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Lisboa:
Assrio & Alvim, 2009.
1.
pratica-te como contnua abertura,
o mais atento que custe,
com uma volta sobre ti mesma at eu aparecer no outro lado do rosto,
quando te olhas,
espera que desaparea o rudo em cada palavra,
e agora s a ela se oua,
e ento aumenta tanto quanto possas se escutas
que me aproximo,
a gnero de abrasadura mulheril,
a clculo lrico infundido nas lides de ar e fogo,
edoi lelia doura,
que o mnstruo coza e a seda escume,
luz que nasce da roupa,
e os substantivos perfeitos respirem uns dos outros na tmpera
e frescor da lngua indestrutvel,
e ento estendo por ti acima o melhor do meu brao,
se que posso fulgurar,
e enquanto crio, cria-me, e cria-te como comeo de mim mesmo,
isto: que unas o avulso,
se te puderes mover como o ar que respiro,
irrepetvel, inenarrvel, inerente
e tu viras vibrantemente a cabea
e entre a tua cabea e a minha cabea a luz tratada
segundo a maravilha (p. 537-538)
2.
que fosses escrita com todas as linhas de todas as coisas numa frase de ensino e
supremacia, pela
quantidade de brancura fmea,
pelo enredo luminoso,
com as linhas dos dias concntricos
rectos e curvos numa s linha
respirada,
unida
mordidos por dentes caninos, que substantivos!
assim me encontre eu perdido numa grande escrita,
toca-se, e o fogo morde o cabelo,
a luz movida levanta o corpo,
a exasperada delicadeza com que se toca na obra-prima
de uma plpebra, de uma
clavcula,
e logo atrs a omoplata vergada pela crua labareda do plo jorrando da cabea!
que implacvel poder o desta ordem das matrias,
a ordem do acessvel,
e o prodgio oh