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RADIAÇÕES
Natureza, Efeitos e Protecção
2009
II
João Manuel Oliveira
RADIAÇÕES - SUA NATUREZA, EFEITOS E PROTECÇÃO
RESUMO
ABSTRACT
One presents the radiations, its effects and forms of protection in general. Its na-
ture, origin, types and classification are presented, as well as the basic principles of Ra-
diobiology. The mechanisms of interaction of radiation with the molecule of DNA, the
types of damages that may occur, as well as the factors that influence cellular radiosen-
sitivity are also presented.
III
João Manuel Oliveira
RADIAÇÕES - SUA NATUREZA, EFEITOS E PROTECÇÃO
ÍNDICE
IV
João Manuel Oliveira
RADIAÇÕES - SUA NATUREZA, EFEITOS E PROTECÇÃO
V
João Manuel Oliveira
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ILUSTRAÇÃO 2 - JAMES CLERK MAXWELL. UM DOS MAIORES CIENTISTAS DO SÉCULO XIX, DESENVOLVEU
UMA TEORIA MATEMÁTICA, DESCREVENDO AS PROPRIEDADES DOS CAMPOS ELÉCTRICOS E
MAGNÉTICOS. (FOTO ENCARTA ENCYCLOPEDIA) ............................................................................... 10
ILUSTRAÇÃO 4 - CARGA ELÉCTRICA DAS RADIAÇÕES ALFA, BETA E GAMA. AS RADIAÇÕES ALFA POSSUEM
CARGA POSITIVA E DESLOCAM-SE NO SENTIDO DA PLACA NEGATIVA, AS RADIAÇÕES BETA TÊM
CARGA CONTRÁRIA E MOVEM-SE NO SENTIDO DA PLACA POSITIVA. AS RADIAÇÕES GAMA SÃO FOTÕES
E NÃO POSSUEM CARGA, CONSEQUENTEMENTE NÃO SOFREM DESVIO. ............................................... 12
ILUSTRAÇÃO 7 - NÚMERO DE CÉLULAS QUE SOBREVIVEM EM FUNÇÃO DA DOSE PARA DIFERENTES TAXAS
DE DOSE. ............................................................................................................................................ 32
TABELA 1 - FACTOR F QUE RELACIONA A DOSE ABSORVIDA COM A EXPOSIÇÃO PARA FOTÕES COM ENERGIA
DE 10 KEV A 2 MEV ........................................................................................................................... 21
TABELA 2 - VALORES DO LET DAS RADIAÇÕES MAIS COMUMMENTE USADAS. FONTE (SUNTHARALINGAM,
ET AL., 2005) ..................................................................................................................................... 22
TABELA 7 - VALORES DE HVL E TVL, PARA ALGUNS MATERIAIS MAIS USADOS NA CONSTRUÇÃO DE
BARREIRAS. FONTE (ANDREUCCI, 2007) ............................................................................................ 29
VI
João Manuel Oliveira
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§I - INTRODUÇÃO
1
Aqui radiação refere-se a radiação ionizante (ver pág. 7).
2
Sociedade Americana do cancro.
3
Tratamento com radiações
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No entanto, logo após a descoberta dos raios X por Wilhelm Konrad Roentgen
(1845-1923) em 1895, e da radioactividade natural em 1896 por Antoine Henri Becque-
rel (1852-1908), cedo tornou-se evidente que as radiações emitidas nestes processos não
somente eram úteis para efeitos de diagnóstico e tratamento, mas também nocivos aos
tecidos humanos (López, et al., 2005). Por exemplo, Cerca de 4 mil mortes são espera-
das que venham a acontecer entre as pessoas mais afectadas pelo maior acidente envol-
vendo radiações: o acidente de Chernobyl (IAEA, 2005).
I.2. PALAVRAS-CHAVE
Radiação, radioprotecção, blindagem, absorção, radioactividade, efeitos
biológicos, dosimetria.
4
PET – Positron Emission Tomography (tomografia por emissão de positrões).
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II.1. RADIAÇÃO
Radiação é o processo de transmissão de energia com
ou sem matéria5 através do espaço. A radiação consiste de
ondas e partículas. Na verdade, a distinção entre onda e partí-
cula não pode ser estabelecida. De acordo com De Broglie6,
partículas e ondas são consideradas duas faces de uma mesma
moeda, sendo mais correcta a denominação partícula-onda.
De qualquer forma, a divisão da radiação como sendo consti-
Ilustração 2 - James Clerk tuída por partículas ou por ondas é muito usada na bibliografia
Maxwell. Um dos maiores
Cientistas do século XIX, corrente e será também eventualmente usada neste trabalho.
desenvolveu uma teoria mate-
mática, descrevendo as pro-
priedades dos campos Segundo a sua natureza, as radiações podem ser divi-
eléctricos e magnéticos. (Foto
encarta encyclopedia) didas em três partes:
5
O conceito de matéria neste trabalho é apresentado como todo o ente Físico para o qual existe
um sistema de referência qualquer em que este esteja em repouso. Esta definição é importante para distin-
guir matéria de partícula.
6
Louis Victor de Broglie (1892 – 1987). Prémio Nobel de Física em 1927, pela sua teoria de
1923 onde descrevia a natureza ondulatória dos electrões.
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c é a velocidade da luz no vácuo e vale precisamente 299 792 458 m/s.
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Rutherford mostrou que as partículas alfa possuíam carga positiva (ver Ilustra-
ção 4) e que eram núcleos de
hélio, as partículas beta possuíam
carga negativa. As partículas β
foram mais tarde identificadas
como sendo electrões.
Radiação ionizante é a radiação que possui energia suficiente para ionizar áto-
mos e moléculas (Wikipédia). Estas radiações tem a capacidade de ao atravessar um
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determinado meio, ionizarem-no, i.e., são capazes de arrancar os electrões das suas orbi-
tas no cortejo electrónico, e por esta razão danificar tecidos vivos.
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III.1.1. ACTIVIDADE
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𝑑𝑁 = −𝜆𝑁𝑑𝑡 Onde o sinal (-) significa que o número de núcleos não desinte-
grados diminui com o tempo. A partir desta equação podemos escrever:
𝑑𝑁
= −𝜆𝑁 Ou seja a actividade A da fonte é igual a
𝑑𝑡
(3) 𝐴 = 𝜆𝑁
(4) 𝑁 𝑡 = 𝑁0 𝑒 −𝜆𝑡
(5) 𝐴 𝑡 = 𝐴0 𝑒 −𝜆𝑡 .
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O intervalo de tempo no qual, uma fonte radioactiva desintegra metade dos seus
núcleos excitados, restando apenas N0/2 núcleos excitados é conhecido por período de
semi-desintegração (T1/2). Da equação 𝑁 𝑡 = 𝑁0 𝑒 −𝜆𝑡 , chega-se a relação entre T1/2 e λ.
𝑙𝑛 2 0,693
(6) 𝑇1 = ≅
2 𝜆 𝜆
Em termos práticos uma fonte pode ser considerada como não radioactiva passa-
do no mínimo 5 períodos de semi-desintegração, desta maneira pode-se usar o T1/2 como
forma de descontaminação de uma área caso o elemento radioactivo em causa tenha um
T1/2 pequeno como no caso dos radiofármacos.
8
Elementos radioactivos usados em medicina.
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Então:
𝑑𝐴 = 𝐹 ∙ 𝑛 𝑑𝑆 ⇒
𝐴= ( 𝐹 𝑛 cos
(𝜃)𝑑𝑆
𝑆
Isto é:
𝐴= 𝐴𝑑 𝑑𝑆
𝑆
𝐴= 𝐴𝑑 𝑑𝑆 = 𝐴𝑑 𝑑𝑆 = 4𝜋𝑟 2 𝐴𝑑
𝑆 𝑆
𝐴 1 1
(7) 𝐴𝑑 = = 𝐴0
4𝜋 𝑟2 𝑟2
III.2.1. EXPOSIÇÃO
Exposição (X) é o valor absoluto da carga dos iões de um mesmo sinal produzi-
dos no ar quando todos os electrões libertados pelos fotões por unidade de massa de ar
são completamente detidos. Define-se para a radiação electromagnética ionizante, com
base na sua capacidade de produzir ionizações no ar. Esta grandeza é definida unica-
mente para a radiação electromagnética que interactua no ar.
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Aqui, dQ corresponde a carga eléctrica total dos iões formados pela radiação, e
dm é o elemento de massa de ar.
3976 𝑅
III.2.2. KERMA
KERMA (K) energia cinética libertada por unidade de massa, é uma grandeza
não estocástica, aplicável a radiações indirectamente ionizantes como os fotões e os
neutrões. Quantifica a energia média transferida da radiação indirectamente ionizante
para a radiação directamente ionizante, sem levar em conta o que acontece após a trans-
ferência (Seuntjens, et al., 2005).
𝑑𝐸𝑡
(10) 𝐾= 𝑑𝑚
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III.2.3. CEMA
CEMA (C) energia convertida por unidade de massa. Ela é uma grandeza não
estocástica, aplicável a radiações directamente ionizantes como os protões e os elec-
trões.
𝑑𝐸𝑐
(11) 𝐶= 𝑑𝑚
𝑑𝐸
(12) 𝐷 = 𝑑𝑚
(13) 𝐷 =𝑓∙𝑋
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Tabela 1 - Factor f que relaciona a dose absorvida com a exposição para fotões com energia de 10 KeV a 2 MeV
Dose absorvida/exposição
Energia Água Osso Músculo
(KeV) Gy∙Kg/C rad/R Gy∙Kg/C rad/R Gy∙Kg/C rad/R
10 35,4 0,914 135 3,48 35,8 0,925
15 35,0 0,903 150 3,86 35,8 0,924
20 34,7 0,895 158 4,09 35,8 0,922
30 34,4 0,888 165 4,26 35,7 0,922
40 34,5 0,891 157 4,04 35,9 0,925
50 35,0 0,903 137 3,53 36,1 0,932
60 35,6 0,920 113 2,91 36,5 0,941
80 36,7 0,946 75,4 1,94 36,9 0,953
100 37,2 0,960 56,2 1,45 37,2 0,96
150 37,6 0,971 41,3 1,065 37,4 0,964
200 37,7 0,973 38,1 0,982 37,4 0,965
300 37,8 0,974 36,6 0,944 37,4 0,966
400 37,8 0,974 33,3 0,936 37,4 0,966
500 37,8 0,975 36,2 0,933 37,4 0,966
600 37,8 0,975 36,1 0,932 37,4 0,966
800 37,8 0,975 36,1 0,931 37,4 0,966
1000 37,8 0,975 36,1 0,931 37,4 0,966
1500 37,8 0,975 36,0 0,930 37,4 0,966
2000 37,8 0,974 36,1 0,931 37,4 0,965
III.2.5. LET
A dose absorvida por si só não é suficiente para estimar o risco radiológico asso-
ciado a uma radiação. Ela requer uma estimativa paralela do grau em que a energia
depositada esta concentrada em volumes comparáveis com as porções sensíveis da célu-
la (Schimmerling, 2009). Isto consegue-se através do LET.
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Tabela 2 - Valores do LET das radiações mais comummente usadas. Fonte (Suntharalingam, et al., 2005)
A Taxa de dose (P): a taxa de dose representa a dose absorvida por um material
na unidade de tempo.
𝑑𝐷
(15) 𝑃= 𝑑𝑡
A dose absorvida como definida acima não reflecte o grau de perigosidade asso-
ciado a cada tipo de radiação. Na verdade, observou-se que para iguais doses, alguns
tipos de radiação são mais perigosos do que outros. Por esta razão, definiu-se a dose
equivalente num meio (HR) como a dose absorvida por um material, multiplicado pelo
factor de qualidade wr desta radiação e o produto dos factores de modificação represen-
tado por N. N normalmente assume-se igual a unidade.
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(16) 𝐻𝑅 = 𝐷𝑅 ∙ 𝑤𝑟 ∙ 𝑁 = 𝐷𝑅 ∙ 𝑤𝑟
(17) 𝐻𝑇 = 𝐻𝑅 ∙ 𝑤𝑡
9
Excepto para electrões Auger emitidos do núcleo ao ADN, onde são aplicadas considerações
micro-dosimétricas especiais.
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Tecido ou órgão wt
Gónadas 0,20
Medula óssea (vermelha) 0,12
Cólon 0,12
Pulmão 0,12
Estômago 0,12
Bexiga 0,05
Peito 0,05
Fígado 0,05
Esófago 0,05
Tiróide 0,05
Pele 0,01
Superfície óssea 0,01
Restante 0,05
DT,R é a dose absorvida pelo órgão (ou tecido) T exposto a radiação R. A Tabela
4 apresenta os valores de wt, para os diferentes órgãos. Nesta tabela restante inclui todo
o órgão não explicitamente apresentado.
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(20) 𝐸= 𝑇 𝐻𝑇
Limites de dose
Ocupacional Pública
100 mSv em 5 anos
Dose efectiva (20 mSv por ano10 1 mSv num ano11
em média)
Dose equivalente anual no
Cristalino 150 mSv 15 mSv
Pele 500 mSv 50 mSv
Braços e pernas 500 mSv -
10
O valor de dose efectiva ocupacional, não deve ultrapassar 50 mSv num único ano.
11
Esta dose deve advir de fontes artificiais não incluindo portanto a dose a que um indivíduo está
exposto devido a radiação de fundo local.
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III.5.1. DISTÂNCIA
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autoridade competente, é o meio mais eficaz, permitindo que se usem fontes maiores
com um máximo de protecção.
(21) 𝐼(𝐸) = 𝐼0 𝑒 −𝜇 𝐸 𝑥
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𝐼
vessa a barreira é igual a 50% (𝐼 = 20 ) da radiação que sobre ela incide. O conhecimento
desse valor torna prático o cálculo imediato da espessura do material necessário para
reduzir o nível da radiação num local a ser protegido a níveis recomendados.
(Andreucci, 2007)
𝐼0
A partir de (21) e aplicando a condição 𝐼 = chega-se a expressão para a HVL.
2
𝑙𝑛 2 0,693
(22) 𝐻𝑉𝐿 = ≅
𝜇 𝜇
Tabela 6 - Espessura mínima de chumbo necessária para a protecção contra os raios X, Vs energia da radiação.
(Fonte Wikipédia)
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Tabela 7 - Valores de HVL e TVL, para alguns materiais mais usados na construção de barreiras. Fonte
(Andreucci, 2007)
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𝐻2 𝑂+ → 𝐻 + + 𝑂𝐻 °
𝐻2 𝑂− → 𝐻 ° + 𝑂𝐻 −
Os radicais livres são espécies químicas altamente reactivas que podem combi-
nar com outros radicais livres para formar água ou combinarem-se entre si para forma-
rem peróxido de hidrogénio, H2O2 (água oxigenada), este composto é altamente tóxicos
para a célula. A molécula de peróxido de hidrogénio é quimicamente muito reactiva
provocando danos em moléculas de maior importância biológica. A presença de oxigé-
nio no meio celular potencia a actividade dos radicais livres e consequentemente o seu
efeito danoso.
Os primeiros tendem a ser mais prováveis que os últimos, mas também menos
graves. Devido a presença de mecanismos de reparação do ADN, os danos simples não
costumam provocar efeitos biológicos (Material de apoio ao estudante de Física
Nuclear, 2009).
2. Mutação. A célula sobrevive com o seu ADN modificado. Caso estas muta-
ções ocorram nos genes responsáveis pela proliferação celular, deste efeito
pode resultar em carcinogénese, ou formação de cancro.
3. Falha reprodutiva. A célula morre ao tentar dividir-se.
4. Morte celular. Da interacção com a radiação podem ser formados radicais
tóxicos a célula ou a destruição de mecanismos essenciais da célula, resul-
tando na morte celular (apoptosis ou necrose).
IV.4. RADIOSSENSIBILIDADE
Algumas células e tecidos são mais sensíveis a radiação do que outros, i.e., são
mais fáceis de ser afectados pela radiação do que outras, e costumam manifestar estes
efeitos mais cedo também. Estas células e tecidos são designados como radiossensíveis.
Pelo contrário, outros tecidos costumam ser mais resistentes a radiação e denominam-se
radioresistentes.
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expressando uma maior eficácia das altas taxas de doses, este fenómeno deve-se porque
as ionizações se produzem “concentradas” no tempo.
LET. Tal como já foi supracitado (ver LET na pág. 21), o LET é o principal fac-
tor na determinação da capacidade de uma
radiação produzir um dano numa célula.
Em geral as radiações de maior LET cos-
tumam ser mais danosas, (Material de
apoio ao estudante de Física Nuclear,
2009). Na Ilustração 8, está representada
graficamente a taxa de sobrevivência celu-
lar para amostras irradiadas com radiações
de baixo, e alto LET, a ordenada deste grá-
Ilustração 8 – Dependência da taxa de sobrevivência
celular, com a dose para radiações de diferentes LET. fico representa a taxa de sobrevivência
celular. A pendente da curva faz-se mais
pronunciada para as radiações de alto LET do para as de baixo LET, expressando uma
maior eficácia das radiações de alto LET na destruição das células.
O OER define-se como a razão entre a dose D necessária para produzir um efeito
X sobre uma célula sem Oxigénio e a dose Do necessária para produzir este mesmo efei-
to na presença de oxigénio.
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𝐷
(24) 𝑂𝐸𝑅 = 𝐷
𝑜
Este efeito é tanto maior para radiações de menor LET, e toma um valor proximo
de 1 (𝑂𝐸𝑅 ≈ 1) para radiação com LET superior a 135 KeV/µm (Suntharalingam, et al.,
2005).
Fase do ciclo celular. As células são mais sensíveis a radiação durante a fase da
Mitose e a fase de pós-síntese da ADN, durante a Mitose a metafase é a mais sensível.
Contudo, são menos sensíveis durante o período preparatório para a síntese do ADN e
durante a síntese do ADN.
Taxa Mitótica. São mais sensíveis as células de alta taxa mitótica (células com
grande capacidade de divisão celular), as células nervosas além de altamente especiali-
zadas, tem uma taxa mitótica extremamente reduzida ou nula, daí a serem umas das
células com maior radioresistência.
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esta possui energia suficiente para ionizar o material celular, e causar um efeito biológi-
co. Por esta razão, mesmo quando a dose de radiação é suficientemente pequena para
não produzir um efeito visível, permanece uma probabilidade de que esta radiação cause
um efeito danoso sobre as células ou tecidos.
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§V - CONCLUSÃO
V.1. RECOMENDAÇÕES
Recomenda-se neste trabalho a criação e aprovação de legislação especial que
regulamente o uso e aplicação de fontes de radiação no país, embora reconhece-se aqui,
que a aprovação da lei nº 4/07 de 5 de Setembro, que institucionaliza a criação da Auto-
ridade Reguladora de Energia Atómica (AREA) e o Conselho Nacional de Radioprotec-
ção e Segurança Nuclear (CNRSN), constituem marcos importantes na criação de
condições para a regulamentação destas no país.
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BIBLIOGRAFIA12
12
Segundo a norma ISO 690 – primeiro elemento e data.
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UOL. 2007. Estudo: mais de 12 milhões de casos de câncer no mundo em 2007. UOL.
[Online] 17 de Dezembro de 2007. [Citação: 29 de Setembro de 2009.]
http://noticias.uol.com.br/ultnot/afp/2007/12/17/ult34u195256.jhtm.
Wikipédia. Radiação cósmica. Wikipédia. [Online] [Citação: 30 de Setembro de 2009.]
http://pt.wikipedia.org/wiki/Radia%C3%A7%C3%A3o_c%C3%B3smica.
—. Radiação ionizante. Wikipedia. [Online] [Citação: 30 de Setembro de 2009.]
http://pt.wikipedia.org/wiki/Radia%C3%A7%C3%A3o_ionizante.
—. Raios X. wikipedia a enciclopédia livre. [Online] [Citação: 9 de Fevereiro de 2009.]
http://pt.wikipedia.org/wiki/Raios_x.
—. X Rays. Wikipedia, the free enciclopedia. [Online] [Citação: 9 de Fevereiro de
2009.] http://en.wikipedia.org/wiki/X_rays.
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ÍNDICE REMISSIVO
de ponderação do tecido · 23
A de qualidade da radiação · 22
f · 21
absorção · 8, 27 Factores
Actividade · 15 Físicos · 32
Específica · 16 inerentes a célula · 34
ALARA · 9, 26 Químicos · 33
fotões · 11, 18, 19, 21
B
H
Becquerel · 8, 15
Antoine Henri · 8 HVL · 9, 27, 28, 29
blindagem · 8
bremsstrahlung · 14
I
C IAEA · 9, 37
ICRP · 9, 25, 37
CEMA · 9, 20 Ionizante
Fonte de radiação · 13
Tipos de radiação · 13
D isótopo radioactivo · 13, 16
KERMA · 9, 15, 19
E
Efeitos L
Determinísticos · 35
Estocásticos · 34 LET · 15, 21, 22, 33, 34
Ernest Rutherford · 11
espectro electromagnético · 11
M
Exposição · 18
Tempo de · 29
Mecanismo de interação
Directo · 30
F Indirecto · 30
Factor
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electromagnética · 10
O
Gama · 12
Interna · 13
OER · 9, 33
Ionizante · 12
mecânica · 10
P mecanismos de interação com o ADN · 30
possíveis efeitos sobre a célula · 31
Partículas Terrestre · 13
alfa · 11 radioactividade · 8, 14, 15
beta · 12 Artificial · 14
Princípio radioprotecção · 8, 12, 15, 22
da justificação da prática · 26 Radioprotectores · 34
da limitação da dose · 26 radiossensibilidade · 30, 32
de optimização da protecção · 26 Radiossensibilizadores · 34
protecção radiológica · 8, 12, 25, 26, 37 rem · 9, 23, 24
Roentgen · 8, 9, 19, 21
Wilhelm Konrad · 8
R
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