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APOSTILA AOS EXAMES DE

GRADUAÇÃO PARA FAIXA PRETA


FEDERAÇÃO PERNAMBUCANA DE JUDÔ
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Federação Pernambucana de
Judô

Presidente
Tema Página JEMIMA A. ALVES

Vice-Presidente
Introdução 03 Jaciano Delmiro da Silva

1° Secretário
Jigoro Kano Kano o Fundador do Judô José Roberto Filho

Máximas de Jigoro Kano 05 2° Secretário


Jonas de Santana Barbosa
A Origem do Judô 06
Tesoureiro
Marcos Aranis Cordeiro Bastos
Nascimento do Judô 07
Diretor Técnico
Definições de Judô 08 Jonas Nascimento da Silva

Diretor de Arbitragem
Evolução do Judô Kodokan 09 Otacílio José da Silva

Símbolo do Kodokan 11 Diretor Médico


Dr. Ricardo Luiz Vasconcelos
Presidente do Kodokan 11
Coordenador do Curso
Edson Gondim da Costa neto
Evolução do Judô no Brasil 11
Professores
Judô Feminino 14 ARBITRAGEM: JORGE TITICO
HISTÓRIA, FILOSOFIA/ÉTICA: MÁRCIO
ROBERTO
Espírito do Judô 15 NAGE-WAZA: OTACILIO JOSÉ
KATAME-WAZA: JONAS NASCIMENTO
Princípios do Judô 17 NAGE-NO-KATA: JONAS NASCIMENTO
KATAME-NO-KATA: JONAS NASCIMENTO
O Indivíduo e seus ajustamentos através do 18 Presidente do Tribunal de Justiça
Judô Dr. Antônio de Pádua Carneiro Leão

A Ética do Judô 19 Presidente da Comissão de Graus


JOSÉ ROBERTO FILHO
Alguns significados filosóficos do Judô 21 Avaliadores
DANIEL FERREIRA
Terminologias do Judô 23 JORGE TITICO
HAYASHI KAWAMURA
Juramento de Kuro-Obi (Faixa Preta) 25 JEMIMA ALVES
MARCILIO MORAES
GENETON VICENTE
Diretor da FPJU – Região Agreste: Geneton Vicente da Silva abrange MÁRCIO ROBERTO TENÓRIO
as Cidades de: JONAS NASCIMENTO
Caruaru, Garanhuns, São Caetano, Lajedo, Cachoeirinha, Bezerros, MÁRCIO EUSTÁQUIO
Cupira, Gravatá, Panelas, Riacho, Toritama e Santa Cruz do Capibaribe OTACILIO JOSÉ

Diretor da FPJU – Região Sertão do Médio São Francisco: Daniel


Ferreira Costa abrange as Cidades de:
Petrolina, Afrânio, Dormente, Lagoa Grande, Santa Maria da Boa Vista,
Orobó, Cabrobó, Floresta, Salgueiro, Ouricurí e Araripina.

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HISTÓRIA,FILOSOFIA e ÉTICA
DO JUDÔ

“Dê-me uma alavanca e um ponto de apoio no universo que removerei o mundo”.

Arquimedes

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INTRODUÇÃO trabalho de cada um tem seu valor para

A
todos, é uma contribuição indispensável
s condições mentais dos judocas para o bem comum.
são muito importantes para os
mesmos alcançarem o progresso Devemos igualmente ter sempre presente
no aprendizado do Judô. Deve-se na lembrança o exemplo dos grandes
controlar as paixões prejudiciais, pois elas mestres de Judô, famosos tanto pela
poderão restringir ou alienar a liberdade ciência desta arte, como pela beleza e
do seu espírito e do seu corpo. Não se eficácia de seus movimentos, também
deixe dominar. O Judô o ajudará a pela nobreza de suas atitudes perante a
desenvolver o poder de sua vontade. vida e de seu valor intrínseco e social,
Cultive a cortesia, a benevolência, a todos é ou foram judocas trabalhadores,
moderação no linguajar principalmente no perseverantes e sinceros.
Dojô. Seja sempre sincero, leal, justo e
esportivo. Nas palavras ou nos seus atos, Perfeito nunca, mas sempre susceptível
procure não lesar nunca a dignidade do de perfeição, o judô é fonte inesgotável de
homem, nem tentar contra a liberdade de alegria e de progresso humano. Todo
espírito e de consciência de quem quer aquele que pretender seguir o caminho do
que seja. Uma Intimidade baseada na Judô, deverá inserir este ensinamento do
estima recíproca deve substituir toda a mestre JIGORO KANO no coração: “O
familiaridade ou camaradagem excessiva. JUDÔ é o caminho para a utilização eficaz
A nobreza do coração, característica do das forças físicas e espirituais. Treinando
homem completo, estampa-se nas os ataques e as defesas, o corpo e a alma
atitudes, no olhar e nas palavras. Sendo a se tornam apurados e a essência do
finalidade do Judô, desenvolver JUDÔ torna-se parte do próprio ser”.
harmoniosamente o espírito e corpo, o Desse modo, o ser aperfeiçoa-se a si
judoca deverá se esforçar para próprio e contribui alguma forma para
desenvolver particularmente as valorizar o mundo. Esta é a meta final da
qualidades interiores como: atenção, a disciplina do Judô.
cortesia e a lealdade. Para tanto
considerará seus parceiros não inimigos, 1. JIGORO KANO - O FUNDADOR DO
mas como companheiros indispensáveis JUDÔ
ao seu próprio progresso, e, portanto,
merecedores de todo respeito. No Dojô,
deverá manter-se tranqüilo e moderado,
nunca deverá elevar demasiadamente a
voz, prestará atenção às instruções do
mestre ou de seu assistente e ajudará aos
novatos. Estará sempre bem asseado, e
antes de entrar no tatame, verificará seu
asseio pessoal. O dever do judoca não é

J
só praticar o Judô, é também para com a
sociedade. igoro Kano, a quem devemos a
criação do Judô, nasceu em 28 de
Devemos nos conservar em plena posse outubro de 1860, em Mikage,
de nossos meios físicos e mentais, tanto Prefeitura de Hyogo no Japão, terceiro
tempo quanto durar a nossa vida. filho de Jirosaku Mareshiba Kano, alto
Tenhamos plena consciência de que o funcionário da marinha imperial
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(intendente naval do Shogunato continuou a treinar intensamente, mas um


Tokugawa), seus pais queriam que bom professor lhe era indispensável. Foi
seguisse a carreira de diplomata ou então que procurou mestre Tsunetoshi
político, mas preferiu o Magistério, Likugo que lhe ensinou a técnica da
embora de personalidade marcante, escola Kitô-Ryu até 1885. Como Kano até
possuía físico franzino, medindo 1,50 m então só praticara sempre as lutas corpo a
de estatura e pesando 48 kg, o que corpo, sempre usando roupas normais; a
dificultava o seu ingresso nas maiorias escola de Kito ensinou-lhe o combate com
dos esportes. armadura.

Em 1871 com 11 anos de idade foi Em fevereiro de 1882, Jigoro Kano


mandado para Tóquio para estudar o inaugura sua primeira escola denominada
idioma inglês, então indispensável para o Kodokan (Instituto do Caminho da
progresso em qualquer sentido e que, Fraternidade).
possibilitou mais tarde tornar-se professor
e tradutor dessa língua e ainda montar Em 1898, em uma de suas conferências,
sua própria escola em Tóquio, o Kobukan Jigoro Kano, assim se pronunciou: "Eu
(Escola de Inglês). estudei Ju-Jutsu não somente porque o
achei interessante, mas também, porque
Aos 16 anos, decidiu fortificar o corpo, compreendi que seria o meio mais eficaz
praticando a ginástica, o remo e o para a educação do físico e do espírito.
beisebol. Mas estes desportos violentos Porém, era necessário aprimorar o velho
para a sua débil constituição. Além disso, Ju-Jutsu para torná-lo acessível a todos,
nas brigas entre estudantes. Kano era modificar seus objetivos que não eram
sistematicamente vencido. Ferido na sua voltados para a educação física ou para a
qualidade de filho de um Samurai decidiu moral, nem muito menos para a cultura
estudar o Ju-Jutsu. Quem lhe ensinou os intelectual. Por outro lado, como as
primeiros passos, foi o professor escolas de Ju-Jutsu, apesar de suas
Teinosuke Yagi. qualidades tinha muitos defeitos. Eu
concluí que era necessário reformular o
Posteriormente, 1877, matriculou-se na Ju-Jutsu, mesmo como arte de combate.
Tenshin Shinyo Ryu, sendo discípulo do Alguns mestres desta arte ganhavam a
mestre Hachinosuke Fukuda. Sob a vida organizando ”espetáculos“ entre seus
direção deste mestre, Kano iniciou-se nos alunos, através de lutas, cobrando
mistérios da escola "Coração de daqueles que quisessem assistir. Outros
Salgueiro". Em 1879, Fukada morreu com se prestavam a serem "artistas da luta"
a idade de 82 anos e Kano herdou seus junto com profissionais de Sumô e
arquivos. Tornou-se em seguida aluno do praticantes de Ju-Jutsu. Tais práticas
mestre Masatomo Iso, um sexagenário degradantes prostituíam uma arte marcial
que possuía os segredos de uma escola e Isso me era repugnante. Eis a razão de
derivando igualmente do Tenshin Shinyo ter evitado o termo Ju-Jutsu e adotado o
Ryu. do Judô. Jigoro Kano desenvolveu a
ciência da queda-amortecedora (Ukemi),
Continuando seu treinamento Jigoro Kano bem como criou uma vestimenta especial
torna-se vice-presidente da escola. para o treino do Judô, o (Judogui), pois o
Infelizmente, Masatoma Isso, morreu uniforme utilizado pelos cultores do Ju-
muito cedo e Kano novamente encontrou- Jutsu, denominado de Hakama,
se sem professor. Contudo Kano provocava freqüentemente ferimentos.
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A nova arte do mestre Kano tinha duas encontrar sua harmonia plena e realizar
formas distintas: uma abrangia as verdadeiros progressos".
técnicas de queda, imobilizações, chaves
e estrangulamentos. Essa forma evoluiu "Vencer o hábito de usar a força contra a
para o esporte e a outra parte consistia força uma das coisas mais difíceis do
nas técnicas de golpear com as mãos e treinamento do Judô. Caso não se
os pés, em combinações com consiga isto, não pode esperar
agarramento e chaves para imobilização, progresso".
inclusive ataques em pontos vitais (Atemi-
Waza). Essa forma evoluiu para a defesa "A simplicidade é a chave de toda arte
pessoal (Goshin-Jitsu). superior, da vida e do Judô".

Jigoro Kano nos legou vários manuscritos, "A derrota na competição e no


nos quais em geral assinava com treinamento não deve ser uma fonte de
pseudônimos, dentre estes, um muito desânimo ou de desespero. É sinal da
usado por ele era "Ki Itsu Sai", que quer necessidade de uma prática maior e de
dizer "Tudo é unidade". Kano também era esforços redobrados".
poliglota, pois além do japonês, falava
quatro línguas: francês, alemão, inglês e "Os Kata são a estética do Judô. E nos
espanhol. Kata (forma) que está o espírito do Judô,
sem o qual é impossível perceber o

L
amentavelmente em 04 de maio de objetivo".
1938, morre Jigoro kano a bordo do
transatlântico "Hikawa Maru", "O Judô ultrapassou o estágio primitivo
quando voltava do Cairo, onde havia da utilidade para atingir o de uma ciência
presidido a Assembléia Geral do Comitê e de uma arte".
Internacional dos Jogos Olímpicos.
"A estabilidade mental (ou uma calma
inabalável) é um fator importante numa
Não houve para ele, tempo de assistir a luta de Judô. Seria ainda mais importante
Universidade do Judô, mas tinha certeza caso se tratasse de uma luta de vida ou
da sua perpetuação. "Quando eu morrer, morte".
o Judô Kodokan não morrerá comigo,
porque muitas coisas virão a ser "O Judô deve existir para o benefício do
desenvolvidas se os princípios de minha homem e não o homem para o Judô
arte continuarem sendo estudados". (competição)".

1.1 MÁXIMAS DE JIGORO KANO "Em qualquer espécie de treinamento, o


ponto mais importante é libertar-se dos

"O
adversário é um parceiro maus hábitos".
necessário ao progresso; a
vida da humanidade baseia-se "A idéia de considerar os outros como
neste princípio". inimigos só pode ser loucura e fonte de
regressão".
"É somente através da ajuda mútua e
das concessões recíprocas que um "O Judô deve ser mantido acima de toda
organismo agrupando indivíduos em a escravidão artificial. As novas invenções
número grande ou pequeno pode devem tornar-se conhecimentos comuns".

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"O Judô é uma arte e uma ciência. Ele elaborado de combater, que ia
deve ser mantido acima de toda a melhorando consoante o progresso da
escravidão artificial e deve ser livre de civilização. Os chineses, os gregos os
qualquer influência financeira, comercial e egípcios já utilizavam notáveis técnicas de
pessoal". luta.

"O alto valor da habilidade e da O Japão, durante séculos viveu isolado do


qualidade da arte só pode ser obtido resto do mundo, através de um regime
elevando-se acima da dualidade da feudal. Dirigido pelo imperador era na
competição". verdade um governador militar que
comandava: o Shogun. O país estava
"O Judô não deve ser revestido por um dividido em distritos militares pertencentes
rótulo nacional, racial, político, pessoal ou aos vassalos do Shogun: os Daymios.
sectário". Estes eram guerreiros temíveis.

"Quando se percebe a potência do Judô, A luta corpo a corpo e as outras artes


compreende-se que não se pode usá-lo marciais encontraram um terreno
levianamente, pois ele pode ser tão maravilhoso para se desenvolverem.
perigoso quanto uma espada Cada classe de guerreiros exercitava-se
desembainhada". no combate à lança e ao sabre longo. Os
infantes praticavam a esgrima com sabres
"À medida que se progride no estudo do curtos e os campônios tornaram-se peritos
Judô, o sentido de confiança em si no manejo do varapau.
mesmo, base do equilíbrio mental, se
desenvolve". Muitas outras armas eram utilizadas
consoantes, as regiões ou as classes
"A Maneira de treinar depende de uma sociais: havia especialistas no punhal, no
ação consciente, mas o objetivo do arco, na foice de guerra, nos escudos, etc.
treinamento e conseguir o domínio da Os combates encarniçados prosseguiam
técnica, o que é inconsciente". e, durante quase oitocentos anos, a
técnica da luta corpo a corpo progrediu
"O Judô pode ser considerado como uma lentamente.
arte, ou uma filosofia do equilíbrio, bem

M
como um meio para cultivar o sentido e o ergulhando nos estudos das
estado de equilíbrio". origens das lutas marciais,
notamos que vários documentos
2. A ORIGEM DO JUDÔ remontam aos tempos mitológicos. Um

O
inicio do desenvolvimento histórico manuscrito muito antigo, o Takanogawi,
do combate corporal se perde na relata que os deuses Kashima e Kadori
noite dos tempos. A luta por mantinham poderes sobre os seus súditos
necessidade de sobrevivência nasceu graças às suas habilidades desde ataque
com o homem, ela é um dos mais antigos e defesa.
desportos do mundo. Mas, no limiar dos
tempos, não se falava ainda de desporto; A crônica antiga do Japão (Nihon Shoki)
era simplesmente o meio de fazer os escrita por ordem imperial no ano de 720
outros chegaram à razão, pela força. Em de nossa era menciona a existência de
todas as regiões do globo, cada povo certos golpes de habilidade e destreza,
possuía um método mais ou menos não apenas utilizados nos combates

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corporais, mas, também, como para a defesa pessoal, poderia oferecer


complemento da força física, espiritual e aos praticantes, extraordinárias
mental, relatando uma história mitológica oportunidades nos sentidos de serem
na qual um dos competidores, agarrando superados as próprias limitações do ser
o adversário pela mão, joga-o ao solo, humano.
como se lançasse uma folha.
Jigoro Kano tentava dar maior expressão
Todavia, segundo alguns historiadores à lenda de origem do estilo Yoshin Ryu
japoneses, o mais antigo relato de um (Escola de Medula do Salgueiro), esta se
combate corporal ocorreu em 230 a.C., na baseava no princípio de "Ceder para
presença do Imperador Suinin: Taimano Vencer", utilizando a não resistência para
Kehaya, um lutador arrogante e insolente controlar, desequilibrar e vencer o
foi rapidamente nocauteado por terrível adversário com o mínimo de esforço.
cultor do combate sem armas. Nomino
Sukune. Num combate o praticante tinha como
único objetivo à vitória. No entender de
3. NASCIMENTO DO JUDÔ Jigoro Kano, isto era totalmente errado.

B
aseado nesses inconvenientes, um Uma atividade física deveria servir, em
jovem, que na adolescência se primeiro lugar, para a educação global
sentia inferiorizado sempre que dos praticantes.
precisasse desprender muita energia
física para resolver um problema, resolveu Os cultores profissionais do Ju-Jutsu não
modificar o tradicional Ju-Jutsu, unificando aceitavam tal concepção. Para eles, o
os diferentes sistemas, transformando-o verdadeiro espírito do Ju-Jutsu era o Shin-
num poderoso veículo de educação física. Ken-Shobu (vencer ou morrer, lutar até a
morte).
Seu nome era Jigoro Kano. Pessoa de
alta cultura geral, ele era um esforçado Por suas idéias, Jigoro Kano era
cultor de Ju-Jutsu. Procurando encontrar desafiado e desacatado, insistentemente,
explicações científicas aos golpes, pelos educadores da época, mas não
baseados em leis de dinâmica, ação e mediu esforços para idealizar um novo Ju-
reação, selecionou e classificou as Jutsu, diferente, mais completo, mais
melhores técnicas dos vários sistemas de eficaz, muito mais objetivo e racional,
Ju-Jutsu, dando ênfase principalmente no denominado de JUDÔ e transformando-o
ataque aos pontos vitais e nas lutas de num poderoso veículo de educação física.
chão do estilo Tenshin Shin’ yo-Ryu e nos Em fevereiro de 1882, no segundo andar
golpes de projeção do estilo Kitô-Ryu. do templo budista, Jigoro Kano inaugura
sua primeira escola de Judô denominada
Inseriu princípios básicos como a do Kodokan (Instituto do Caminho da
equilíbrio gravidade e sistema de Fraternidade), já que "ko" significa
alavancas nas execuções dos "fraternidade, irmandade", "dô". "Caminho
movimentos lógicos. Estabeleceu normas ou moral", e "kan" é "instituto". Com uma
a fim de tornar o aprendizado mais fácil e área de treinamento de apenas 12 (doze)
racional. Idealizou regras para um jôs, (Jô – módulo do tatami).
confronto esportivo, baseado no espírito
do IPPON-SHOBU (luta pelo ponto
completo). Procurou demonstrar que o Ju-
Jutsu aprimorado, além de sua utilização
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"O Judô é a vida da não-resistência, ou o


meio ágil, o caminho que leva a uma vida
3.1 DEFINIÇÕES DE JUDÔ equilibrada, utilizando um método de

S
egundo Luís Robert, no seu livro "O educação física e mental baseado numa
Judô". Editora Notícia, Portugal, disciplina de combate com mãos nuas".
1976, foi realizado um inquérito (Luís Robert).
entre o público e ficou constatada a
existência de uma idéia bastante "O Judô é uma filosofia e uma arte. Seu
deformada, do Judô. Eis algumas das ensino e aprendizagem devem ser
definições recebidas: calcados nos princípios que o regem:
respeito aos mais velhos, aos mestres,
• Um desporto de combate, como o
aos companheiros; respeito a sua ética e
boxe, a esgrima, etc;
a seu código moral. Criado em 1882 por
• Um misterioso, método chinês ou Jigoro Kano, do ponto de vista ideológico
japonês que permite derrubar, seja o Judô é a filosofia da eficácia máxima.
que adversário for, por meio de Aplica-se a todas as atividades humanas
"técnicas secretas", muito perigosas; dos trabalhos intelectuais, negócios,
• Uma espécie de máfia, de seita competições. Distinguem-se, em seu
budista Zen, que se propõe dominar o aspecto geral, diversas aplicações tais
mundo; como a recreação e a utilização bélica".
• Um sistema de treinamento do corpo e (Albano Augusto P. Corrêa Filho).
do espírito, semelhante ao Yoga;
• Invulneráveis técnicas de autodefesa “O Judô é uma arte que é praticada como
conjugadas com misteriosas práticas um desporto. Os seus objetivos são
de desenvolvimento mentais; praticados pela seguinte ordem:
• Uma ginástica oriental; Desenvolvimento físico; Eficiência em
• Um boxe chinês; combate; e Desenvolvimento mental.
• Um Ju-Jutsu adaptado pelos Através de treino de técnicas de ataques
americanos, etc. e defesa, os judocas não só ganham”
agilidades mental e física como adquirem,
também, flexibilidade de mente e corpo,
Tudo isto está, evidentemente, longe da
mediante o domínio da "Via suave".
verdade. A resposta é infinitamente mais
(Kiyoshi Kobayashi).
simples. Judô é uma palavra japonesa
que se decompõe em Ju e Dô. Ju
"O Judô é o produto moderno do
significa docilidade, não resistência,
desenvolvimento técnico, pedagógico e
suavidade, flexibilidade; e Dô, traduz-se
filosófico das velhas fórmulas do antigo
por via, meio, caminho. O nome completo
Ju-Jutsu". (Carlos Catalano Calleja).
significa "Caminho Suave".
"O Judô é um exercício esplêndido e, ao
De acordo com as palavras do fundador
contrário de muitos exercícios,
do Judô, mestre Jigoro Kano, "O Judô é o
proporciona ótimo divertimento, sendo
caminho para utilização eficaz das forças
maravilhoso para a coordenação físico-
físicas e espirituais. Treinando os ataques
mental. É uma atividade da qual se
e as defesas, o corpo e a alma se tornam
participa ao invés de se ficar como
apurados e a essência do Judô torna-se
espectador, e ainda é possível caso se
parte do próprio ser. Desse modo, o ser
queira, aperfeiçoar todas as outras
aperfeiçoa-se a si próprio e contribui
atividades da vida, aplicando o que se
alguma coisa para valorizar o mundo".
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aprendeu no Judô. Ele também Os alunos do Kodokan tinham fama de


desenvolve a interação entre o corpo e o serem imbatíveis. Por isso, eram
espírito e aumenta o autodomínio, além insistentemente desafiados. Aqueles que
de conferir aos seus praticantes uma conseguiam uma vitória sobre um dos
segurança tranqüila em matéria de defesa alunos da Kodokan, na certa, cresciam em
pessoal". (Bruce Tegner). fama.

4. EVOLUÇÃO DO JUDÔ KODOKAN Naquela época utilizava-se, ainda, o


"sistema de luta por desistência". Um dos
combates que ficou na história foi o de
Shiro Saigo contra o mais temido cultor do
Ju-jutsu da "yoshin Ryu", numa
memorável luta, que parecia interminável.
A propósito de Shiro Saigo, foi escrito um
belíssimo romance de aventuras,
contando as suas proezas no Judô, com o
nome de Sugata Sanshiro, inclusive serviu
de enredo a vários filmes.

Mas foi só no final de 1886, após uma


célebre competição, contra várias escolas

D
de ju-jutsu, organizada pela policia, que
urante alguns anos, o idealizador
definitivamente ficou constatado o grande
do "Judô" atravessou uma difícil
valor do Judô Kodokan. O resultado dessa
fase, principalmente pela quase
jornada constituiu-se num marco decisivo
ausência de recursos financeiros para a
na aceitação do judô, com o
manutenção da academia. Os mais
reconhecimento do povo e do governo
temidos lutadores da época,
que passaram oficialmente a prestigiar o
impulsionados pela inveja, não se
Judô Kodokan. Depois da célebre vitória
cansavam em desafiar os discípulos de
de 1886, como ficou conhecida, o Judô
Jigoro Kano. Houve muitos encontros
Kodokan começou a progredir com
memoráveis com o intuito de testar a
passos confiantes.
eficácia do Judô Kodokan.
A fórmula técnica do Judô Kodokan foi
Certa feita um lutador, conhecido por
completada em 1887, enquanto a sua
Tanabe, vence os melhores alunos de
fase espiritual foi gradativamente elevada
Jigoro Kano. Tratava-se de um grande
até a perfeição, aproximadamente, em
especialista em técnicas de shime-waza
1922. Nesse ano a Sociedade Cultural
(estrangulamentos), aplicadas no solo.
Kodokan foi inaugurada e um movimento
Tão logo um judoca o projetasse, Tanabe
social foi lançado, com base nos axiomas
encaixava-lhe um estrangulamento
"Seryoku Zenýô" (máxima Eficácia) e "Jita
dessas derrotas, Kano aprendeu uma
Kyôei" (Prosperidade e Benefícios
grande lição. Era necessário aprimorar o
Mútuos).
Judô nas técnicas de domínio (katame-
waza), particularmente as desenvolvidas
Entretanto, em 1897, quando o Kodokan
na luta de solo (ne-waza). Tanabe foi o
estava instalada em "Shimotomizaka",
único lutador que conseguiu vencer os
possuindo uma área de 207 tatamis, o
discípulos de Kano.
governo japonês fundou uma escola

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nacional, que congregaria todas as "artes pontos vitais); todavia, nenhuma linha era
marciais". Butokukai. escrita sobre as regras de competições.
Apesar de Jigoro Kano ter idealizado o Em 1938, O Japão começava a sentir a
judô, em pouco tempo a Butokukai tornar- guerra, os militares deram um valor
se-ia uma respeitável rival da Kodokan. especial às chamadas "artes marciais"
Posteriormente, as escolas superiores e que começaram a ser praticadas em todo
profissionais da Universidade de Tóquio Japão, com um real espírito guerreiro
fundariam uma outra entidade: a Kosen. (bushidô). A Butokukai recebia alunos de
Como é fácil de adivinhar, a Butokukai e a todos as partes do Japão para a cultura
Kosen começaram a competir com a do ju-jutsu, do "kendo" (espécie de
Kodokan. esgrima japonesa), do Karatê e do
"kyudô" (arte de atirar flechas), para uma
A Kodokan tinha perdido a sua real aplicação durante a guerra.
hegemonia, por outro lado era o Judô que
ganhava um maior número de praticantes. Após a guerra, todas as atividades que
Jigoro Kano, com a finalidade de iniciar inspirassem o bushidô (espírito guerreiro),
uma campanha de divulgação do Judô, no foram proibidas pelos norte-americanos.
ocidente, em 1889, visita a Europa e os Os japoneses não mais podiam praticar o
Estados Unidos da América do Norte, Judô. Entretanto, em 1946, os professores
proferindo palestras e demonstrações. da Kodokan foram autorizados a ensinar o
judô às tropas norte-americanas.
Em 1909, um fato marcante parecia
devolver a hegemonia do Judô a Conhecendo o real espírito do judô de
Kodokan. O governo japonês resolve Jigoro Kano, os norte-americanos
tornar o Kodokan uma instituição pública, liberaram a sua prática, inclusive nas
uma vez que a prática do Judô estava escolas, por não a considerar uma
tendo uma ótima aceitação. perigosa arte marcial, tempos depois.

Em 1934, a Kodokan estaria instalada em Em 1948, fundada a Federação Nacional


um edifício de três andares, ocupando de Judô, iniciando-se os primeiros
uma área de dois mil metros quadrados, campeonatos de âmbito nacional, depois
aproximadamente. da guerra.

Nessa época o Judô começava a ser A Butokukai havia sido definitivamente


introduzido em quase todas as nações interditada e a Kosen, ficaria subordinada
civilizadas do mundo, todavia, no a Kodokan.
ocidente, o termo ju-jutsu ainda era o
empregado, embora o nome de Jigoro Em março de 1958, e inaugurado o novo
Kano fosse citado. Instituto Kodokan, denominado a Meca do
Judô, num edifício especialmente
Em 1937, o Conselho da Indústria do construído para a organização e a
Turismo, órgão do governo japonês, administração do Judô, no Japão e no
editava a tradução em inglês do primeiro mundo, com um dojô de 500 tatames e
livro escrito por Jigoro Kano, denominado seis outros menores, sendo três com 108
"Judô (ju-jutsu)". Nesta obra o judô tatames e outros três com 54 tatames,
abordado sob vários aspectos inclusive que seriam utilizados para os mais
tecia inúmeras considerações sobre o diversos objetivos do ensino e do
"atemi-waza" (técnica de ataque aos treinamento, com departamentos

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especiais para crianças, mulheres, surgia, faziam a sua propaganda


estudantes competidores de alto nível e mantendo a denominação antiga,
estrangeiros, além de abrigar confundindo e criando polêmica, até hoje
dependências para toda à parte da existente entre os leigos, quanto às
administração, alojamento, restaurante, origens do Judô.
totalizando 41 áreas específicas.
O professor Stanlei Virgílio, em seu livro a
4.1 SÍMBOLO DO KODOKAN Arte do judô, papiros 1986. Faz referência
ao Mestre Massao Shinohara, onde o
mesmo afirma em seu manual de judô,
publicação de maio de 1982, que o Judô
foi implantado no Brasil por volta do ano
de 1908 com o advento da imigração
O símbolo do Kodokan é a Sakura no japonesa, cujo primeiro contingente
Hana (flor da cerejeira) de oito pétalas chegou ao porto de Santos em 18 de
com um círculo vermelho no centro. Seu junho de 1908, a bordo do navio Kasato
significado pode ser entendido como a Maru. Com referência ao judô, entretanto,
delicadeza do algodão envolvendo a força não há registros de nomes, datas ou
do ferro incandescente lembra a firmeza e locais.
a força interior, a suavidade e gentileza
exterior. Por outro lado em 1924, numa outra
corrente, formava os “Lutadores”, isto é,
4.2 PRESIDENTE DO KODOKAN aqueles que lançando e aceitando
desafios, lutando publicamente, além de
1º Presidente Jigoro Kano
buscarem a implantação de Judô entre
2º Presidente Jirô Nangô
nós, fazia disso uma forma de
Risei Kano (filho do
3º Presidente fundador) subsistência ou de complementação
Yukimitsu Kano financeira. Entre estes colocaríamos
4º Presidente (neto do fundador) Mitsuyo Maeda (Conde Koma), Takagi
Saigo, Géo Omori, Ono, os Gracie, etc. e
visto por este prisma, o Judô começou a
ser implantado no inicio dos anos vinte.
4.3 OS GUARDIÕES DO KODOKAN
Com a chegada ao Brasil Mitsuyo Maeda,
• Shiro Saigô (Sugata Sanshiro) tendo ele a seu crédito o primeiro registro
• Sakujirô Yokoyama nos anais da história do Judô brasileiro.
• Yoshiaki Yamashita Mais conhecido como Conde Koma,
• Tsunejirô Tomita percorreu várias capitais brasileiras. Mais
aceitando desafios e ganhando todos,
5. EVOLUÇÃO DO JUDÔ NO BRASIL promovendo assim esse esporte.
Radicou-se finalmente em Belém do Pará,

A
s primeiras referências que onde montou sua escola com algum
encontramos, quanto à introdução sucesso. De seus vários alunos, restou a
do judô no Brasil, datam de muitos família Gracie que deu continuidade ao
anos após a criação deste esporte, no seu trabalho, progredindo e fundindo
Japão, pelo mestre Jigoro Kano. Mesmo novas escolas em algumas capitais e se
assim, aproveitando-se do maior projetando no cenário esportivo brasileiro.
conhecimento do antigo "Ju-jutsu" fora do Hélio Gracie, em luta contra dois
Japão, os adeptos do novo esporte que
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campeões japoneses, Kato e Kimura, juntamente com um grupo de idealista


ganhou do primeiro e perdeu para o oriundos do longínquo Japão, começaram
segundo, o que na época foi um grande um trabalho de amplos ideais que visava
feito e o seria ainda nos dias de hoje. projetar este nosso esporte na preferência
Desenrolaram-se as duas lutas no chão dos brasileiros, separando-o
(katame-waza), pois nosso lutador certo definitivamente do Ju-jutsu.
de sua inferioridade em peso e na técnica
de luta em pé (nage-waza), Esse trabalho foi à conquista final para a
inteligentemente forçou a luta no chão confirmação do judô no Brasil,
onde tinha melhores chances, e o sobrepondo-se ao Ju-Jutsu e expandindo-
resultado provou o acerto de seu se rapidamente para o interior, onde em
raciocínio. algumas regiões, embora muito
discretamente já era praticado. Com a
Assim, as escolas Gracie prosperaram e mesma intensidade e rapidez investiu
espalhou-se por várias capitais, mas também para outros estados, alastrando-
sempre se dedicando mais ao Ju-Jutsu, se praticamente por todo o Brasil.
motivo pelo qual prosperaram, pois nós
brasileiros, ainda não estávamos Na década de 40 consolida-se o prestígio
preparados para um esporte como o judô, do judô em todo o Brasil, esclarecido as
ainda desconhecido e que se confundia dúvidas quanto às suas origens do antigo
com seu predecessor o Ju-Jutsu, que “Ju-Jutsu”, propagando-se a sua prática
monopolizava as atenções e interesses no Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais e
que havia. Rio Grande do Sul, dentre outros estados,
fundando-se novas academias e
Em 1924 ou 1925 chega Tatsuo Okoshi 8º crescendo números de seus praticantes.
Dan, instalando-se em São Paulo e que
teve a participação bem maior no Assim, à mercê do esforço e dedicação de
desenvolvimento do judô brasileiro. Foi japoneses e brasileiros, o judô progride a
fundador e primeiro presidente no Brasil passos largos. Em São Paulo, no ano de
da associação dos Faixas Pretas do 1951 foi realizado o seu primeiro
Kodokan é também, fundador e primeiro campeonato oficial. Em 1954 o Rio de
diretor técnico da Federação Paulista de janeiro também realiza o seu. Ainda em
Judô. 1954, realiza-se o primeiro Campeonato
Brasileiro, tendo como sua maior

C
hegava ainda ao Brasil em 1934 o expressão o judoca Massayoshi
mestre Ryuzo Ogawa, 8º Dan, Kawakami, campeão nas categorias de 3º
fundando a academia Ogawa Dan e absoluto.
(Budokan), com o único objetivo de
aprimorar as culturas físicas, morais e Em 1956, o Brasil participa pela primeira
espirituais, através do esporte do vez de uma competição no exterior, mas
quimono, obedecendo aos princípios precisamente do II Campeonato Pan-
morais e filosóficos pregados pelo mestre Americano, realizado em Cuba, ficando
Jigoro Kano. em honroso segundo lugar. Formava na
equipe os judocas Massayoshi Kawakami,
Não se poderá deixar de reconhecer que Sunji Hinata, Augusto Cordeiro, Luís
o grande passo para o crescimento do Alberto Mendonça, Hikari Kurachi e Milton
judô no Brasil foi iniciado com o mestre Rossi.
Ogawa em 1938 quando o mesmo

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Dirigia na época o judô no Brasil a no mundial de judô em setembro deste


Confederação Brasileira de Pugilismo. Dia mesmo ano.
a dia acentuava-se a necessidade de um No período de 1990/1992, exerceu o
órgão nascido nos próprios meios cargo de Diretor de Arbitragem da CBJ.
judoísticos, dedicando-se exclusivamente
ao judô, que o representasse a nível Atuou como Diretor Técnico da CBJ no
nacional e internacional. Assim em 18 de período de 1992/200 e pertenceu ao
março de 1969 foi fundada a quadro de arbitragem da Federação
Confederação Brasileira de Judô, tendo Internacional de Judô FIJ com a
como seu primeiro Presidente Paschoal classificação FIJ “B”
Segreto Sobrinho. Em 22 de fevereiro de Professor Mota foi convocado em 2008
1972, foi a Confederação Brasileira de pela CBJ, para fazer parte do Conselho
Judô reconhecida oficialmente, sendo Nacional de Graduação, que é composto
então o seu Presidente até inicio de 1979, pelos seguintes membros:
Augusto de Oliveira Cordeiro.
No começo de 1977, após extenso • Professor Osvaldo
trabalho de entrevistas e pesquisas Ichikawa – 8º Dan;
embasadas em jornais da época, além de • Professor José Pereira
Silva – 7º Dan;
testemunhos de imigrantes antigos,
• Professor Yoshiro Okano –
detectou-se que a primeira residência do 8º Dan;
judô no Brasil foi Manaus - Amazonas, • Professor Chuno Mesquita
depois de entrar no País por Porto – 7º Dan;
Alegre/RS. • Professor Altair Araújo – 6º

E
m 16 de novembro de 1972, foi Dan (consultor);
fundada oficialmente na cidade do • Professor Paulo
Wanderley Teixeira – 7º Dan (presidente da
Recife/PE a Federação CBJ) e
Pernambucana de Judô- FPJU, sendo o • Professor João Rocha – 7º
seu 1º Presidente: William Arruda. Eleito Dan (Coordenador Técnico Nacional da CBJ)
desde 1988 como presidente o professor
Luiz da Mota Silveira, administrou a FPJU
A CBJ convocou o Professor Mota para
com muita competência, tendo como
conduzir tecnicamente as competições de
principal conquista à compra da sede
judô durante as Olimpíadas Escolares de
própria em 16 de maio de 1997, situada a
2008 – 12 a 14 anos, realizadas durante o
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período de 18 a 28 de setembro deste ano
Madalena. O professor Mota não media
na cidade de Poços de Caldas-MG.
esforços para elevar o judô a nível
Estadual, Nacional e Internacional.
Além de todas essas conquistas, o
Conforme matéria publicada no
professor Mota teve seu trabalho, à frente
Diário de Pernambuco, em 29 de março
da Federação, reconhecido por várias
de 1996, a Confederação Brasileira de
entidades: Em 20 de agosto de 2004
Judô – CBJ convocou o Professor Mota a
recebeu homenagem da Polícia Militar de
ser o Chefe a Delegação Feminina, que
Pernambuco com o Diploma de Amigo do
disputou as olimpíadas de Atlanta. Esta foi
Centro de Educação Física e desporto da
a primeira vez que um Nordestino
Polícia Militar de Pernambuco, pelo major
comandou a seleção Olímpica. Além
da PM, Carlos Augusto Lins de Azevedo.
dessa convocação, o professor Mota
Em 09 de junho de 2006 recebeu medalha
também comandou a Seleção Brasileira
pelos 181 da Polícia Militar de
Pernambuco. No dia 11 de setembro de
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J
2006, recebeu a Medalha Pernambucana igoro Kano, ao idealizar o Judô, não
do Mérito da Polícia Militar de pensou que a sua obra também
Pernambuco, através do Ato n.º1.285 de poderia ser praticada pelas
05 de junho de 2006, pelo então mulheres. Como sua irmã mais velha
comandante Geral coronel Cláudio José demonstrasse um grande interesse em
da Silva. aprender e praticar essa notável
Em assembléia Geral do dia 15 de modalidade esportiva, pouco a pouco
março de 2008 nas dependências do começou a perceber que as mulheres
SEBRAE-PE o Professor Luiz da Mora talvez pudessem ser beneficiadas com a
Silveira foi reeleito por aclamação sua prática. Entretanto, a falta de
presidente para o quadriênio (2008/2012), experiência recomendava-lhe que tivesse
infelizmente faleceu prematuramente, aos muita prudência. Começou a ensinar-lhe
67 anos, no dia 19 de setembro de 2008 os fundamentos e alguns golpes mais
ás 07:00 no Hospital Santa Joana. simples e de fácil execução. Apesar de
Atualmente a Federação tem como Judô ter sido idealizado em 1882,
presidente a Professora, Jemima Augusto somente quarenta e um anos mais tarde,
Alves, que tomou posse no dia 01 de portanto em 1923, é que o instituto
dezembro de 2008, durante assembléia Kodokan do Japão (Academia Fundada
geral para o quadriênio a cima citado. por Jigoro Kano. O centro Mundial do
A Professora Jemima foi à primeira Judô) Foi inaugurado um Departamento.
mulher no Norte-Nordeste a integrar a Experimental de Judô Feminino.
seleção Brasileira, foi campeã Brasileira e
Sul-Americana e participou das Entretanto, antes disso, algumas mulheres
Olimpíadas de Barcelona em 1992, já treinavam; as pioneiras eram esposas
ficando em décimo primeiro lugar. ou irmãs de alguns assistentes do mestre
Jigoro Kano. As aulas eram desenvolvidas
no Instituto Kodokan e, oficialmente, sob
que método era praticado ou sob qual
orientação pedagógica nada consta. O
6. JUDÔ FEMININO que se divulgava isto sim era para
ingressar no Instituto Kodokan, mesmo
depois de inaugurado o Departamento
Feminino, uma pretendente à judoca
deveria provar a seriedade e a sua
idoneidade moral. Aliás, com respeito a
essa exigência e interessante informar
que vem sendo imposta até os nossos
dias.

A partir de 1934, o Departamento


Experimental de Judô feminino do Instituto
Kodokan do Japão, deixaria de ser
experimental; já estava completamente
organizado e em condições de ministrar
cursos realmente especializados de judô
feminino. A experiência adquirida, depois
Ayako Akutagawa, 2º-Dan, por volta de 1936. Foto Shinji
Kozu.
de onze anos de estudos, era suficiente
para tal. A partir de então, dois estudiosos

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do assunto, Mestre Honda e Uzawa, ginásio do Madison Square Garden, as


foram designados para serem os categorias eram: Abaixo de 48 kg, abaixo
responsáveis pelos cursos de judô de 52 kg, abaixo de 61 kg, abaixo de 66
feminino do Instituto Kodokan do Japão. kg, abaixo de 72 kg e mais de 72 kg.
Todavia, a orientação básica era a mesma Participando destas competições
que Jigoro kano apregoava há muitos continentais e deste primeiro Campeonato
anos, ou seja, o estudo do Ukemi, (técnica Mundial às atletas foram adquirindo
de amortecer as quedas) insistentemente experiência para disputarem de forma
praticado; aprendizado e aperfeiçoado de experimental a Olimpíada de Seul em
certos golpes de projeção e corpo a corpo 1988. Contudo foi só em 1992, na
sob a forma de Katas (exercícios, duas a Olimpíada de Barcelona que o judô
duas, estilizados de ataque e de feminino tornou-se esporte olímpico e elas
recebimento e/ou defesa onde uma começaram a partir daí a aparecer com
praticante sabe de antemão o que a sua sucesso.
companheira ou adversária irá fazer)
evitando a competição. 7. ESPIRITO DO JUDÔ

O
Pouco a pouco o Departamento Feminino Espírito do Judô é composto por
do Instituto Kodokan ganhava um número nove "citações" que marcam as
maior de alunas, não chegando a maneiras de percorrer o caminho
exceder, em março de 1952 trezentas e da suavidade, cujo estudo de seus
oitenta e nove judocas. Alguns anos mais fundamentos nos dão base para a
tarde, um sem número de participantes já compreensão e o progresso do Judô. A
estavam graduadas. O mais alto grau ou essas citações, devem os judocas a sua
escalão conquistado por uma Yudansha atenção, obediência e cuidados. Vamos
(praticante de judô faixa preta), até os conhecê-las:
nossos dias, foi o nono grau ou ku-dan. 1) CONHECER-SE É DOMINAR-SE, E
DOMINAR-SE É TRIUNFAR.
A única diferença que existe com relação O homem para saber suas
às faixas dos judocas masculinos é que possibilidades frente ao mundo em
as faixas das judocas possuíam uma tarja que vive, para reagir a cada momento
branca, longitudinal no meio da faixa, de frente às situações que vão exigir
ambos os lados, e a partir de 01.01.2000, ações e soluções, diretas ou indiretas,
foi abolida uso da tarja branca. necessita conhecer a si mesmo, saber
quais as qualidades e deficiências que
Em 1980, o primeiro Campeonato Mundial possui, para então, harmoniosamente,
de Judô para Mulheres era estabelecido. apresentar ou utilizar atitudes ou
O Judô feminino estava na cena há sete soluções mais adequadas a
anos ou oito anos antes, iniciando sem necessidades. De posse em seu íntimo
marcas entre países como na Europa em dessa auto-análise, adquire o homem
1975, nas competições continentais. E foi à base que lhe dará um melhor
apenas quando os torneios estavam controle emocional, uma melhor
estabelecidos em todos os continentes postura frente ao mundo, uma melhor
que a FIJ (Federação Internacional de e mais inteligente utilização de seu
Judô) concordou em promover o potencial de forças, que por sua vez
Campeonato Mundial para Mulheres. No lhe darão maiores possibilidades de
primeiro Campeonato Mundial para triunfar.
Mulheres estabelecido em Nova York no

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2) QUEM TEME PERDER JÁ ESTÁ 5) NUNCA TE ORGULHES DE HAVER


VENCIDO. VENCIDO UM ADVERSÁRIO. O QUE
Quando entramos em uma disputa, VENCESTES HOJE PODERÁ
incertos, inseguros, temerosos, nossas DERROTAR-TE AMANHÃ. A ÚNICA
forças se desassociam e enfraquecem, VITÓRIA QUE PERDURA É A QUE
colocando-nos à mercê daquele ou SE CONQUISTA SOBRE A PRÓPRIA
daqueles que buscam com mais garra IGNORÂNCIA.
o triunfo. O orgulho não se justifica nunca,
porque ninguém é Deus para ter
3) SOMENTE SE APROXIMA DA certeza da vitória na próxima luta.
PERFEIÇÃO QUEM A PROCURA Esse mesmo orgulho nunca nos levará
COM CONSTÂNCIA, SABEDORIA E, a boas opções, pelo contrário, antítese
SOBRETUDO, HUMILDADE. da humanidade, ele só nos possibilita
A perfeição é de Deus, somente ele é ser arrogantes, soberbos e auto-
perfeito. O homem pode e deve, suficientes, criando à nossa volta um
entretanto, tentar sempre aproximar da clima hostil à nossa presença. A vitória
perfeição em todas as suas obras e não é, portanto, propriedade privada e
durante toda a sua vida. de uso exclusivo de ninguém.
Assim fazendo com constância,
sabedoria e humildade estarão
também contribuindo para que o 6) O JUDOCA NÃO SE APERFEIÇOA
mundo seja mais bonito, mais humano PARA LUTAR, LUTA PARA SE
e feliz. Portanto, estará trabalhando APERFEIÇOAR.
para a complementação desse mesmo Fosse a meta primeira e única do
mundo que nos foi dado e pelo qual judoca a vitória, em cima do tatame,
somos todos responsáveis. então sim, ele voltaria toda a sua
capacidade, todo o seu
4) QUANDO VERIFICARES, COM aperfeiçoamento para essa luta, que
TRISTEZA, QUE NADA SABES, igual a tantas outras, pobres em seus
TERÁS FEITO TEU PRIMEIRO motivos, nada de duradouro e de mais
PROGRESSO NO APRENDIZADO. útil proporcionaria. Felizmente não,
Tantos são os mistérios do mundo, tão suas metas são tão mais importantes e
incipientes são os nossos úteis porque visam, como já vimos
conhecimentos, que arvorarmo-nos antes, um mundo melhor, mais bonito
sábios, ainda que, em uma única e e feliz. Esse é o ideal que buscamos.
simples matéria, seria no mínimo uma
enorme ignorância.Isto porque, na 7) O JUDOCA É O QUE POSSUI
medida em que nos aprofundarmos no INTELIGÊNCIA PARA
conhecimento de determinados COMPREENDER AQUILO QUE LHE
assuntos, vêm que a meta final se ENSINAM E PACIÊNCIA PARA
distância e se ramifica em tanta as ENSINAR O QUE APRENDEU AOS
outras opções, nem sempre coerentes, SEUS SEMELHANTES.
tantas vezes contraditórias, que nos A inteligência que deve ter o judoca
levam a reconhecer com tristeza, que para compreender aquilo que lhe
nada ou muito pouco sabemos ainda, ensinam, acrescentamos a
que essa mesma meta final não se perseverança e humildade.
encontra ao nosso alcance. Perseverança. Porque nem sempre
possuímos a facilidade do aprendizado
rápido e justo e a demora poderá nos

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levar a abandonar ou negligenciar COM JUSTEZA. O CORPO É UMA


conhecimentos que nos farão falta. Um ARMA CUJA EFICIÊNCIA DA
pouco de perseverança possibilitará PRECISÃO COM QUE SE USA A
sempre o seu aprendizado. INTELIGÊNCIA.
Humildade, porque sem ela podemos Na medida em que acumulamos
achar que somos e do alto da nossa experiência na prática do judô e nos
suficiência não desceremos para aprofundamos em seus
aprender o que não sabemos. No conhecimentos, nos seus
transcorrer da vida, há uma seleção fundamentos, mais fascinantes se
natural que escolhe os que torna aos nossos olhos, dada a sua
transmitirão os ensinamentos para as abrangente diversidade de valores
gerações futuras. Aquele que teve a físicos, morais, intelectuais e
paciência para preservar durante anos, espirituais. Não é de se estranhar
acumulando conhecimentos e então, que nos eduque a mente e nos
experiências, certamente terá em ensine a pensar com velocidade e
grande dose a paciência necessária exatidão, e o corpo a obedecer com
para o ensino do que aprendeu, justeza.
contribuindo assim, para que a nossa
arte caminhe para o futuro. 8. PRINCÍPIOS DO JUDÔ

8) SABER CADA DIA UM POUCO Os princípios que inspiraram Jigoro Kano,


MAIS, UTILIZANDO O SABER PARA quando da idealização do Judô foram:
O BEM, ESSE É O CAMINHO DO 1. Princípios da Máxima Eficácia do
VERDADEIRO JUDOCA. Corpo do Espírito (Seiryoku Zenýô).
No seu dia a dia, nos mais corriqueiros 2. Princípios da Prosperidade e
atos da vida, aprende o homem um Benefício Mútuo (Jita Kyôei).
pouco mais, pois ele é um ser 3. Princípios da "JU" ou da
dinâmico e evolutivo. Assim, é Suavidade.
significativo o fato de que os
governantes, na sua grande maioria e O primeiro princípio é ao mesmo tempo
entre os povos mais díspares, em toda a utilização global, racional e utilitária da
a história da humanidade, serem energia do corpo e do espírito. Jigoro
sempre pessoas mais idosas. Esse Kano afirmava que este princípio deveria
fato é explicado em razão de que a ser aplicado no aprimoramento do corpo.
soma de conhecimentos, melhor Servir para torná-lo forte, saudável e útil.
controle emocional e a experiência Podendo ainda ser aplicado para melhorar
acumulada durante anos, suplantam a nutrição, o vestuário, a habitação, a vida
também o arrojo e o vigor físico dos em sociedade, a atividade nos negócios
jovens. Quanto a usar esses na maneira de viver em geral. Estando
conhecimentos, essas virtudes ou convencido que o estudo desse princípio,
qualidades para o bem, são uma em toda a sua grandeza e generalidade,
questão de princípios, inerentes ao era muito mais importante e vital do que a
homem de bem e ao judoca, simples prática de uma luta. Realmente, a
principalmente. verdadeira inteligência deste princípio não
9) PRATICAR O JUDÔ É EDUCAR A nos permite aplicá-lo somente na arte e
MENTE A PENSAR COM na técnica de lutar, mas também nos
VELOCIDADE E EXATIDÃO, BEM prestam grandes serviços em todos os
COMO O CORPO A OBEDECER aspectos da vida.

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agora, estou momentaneamente numa


O segundo princípio, diz respeito à posição vantajosa e posso derrotar o meu
importância da solidariedade humana adversário utilizando apenas metade da
para o melhor bem indivíduo e universal. minha energia, isto é, metade das minhas
Achava ainda que a idéia do progresso sete unidades ou três unidades e meia da
pessoal devia ligar-se a ajuda ao próximo, minha energia contra os três dele. Isto
pois acreditava que a eficiência e o auxílio deixa uma metade da minha energia
aos outros criariam não só um atleta disponível para qualquer outra finalidade.
melhor como um ser humano completo. No caso de ter mais força do que o meu
O terceiro princípio, "JU" ou Suavidade é adversário poderia, sem dúvida, empurrá-
mais diretamente físico, mas que no lo também. Mas mesmo neste caso, ou
entender de Jigoro Kano deveria ser seja, se eu tivesse desejado empurrá-lo
levado ao plano intelectual. procedendo assim teria economizado
enormemente minha energia.
Ele mesmo nos explica este terceiro
princípio, durante um discurso proferido 9. O INDIVÍDUO E SEU
na University of Southern California, por AJUSTAMENTO ATRAVÉS DO
ocasião da X Olimpíada em 1932. Deixe- JUDÔ
me agora explicar o que significa,
SOCIALMENTE: Proporciona o ajustamento
realmente, esta Suavidade ou Cadência. do indivíduo ao grupo
Supondo que a força do homem se despertando o espírito de
poderia avaliar em unidades, digamos que colaboração, de respeito
a força de um homem está em minha e solidariedade.
frente, é representada por dez unidades,
enquanto que a minha força, menor que a MORALMENTE: Restaura e equilíbrio
dele, se apresenta por sete unidades. emocional, causado pelas
pressões dos
Então, se ele me empurrar com toda a
acontecimentos
sua energia, eu serei, certamente, ambientais, além de
impulsionado para trás ou atirado ao desenvolver a firmeza nos
chão, ainda que empregue toda a minha seus atos e palavras.
força contra ele. Isto aconteceria porque
eu tinha usado toda minha força contra FISICAMENTE: Estimulando as grandes
ele, opondo força contra força. Mas, se funções orgânicas e em
em vez de o enfrentar, eu cedesse a conseqüência à saúde,
além de promover a
força, recuando o meu corpo tanto quanto
aquisição de força,
ele o havia empurrado, mantendo, no agilidade, destreza, etc.
entanto, o equilíbrio, então ele inclinar-se- Proporciona meios de
ia naturalmente para frente, perdendo aperfeiçoar as
assim o seu próprio equilíbrio. Nesta habilidades,
posição, ele poderia ter ficado tão fraco desenvolvendo o uso
(não em capacidade física real, mas por mais racional de energia,
causa da sua difícil posição) a ponto de a através de movimentos
sua força ser representada, de momento, mais coordenados e
por digamos, apenas três unidades, em econômicos.
vez das dez unidades normais. Entretanto PSIQUICAMENTE: Promove o
eu, digamos, apenas equilíbrio, conservo desenvolvimento das
toda a minha força tal como de inicio, capacidades
representada por sete unidades. Contudo, intelectuais, memória,
raciocínio, atenção e
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percepção. Desenvolve
também as qualidades A autora ainda lista os deveres éticos
de domínio próprio e de específicos, que ao seu ver, deverão ser
julgamento, observados pelo treinador de judô:
compreensão das • Ter consciência dos objetivos de
situações e facilidade sua profissão, seja do desporto em
de achar rapidamente geral, seja do judô, com suas
as soluções sutilezas técnicas, sua tradição
convenientes, através cultural desportiva, seus fins
de um melhor hábito de educacionais, etc;
reflexão. • Procurar aprofundar seus
conhecimentos técnicos
10. A ÉTICA DO JUDÔ
específicos da modalidade, além
Segundo Nalini, José Renato, em seu livro
de situar-se sempre na condição
“ÉTICA GERAL E PROFISSIONAL” São Paulo,
de líder de um grupo, seu
RT, 1999, P(s) 34 e 35.
professor, seu estrategista,
Ética é a ciência do comportamento moral orientador, consultor e elemento
dos homens em sociedade. É uma de apoio técnico e pessoal em
ciência, pois têm objeto próprio, leis enumeras circunstancias;
próprias e método próprio. O objeto da • Conhecer as regras,
ética é a moral. A moral é um dos regulamentos, códigos e estatutos
aspectos do comportamento humano. dos clubes em que vier a trabalhar,
bem como as entidades de
Com exatidão maior, o objeto da ética é a direção;
moralidade positiva, ou seja, “o conjunto • Respeitar e acatar as decisões de
de regras de comportamento e formas de superiores hierárquicos e dos
vida através das quais tende o homem a oficiais de arbitragem;
realizar o valor do bem”. • Preparar-se e preparar seus
atletas para a vitória e para os
Como ciência, a ética procura extrair dos reveses da derrota, sem entretanto
fatos morais os princípios gerais a eles deixar de incluir nos mesmos o
aplicáveis. sentido da disputa, da busca
honesta da vitória, do denodo e
A ética é uma disciplina normativa, não ate da auto-superação da
por criar normas, mas por descobri-las e capacidade física e psicológica no
elucidá-las. Mostrando às pessoas os momento do prélio desportivo,
valores e princípios que devem nortear onde não cabe a covardia e o
sua existência, a ética aprimora e esmorecimento;
desenvolve seu sentido moral e influencia • Enfim, dar tudo de si e fazer com
a conduta. que seus atletas também o façam,
na busca do sucesso esportivo, ou
Segundo Monteiro, Luciana Botelho, em pelo menos do melhor resultado
seu livro: *o treinador de judô no Brasil*. possível, dentro do permitido,
Rio de Janeiro, Sprint, 1998. P. 85, 87 e aceito e regulamentado para a
88. A ética, no seu sentido mais simples honesta e leal disputa desportiva,
encontra-se definida como: “à parte da com respeito e lealdade aos seus
filosofia que estuda os deveres do pares, mesmo quando atuando
homem, para com Deus e a sociedade”. com adversários, bem como aos
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seus atletas, atletas adversários e c) Respeitar a todos com


ao público aficionado. consideração, apreço e
solidariedade, transmitindo
Segundo o guia de princípios de conduta harmonia para o grupo ou pessoa,
ética do estudante de educação física que aumentando o conceito público;
foi elaborado pelo Conselho Federal de d) Não ser conivente com o erro e
Educação Física – CONFEF, Rio de combater atos que firam os
Janeiro, 2005. postulados éticos ou as
A ética deva ser entendida como: disposições gerais que regem o
exercício de qualquer atividade.
“A ciência da conduta humana perante o Críticas a tais atos poderão ser
ser e seus semelhantes”, na relação feitas respeitando-se a honra e a
profissional, necessário se torna preservar dignidade da pessoa ou da
valores pessoais e institucionais, sendo, instituição;
portanto, dever ético de qualquer e) Utilizar conhecimentos técnicos
componente de uma categoria profissional e/ou científicos, a seu alcance em
proteger o nome da atividade e daqueles favor da evolução do judô;
que dela fazem parte. f) Não fazer publicidade imoderada,
de modo a informar ou formar um
Segundo a Confederação Brasileira de conceito que não exprima a
Judô de acordo com o ato nº 34/94 em 06 realidade;
de Junho de 1994.. O código de ética e g) Não usar título ou anunciar
moral do judoísta visa estabelecer regras especialidade para a qual não
para juízos de apreciação de conduta esteja habilitado;
ética e moral de judoísta cadastrado na h) Não participar de plano de trabalho
Confederação Brasileira de Judô, partindo com pessoa física ou entidade em
do princípio de que o Judô, além de ser que não haja o respeito aos
um desporto, é uma filosofia de vida, que princípios éticos e morais
tem por fim o ajustamento integral do estabelecidos;
homem, sem a preocupação de ordem i) Que, não deve se integrar à
religiosa, racial ou política. entidade que não seja reconhecida
pela Confederação Brasileira de
Vejamos o que diz os artigos do código de Judô;
ética e moral do judoísta, abaixo
descriminados: Art. 2º - Ferir qualquer preceito deste
Art. 1º - São preceitos de cada judoísta código, estatuto da Confederação
cadastrado na Confederação Brasileira de Brasileira de Judô, regulamento para
Judô: promoção e controle geral de faixas, atos
a) Respeitar a integridade moral e e normas, implica responder pelo ato
física do seu próximo, jamais cometido junto ao Tribunal Superior de
utilizando seus conhecimentos Justiça e Disciplina Desportiva.
técnicos para subjugar ou humilhar
outrem; Conclusão:
b) Exercer sua atividade com Entretanto, nunca foi tão necessário,
dignidade e consciência, como hoje se mostra, reabilitar a ética. A
observando no ambiente de judô crise da humanidade é uma crise moral.
e/ou fora dele, pautando seus atos Os descaminhos da criatura humana,
em princípios morais, de modo a refletidos na violência, no egoísmo e na
ser aceito e respeitado; indiferença pela sorte do semelhante,
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assentam-se na perda de valores morais. JUDÔ DO ESPIRITO: Por que judô do


De nada vale reconhecer a dignidade da espírito? O judô é uma forma de
pessoa, se a conduta pessoal não se luta moderna surgida dos
pautar por ela. ensinamentos tradicionais. É uma
- Se vier a ser recomposto o referencial de forma nova do "combate
valores básicos de orientação do espiritual" cuja
comportamento, será viável a formulação necessidade se manifesta dentro do
de um futuro mais promissor para a homem desde as mais remotas
humanidade ainda envolvida no drama eras. O homem sabe que sua vida
das insuperáveis angústias primárias. tem um segredo e que sua
Esse é o papel da ética no limiar do passagem pela Terra é um meio
terceiro milênio. “Despertar para a ética é de descobrir esse segredo.
acudir a todas as demais necessidades de Sempre cabe ao homem a
uma adequada formação integral.” escolha entre duas possibilidades:
RENATO NALINI uma viver disciplinadamente
gozando dos sentidos; a outra, é
11. ALGUNS SIGNIFICADOS aplicar suas energias para
FILOSÓFICOS DO JUDÔ fortalecer o seu ser.

S
O DOJÔ É O MUNDO: Dojô é o local da
IGNIFICADO DO JUDÔ prática do Judô. O dojô está lá para
"KODOKAN”: Julga, a maioria dos receber nossas quedas, e o que importa é
ocidentais, ser o judô, um esporte a maneira de cair. Da mesma forma não
de combate, cujo principal mérito seria se pode acusar o mundo pela sua dureza,
abolir a diferença natural entre o forte e o mas deve-se aprender a cair. Uma boa
fraco, pensando apenas em lutar e queda é uma coisa agradável e aí reside à
vencer. Mas a verdadeira interpretação é arte dos mestres. Para se poder levantar é
aquela que considera o judô algo preciso cair, tanto no judô como na vida.
espiritual, como uma disciplina total, vinda Deve-se conduzir no mundo como sobre
do Oriente, formada tanto do corpo quanto no dojô, sempre com elegância. É no dojô
do espírito. Por determinação do que ocorre a batalha do homem consigo
Professor Jigoro Kano, o Judô, que é ä mesmo, ou seja, aquele que entra dentro
arte que utiliza ao máximo a força física e de um dojô, quando enfrenta uma luta, vai
mental “, deverá concentrar todos os se encontrar frente a frente com seu
esforços para o adestramento quaisquer próprio medo, seus próprios defeitos e
que sejam as condições climáticas, tanto suas próprias faltas é justamente no dojô,
no calor como no rigor inverno”. que o indivíduo se desnuda de seus falsos
Nos intervalos, deve-se aprender dos medos e toda inibições até ficar
professores e dos veteranos a ética e o completamente só, consigo mesmo.
cerimonial. A disputa visando a vitória leva O JUDOGUI E A MENTE: Judôgui é a
ao seu fortalecimento espiritual. Para ser veste do judoca. É pelo judôgui que se é
forte, deve-se manter autêntica a rotina agarrado. O judôgui deve ser limpo, bem
diária de vida. Quando as pessoas ajustado, sólido e macio ao mesmo
aprendem a se relacionarem melhor, tempo. Seja no combate, quanto na vida,
ajudarem-se mutuamente, todo o País e o tão desligado do seu judôgui quanto
mundo poderão prosperar juntos. possível, pois quando o puxarem você
não será deslocado. O mental é tão
importante para sua vida quanto o judôgui
para o judô.

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A FAIXA É A VONTADE: "Ergue-te cinja Uma lição para se meditar em silêncio. A


tua cintura e ande". Ao fim do combate verdadeira pegada do judô oferece ao
tira-se a faixa, assim como no fim da vida adversário um vácuo que cresce como o
nos desfazemos do manto mental, da movimento que acaba. Por isso, nunca se
roupa das ilusões. Mas antes de tirar a deve buscar apoio no adversário. O apoio
faixa é preciso ter uma. Um judôgui sem encontra-se na fé luminosa da
faixa é um pijama. E o Judô do espírito compreensão.
não é coisa para quem dorme. Que o nó A ATENÇÃO É A CONSCIÊNCIA: Preste
de sua decisão não se desfaça. Que atenção. O movimento do adversário vem
ninguém o possa desatar, a não ser você e eis você no chão. Embora atento você
mesmo. caiu. Como ele foi mais rápido? Mas a
O “HARA" É A FÉ: Que a sua ação pergunta exata não é essa. E sim, como é
esteja em equilíbrio apoiada na fé como o que minha atenção foi mais lenta que o
corpo está em equilíbrio apoiado no movimento? A questão é sondar o
centro do hara (abdômen). Fé extensa, fé adversário, auscultar sua consciência,
refúgio, fé defesa, fé como um aprender suas intenções para desenvolver
tabernáculo de músculos, estável como o próprio reflexo da ação. Então sua
giroscópio pelo turbilhonamento interior. defesa estará pronta antes do adversário
Fé onde brota o "kiai", o grito que fende as se movimentar. Ele encontrará o "vácuo" à
montanhas das dúvidas. sua frente ou uma rocha que é a mesma
A PEGADA É O DESLIGAMENTO: Para coisa, pois provém do mesmo fator.
aquele que se agacha, a queda virá
certamente, mas aquele que não se “O SEU MAIOR ADVERSÁRIO É VOCÊ
agacha nenhuma queda deve temer. É o MESMO. VENÇA A SI PRÓPRIO E
próprio Buda que há vinte e cinco séculos TERÁS VENCIDO O SEU MAIOR
nos deu essa lição fundamental do judô. ADVERSÁRIO”.

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