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vorest-@Tz"0TO CADERN OM [REITO [TRIBUTARIO CRISE NA CLASSIFICACAO DOS TRIBUTOS Feawanbo Gomes Favacyo DDoutorndoe Mestre em Dirito do Estado pola PUCISP, Coordenador do Instituto Brasileiro de Estudos Tibutirios em BelPA Introduedo, 1. No plano ligico das elassifcogdes: I.) Classifcagbes nao {ho certas on errads. 1.2 Tada regra tom except, A excecdo confirma a ‘mgra. 2. Na claxsificogao dos ribuos: 2.1 O eancelto de ributo eo CTN foi constincionalzede pela CF/1988: 2.2 impostos nde podem ter arrecadagio vinculada fat. 167, 1}: 23 ConibuigBes devem ter arrecadagaovinculada. Concludes. Referncias bibliograficas. Introdugio s tributaristas nacionsis, talver in- fluenciados pelo magno oficio da advocacia ~e sua paralela necessidade de encontrar principios e garantias constitucionais 20 poder de tributar ~ acabaram achando, a ‘nosso ver, limites onde no haviam. De fato, dado glue a Unido “descobriu” 0 mais facil e rentivel caminho para a arrecadaglo ~ as contribuigdes sociais, cresceu 0 sentiment nds defensores do patriménio particular a esperanga de que 0 Judicidrio (e por que no dizer toda a consciéncia juridica patria) sitentasse para certas verdades que, com 0 tempo, tomaram-se insofismaveis, ao menos quanto a doutrina. No plano légico das classificacdes, encontramos que Classificagdes ndo sao [Nao a divide a certeza é que enlouguece Fausen Nitze certas ov eradas; Toda regra tem excegio. A exceedo confirma a regra. E na classificagio dos tibutos: O-conceito de iriburo do CTN foi constitucionalizado pela CF/1988; Impostos ‘ndo podem ter arrecadacéio vinculada; Con- tribuigéesdevem ter arrecadagdo vinculade As contribuigies sociais sao impostos com destinagéo especifca. © objetivo do texto! é reavaliartantas outas afiemagies sobre este tema que repre- senta mapa iniial do aspirante atributarsta, ual seja, a definigao do conceito de tributoe 1 Bat antigo fi possvel gras a pesquisa de dro igor Sems Piero de Sousa eticene de Dieta IMALFPA, aos conten de Michel aber Neo Mest pia USP. acs bihanes alunos do (BET-Goiis, AL uras ideas (tem 1) foram pacilmets expats toss Defi do Concito de Tt (Ed. Quatie L tin,201),ouras (em 2) por virios momentos reveem, contadtoiaments, 0 que faa esorionaguele veo. 2 REVISTA DE DIREITO TRIBUTARIO-118 aclassificagao das espécies tibutiias. Expl caremos nos parigrafos que seguem, suci tamente 0 porqu® destes vcios doutindrios prejudicarem a compreensio do assunto. 1.No mayo 16cic0 DAS CLASSIFICACOES 11 Classifieagdes nit sito certas ou erradas Proposi¢do em debate: A completa afirmagdo foi difundida através da obra do administrativista Augustin Gordillo: ndo hd classificagdes certas ow erradas, mas classi- Jficagies mais tteis ou menos ttvis® Dentre os autores que se utilizam da assertiva estio Roque Antonio Carrazza: “Frisamos, com Augustin Gordillo, que ndo ha classificagbes certas ou erradas, mas classificagdes mais iteis e menos itis Em suma, as classificagBes (tanto quanto as definigdes) no importam por seu valor logico, mas por seu valor operative. Now- tras palavras, no conta sejam.'verdadeiras’ ‘ou “exatas’, mas “iteis’ e “oportunas* para entender os temas em estudo”.* Critica & proposigao: A critica nacional sobre esta assertiva, no Direito Tributirio, veio de Eurico Marcos Diniz de Santi* Diz ‘© autor que, baseado na obra do jusfilésofo argentino Genaro R. Cartié Notas sobre 0 Direito a Linguagem, por sua vez embe~ bida de John Haspers em An Introduction 10 Philosophical Analysis, parte da doutrina nacional simplesmente adotou a afirmagiio, {que poderia caber as ciéncias do ser (com as ‘naturais), mas ndo as classificagdes juridicas. ceritério da utlidade, por nao ser juridico, ‘do poderia ser aplicado nem na Ciéneia do. Direito, nem no direito positive, posto que 2. Tatas de Derecho Acta, v1 Pp 1:1, Trdg live 3. Curso de Divito Convtcional Tribal, 306. “4.CL Decuria e Presto no Diet Tribe. iro, pp. 4.886, toda classificagto dever levar em conta cle= mentosjuridicos. E completa dizend: “E quanto ‘urilidade"? A utilidade iio & exitri jurdico. Seja como for, em Aiscurso no cienttico & admissivelclassi- fiear as proposigies deseritivas verdadeiras como ites ou imiteis. Mas no sem adverir «que o crite da utilidade da clssificasto é, juridicament, nit paraaCignciado Diceito ‘em sentido estrito”* Para Eurico de Santi, s cassificagses rio so titels ow inizess, 20 menos quando tratamos de dreto ou de Direto, Posto 0 problema, vamosas nosss observagbes, ue ‘evem se iniiar na Logica Estidar pia éadentracum poderoso instrumento que numer, delimit, diminui a vagueza e ambiguidade dos termos e que pode solucionar problemas declassificagioe de interpreta. Eu sistema de significa ges com regras sintaticas rigidas e um plano Seimantico em que seus sighos apresentam convencionalmente am nico sentido, Como ciéncia, tem como objeto © pensamento human e como métode a frmalizagio dos juizos. Ao dominar a logica e a0 saber 4 fing deste instrumental no conhecimento, o jursta teri um valioso método para ver- fica a valdade do raciosiniojurdico, alm de apontarcaracteristias ¢ cantradigdes no ordenamento ‘Viirios ramos da Légica interessam a0 jist. Frisaremos aqui a enorme importinca do estdo da Logica das Classes, tanto para a definigao do conceito de tributo quanto para conhecer quais normas iro reger uma specifica relacio juridicotributiria — pois ddependem da classe em que 0 tributo ext inserido. Tamibém chamada de Légica des Pre- dicados, Lagica dos Termos¢, ainda ~ como uma diseipinaindependente na Matemsitica =, Teoria Geral dos Conjuntos, éa parte da Logica que trata do concetoe propriedades 5. "As elasifcages no sitema tibutiio basi lero, in Jasga rb, p. 13. 010.218.193.04 O°E6T'BTZ"OTO (NNR RERUN ‘CADERNOS DE DIREITO TRIBUTARIO. 83 sgerais das classes * Por compreender “o es- tudo da composigio interna dos enunciados simples e, dentro deles, a anise dos termos sujeito e predicado”, & de grande utilidade na investigagao de definigao de conceitos juridicos ato de clasificar, para Cezar Mortar, 6 “eleger um eritério, formando um conjunto que. possuae outro que nfo” Utiizando um critéro, teremos, necessariament, duas cs ses: a dos objetos que o possuem €a dos que ‘io 0 possuem, Expomos assim a contradigao dos conjuntos. Uma classificago que no forme uma classe que possua um critério € ‘outro que nfo possuanio€ propriamente wma classficagio, mas somente uma formagdo de Cconjuntos quaisquer a parti dos elementos que Se possui ‘Tirek Moysés Moussallenavisa que" conceito de classe (colegio) se diferencia do conceito de coletividade (denotaga0)”, pois esta € apenas a coletividade dos membros, nunca podendo ser vazia. Quanto a classe, pode perfeitamente nfo possuir elementos. A classe dos Tributos Extraordinérios de Guerra existe, independente de nio exis, até hoje, nenhum tributo extraordinario de guerra Uma classificagio cometa no permite que um mesmo elemento pertenga a duas subclasses diferentes. Pois sera0, entéo, ob- jetos diferentes. Assim, também, os membros ‘das duns classes resultantes devem excluir-se mutuamente, € a soma dos elementos des- tas subclasses devem “recompor” a classe superior, Na Logica, ¢ ilimitada a capacidade de classificarmos ~ € possivel enquanto encontrarmos uma diferenga especifict para fazermos uma nova divisio, Empiricamente, classificar € uma questio de conveniéncia. 6.CF,Altod Tusk, Inveducion to Logic amd 10 the Metadology of Dedhetves Setences, pS. 7. Palo de Bares Cara, Dirsito Tribu, Linguogem e Método, p. 116. Slrradugdo& Lica, p44 9. "Casicag do ibtos (ma visio anali- ain Tribu Process,» 604 As classificagdes, ainda que possam ser Yaloradas como iteis oa initeis, importam emespecial no seu valor ogico~& dizer, 0 correts, verdadeiras. A dogmitica, pensada como saber pritico, se classifica, sim, pela tilidode, mas nao & is0 que condiciona @ verdade ou falsidade de nenhuma afirmagaio cientfco-uridica Emsuma,a depender do eddigobinirio. aplicado ao dado conhecimento, teremos: para odireto positive, sero valid ou no Walia, para a Cigneia do Direto, serio verdadeiras ou no verdadetss,e par crtes metodoldgicos outros, iteis ov mio ites Mas, dada a preponderincia da Logica na “organizagio do pensamento, tas io fa- thar se no atentarnos 10s rigores do certo! aio certo, Consequéncias guanto a proposigao crticada: uma clasificagZo logicamente terrada pode leva a dstorgdes de aprendiza- do (Cigneia do Diteto) ede julgado (dreto positivo) [No primo caso, vemos actassifcaglo de Régis Fernandes de Olivera! quanto & Classificagaio dos Ingressos Piblicos (esque- naa pagina Seguin). O autoratiliza dois eritérios:aperiodic- dade ea origem. Sobre primeiro, hi receitas {que ingress regalarmente (ordinariamentc) nos cofres pblicas e otras que ingressar extraocdinariamente (CF, ar. 154, 11). Em relagio& origem, que 6 crtrio juridico, vé vse que as recetas podem Ser origindrias, derived e tensferidas Eniendemos que ocrtério da periodic dade (movimentos de cava oa receitas) ni serve para o encontro da classe dos tibutos, ene a totalidade dos ingressos piblicos. A aquestio de ser mero “movimento de caixa” ou uma entrada definitva—reoeita encanta tum problema: tanto as entradas definiivas {quarto as com destino de stida ~ caso dos émpréstimos compulsérios ~ podem ser tebutiia. 10, Recetas Nd Teuadrias Faxas © Pregas blo) pp. 63-64 & REVISTA DE DIREITO TRIBUTARIO-I18, HOVIVENTO DE CADA, ‘Ranajbas~ Congres ~ Empress Resiuigbos = Gaogbes~Finanges~ Depoaioe ” indonsares ce ORIGINARIAS: [Dearses- Logados — Bens Vacanies] \telogdo de dreto Gao de bens pubs ‘ivade = pubicn [-—>] Prego Extensso~invengto ‘Sepontel) “Preserae aqultiv Exraanas ou INGRESSOS recermas | | oerwanas: ‘ibs (ingstes ~axas (erates fo (dete pobico |__| _=ontbugso do mlhera) setestives) ‘easpenve) Beene ee ‘vere Pertinent ae eel yas mia yo bts A classificagao exposta contém 0 vicio de possuir tr8s classes (origindrias, derivadas, transferidas) na mesma etapa de classificagdo, criando a falicia da divisio ceruzada. Nas originérias ha relagio de “di- reito privado ¢ piblico dispanivel", e nas derivadas € de “direito publica indisponive?”. 48 as “transferidas” podem ser oriundas ou no de uma relaglo tributiria, Bem vemos {que toda receita “transferida tributdria’, pela classificagao, é necessariamente derivada. O critério “teceita” ndo pode ser utilizado paraa definigdo do conceito de tributo, pois mesmo lum movimento de caina (caso os empréstimos ‘compulsérios o sejam interpretados assim) poderia ser tributério.” ; E, no segundo caso, temas 0 paradig- ‘matico voto proferido pelo Ministto Carlos Mario Velloso no julgamento do RE 138.284- CE. Tal julgamento, que discutia se a cbn- ‘wibuiglo social sobre o Tuero liquide tinha carat trbutario e necessitava ou nfo de lei ‘complementar para sua insttuigd0, serviu de leading case para a posiglo do STF de-que silo cinco as espéciestributaras “0s tributos, nas suas diversas espécies, ccompdem o Sistema Consttucional Tributée rio, quea Constituigao insereve nos seus arts, 145 a 162. (..) As diversas espéciestributé- as, oterminadas peta hipétese de incidéncia ‘0u pelo fato gerador da respectiva obrigagiio (CIN, ar. 4°), 580. seguintes:a) 0s impostos (CF, ams. 145, 1,153, 154, 155 e 156); b) as taxas (CF, art. 145, 1D; c) as contribuigdes, ‘que podem ser assim classificadas: c.1) de melhotia (CF, art. 145, I); 6.2) parafiseais (CF, art. 149), que sio: 2.1) sociais, 2.1.1) de seguridade social (CF, art. 195, 1,11 1D), €2.1.2) outras de seguridade social (CF, art. 195, § 48)" (esquema abaixo), 1, Sobre o asunt, interessante saint gue Aliomar Baleevo ja afrnav que no empress ‘compulsrio se apican st dpengdesconstitueions reativas ans tibules es noras de Ditto Tibco. (Ci Uina Ia Ciémce ds Finances p 3. 12, STF, Pleo, RE I38284-CE, va rel Min, Carls Vellos, 171992, ictal Bld ws ‘CADERNOS DE DIREITO TRIBUTARIO. 8s Nio escapou & critica de Tirek Mous- sallem" a utlizagdo de somente um funda -mentum diviionis (a hipétese de incidéncia) para 0 encontro de intimeras classes (dentre ‘lasses e subclasses, somam cit, sem erté- tos légico-juridicos), A.classificagdo exposta€errada ¢ inti Se remontarmos as subclasses is classes, ve- emos que, com a excesio das contribuigdies de methoria, todas as contribuigdes sio “de seguridade social”. Sabemos, conforme a Insttugo Normativa RFB 900, de 30 de de- zembro de 2008, que évedadaa compensagio ¢ eréditos previdenciérios com no previ dencidrios. Contudo, como diferenci-fas por esta classificaca0? Onde esté 0 pedigio, tido como tributo pela Constituigdo (art. 150, V)? Seria um tributo sui generis? A falibilidade da classificago também se mostra com 0 surgimento de novos tributos consttucional- ‘mente prescritos, como a CPMF (no ADCT., arts. 74.6 84) e também da Contibuigdo de Huminago Publica (art. 149, "a", 0 erro, alids, continuow quase duas décadas depois, com 0 RE 573.675-0-5C, ‘com Repercussio Geral, em 2009. E com a Emenda Consttucional 39/2002, dizsse da Contribuigo de lluminago Piblica: Pributo de cardter sui generis, que ndo se confunde com um imposto, porque sua receita se des- ‘ina a finalidade espeeifica, nem com uma ‘axa, por ndo exigir a contraprestagdo indi- “idualizada de um servigo ao coniribuinte Tratou-se, naquele julgamento do RE 38.284-CE,talvez, de uma énumerago mal ta, mas nunca de uma classiticagao, 2 Toda regra tem excesio, Aexcesiio confirma a regra Proposi¢do em debate: A lista de outrinadores que utiliza a exceso como onfirmadora da regra é grande, ¢ nfo s6 no iteito Tributario. No Constimigdo Federal ‘omentada e Legislaedo Constitucional, 13. *Classteago dos wibtos: una visto ana "in Tiaagdo e Proceso, p27 para justificar que 0 Ato das Disposigdes Constitucionais Transitérias— ainda que pos- ‘suam enumerago auténoma — fazem parte «da Consttuigio, Nelson Nery Junior e Rosa Matia de Andrade Nery afirmam:"* “Contendo as normas constitucionais transit6rias excegdes & parte permanente da Constituigao, no tem sentido pretender-se ue 0 ato que as contém seja independente desta, até porque & da natureza mesma das ‘coisas que, para haver exces, & necessirio ‘que haja regra, de cuja existéncia aquela, como excegio, depende”, Critica é proposieao: Esta afirmagio, extremamente danosa a0 estudo cientifico, vem do latim exceptio regulam probat. Isto, claro, somente serve de argumento de autori- dade, Mas. autotidade do argumento mostra {que uma tinica excegao infirma a regra. Carl Schmitt chegara a afirmar que a vide da excegiio é que ela confirma a regra. Se assim Pensissemos, aciéncia nfo avancaria e todos ‘5 males da humanidade seriam tratados através de uma mera “maioria dos casos”, que assim estaria equiparada a “regra’ Ocorre que a denotagiio de algo que nto se eneaixe em sua conotacto, em verdade, forma uma nova nota que faz parte da cono. {aglio. Nao se trata de criar uma excegio & Tegra, mas sim de ser parte da propria regra E como dizer: “os tributos, que nfo 0 [PTU ‘sancionatério progressivo previsto no art 182 «da.CF,nio constituem sangao de ao ilicto”, Em qualquer regra no hé excesto, néo hit “sui generis” — se surgis, por meio de norma bierarquicamente inferior, ser ilegal, ¢ nko parte da propria regra, E 6 por isso que Paulo de Barros Carva- ‘ho, a0 crticar a posiedo de que 0 exercicio da competéncia tributciria & uma faculdade, visa atentamente: “Por sem diivida que € a regra geral (.). Todavia, a excegiio vem ai para solapar © cardter de universalidade da proposigao: refiro-me ao ICMS. Por sua indole eminen- 4, Continigdo Federal Comentada Lege Consicionl p19, 86 REVISTA DE DIREITO TRIBUTARIO-I18 temente nacional, ndo & dado a qualquer Estado-membro ou ao Distrito Federal operar or omissio, deixando de legislar sobre esse gravame”, Consequéncias quamo a proposigao evitcada: Todas as afirmagdes neste texto, como todas as proposigdes existentes ja ditas na humanidade, seriam possiveis com 4 escusa da “exeeso que confirma a regra”, No nos esquegamos também de que afraseé ontraditéria, pois no momento que se aplica ‘cla mesma deverdo haver excegdes (regras sem excepdes). A abrangéncia da sentenga sera demonstrada, ainda que indiretamente, or todo o texto a seguir 2. Na cuassieicacio vos rarsuras 21. conceito de tributo do CIN ‘Soi constitucionalizado pela CF/1988 Proposigdo em debute: Para Marco Autélio Greco," a Constituigao Federal nfo. ttaz a definigao do conceito de teibuto, mas Supe um conceito prévia que & assumido ‘como base para cada preccito, e este eonceito. ressuposto é aquele previsto no CTN. Critica & proposigao: Estevio Horvath'* entende que o conceito do Cécigo Tributirio Nacional “coincide” com o coneeito constti ional de tribujo, e dessa forma, pelos dizeres do art. 3° serem compativeis com o que é induzido pela CF, é que se accita a definigio de conceito do CTN, ‘Também para nés, dizer que hi um con- c2ito previo eque esse é0 da Lei 5172/1966) ‘dé margem aadmiti que legislagao infalegal Pode superar uma possivel definigao constt- tonal de tributo, oque é inadmissivel. Basta ‘consttuinte querer um tributo como sang de ato iicito ou que nio deva ser insttuide or lei, €0 ser, 15. CL. “Breves nota & deinigao de wibwto dots polo Cage Tibatirio Nacional Jo Brees ‘assim. In Curso de Divito Teibuirio ¢ Pincneag Pibtews,p 423 16. Ct. “Csstcaco dos tributes, i Curso de ‘nicieg2o en Dito Tribu, p38 Alem do mais, oart, da Lei4.320/196 (Lei Geral do Orgamento) é bastanie utiliza dda, de forma aliada ao art. 3* do CTN, & de Finigdo do conceito de tibuto. E por isto, po exemplo, que a Taxa de Marinha e o FOTS ‘0 considerados nao tributirios: 0 primeiro seria receita origindria e o segundo nio en. \taria para os cofres publicos. Critérios estes {0 definidores do conceito de tributo quanto 0s do art. 3" do Cédigo Tributério. Nio se Justifica, portanto, a escotha e “constitucio. nalizagio" da norma Consequéncias quanto a proposicito criticada: Podemos encontrar definigoes de wibutos na Constituigzo com facilidade, O at. 145 diz que a Unido, os Estados, 6 Distrito Federal © os Municipios poderao- instituir impostos, taxas e contribuigdes de Imelhoria. O art. 148 autoriza a Unio a insti- {uir empréstimos compulsérios. O art. 149, a instituircontribuigdes sciais, de intervengaio no dominio econémico e de interesse das categorias profissionais ou econdmicas. O art, 149-A diz que 0s Munieipios e o Distt Federal poderdo instituir contibuigio para o ‘custeio do servigo de iluminago piblica, art. 154, 1, traz, ainda, os impostos extraor- dinatios, Todos, artigos do Capitulo“Sistema ‘Tributério Nacional” Néo encontramos, contudo, definigiio do conceito de tributo na Carta, E, para con, roborar isto, propria Constituiga atribui ao Congresso Nacional, mediante lei comple. ‘mentar, em seu art. 146, ineiso I, linea “a” @ competéncia para claborar a “definigaio de ttibutos e suas espécies”. Nao se olvida com isso que a analise das normas constitucionais Possa vir a confinnar ou infirmar definigdes «lo conceito de tributo de inferior hierarquia, nem se deve esquecer que os tributos indi. ‘cados na Constituigdo sao tributos indepen dentemente das notas definitétias de outros veiculos introdutores de niormas, 0 iinico critério para a definigso de conceito possivel de ser encontrado na Cons. tituigéo Federal éapertinéncia da exagio com 8 localizagio no texto consttucional. S30 tributos, assim, as espécies localizadas no 010.218.183.04 voreetetz-ot0 Titulo VI — Da Tributagio e do Oryamento, Capitulo 1-Do Sistema Tributirio Nacional, 6 também, as que sio ligadas por teferéncia a este capitulo, como é0 caso das contribuigSes Drevidencisrias, como no art. 195, § 4° — a ‘ei poderd instituir outras fontes destinadas © garantir a mamutengiio ou expansito da seguridade social, obedecendo 0 disposto ‘no art. 154, I (grifamos). Nao se olvide, também, do pedigio, tido como tributo no art 150, § 65 e também da CPMF e de todos 08 “adicionais” do ADCT, 2.2 Impostos nao podem ter ‘arrecadagio vineulada (art. 167, 1V) Proposigéo em debate; Para grande parte da douttina estrangeira, 2s contribuigdes Sociais reduzem-se a impostos.” E também parte do pensamento nacional, que as classi- fica em impostos ou taxas.'* Em geral, tais ‘autores obedecem ao art. 4 do CTN e nfo levam em conta a destinago dos tributos para 8 “natureza juridica especifica” do tributo, ou seja, para a detecedo de sua especie tribu ‘ria, Estes, contudo, so a minoria, e como ‘CADERNOS DE DIREITOTRIBUTARIO 87 visto no item 1.1, se contrapsem a posigio Jjurisprudencial, Contudo, os que consideram as con- tribuigdes sociais diferentes das impostos o {fazem justamente pela afirmagio de que “im. Pastos ndo podem ter arrecadado Vinculada, 20 contrério das contribuigdes”. Adotando ‘aquela premissa @ douttina conelui unissona desta forma, Nés agora buscamasinosredimir Por fazer parte deste grupo de pessoas que ublicaram tal afirmaeao." Critica d proposicao:A justticativa de ‘que 08 impostos ndo sto destinados se voltam & “excegio que confirma a regra” (conforme ‘eohmentado no item 1.2), onde se Ié no art 167 que, salvo certos casos especificos, & vedada “a vinculagdo de receita de impostos 8 SrBi0, fundo ou despesa”. Isto é outra forma de dizer que os impastos desem ser destinados nos casos previstos naquele artigo, Allis, adotada a patavra“‘regra” no sentido de “maioria”, vemos que a“‘tegra” éa do vinculo da destinagao, ¢ ndo o contrario. Hi vineulo da repartigao do produto da atrecadaco dos impostos nos casos tanto de mero repasse como de vineulo especifico: 17. Paulo Ayres Bao isa, camo adepos dese fensamenio, Antonio Ber (i), mando Stade ‘Buenas (Espanhs), Diogo Leite de Canpose Maia ont Leite de Campos Pata). Conribngces Regi ‘me Jurcio, Dsinagaoe Control, pp. 80-84 | 18. Roque Antonio Cartazza, Ciro de Drs Consttacionel Tributdro, p. 68. Assim conclar Professor da PUCISP: "Potnt, estas “canbe rigem do imposto Repasse {By ot S08 ernst pos pate Exadon, nos algo Gases a Sm oat os Novos posios eiedes pola Unido (an, 164, 1te a Ay Estados 6 BF 20% arate [Oe redimercs pope pels Munkcipos une auaralas 6 naar ea TY situndos naive do Manin Ta 158 Tp Manis, 5% JiR saad estan no tea do uns an 16H § Wee aR TBE) oo BVA srecadac co Mani (et 15. ‘Municip, 50% ICONS serecadade no Municipio ert 188, 1) Muri, 25% Re Ian 169,13) Estados @ DF 273% ee Pan 169,12) Municipio, 285% [Pda exporagdes (a 188, 9 Estados, 10% So venders rihuas(embor quaitcados ela fna- bide que devem sleangar). Confer ashipotese de Incidncia cbse de cieulo quetiverem, poem terest “natteajridiea Se inposto ou tan 19. Em griico dissemos que os rpostos poten: ‘emaclasc dos "no destindos" CI Fetmando Gomes Favacho, Defnico do Coneito de Tributa p76 20. Estados deve repasse dese valor 25% sos Municipio 88 REVISTA DE DIREITO TRIBUTARIO-118 ‘A Constituistio trata do vinewloa destina- ‘20 de todos os impostos, conforme abaixo: Por fim, hao adicional de imposto parao Fundo de Combate ¢ Erradicagio da Pobreza, rigem do imposto Destinasio Recursos da Uno Gt 1085 Sao pies -2pecios munipnls erepasteseesbics pelos EriadooPOF fon 188, €> A) | Seve canner Inpostes munis erepase eoobios plo Manco la 199.4 2 Sete pubis Inposies da Unis (an 212), Ensnepibien, 10% Imposis do Estes © Munkipios (at Tid). ue estabelece aliquotasadicionais em impos- ‘os incidentes sobre industrializaglo, vendas Enso pubieo 25% Somaclo a isto, ainda que no se possa falar propriamente de vineulo especifico da de prodtutos e prestagio de servigos: arecadagio, ndo ha dividas de que a Cons- rigem do imposto Destinagao ASere Svat PI eerie sobs pros waren Wa OBS ADST | FORE oe Inposto sobre Grendes Forunas (at 80, de ADGT) FCCP 109% ‘Agslonal ra aiquota do JCMS, sobre poduos esenigcssuperioos Tat BEB THe ocr) FOP Estadual, 2% Adiionaina auola do G5, sobre prods sipiiucs @2 GF GoADGT) FOP wariipa, 05% tituigdo ordena que a realizago de atividades dda administragio tributdria (art, 37, XXUD) Possui recursos prioitirios, Mais ainda, hia previsio de prestagao de garantias as opera- {$8es de erédito por antecipacio de receita dos impostos estaduais e municipais (arts. 165, § 88167, § 4), Consequéncias quanto a proposigao . criticada: Como visto nas tabelas, nao se {rata somente de reparticao das reccitas de Jmpostos, mas também de destinagao a fun dos especificas. O dinheiro arrecadado com 0 impostos esté cada vez mais vinculado, ¢ inclusive se vé com mais elareza o porqué da Unio diminuir impostos e aumientar eontri- buigées, como se veri adiante. Historicamente tem se classificado a ‘eceita ributiria com base em conhecimentos 21, Este atgo€ redo pela Lei Complemenar 14172012, onde em sev at. $a que a Unto deve liar, austen, em ages © eviges pict ‘side 0 montnte canespondente a valor ements 0 exeriio fnaceira arterio, acescido de, 90min. mo, perseniulcorespodente variego nominal do Produ Intemo ruta ocr o ano ater ao ta ‘ei ryamentiia aval. exigent ocona deforma Similar com oa 77 do ADCT. Tal montane pode inci recita doe imposts, prévios & nogio juridica, como afirma Régis Femandes de Oliveira® Desta forma, temos as taxas como arrecadadas pata interesses de alguns e impostos para suprir o interesse eral, Com esta explicaglo, ouvir que im- Postos nio podem ter destinagao vinculada a uma contraprestagzo estatal soa mais como politica do dieito do que como ciéncia — mais ‘como desejo que como descri¢do juridica — pois no possui suporte legal/constitucional para tal entendimento, 2.3 Contribuigées devem ter arrecadagao vinculada Proposigizo em debate: Ao lado da pro- pposigdo anterior, caté para diferenciar contri- buigdes de impostos, costuma-se afimar que as contribuigées devem tera sa arrecadagao vinculada, Diz-se isso através de uma inter- Pretagio isolada do art. 149 da Constituigao, ‘onde se i: “compete exclusivamente & Unigo. insttuircontribuig@es sacias, de intervengio 1n0 dominio econdmico e de interesse das 22. Curso de Dito Financere,p. 12K, 010.218.1934 bo"e6r"8tz"0TO no ‘CADERNOS DE DIREITOTRIBUTARIO 9 categoris profissionais ou econémicas, como instrumento de sua atuacdo nas respectivas freas", doar. 195,"aseguridade socal sera financiada portoda a sociedade (..) mediante ‘recursos provenientes (..) das seguintes con- tribuigdes socials”, Novamente, fizemos parte da doutrina majoritria sobre a assertiva, € agora busca- mos a redengio Critica proposigio: De fat, para inst- ‘ir uma contibuigdo, énecesséria a paralela ctiago de norma que afete sua arrecadagao, prevendo & destinagoa fimdo, érgio ou des- ‘esa — instituindo, se foro caso, novo fund. Ajreside a diferenga — na norma de criagio. das contribuigies, e nono destino especitico do dinheiro. Todas tém destinagdo constitu- cional especifica. Mas, conforme o Ato das Disposigdes Constitucionais Transitérias, mais especificamente no art. 76, “E desvin- culado de éngo, fundo ou despesa, até 31 de ddezembro de 2015, 20% (vinte por cento) da amrecadag30 da Unio de impostos, contri- buiges sociaise de intervengio no dominio econémico, é insttuidos ou que vierem a ser criados até a referida data, seus adicionais e tespeetivos aeréscimos legais” ‘As chamadas DRUs — Desvinculagdes das Receitas da Unido, promovidas pelas Emendas Constitucionais 27, 42, 56 e 68 ._ ~ desvinculam o percentual de 20% dessas receitas dé qualquer dro, fundo ou despess, de forma temporiria, com durago até dezem- bro de 2015. B claro, este procedimento nfo deixou de soliercriticas da doutrina: “O procedimento adotado através destas Emendas Constitucionais acarretou a utili ago de verbas vinculadas (afetadas) uma destinagdo para outros fins que nfo aqueles constitucionalmente previstos, que, reas, afetaram vastamente a coneretizacdo dos direitos humanos (ou, como deseja parte da

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