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CONTRARIEDADES
Eu hoje estou cruel, frenético, exigente; Receiam que o assinante ingénuo os abandone,
Nem posso tolerar os livros mais bizarros. Se forem publicar tais coisas, tais autores.
Incrível! Já fumei três maços de cigarros Arte? Não lhes convém, visto que os seus leitores
Consecutivamente. Deliram por Zaccone.
Dói-me a cabeça. Abafo uns desesperos mudos: Um prosador qualquer desfruta fama honrosa,
Tanta depravação nos usos, nos costumes! Obtém dinheiro, arranja a sua "coterie";
Amo, insensatamente, os ácidos, os gumes E a mim, não há questão que mais me contrarie
E os ângulos agudos. Do que escrever em prosa.
Pobre esqueleto branco entre as nevadas roupas! E a tísica? Fechada, e com o ferro aceso!
Tão lívida! O doutor deixou-a. Mortifica. Ignora que a asfixia a combustão das brasas,
Lidando sempre! E deve conta à botica! Não foge do estendal que lhe humedece as casas,
Mal ganha para sopas... E fina-se ao desprezo!
O obstáculo estimula, torna-nos perversos; Mantém-se a chá e pão! Antes entrar na cova.
Agora sinto-me eu cheio de raivas frias, Esvai-se; e todavia, à tarde, fracamente,
Por causa dum jornal me rejeitar, há dias, Oiço-a cantarolar uma canção plangente
Um folhetim de versos. Duma opereta nova!