Professional Documents
Culture Documents
Há cinco anos a cruz de Dorothy Stang foi plantada numa vicinal do Projeto de
Desenvolvimento Sustentável Anapu I, apelidado de “PDS Esperança” pelos seus
moradores. O assassinato da religiosa por um consórcio de grileiros da região da
Transamazônica teve repercussão ímpar em esferas nacionais e internacionais,
contribuindo para garantir avanços na política agrária para a Amazônia brasileira. Um
dos exemplos mais notórios disso foi a imediata criação da Superintendência Regional
do INCRA no oeste do Pará, o que viabilizou a implantação de inúmeros Projetos de
Assentamento reivindicados em áreas de disputa, como o próprio PDS Anapu I.
*
Servidor do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária na região oeste do Pará há dois anos;
foi membro e fundador do Núcleo de Interação Jurídica Comunitária (NIJuC), no curso de Direito da
Universidade Federal de Santa Maria/RS. Filiado e militante do Partido dos Trabalhadores.
Por derradeiro, o Partido dos Trabalhadores do Pará, na defesa dos Governos
Estadual e Federal, termina por ecoar o silêncio.
São populações sem instrução básica, sem assistência médica e, não raro, sem
sequer documentação elementar. Mas são sobreviventes a ambientes extremamente
inóspitos; pessoas que aprenderam a viver e a reproduzir seu modo de vida no bioma
amazônico sem agredi-lo. Porém, são, sobretudo, populações fadadas a serem
trucidadas pela modernização capitalista que desponta no horizonte bem próximo. Sua
única chance de sobrevivência é a consolidação de alternativas de desenvolvimento que
contemplem a pluralidade e a complexidade da Amazônia e que primem pelos interesses
dos amazônidas.
E o silêncio persevera.