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SOBRE ARTES E ARTISTAS

A história da Arte poderia ser mais bem contada a partir da história dos
artistas.

ANTES - os “artistas” utilizavam terra colorida para pintar suas figuras rupestres.
HOJE - os artistas podem usar tintas industriais e recursos técnicos avançados em
diferentes modalidades artísticas como: grafismo, moda, cinema...

ARTE – significados diferentes em tempos e lugares diferentes.

O QUE CONDUZ O GOSTO PELA ARTE?

O GOSTO é sujeito às ressonâncias pessoais. Memórias e afetos.

Não existe razão errada para gostar de uma obra de arte.


Existe razão errada para NÃO gostar de uma obra de arte.
ALGUMAS RAZÕES QUE CONDUZEM O GOSTO:
- TEMA
As pessoas tendem a gostar de ver nos quadros temas que lhe agradem na
realidade. A beleza de um quadro pode não residir necessariamente na beleza
da figura e sim na beleza de um tema.

Abaixo:
Meninos maltrapilhos( Murilo-1679) e
Mulher descascando maçãs (Peter Hoock-1663)
BELEZA

Gostos e padrões do que é


belo variam imensamente.
Figuras de um mesmo tema e
época representadas
com olhares bem diferentes.

Anjo. ( Melozzo da forli – 1480 ) e Anjos. ( Meling – 1490 )


- EXPRESSÃO
É com freqüência a expressão de uma figura, assim como a beleza, que nos leva a gostar
ou a detestar um quadro.
Depois de adquirirmos a compreensão dessas diferentes linguagens, poderemos até
preferir obras de arte cuja expressão seja menos óbvia. Há os que gostem de pinturas ou
esculturas que deixem algo a conjeturar ou meditar.

Ex. Cabeça de Cristo. (Guido Reni –1640) e Cabeça de Cristo. (Mestre Toscano-1270)
PERÍCIA DO ARTISTA

Gosto pelo que parece real. O principiante tende a repelir o que considera
incorreto. Grandes artistas do passado dedicaram-se pacientemente a representar
fielmente pormenores de figuras que compõe suas obras.
PERÍCIA DO ARTISTA

Quando pensamos encontrar falhas na exatidão de um quadro devemos antes nos


perguntar se o artista não teria razão em mudar a aparência daquilo que viu.
A Arte Moderna aceita distorções em prol da expressão, o que pode ser entendido
como falta de habilidade. Ex. Mickey

-A Galinha com os pintos e o


Galo ( Pablo Picasso 1942/1938 )
IMAGENS PRECONCEBIDAS

Temos o curioso hábito de pensar que a natureza deve parecer-se sempre com as
imagens que estamos acostumadas. O gosto pelas noções previamente aceitas
como: céu azul, grama verde...
Os artistas mais livres de idéias preconcebidas são os que produzem as obras mais
excitantes.
Os artistas acostumaram-se por um tempo a mostrar cavalos a galope como se
estivessem em pleno vôo. A fotografia, com alguma dificuldade, desmente essa
noção.

Cavalos a galope ( Gericault-


1820 )
Não existe maior obstáculo à fruição de grandes obras de arte do que a
relutância em descartar hábitos e preconceitos.
A insistência em uma forma de representação convence como verdade
única. Os artistas do passado criaram as imagens bíblicas a que nos
acostumamos. As representações de figuras bíblicas com “novos olhos”
foram muitas vezes recusadas, por razões erradas.

São Mateus-
Caravaggio-1589
OBRAS DE ARTE

A história do quadro de São Mateus, de Caravaggio, ilustra o dano causado pelo


repúdio e crítica a trabalhos de artistas em razão de idéias preconcebidas e
reforça que, grande parte das obras de arte que vimos hoje expostas em museus
foram originalmente encomendadas com um propósito determinado. Atendem, em
primeiro lugar, a um valor utilitário.

As idéias sobre beleza e expressão mencionadas pelos observadores nem sempre


coincidem com a dos artistas.
O artista elabora em suas telas a complexidade da harmonia, de formas e cores na
medida que lhe pareça “certo”. Que seja um exemplo de perfeição. Que tenha o
equilíbrio correto entre as figuras.
Ex. A Virgem do Prado. 1505.

Algumas regras de equilíbrio já foram formuladas. Os artistas medíocres, meros


seguidores de regras, não produzem resultados, enquanto os artistas
transgressores continuam recriando harmonias nunca antes pensadas.
Gosto não se discute, mas é suscetível de ser desenvolvido.
Nunca se acaba de aprender arte. Há sempre algo a descobrir.

As grandes obras parecem ter um aspecto diferente cada vez


que nos colocamos diante delas.

O contato com a arte desenvolve a sensibilidade e o


entendimento e, por fim, o GOSTO.

GOMBRICH, E.H – A História da Arte. 1985, Zahar, RJ.

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