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Índice
Páginas:
♣ Introdução…………………………………………………………………………………………3
♣ Poemas:
¶ Esta Gente/Essa Gente
Ana Hatherly…………………………………………………………………………….4
¶ Há Palavras Que Nos Beijam
Alexandre O’Neill………………………………………………………………………5
¶ Poema da Auto-Estrada
António Gedeão…………………………………………………………………………6
¶ Noites de Encantamento
Carlos Peres Feio……………………………………………………………………….7
¶ As Palavras
Eugénio de Andrade….……………………………………………………………….8
¶ Autopsicografia…..………………………………………………………………..……9
¶ Canção…………………………………………………………..…………………………10
¶ Liberdade
Fernando Pessoa…………………………….…………………………………………11
¶ Amar!
Florbela Espanca.................................................................................12
¶ [Amor é um fogo que arde sem se ver,]………………………………………..13
¶ [Aquela triste e leda madrugada,]
Luís Vaz de Camões………………….……………………………………………….14
¶ O búzio
Manuel Rui..…………………………………………………………………………….15
¶ Quase
Mário de Sá-Carneiro..……………………………………………………………….16
¶ Instrução Primária…………………………………………………………………….17
¶ Viagem
Miguel Torga..…………………………………………………………………………..18
Antologia Poética/Português
¶ O Sonho
Sebastião da Gama…………………………………………………………………...19
♣ Letras de Músicas:
♪ Ponto Zero……………………………………………………………………………….26
♣ A Escolha………………………………………………………………………………………….27
♣ Conclusão…………………………………………………………………………………………28
♣ Bibliografia………………………………………………………………………………………29
Antologia Poética/Português
Introdução
O objectivo deste trabalho, no âmbito da disciplina de Português, era fazer a
selecção de vinte dos nossos poemas preferidos e explicar as nossas escolhas.
Tínhamos liberdade quanto ao modo de apresentação, podíamos também fazer
análise de alguns poemas, arranjar imagens que tivessem a ver com os poemas, etc.
Depois de na pesquisa ter encontrado poemas que ainda não conhecia mas
que, de um modo ou de outro, vão ao encontro do meu sentir, procedi à selecção dos
vinte textos que mais significado tiveram para mim. Finalmente, e de acordo com a
minha interiorização dos textos, procurei imagens para os ilustrar.
… esta minha Antologia Poética que agora vos proponho como fruição.
Antologia Poética/Português
Ana Hatherly
Antologia Poética/Português
De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor.
Poema da Auto-Estrada
Voando vai para a praia como um punhal que se enterra.
Leonor na estrada preta. Tudo foge à sua volta,
Vai na brasa, de lambreta. o céu, as nuvens, as casas,
e com os bramidos que solta,
Leva calções de pirata, lembra um demónio com asas.
vermelho de alizarina,
modelando a coxa fina, Na confusão dos sentidos
de impaciente nervura. já nem percebe Leonor
como guache lustroso, se o que lhe chega aos ouvidos
amarelo de idantreno, são ecos de amor perdidos
blusinha de terileno se os rugidos do motor.
desfraldada na cintura.
Fuge, fuge, Leonoreta
Fuge, fuge, Leonoreta:
Vai na brasa, de lambreta.
Agarrada ao companheiro
na volúpia da escapada
pincha no banco traseiro
em cada volta da estrada.
Grita de medo fingido,
que o receio não é com ela,
mas por amor e cautela
abraça-o pela cintura.
Vai ditosa e bem segura.
Noites de Encantamento
pequeno tributo
aos que nas ruas caminham
música na cabeça
versos atrás dos olhos,
aos que respiram
dança, canto,
representação,
aos que tudo cozinham
fabricantes do sonho
que no palco
recriam vida,
delírio, paixão
ópera, opereta
flores-de-lis, margaridas
à beira do caminho
As Palavras
São como cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
Um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Autopsicografia
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
Canção
Sol nulo dos dias vãos,
Cheios de lida e de calma,
Aquece ao menos as mãos
A quem não entras na alma!
Fernando Pessoa
Antologia Poética/Português
Liberdade
Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.
Amar!
Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui…além…
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente…
Amar! Amar! E não amar ninguém!
O búzio
Fecha só os olhos meu amor. E devagar
escuta os mesmos sons. A água
escorre para a sede quente:
areia de pés nus.
Quase
Um pouco mais de sol - eu era brasa,
Um pouco mais de azul – eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa…
Se ao menos eu permanecesse aquém…
Instrução Primária
Não saibas: imagina…
Deixa falar o mestre, e devaneia…
A velhice é que sabe, e apenas sabe
Que o mar não cabe
Na poça que a inocência abre na areia.
Sonha!
Inventa um alfabeto
De ilusões…
Um á-bê-cê secreto
Que soletras à margem das lições…
Viagem
Aparelhei o barco da ilusão
E reforcei a fé do marinheiro.
Era longe o meu sonho, e traiçoeiro
O mar…
(Só nos é concedida
Esta vida
Que temos;
E é nela que é preciso
Procurar
O velho paraíso
Que perdemos).
O Sonho
Pelo Sonho é que vamos,
Comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
Pelo Sonho é que vamos.
Biografia
Algumas obras:
♠ Poesia ♠ O Nu na Antiguidade Clássica
♠ O Dia do Mar ♠ Antologia
♠ Coral ♠ O Nome das Coisas
♠ Mar Novo ♠ Navegações
♠ A Menina do Mar ♠ Histórias da Terra e do Mar
♠ A Fada Oriana ♠ Árvore
♠ Noite de Natal ♠ Ilhas
♠ O Cristo Cigano ♠ Musa
♠ Livro Sexto ♠ Signo
♠ Contos Exemplares ♠ O Búzio de Cós
♠ O Cavaleiro da Dinamarca ♠ Orpheu e Eurídice
♠ O Rapaz de Bronze ♠ Primeiro Livro de Poesia
♠ Geografia
♠ A Floresta
♠ Grades
♠ Dual
Antologia Poética/Português
Antologia Poética/Português
De Um Amor Morto
De um amor morto fica
Um pesado tempo quotidiano
Onde os gestos se esbarram
Ao longo do ano
Há Muito
Há muito que deixei aquela praia
De grandes areais e grandes vagas
Mas sou eu ainda quem na brisa respira
E é por mim que espera cintilando a maré vasa
Porque
Porque os outros se mascaram mas tu não.
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Análise
Este poema é constituído por 13 versos agrupados por uma quadra e três
tercetos.
O esquema rimático é abaa/caa/dea/ffa, sendo a rima cruzada, emparelhada
e um verso branco na quadra; um verso solto e rima emparelhada no primeiro
terceto, três versos brancos na estrofe a seguir e rima interpolada e um verso branco
na última estrofe.
Se salientar, a repetição anafórica da conjunção subordinada causal «porque»
que, ao longo de todo o poema, serve para comparar o «tu» com os “outros”, sendo
que o “eu” poético vê este “tu” como alguém que faz o que é certo, mas não tem
medo de arriscar. Por isso considero que o poema se desenvolve todo à volta da
distinção que o sujeito poético faz entre o “tu” e “os outros”.
Poema sobre os problemas da sociedade uma vez que “os outros” se
mascaram para se esconder, se vendem e se compram porque só assim podem
conseguir alguma coisa na vida, e, calculistas, vão à sombra dos abrigos porque têm
medo que lhes aconteça alguma coisa. E é assim que o “tu” se destaca. Este “tu” faz
o contrário dos outros porque quer alterar a sociedade, ou então apenas ser
diferente e não cometer os mesmos erros que “os outros” comete(ra)m.
O sujeito poético admira este “tu” porque ele se destaca, preza este “tu” pela
maneira dele ser, pelas decisões que toma e pelas suas acções , porque é diferente
de todos os outros.
Antologia Poética/Português
Antologia Poética/Português
Ponto Zero
Eu tento ler-te
Em cada frase tens um mistério Talvez me possas dar uma luz
Que eu não desvendo Tudo o que eu peço é um sinal
Embora às vezes Eu não quero acesso
Esteja quase, esteja quase. A todos os teus segredos
O teu silêncio Mas só alguns
Mais parece o ponto final
Volto atrás, tento entender Eu quero entrar no teu enredo
Mas não sou capaz. Mas tenho medo.
Dá-me um indício
Mesmo o contrário contraditário
Dá-me a palavra
Que eu vou procurá-la ao dicionário.
A Escolha
Todos estes poemas têm significado para mim: com alguns identifico-me,
noutros encontro algo que queria fazer ou sentir, outros representam a nossa
sociedade e ainda há aqueles de que gosto muito, mas por nenhuma razão em
especial, só pelas palavras e pela forma como elas nos tocam.
Foi assim que fiz esta selecção: li, procurei, reli, analisei, voltei a reler, e então
encontrava o poema que se encaixava numa das categorias acima mencionadas.
Outra coisa a que tive atenção durante a minha escolha e procura foram os
autores. Nos manuais em que procurei li todos os poemas para ver de quais gostava
mais, mas quando fui a procura de livros apenas procurei os meus poetas
preferidos: Sophia de Mello Breyner Andresen, Miguel Torga, Fernando Pessoa e,
embora possa não parecer, Camões.
Antologia Poética/Português
Conclusão
A música que eu seleccionei é Ponto Zero e escolhi-a por causa das palavras,
das frases e da forma como elas me tocam; e essa é, como já referi, uma das razões
da minha preferência por alguns dos poemas que incluí nesta antologia poética.
Embora nela não tenha inserido muitos dos textos que eu seleccionei no
início, conheci outros poemas, poetas e as suas obras. Posso, por isso, afirmar que
este foi um trabalho enriquecedor e que me deu prazer efectuar.
Antologia Poética/Português
Bibliografia
♣ Andresen, Sophia de Mello Breyner. O NOME DAS COISAS. Editorial
Caminho. Edição definitiva. Fevereiro de 2004.
♣ Pinto, Elisa Costa; Fonseca, Paula; Baptista, Vera Saraiva. Plural – Português
10ºano/Ensino Secundário. Lisboa Editora. Lisboa 2007. Páginas 201 – 291.