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24 ONASCIMCNTO DA ANTE: DA PRE HISTORIA A IDADE MEDIA IDADE MEDIA: 0 REINO DA RELIGIAO ‘A ldade Média compreende o milénio entre us séculos | oan dade Mia arte se mane linda ig, muna cuca de reste Ve XV, aproximadamente desde a queda de Roma até | Ascrncipais fomas oe are earutetura associates cata esto slo as sapits: 1 Renascimento, No period iniciel, chamodo Idade das ‘Trevas, depois da queda do imperador bizantino BIZANTINO Justiniano, em 565, até 0 reinado de Carlos Magna, em 800, os bérbaros destruiram o que levara trés mil anos para ser constriido, Mas a Idade das Trevas foi apenas ‘uma parte da histéria da Idade Média, Hé muitos pon- tos de luz na arte e na arquitetura, desde o esplendor da corte bizantina, em Constantinopla, até a imponéncia das catedrais géticas. Bain | HeSia ‘Trés deslocamentos importantes tiveram ampla re- percussio na civilizacio ocidental: ARTE. Mosaioos, icones ARQUITETURA. Iga com fa eri TA lideranga cultural se deslocou do norte do Me- | ™*™* sat diterraneo para Franca, Alemanha elthas Briténi- | ioe contig cas, qua 2. 0 Cristianismo triunfou sobre o paganismo € 0 barbarismo, 3. A énfase se deslocou do aqui e agora para o além, «da concepgio de corpo belo para.a de corpo cor- rupto. ‘Uma vez que o face cristi se dirigia para a salvacdo e a vida eterna, desapare- ceu o interesse pela representacio realista do mundo. Os nus foram proibidos e até as imagens de corpos vestidos revelavam a ignordncia da anatomia. Os ideais sgreco-romanos de proporcées harmoniosas ¢ equilfbrio entre corpo ¢ mente desa- pareceram. Os artistas medievais se interessavam exclusivamente pela alma, dis- ppostos principalmente a iniciar os novos fiéis nos dogmas da igreja. A arte se tornou serva da igreja. Os tedlogos acreditavam que os cristdos aprenderiam a apreciar a beleza divina através da beleza material, ¢ 0 resultado foi uma profuséo de mosaicos, pinturas e esculturas, Na arquitetura, essa orientacdo para o espiritual tomou a forma de constru- «es mais arejadas, mais leves. A massa e o volume da arquitetura romana deram lugar a edificagdes que refletiam o ideal cristo: distretos 10 exter gentes com mosaicos, afrescos e vitrais espiritualmente simbélicos no interior. ‘Arte iedieval se compée de trés estilos diferentes: bizantino, romano ¢ v, mas reful- g6tico. IDADE DE OURO DA ARTE BIZANTINA Obizantino refere-se & arte do Mediterraneo oriental desde 330 d.C., quando Constantino transferiu 0 trono do Império Romano para Bizéncio (mais tarde chamado Constantinopla) até a queda da cidade nas mins dos tureas, em 1453. Nesse interim, enquanto Roma era devastada pelos birbaros e declinava até se desfazer em minas, Bizncio se tornou o centro de uma brilhante civilizacio, combinando a arte primordial crista com a predilecio grega oriental pela riqueza das cores ¢ da decoracao. De fato, a complexa formalidade da arte e da arquitetu- ra bizantinas deram origem ao sentido figurado atual da palavra “bizantinismo”. ARTE NA IDADE MEDIA ROMANO sorico ‘AMescos,escutura Vira, escunura estlizada mais natural Igreia com areas Catal com clincicos cos em pont St Serin Chartes Inicio 1080 4194-1200 Toulouse, Franga Chartres, Fanga {CONES elo cao asinanens ees es. tse pee alr em arena sem un ai frags ees, Ga ears piel ema fom nays pas, sop cor ote ‘corals fs maers sans eee ‘sass as eps to, snes fomPolo eo, Aces ares ares fom seats ipsa Daa gio una ager era agen, oa ea 0m ino Fes rls asa os carearam aa (tata cas ase pura toe Tae se a e106 rnb ene 2584, po desrboeoca 0 “Madona in co so AMA, Besinghier, DADE MEDIA. 25 MOSAIGOS. Uma das matores formas de arte, o mosaico, surgiu durante os séculos V e VI em Bizincio, ji em poder dos turcos, ¢ em sue capital italiana, Ravena. Os mosaicos eram utilzados na propagagio do novo cre do oficial, o Cristianismo, portanto o tema era a relighio em geral, mos- trando Cristo como mestre e senhor todo-poderoso. Uma suntuosa sgrandiosidade, com halos iluminando as figuras sagradas e Fundo refulgin- do em ouro, caraterizava essas obras. As figuras humanas so chapadas, rigidas, simetricamente colocadas, parecendo estar penduradas. Os artesaos nao tinham qnteresse em sugerit perspectiva ou volume. Figuras humanas altas, esguias, com faces amen- Goadas, olhos enormes ¢ expressao solene, olhavam diretamente para a frente, sem 0 menor esbogo de movimento. "ustinian eCartestos™ £17 Sans Rana [inbora segs aso ronan de manta cits elas, chads ese, ste ges, demadoa tear um deseo, os mosis beatings sina e Caressa") amd sas anes A ata ers) As ial crngs MOSAICO ROMANO X MOSAICO BIZANTINO ios demon pice an die tate Peas cam banat io, unin ‘Sips aglzszanortm 9 ita do most Cnestats stra ras ons peas Vill oven valved cos Usama desis sao am parse tos — maments em des © abst deons “a Battha de tssus" Fone ¢ 8020. sen Nara Mipls Tomaso, ats, os Tenses, iso como pastor Pasminiscus paracentesis Osos andes om esos estas Paap dfn Fond steno sob a HAGIA SOPHIA. Quando o Imperador Justiniano decidin construir uma igreja cm Constantinople, a maior cidade do mundo durante quatrocen- tos anos, quis fazé-la to grandiosa quanto seu império. Contratou dois matcméticos para © projeto: Antémio de Tales ¢ Isidore de Mileto, que superaram as expectativas com uma estrutura completamente inovado- ra, reconhecida como o climax do estilo arquitetonico bizanting ‘A Hagia Sophia (que significa "sabedoria sagrada") mescla o grande porte das construigdes romanas, como as Termas de Caracalla, com a at- mosfera mistica oriental. Com um comprimento em que caberiam trés campos de Futebol, combina a planta retangular de uina basilica rotiaia com tum imenso domo central. Os arquitetos conseguiram esse vio gra- si ca, Pela primeira vez, quatro arcos compondo um quadrada (em oposi- contribuigéo da engenhariabizantina: pendentes de alribada eofeti gio is paredes redondas que suportavam 0 peso, coinv no Partenon) for maram o suporte para um domo. Essa revolucio estrutural ¢ responsivel pelo interior grandiose, desobstruido, ¢ pelo domo altissitne ‘Quarenta janelas em arco envolvendo a base do domo criam a ilusio de que © domo repousa sobre urn halo de luz. Essa vadincia das alturas parece dissolveras paredes em luz divina, transformando o material numa visdo do outro mundo. A obra fex tanto sucesso que Justiniay se vanglo- “tagia Sophia, Antonie de Tales sidoro de Mito, B Cntaninopa lant qa. 32-37 OeVaer riou: “Rei Salomio, eu vos sobrepujei!” Aisin a cals se aseavem nea eta am ai. tren darter ovata 28 O NASCIMENTO DA ARTE. DA PRE-HISTORIA A IDADE MEDIA ARTE ROMANA: HISTORIAS EM PEDRA Com a instituicio da fécatélica romana, uma onda de cons: truco de igrejas varreu a Europa feudal de 1050 ¢ 1200. O: construtores tomaram emprestado elementos da arquitetu- ra omana, como colunas ¢ arcos redondos, surgindo assim 0 termo “romana” para definira arte ea arquitetura desse pe- riodo. No entanto, como 0s prédios romanos tinham tetos cde madeira, muito suscetiveisa incéndios, os artesios medie- vais passurann a fazer us letus das igrejas eu abGbades de pedra. Com esse sistema, abbadas cilindricas ou com ares- tea apoindas em pilastras proviam grandes expacos, lives de colunas e obstaculos Levande em conta a peregrinagia, mi Epoca, a arquitetura das igrejas € adequada para receber as multides em visitacio macica a relicérios de roupas e os- s0s de santos, ou de pedacos da Santa Cruz trazidos pelos cruzados. A planta € cruciforme, com uma longa nave atra- vessada por um transepto mais curto; simbolizando 0 cor- oem moda na po de Cristo crucificado. As arcadas permitiam aos peregri- nos andar pelos corredores periféricos sem perturbar os ser- vicos religiosos na nave central. O chevet (“travesseiro” em francés), assim chamado por ser concebido como o lugar para descanso da cabeca de Cristo preso 3 cruz, é a parte atras do altar, capelas semicirculares onde se guardam os relicarios ‘Ocexterion das igiejas ronan é bastante despojado, exeeto pelos relevos esculturais em volta do portal principal. Como ‘2 maioria dos fic era analfabeta, a esculturas ensinavam 8 doutrina religiosa, contando historias gravadas na pedra. A escultura icava concentracla no timpano, que é 0 espago se- micircular entre o arco e o dintel da porta central. Cenas da ascensio de Cristo ao trono celestial eram muito populares, assim como sombrios dioramas do Juizo Final, em que de- ménios agarram almas desesperadas e diabos horriveis es- | trangulam e cospem nos corpos nus dos condenados. Planta de tS ‘nara Sega fcanes rorana leas smc in gids combate nnen-720 ‘rcs ences na nave et. Seri, uz Final ing eid s Nese tan (eer era agus exes Oe ss og. I Ferg tram tas lis ‘rpmuana re ecoena Saves GIOTTO: PINTOR PIONEIRO Davia cant pe ie comics am, ao fare ans banda, ms oer ae a free. Ness oma Diese Sa Mo Sena # Cane ote, de cong pas as sas, mas ta (as avarteG) Goto Bande, 128 Ta, amos pret, hs pds roman asi psa cans mas as, mca o ares do qe waa sa’ opel areal “name tanger”, itt, 05, sso Capea en Psa. Gato pita Sus amas cam spe oe ue sa rae So 05 TDADE MEDIA. 27 COMO DIFERENCIAR srs roanas tn arcs rdondes ‘ ezrestlata seta _géticas tém arcs pomludos @ escutura om ft nar ea one opine 0 gio impteedsnguto rages ting ste ‘are ctu, ca se Fechate ust Franga. — Reims, 1220-36, Fang . ROMANO: GéTico ENFASE ‘horizontal vertical ELevagio altura modesta alisima PLANTA sndltiplas unidades: ‘espago unificado, inteiro TRAGO PHINGIPAL ao redonao aco pontudo SISTEMA DE SUPORTE pilastras, paredes -contrafortes externas ENGENHARIA abdbadas em cilindro e de arestas -abobadas com arestas e traves AMBIENTE escuo, sole tev, cla EXTERIOR simples, severo fiamente devorado com escutuas MANUSCRITOS ILUMINADOS. Com hordas de saqueadores devastando as cidades do antigo Império Romano, os monastérios eram tudo 0 que restava entre a Europa Ocidental e 0 caos generalizado. Monges e freiras copiavam manuscritos, mantendo vivas a arte da ilustragao em particular e a civiizagio ocidental em geral Nessa época, os rolos de papiro usados do Egito a Roma foram substituides pelos cédices de pergaminho de pele de boi om de earnei- 1, feitos de paginas separadas unidas por uma das extremidades. Os manuscritas eram consideradas objetos sagrados que continham a pa- lavra de Deus. Eram profusamente decorados, de maneira que sua beleza exterior refletisse a sacralizacio do contetido. Tinham capas de ouro cravejadas com pedras preciosas e semipreciosas. Até o desen- volvimento da tipografia, no século XV, esses manuscritos eram a Gni- ca forma existente de livros, preservando néo somente os ensinamentos religiosos, mas também a literatura clssica. Abs do eras ramen rena, Smal pedi 0 ‘Bango decorate ‘cam furs chara Book ofthe wes Ta0820), catia do indy cage, Dui, ‘ae cr mans ‘Mantes, Ot ‘lane orsretto om oberos arate tera names om cons ssa composts paresis tac naps tana cate lls nis. 28 CUNASCIMENTO DA ARTE: DA PRE-HISTORIA A IDADE MEDIA, ARTE GOTICA: ALTURA E LUZ O auge do desenvolvimento artistico da Idade Média, rivalizando com as maravi- thas da Grécia ¢ da Roma da antiguidade, foi a catedral gética. De fato, essas “Biblias de pedra” superaram até mesmo a arquitetura cléssica em termos de ousadia tecnoldgica. Entre 1200 e 1500, os construtores medievais ergueram essas estruturas claboradissimas, com interiores atingindo uma altura sem pre cedentes no mundo da arquitetura, © que tornou possivel a catedral gética foram dois desenvolyimentos da en genharia: absbada com traves ¢ suportes externos chamados arcobotantes, 01 afortes. A aplicagio desses pontos de apoio nos locais necessdrios permitiu trocar as parvdes grossas com janelas estreitas por paredes estreitas com janelas ‘enormes com vitrais inundando de luz o interior. As catedrais géticas nao conhe- volugdo fol uma continua expansao de luz, até ceram a [dade das Tievas. 5 que as paredes se tornaram to perfuradas que ficaram verdadeiros pinizios emoldurando os imensos campos dle vitrais Coloridas que contam historias reli siosas. Além da qualidade de treliga das paredes das catedrais (urn eferto de “renda petrificada”, como as descreveu 0 escritor William Faulkner), a verticalidade caracteriaa a arquitetura gética. Os construtores usavam o arco pontulo, que aumenta tanto a ilusio como a realidade da altura. Os arquitetos competiam raves (em Amiens, a nave atinge a altura de 47 metros). Quando a ambicao ultrapassava a tecnologia e a nave despencava, o que centre si para realizar as mais alta nao era dificil acantocer, as fervorosos figis 2 reconstrufam As catedrais géticas eram um simbolo tio importante de orgulho cfvico que o pior insulto para a cidade era um invasor pir abaixe a torre da catedral. A devo. 40 coletiva por esses prédios era tao intensa que todos os segmentos da popula fo participavam da construcio. Cavalheiros damas, em contemplative silén- cio, trabathavam lado a lado com agougueiros ¢ pedreiros, empurrando carrinhos de mao cheios de pedras. Edificacdes tao complexas levavam literalmente sécut- los para ser construidas — a Catedral de Colénia levou seis séculos —, 0 que explica por que algumas parecem uma miscelinea de estilos sucessivos. ‘Sainte-Chapelie sco XI ris Mis es ame ao congo pa as. dado i ee oa ELEMENTOS DA CONSTRUGAU GOTICA shins ABOBADA - toto em arcas NAVE pate principal do interior ARCOBOTANTES - potes extemas em alvenari, que suportam as paredes ‘ABOBADA ESTRIADA - vigas de pedta ‘moldada cobrindo as ungtes as abdbadas de arestas CLERESTORIO - puede da nave luminada po janelas ROSACEA - jae cular com viral ENDILHADO -armagao em pedra eoldurand as Janes A ARTE DA ARQUITETURA. Os teSlogos medicvais acreditavam que a beleza da igrejainspirava a meditacio e a f€ dos paroquianos. Consegiientemente, as jas siu mais que urna simples reuniao de espacos. Sao cextos sagrados, com vol mes de ornamentos pregando 0 caminho da salvaco. As principais formas de decoragdo inspiradora nas catedrais géticas slo a escultura, 08 vitrais € as tapesa- ESCULTURA: LONGA E ESGUIA. As paredes externas das catedrais contavam hist rias biblicas esculpidas. As esculturas de Chartres, datando do inicio do periodo gético, € as imagens da Catedral de Reims, do alto periodo gético, mostram a evolucdo da arte medieval Em Chartres, as imagens de reis ¢ rainhas do Velho Testamento (140 sio pilares com formas humanas, alongadas para caber nas estreitas cohunas que as abrigam. As linhas do drapeado so tio finas e eretas quanto 0s corpos, com alguns tracos de naturalismo. As imagens do umbral de Reims, esculpidas por volta de 1225-90, foram as primeiras, desde a antiguidade, a ganhar formas com- pletas, de frente costas 1uas quase totalmente destacadas do fundo arquiteténico, sobressaindo em colunay © pedestais. psa descoberta dos eseri= t05 de Aristételes, o corpo deixou de ser desprezado, passando a ser visto como templo da alma "A Visitacdo” representa tanto a Virgem Maria como sua parenta Elizabeth € 0s artistas voltaram a representar 2 carne com noturalidade, apoiadas hasicamente em iima das pernas, com a parte superior da corpo ligeira- mente voltada uma para a outra. Elizabeth, mais velha, tem a face enrugada ‘elando profundo carter, ¢ 0 drapeado é trabalhado com mais imaginacio, ‘cartres ss0 0 TAPEGARIA. Os tecelbes da [dade Média criaram uma tapecariaaltamente refina- da, detalhando em minicias as cenas da vida contemporanca. Imensos tapetes em la e seda, usados para cortar correntes de ar, decoravam as paredes de pedra de castelos e igrejas. Os motivos eram copiadas de pinturas em escala enorme

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