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082015 Lal 11340 Presidéncia da Republica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juridicos LEI N° 11,340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006, Cria mecanismos para coibir a violéncia doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8% do art. 226 da Constituigdo Federal, da Convengao sobre a Eliminagéo de Todas as Formas de Discriminagéo (Vide ADIM ne 4427, contra as Mulheres e da Convengao Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violéncia contra a Mulher; dispde sobre a criagdo dos Juizados de Violéncia Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera 0 Cédigo de Processo Penal, 0 Cédigo Penal e a Lei de Execugao Penal; ¢ da outras providéncias. © PRESIDENTE DA REPUBLICA Faco saber que 0 Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei TITULOI DISPOSIGOES PRELIMINARES Art. 12 Esta Lei cia mecanismos para coibir e prevenir a violencia doméstica e familiar contra a mulher, os termos do § 8°.do art. 226 da Constituicdo Federal, da Convengao sobre a Eliminagao de Todas as Formas de Violéncia contra a Mulher, da Convengdo Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violéncia contra a Mulher e de outros tratados interacionais ratificados pela Repiblica Federativa do Brasil; dispbe sobre a criacdo dos Juizados de Violéncia Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece medidas de assisténcia protegao as mulheres em situagao de violencia doméstica e familiar. Art. 22. Toda mulher, independentemente de classe, raga, etnia, orientagdo sexual, renda, cultura, nivel educacional, idade e religiéo, goza dos direitos fundamentais inerentes @ pessoa humana, sendohe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violencia, preservar sua satide fisica e mental e seu aperfeigoamento moral, intelectual e social Art. 32 Serdo asseguradas as mulheres as condigdes para o exercicio efetivo dos direitos a vida, a seguranga, a saude, a alimentagao, 2 educacao, a cultura, & moradia, ao acesso a justia, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, a cidadania, a liberdade, a dignidade, ao respeito e & convivencia familiar e comunitaria, § 12 O poder puiblico desenvolvera politicas que visem garantir os direitos humanos das mulheres no ambito das relagées domésticas e familiares no sentido de resguardélas de toda forma de negligéncia, discriminagao, exploragao, violéncia, crueldade e opressao. § 22. Cabe a familia, a sociedade e ao poder piiblico criar as condigées necessdrias para o efetivo exercicio dos direitos enunciados no caput. Art. 42 Na interpretagao desta Lei, sero considerados os fins sociais a que ela se destina e, especialmente, as condigGes peculiares das mulheres em situacao de violéncia doméstica e familiar. TITULO I DA VIOLENCIA DOMESTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER CAPITULO | DISPOSIGOES GERAIS hpskwwwplarao gov brlecvl_ Oa) ate2004-200072006He11340.Nm wo 082015 Lal 11340 Art. 52 Para os efeitos desta Lei, configura violéncia doméstica e familiar contra a mulher qualquer ago ou omissdo baseada no género que Ihe cause morte, lesdo, sofrimento fisico, sexual ou psicolégico e dano moral ou patrimonial: (Vide Lei complementar n° 150, de 2015) 1 no Ambito da unidade doméstica, compreendida como o espa¢o de convivio permanente de pessoas, com ou sem vinculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas: Il - no Ambito da familia, compreendida como a comunidade formada por individuos que s&o ou se consideram aparentados, unidos por lagos naturais, por afinidade ou por vontade expressa; IIL - em qualquer relagao intima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivide com a ofendida, independentemente de coabitagao. Paragrafo Unico. As relagdes pessoais enunciadas neste artigo independem de orientagdo sexual Art. 62 A violencia doméstica e familiar contra a mulher constitui uma das formas de violacdo dos direitos humanos CAPITULO II DAS FORMAS DE VIOLENCIA DOMESTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER Att. 72 S80 formas de violéncia doméstica e familiar contra a mulher, entre outras 1a violencia fisica, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou satide corporal I - a violencia psicolégica, entendida como qualquer conduta que Ihe cause dano emocional e diminui¢ao da auto-estima ou que Ihe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ages, comportamentos, crengas e decisées, mediante ameaga, constrangimento, humilhagao, manipulacao, isolamento, vigilancia constante, perseguigao contumaz, insulto, chantagem, ridicularizagéo, exploragao e limitagao do direito de it e vir ou qualquer outro meio que Ihe cause prejulzo a satide psicolégica e a autodeterminagao; II - a violéncia sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relagao sexual ndo desejada, mediante intimidacao, ameaca, coagdo ou uso da forga; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impega de usar qualquer método contraceptivo ou que a force a0 matriménio, a gravidez, ao aborto ou a prostituicéo, mediante coacdo, chantagem, subomo ou manipulagao; ou que limite ou anule o exercicio de seus direitos sexuais e reprodutivos; IV - a violéncia patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure reten¢ao, subtragdo, destrui¢ao parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econdmicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades: V -avioléncia moral, entendida como qualquer conduta que configure caltinia, difamagao ou injiria. TITULO mI DA ASSISTENCIA A MULHER EM SITUAGAO DE VIOLENCIA DOMESTICA E FAMILIAR CAPITULO | DAS MEDIDAS INTEGRADAS DE PREVENCAO. Art. 8 A politica publica que visa coibir a violéncia doméstica e familiar contra a mulher far-se-4 por meio de um conjunto articulado de ages da Unido, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municipios e de ages nao- governamentais, tendo por diretrizes: | -a integragao operacional do Poder Judiciério, do Ministerio Publico e da Defensoria Publica com as reas de seguranca publica, assisténcia social, satide, educacdio, trabalho e habitagao; hpskwwwplarao gov brlecvl_ Oa) ate2004-200072006He11340.Nm 20 oarszots Leet 11340 Il- a promogao de estudos e pesquisas, estatisticas e outras informagées relevantes, com a perspectiva de género e de raga ou etnia, concementes as causas, as conseqiéncias e a frequéncia da violencia doméstica e familiar contra a mulher, para a sistematizagao de dados, a serem unificados nacionalmente, ¢ a avaliacao periédica dos resultados das medidas adotadas; III - 0 respeito, nos meios de comunicagao social, dos valores éticos e sociais da pessoa e da familia, de forma a coibir os papéis estereotipados que legitimem ou exacerbem a violéncia doméstica e familiar, de acordo com o estabelecido no inciso II do art. 12, no inciso IV do art. 32 ¢ no inciso IV do art. 221 da Constituicdo Federal; IV - a implementagao de atendimento policial especializado para as mulheres, em particular nas Delegacias de Atendimento a Mulher, \V - a promogao e a realizagdo de campanhas educativas de prevengao da violencia domestica e familiar contra a mulher, voltadas ao piiblico escolar e @ sociedade em geral, e a difusdo desta Lei e dos instrumentos de protegao aos direitos humanos das mulheres; VI - a celebragao de convénios, protocolos, ajustes, termos ou outros instrumentos de promocao de parceria entre érgéios govemamentais ou entre estes e entidades ndo-governamentais, tendo por objetivo a implementagao de programas de erradicagao da violencia doméstica e familiar contra a mulher; VII - a capacitacao permanente das Policias Civil e Militar, da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros e dos profissionais pertencentes aos érgdos e as areas enunciados no inciso I quanto as questées de género e de raga ou etnia; VIII - a promogao de programas educacionais que disseminem valores éticos de imestrito respeito a dignidade da pessoa humana com a perspectiva de género e de raga ou etnia: IX - 0 destaque, nos curriculos escolares de todos 0s niveis de ensino, para os contetidos relativos aos direitos humanos, a eqliidade de género e de raga ou etnia e ao problema da violencia doméstica e familiar contra a mulher. CAPITULO II DA ASSISTENCIA A MULHER EM SITUAGAO DE VIOLENCIA DOMESTICA E FAMILIAR ‘Art. 92 A assisténcia a mulher em situagao de violéncia doméstica e familiar seré prestada de forma articulada e conforme os principios e as diretrizes previstos na Lei Organica da Assisténcia Social, no Sistema Unico de Satide, no Sistema Unico de Seguranga Publica, entre outras normas e pollticas publicas de protecao, © emergencialmente quando for 0 caso. § 12 0 juiz determinara, por prazo certo, a incluséo da mulher em situagao de violéncia doméstica e familiar no cadastro de programas assistenciais do govemo federal, estadual e municipal. § 22 juiz assegurara & mulher em situago de violéncia doméstica e familiar, para preservar sua integridade fisica e psicologica: 1 - acesso prioritario 4 remo¢o quando servidora publica, integrante da administracao direta ou indireta; Il- manutengao do vinculo trabalhista, quando necessério 0 afastamento do local de trabalho, por até seis meses. § 32 A assisténcia @ mulher em situagao de violéncia doméstica e familiar compreendera 0 acesso aos beneficios decorrentes do desenvolvimento cientifico e tecnolégico, incluindo os servigos de contracepeao de emergéncia, a profilaxia das Doengas Sexualmente Transmissiveis (DST) e da Sindrome da Imunodeficiéncia Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos necessdrios e cabiveis nos casos de violéncia sexual CAPITULO Ill DO ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL Art. 10. Na hipétese da iminéncia ou da pratica de violéncia doméstica e familiar contra a mulher, a hpskwwwplarao gov brlecvl_ Oa) ate2004-200072006He11340.Nm ano 082015 Lal 11340 autoridade policial que tomar conhecimento da ocorréncia adotara, de imediato, as providéncias legais cabiveis. Pardgrafo nico. Aplica-se o disposto no caput deste artigo ao descumprimento de medida protetiva de urgéncia deferida. ial Ait. 11. No atendimento 4 mulher em situagao de violéncia doméstica e familiar, a autoridade px deverd, entre outras providencias: | - garantir protegao policial, quando necessério, comunicando de imediato ao Ministério Pubblico e ao Poder Judiciério; II- encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de satide e ao Instituto Médico Legal IIL - fomecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local seguro, quando houver fisco de vida; IV - se necessario, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus pertences do local da ocorréncia ou do domicilio familiar; V - informar a ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os servigos disponiveis. Art. 12. Em todos os casos de violéncia doméstica e familiar contra a mulher, feito o registro da ocorréncia, devera a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem prejuizo daqueles previstos no Cédigo de Processo Penal: | owvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorréncia e tomar a representacao a termo, se apresentada; II colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de suas circunstancias; III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para a concessao de medidas protetivas de urgéncia; IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da ofendida e requisitar outros exames periciais necessérios; \V - ouvir 0 agressor e as testemunhas; VI - ordenar a identificagao do agressor e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes criminais, indicando a existéncia de mandado de prisao ou registro de outras ocorréncias policiais contra ele; VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao juiz e ao Ministério Publico, § 12 O pedido da ofendida sera tomado a termo pela autoridade policial e devera conter: 1 qualificagao da ofendida e do agressor; Il- nome e idade dos dependentes: III - descrigao sucinta do fato ¢ das medidas protetivas solicitadas pela ofendida. § 22 A autoridade policial devera anexar ao documento referido no § 120 boletim de ocoréncia e cépia de todos os documentos disponiveis em posse da ofendida. § 32 Serdo admitidos como meios de prova os laudos ou prontuarios médicos fomecidos por hospitais e postos de satide. TITULO IV DOS PROCEDIMENTOS CAPITULO | hpskwwwplarao gov brlecvl_ Oa) ate2004-200072006He11340.Nm 40 oarszots Leet 11340 DISPOSIGOES GERAIS Art. 13. Ao processo, ao julgamento e a execugao das causas civeis e criminais decorrentes da pratica de violéncia doméstica e familiar contra a mulher aplicar-se-4o as normas dos Cédigos de Processo Penal e Processo Civil e da legislacao especifica relativa a crianga, ao adolescente e ao idoso que no confltarem com © estabelecido nesta Lei Art. 14. Os Juizados de Violéncia Doméstica e Familiar contra a Mulher, érgaos da Justiga Ordindria com competéncia civel e criminal, poderéo ser criados pela Unido, no Distrito Federal e nos Tertitrios, e pelos Estados, para o proceso, o julgamento e a execucdo das causas decorrentes da pratica de violéncia domestica e familiar contra a mulher. Pardgrafo Unico. Os atos processuais poderdo realizar-se em hordrio notumo, conforme dispuserem as normas de organizagao judiciaria, Art. 15. E competente, por op¢ao da ofendida, para os processos civeis regidos por esta Lei, 0 Juizado do seu domicilio ou de sua residéncia; Il - do lugar do fato em que se baseou a demanda; I - do domicitio do agressor. Art. 16. Nas ages penais piblicas condicionadas a representaco da ofendida de que trata esta Lei, s6 sera admitida a rentincia a representacéo perante o juiz, em audiéncia especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da dentincia e ouvido 0 Ministério Publico. Art. 17. vedada a aplicagao, nos casos de violencia doméstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta basica ou outras de prestagdo pecuniaria, bem como a substituigao de pena que implique o pagamento isolado de muita CAPITULO II DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGENCIA Seco | Disposigées Gerais, Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da ofendida, caberd ao juiz, no prazo de 48 (quarenta € cito) horas: I--conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as medidas protetivas de urgéncia; IL- determinar 0 encaminhamento da ofendida ao érgao de assisténcia judiciéria, quando for o caso; III - comunicar ao Ministério Publico para que adote as providéncias cabiveis. Art. 19. As medidas protetivas de urgéncia poderao ser concedidas pelo juiz, a requerimento do Ministerio Publico ou a pedido da ofendida § 12 As medidas protetivas de urgéncia poderdo ser concedidas de imediato, independentemente de audiéncia das partes e de manifestagao do Ministério Publico, devendo este ser prontamente comunicado. § 22 As medidas protetivas de urgéncia serio aplicadas isolada ou cumulativamente, e podergo ser substituidas a qualquer tempo por outras de maior eficacia, sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameagados ou violados. § 32 Podera 0 juiz, a requerimento do Ministério Publico ou a pedido da ofendida, conceder novas medidas protetivas de urgéncia ou rever aquelas ja concedidas, se entender necessdrio a protegdo da ofendida, de seus familiares e de seu patriménio, ouvido o Ministerio Publico. hpskwwwplarao gov brlecvl_ Oa) ate2004-200072006He11340.Nm 510 082015 Lal 11340 Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrucao criminal, cabera a prisao preventiva do agressor, decretada pelo juiz, de offcio, a requerimento do Ministério Publico ou mediante representagdo da autoridade policial Paragrafo Unico. © juiz podera revogar a prisdo preventiva se, no curso do processo, verificar a falta de motivo para que subsista, bem como de novo decreté-la, se sobrevierem raz6es que a justifiquem. Art. 21. A ofendida deverd ser notificada dos atos processuais relativos ao agressor, especialmente dos pertinentes ao ingresso e a safda da prisdo, sem prejuizo da intimagao do advogado constituido ou do defensor pubblico. Paragrafo Unico. A ofendida nao podera entregar intimagao ou notificagao ao agressor. Segao Il Das Medidas Protetivas de Urgéncia que Obrigam 0 Agressor Art. 22. Constatada a prética de violéncia doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, 0 juiz podera aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgéncia, entre outras: I - suspensdo da posse ou restrigdo do porte de armas, com comunicagéo ao érgo competente, nos termos da Lei n® 10,826, de 22 de dezembro de 2003; II- afastamento do lar, domictlio ou local de convivéncia com a ofendida; IL - proibigdo de determinadas condutas, entre as quais: a) aproximago da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite minimo de distancia entre estes e 0 agressor; b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicagao; ©) freqdentagao de determinados lugares a fim de preservar a integridade fisica e psicolégica da ofendida; IV - restrigéo ou suspensdo de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou servigo similar, \V - prestagdo de alimentos provisionais ou provisérios. § 12 As medidas referidas neste artigo ndo impedem a aplicagao de outras previstas na legislagéio em vigor, sempre que a seguranga da ofendida ou as circunstancias 0 exigirem, devendo a providéncia ser comunicada ao Ministerio Publico. § 22 Na hipétese de aplicagdo do inciso |, encontrando-se 0 agressor nas condi¢des mencionadas no caput e incisos do art_6° da Lei n® 10,826, de 22 de dezembro de 2003, 0 juiz comunicard ao respectivo érgao, corporaco ou instituigao as medidas protetivas de urgéncia concedidas e determinara a restrigao do porte de armas, ficando 0 superior imediato do agressor responsavel pelo cumprimento da determinagao judicial, sob pena de incorrer nos crimes de prevaricacao ou de desobediéncia, conforme 0 caso. § 32 Para garantir a efetividade das medidas protetivas de urgéncia, poderd o juiz requisitar, a qualquer momento, auxilio da forga policial § 42 Aplica-se as hipdteses previstas neste artigo, no que couber, o disposto no caput € nos §§ 5% e 6° do art_ 461 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Cédigo de Processo Civil Segao Ill Das Medidas Protetivas de Urgéncia a Ofendida Art. 23, Poderd o juiz, quando necessdrio, sem prejuizo de outras medidas: hpskwwwplarao gov brlecvl_ Oa) ate2004-200072006He11340.Nm an 082015 Lal 11340 1 - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitario de protego ou de atendimento; Il - determinar a recondugao da ofendida e a de seus dependentes ao respective domictlio, apés afastamento do agressor; Il - determinar 0 afastamento da ofendida do lar, sem prejuizo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos; IV - determinar a separagao de corpos. Art. 24. Para a protegao patrimonial dos bens da sociedade conjugal ou daqueles de propriedade particular da mulher, o juiz poderd determinar, liminarmente, as seguintes medidas, entre outras: | -restituigdo de bens indevidamente subtraidos pelo agressor a ofendida; Il - proibigao temporaria para a celebragao de atos e contratos de compra, venda e locagao de propriedade em comum, salvo expressa autorizagao judicial: IIL - suspensao das procuragées conferidas pela ofendida ao agressor; IV « prestagao de caugdo proviséria, mediante depésito judicial, por perdas e danos materiais decorrentes da pratica de violéncia doméstica e familiar contra a ofendida. Paragrafo Unico. Deverd o juiz oficiar ao cartério competente para os fins previstos nos incisos II ¢ III deste artigo. CAPITULO III DA ATUAGAO DO MINISTERIO PUBLICO Art. 25. © Ministério Publico intervird, quando néo for parte, nas causas civeis e criminais decorrentes da violencia doméstica e familiar contra a mulher. Art. 26. Caberd ao Ministério Publico, sem prejuizo de outras atribuigdes, nos casos de violéncia doméstica e familiar contra a mulher, quando necessério: I - requisitar forga policial e servigos puiblicos de satide, de educacao, de assisténcia social e de seguranga, entre outros: Il -fiscalizar os estabelecimentos publicos e particulares de atendimento a mulher em situago de violéncia doméstica e familiar, e adotar, de imediato, as medidas administrativas ou judiciais cabiveis no tocante a quaisquer iregularidades constatadas; IIL - cadastrar os casos de violéncia doméstica e familiar contra a mulher. CAPITULO IV DA ASSISTENCIA JUDICIARIA Art. 27. Em todos os atos processuais, civeis e criminais, a mulher em situago de violéncia doméstica e familiar devera estar acompanhada de advogado, ressalvado o previsto no art. 19 desta Lei. Art. 28. E garantido a toda mulher em situago de violgncia doméstica e familiar 0 acesso aos servicos de Defensoria Publica ou de Assisténcia Judiciaria Gratuita, nos termos da lei, em sede policial e judicial, mediante atendimento especifico e humanizado. TITULO Vv DA EQUIPE DE ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR Art. 29. Os Juizados de Violéncia Doméstica e Familiar contra a Mulher que vierem a ser criados poderéo contar com uma equipe de atendimento multidisciplinar, a ser integrada por profissionais especializados nas hpskwwwplarao gov brlecvl_ Oa) ate2004-200072006He11340.Nm 70 082015 Lal 11340 reas psicossocial, juridica e de satide. Art. 30. Compete @ equipe de atendimento multidisciplinar, entre outras atribuigées que Ihe forem reservadas pela legisiaco local, fomecer subsidios por escrito ao juiz, ao Ministério Piblico e & Defensoria Publica, mediante laudos ou verbalmente em audiéncia, ¢ desenvolver trabalhos de _orientacao, encaminhamento, prevencao e outras medidas, voltados para a ofendida, 0 agressor e os familiares, com especial atengao as criangas e aos adolescentes. Art. 31. Quando a complexidade do caso exigit avaliagéo mais aprofundada, o juiz podera determinar a manifestacao de profissional especializado, mediante a indicacao da equipe de atendimento multidisciplinar. Art. 32. O Poder Judiciério, na elaboragao de sua proposta orgamentaria, poderd prever recursos para a criago e manutencdo da equipe de atendimento multidisciplinar, nos termos da Lei de Diretrizes Orgamentérias, TITULO VI DISPOSIGOES TRANSITORIAS Art. 33. Enquanto ndo estruturados 0s Juizados de Violéncia Doméstica e Familiar contra a Mulher, as varas criminais acumularao as competéncias civel e criminal para conhecer e julgar as causas decorrentes da pratica de violéncia doméstica e familiar contra a mulher, observadas as previs6es do Titulo IV desta Lei, Subsidiada pela legislagao processual pertinente. Paragrafo nico. Sera garantido o direito de preferéncia, nas varas criminais, para 0 processo e 0 julgamento das causas referidas no caput TITULO Vi DISPOSIGOES FINAIS Art. 34, A instituig&o dos Juizados de Violéncia Doméstica e Familiar contra a Mulher poderd ser acompanhada pela implantagao das curadorias necessdrias e do servigo de assisténcia judiciéria. Art. 35, A Uni8o, 0 Distrito Federal, os Estados e os Municipios poderdo criar e promover, no limite das respectivas competéncias: | - centros de atendimento integral e multidisciplinar para mulheres e respectivos dependentes em situagao de violencia doméstica e familiar; Il - casas-abrigos para mulheres e respectivos dependentes menores em situagao de violencia doméstica e familiar; Il - delegacias, nicleos de defensoria piiblica, servigos de satide e centros de pericia médico-egal especializados no atendimento & mulher em situagao de violéncia doméstica e familiar; IV - programas e campanhas de enfrentamento da violéncia doméstica e familiar, \V - centros de educagao e de reabilitago para os agressores. Art. 36. A Unido, os Estados, 0 Distrito Federal e os Municipios promoverdo a adaptacao de seus érgaos & de seus programas as diretrizes e aos principios desta Lei Art. 37. A defesa dos interesses e direitos transindividuais previstos nesta Lei poder ser exercida, concorrentemente, pelo Ministério Pubblico e por associagao de atuagéo na drea, regularmente constituida ha pelo menos um ano, nos termos da legislacao civil Pardgrafo tinico. O requisito da pré-constituigéo poder ser dispensado pelo juiz quando entender que néo ha outra entidade com representatividade adequada para o ajuizamento da demanda coletiva, Art. 38. As estalisticas sobre a violéncia doméstica e familiar contra a mulher sero inclufdas nas bases de dados dos érgaos oficiais do Sistema de Justiga e Seguranga a fim de subsidiar o sistema nacional de dados e informag6es relativo as mulheres. hpskwwwplarao gov brlecvl_ Oa) ate2004-200072006He11340.Nm ar 082015 Lal 11340 Paragrafo unico. As Secretarias de Seguranca Publica dos Estados e do Distrito Federal poderdo remeter suas informag6es criminais para a base de dados do Ministério da Justica. Art. 38. A Unio, os Estados, o Distrito Federal e 0s Municipios, no limite de suas competéncias e nos termos das respectivas leis de diretrizes orgamentarias, poderao estabelecer dotagées orgamentérias especificas, em cada exercicio financeiro, para a implementagao das medidas estabelecidas nesta Lei. Art. 40, As obrigagées previstas nesta Lei néo excluem outras decorrentes dos principios por ela adotados Art. 41. Aos crimes praticados com violéncia doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, ndo se aplica a Lei n® 9,099, de 26 de setembro de 1995, Art. 42. O art_313 do Decreto-Lei n® 3,689, de 3 de outubro de 1941 (Cédigo de Processo Penal), passa a vigorar acrescido do seguinte inciso IV: “art, 313, IV - se 0 crime envolver violéncia doméstica e familiar contra a mulher, nos termos da lei especifica, para garantir a execugdo das medidas protetivas de urgéncia.” (NR) Art. 43. A alinea f do inciso I_do art_61 do Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Cédigo Penal), passa a vigorar com a seguinte reda¢ao’ ‘Art. 61 ) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relagdes domésticas, de coabitagao ou de hospitalidade, ou com violéncia contra a mulher na forma da lei especifica; "(NR) Art. 44. O art, 129 do Decreto-Lei n® 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Cédigo Penal), passa a vigorar com as seguintes alterages “art, 129. § 9 Se a lesao for praticada contra ascendente, descendent, irmao, cénjuge ou Companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se © agente das relagdes domésticas, de coabitagao ou de hospitalidade: Pena - detengao, de 3 ({rés) meses a 3 (trés) anos § 11. Na hipétese do § 9° deste artigo, a pena seré aumentada de um tergo se 0 crime for cometido contra pessoa portadora de deficiéncia,” (NR) Art. 45. O art, 152 da Lei n® 7,210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execugao Penal), passa a vigorar com a seguinte redagao: “art. 152. hpskwwwplarao gov brlecvl_ Oa) ate2004-200072006He11340.Nm aro 082015 Lal 11340 Paragrafo Unico. Nos casos de violéncia doméstica contra a mulher, o juiz poderd determinar 0 comparecimento obrigatério do agressor a programas de recuperagao & reeducagao.” (NR) Art. 46, Esta Lei entra em vigor 45 (quarenta e cinco) dias apés sua publicacéo. Brasilia, 7 de agosto de 2006; 185% da Independéncia e 1182 da Republica, LUIZ INACIO LULA DA SILVA Dilma Rousseff Este texto nao substitu o publicado no D.0.U. de 8.8.2006 * hpskwwwplarao gov brlecvl_ Oa) ate2004-200072006He11340.Nm suo

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