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PRÓPRIO DOS SANTOS – 13 de janeiro

Santo Hilário, bispo e Doutor da Igreja


Nasceu em Poitiers, no princípio do século IV. Eleito bispo da sua cida-
de natal cerca do ano 350, combateu valorosamente a heresia dos arianos e
foi exilado pelo imperador Constâncio. Escreveu várias obras cheias de sa-
bedoria e doutrina, para defender a fé católica e interpretar a Sagrada Escri-
tura. Morreu no ano 367.
PRÓPRIO DOS SANTOS – 13 de janeiro

Segunda leitura
Do Tratado de Santo Hilário, bispo, sobre a Trindade
(Liv. 1, 37-38: PL 10, 48-49) (Séc. IV)
Servi-te-ei na pregação
Eu estou bem consciente, Deus Pai Onipotente, de que a
Vós devo consagrar a mais importante tarefa da minha vida, de
modo que todas as minhas palavras e todos os meus pensamen-
tos falem de Vós.
O exercício da palavra que me concedestes não pode ter re-
compensa maior que a de Vos servir pregando-Vos, e demons-
trar ao mundo que o ignora, ou ao herege que o nega, que sois
Pai, isto é, o Pai do Deus Unigênito.
Embora seja esta a minha única intenção, é necessário para
isso invocar o auxílio da vossa misericórdia, para que, desfral-
dando nós a vela da nossa confissão de fé, a enchais com o so-
pro do vosso Espírito e nos guieis pela rota da pregação que
iniciamos. Não nos há-de faltar Aquele que prometeu: Pedi e
recebereis, procurai e achareis; batei à porta e abrir-se-vos-á.
Somos pobres, e por isso Vos pedimos o que nos falta; pers-
crutamos com esforço diligente as palavras dos vossos Profetas
e Apóstolos e chamamos com insistência para que se nos abram
as portas do conhecimento da verdade; mas é de Vós que de-
pende conceder o que se pede, estar presente quando se procu-
ra, abrir a quem bate à porta.
Quando se trata de compreender as verdades que se referem
a Vós, vemo-nos impedidos por um certo entorpecimento pre-
guiçoso da nossa natureza e sentimo-nos limitados pela nossa
inevitável ignorância e debilidade; mas o estudo da vossa dou-
trina nos dispõe para o sentido das realidades divinas e a sub-
missão da fé nos leva a superar o nosso conhecimento natural.
Esperamos portanto que façais progredir o nosso tímido es-
forço inicial, que consolideis o seu desenvolvimento crescente
e o leveis à união com o espírito dos Profetas e dos Apóstolos,
para que compreendamos o sentido exato das suas palavras e
PRÓPRIO DOS SANTOS – 13 de janeiro

interpretemos o seu verdadeiro significado.


Vamos falar do que eles pregaram no sacramento: que Vós
sois o Deus eterno, Pai do Unigênito Deus eterno; que só Vós
sois sem nascimento; e que há um só Senhor Jesus Cristo, que
de Vós procede por nascimento eterno; não afirmamos que Ele
seja outro deus diverso de Vós, mas proclamamos que foi gera-
do de Vós que sois o único Deus; e confessamos que Ele é
Deus verdadeiro, nascido de Vós que sois verdadeiro Deus e
Pai.
Abri-nos, portanto, o significado autêntico das palavras, dai-
nos a luz da inteligência, a perfeição da linguagem, a verdadei-
ra fé. Fazei que sejamos capazes de exprimir a nossa fé: que
Vós sois o único Deus Pai e que há um só Senhor Jesus Cristo,
segundo o que nos transmitiram os Profetas e os Apóstolos. E
contra os hereges que o negam, fazei que saibamos afirmar que
Vós sois Deus com o Filho e que proclamemos sem erro a sua
divindade.
Responsório 1Jo 4,2b-3a.6c.15
R. Todo espírito que confessa que Jesus Cristo, o Senhor, veio
em carne, e de Deus. Não é de Deus, porém, o espírito que
não confessa Jesus Cristo.
* Sim, nisto conhecemos o espírito da verdade e o espírito do
erro.
V. Quem confessa que Jesus é o Filho de Deus Pai, Deus fica
nele e ele, em, Deus.
* Sim, nisto conhecemos o espírito da verdade e o espírito do
erro.
Oração
Concedei-nos, ó Deus, todo-poderoso, conhecer e proclamar
fielmente a divindade de vosso Filho, que foi defendida com
firmeza pelo vosso bispo santo Hilário. Por Nosso Senhor Jesus
Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém!
PRÓPRIO DOS SANTOS – 13 de janeiro

Hilário era francês, acredita-se que tenha nascido no ano 315, de família
rica e pagã, recebendo educação e instrução privilegiada. Durante anos bus-
cou na filosofia as respostas para seus questionamentos em busca da Verda-
de. Mas só as encontrou no Evangelho e então se converteu ao cristianismo.
Hilário foi batizado aos trinta anos de idade, junto com a esposa e a filha,
Abrè, a quem amava ternamente. A partir daí passou a levar uma vida fami-
liar guiada pelos preceitos cristãos. Este era um período de paz externa para
a Igreja, que precisava se fortalecer no seu próprio seio. Mas que, no entan-
to, se apresentava cheia de pequenas rupturas internas, provocadas princi-
palmente pela chamada "heresia ariana", uma doutrina que negava a divin-
dade de Nosso Senhor Jesus Cristo. Foi justamente pela vida exemplar que
levava, assim como pelos conhecimentos intelectuais e espirituais que, povo
e clero, o elegeram bispo, convidando-o para o cargo. Era uma decisão difí-
cil, pois um bispo alçado da sua condição tinha que, obrigatoriamente aban-
donar a família para abraçar o clero. Mas não vacilou e aceitou a incumbên-
cia e desafios que ela lhe trazia. Foi consagrado bispo de Poitiers e lutou vi-
gorosamente contra o arianismo. Debate após debate, polêmica após polê-
mica com os hereges, sua defesa da Fé foi se tornando conhecida e o respei-
to por sua atuação cada vez maior. Foi por isso chamado "o Atanásio do
Ocidente". Como ele, Hilário foi perseguido pelos imperadores e sofreu o
exílio. Enviado para o Oriente, não se sentiu derrotado, aproveitou para es-
tudar o grego e conhecer as comunidades cristãs mais antigas e os ensina-
mentos dos maiores sábios da Igreja, o que só fortaleceu sua missão. Cora-
joso, durante o exílio de cinco anos, escreveu livros contra os imperadores
Constâncio e Auxêncio. Também foi o autor de diversas obras: sobre a San-
tíssima Trindade, Comentários sobre os Salmos, e algumas obras cujos tex-
tos interpretou. Contribuindo intensamente para o desenvolvimento da teo-
logia da revelação. Hilário ficou realmente fascinado pela liturgia oriental.
Compôs hinos litúrgicos para familiarizar os fiéis com a teologia e mantê-
los mais intimamente unidos às celebrações. Pastor zeloso, procurou, ao re-
tornar para sua diocese na França, oferecer a seu rebanho o que de melhor
aprendera neste período de exílio. Mas nem por isso esqueceu a família,
cuja filha ele mesmo ministrou o sacramento do matrimônio e a esposa in-
gressou num mosteiro, com seu auxílio e aprovação. Faleceu em 367, quan-
do passou a ser venerado como santo logo após seu último suspiro. Uma co-
nhecida frase sua mostra bem a coragem e a valentia com que viveu e atuou,
enfrentando hereges e poderosos: “Enganam-se os que acreditam que me fa-
rão calar. Falarei pelos escritos e a palavra de Deus, que ninguém pode apri-
sionar, voará livre”. O Papa Pio IX, o canonizou e o honrou com o título de
“Doutor da Igreja”, confirmando a sua celebração para o dia 13 de janeiro.

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