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Os PRIMEIRA PARTE OS PROCESSOS DA EQUILIBRACAO Soy y CAPITULO I POSICAO DOS PROBLEMAS E HIPOTESES EXPLICATIVAS O objecto deste livro é tentar explicar o desenvolvi- mento e até a formacio dos conhecimentos, utilizando um processo central de equilibracio. Dizendo isto, nio estamos a pensar na aplicacao de uma s6 estrutura geral de equilibrio a todas as situagées e a todog os niveis, como sucede com a de Gestalt (inspirada pelas leis de «campo») para a psicologia da forma, mas antes num Processo (daf o termo cequilibragdor) que leva de certos estados de equilfbrio aproximado para outros, qualita- nte diferentes, passando por muitos desequillbrios & reequilibracdes, roblemas a resolver, portanto, 880103 dag diversas forme quilfbrio, }da razao_ dos ii 5, ¢, sobretudo, _mec: y 1 a e_reequilibragoes. Sobretudo, convém por em destaque, logo de inicio, 0 facto de as reequilibragdes 86 nalgung casos serem regressos ao equilibrio anterior: as reequilibragdes mais importantes para o desenyolvi- Mento consistem, pelo contririo, em formagdes nfo 36 de um cqulllbrio novo mas também, em geral, de um ¢quilfbri¢g melhor, o que nog levaré a falar de «equili- bracdes majorantea> ¢ dari orlgem ao problema de auto- “qpbanlzagao . Este primeiro capitulo destina-se a definir Claramente as nossas hipdteses sobre estes diverscs aasuntog, O DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO £ 1—O EQUILIBRIO DOS SISTEMAS COGNIT). VOS. — Salvo no que se refere a existéncia de trabalhos virtuais, os equilibrios cognitivos sio muito diferentes de um equilfbrio mecinico, Este mantém-se sem modi. g.ficagdes, ou, no caso de «deslocacio», apenag d& origem a uma «moderacdo» da perturbacaio, sem proporcionar uma compensacio completa, Os equilibrios cognitivos diferem ainda mais de um equilfbrio termodinimicn {com excepcio da reversibilidade), o qual @ um estado -elde repouso da destruigo das estruturas. Em contrapar. tida, os equilibrios cognitivos estéo mais _préximos dos estados jondrios, mas dinimicos, aos quais se refere Prigogi im trocas que podem <«construir e man- ter uma ordem funcional e estrutural num sistem aberto>, e estio, sobretudo, mais préximos dos equili- brios biolégicos, est&ticos (homeostasias) ou dinimicos (homeorréslas). Tal como sucede com os organismos, os sistemas cognitivos sao, de facto, gimultaneamente abertos num sentido (o das trocas com o meio) e fechados noutro sentido, na medida em que sio «ciclos». Designemos por A, B, C, ete., as partes constituintes desse ciclo, ¢ por A’, B’, C’, etc., o3 elementos do meio necessirios pars a sua alimentagao; estamos entao em presenga de uma estrutura que tem a seguinte forma esquematizada: (AXA) 3 B; (BX B) 03... (2X2) +A, ete. (. Além disso, convém acrescentar uma diferenciacic do sistema total em subsistemng hicrarquizados, cujas ; gstruturas 240 anilogas e que estiio ligados uns aos () Glandsdort e Prigogine, Btructure, atavilité et fluctuations, Masao, Paris, 1971 p. 271. () Naturalmente com ao posslbilidade de clreultoy variados eurtos, Interaecotes, ete. POSIGAO DOS PROBLEMAS outros por conexdes que também sao cielicas (*). Aper- cebemo-nos entio da originalidade dessas formas de e rio, visto que este depende das accdes conserva- ‘doras que os elementos ou os subsistemas_exercem uns ore os oulr , em oposicio ag forgas de sentidos con- trarios que balangam num equilibrio mec&nico (convém notar que, num sistema légico, as préprias afirmacoes e negecdes_se_ implicam ou _conservain mutuamente). £m particular, uma aceao conservadora deste género é aplicada ao sistema total pelos subsistemas ou seus! elementos, e reciprocamente, o que equivale a dizer que o equilibrio depende, entre outras coisas, de uma soli- dariedade da diferenciagio e da integracio. Daqui re- sulta que, no caso de perturbacso exterior, constituida, por exemplo, por uma cubstituicio de B’ por BY’, ou esta conservacio do todo se torna impossivel, c o orga- nismo morre (ou, se se tratar de um sistema cognitivo, deve ser rejeitado), ou ha modificagio_ compensadora (B modifica-se para B2, que continua incluido no ciclo) e ba adaptaciio com sobrevivéncia no caso de um orga- nismo ou noyo equilibrio do sistema cognitive (com Possibilidade de o gigtema_anterior se manter vilido. come _substrutura para a classe de objectos B’ ¢ gerar ums substrutura_noya para os objectos B”). _ Mas a diferenga entre os sistemas biolégicos e cog-$ nitivoa consiste em que os primeirog nao fazem a _ela- boragiio de formas sem contetidos exogenoss por outras Palavras, n conservacio mutua dos elementos do ciclo 4, B,C, ete., nio & possivel sem a sta alimentacio con- tinua Por melo dos elementog exteriores A’, B’, C’, ete. : Ta, se ® major parte dos sistemas cognitivos se aplica 4 realidade, ¢, nease caso, as suas tormas A, B, C, . } fambém assimilam um contetdo exterior AY BC oA — cag,’ POF exempto, terlamoa dots subsistemas AM « NZ ou KZ, out um deles a formar um ciclo, mag coordenados um com 0 79 com ou gem Interacgfo, subordinados ao clelo total. 1 — ~ ee 0 DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO existem, em contrapartida, sistemas formais elaborade: de maneira que o sujeito s6 considera, como objector tematizados do pensamento, os primeiros destes elemen. tos, com as suas estruturas mas gem thes proporciona; contetidos exteriores. Por exemplo, uma crianga, a parti; dos 7-8 anos, utilizara espontaneamente uma tabela ds dupla entrada para classificar nos compartimentos res. pectivos quadrados e circulos, vermelhos ou brancos formando, portanto, com ag quatro classes assim cons. truidas e com os seus contetidos, um ciclo de elemento; formais interdependentes 4, B, C, D, mas aplicados ao: objectos 4’, B’, C’, D’, enquanto um légico ou um mate mAtico, ao fazer a teoria do produto cartesiano, consi. derara apenas as formas para delas deduzir as sua: propriedades algébricas. Analogamente, é evidente que ao nivel dos esquemas sensorimotores, os diversos mo vimentos e indices perceptivos que constituem um es. quema, s¢ ligarao num ciclo de elementos em interaccae ABC, éte., indissociivel do conteido material das accoes ¢ seus objectivos, ¢, portanto, dos A’B’C’, etc., ao passe que um mesmo esquema (por exemplo um grupo dt deslocacées), quando se_traduz, mag muito mais tarde. em oreraches, pode originar consideragdeg puramente formais. Lembremos ainda (porque o que precede ja foi dite noutro lugar), que esses ciclos eplstémicos e o seu fun- cionamente dizem respcito a dois processos fundamen _l4is que vi ir 48 componentes de qualquer equi: librio cognitive, O primciro é a nssimilagio, ou incor. poragao de um elemento exterior (objecto, aconteci ~ mento, ete.) num esquemao sensorimotor ou conceitua 4 do sujeito. Portanto, temoa por um indo. _relacdo entri 1 At BY CY ..e on ABC ..., mag também ae pode falar dc Assimilacio iproca quando dois caqucmas ou dol: Bubsistemag sc aplicarem poa_mesmos_objectos (po: exemplo olhar e aperceber) ou_se rdenarem sem ji ber necessidade de contetdo actual, Pode-se até consi eB Dae *) By yarn = Pens wb phe bl ta ertnw fog Reeser pr POBIQAO DOS PROBLEMAL derar como assimilacio reciproca as relacdes entre um sistema total, caracterizado pelas suag leis de compo- sicio proprias, ¢ os subsistemas que este sistema engloba nag suas diferenciagoes, porque 4 sua integragio num todo é uma assimilagio a uma estrutura comum e as diferenciagdes compreendem assimilagées em condicdes particulares mas dedutiveis a partir das variacées pos- siveis do todo. +, ‘QO segundo processo central a invocar é a acomoda- “cho. quer dizer, a necessidade em que a assimilacio se encontra de considerar as particularidades préprias das elementos a lar. No caso das relacGes entre os ABC... e 08 A’B’C"..., as diferenciacées devidag A aco- modagio sio perfeitamente evidentes: o esquema de apreender, por exemplo, nfo se aplica da mesma maneira a objectos muito pequenos e a objectos grandes.-—Mas, também neste caso, convém generalizar este processo as relacdes entre os subsistemas e 4s que unem a sua diferenciacéo e integracio numa mesma totalidade: se as assimilagées reciprocas nao fossem acompanhadas por acomodacées também reciprocas, haveria fusio de- formadora e j4 nfo haveria coordenacio entre og sis- temas a ligar. Por exemplo, a sintese das estruturas numéricas ¢ espciais, sintese a que se & conduzido por qualquer métrica, pressupde a particio do continuo em unidades, as quais, no entanto, nio significam que desa- pareceu a continuidade, etc. Mas é evidente que embora @ Acomodagiio esteja permanentemente subordinada a sssimilngio (porque & sempre a acomodacio de um uema de assimilacio), esta gubordinacio é mais es- trelta, ¢, sobretudo, mais previsivel no caso destas aco- modacden reciprocas que no das adaptacgdes aos objectos exteriores A’ B’ C’, ele,, quando, de mancira inesperada eem virtude da pressiio da experiéncia, surgem obser- vavels novos, Dito Into, ¢ necesstrio, portanto, para claborar uma teoria da equilibragio, recorrer logo de inicio a dois 17 b DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO postulados j4 enunciados a propésito dos nossos estud, sobre a abstraccio reflexiva (*). \ Primeiro postulado: Qualquer esquema de assimij ¢fo tende para se alimentar, quer dizer, tende pa incorporar em si proprio os clementos que lhe sao ext riores ¢ s40 compativeis com a sua natureza. Este po tulado apenas di um motor ao seu estudo, apenas cg sidera necessiria uma actividade_do_sujeito, mas p jmplica, por si proprio, a_construgio_de novidades, pr que um esquema bastante amplo (como © de fenotipica afirma a. essidade_de_um__equilibrio_entre a_assiz lagao ¢ a acomodacio, desde que a acomadagio se fe ¢ s¢ mantenha compativel com o ciclo, modificado ‘ no. Maa, se & certo que se exprime assim a possibilids de modificacées dos ciclos, niio se prevé a sua nature: porque, conforme hi acomodaciio a objectog exterior ou 4 outros caquemas (quando das assimilagdes re~ procas), estag modificacées podem scr exégenas © endégenas e¢ compreender partes de transformac muito varidvels, : C} Reterimo-nos a poatulados no sentido de a partir de observacio doa factos. hipéteses ger POSICAO DOS PROBLEMAS Convira notar, sobretudo, que embora o segundo stulado exija a formacio de um equilfbrio entre a assimilagio ¢ a acomodagao, isso nada mais implica do que afirmar: 1) a presenga de acomodacdeg necess4riag nas estruturas de ciclos, ¢ 2)a conservagdo destas estru- turas mo caso de acomodacgées conseguidas. Desta ma- neira nos mantemos no limiar da descrigio e nada pre- concebemos nem quanto & explicagao destes equilibrios nem quanto as regulacoées ou compensacbes eventuais que possam ser invocadas para este efeito, Até aqui, o equilibrio cognitivo so 6 caracterizado pelas suas con- gervacoes miituas, o que é um mero dado de observacio: atribuir estas conservagdes 4 assimilagao (postulado 1) e englobar nelas os processos complementares de aco- modacio {postulado 2), nao representam qualquer con- ceito prévio quanto aos mecanismos estruturais em jogo, porque estas duas nogdes apenas dizem respeito 4 des- ericao funcional. § 2—AS TRES FORMAS DE EQUILIBRACAO E A CORRESPONDENCIA DAS NEGACOES E AFIR- MACOES. — A consideragdo dos ciclos descritos no § 1 mostra imediatamente a necessidade de trés espécies de equilibrag6es, continuando nés a limitar-nos 4 primeira aproximagao de uma gefinic&o pelas_conservagdes mituas: 1°) Em fungiio da [nteraccio fundamental_inicin! entre o sujeite eos objectos, hi primeiro a equilibragéio entre a assimilagiio destes a esquemas de accdes e a Acomodagio destes esquemas aos objectos. Convém observar que hi nisto ja um comeco _de_conservagio mitun, porque o objecto ¢ necesshrio ao desenrolar da acgio, ec, reeiproeamente, o esquema de_assimilagdo con- cre significado no objecto, transformando-o (deslaca- utilizaciio, ete.) por meio desta acgiio: assimilagio € acomodaciio (quando esta & conseguida) formam entiio um todo do qual og dols aspectos A e A’, Be B’, etc. 19 O DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO i| se implicam mutuamente, ao mesmo tempo que corre! pondem a dois factores de sentidos contrarios ape no caso de insucessos que levem a por de parte a acezs, 2.°) Em segundo lugar, hi uma equilibragao a pri porcionar as jnteraccdes entre os subsistemas, Ora, cet, equilibragao esta longe de ser automatica e nao é dad, de inicio, porque os subsistemas podem dizer respeit, >a esquemas inicialmente independentes. De facto, a incey, poracéo de todos os elementos que a isso se prestar num esquema, conforme é descrita no primeiro postulad do § 1, s6 progressivamente se pode dizer, sobretudo y caso das assimijJacdes reciprocas, e, por outro lado, os sut sistemas elaboram-se geralmente com velocidades dife rentes, com desfasamentog temporais mais ou mena importantes: por conseguinte, ha nisto razdes de_des¢ quilibriog possiveis e a pecessidade de uma equilibacac Mas esta é de tipo diferente do da primeira, porque, s a acomodacio dos esquemag 4 realidade exterior estive exposta & intervencio de numerosos pbstaculog inespe rados, devidos a resisténcia dos objectos, a assimilacd reciproca de dois subsistemag validos e a sua acomods 40 reciproca acabam por se fazer, mais cedo ou mait tarde, e levam entio 4 uma conservagio mitua. 3.°) Z necesshrio, além disso, considerar-se & part: 9 equilibrio progressive da diferencingao ¢ da integrs (2a_¢, portanto, dag relagGes que jinem gubsistemas | ie uma. jotalid ade auc os engloba, Kata terceira forma & equilibragao nao se confunde com a segunda, porqu! acrcacenta uma hicrarqula ts simples relacdes entr colaterais. De facto, uma totalidade 6 caracterizad pelas susa leis de composicio préprias, constituindo ut ciclo de operacies interdependentes e de categoria su Pedor_ aos caracteres préprios dos subsiatemas. Po! exemplo, a sintese de dois siatemas de coordenada! auma totalidade (o referencial exterior a um méve como um comboio ¢ 0 referenclal interior, no cago dt 20 POSIQAO DOS PROBLEMA um passageiro do comboio em andamento) compreende Ieis de composi¢ao (grupo de quaternalidade) além das dos subsistemas (grupos de deslocagio com as duas ida e volta tnicas}, Neste caso, a integracio num todo é um_caso_de assimilacio e a diferenciacao exig dagées; no entanto, bi_conservacio mitua do das partes, ¢, neste sentido, assimilagGes ¢ acomodacgdes reciprocas, mas segundo uma dimensao hierarquica e jf nfo apenas colateral. As trés espécies de cquilibracdes que acabamos de distinguir, tm em comum este dluplo aspecta de serem todas relativas ao equilibrio_entre a assimilagao_e a aco acio, ¢ de incidirem directamente nos caracteres positivos pertencentes aos eSquemas, subsistemas ou totalidades em jogo: mesmo cm caso de estrutura que compreende operagGes inversas, estas constituem pro- priedades como as outras (e neste sentido positivas) do sistema considerado. Mas é necessario acrescentar, porque esta observaciio sera essencial no que se segue, que a equilibragao de cada uma das estruturas conside- radas compreende também uma certa correspondéncia, cuja natureza sera preciso determinar, entre as c0es e285 negacdes, ou os caracteres positivos e negativos, sendo estes necessirios para a delimitagao dos carac- teres positivos: 1°) No caso da equilibragio entre os esquemas do sujeito A, B ou Cc os objectos exteriores A’, B’, etc., sobre os quais incidem as accoes, previsdes, juizos, etc., niio 86 G necessirio que eles tenham certog caracteres a’ mas também é preciso que o sujeito os distinga de carac- teres difcrentes x, y, considcrados como ndo-a’. Analoga- mente, em presenga de objectogs A’ de caracteres a’, é ne- ceasirio, para on utilizar ou ajuizar (classificar, situar numa atric, etc.), recorrer ao esquema A ¢ no a outros, considerados entio como ndo-A. E evidente, portanto, que qualquer termo, em_extensiio ¢ em compreensio, se opoe 803 que dele se distinguem, o que implica tanto negacdes a1 O DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO como_afirmacdes, correspondéncia esta que pode maz, ter-se implicita mas exige, muitas vezes, uma explii, tacdo mais ou menos sistematica. 1. bis) Mag hé mais, Sucede constantemente que esquema A nao encontra os seus alimentos ordin4riog 4’ mas pode acomodar-se a termos A” com earacteres pri ximos a”. Se esta acomodacao se fizer, 0 csquema sera entio modificado para A2, mas esta novidade anula a existéncia de A na sua antiga forma Al, poi © esquema inicial compreende ent&éo apenas a preseng de dois subesquemas Al e A2, donde se segue q A= Al + A2. Simplesmente, para que esta subdivisi: se estabilize numa forma equilibrada (com A2 a utili unicamente og A” e Al a s0 utilizar os A’), as negac& parciais A2 = A.ndo-Al e AL = A.néo-A2 sao indi: pensaveis (e sio constitutivas das classes secundari dos agrupamentos, e, portanto, dos complementares 1 classe que mais se ajusta). Desta maneira se vé a neces sidade funcional das negag6es. 2.°) No que diz respeito 4 equilibragaéo por sss G20 e acomodagiio reciprocag de dois subsistemas SI ¢ §2, voltamos a encontrar, naturalmente, os mesmog m4 canismnos. Mag a estes junta-se agora uma estrutura d) intersecgao que, para ela prépria, exige negacdes nova De facto, coordenar oa dois subsistemag SI e S2 é des” eobrir-lhes uma parte operativa comum, 8/.S2, qu se opie a B1.ndo-82 ¢ a 82. ndo-81, ¢ isto volta_a im. wWlicar_negacdes parclals, mas indispensdveis a _estab) Jidade cocrente desta cc agiio. 3.°) Quanto é equilibragio da integragiio o da_dife; renciacio, o papel necessirlo dag negacdes é igualment: ¢lare. Por um lado, diferenciar uma totalidade FT em sul) sistemas 8, ¢ afirmar o que cada um destes tem de seu e, além disso, ¢ em igual medida, exeluir, o que que) dizer_negar, as_propricdades_que néo compreende } 22 POSIGAO DOB PROBLEMAS | em_a outros. Em segundo lugar, constituir um Se total 7 & destacar positivamente as proprieda- des comuns & todos os 8, mas ¢ também distinguir, agora negativamente, as propriedades comuns dos caracteres particulares que nao pertencem a 7. Em suma, a dife- renciagao assenta em negociagdes e a integragao, por sua vez, implica-as, enquanto a propria totalidade FT nao é ultrapassada ¢ transformada num subsistema TJ de ca- tegoria superior 20s S, a0 lado de uma segunda estru- tura T2 ¢ no interior de uma nova totalidade ampliada. Ao todo, as trés eapécies de equilibragZo de 1a 3, que descrevemos primeiro nos seus caracteres pozitiv Te- sultantes do ajustamento progressivo da assimilacao e da acomodacao (postulados 1 e 2), podem efectuar-se de maneira esponténea ¢ intuitiya, por tentativas suces- sivas, eliminando os icessos € retendo os éxitos; mas, na medida em que o sujeito procura a Sua reg Jago, quer dizer, na medida em que tende para obter uma estabilidade coerente, passa a ser necessario utilizar as ~xclusces de maneira sistem&tica, a unica capaz de proporcionar o equilibrio com correspondéncia exacta das afirmacSes e negagées. §3—A RAZAO DOS DESEQUILIBRIOS E DA SUA FREQUENCIA INICIAL. — Estas observagdes pu- ramente descritivas levantam o problema inicial de qual- quer teoria da cquilibracio: a_pregnincia das_«boas formas: cognitivas e o caricter obrigatério do equilibrio niio siio dados de injcio, nem com forca igual a todos 03 afveis, porque & que surgem desequilibrios? E. desem- penham estes um papel prévio inevitivel? De facto, é evidente que numa perapectiva de equilibracio, deve wrecurar-ae nos desequilfbrios uma das fontes de pro- kreaso no desenvolvimento dos conhecimentos, poig sd a] Ucacquilibriog obrigam tum_sujeito_a_ultrapassar_@ Seu eatado actual e procurar seja o que for em direcgdes novas, Mas nfo é menog evidente que, embora os dese- quillbrios constituam um factor essencial, mag primciro 23 @ DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO l t que tudo motivacional, nio poderiam desempenhar tog) o mesmo papel formador e s6 0 poderiam fazer na eg digdo de provocar ultrapassagens, quer dizer: na co dicéo de serem superados e conduzirem, desta manejr a reequilibracées especificas. Mas, entéo, o desequiliby é inerente as préprias accdes do sujeito ou sé depen de situacGes histéricas contingentes, e, no caso afir tivo, quais sio as diversas formas que estas situagé podem assumir? Temos, portanto, de decidir se os de uilibrios, por outras palavras as contradicées, por ur especie de necessidade intrinseca, sao inerentes 4 cox tituicio dos objectos, por-um-lado, ou das accies ; sujeito, por outro, ou resultam apenas de conflitos m mentaneos, conforme pressupde qualquer desenvol: mento histdrico: neste caso, os desequilibrios seri: devidos unicamente 4 diversidade dos sistemas e st sistemas de observaveis e de coordenacées, ao facto: nenhum deles ficar completo duma assentada (e sistemas causaig até nunca so) e de se desenvolvere com velocidades diferentes; numa palavra, seriam dei dos ao facto de nenhuma forma de pensamento, s: qual for o nivel em que seja considerada, poder abrang simultancamente num todo cocrente nem a totalids do real nem a do universo do discurso. Alias, convém pér em destaque o facto de, nas dv interpretagoes, o papel dos desequilfbrios ¢ dos conflit ge manter o mesmo quanto ao mecanismo do desenv: vimento. Nos dois casos, sio de facto estes desequi brios o que constitui o, motor da investigagdo, porq sem eles, 0 conbecimento manter-se-ia estatico, Ms também nos dois casoa, os deacquilibriog desempenhs apenas um papel de arranque, porque a sua fecundide se mede pela poasibilidade de os ulltrapassar, por out® palavras, pela possibilidade de se livrar deles. & ¢ dente, nestas condigoes, que a _fonte real do progres tem de ser procurada na_reequllll nao No 5 uilibracito, nao no senti! naturalmente, de um regresso 2 forma de equilib’ anterior, forma cuja insuficiéncia é responsivel Pp ay POBIQAO DOS PEOBLEMAL conflito a0 qual esta equilibracdo proviséria levou, mas sim no sentido de um aperfeicoamento desta forma precedente. No entanto, nao teria havido, sem o dese- quilibrio, ereequilibragiéo majorantes (designando desta maneira a reequilibragio com o aperfeigoamento obtido). Mas, embora o papel do desequilibrio seja o mesmo nas duas Solugdes, é interessante, no entanto, apurar se este estado conflitual resulta necessariamente das leis do real e das acgGes do sujeito, ou se constitui um resultado inevitavel de facto, mas nao de direito, das insuficiéncias iniciais ou duradouras destas accdes, nag suas coordenacées internas e nas suas relacdes com os objectos. Conforme o sentido em que este problema é resolvido, ou se avalia por baixo a propria nocao de equilibracio progressiva, favorecendo a noc&o do dese- quilibrio, ou, pelo contrario, se reconstitui o seu signifi- cado pleno como formadora do desenvolvimento. Ora, a cdialéctica da naturezas pretendeu, com al- gung exageros, encontrar <-contradicdes> até no interior das operacdes de sentido contrario em jogo no mundo fisico, ou nas situacdes de accdes e reaccdes, etc., mas cujos modelos causais estfio de facto isentos de qual- quer contradicdo Iégica ou normativa (*). Em contra- partida, no dominio biolégico, parece que as perturba- g6es possiveis cuja acgio cabe nas categorias do e do sanormal» (esbocos eventuais do «normativa> () ® certo que continua pur resolver um problema a propdésito do qual ve poderia falar de contradicdo ou perturbacbes de natu- Fea flicat 6 o problema das mzSea da irreversibilidade de alguns fenoinenos, Mas, ainda que se invoque a probabilidade crescente das raisturay ou a interferéncia entre séries causais indepen- detter (no nentido de Cournot), continua a ser certo que a de- sordem ceria assdm Interpretada por operacdes que de modo Renhum seria contraditéring, operagdcs que slo as das teorlas de probabilidades: n causalldade estatistica, portanto, resulta também de operaghea logico-matemAticas atribufdas ao real de manera tsenta de qualquer contradi¢io. LAS PRR ten O DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO no sentido cognitive), sao a favor de desequilibrig, inerentes 4s proprias leis da vida (porque, nese dominio, a morte nio ¢ a operacio inversa da sobrevivéncla, com, pode ser considerada a dissociagao de uma molécula em, relacio 4 combinagio quimica correspondente). No do. minio sociolégico, a dialéctica marxista também pés em destaque o papel fundamental dos conflitos @ desz. quilibrios, mas falta-nos competéncia para formular juizos sobre esta questéo. No plano do desenvolviment, cognitivo, pelo contrario, a tese dos desequilibriog oy contradigoes imerentes 20s préprios caracteres do pen. samento parece dificil de sustentar, pelo menos no ce tado actual do saber, porque até agora nunca se conse guiu apresentar uma elaboracéo formal da clégica: dialéctica: a ). Ora, ag ocasides histéricas ou psicogenéticas de conflitos sio muito maig frequentes nas fases iniciais, e, sobretudo, estes descquillbrios so muito mais dificeis de ultrapassar. Portanto, h& uma razdo para que isto aconteca, ec eSta razdo nao poderia estar na natureza dog problemas em estudo, porque estes sao elementares, e, portanto, a quest6es simples s6 deveriam corresponder conflitos também simplificados, A razdo que se tem de procurar deve entao ser de ordem muito geral e dizer respeito a métodos correntes de raciocinio do sujeito (ou das suas ~ caleuns cums € «nephum». Dal, ndo-p = (0, p, por {dentidade da nega € dG rejelcho, mas com tnversio, porque p. (2do-p) —0 e #8 (ndo-p) = p. Ou ainda, se P for a classe dos valores verdadelr: de p, a sua anulachs (clase varia) di P— P = 0. Estas form lagtes correspondem 4 tese Principal da nossa obra a res] da contradicho, segundo a qual esta deverin ser conecblda cot uina corpensacio incompleta p, (ndo-p) >o. Do ponto de vista paicolégico, lembremos (ver Re cherches sur la Contradiction) que os tinicos casos ¢ que a negacio ¢ precoce silo ngueles em que o sujel! naéo_tem de a eon Fr, porque ela é Imposta_do exte ror: por exemple um desamentido dado pelos facté i f ou cfectivamente uma recus! q nflita com uma vontade contriria) () Agradeco a L. Apoatel an suas IndicngSes a este respell 28 POSIGAG DOS PROBLEMAL Mas, mesmo quando um acontecimento invalida uma previsao, ou, de mancira geral, quando nao ha éxito nas esperiéneias de acomodagio a um objecto, continua a ser certo que para compreender as razées do insucesso, e, sobretudo, para o transformar em éxito, é necessario distinguir as propriedades positivas a ¢ a sua auséncia ndo-a com 2 justificagio desta negacaio. Quanto ao es- quema A utilizado na previsao, importa dissociar A em Al e A2, conforme a for dado ou nao, numa palavra, é necessario substituir a classe simples inicial por uma classe B e as suas subclasses A? e A2, cada uma das quais compreende os seus caracteres positivos e tam- bém a negacio dos outros. Ora os estudos sobre La pri. de conscience ¢ Réussir et comprendrc, tal como os rela- cionados com La contradiction, mestraram-nos de modo suficiente a lentidfo destas construcdes, porque estas 86 adquirem bases quando sio acompanhadzs por uma regulagio das quantificagdes (B= AI + A2 significa «todos os Al sao By, mas apenas 1; 0 que traduziremos (na verdade, utilizamos as letras do nosso simbolismo habitual) escrevendo 4= um sistema cognitivo, A’ = aos objectos que o alimentam, e A” = aos que ele nao assimila. O essencial desta equa- ¢4o, portanto, é a conservacao da totalidade como tota- lidade que conserva a sua estrutura durante a assimila- ¢io em vez de ser modificada pelos elementos assimi- lados. Na verdade, é uma circunstancia significativa o facto de a forma total, em todos os dominios vitaig e cognitivos, parecer mais estavel que as suas componen- tes. Portanto, um organismo niio sé mantém a sua for- ma, apesar de um metabolismo continuo, mas também numa célula, conforme observou P. Weiss, o comporta- mento de conjunto «é muilissimo menos varidvel de um instante para o outro que as actividades momentineas dos seug elementos» (1), Num sistema cognitive qual- quer, a8 leis de totalidade prevalecem sobre as proprie- dades variiveis dag componentes, e Pressburger, citado por Tarski, conseguiu até mostrar a existéncia de sis- temag completos c inteiramente decidiveis, enquanto os () Ver P, Welas, «The living systems in Beyond reductionism (Slmpésto Alpbach, 1968), Hutchinson, Londres, 1969, p. 12. si seus subsistemas tém uma parte indecidivel, Cony lembrar ainda que, em matemftica, , porque mui de meios esta simultaneamente relacionado com refor € correcgao, Mas nao é s6 isto, porque o reforco devi 20 feedback positive se destina a preencher uma lacz (poder insuficiente da acgio, distancia espaciotem, que separa de um objectivo muito longinquo, etc ora, preencher uma lacuna é uma compensacio, ! acordo com a definigao adoptada (e sem voltar a fab da dupla negacio), Mag isto ainda niio 6 o essencs © factor principal, quando hi formaciio de um fecdle’ positivo, é o valor que o sujeito atribul no objective ¢ Vista ¢ que lhe faz considerar indispensivel a satisfas\\' da necessidade (pratica ou puramente cognitiva) 4 4° corresponde, Ora, todos og autores que se ocuparam ¢ “necessidades, e, crm particular, o funcionalista pure ? foi Claparéde (que viu bem ng relagdes entre as nee sidades em geral e a «interrogagiio» como mom¢ inicial ¢ neeess4rio do acto de inteligéncia), apresc™’ ram a necessidade como um desequilibrio momen ar @ a nua satisfagio como uma reequilibragio: basta B ee POSICGAO DOS PROBLEMAS para mostrar que 0 reforgo na busca (e qualquer que seja o seu caracter positivo) desempenha um papel de compensagéo em relagio ao défice de um corgamento» (para usar a linguagem doutro funcionalista que foi Janet), que sem ele teria um saldo negativo. De qual- quer modo, voltaremog no § 27 ao problema da escolha dos objectivos, em relagio com a assimilacao reciproca dos subsistemas, e, sobretudo, com o equilfbrio das dife- renciagdes e da integragéo, e veremos que esta escolha, em si propria, j4 € condicionada por necessidade de compensacao. A isto junta-se o problema da regulacao das regulagdes, Ora, neste caso também, se uma regu- lagdo é insuficiente, isto é, nao consegue anular todas as perturbagoes ou preencher as lacunas, sera necessario subordina-las a outras, que desempenharao um dupl papel de correcgfo e reforco: voltam a encontrar-se entao as mesmas interrogacées e compensagdes andlo- gas, salvo que temog ainda de voltar a explicar a pos- sibilidade desses aperfeigoamentos (ver no § 6). Mas as compensagdes em jogo sao entdo mais complexas, por- que dizem respeito, neste caso, a mecanismog ja com- pensadores, ¢, portanto, as negagées 4g quais dao origem também s&o de um tipo mais elaborado e comegam a aproximar-se das operacGeg inversas. Os aspectos nega- tivos das compensacdes elementares, na verdade, podem nfo ser apreendidos com facilidade pela consciéncia do sujeito, na medida em que esta raciocina em _termos de simples diferengas, como é préprio da tendéncia para op juizog de GOES: conbervarag de um estado ou encaminhament6- um esquerna ou subsistema, etc. Estas tendéncias © servadoras esto Jonge de conduzir duma assentadi construgio de nogées ou principios estruturais de © servacio (aubstincia, ete.), porque, pari _ isso, v constituir uma quantificagiio, dag compensagoes, Ma’ sua forma qualitativa Inicial, estas proporcionam a fi tida exbocos funcionals destas realizagocs ulteric™ do mesmo modo que as negacdes implicitas pressupor” a todos og niveis, prepararam ag operagoes inversas © também sfio necesshrias para as conservagoes OP! térias. POSIQAO DOS PROBLEMAE f necessirio uma Ultima observacgio. Embora as regulagdes e compensagées que ag mesmag provocam descrevam o mecanismo.da regulacéo, deve por-se bem em destaque 0 facto de estes processos formadores ja serem simultanenamente construtivos e conservadores. Em si mesma, uma regulacio é ja uma construgio, por- que acrescenta, 4 trajectéria linear de uma acg&o, re- troaccSes ou trajectos em anéis: embora o@ resultado seja entdo apenas estabilizar esta acco, existe ja, no entanto, um enriquecimento proveniente da construgao de relagdes novas, que compreendem em particular a formacio de negagdes implicitas. Mas, de maneira muito mais geral, a intervenc¢io de elementos perturbadores e as acomodacdes resultantes das compensacdes, dao origem a conhecimentos novos, uns relativos aog objec- . tos e outros as proprias accdes do sujeito, de maneira que a reequilibracéo se torna indissociavel de constru- goes, sendo estas, além disso, moldadas pelo poder ante- cipador que mais tarde ou mais cedo resulta das retro- acgoes. § 6—A EQUILIBRACAO MAJORANTE. — O es- tudo das regulacdes mostrou-nos a maneira como se efectua a equilibragao nas suas trés formas de equilibrio entre o sujeito @ os objectos, entre os esquemas ou os subsistemas com o mesmo patamar hicrarquico e entre a sua diferenciacio ¢ a sua integracio em totalidades superiores. Mas o que fica por esclarecer,é que a equili- bragio cognitiva nunca tem um ponto de paragem, a nio ser provisorinamentes ¢ que isto nio & uma situagio lamentivel, nem, sobretudo, uma espécie de pecado ori- ginal, como seria a construgio que certas dialécticas pretenderiam instalar no proprio imago da inteligéncia. © facto de og estados de equilibrio serem sempre ultra- Passados, resulta, pelo contrério, de uma raziio muito positiva. Qualquer conhecimento consiste em levantar problemas novos & medida que resolve og precedentes. Isto é evidente nag ciéncias experimentais, em que a 45 O DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO descoberta da causalidade de um fendmeno faz mp © problema do porqué dog factores invocados, ¢ 4,) sucessivamente. Mas isto continua ainda a ser verdaq, nos dominios légico-matemAticos, nog quais, no entar se mantém indefinidamente: no entanto, o equitj, nao é de modo nenhum um ponto de paragem, for, uma estrutura concluida pode sempre dar origey exigéncias de aiferenciagdes em novas subestrut, ou a integracdes em estruturas mais amplas. A ry desta melhoria necessdria de qualquer equilfbrio cp, tivo é ent&o que o processo da equilibragao coms | provoca de mancira intrinseca uma necessidade de cq trucdo, e, portanto, de ultrapassagem, em virtuds proprio facto de s6 assegurar uma certa conserve estabilizadora no interior de transformagGeg das qa “esta conservacao constitui apenas a resultante: ; outras palavras, compensagao e construgdo sio ser; indissociaveis. Por conseguinte, um sistema nunca constitui de fe: uma consecugao absoluta dos processos de equilibrati e, de um equilibrio atingido, instdvel e até estir derivam sempre objectivos novos, sendo cada conclu mesmo mais ou menos duradoura, origem de no encaminhamentos. Seria muito insuficiente, ports: conceber a equilibragio como uma simples marcha f° o equilfbrio, porque a equilibracio é constanteme além , uma estruturacéo orientada para um librio meihor, pois nenhuma estrutura equilibrads! mantém hum estado definitivo, ainda que mante depois og seus caracteres especiaig sem modificac® £ por isso que convém falar, além dag equilibrat’ simples, sempre limitadas ¢ incompletas, das equilil” goes majorantes no sentido destas melhorias, e !* riamog até de uma lei de optimizaciio se este termo a tivesse significados técnicos que ainda nao estamos ‘ condigéea de concretizar quantitativamente. Esta majoragio traduz-se de duas manciras, “ forme 2 melhorias resultam apenas do éxito das re MB Ca Mb POBICAO DOB PROBLEMAS lagdes compensadoras, e, portanto, do equilibrio mo- mentineo atingido, ou as novidades ressaltam (por abstraccdes reflectivas) do préprio mecanismo destas regulacdes. De facto, qualquer regulacéo acrescenta novas transformacées ao sistema a regular e estas transformacées tém as suas proprias estruturas, desig- nadamente quanto as negociagdes, o que permite enri- quecer na forma o sistema que se queria equilibrar. 1°) Entre as melhorias da primeira categoria (resul- tados da equilibracgéo no seu contetido), temog de assi- nalar primeiro um alargamento do campo do sistema na sua extensio: na medida em que og elementos per- turbadores siio assimilados ao eSquema que, até entdo, nao se Ihes podia acomodar, a extensio do esquema aumenta em virtude.disso mesmo. No nosso Recherches sur la contradiction, ji tinhamos feito notar que a sua ultrapassagem era acompanhada (como condigéo ou como efeito) por uma ampliag&o do referencial (por exemplo, considerar os pesos N&O sO Nas suas pressdes mag também nas suas posicGes, etc.), 0 que corresponde ao mesmo processo. 2.°) Em segundo lugar, o éxito das regulagdes com- pensadoras leva a diferenciagées em compreensio e nio apenas em extensio (isto quanto aos feedback negativos em relagio aos objectos perturbadores, enquanto os feedback positivog siio orientados na direccio integra- dora): o seu resultado, de facto, é os elementog inicial- mente inaasimiliveis se tornarem depois constitutivos de um novo subesquema, ou subclasse, do esquema pri- meiramente inoperante. Esta diferenciacio é ja um enri- quecimento, naturalmente, mas induz como complemento necessirlo uma Integracéo de grau variivel, mas pro- Porclonal ao da diferenclacdo, se designarmoa por inte- gracio a assimilagio reciproca (como interaccdes ¢ con- servacio mitua) entre sistemas que niio sic do mesmo grau dog quais um engloba o outro (total ou parcial- 47 O DESENVOLVIMENTO DO PENBAMENTO I mente) conforme as relagdes de subordinacio, De fag qualquer diferencingéo constitui uma espécie nova , perturbacio possivel, mas em relagio & cocsio do » tema ciclico total de que o subsistema faz parte: eny ou o ciclo se interrompe ou esta coesfo (interacy, conservadoras) exerce o seu poder assimilador sobre , subsistemas diferenciados e a diferenciagao é comp. sada por uma integragao, novo enriquecimento dey & equilibracao. Mas tem de ser bem compreendido que este pox . integrador das totalidades nfo é um deus ex Machin “que surge sem novo trabalho durante uma diferencia diz respeito as propriedades da assimilagao (a qual; €o deus, é entao o da vida em geral, em todas as manifestacdes e nao apenas das funcdes cognitive De facto, qualquer processo de assimilacao 6 necessar: ‘mente ciclico e autoconservador, e dai a resisténcia um sistema total (seja de que grau for) as suas di. renciacées, ¢ ag Suas reaccoes compensadoras na form de integrac6es. Convém lembrar, a este respeito, 7 todas ag regulagdes cognitivag se referem & bipolarid:i assimlla¢4o-acomodacao, comum aos esquemas e a tos os sistemas e ao seu caracter cfelico (propriedade & que constitui, por si propria, uma condicao necessir da assimilagio) (*). O equilibrio dag diferenciagées | C) FB fundamental pallentar a diferenca existente entre compensagies relativas nos clelos que caracterizamy os esques de comportamento (asslm como aa organizaches blolégicas) ¢? que ne apresentam num equilibria fislco ou numa emoderact no sentide do principio de Le Chiiteller-Braun, Quando belanga, 4 ueghy de Un peso compensa a do outro, o ficl sf apenas de mediador que tranmite estas accées opostas. Qui nur reciplente que tem na abertura um émbolo, a mator pre deste comprime um gis que aqucce e tende entho para se dle” moderands por luso n aegho do émbolo, as parcdes do reespi servem, por #ua vez, como mediadores_passivos, etc. NE esquema de assimilagio com a forma (A ~ A’) -~ (BX BE? ‘i ~~ =~ (A XA’), 26 Mgagbes entre cada bindrlo ¢ os ou!” 8 POSICAO DOB PROBLEMAR integrasdes, como conservagao mfitua, nao é mais, por- tanto, do que um caso particular do das acomodacoes (ou compensa¢gGes elementares) e assimilacées. 3.°) Mas, neste aspecto, estamos perante um pro- blema essencial. Cada esquema de assimilacio com- preende_uma_certa_capacidade de acomodacies, mas dentro de certos limites, que sio og da nao ruptura do . ciclo de que este esquema ¢ formado, ¢€ a este respeito seria licito falar de uma «norma de acomodacdes», no sentido que em biologia se chama «norma de reaccdos ao conjunto dos fendtipos possiveis para um certo gendétipo em relacio a variacdes dadas do meio. Esta norma de acomodagoes depende entao, como é natural, da resisténcla e plasticidade conjuntas do ciclo que permite a assimilacio, mas a partir deste primeiro factor apenas podemos, no estado actual das conheci- mentos, ajuizar com base nos resultados observaveis, sem podermos proporcionar leis nem um modelo por- menorizado. Em contrapartida, hi um segundo factor mais acessivel: o numero dos esquemas elementares ou dos subsistemas (esquemas ligados) j4 construidos no sistema total, porque quanto maior é este_namero mais se amplin a norma de acomodagdes do esquema consi- comntituern por al préprias, em contrapartida, fontes de accdes no sentido de que 6 clelo come etclo tende para se manter: as uenbea a reacebes entre A © A‘, ee ee modificar A’ para A”, sb dizem respelto, portante, n estes dola elementos por s! 563 (coma se fossem dala pesos opostos numa balanga), mas silo solldérios do conjunto do ciclo, ¢ n reslaténcla de Ad modificacio de A’ para A” nfo depende, portant, apenas de A, mas sim do conjunto des outros elementos B,C, otc., ¢ das Ugagdes actlvas que unem cada Mndrio (Ay A’) ~» (BY By 0 cada'um dos outros (ver 0 $1). B cata eatabilidade relativa do todo, como ciclo ou sistema, fue desempenha o papel principal nas acomedagbes novas ou compensarbes, ¢ a forca de coche devidn fs Iigagdes ciclicas actua camo faetor endégeno quando a modificagho exdgena de A’ para A” transforma A em Ag sem destruir a coesio do esquema sselm modificado neste ou naquele ponto. 49 O DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO derado (*), porque as suas probabilidades de ligay aumentam, e, neste caso, o nimero das regulacdeg menta também com o das acomodagées possiveis, a reciproca também é verdadeira, isto €, quanto th se amplia a norma de acomodagdes de um eaqua, elementar (também se lhe poderia chamar «norm, assimilagao>), maior ¢ a probabilidade de entrar , relagdo de assimilagao reciproca com outros € ¢g tituir assim novos subsistemas no interior da totalidy, A terceira categoria dog enriquecimentog devide, regulagdes e equilibragdes que dai resultam é enti, multaneamente ampliar as normag de acomodagé; facilitar a formagdo de subsistemas novos, com 0 = estes compreendem de novag conexGes e relativizan necess4rias (nos nossos estudog sobre a contradiz. vimos que a ultrapassagem desta nao era apens ampliacao do referencial, mas também, e isto em «cc: preensao>, a relativizacéo dos predicados considersi: inicialmente em formas absolutas). 4.) Tratemog agora das variedades de equilibrat majorante, variedades que sio melhorias, ja nio r= tantes apenas do éxito das regulacédes, mas extrafdas® propria estrutura destas regulagdes, Neste aspect Progresso mais geral é o da construgio gradual & negag6es de diversas ordens, ¢ niio hi diivida que & é o enriquecimento mais importante, porque ji vi (§ 2) que constitufam uma condigio necessiria do brio, ¢ (§ 3) que sua caréncia inicial, em rela! uma primazia sistemitica dag afirmagdes, constit? a razéo dos desequilibriog muito numerosos, profu € dificeig de vencer, préprioa das fases pré-operati™ (as no conservagSea, etc.). C) Veja-se @ lel de Zipf no modelo apresentado por Mande” let da qual uma das an. aclee * cae Cte fee ciig 4 o numero das esp . 50

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