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ee ee CERGE Moscourcy XEMOX CCE - UFRS ‘sips Coirides — Imprssio — Eneaderaie ‘Senet — Jransparéne we 23 ZL 4 curtruve 1 A Representacio Social: Um Coneeito Perdido 1 Miniaturas de Comportamento, Cépias da Realidade ¢ Formas de Conhecimento 4s representagies sociais sio entidades quase tangl- vvois. Hlas circulam, cruzamse ¢ se cristaliaam inoessante- ‘monte através de uma fala, um gesto, um encontro, em ‘nosso universe eotidano. A roaioria das relagbes sociais e3- tabelecidas, 0s objetos produzidos ow consumidos, as co ‘municagGes trocadas, delas estto impregnados, Sabemos ‘que as Tepresentagdes soclais correspondem, por um lado, 2B substancia, simbdlica que entra na elaboragao ¢, por ‘outro, & prética que produs a dita substancta, tal como & citneia os mils cOrespondem uma pica centificn emiticn. Eniretanto, se a realidado das representagses soctais. { técll do aprocnder, nto 0 6 0 cancel. Ha multas razses Dara isso. Hazies historias, em grande parte, e & por esse ‘motivo que se deve delxar’ aos historiadores a ineumben- ‘ia de descobrilas. Quanto ie raves nao istdrlens, red ‘zemsse todas a uma Uniea: a sua posigao “mista”, na en. ‘cruzithada de uma série de conctitas socilogieos e de uma ‘série de conceltos psicoldgiees, nesea encrumilnada que a A Remmsmeracho Socat m4 Pocanust ‘emos de nos situat. O empreondimento tum, por cero, al {g0 de pedante, mas no vemos outro modo de destacat de Seu glorioso passado tal conceito, de reatualizélo © com preenderine & especiticidade. ‘Voltemos um pouso atras, mais procisamente o Dur- ‘kheim, Em seu espirito, as representacdes socinis const ‘twlam uma classe multe genérica do Lendmenos psiquicos fe socials, abrangendo © quo designamos por cleneia, ideo- Jogia, mito, ete. Elas destringavan o aspecto social e, pa: ralelamenté, e vertente pereeptiva da vertence intelectual ‘um ser social, reduzido apenas aos Objetos da peroepeae individual, seria indistinto e animal."* “Pensar conceptual ‘mente niio ¢ apenas isolar e agrupar os caracteres comuns 42 um certo numero de objetos; ¢ subordinar © varlavel ac ‘Permanente, 0 individual ao socia.”= ‘Se, nestes textos, Durkheim queria simplesmente di zer qué a vida social & a condigio de todo pensamento o ganlzado — e, de preferénoia, que a reciproca também € Verdadeira —, sua atitude na Suscita objegoes. Hntretan- to, na mediaa em que ele no aborda frontalmente nem explica a pluralidade do modos de organizagio do penss ‘mento, mesmo que sejam todos socials, a noglo de re Presentagao perde, nesse caso, boa parte de sua nitidez, TTalvos so possa encontrar af outra das raabes de seu aban- dono. Os antropdlogos debrugandose sobre o estudo dos Iitos; 08 socldlogos voltando-se para o estudo das eigncias, 6 linglistas para o estudo da lingua e sus dimensio se” ‘intiea, ete, Para Tho atribuir um significado determina. 4o, ¢ indlspensavel que se Ibe retire © sou papel de cate foria geral, referents 0 conjunto de produgoes simulta ‘Heamente intelectuals e socials. Consideramos que, desta forma indireta, 6 possivel singularizélo, destacé-lo do meio da cadela de termos semelhantes. “Tratase de uma forma do mito, © poderiamos con- funds hoje mito ¢ representagses sociais? Certo, © exon pplo dos mitos, das regulagdes que efetuam do comporta. ‘mento e das conmunicagdes nas chamadas sociedndes pri- ‘nitivas, sen ‘modo de conceptualizar uma experiencia “Eaten, Ler former dents dela vie raliseae, Pai, A Unt Concerro Panoo 4° ‘concreta sio outras tantas analogias com os fendmenos pproprios da nossa sociodade. Ai so misturaram diversos reconcetios. Quem mo fala do “mito da mulher", do mito do. progresso", do “mito da igualdade" e de outros “mitos -desss ' ordem? apenas so. trate, “com ‘muita freqineia, de uma forma de rebazar as opiniGes ealitudes atribufdas a um determinado grupo a0 rivel de massa — & gente baiea, em suma —, que nfo atingiu o frau de racionalldade e de consciéncia das elites, as quais, ‘sclarecidas, batizam ou cram essas mitologias — ou es. ‘rover sobre elas. Semelhante transposigSo pouco se, impée, e a dite renga parece thais fecunda® Nossa socledade ‘diversifica- TES ne x eee mei « mpm we gor ice ei a tome oe thas cent Eines Co eins Oe ae ee Tero de ‘tau mado, No be quer reconhect-o, cri, mon 1 See teat me Gees forme epee ‘neo om aoa pea” Se peat eo any for fate de elon dan epredeero pasar por teieoratoet seks ‘Naka soci, et prot p ‘Binie dr nn prin, Venn eno ones usa poiagnen da Tepe: Selatan seca Na" suinca dem poles, Loans, dd ‘iodo dabtho cn samuel « intetase“poforo® «do “eno. Ino" dcr sro cada te fs nefetan. Enos beaten For for sgeiae pt experi evil eaner gue een ae ‘Swindon elder saute tudes plo boli lo de Pailppe Rowueplo (Le Perape du Smtr, Par, 18), coe 0 abl bstamos Ge ‘A RepasserrigKo Socal pk Psicanhtise ‘a qual os individuos © as classes destrutam, por ve- ‘de grande mobilidade, assiste so desenvolvimento de Josofia” tniea em quo se reflete sua prética, sun percepeso dda natureza das relagdes socials, para o chamado homem. ‘moderno a representagéo social canstitii ume das vias de sprees do mundo concrete, ezcunsonto em sous alk ‘cerces e em suas conseqiléncias, Se os grupos ou os indi. viduos a ela recorrem — na condiggo do que nio se tate etrounstancias ‘que eles se deter gular por representagées coletivas ou por informagoes ‘lentiticas. Os grupos, nestes como em outros casos, es: to conscientes, quando optaram num sentido ou no’ ou ‘70, dos motivos @ que obedeceram. Compresndese, ‘pols, quo os. tragos, tanto socials como intelectuals, de Tepresentagdes formadas em socie: ddades onde a ciéncia, a técnica e a filosotia esto pre ‘sentes sofram sua influéncia e se.constituam em seu pro- Jongamento, e em oposigéo a elas. Veremos em seguida quals so ¢sses.tragos. Entrement eas ¢ soclolégicas do primeiro para a segunds, sem ‘mais. nem menos, ‘equivale a contentar'se. comme téforas. © aproximagSes falaolosas, quando é imperatl ‘agpecto essoncial da realldade, Esse comoda aproxima- (glo tom froqlentemente por finsildade ‘0 nosso "senso comum", mostrando sou oaréter inferior, trraclo: Us Coxcarto Pexo0 “ nal e, em ultima insténcia, errado; nem por isso o mito @'guindado & sua verdadetra dignidade, Nao merece que ‘nos fixemos nele. Portento, temos que encarar a repre- Sentagio social tanto na medida em que ela possul uma ‘contextura psicoldgica autonoma como na medida em que @ propria de nossa soctedade e de nossa cultura ‘Tratase de uma dimensio ou de um co-produto da ‘lencia? Durkheim parece acreditar nisso, porquanto vit ‘nas cléncias, como, ais, nas relibes, spenas casos part ‘oulares. Hsereveu cle: "O valor qUe atriouimos a cléncia Gepende, em suma, da idéia que fazemos coletivamente a. sua natureza edo seu papel na vida; quer dizer, ela ‘exprime tim estado de opinido, B que, de fato, tudo na ‘vida social, inclusive a propria ciéncia, assenta na opi- nif." Sim, 6 certo, Mas © papel dessa opinigo na estrutu ‘rae no desenvolvimento das teorias clentificas é cada vex mals redusido, Ela d&, por ves, mais importincia, na scala de valores, @ uma ciéncia do que a outra, mals & Biologia do que & Fisica, mais & Psicandliso do que 8 Eto- logia, e decide até sobre investimentos de ordem financeira @ politica; u isso so reduz seu papel, ou quase. Yor outro Indo, 0 resto ¢ decidido com a ajuda de experimentos, de céletos, de invengoes tedricas. Quanto as representagoes Socials, elas atuam por meio de observagées, de anslises ‘Geseas observagoes © de nogbes e linguagens de que s¢ apro- priam & eequerda © A delta, nas clencias nas filoso- fias, © tham as conclusdes que se imponham. Mfuitas f6r- ‘mulas que encontram sua spllcagio na Biologia — a uta ‘pola vida, por exemplo — ow nas Ciénclas Sociais — rea em que os exemplos seriam inimeros — prolongam fesas.conclusGes © Ihes dio uma expresso memoravel. Elas permanecem, contudo, & margem do niicieo firme de cada ‘léncia. Observacées’ andlogas aplicam-se a outros ‘conceitos da série: ideologia, visio do mundo, etc., que tn ‘dem a qualifier globalmente um conjunto de stividades {ntelectuals e priticas, Do ponto de vista que nos interes: ‘58 aqul, tal exereiolo, fastidloso em seu principio, é int 4, O resultado seria idéntico ao obtido pela comparagao ‘das Tepresentagbes socials do mito e da ciéncia, a saber, ‘due ‘elas constituem uma organiaagdo psicoldgica, uma Top an». 4“ A Raparsexracko Socal ma Paeankuse forma de conhecimento particular de nossa sociedade € irredutivet a qualquer outra, ‘Mas se poderia indagar neste ponto: Por que retoma- mos essa nocéo é antiga? Uma vez. que se Ihe recusou & posigho dominante, a de trago distintivo do social, de cate feria que engloba’ todas as formas do peusamnento, para Tebaixela & categoria mais modesta de forma especitica ‘entre outras, ela se recobre de numerosas. nogoes psicos- Socioldgicas " equivalontes. Assim, as nogdes de opinigo {atitude, preconcelto, etc.) e de imagem parecem muito préxiimas dela, Talves isso seja verdade mum sentido es. filo, mas 6 falso num sentido fundamental. Assim, veja mmios’ mais detalhadamente. por que. ‘Como se sabe, a opinigo ¢, por tm lado, uma formula soctaimente valorizada a quo ‘um indvilduo’adere; ©, por uiro lado, uma tomada de posigio sobre um problema controvertido da Sociedade, ‘Quando convidamas indivi ‘duos a responder & pergunta “A Psicanilise pode ter uma {ntluencia salutar sobre ax condutas criminals?”, os 60% de respostas "sim", os 28% de "ni" ¢ 05 8% de “sem res- posta” ndicam-nos o que uma coletividade pensa da api. ago miencionada. Nada ¢ dito do seu contexto, nem dos eritérios de Julgamento, nem dos canceitos que Ihe $80 ‘Subjacentes. A matoria dos estudos descreve a opinilo como sendo pouto estével, incidindo sobre pontos parti- flares, ¢, portanto, espeoiiica; finalmente, revela ser um momento'da formagio de atitudes ¢ esteredtipos. O sett fardter, parcelar, & admitido por toda a gente. Mais se Falmenie, a nogio de opiniso implica: — uma reagiio dos individuos a um objeto que é dado de fora, soabado, sndependentemente do ator social, de sua Iintengfo ow de suas propensoes; "un vineulo direto com 0 comportamento; o julgamen- 1 recal sobre o objeto ou o estimulo, e constiul, de gum modo, um antinelo, uma répliea interlorizada da ago avin esso sentido, uma opinido, tal como ume attude, é considers uneamente do indo da sesposta 6 engi SPreparagto da gio", comportamento em minitua. Por tht Tanto, nds ibe eiibuimos uma vrtude Dredtva, uma Ser que, sopundo 0 quo um individuo diz, podese ded Br ovaue ele vi for Un Concerto Pexoio a © concelto de imagem nio se afasta muito do de opt niiio, pelos menos no que se retere aos seus pressupostos de base. Foi ullizado para designar uma organiaacéo mais complexa ou mais coerente de juizos de valor ou de ave. liagao. Num pequeno e veemente liv, Boulding reclamou ‘a criagio de uma cltncia, a “Elkonies”, que le Sela oom Sagrada." Essa proposta’ indica uma lacuna evidente na Psicologia Social, em cuja esfera deveria estar o estudo ‘dessas imagens. Cumpre ver af o sintoma de uma renova. ‘Glo do interesse pelos fendmenos simbolloos e de uma in- Satisfagio pelo modo como tém sido abordados, Bntreian- to, uma observagto minuciosa leva forgosamente & con- chusio de que as idéias a que se recorreu sto deveras insa- Usfatérias. Tratando-se da imagem, esta ¢ conoebide como reflexo interno de uma Teslidade externa, edpia fel no es- pirito do que se encontra fora do espirito. Por conseguin- fe, 6 a reprodugio passiva de um dado tmediato, "O indi- viduo” —'foi escrito — “carrega em sua meméria uma Colegio de imagens do mundo sob seus diferentes spec: fos. Hsses imagens sao construpses combinatérias, ano. las ls experiéncias visuals, Sao independentes, em rai fliversos, simultaneamente no sentido de que se ‘pode indi air ou prever a estrutura das imagens fontes pela estrutura, {de outras, eno sentido do. quo a modifieagéo do certas imagens cria um desequilforio que resulta numa tendén- cla para modificar outras imagens.” Podemos. supor que esses. imagens sti espécies de ‘sensagées mentais”, de impresses que os objetos © as pessoas deixam em iosso eérebro. Ao mesmo tempo, elas Inantém vives os tragos do passado, ocupam os espagos de nossa meméria para protegé-os contra a barafunda da mudanga © reforgim o sentimento de continuldade do meio ambiente e das experincias individuals e coletivas. Podese, para esse feito, revoctlas, reanimétas no expi rito, do’ mesmo modo que comemoramos um evento, ovo: ‘camos uma paisagem ou contamos um encontro qué tere ugar outrora. Elas ofetuam sempre uma fltragera re sultam de uma filtragem de informagdes possufdas ou re ceebidas pelo sujeito a respeito do prazer que ele busca ou 3 Pei, tr ens ede do reg, Bon = mag, te) ‘Se tm 9 mtn ig aes Foot, peg .'h Toa oh Sencaicnce sea, portant, 0 endo as ages ment (NE) 8 ‘A Rerasenragio Somat pa PSICANALSE ‘da coeréneia que the 6 necesséris. Observeso desse modo ‘8 que ponto uma imagem € determinada pelos fins, e que ‘la tem por fungio principal a selegfo do que vem do in- farior, mas sobretudo do exterior: "As imagens desem- Denham o papel de uma tela seletiva que serve para re- Seber novas Mensagens, e controlam reqlientemente = Derooplo © a interpretagio daquelas mensagens que nao forem intelramente ignoradas, rejeliadas ou recalcadas.” ‘Quando falamos do representagdes. sociais, partimos goralmente de outras premissas. Em primeiro lugar, con Sideramos que no existe um corte dado entre o universo fexierior 6 9 universo do individuo (ou do grupo), que 0 ‘Sujeto 0-0 objeto nilo slo absolutamente heterogéneos em ‘Seu campo camum. O objeto ests inscrito num contexto ‘tivo, dingmico, pois que & parcialmente coneebido pela Us Concerto PexD60 © hogativa a respello da Psicandlise — e diz que ela é uma deologia —, nds interpretamos sua alitude como uma to- mada de posigio ante uma ciéncia, uma instituigho, etc. Entretanto, ao obsorvé-la mais de porto, vertices quo & Picanilise esta confinada ao dominio da ideologia Justa mente para possibilitar esse yulgamento nogativo. Portan- to, se uma representagao social ¢ uma “preparagao para & ‘agio”, ela nfo o é somente na medida em quo guia 0 com portamento, mas sobretudo na medida em que remodela e Teconstitul Os elementos do melo ambiente em que © era. ‘portamento deve ter lugar. Ela conseguo incutir um sen. {ido 20 comportamento, iniegrétlo numa rede de Telagses ‘em que est vineulado ao seu objeto, rornecendo ao mesmo tempo a5 nogdes, as teorias e os fundos de observagdo que ‘tornam essas relagoes estavels e efleazes. ‘Os pontos de vista dos individuos e grupos so enca- rados, em seguida, tanto pelo seu earsier de Quanto pelo seu earater de expressdo, Com efelto, as ime: ‘gens, as opiniGes, sho comumente spresentadas, estudadas © pensadas tosomente na medida em que traduzem a PPosigio e-a escala de valores de um individuo ou de ume Coletividade. Com efeito, tratase apenas de uma fatia Te tirade & substAncla simbdliea longamente elaborada pelos indiviauos ¢ coletividades que, a0 modificarem sou modo do ver, tendem @ influenctarse © s modelarse reviproce._ ‘mente, Os preconceltos racials e socials, por exemplo, Jo ‘mals éstdo manifestamente isolados; eles assentam hum {undo de sistemas, de raciocinio de linguagens, no tooante ‘8 natureza biol6gica e social do ‘homem, suas ‘relag6os. com 0 mundo. Hsses sistemas sho constaniemente interii sgndos, comlunicados entre geragies © classes, © 05 que slo ‘objeto desses proconceitos veem-so mals ow menos coagi. dos a entrar no molde preparado e a adotar uma atitudo Conformista, De modo que, retomando a formula de He 0 A RepassirragKo Soci v4 Pscankuse espera que sua resposta Ihe acarrete uma satistagio de or fem intelectual ou pessoal. Essa pessoa esta. perfeita- ‘mente conscia de que, diante de outro pesquisaaor, oa fom outras circunstincias, sua mensagem seria auerénte. ‘Tal variagio nio indica, de sua parte, uma falta ce au tenticldade ou de uma atitude maquiavélica destinada a oultar uma opinigo “"verdadeira. Somente 0 process lusual de interagdo esta em causa, por ser ele que dé. re evo a tal cu qual aspecto do problema discutido, ou que controla 0 emprego do codigo adaptado & relagio fugaz que se formou nessa ooasi4o. esse proceso que mob! liza ¢ contere um sentido as ropresontagbes no fluxo de re lagdes entre grupos © pessoas. Hscreveu Helder: “O pro- ‘blema da conscidnela, da abertura para o mundo, ou, se preferirem, da representagio, reoebe um significatio par- Heular so considerarmos as relagdes 6 a interagio entre pessoas.” Os concoltos de Imagem, de opiniao e ae atitude fio levam em conta eset vinculos, @ abertura que. 0s facompanha. Os grupos sio encarados a posteriori de ma ‘helra estdtica, niio na medida em que eriam e se comu foam, mas ehquanto utiliam ¢ selecionam uma informa (0 que circula na socledade. iim contrapartida, as repre- Sentagoes sociais so conjuntos dindmicos, seu slatus 6 0 {de uma produedo de comportamentos e de’relagdes com 0 melo ambiente, de uma aga que mosifiea aquelos © ostas, fe nfo de uma reprodudo desses comportamentos ou des- Sab relngdes, de uma Teagdo a um dado estimulo exterior. Em Suma, vemos af sistemas que tem uma Logica e uma Xinguager particulares, uma estrutursade implicagdes que fssenta em valores ¢ em conceitos. Um estilo de discurso ‘que ihes ¢ proprio. NEo os consideramos como “opinides Sobre" ou “imagens de", mas como “teorias”, “ciéncias eoletivas” sul generis, destinadas a interpretacs Yagdo do real, Elas vo constantemente alm do que é Imediatamente dado na ciencia ou na fosofia, da classi Hloago des fatos e eventos. Podese vislumbrar af um ‘corpus de temas, de principios, detentor de uma unidade ‘apllcdvel a determinadas zonas de existéncia ¢ de ativida- @e: a Medicina, a Psicologia, a Psiea, a Politica, ote. O ‘Que 6 Tecebidd, inclusive ncstas gonas, 6 submotido a {Um trabalho de transformagio, de evolucio, para se con: ‘verter nium conhelmento que a maioria. das pessoas tui Iisa em sua Vida eotidiana. No decurso desse emprego, © UM Concerto Paxomo st luniverso povoase de seres, o comportamento tmpregna- Se de signitiagées, os conceltos ganham oor'ol £0 Con. eretizam’ (ou, como & cestume dizer, objetivamse), entie ‘quecendo a fessitura do que 6, para cada um de nds, ealidade, Ao mesmo tempo, so propostas formas em que fas transagdes comuns da soeledade encontram expresso fe, Teconhegamolo, essus transagdes sao Tegidas pore sas formas’ — simbolicas, bem entendido —, Tleando as ‘sim dispontveis as forgas quo nelas se eristalizaram, Com: Preendese por qué. Blas determinam o campo das coms InicagOes possivels, dos valores ou das idéias presentes nas vis6es compartihadas pelos grupos, © zeger, subsoqlen: femente, as condutas desejavels 08 admilidas, Por esses tragos sua especiticidade © sua eriatividade na vida coletiva —, as representagSes sociais diferem das nopbes sociologioas e psicoldgicas a que as compramos, dos fe. nnomenos que ines correspondem. 2 ‘As Filosofias da Experiéneia Indireta 1 — A Sociape pos PENsAboREs AMADORES ‘Toda ordem de conhecimento, a cbsorvagto é banal, ‘pressupée uma pritica, uma atmostera que ihe S80 pre: pias © the dio corpo. © também, sem duvida algums, lum papel particular do indlviduo ‘conhecedor. Cada tm de nés. preenche de modo diferente esse papel, quando Se trata de exeroer o seu oficio na arte, na técnica. ou ta olfneia, ou quando se trate da formacés de represen tages socials. Neste ultimo caso, cada pessoa parte de Observagdes e, sobretudo, de testemunhos que se acum. lam a propésito dos eventos correntes: o Jangamento de lum saite, 0 antincio de uma descoberta médica, 0 dls: curso de um personagem importante, uma experiencia vi vida e contads por um amigo, um livro lido, eto. ‘A maior parte dessas observagtes e desses testemunhos prowém, entretanto, daqueles que os inventariaram, Organi. zaram ¢ informaramn, no quadro de seus intereseas. Jorma. listas, cientistas, téenicos @ homens politicos fornecem-nos 2 ‘A RepnssaxragKo Soca. Bk PsicanAtase suc ci ec ances Sane ae een ane 2 once ener So aero heme me meravausiac cape er mae Sree mre cami ie ene te ata ete Eos aoc e ee ib ote dr aca ek fSernos, Sxam a nossa atengio e dirigem as nossas inter. Togeqdes, O quo vemos, o que sonlimos, esté, de algum mod, sobresarregado ‘pelo invisivel e pelo que 6 provi Sorlamente inacessivel aos nossos sentidos. #2 0 caso dos ‘genes ou dos dtomos quo tanto circulam em nossas ima ‘gens, nossas falas ¢ nossos raclocinios. ‘ertas coisas existem, certos eventos ocorrem, esta- ‘mos soguros disso; na muloria das vezes, carecemos dos ‘ritérios ‘nocessirios para alestar essa exlsténcia mate- Hal, O individuo que busca tun satélite sob a abdboda celeste sabe que ai deve haver um, © 0 econra, Entre: anto, na falta do indicagles. precisas, ele toma por um satdllt, vem tar consoléncla disso, una estrola que cin fils, um svlfo que se desloca grande altitude, ou outros “objetos” meteorologicos ou dpticos. Se pensa em outras humanidades "vivendo em outros. planetas, peroeberé Contréios com assiduldade, # que, tanto num caso como, ‘ho outro, partose de uma realidade presumida e, depois, considera.se indispensével reconstitutia, tornéia fami- Iinr. A passagem do testemunbo & observacio, do fato re- latado @ uma hipéteso concreta sobre o objeto visado — Unt Coxceito Pexoivo » fem suma, a transformagio de um conhecimento indireto ‘bum conhecimento aireio — constitut @ Unico melo de ‘hos apropriarmos do universo exterior. Exterior num

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