO BRASIL
5
1. A PENAS DOIS ESTADOS OFICIALMENTE NÃO POSSUEM POPULAÇÃO INDÍGENA : P IAUÍ E R IO
GRANDE DO N ORTE.
2. NA REGIÃO AMAZÔNICA, ÀS MARGENS DO RIO SOLIMÕES, VIVE O MAIOR POVO INDÍGENA DO
B RASIL : OS T I C U N A S , COM 25 MIL PESSOAS . A Í , TAMBÉM , ESTIMA - SE A EXISTÊNCIA DE
QUASE VINTE POVOS INDÍGENAS QUE NUNCA TIVERAM CONTATO COM O HOMEM BRANCO , E
AQUELES DE CONTATO MAIS RECENTE , COMO OS I A N O M A M I S (R ORAIMA ), OS M A T I S , OS
KORUBOS , OS MARUBOS (A MAZONAS ) E OS ARARAS (P ARÁ ).
O tempo É... o tempo não pára, mas também não anda só para a frente. Os 500 anos de
não pára colonização na América representaram o fim do mundo para centenas de
culturas indígenas com muitos milhões de pessoas.
A maior parte dessas culturas está perdida para sempre. Os sobreviventes
querem hoje defender suas terras e sua cultura. E, como conhecedores da
natureza, buscam preservar o meio ambiente e manter seu equilíbrio, pois, se
todas as florestas forem destruídas não serão só os índios que desaparecerão mas
todos os habitantes do planeta.
1. Releia Nesta aula e depois converse com seus amigos e pessoas de sua
família e procure descobrir outras palavras de origem indígena.
2. Releia A influência da cultura indígena e comente quais dessas heranças
estão mais presentes no dia-a-dia do seu grupo de amigos e familiares.
3. Releia O saber indígena no mundo de hoje e estabeleça a relação dos índios
com a biodiversidade.
4. Releia A relação dos índios com o ecossistema e indique que lições da A U L A
sabedoria indígena podem contribuir para uma qualidade de vida melhor
5.
para todos.
Releia o quadro Dados gerais sobres os índios no Brasil e responda:
5
que riscos correm as populações indígenas atualmente?
6. Dê um novo título para a aula.
Fazendo a História
Declaração da Kari-Oca
Os povos indígenas das Américas, Ásia, África, Austrália, Europa e do
Pacífico, unidos em uma só voz, na aldeia Kari-Oca, expressamos nossa
gratidão coletiva aos Povos Indígenas do Brasil.
Inspirados por este encontro histórico, celebramos a unidade espiritual
dos Povos Indígenas com a Terra e entre nossos Povos.
Continuamos construindo e formulando nosso compromisso mútuo
para salvar nossa terra-mãe.
Nós, Povos Indígenas, apoiamos a seguinte Declaração com nossa
responsabilidade coletiva, para que nossas mentes e nossas vozes continu-
em no futuro:
Nós, Povos Indígenas, caminhamos em direção ao futuro, nas trilhas
dos nossos antepassados.
Do maior ao menor ser vivente, das quatro direções do ar, da água, da
terra e das montanhas, o Criador colocou a nós, Povos Indígenas, em nossa
terra, que é nossa mãe.
As pegadas de nossos antepassados estão permanentemente gravadas
nas terras de nossos povos.
Nós, Povos Indígenas, mantemos nossos direitos inerentes à auto-
determinação: sempre tivemos o direito de decidir as nossas próprias formas
de Governo, de usar nossas próprias leis, de criar e educar nossos filhos,
direito à nossa própria identidade cultural sem interferências. Continua-
mos mantendo nossos direitos inalienáveis a nossas terras e territórios, a
todos os nossos recursos do solo e do sub-solo, e a nossas águas. Afirmamos
nossa contínua responsabilidade de passar todos esses direitos às gerações
futuras.
Não podemos ser desalojados de nossas terras. Nós, Povos Indígenas,
estamos unidos pelo círculo da vida em nossas terras e nosso meio ambiente.
Assinado em Kari-Oca, no dia 30 de maio de 1992.
66
MÓDULO 2
A escravidão
e o mundo rural
Nesta aula O tempo não pára, dizemos nós ao fim de cada aula. Mas será que nós,
brasileiros do século XX, somos capazes de imaginar como era viver no Brasil do
final do século XVIII? O que significava viver numa Colônia escravista? Será que
conhecer esse modo de vida pode nos ajudar a conhecer um pouco mais a nós
mesmos e a este Brasil em que vivemos?
Para entender como viviam homens e mulheres, livres e escravos, residentes
no Brasil no final do período colonial, partiremos da história de um homem livre
e pobre da Colônia: Domingos Vieira de Carvalho. Sua história foi parecida com
a de muita gente daquela época.
Novos engenhos de
açúcar surgiram
no Nordeste, no
Rio de Janeiro e
em São Paulo.
6
negócio, controlado por comerciantes residentes nas cidades do Rio de Janeiro
e de Salvador. No mesmo período, o comércio interno também se tornava
bastante atraente para a Colônia.
A cidade do Rio de Janeiro ligava-se, pela navegação de cabotagem - aquela
que se faz sempre perto da costa -, a todas as demais regiões coloniais. O
comércio inter-regional crescia. Traficantes de escravos e outros grandes comer-
ciantes acumularam enormes fortunas, nesse Brasil do final do período colonial.
Os escravos que
executavam
tarefas dentro da
casa-grande
geralmente não
trabalhavam na
lavoura.
6
OA tempo
U L A A ordem escravista não sofreu grandes transformações com o processo de
não pára independência de Portugal, nas primeiras décadas do século XIX. A escravidão
6 permaneceu forte pelo menos até as décadas de 1830 e 1840. Nunca tantos
escravos africanos ingressaram no Brasil como nessas duas décadas. Só que a
forte pressão inglesa levou o governo brasileiro a terminar com o tráfico
negreiro, no ano de 1850. A partir daí, sem a entrada de novos cativos, as bases
da sociedade escravista brasileira começaram a ruir.
Leia mais uma vez o texto da aula, sublinhe as palavras que não entendeu
e procure ver o que elas significam, no dicionário ou no vocabulário da Unidade.
Fazendo a História
1. Descreva como vivia a maior parte dos homens livres e pobres no mundo
rural.
6
AUU
A L AL A
7
7
MÓDULO 2
O desenvolvimento
das cidades
São Luís
Olinda
Ao longo de Recife
todo o Brasil,
encontramos
Salvador
cidades que
tiveram origem no
período colonial.
Sabará
Vila Rica Mariana
São João del Rei
Parati Rio de Janeiro
São Vicente
Depois da chegada
da Corte, a cidade
do Rio de Janeiro
prosperou e
expandiu-se.
OA tempo
U L A As cidades coloniais brasileiras nos deixaram um rico patrimônio histórico-
não pára cultural. Nesse período, surgiu o chamado estilo barroco colonial brasileiro ,
Fazendo a História
1. A partir destes versos do cronista Luís Edmundo, tire suas conclusões sobre
como era a limpeza urbana da cidade do Rio de Janeiro, no período colonial.
6
A UU
A L AL A
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MÓDULO 2
A luta dos escravos
As fugas de escravos
ESCRAVA FUGIDA
Da casa n
nº 2 da rua das Flores nesta capital, (nascida na
África), fugiu a escrava Maria, com os signaes [sinais]
seguintes: alta, magra, de nação, 40 a 50 anos de idade,
trajando vestido e chale cor de Havana, levando um
tabuleiro de doces, visto ser quitandeira. Foi vista
conversando, tomando a direção de Juqueri ou a do Ó.
Essa era a forma que os proprietários encontravam para noticiar que seus
escravos haviam escapado e, assim, fazer com que fossem reconhecidos e
devolvidos. Muitas vezes ofereciam recompensa pela recaptura.
A U L A Segundo um antigo senhor de escravos, os cativos recém-chegados quase
sempre tentavam escapar, mas se perdiam na terra estranha e eram recapturados.
Os escravos que
chegavam da
África ficavam em
mercados, onde
eram adquiridos Comunidade escrava e alforrias
como uma
mercadoria
qualquer.
Era difícil escapar, mas sempre havia muitos tentando. Porém, a fuga não
era a única possibilidade de reação para o africano recém-chegado. Muitos deles
permaneciam nas cidades, onde era muito maior a mobilidade do escravo. Ali
aumentavam suas possibilidades de juntar dinheiro até que conseguissem
comprar a liberdade.
É surpreendente o número de africanos que, em apenas alguns anos,
aprenderam a língua portuguesa, juntaram dinheiro, compraram a liberdade e
até conseguiram fretar navios com outros companheiros e voltar para a África.
A U L A
No campo,
os escravos
trabalhavam sem
descanso, sob
o olhar atento
dos feitores,
encarregados de
vigiá-los.
Os quilombos e as cidades
8 poder senhorial.
O Quilombo dos Palmares é um exemplo dessa capacidade do africano para
usar, como sua maior arma, o conhecimento que conseguia a respeito da
sociedade que o escravizava. Com a guerra provocada no Nordeste pelas
invasões holandesas, milhares de escravos fugiram para a serra da Barriga, em
Alagoas. Ali, juntaram-se a outros que, desde o século XVI, haviam se estabele-
cido e espalhado em pequenas comunidades da região. Vivendo em mocambos
(aldeias), as comunidades de Palmares sobreviveram por cem anos, graças à
agricultura de subsistência e ao artesanato, trocando tudo que sobrava de sua
produção nos povoados próximos.
As revoltas de escravos
Fazendo a História
“ Meu senhor, nós queremos paz e não queremos guerra; se meu senhor
também quiser, nossa paz há de ser nessa conformidade (...)
- Em cada semana nos há de dar os dias de sexta-feira e de sábado para
trabalharmos para nós não tirando um desses dias por causa de dia
santo; e para podermos viver nos há de dar rede, tarrafa e canoas (...)
- Os atuais feitores não os queremos, faça eleição de outros com a nossa
aprovação (...)
- Podemos brincar, folgar e cantar em todos os tempos que quisermos
sem que nos impeça nem seja preciso licença.” ”
6
A UA UL L AA
99
MÓDULO 3
De que jeito se
governava a Colônia
6
Nesta aula Não era nada fácil possuir colônias na Época Moderna (séculos XVI, XVII e
XVIII). Precisava-se criar uma organização que garantisse a posse das colônias
e, ao mesmo tempo, sua exploração.
Nesta aula, vamos ver de que modo Portugal enfrentou esse desafio e, de tão
longe, organizou o governo de sua Colônia na América.
Capitanias hereditárias
De todas as
PARÁ
capitanias
MARANHÃO (DIVIDIDA EM DUAS)
CEARÁ
criadas, apenas
Pernambuco e
RIO GRANDE
São Vicente
DE TORDESILHAS
ITAMARACÁ
conseguiram
PERNAMBUCO prosperar, e
transformaram-se
AMÉRICA DO SUL BAHIA DE TODOS OS SANTOS
em pontos a partir
ILHÉUS
dos quais se deu a
PORTO SEGURO
posse definitiva
MERIDIANO
ESPÍRITO SANTO
das terras
SÃO TOMÉ
SÃO VICENTE brasileiras para a
SANTO AMARO
Metrópole.
SÃO VICENTE
SANTANA
Governo Geral
Em 1548, diante dessa situação, foi criado o Governo Geral, com sede em
Salvador, para defender o território dos ataques externos e internos e auxiliar os
donatários que estivessem em dificuldades.
A U L A O objetivo da criação do Governo Geral foi dar “favor e ajuda aos donatários”,
segundo o Regimento elaborado por D. João III em 17 de dezembro de 1548. Para
Em qualquer
situação, quem
vinha em primeiro
lugar era o chefe
da família,
o patriarca.
Em primeiro lugar estava o patriarca, seguido de sua família e, por fim, os A U L A
empregados e escravos. E esse poder não se restringia ao engenho, estendendo-
se até as vilas, por intermédio das Câmaras.
9
O Brasil holandês e a União Ibérica
O tempo Ao longo do século XVIII, a região açucareira foi perdendo cada vez mais
não pára importância para a Metrópole, sendo superada pela região mineradora. Mas o
poder das famílias patriarcais não terminou. Os senhores de engenho ainda eram
temidos e respeitados pela população.
Enquanto isso, no Centro-Sul, a cobrança de impostos pela Metrópole foi se
tornando cada vez maior, e o Pacto Colonial começou a ser um problema para
os colonos dessa região. No final do século XVIII e no início do século XIX, novos
elementos entraram em cena na relação Metrópole-Colônia. Mas isto é uma
outra história...
Fazendo a História
Leia com atenção o texto abaixo e responda às perguntas.
“O ser senhor de engenho é título a que muitos aspiram, porque traz
consigo o ser servido, obedecido e respeitado de muitos. E se for, qual
deve ser, homem de cabedal e governo, bem se pode estimar no Brasil o
ser senhor de engenho, quanto proporcionadamente se estimam os
títulos entre os fidalgos do reino.”
Fonte: Antonil
1. Identifique no texto palavras ou trechos que mostrem a importância do
senhor de engenho.
2. Quem eram as pessoas que obedeciam, serviam e respeitavam os senhores de
engenho?
A UU
A L AL A
10
10
MÓDULO 3
Liberdade,
ainda que tardia!
CAUSAS EXTERNAS
CAUSAS INTERNAS
A chegada das idéias liberais ao Brasil coincidiu com a decadência das minas
e a conseqüente crise econômica. Portugal, no entanto, mantinha o mesmo ritmo
de exploração. Não aceitava a hipótese do esgotamento das minas, preferindo
acreditar no contrabando e na sonegação. Com o acúmulo de impostos atrasa-
dos, a Coroa decidiu executar a derrama .
A derrama A U L A
O palácio do
governador, em
Vila Rica
(atual Ouro Preto,
em Minas Gerais),
era o símbolo da
dominação
portuguesa na
Região das Minas.
O alferes
José Joaquim da
Silva Xavier,
o Tiradentes, foi o
único condenado à
morte por causa
da Inconfidência
Mineira.
10 quanto na América.
Os estudantes brasileiros em contato com essas idéias na Europa passaram
a divulgá-las na Colônia, onde o clima tenso, causado pela brutal exploração da
Metrópole, acabou por provocar revoltas, como a Inconfidência Mineira e a
Conjuração Baiana.
Outros países da América já estavam se libertando dos laços coloniais. Na
próxima aula veremos como a liberdade chegou ao Brasil.
1. Releia Nesta aula e diga por que o século XVIII foi chamado de “século das
luzes”.
INCONFIDÊNCIA CONJURAÇÃO
MINEIRA BAIANA
DATA
DAT
LOCAL
GRUPOS QUE
PARTICIP
ARTICIP ARAM
TICIPARAM
REAÇÃO DA
METRÓPOLE
6
Fazendo a História A U L A
6. Você acha que seria possível obedecer a esta Declaração no Brasil colonial?
Justifique sua resposta.
6
A UA UL L AA
11
11
MÓDULO 3
Independência
do Brasil
11
não existiam grandes cidades servidas por estradas bem conservadas. Nem o
Rio de Janeiro, capital da Colônia, com suas ruas estreitas, escuras e sujas,
oferecia melhores condições de comunicação com as demais regiões. A cidade
vivia fechada em si mesma.
Essa situação, no entanto, começou a se transformar depois da chegada da
Corte portuguesa ao Rio de Janeiro. O imperador francês Napoleão Bonaparte
mandou tropas para invadir Portugal, e a família real portuguesa resolveu
instalar-se no Rio de Janeiro e transformar a cidade em sede do seu governo. A
chegada da Corte portuguesa, em 1808, provocou grandes mudanças na vida da
Colônia e influenciou decisivamente no rumo dos acontecimentos que, depois,
fizeram parte do processo de independência do Brasil.
A Corte no Brasil
Quando D. João chegou ao Brasil, a Colônia que ele encontrou era algo que
nunca havia imaginado. Não era uma unidade, e sim um amontoado de focos
de colonização que lutavam por interesses locais. Foi por essa falta de unidade
que as rebeliões coloniais não obtiveram sucesso.
A chegada da família real e a instalação do governo português no Rio de
Janeiro fizeram a capital ganhar ares de Metrópole.
A Revolução Pernambucana
11 Independência do Brasil.
Depois de muita indecisão e de muita pressão, D. Pedro resolveu romper
com o governo de Portugal. Em 7 de setembro de 1822, às margens do riacho do
Ipiranga, D. Pedro proclamou a Independência do Brasil. Em seguida, ele foi
aclamado pelo povo e sagrado pelo bispo para então ser coroado Imperador
Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil .
Esta ilustração
mostra parte de
um quadro maior,
no qual o pintor
criou uma cena
com D. Pedro à
beira do riacho do
Ipiranga, em São
Paulo, ao declarar
que o Brasil
se tornava
independente de
Portugal.
6
Após a Independência, era preciso fazer novas leis, impor a autoridade OA tempo
U L A
do imperador sobre as províncias que não haviam aceito a Independência e não pára
conseguir que os países estrangeiros reconhecessem o Brasil como um novo
país. Em resumo, era necessário organizar o Estado independente e concluir 11
a obra de construção do Império do Brasil.
Fazendo a História
"Digne-se Vossa Majestade tomar em consideração que Portugal é um reino
de pequena extensão e escassamente povoado (...) que o ramo mais útil de sua
agricultura, que é o vinho, se acha em decadência pela abertura dos portos
do Brasil aos vinhos de todas as nações, que a nossa indústria se paralisou
consideravelmente com a livre entrada em Portugal e no Brasil dos produtos
ingleses, com cujos preços não pode competir; que o comércio decaiu
extraordinariamente não só pela mencionada abertura dos portos do Brasil,
que privou Portugal do comércio exclusivo com aquele reino, mas pela
concorrência de todas as nações marítimas sendo muito para recear que, se
as coisas assim continuarem, desapareça brevemente dos mares a bandeira
portuguesa."
Texto citado por J. H. Saraiva em História concisa de Portugal , p. 271.
O documento acima é uma carta que o governo português mandou a D.
João, descrevendo a situação de Portugal no ano de 1820. Leia-o atentamente,
consulte os itens finais do texto da aula e responda:
1. Como estava a situação econômica em Portugal?
6
A UA UL L A
A
12
12
MÓDULO 4
Muitas cores e formas
Nesta aula Nesta aula vamos ver como se formou a cultura no Brasil escravista e
como ela se transformou, especialmente durante o período em que o país era
colônia de Portugal.
Selvagens e pagãos
Os indígenas
cristianizados
começaram a
freqüentar as aulas
dadas por padres
jesuítas, que até
fizeram uma
gramática da
língua tupi.
12 No século XVI, a vida era muito difícil para todos os habitantes do Brasil
colonial, especialmente para os negros e índios escravizados. No entanto, até os
senhores de terra e de escravos enfrentavam dificuldades. Para eles, não era fácil
a adaptação ao clima, aos novos alimentos e à vida numa terra desconhecida.
A população ficava bem espalhada, e, muitas vezes, o vizinho mais próximo
morava a vários quilômetros de distância. Quase não havia estradas de terra, e
as que existiam eram ruins.
De vez em quando, batia a saudade de Portugal naquela gente acostumada
à vida nas cidades européias da época, pois o dia-a-dia na Colônia não tinha
nenhum atrativo.
E mesmo as casas dos donos de fazenda eram simples e de chão batido. Claro
que era uma situação diferente da do escravo, porque haviam escolhido vir para
o Brasil, mas essa escolha não era simples.
Geralmente os portugueses que vinham para o Brasil eram gente pobre, sem
terras, sem títulos de nobreza nem fortuna. Vinham para cá justamente por isso.
E, nessa situação, isolados nas fazendas e roças, conviviam no cotidiano com os
trabalhadores indígenas, africanos e mestiços.
Toda a alegria
dos escravos
revelava-se nas
festas de rua, que
eram organizadas
ou surgiam
espontaneamente
em dias
consagrados a
santos ou nas
colheitas e feiras
regionais.
12
era boa companheira e que precisavam ter alguma tolerância em relação a
essas brincadeiras. Foi a partir daí que se desenvolveram as muitas festas do
boi e as folias negras, como as Congadas, nas quais os africanos representa-
vam seus reis e suas rainhas.
Em geral, quase não houve trabalhos literários no Brasil desse período. A
maioria da população era analfabeta e, entre os que sabiam ler, os livros
religiosos eram os mais lidos, principalmente a Bíblia. Os padres formavam
o setor mais instruído da população.
O tempo A riqueza da sociedade mineradora fez também surgir uma cultura da elite.
não pára Os filhos das famílias mais ricas eram mandados para estudar na Europa,
especialmente em Portugal, na Universidade de Coimbra. Lá, entravam em
contato com a literatura européia. Surgiram, então, nossos primeiros escritores.
Na Europa, esses jovens da elite entravam em contato também com
novas idéias que pregavam maior liberdade, criticavam a Igreja Católica e,
principalmente, discutiam o colonialismo, como a forma pela qual um país
dominava o outro.
No Brasil, os efeitos dessas idéias provocaram rebeliões, conflitos e um A U L A
aumento da oposição a Portugal. Essas idéias chegaram até a provocar em
algumas pessoas o desejo de acabar com a escravidão, como queriam os rebeldes
da Conjuração Baiana de 1798. 12
Relendo o texto Exercícios
Leia mais uma vez o texto da aula, sublinhe as palavras que não entendeu e
procure seu significado, no dicionário ou no vocabulário da Unidade.
Fazendo a História
2. Você concorda com o trecho da carta que diz que os índios “não têm nem
entendem crença alguma”?
6
A UA UL L AA
13
13
MÓDULO 4
Fé, festa e fervor
Logo que os
portugueses
desembarcaram,
houve a celebração
da primeira missa,
caracterizando,
já de início,
a religião que iria
predominar na
Colônia.
A necessidade e, principalmente, o dever de expandir a religião católica A U L A
funcionou nessa época como um enorme estímulo à participação nas viagens dos
descobrimentos. Existiam interesses econômicos nessa expansão, mas também
havia uma fé real na importância do crescimento do número de fiéis da Igreja 13
Católica.
O encontro com diferentes grupos indígenas que habitavam o Brasil causou
surpresa e espanto aos navegadores portugueses, entre os quais estavam repre-
sentantes da Igreja Católica. Logo essa surpresa deu lugar à determinação de
converter todos os índios, considerados como infiéis, de acordo com a visão
católica.
Do século XVI ao século XIX, o tráfico de escravos trouxe para o Brasil muitos
africanos, retirados à força de suas casas, separados das famílias e de sua terra
natal e tratados como mercadorias pelos traficantes de escravos.
Embora a Igreja Católica não combatesse a escravidão africana, passou a
considerar os africanos cativos como almas que podiam ser salvas pela conver-
são. Muitas vezes, os escravos eram batizados antes de serem embarcados ou
durante a sua sofrida viagem nos navios negreiros. Ou, então, recebiam o
batismo na chegada ao Brasil, nos mercados de escravos ou na casa de seus
senhores. Para os escravos, tornar-se cristão não era uma questão de escolha:
antes mesmo de receberem as primeiras informações sobre a nova religião, eram
forçados a aceitá-la.
A Igreja Católica chegou ao Brasil com os primeiros portugueses e, desde o
início, assumiu uma atitude firme no sentido de fazer valer sua fé, suas regras e
sua moral. Era uma Igreja que se via dentro de uma “guerra santa” contra todos
os que não acreditavam nela. E, numa guerra, muitas vezes as armas são a
violência, a repressão. Essa Igreja guerreira via como possíveis inimigos todos
aqueles que não eram cristãos, e os combatia duramente. Porém, a realidade do
Brasil colonial - cheio de índios, africanos, caboclos, mulatos e brancos não
católicos - foi se mostrando de tal maneira viva e poderosa que acabou por
transformar esses planos de “guerra santa”, que não eram só da Igreja mas
também do governo português.
Nossa Senhora
do Rosário era
a padroeira
dos escravos,
que faziam
festas animadas
para ela.
Os escravos se
uniam para
também criar
suas irmandades,
as quais
organizavam
desde festas e
folias até enterros.
Fé e festas
6
No século XIX, em nome do progresso e da civilização, cresceria a oposição OA tempo
U L A
aos excessos das festas religiosas populares e aos costumes de enterrar os mortos não pára
nas igrejas das irmandades. Os primeiros cemitérios públicos do país foram
construídos nesse século. Também a Igreja Católica tentaria disciplinar as 13
manifestações religiosas, separando festa e fervor.
Fazendo a História
Agora, responda:
1. Lendo estes versos, que idéia eles passam para você, sobre o Divino Espírito
Santo?
2. Será que esta maneira de falar sobre os gostos do Divino Espírito Santo
correspondia à imagem que a Igreja Católica procurava divulgar naquela
época?
3. Como você explica essa diferença entre a maneira que o povo tinha de falar
sobre o Divino Espírito Santo e a visão da Igreja?
6
A UA UL L AA
14
14
MÓDULO 4
A cara do Brasil
Gilberto Freyre nos fala da miscigenação . Para ele, a sociedade patriarcal da Miscigenação:
colonização portuguesa no Brasil promoveu a mistura de raças e a mistura de cor. cruzamento inter-
Os tipos mais característicos dos mestiços brasileiros são o mulato , resultado da racial, ou seja,
mistura entre brancos e negros; o mameluco , originado das relações entre casamento entre
brancos e indígenas; e o cafuso, fruto da mistura de negros e índios. pessoas de raças
diferentes. Os
filhos são mestiços.
O patriarcado
O branco português
Hoje, a população
brasileira é
uma espécie de
“amostra” de
diferentes tipos
raciais, como se
revela neste
quadro de
Tarsila do
Amaral.
Cultura: O colonizador branco se apossou das terras e impôs aos habitantes nativos
conjunto dos elementos da sua cultura, como a língua, a religião e o modo de produção. Os
valores materiais e portugueses usaram sua superioridade tecnológica, como o uso da pólvora e dos
espirituais criados metais, para impor também sua maneira de viver e de pensar, como se essa fosse
por um povo: a melhor. No entanto, a cultura portuguesa não resistiu ao contato com as
língua, religião, culturas indígenas e africanas sem que também se misturasse, pois, na realidade,
técnicas, as culturas não são superiores umas as outras, são diferentes.
experiência Gilberto Freyre comenta: “Diz-se que o brasileiro foi colonizado pelo portu-
de produção guês. Esse conceito é convencional. Contra ele tenho sugerido outro. O negro no
e de trabalho, Brasil não foi colonizado, foi colonizador ” . Para esse autor, o negro no Brasil
arte e teria agido com sutileza e inteligência, suavemente, sem aspereza, para conse-
organização guir domínio sobre seus dominadores.
familiar e social. Prova disso é a cozinha brasileira. Resultante de influências européias,
africanas e ameríndias, foi misturada pela mão negra, que acabou impondo o seu
tempero ao gosto do dominador.
As religiões indígenas e negras não foram exterminadas pelo catolicismo A U L A
mas fundiram-se, formando diversos tipos de culto, que receberam o nome de
religiões afro-brasileiras. Nelas, os deuses africanos confundem-se com santos
católicos. E isso ficou conhecido como sincretismo religioso . 14
Mesmo a própria língua portuguesa adquiriu palavras e expressões indíge-
nas e africanas, o que resultou num “amaciamento” da língua, tornando-a
diferente do áspero português falado em Portugal.
As técnicas portuguesas também foram enriquecidas por conhecimentos e
práticas de seus escravos, pois vieram da África técnicos em minas, artífices de
ferro, pecuaristas, comerciantes de panos, entre outros.
E a música, então? Ao som dos atabaques e tantãs, surgiu o batuque. Com
chocalhos e maracas indígenas, o ritmo ganhou contraponto. Com as violas e
cavaquinhos portugueses, temos a melodia e o esplendor da música popular
brasileira, com o seu ritmo incomparável e uma diversidade melódica e temática
única no mundo.
Tal música corresponde a uma dança cheia de molejo, sensualidade e graça.
É assim que o brasileiro dança, com o “balanço” da cor, nos terreiros, nas
gafieiras, nos pagodes, oloduns e lambadas, na explosão do carnaval.
Fazendo a História
1. Leia estes versos em voz alta. Verifique quais as palavras que você conhece
e quais as que você usa.
c) Numa folha grande, desenhe e pinte, como se fosse um cartaz, seu apelido
ou o nome pelo qual você gosta de ser chamado. Use sua criatividade.
Depois, compare seu trabalho com o dos seus colegas.
6
A UU
A L AL A
15
15
MÓDULO 5
O início do Império
6
No dia 7 de setembro de 1822, D. Pedro proclamou a Independência do Brasil Nesta aula
com o apoio de grupos brasileiros e portugueses. A partir dessa data, teve início
um momento decisivo na vida do novo país. Era hora de definir como seria
organizado o novo Estado, como seriam as relações entre o poder central e as
províncias e, finalmente, quais seriam os direitos e deveres do povo brasileiro.
Quem era o povo brasileiro? Será que, a partir daquele momento, todo
mundo passava a ser considerado cidadão?
Afinal, quem era considerado cidadão no Império do Brasil?
L I N H A D E T E M P O D O IMPÉRIO
TEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPO
1 º REINADO REGÊNCIAS 2 º REINADO
PARTIDO PARTIDO
PORTUGUÊS RESTAURADOR
PARTIDO PARTIDO
REGRESSISTA CONSERVADOR
PARTIDO
ARISTOCRATAS LIBERAL
MODERADO
DEMOCRATAS PARTIDO
LIBERAL
EXALTADO
O grupo dos democratas, formado por intelectuais, advogados e jornalistas A U L A
da cidade do Rio de Janeiro, acreditava que seria possível conciliar monarquia
e democracia, isto é, a nova forma de organização política do Brasil deveria
basear-se na vontade da maioria da população, e nunca na autoridade do 15
imperador, que deveria apenas representar um símbolo de unidade do país.
A soberania, isto é, o mais amplo poder era da nação e, para governar,
D. Pedro I deveria jurar previamente sobre a Constituição brasileira, a ser
elaborada por um órgão representativo da nação: a Assembléia Constituinte.
O grupo dos aristocratas de José Bonifácio, que reunia os principais repre-
sentantes das províncias, discordava inteiramente das propostas de Gonçalves
Ledo e seus seguidores.
Esse grupo temia a descentralização do poder sugerida pelos democratas.
Alegava que essas propostas poderiam resultar em desordens sociais e na
quebra da unidade do país, do mesmo modo que estava ocorrendo naquele
momento nas repúblicas hispano-americanas que eram antigas colônias espa-
nholas na América.
Os aristocratas defendiam uma monarquia que tivesse o poder limitado por
uma Constituição, mas que deveria preservar a autoridade do imperador .
Assim sendo, os aristocratas não concordavam com o juramento prévio à
Constituição.
Os dois grupos, mais os membros do Partido Português, participaram da
eleição para a primeira Assembléia Constituinte brasileira, que iniciou os seus
trabalhos em maio de 1823. Antes disso, os democratas, em razão de suas
discordâncias com os aristocratas, foram perseguidos e afastados da vida
política a mando do ministro José Bonifácio.
A Constituinte de 1823
CONSELHO
DE ESTADO
SUPREMO
CÂMARA DOS
SENADO TRIBUNAL
DEPUTADOS
D E JUSTIÇA
ESTADO UNITÁRIO
Embora o território fosse dividido em províncias, elas praticamente não
possuíam autonomia. Seus governantes eram nomeados diretamente pelo
poder central. O centro político do Império, a Corte, era a cidade do Rio de
Janeiro, de onde se governava o Brasil.
A crise do 1º Reinado
A Confederação do Equador
O absolutismo de D. Pedro I
O imperador
Pedro I e, à direita,
seu filho Pedro de
Alcântara, menor
de idade quando
seu pai abdicou.
Fazendo a História
16
16
MÓDULO 5
O Império se fortalece
Tempo de moderação
Na expansão da
lavoura de café, a
base do trabalho
era escrava.
Para os liberais
moderados, era
importante manter
o regime escravista.
Já para outro grupo político, a Constituição era antidemocrática. Mudanças A U L A
se mostravam necessárias. Defendia, em geral, uma monarquia baseada no
federalismo, isto é, numa nova ordem política fundada na descentralização do
poder e na ampliação da autonomia das províncias. Seus membros eram 16
identificados como liberais exaltados . Reuniam os diversos interesses provin-
ciais descontentes com a política da Corte e os antigos democratas na cidade do
Rio de Janeiro. Alguns deles chegaram, até mesmo, a defender o fim da
monarquia e a instauração de um governo republicano.
Finalmente, havia outro grupo que defendia o retorno do imperador
D. Pedro I. Era o grupo dos restauradores .
Quem dominou o poder nos primeiros anos da Regência − período entre a
renúncia de D. Pedro I, em 1831, e a posse de D. Pedro II, em 1840 − foram os
moderados. Mas esses anos não foram tranqüilos. Logo após a abdicação de D.
Pedro I, tropas do exército se rebelavam contra o governo e, com apoio dos
democratas, exigiam a punição e a deportação (expulsão do país) dos indiví-
duos ligados à antiga ordem. Ao mesmo tempo, tropas mercenárias, ligadas aos
restauradores, faziam movimentos pela volta do imperador.
O governo moderado respondeu a essas ameaças reduzindo rapidamente
o contingente do exército, de 30 mil, antes de 1831, para apenas 10 mil em agosto
do mesmo ano. Ao mesmo tempo, criou uma força militar paralela − a Guarda
Nacional −, que passou a ser controlada principalmente pelos grandes proprie-
tários de terra em suas localidades. Assim, os antigos grupos democratas
ficavam separados dos exaltados, que se ligavam aos interesses das províncias.
Percebendo que a crise política não seria resolvida sem um acordo entre os
diversos grupos políticos em conflito, os moderados, ainda no poder em 1834,
resolveram promover um acordo.
A Constituição de 1824 foi modificada e as províncias obtiveram um pouco
de autonomia. Essa medida agradou aos exaltados. O Senado e o Poder
Moderador foram mantidos, atendendo aos interesses dos restauradores. Essas
e outras medidas faziam parte do Ato Adicional de 1834 que, em poucas
palavras, foi a fórmula que os moderados encontraram, na tentativa de dar
tranqüilidade política ao país.
As rebeliões regenciais
Os farrapos
criaram até um
brasão para
sua República
Rio-Grandense.
O tempo saquarema
16
Balaiada
MINAS GERAIS
ESPÍRITO SANTO
A
tlâ As revoltas
SANTA CATARINA
a no marcaram o
ce
RIO GRANDE DO SUL O período da
Regência, entre o
Guerra dos Farrapos
primeiro Império
e o segundo.
Essa nova situação, marcada, de um lado, pelo medo das revoltas nas
províncias e, de outro, pelo fortalecimento econômico do Império, fez com que
recomeçasse a “dança dos políticos”, isto é, os grupos anteriormente denomina-
dos moderados, restauradores e exaltados reorganizaram-se em outras bases.
Para grande parte dos políticos, era o momento de combater o que chama-
vam de “vulcão da anarquia” presente nas rebeliões. Surgia, assim, um no-
vo grupo político, defensor da imediata centralização do poder e do retorno
à ordem − eram os regressistas .
Seus maiores defensores foram três políticos fluminenses muito ligados aos
interesses do café em expansão: Joaquim José Rodrigues Torres, Paulino José
Soares de Souza e Eusébio de Queirós. Conhecido como Trindade Saquarema ,
esse grupo controlou por bastante tempo o poder no Brasil imperial.
Aqueles que discordavam dos regressistas e mostravam-se favoráveis à
descentralização ficaram conhecidos como progressistas. Estes, no entanto, não
tiveram condições de barrar o regresso. Em 1838, chegava ao poder, como
regente, o regressista Pedro de Araújo Lima. Seu governo procurou atuar no
combate às rebeliões e também na defesa da ordem e da centralização.
Em maio de 1840, Araújo Lima conseguiu aprovar uma lei que reduzia
consideravelmente a autonomia das províncias, obtida com o Ato Adicional. Em
julho daquele mesmo ano, D. Pedro II, com 14 anos, assumia o trono brasileiro.
Era a antecipação da maioridade − mecanismo encontrado para restabelecer a
centralização do poder, prevista na Constituição de 1824.
Após a antecipação da maioridade, ocorreram ainda, ao longo da década de
1840, movimentos contrários ao governo central em Minas Gerais, São Paulo e
Pernambuco. No entanto, a tendência desses anos foi, cada vez mais, o fortale-
cimento da proposta centralizadora defendida pelos regressistas, que passaram
a ser chamados de conservadores .
Os progressistas, logo denominados de liberais , chegaram ao poder algu-
mas vezes nesse período. Continuaram defendendo suas propostas des-
centralizadoras; mas, quando alcançavam o poder, não conseguiam colocá-las
em prática. Tanto é que se dizia na época que não havia “nada mais conservador
do que um liberal no poder”.
A U L A Os partidos políticos do 2º Império
Portanto, era de fato o imperador D. Pedro II, e não o voto popular, que agia
como árbitro (juiz) dos projetos políticos concorrentes.
De maneira geral, foi o Partido Conservador que deu o tom da política
imperial. Os interesses cafeeiros do Sudeste (especialmente do Rio de Janeiro)
tenderam, portanto, a predominar. Mas o Partido Conservador era bem mais que
uma representação direta desses interesses.
O tempo O Império do Brasil definiu-se nas décadas de 1830 e 1840. Foi vencedor o
não pára projeto que defendia a monarquia centralizada, que limitava a participação
popular e garantia a lavoura escravista.
Um dos primeiros problemas que o Império consolidado teve de enfrentar
foi a questão do tráfico de escravos. O direito de propriedade ainda justificava
a escravidão, porém, o ato de escravizar tornava-se moralmente insustentável.
O século XIX não foi um tempo apenas de independências. Foi um tempo
de abolições.
Relendo o texto Exercícios
A U L A
Leia mais uma vez o texto da aula, sublinhe as palavras que não entendeu
e procure ver o que elas significam, no dicionário ou no vocabulário da Unidade. 16
1. Releia Tempo de moderação e compare os projetos dos liberais moderados,
dos liberais exaltados e dos restauradores.
CABANAGEM
FARRAPOS
SABINADA
BALAIADA
Fazendo a História
“Fui liberal: então a liberdade era nova no país, estava nas aspirações de
todos (...) Hoje, porém, é diverso o aspecto da sociedade: os princípios
democráticos tudo ganharam, e muito comprometeram; a sociedade que
então corria risco pelo poder, corre risco pela desorganização e pela anarquia.
Como então quis, quero hoje servi-la, quero salvá-la; por isso sou regressista.”
Trecho de discurso do deputado Bernardo Vieira de Vasconcelos, 1838.
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A UA UL L AA
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MÓDULO 5
O fim da escravidão
Essas duas frases estão na lei que acabou com quatro séculos de escravidão
no Brasil. Aprovada pela Câmara dos Deputados, com apenas 9 votos contrários
entre 92, a chamada Lei Áurea foi assinada pela Princesa Isabel em 13 de maio
de 1888.
Depois da libertação, a festa. Comemorações, discursos de vitória, folia -
como não poderia deixar de ser... Afinal , tinha sido uma longa história de lutas
e de busca de liberdade dentro do estreito campo da escravidão - que, por isso
mesmo, foi se alargando com o tempo. O sonho fora alimentado e tornado
possível.
O desejo de liberdade esteve sempre presente, como podemos perceber na
longa história da escravidão africana no Brasil, cheia de acontecimentos e
histórias que demonstram a não-aceitação do cativeiro.
Mas, se isto é verdadeiro, como e por que foi apenas no século XIX que a
sociedade brasileira pôde finalmente propor e realizar a abolição definitiva da
escravidão? É o que vamos procurar entender nesta aula.
O quadro internacional
O movimento abolicionista
Esta gravura da
época mostra um
soldado negro,
livre, horrorizado
com os açoites que
ainda eram
aplicados aos
escravos.
Alguns grupos mais radicais, como os Caifazes em São Paulo, passaram a ETC., PELO MENOS NESTES
DEZ ANOS. É O QUE LHES
organizar e a apoiar as deserções em massa dos escravos, dando estímulo para
GARANTE O MEU PROJETO.
que fossem contratados como assalariados pelos fazendeiros, que viam suas
propriedades se esvaziando. Em São Paulo, área mais nova e próspera da
expansão cafeeira, concentravam-se os cativos comprados no tráfico
interprovincial. Em 1887, os próprios fazendeiros paulistas começaram a conce-
der alforrias em massa, para impedir a deserção ou para legalizar a situação dos
escravos que já os haviam abandonado.
De São Paulo, as deserções em massa e as alforrias coletivas, como
tentativa de manter o controle da situação, espalharam-se para as outras
províncias cafeeiras (Rio de Janeiro e Minas Gerais). Não havia mais capitães-
do-mato que chegassem. Até o Exército recusou-se a reprimir os escravos que
desertavam. Apenas uns poucos fazendeiros, em Minas Gerais e no Rio de
Janeiro, ainda se opunham às alforrias, na esperança de receber uma indeni-
zação pela “propriedade” que lhes escapava das mãos.
17 aprovou a Lei do Ventre Livre , em 1871. Essa lei tornava livres todos os filhos
de escravos nascidos daquela data em diante. A partir de então, cresceram as
alforrias e o movimento abolicionista. Para conter essa pressão, o governo
aprovou a Lei dos Sexagenários, em 1885, que libertava os escravos com mais
de 60 anos e estabelecia um prazo de treze anos para que o governo libertasse
todos os escravos, indenizando seus proprietários.
As deserções em massa, a partir de 1887, mudaram os rumos do processo.
Quando foi assinada a Lei Áurea, em 13 de maio de 1888, não mais havia escravos
de fato no Império do Brasil.
O tempo Nada além de liberdade foi concedido aos ex-escravos. Diante da liberdade,
não pára entretanto, abriam-se novas possibilidades não apenas para os libertos mas
também para um país chamado Brasil.
Apesar da pressão dos últimos senhores de escravos, não se indenizou a
perda da propriedade escrava. E, com uma rapidez impressionante, os últimos
cativos se misturaram à imensa maioria de descendentes de africanos que já
formava a população livre do país. A eles viriam se somar milhares de imigrantes
estrangeiros: portugueses, italianos, espanhóis, japoneses, alemães, entre ou-
tros, especialmente em São Paulo e no Sul do Brasil.
Com a abolição, a ordem escravista, em crise desde a metade do século XIX,
finalmente terminava. Agora, todos os brasileiros eram livres e, portanto,
cidadãos pela Constituição Imperial.
Mas quem era esse povo brasileiro? Quais os seus direitos? O que significa-
va, na prática, essa cidadania? Essas são questões que a liberdade colocava e que,
ainda hoje, estamos respondendo em nosso país. Será delas que trataremos na
segunda parte do nosso curso.
Leia mais uma vez o texto da aula, sublinhe as palavras que não entendeu
e procure ver o que elas significam, no dicionário ou no vocabulário da Unidade.
1. Releia O quadro internacional e identifique os motivos que levaram a
Inglaterra a pressionar o Brasil a abolir a escravidão.
2. Releia As ações dos escravos e identifique dois tipos de ação dos escravos
que contribuíram para desestabilizar a escravidão no século XIX.
3. Relendo esse mesmo item, explique, com as suas palavras, o que esse texto
chama de onda negra .
4. Releia O movimento abolicionista e explique por que alguns fazendeiros
paulistas começaram a conceder alforrias em 1887.
5. Releia As ações do poder público e identifique as medidas tomadas pe-
lo governo brasileiro que, a partir de 1850, prepararam a abolição.
6. Dê um outro título a esta aula.
Fazendo a História A U L A
1. A poesia que você vai ler a seguir saiu publicada num jornal da cidade de
Campos, situada ao norte do atual Estado do Rio de Janeiro, em março 17
de 1888 (dois meses antes da Lei Áurea).
Leia com atenção! Ela mostra bem o ponto de vista de um ex-senhor de
escravos sobre as deserções de seus escravos, às vésperas da abolição.
Agora responda:
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A UA UL L AA
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MÓDULO 5
Da Monarquia
à República
O Manifesto Republicano
Deodoro
da Fonseca é
homenageado
pela população do
Rio de Janeiro,
após a
proclamação da
república.
Terceiro Reinado?
A República
Os ideais
republicanos
permanecem
até hoje na
nossa bandeira,
com o lema:
“ ORDEM E
PROGRESS
PROGRESSOO”.
A ordem oligárquica
6
O tempo Dessa forma, neutralizavam-se também as multidões urbanas e os grupos
não pára de oposição civis e militares. Por todo o período que ficou conhecido como
Primeira República (1889/1930), poucas vezes houve mais de um candidato à
presidência. Quando isso ocorreu, as cidades (e também os militares) voltaram
à cena, como veremos principalmente no próximo módulo.
Leia mais uma vez o texto da aula, sublinhe as palavras que não entendeu e
procure ver o que elas significam, no vocabulário da Unidade ou no dicionário.
Fazendo a História
TÍTULO II
DOS ESTADOS
Art. 63 - Cada estado reger-se-á pela Constituição e pelas leis que adotar,
respeitados os princípios constitucionais da União (Poder Central).
TÍTULO III
DO MUNICÍPIO
Art. 68 - Os estados organizar-se-ão de forma que fique assegurada a
autonomia dos municípios, em tudo quanto respeite ao seu peculiar
interesse.
TÍTULO IV
DOS CIDADÃOS BRASILEIROS
Art. 70 - São eleitores os cidadãos do sexo masculino, maiores de 21 anos
que se alistarem na forma da lei.
Parágrafo 1 - Não podem se alistar eleitores para as eleições federais ou
para os estados:
1. os mendigos;
2. os analfabetos;
3. as praças de pré, excetuando os alunos das escolas militares de
ensino superior (...)
Agora responda:
1. Como deveria se dar a relação entre estados, municípios e União, de acordo
com a Constituição de 1891? (consulte os Títulos II e III da Constituição).
6
Vocabulário
da Unidade 1
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Gabaritos das aulas
1 a 18
4.
INCONFIDÊNCIA CONJURAÇÃO
MINEIRA BAIANA
5. Resposta livre.
Fazendo a História
1. “Os homens nascem e permanecem livres.”
“A liberdade consiste em poder fazer tudo o que não prejudica outrem.”
“A lei não tem o direito de proibir senão as ações prejudiciais à sociedade. Tudo
o que não é proibido pela lei não pode ser impedido e ninguém pode ser
constrangido a fazer aquilo que ela não ordene.”
2. “Os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos.”
“A lei é a expressão da vontade geral (...). Ela deve ser a mesma para todos, quer
proteja, quer puna. Todos os cidadãos, sendo iguais aos seus olhos, são
igualmente admissíveis a todas as dignidades, lugares e empregos públicos.”
3. “O fim de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e
imprescritíveis do homem. Estes direitos são a liberdade, a propriedade, a
segurança e a resistência à opressão.”
4. Direitos do cidadão: liberdade; propriedade; segurança; resistência à opres-
são; concorrer, pessoalmente ou pelos seus representantes, para a formação da
lei; admissão às dignidades, lugares e empregos públicos.
Obrigações do governo: conservar os direitos naturais do homem; proibir as
ações prejudiciais à sociedade; manter a mesma lei para todos.
5. O governo nasce da vontade do povo e existe para garantir os seus direitos.
6. A relação colonial é oposta às idéias de liberdade e de igualdade. É uma relação
desigual entre Colônia e Metrópole, entre colonos e colonizadores e conta ainda
com a escravidão. Na Colônia, não há espaço para a escolha de quem governa,
o que é determinado pela Metrópole, e o governo não existe para garantir os
direitos da Colônia, mas sim para garantir o monopólio da Metrópole.
2.
REBELIÃO LOCALIZAÇÃO CAUSAS CARACTERÍSTICAS
CABANAGEM AMAZÔNIA REPRESSÃO DO PROMOVIDA PELOS
GOVERNADOR NOMEADO CABANOS (POPULAÇÕES
PELO GOVERNO CENTRAL RIBEIRINHAS); TOMOU A
E MANUTENÇÃO DOS CIDADE DE BELÉM; FOI
PRIVILÉGIOS DOS REPRIMIDA COM
PORTUGUESES NA REGIÃO DIFICULDADE PELAS
AUTORIDADES IMPERIAIS
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Para suas anotações
Para suas anotações