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CORRENTES HISTORICAS NA FRANCA sécutos xix £ xx Christian Delacroix, Francois Dosse ¢ Patrick Garcia o FCV_ editora tnesp Copyight © 2005 Armand Colia edigio — 2012 rpresso no Bras rite in Brac “Tos os direitos reservados & EDITORA FGV. A reproduce nfo autorzada desta publicag, no todo cov em parte, consi vilagio do copyeight (Len 9.61098) ‘Osconcitasemitidos nest lvro sia de itera responsabidae os autor ‘Taapugho: Roberto Ferreira Leal Preranagao pe onetsarsi Laiz Alberto Monjardim RrvisAo “Fatima Caron, Matco Antonio Correa, Adriana Ales DIAGRADIAGKO: FA Bditoragdo cara: Ande Castro Foro ne cava: Pace dela Nation, Le THemphe de la République (1899), Paes (Acerva pessoal Renato Franco) cha ctaograficaelaborada pels [bot Mario Henrique SimonsenFGV Delacrois, Chistian [As correoteshistéricas na Fang: séeuls XIX eX / Cristn Delacrots, Francois Dose, Pariek Garcia tradugdo Roberto Fersera Leal. - Rio de Janet: Fora FGY, 2012, ‘78. Coediio com a aes. “Traducio de: Les courant historique en France, 19-20esiécle Tela ibliografa indice. ISBN: 978-85-225-0939-3 (FGV}, 978-85-393-01447 (inesp) 1. Franga ~ istovogralia - Sé. XIX, 2, Pranga ~ Historiogafa ~ See. XX 1 Dosse,Frangis,1950-- Il. Garca, Patrick, 1958. . IT. Fundagio Getulio Vargas. WWTilo, DD ~ 907.2088 epitona Fev’ FUNDAGAO BDITORA DA UNESP FEU} ea oral Orlando Dantas, 37 Prag da S108 22281010 | Ri de Jans, R) | Bras (1001-900 ~ So Palo SP “es 08004021-7777(21-3799-4097 Testi ag 21-3799-4450 Fae 132427172 estraefgvb pedidosedioraign br Feugedtora snesp br snagebrfeiura swrveditoraunesp come nadvaranesp come Sumario Introdugdo 14 Capitulo 1 | O nascimento da historia contemporinea 13 Por que ahistéria? 15 Entre “abismos" e“progressos": ima nova visi da historia 18 A invengio do arquivo \7 A invengio do patrimdnio 18 Um principio organicador do devir: 0 progress 20 Um século nabistéria 21 “As incertesas da historia 21 © que esté em jogo na escrita da hist6via 23 Qual historia? 35 © processo cla velha kistéria: 0 programa da primeira parte do século XIX. 36 Uma perspectiva renovada 40 A filosofia como recurso 51 Escrever a historia da Revolugao Francesa. 55 O rearranjo da interpretagio liberal $5 Interpretagbes democriticas 58 As fraturas de 1851 63 Copitulo2| Capitulo 3 | © momento metédico 69 Introducao 69 (Os questionamentos do modelo “rouniutico! [No espelho da Alemanha A mutagio met6dica da historiografia francesa 80 Uma conjuntura historiognifca e politica 80 A Revue Historique: wy editorial funcdador 82 Definir ura profissio 87 Redes para a historia 92 A caudficagto dos estudos bistéricos. 95 ‘A obra dos historiadores metédicos. 105 A histéria como magistévio civico 105 A produgio historiogrdfica 115 ‘© modelo metédico contestado 124 0 eco dos del ssalemnies. 124 CO surgimento da sociologia A Revue de Synthése Historique 133 ‘0 momento da histéria-ciéncia social (da década de 1920 4 década de 1940) 137 A histria entre crise e renovagio 137 “A Istria no mundo ene ruinas” (Lucien Febvre) 137 Um oficio em crise? 142 (0 momento da década de 1920; uma renovacio da hstiria 143 (0s Annas d'Histoire Economique et Sociale: uma revista de debates ede combate 148 Uma revista de duas cabegas e quatro miios 148 Os Annales: histéria, andlise do presente e agio 156 (Os Armates: “uma espécie de pequena revolugdo intelectual” 163 A reconstrugao de uma identidade disciphinar ede wma legitimiddade cientifica 163, Uma historia problematizadora ¢ nao automatica 170 A histéria, um conkecimento por meio de rastros 173 A histérla como eléneta soctal 176 A centrldade da hist6ria econémiea e social 177 Representagies coletivas, mentolidades epsicologia istorica 186 Umma reeigdo da historia politica? 19% ‘apitulo 4 | A hstéra social “A francesa" em seu apogeu: Labrousse/Braudel 197 A institucionalizacao das ciéneias socais. 197 Um evescimento planificado 197 Um New Deal das cigncias sociais. 199 Uma cisciplina-farol: a demografia histérica 201 A.construgdo do Império Braudel 202 Vents noves 203 Braudel, empresirio 205 Predeminio da historia econémica 208 Camille-Ernest Labrousse e sua escola. 211 Simiana tradueido para os historiadores 211 O debate Labrousse versus Mousnier 213 Uma geragio labroussiana 215 A longa duragao ea pluralizagao do tempo. 220 O desafo estruturalista 220 A defsa da idemtidade histriadora 222 trauss 223 © madelo:estrutura/conjuntura/evento A resposta ce Braudel a Lé Vitalidace da historia econémica 231 Crescimento, crises, rupturas: tterpretagdes em debate 231 O desafio quantitative: métodos controversos. 238 {Uma histéria das relagbesinternacionais em busca de profundezas 237 ca: Pierre Renowvin 238 Un rinovador da vellha histori diplom As "fergas profrndas” 239 [A historia presentista e politica 243 Oemolvimento subjetive do historiador 243 ‘A sncoospletude da objetividae historiadora, 245 A manutengo de uma historia politica sensivel 20 evento ‘A “sociabiidade” politica 251 ‘Materialismo histérico ehistéria nova. 2 As ligoes de Althusser 253 ‘Uma historia antiga renovada 256 0 debate Vilar versus Althusser 28 Capitulo § | Expansdo e fragmentagao: a “nova histéria" 261 Uma “nova historia” 261 ‘A etnologia interior 261 Sob a mudanga: 0 passado 263 0 estruturalisme bem temperado dos historiadores. 268 Da hist6ria dis historias: a fragmentagio 268 0 sol nto mais se poe no tervtério do historiador 269 A historia das mantalidades 2 Do social ao mental As mentalidades: uma nog estraté Um pioneiro 274 As mentalidades segunda Georges Duby 276 ‘As mentalidades segunda Robert Mandrou 280 As mentalidades segundo Jacques Le Goff 282 ‘As mentalidades segundo Philippe Ariés 284 0s jogos do menial eda ideologia segundo Michel Vovelle 285 Para acabar com a historia das mentalidades. 287 A.antropologia historica 289 ‘A escola de antropologia histérica da Antiguidade grega’ 289 Quantificar 0 cultural 291 A promogéo da civilizagio material 294 Cultura eruditascultura popular 296 Abhistéria seviada 298 © luto pela histia toral 299 Construirséries 301 Aembriaguez estatstica 303 Da historia da religiSo & antropologia do crer 307 © crer como componente do "fato socal total” 307 Capitulo 6| Bibliografia fe a Bussibve 310 0 Grup 1 rancoatirader: Alphonse Dupront 311 im busca da linguagem nistica: Mickel de Certeau 313 Os quesiionamentos do romance nacional 314 A sobvevivencia da histéria @ Lavisse 314 A descolonizagio abalao mito nacional. 316 A ebuligto de 1968 As raupas novas da Reforma Haby 319 Uma crise da historia? (as décadas de 1980/1990) 321 Do “retorno A narrativa”& “vireda critica” 221 Declivio dos Annales? 322 Redejinigoes dla historia social, renovagdes dla histéria ecombmica am sibilidade tebrica” 327 A ravicalizagao das crticas contra os Annsles eo langaomento da “vivada critica” 336 As renovagbes da hist6ria politica 346 A “now histéria politica”: um projeto de historia global? 347 Abi A hisiéria conceitual do politico ea historia social do politico [A histdria sob o risco da meméria e da identidade 359 A constituigao de uma historia da meméria 359 o tempo presente. 350 O lugares de meméria: do nacional ao patrimnonial 362 ist ante 0s "passados que ndo querem passa” 368 A histérla no frm da década de 1990: 0 pluraliseno interpretative 375 Uma veflesdo renovada sobre o enraicanentoe a funao social a histéria 375 u Un convergeneia histor 1a ‘era epistemoléigica” da historiogvafa fa (Pierre Nora) ogrdfca rumo é histvia culrural? 391 A gulls central da histéria sociocultural 386 Gonclasio 409 au indice onoméstico 467 202 As comReHrES HISTORICAS WA FRAMea A MISTORIA SOCIAL “A FRANCESA” EW SEU APOCEU ab erivel desafio para os historiadores, tanto mais que ela privilegia as Iogieas sincx6nicas, a parte de todo processo de historicizagio, Ante esse desafio, Braudel oferece uma dupla resposta, no plano das orientagbes de pesquisa e no nivel das posigSes de poder. Suzera- no, Fernand Braudel trata de sagrar cavaleiros os seus vassalos ¢ de delegar seus poderes sobre miplas parcelas do territirio sobre o qual reina soberano, Tal carisma é reconhe- cido por seus dseiplos mais préximos, como Mare Ferro (1984:25): “ele a comandava [o seu empreendimentoj como um soberano, como um chefe de Estado’ 1960 professor na universidade de Caen, Pierre Chaunu (1994227) matuta sobre 0 gue vai ensinar aos seus alunos; “you ensinar-Thes o método Fleury-Henry... A verdadeira utagio da histéria quantitativa foi inalmente a demografia histérica, pois pudemos ccontar, ¢ a primeira coisa a fazer 6, de qualquer modo, contar os homens. £ um ponto crucial dahistéria, No mesmo momento em que Henry desenvolve o seu método, o bistoriador Pierre ‘Goubert (1952) publica 6 seu artigo pioneira sobre a demografia na regido de Beauvais, ro século XVI, facilitando a abertura de um nove campo disciplinar¢ a exploragio des nova fonte do historiador, os registeos parcquiais, A publicacdo da sua tese (Goubert, 1960) atesta a fecundidade do método e permite 0 destocamento do olhar do historiador para as grandes massas de um periodo, o sécuto XVII, quando a historiografiacléssiea permanecia fascinada nnicamente com Las XIV e os fastos da corte de Versalhes. Gragas 2 multiplicagdo desses trabalhos, foi grande a surpresa ao se descobrir,¢ que em seguida Ventos novos Fi no pés-guerra, em 1946, a evista dos Annales muda de nome e abandona em seu titulo a referencia a historia para passara se chamar Annales, Economies, Société, Civli- satfons. Tal mudanga marca a vontade de efetuar com maior facilidade a osmase entre as diversas ciéncias socials, sendo os historiadores os dretores dessa sintese, Reorganiza-se imentos provocados pela guerra. Passa ahaver um, 86 diretor, Lucien Febyre, mas ele se rodeia, no comité dle direcéo, de Fernand Braudel, ‘que o sucederia na diregdo da revista jd em 1947, de Charles Morazé, de Georges Pried- sani e de Paul Leuillot. Essa equipe inclui novos colaboradores vindos de diversos ho: rizontes das ciéacias sociais, Aos historiadores Pierre Chauna, Pierre Goubert, Maice Crouzet, Claude Polhen, Maurice Lombard e Yves Renouart actescentam-se os gedgrafos Pierre Gourou, Roger Dion e André Meynier, os economistas Charles Bettelheim, Jean Fourastié ete. Conserva a revista, portanto, no pds-guerra, o seu papel aglatinador, © bom éxito néo é certo, porém, para os historiadores dos Annales, pois ainda vesta em sua longs marcha rumo & hegemonia este concorrente dificil de se deixar anexar tanto _mais que hd muito tempo tenta conquistaro seu lugar: sociologia, Tendo fugido do nazis ‘mo, Georges Gucvitch consttuiu, com eleito, em 1942, em Nova York, na universidade de lingua francesa, a Ecole Libre des Mautes Etudes, um institato de sociologla. Sex objetivo é proximo ao dos Annales: realizar 0 confronto das diversas ciéncias sociais, nas nesse caso se tomnou um luga-conmum, que as pessoas se casavam tarde na Frenga do Antigo Re- gime, contrariamente a0 que nos indicam as fontes literérias. A prética do matrim6nio tardio e a redusio do tempo da fecundidade que dele resulta foi o grande meio de con trole dos nascimentos ese generalizow para todas as esferas da sociedade entre os séculos XVJe XVIII, a ponto de a idade das mocinhas no primeiro casamento aumentar de ma- naeira espetacular, “clararnente inferior @ 20 anos no século XVI, chegs a 26,5 is vésperas dda Revolugdo ¢ se situa até ao redor dos 30 anos nas cidades’ (Poussou, 1995:328). A consulta sistemitica dos registros paroquiais pelos historiadores conficma essa auténtica ard dard ocasiso a uma grande a diego da revista, em raz dos fal evolugio cultural propria da época moderna e que mais parblicagio sintética, sob a diregio de Jacques Dupaquier (1988) A construgo do império Braudel Fortemente estimulado por essa efeevescéncia das citncias socials, Braudel tornou- se um verdadeiro consteutor de impérios: ourives em matéria de organizayao, preocupa- se sobretuco em consolidar e ampliar o territério do historiador, Gragas a ele, os Avmales ‘conseguem resistir sem problemas ao progresso do estruturalismo, pois tém uma base institucional cada vex mais sélida, A orientagio estruturalista, que tomou como modelo as nogies de estrutusa formal e de arbitrariedade do signo, definidas pelo linguista Fer- dinand de Saussure no inicio do século XX, &ento retomada pelo conjunto das eiéneias trauss na antropologia, quer por Roland Barthes na teorialiterdria, quer por Jacques Lacan na psicandlise. Representa, portanto, um consi- se tata de submet#-as a sociologia, Uma rede concorrente, formada de economistas, so- cidlogos ¢ einélogos,entte os quais Claude Lévi-Strauss articulada no teabalho comum do outro ladlo do Atlantica, pode, pois, disputar com os historiadores uma posicio de leader- ship no momento em que, em 1948, a Fundagio Rockielle se prope favorecer a pesquisa «em cincias sosiais na Europa. Georges Gurvitch, als, parece superar 0s historiadores em velocidade, a0 criar um Centre d'Etudes Sociologiques em marco de 1946, Tem a intengio decriar uma segio de cléncias sociais na EPHE, ou seja, uma 62 segio. hhumanas, quer por Claude Lev 208 As cORRENTES MIsTORICAS WA FRANCA A situagéo do pés-guerra & peopicia & criagio de uina 6 segio consagrada is citnciassocais,e 0s sociblogos parecem estar em melhor situagio para ter bom éxito em ‘seu empreendimento, Mas a escola sociologica durkheimiana, que convida desde 1903 4 unificagio das citncias humanas e & elaboracio de pesquisas realmente coletivas, fi debilitada entre as duas guerras, vé-se wm povco decapitads no pés-guer, pois Maurice Halbwachs morze deportado em 1945, e Marcel Mauss se aposenta de seu posto no Coll ge de France. A diregdo escopa, pois, 30s durkheimianos, em proveit dos historiadores dos Annales. 0 entéo diretor do easino superior, o fisico Pierre Auger, que fora pesgul- sador na Universidade de Chicago de 1941 a 1944, tem como inspirador de seus projetos em ciéncias socials 0 historiadoe Chasles Morazé, membro do comité de diresio dos ‘Annales. dois homens sio complementares, pois, por um lado, Pierre Auger quer criar ‘uma segio nova, consagrada is ciéncis socias na EPH, mas carece de créditos, que © ‘governo francés se vé na impossibilidade de Ihe conceder; por outro, Charles Morazé, secretitio do Comité Internacional de Cigncias Historias, jé se beneficiara de impor tantes subvengies da Fandagae Rockflle. Ambos elaborar a prieneira lista de diretores de estudos, entregue a fundagdo em 1947: "no comega, 0s historiadores constitulam 0 ‘grupo majortétio” (Mazon, 1985-128). Essa evolugio favordvel aos Annales, pots mola nos deparamos com seus principas coluboradores, deve-se quanto a0 essencial a0 peso de Charles Moraze no projeto da 6® seco. Ora, este dtimo nao s6 faz parte do comsité die diregio da revista, como acaba de criar em 1947 a Association des Amis des Annales, que mais tarde teré o nome de Association Marc Bloch, Lucien Febvre, no entanto, no se deia convencee por Charles Moraté send no outono de 1947, quando este he fz.com- preeniler que, se os Annales nio tomassem a iniciativa, Georges Gurvitch transformaria 1 seu Centre dftudes Sociclogiques em 6* sesio: “a ditegéo institucional das citnclas sociis core, entéo, 0 t8co de cair nas mios dos socislogos" (Mazon, 1985:123). Ante- cipanda-se aos socidlogos, Febvre é eleito presidente do primeiro conselho da 68 seg, em margo de 1948. ‘A histia evolu rapidasnente, como toda ciéacia hoje, Com mutes hesitagdet pastos em fats, alguns homens tentam onentar-se, cada ve2 mals, para trabalho coletive, Um da vind fem que se flaré ce “Lnboratrioe de histla” como realidades ~ e ser provacar sorisos intmicos. Nao se concebe mais o trabalho do economist sem wm instrumental cada ver raisaperteigoado.E, , portant, sem Investigagies bem acticuldas, Ante esse exemplo, que os toca de perto, contigo de equipes bem irelnadas bem formadas, historiadores hs que comesara despertar para uena concepgio nova do se trabalho Vio A HISTORIA SOCIAL "A FRANCESAT EM SEU APDGEL 208 ‘ou cuss geragbes:o veh senor er sua polrona,etris de fchivis estrtamente reservadas «40 seu uso pessoal e guardados com fanto cme contra. 0 lo gordo dos rvais quanto uma carteira num cofte —o velho senhor de Anatole France ede tantos outtos, teri terminage «sua insipa vida. Tet dado Iogar a0 chefe de equipe, alert edgil, que, dono de grande cultura, tendo sido trenadoa bscar na histéra elementos de soluo para os grandes pro Dlemas gue a vide, a cada dis, coloca para as sociedadese as civiizagées,sabers tragar 0: ‘quads de uma pesquisa, colocarcorretamente as pergontas,indicar com precisio as fontes de informagdo e, felt ist, aval a despesa, acertar a cltculagdo dos aparethos, definir 0 ‘mero des membres da equipe¢langar seu pessoal em busca da desconhecido, Dols meses 04 ts ou quatro: a coTheta esti terminada. Comesa a eleborasio. Leiturs dos microfilmes, Fichamento,preparagio das carts, das estates, de ropriamentehistricos com os documentos linglsticos,psicaldgvos, énicos, anqueolg- feos, confronto dos documentos 0s, otdnicos ete, que podern facilitar oconhecimento, Seis meses, um ano:2 pesquisa est pronta para ser enteegue ao pblico. A pesquis que um trbathadorislado teria levado 10 nos sem conseguir feta to rica, nem tio vasa, nem tio convincente, Mesmo s, sobre tudo, tvesseconcebid aides em toda a sua ampli. "Bo fim de tudo! Nao hi mais arte, Nao hi mais perconalidade. Una mecanizacio do saber, de novo e sempre, Uina a miss!” — Voc? achat Bs, por meu Indo, acho que amanha seri preciso mais intligénci, mals imaginagio e ampllafo de espirito — numa palavra, mals envergadtura, para colocar bem uma questéo tradiconalmente mal colocada — oa sobret do para colocasensim, pela primeica ve, uma questio que ainda ninguém colocou e que é _profundamente importante para a nossa inteligencia, tanto do presente pelo passade quanto do passedo pelo presente. F quem, entio, impedira o questionadar, o mestre de obras, de ter seu talento de escrtor?E de se valer dele para pr ao slcance de todos os cesultados da investigasio? (Febvte, 1989:426-427) Broudel, o empresério Fernand Braudel é designado par Lucien Febvre como o organizador da hegemonia, dos Ammales enquanto secretério da 64 seqGo e, portanto, responsive pela organizagio dela; @ ele também é confiada a diregao do Centre de Recherches Historiques (CRH), Ba partir desse centro, criado em 1948, que a pritica histérica dos Annales conquista progressivamente uma posicio hegeménica no ps-guerra: “criado pelos srs. Febvre € Braudel no protongamento da 6% segao, o Cenire de Recherches Historiques teve um inicio modesto e, depois, uma expansio crescente que faz dele hoje, na érea da hist 206 As cOnRENtEs sisrontcas wa FRANGA sia econdmica ¢ social, um organismo original, nico ainda na Franga e conbecidissime além de nossas fronteitas” (relatério do orgamento para o exercicio de 1959, apad Ra- phaél, 1993:6). © CRH conseguiu torar-se © mestee de obras dos trabalhos de equipes, rompendo assim com a pritica goiticia do fundista, costumelra entre os historiadores, Garantiv, por outro lado, a difusio dos seus trabalhos, gragas a uma rede cada vez mais, sélida ¢ ramificada, tanto no interior da Franga quanto no estrangeizo, onde se reen- contra o espago cultural proprio as pesquisas de Braudel sobre os paises mediterrineos, mas também outros paises, em especial a Polénia, pais com o qual sio organizados nada menos de dois coldquios no ano uuniversitario de 1957/1958, A difusio do Cente logo atravessa 0 Atlantica, ¢ se multiplicam os contatos com os palses da América Latina, entre 1957 e 1965, bem como com © mundo anglo-saxdo: “os acordos da 6 secio com a universidade de Princeton abriam caminko para ui intercambio regular em nivel de pprofessores" (Raphael, 1993411) (Os recursos do Centre, porém, exam modestos no comego, em 1949. Reduzia-se a um pequeno secretariado dirigido por um arquivista-paldografo, auxiliado por dois secretirios,¢ sua tarefa era agambarcada pelo exame de documentos de historia econs- nica dos séculos XVI e XVI E a importineia crescente do CNRS que permite a Braudel recrutar um ntimeso cada vez maior de estaghirios ede assistentes de pesquisa e alcansar, assim, a soma de uma dezena de colaboradores diretos em 1952/1953, aos uals s jun- tam owrtos pesquisadores em maior niimero, remunerados pelo CNRS. Ea época em que major a influéncia dos centros de interesse de Braudel nas investigagdes desses jovens pesquisadores recrutados muito cecentemente: “o programa da equipe reunida ao redor dele era a descricio concreta © completa das estruturas e conjunturas econdmicas dos séeulos XVI e XVI (Raphael, 1993:23). “Lucien Febvre epreciou com hucidez em Braudel a sua capacidade impar de organi- zador, de dirigente ea sua capacidade de gankar a confianga do outro lado do Atlantico, Para Fernand Brandel (19862222), a 68 segao & um instrumento decisive num processo mais vasto de ingestio das cigacias sociais em provetto do historiadot. Ha alé uma boa lose de canibalismo ema sua estratégia:“€ preciso compreender qual éa ligio dos Annales, dda escola dos Annales. E que todas as cigncias humanas sao incoxporadas & historia © se tornam ciéncias ausiliares Fernand Braudel, homem de poder, aproveita « oportunida- de, que permite realizar 0 agrupamento desejado pela primeira geracio, dando-the uma base institucional, Se no foi, como ele mesmo reconheces, um homem de revista, em compensacio brilhou como constrator, edlficador de uma escola. Akém disso, oferecia aos americans a garantia de ums adesdo a um mundo atléntico que se separava cada vez. A WISTORIA SOCIAL “A FRANCESA” EM SLU APOGEU 207 mais da grande poténcia sovietica continental. Se dé garantias aos americans, nem por isso aceita a submissio a eles. Procurando economistas para 2 6 so¢%0, defende Charles Bettelheim em 1948 e faz dele o primero diretor de estudos em regime de dedicagio exclusiva eleito em marco de 1948. Néo se pode dizer deste tiltimo, especiaista em eco omia sovietica, marxista, que corresponda a0 perfil do atlantista do pés-guerra. Bssa nomeasio revela a independéncta de espirito e de politica clentifca utlizada na 68 sega0 por Fernand Braudel, que ndo se deixou itudir, mesmo no meio da Guerra Fria, quando as pressées se tornariam cada vez mais fortes da parte dos americanos. Ele se recusaré.a se separar de Jean Chesneaux e também impor aes americanos Annie Kriegel, Claude Frioux, Georges Haupt ete. (Demoulin, 19866}. [Em 1951, Lucien Febvre e Feznand Braudel solictam de novo tim programa de f- -anciamento a Fundacio Rockfeller. Os fundos cancedidos, com efeito, foram até entéo modestes: s6 um quarto das subvengSes postas 4 disposigfo do Instituto Bcandmico de Charles Rist, Tata-se, pols, de dar um segundo fblego a uma 6 segio ainda pobre, ea justificaglo dessa solicitagao & desta ver feta abertemente em nome da prioridade dada a histéria, Trata-se, entio, de sustentar financeiramente a organizagio de coldiquias in- terdisciplinares, bem como o programa do Centre de Recherches Hlistoriques dirigide por Fernand Braudel, que prepara toda uma série de estudos sobre os portos, os triicos, as rotas, os intercdmbios econdmicos internacionais no fim do século XV e no inicla de séeulo XVI Fernand Braudel nao desdenha, durante a década de 1950, 0 ensine da historia nas estruturas universitirias clissicas, cuja transformacio radical os Armales postulam. Re- {toma a heranga dos dois pais fundadores da revista, quando haviam sem sucesso tentado :modificar profundamente a agrégatior na década de 1930, tanto mais que se encontra em melhor situagio do que eles, pois é nomeado presidente do tii de agrégation de 1950 a 1995, Sem dlivida, nem por isso a concurso é abalado, mas seu presidente péde valer-se da sua posigio durante cinco anos como tribuna/tribunal em nome de critérias novos, que eram os dos Annales. Michel Vovelle (1986) conta que conheceu muitos candidatos {que se apresentaram para a agrégation quando Fernand Braudel presidia 9 seu jri ea0s |quais ele teria dito, com uma ponta de desclém, que sua exposigio ni cheirava suficien temente a esterco, como Lucien Febyre crticara La socieé féodale de Mare Bloch invo- cand o fato de que ela nfo tinha suficientemente cheiro de terra. A mudanga de tom, de perspectiva, & manifesta nos relatérias ritmais do concurso de agrégation., Neles convids, cm vez da sempiterna constatacao do baixo nivel, transformagio do ensine superior, & ‘sua abertura para a histria econémica, a uma melhor formacio dos técnicas cleatlicos, 208 As CORRENTES HISTORICAS NA FRANCA [A MISTORIA SOCIAL "A PRANCESA” EM SEW APOGEU 203 4 descompartimentalizagéo: “cada veo. mais a historia implica, quase estruturalmente, 0 conhecimento dos grandes resultados e dos métodos das cléncias sociais vizinhas (e nto 46 da geogratia)” (Braudel, 1954:226-284). Alguns candidatos a agrégation desse perio- do dio testemunho de uma mudanca substancial, como Frédéric Mauro (apud Daix, 195.262), que ressalta que a agrégation de historia “deixou de ser com Bratidel esta cor- rida de velocidade com a meméria a que haviamos sido submetidos. Ele tornou a ‘agres? mais inteligente™ No entanto, fracassa em sua tentativa de renovagao do moi venerivel vem & luz e tem um sucesso crescent, com a criagio a cada ano de novos centros: 40 centro dedicado a Africa, constituido em 1956, seguem-se os centros dedicados& india, en 1957, & China, em 1958, 4 Rissa, Buropa oriental e Targus, em 1960, e depois desta dha cetea de 20 outros cenros viram lar (Lombard, em Revel e Wachtel, 1996:115) ste programa das reas culturais permite um desabrachat quantitativo decisivo da 6° se¢40, pois asistimos a um sumento espetacular no nimero de dietores de estudos: 32 «em 195, so 67 em 1957, 84 em 1961, para chegarem a 110 ens 1966 (Revel e Wachtel, 1996:22. Além disso, em 1959, Fernand Braudel obtém do Minstéio da Educago Na- pleto, na paca, da Buropae, aproximadamente, do mundo ino, Sem divida, tas perodos ‘ronolégicos no tém um valor sbsoluto. Por outros harbmettos, oda crescimentoeconmico & «darenda ou do produto nacional, Frangos Perronx nos oferecera outros pada, avez mais Jidos. Mas pouco importam esssdscussdes em andamento! O historiador dispoecertamente de lum tempo novo, eleva altura de uma expicago em que hist pode tentarinscreverse

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