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Morrer abandonado

Não, as crianças não podem ser o centro intocável da sociedade. Até porque elas não vão ser
sempre crianças.

Quinta-feira, 7 de Jan de 2010

http://aeiou.expresso.pt/morrer-abandonado=f556398

1. É verdade : as autoridades perseguem o tabaco e o colesterol dos adultos, mas fecham os


olhos aos bares onde crianças de 13 anos bebem até ao coma. Não se fala do alcoolismo da
criançada, porque o "adolescente" é uma entidade intocável. A criançada tem sempre razão,
mesmo quando não tem. Os adultos baniram a palavra "não" nas conversas que têm com os
adolescentes. Por vezes, tenho a impressão de que a criançada faz o que quer dos adultos.

2. Esta infantilização da sociedade é evidente no Natal. Aliás, o Natal começa a ser uma festa
deprimente. Tudo se resume a um permanente circo em redor das crianças. Isto já seria mau.
Mas isto torna-se realmente dantesco quando percebemos que o excesso de atenção dada às
crianças representa um défice de carinho para os mais velhos. No Natal, os velhos ficam
encostados a um canto, enquanto os paizinhos brincam com as criancinhas.

3. E aqueles velhos que ficam a um canto até são os sortudos. Porque há muito velhinho que,
simplesmente, não vê os familiares durante as Festas. Existem milhares e milhares de velhos
que foram barbaramente abandonados pelos seus filhos. No último domingo, nove velhos
morreram abandonados em Lisboa . O problema, meus caros, não está no Estado. O Estado
serve sempre para as pessoas fugirem às suas responsabilidades. Quando um velho morre por
abandono, só há um culpado: a família, o filho que esquece os seus pais.

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