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np Lope oo “akmo 7 riya ety Ait rig a bells mtn receded Fravttrg, | on ln'bal tay ripe, ian by erwvaliag O76 (BAe. we fob Ban - xl 1aflenb cps 4 eurcetityute pug MFiey Cie Brat core § heylediyuase poor 7 potas SG nace” ely feguurrly Grove 09.0 fet 0 Firble ora ony PtobiLade Os estudos africanos no Brasil: veredas Valdemir D. Zamparoni”* op 7 0m peered Educasio e diferenciagSo étnico-cultural 7 Educasao e diferenciagdo étnico-cultural européia, no somos menos tributirios de varias cultur Nossos curriculos, no entanto, so eurocéntricos. Nos cursos de Historia os eBipcios ¢ mesopotamios desaparecem pura ¢ \jsto infelizmente nao se restringe a Historia enguanto lina. E nas Letras e nas Artes? Nos cur simplesmente quando a Europa torna-se hegeménica, A Asia ¢ a. teraturas ou artes afficanas. Estas, em geral pegam carona nas Africa aparecem e desaparecem no como possuidoras de sia prépria fura_¢ ares portuguesa, ingless ‘ou fi idade mas como apéndices na Historia da expansio européia francesa, jsto na feliz hipétese do docente encarregado das mesmas ser Passado este capitulo, desaparecem misteriosamente. Fica-nos a impressto de que deixaram de Qualquer brasileiro que tenha passado pelo primeiro grau certamente j ouviu falar da cidade estado grega, do Império Romano, do Sacro Império Romano-Germinico, das poténcias aliadas; de Alexandre, Nero, dos varios Luizes, Napoleio, Churchil, Roosevelt, ou g uma pessoa sensivel a estes assuntos, Quantos ja leram ou a0 menos ouviram falar de Luandino Bernardo Honwana, Mongo Beti, Birago Diop, Amos Tutuola, Chinua Achebe, Sembéne Ousmane ou ao menos do prémio Nobel de ratura, Wole Soynka? Quantos universitdrios bras FOS. ram falar da rica ¢ expressiva esc: wuta makonde?—>> ZS caves n, mas quem jé ouviu falar dos Ashantis, Yorubas, Mas este distanciamento em relagao 4 Africa nem sempre Bakongos, Makondes, Xhosas, Macuas ¢ gxistin Até 9 terseiro, ulo_passado, ou seja hd pouco Monomotapa, dos teinos do Daomé, do ‘mais de “um século, 0 Brasil, metido até 0 pescogo no trafico de Mussa Keita, ‘escravos mantinha intima relaggo com a costa ocidental de Africa. o ‘Tehaka e Ngungunhana, Amilcar Cabr Familias de traficantes estabeleciam no litoral africano seus Nyerere ou Samora Machel? Alguém jé estudou a respeito? Ja ouviu descendentes --- geralmente os filhos bastardes mulatos vi = como sequer falar? © que sabem do, ANC e de Nelson Mandela, seno representantes de seus negécios; negros forros voltaram para a Africa algumas palavras superficial - em busca de suas origens onde estabeleceram-se como “senhores" Esta pritica ilusionista no 6 apanagio da dita “historia como bem demonstrou Pierre Verger e Manuela Cameiro da Cunha? u conservadora. Marxistas ou nao, ortodoxos ou adeptos Bem ou mal havia um amplo i ia Nova" todos parecem ser modernos adeptos de Hegel; a ‘nda a escravatura, em 1888, parece que uma aminésia tomov Africa, afirmava 0 filésofo alemio, ndo tem conta do Brasil, Na verdade, nao era uma_ampésia_natural mas proprio, sendo o de que os homens vivem oposital_ Era preciso extitpar da "Historia patria" aquilo que era selvajismo, sem aportar nenhum ingrediente civilizagao"! Sonsiderada uma nédoa prejudicial a nova imagem do Brasil agora acrescenta: "Nesta parte de A\ referindo-se Africa negra -- ||_nto pode haver na realidade histéria. Nao hé mais que causalidades, surpresas, que se sucedem umas as outras. Nao ha nenhum nenhum Estado, que possa perseguir-se; nfo ha neal subjetividade, sendo somente uma série de sujeitos que se destréem.” | HEGEL, G. W. F. Leceiones sobre W Buenos Aires, Revista de Occidente, 1946, 2 Idem, Ibidem. p. 184 * Pierre Verger. Fluxo e Refluxo do Trafico de Escravos entre ao Golfo de Bénin e a Bahia de Todos 0s S Corrupio, 1987 © Manuela Cameiro'da Cunha, Negros E: Escravos libertos € 2 sua volta & Africa. Séo Paulo, Bras! Ver ainda Richard David R: "emando Augusto de Albuquerque "In: BOAHEN, sob domina¢20 coloni ilosofia de la Histéria Universal. p 8h. 106 Rev. Educ. Publica, Cuiabi.v 4.0 5. 1998 Res ‘on ———_—_—— Educagao e diferenciagto étnico-cultural ada ver mais evropen devido so erescente inca e a migragdo Granca em substituigao a forga de trabalho sera ‘© Brasil nao podia fear de fora da_nova moda européis. resentada pelo positivismo , ‘extos de Darwin e Spencer eram evolucionis inismo 506! popularizados na_imprensa, paul representante duma cidade progressista,scientifica e laboriosa, suas "ee impregnavam nossa Cimergente literatura naturalista’. Mas no st tratava apenas de crvortazao equivocada e descontextualizada como & Mi eceuS, orci trreversivel da escravatura como sistema Jt Jumbrado tom a sucessiva legislagao abolicionista do aitimo quartel do século Sein exigia repensar 0 futuro. As idéias do daneinisme Tt nto we vam pois fora do lugar; suas teses passaram @ servir cOmG ceritérios cegetinidores das diferengas sociais no momento em ae 0 venhor/eseravo agonizava® Com a aboligae. $610 a Republica senhorfemente positivista e 20 novo Brasil era necessirio crf S08 rarcrvde nacional, distinta dos_vizinhos_latinos/indigenss: &°° far uma nova imagem jpaco caberia a0_ne Jesde_0 século XV. SO poderiamos atingir as as de civilizag whe Bac FP AD earas aos republicanos, 4 estrangeiros ¢ nacionais cultos ~ degenerada, Tal apuramento civilizat creseente injegdo de sangue europen Pos dda populagio © pare que tal projeto ndo corresse se08, Pr ‘como demasiada mulata, como fio se faria somente com @ itando o branqueamento sea DS. oe J Ve SCWARCZ, Lilia Mori. © Espetaculo das Ragas - Clemite Instituigdes € Questdo Racial no 1870-1930, Sd Paulos ‘Companhia das Letras, 1993. P32 Op. cit, ¢ SKIDMORE, Thomas. Preto np dade no pensamento brasileiro, Rio 4 6 Ver SCWARCZ, Lilia M. Op. cits p.18: 108 rev ve Pablics, Cuiads 4m ,janJiun. 1998 § Educagio e diferenciagao étnico-cultural ae entrada denovos contingentes i negros.€ asiéticos?. © Censo Demogréfiso d= 1890, 0 primeiro republiano, ja nos mostra este fendmeno: na regio Sudeste, para onde secanalizava a européia, 61.6% da populagdo era branca, 24.6% mi agra, js para o restante do pais os brancos representavam_36. f warn_36,5% 08 imlatos 48.5% « 08 negros 15%. Em termos ngcionas temos: 44% de brancos, 41,4% de mulatos ¢ 14,6% de negros8, ou sea gem? A ~Zonsiderar os desvios em tal classificag&o, ja que em tal conjuntura era . melhor classificar-se como branco, temos que_56% de nossa g & populagao era de origem africana. Nossos homens de ciéncia em sua & 3 Tmaroria coimbrios de formagio nao estavam s6; também para ao: negros da Africa preconizava-se 0 cruzamento com ragas spetioes como unica via para sua evolugao9. perons a nh foiotaraie us racemes estos afticanos no il. © pioneiro, maranhense de nascimento € bahiano de adogao, fa Bahia, 2 iio escapou a tal percurso!®. Embora seus estudos!! 7. Segundo o Dect Segundo Decreto a $28 de 20/06/1890 ef RODRIGUES, José Honig. € Africa: outro horizonte. 28 ed. revista ¢ aumentada, Rio de 8 Dados obtidos a panir de HASENBALG, Carlos A. Discriminagao engages acs oo Br : Taco Basi Rio else SCHWARC2Z, Lilia Moritz, Op. p. 251 % Gal Bp Pe ay, Ver por exer Ver por exempla OLIVEIRA MARTINS, .P. de. © Braal «a Coldniae iguesas. Sa ed. augmentada, Lisboa, Parceria Antonio Maria Pereira Livraria editora, 1920, p. 286 0 y, ‘ee no gue tange a inser ds XIX no some ras empl de sokdade Wasi: CORREA, Marca At iss da berdade.& Eacola ina Rodrigues ¢ 2 antropolgia 9 lo, tese de doutoramento defen Bra St Pi Joutoramento defendido junto & FFLCH/USP. "Ver der sua vasta produgdo: Os mesticas. bras ita des negros baianos, Rev. Edve Pi Publica, Cuiaba, v. 4, $,janjun, 1995, 109 ‘0 Educagdo ¢ diferenciaydo étnico-cultural ariassem 1 tendéncia @ amnésia dominante entre a6 classes contr peemanicas 20 partirem do pressupost de que havi no Br Juesido negra que era preciso enfretar ele © faz numa perspectiva gusfucfonists etnocéatcica, em busca da solusto desta questo de erene_ soci]. Seus estudos esto intimamente vingulados SO & —higiene social we Tigio de nossa nacionalidade € nossa inseryko no mundo civilizado: que importa ao Brasil determinar éo quanto de inferioridade the advém da dificuldade de civilizar-se por parte da populagdo negra que possui ¢ se de todo fica ‘essa inferioridade —compensada —_pelo mestigamento, processo natural por que 0s negros se estdo integrando no povo brasileiro, para a grande massa de sua populagao de cor. Capacidade cultural dos negros brasileiros; meios de promové-la ou compensd- a; valor socioldgico ¢ social do mestico dri africano; necessidade do seu concurso para 0 achimatamento dos brancos na = zona imteriropical; conveniéncia de dilui-los ou compensé-los por um excedente de populaeao branca, que assuma a diregao do pais: tal é ma Tn. Revista brasileira, Rio de Janeiro, 1896, Métissage, dégimescenes sn vine: in. Archives d'Anthropotogie eriminelie, Lyon, |899: & cece stant vrabalho publicado em parte no Jornal do Commerc rato de Taneito, 190S sob 0 titulo O problema da raga neg tO a ee portuguesa depois completo como Os africanos no Brasil Se ai ee Editor Nacional, 1932, edigho que veio & v2, 26 anos aps © paste do autor, Para a produgo completa do autor ver a 4% edigao dese titima obra datada de 1976. 0 Rev, Edye. Piblica, Cua, v4. $.janzjun. 1995. Educagio e diferenciagao et sua rigorosa feigdo o aspecto por que, no Brasil, se apresenta o problema o negro”!? Coeténeo com 0 espirito cient qi jrito cientifico dominante, néo admirar pois, sua afirmagao de que we "A raga negra no Brasil, (..) hd de constituir sempre um dos fatores da nossa inferioridade como povo'"e que "consideramos a supremacia imediata ou mediata da raga negra nociva & nossa nacionalidade, prejudicial em todo caso 4 sua influéncia nao sofreada aos progressos ¢ & cultura do nosso povo"!4, Nina Rodrigues, entretanto, tem grande mérito por ter recolhido as memérias dos velhos ex-escravos bahianos, fonte ainda foje fundamental e de ter contrariado a noga0 corrente no pais pata neiova ios, edule fodos 0s neqios 4 eategor de aficans negando eso dito especiedade e1prgria hstéria-Sus os procuram justamente evidenciar e reconhecer, alavias, as igas Tics, culturais © morais dos negros brasleiros como Tategrantes do patrimOnTo cultural nacional, ainda que as considere ‘em relagSora Coniribuigio do branco europeu camber aE Baas 1903 1949), discipulo de Nina Rodrigues, tambem ele médico legit com formago em psiquiatria ensinou na {aus de Meicna da Bahia ¢ depois, nos anos 30 ¢ 40, ensinow Anwopologia a Universiiade do Brasil no Rio de Janeiro ;edou pelos estudos do negro no Brasil. Em relagao a seu mestre, Arthur Ramos de Artur Ramos deu alguns pssos aiante. Abandonou 35 antiquadas raciais e, fortemente influeficiado por Herskovits (1895/1963) \UES, Nina. Qs africanos no Brasil, 49 ed. Sd0 Paulo, 977, pp.264:5 mm, tbidem, p. 7 Rol Rey Edve. Publica Cuiaba, v 4. $,yanjun. 1995 yeh tavero Dos FUR ‘Ss tomou deste 0 conceito de cultura € de r implica no abandono do etnocentris presente eft fal teoria desigua num arate cultural, As influéncias de Lévi-Bruhl mentalidade pré-logica primitiva fizeram com que visse os negros arene seres inferiores culturalmente passiveis de serem aculturados'# Mesmo tendo avangado, Arthur Ramos, talvez por sua formagdo méd fluéncia da antropologia fisica que ao longo do séeulo desenvolveu 0 concelto de tipo!S. Sua caracterizagao dos efan como sendo “ferozes ¢ turbulentos” ¢ dos eles como “fetichistas, gro: scivos"T® é um perfeito exempfo da manutengae dos preconceitos destilados pelos europeus a0 ‘Tonga de quateo séculos de contato com os afticanos, qué ésperava-se Ta tivessem sido abandonados, ao menos por quem pretendesse fazer ciéncia ng século XX. Seus estudos de Africa visavam dar uma resposta para 0 conhecimento do negro brasileiro e inseriam-se em um novo momento do repensar de um projeto de nagdo brasileira que emergira virulentamente com a Semana Moderna de 1922 ¢ que se iraduzia num novo alinhamento das forgas politicas Expresso com 0 movimento tenentista_da_década_de_20. Novas forgas sociais emergiam, rompendo com redefinir a nogao de povo © nagao. Os intelectuais modernistas, texpresséo das novas forgas sociais particularmente fortes em Sao lrompem com 05 _pairdes_estético-ideoligicos até entdo (os nos valores europeus e priorizam o nacional: as cores vivas, fs plantas e animais de nossas florestas, o nosso falar. a nosse comida, © nosso jeito de ser, 0 nosso folk-lore, a nossa gente, enfim, ‘Amhur Ramos. O Negro Brasileiro: psycanalyse. Rio de Janei izacto Brasi 15, Ver a respeito: Michael Banton, A Idéta de Raca. Lisboa, Ed. 70, 1979. 1a ulturas Negras Rio de Janeiro, Casa dos Estudantes do Brasil, 1972. p. 110. ue Rey. Educ, Publica, Cuiabs, v 4, n.5,janJ/jun, 1995 Educagio ¢ diferenciagao étnico-cultural revaloriza-se © papel dos. segmento: formagao cultural nae negro de nossa Neste mesmo espirito Gilberto Freyre organizou em Recife, ‘em 1934, o | Congresso Afro-Brasileiro ¢ Edson Carneiro sua segunda 10 como, 9. 1a Babia, trés anos depois. Para estes autores, assim como para Manuel Querinol7_a Africa surge na proprio de estudo, com sua espe: complemento 4 compreensio da dita "questéo negra” . como uma ferramenta para o entendimento ¢ elaboragao de uma imagem de povo, pata a formacdo do cardter nacional br constituindo um objeto idade e historicidade, mas como 18 Gilberto Freyre -- pioneiro no desvendar de temas 36 recentemente redescobertos pelos historiadores ¢ socidlogos relagdes raciais_n cia possibi a0 analisar a formagdo social brasieir fade vista na miscigenagio corp. casa_Grande &_Senzal tada pelo ransformou a ada_no mulato, em rompeu com os idade do caréter portugués acabou por transformar seu trabalho numa das mais importantes obras de m ficagao acerca das Diluiu os conflitos ricico-sociais num cruzamento entre a léncia ¢ sensualidade da mulher africana ¢ indigena com uma ‘Suposta inata cordialidade e auséncia de racismo do homem portugues, "7. Ver CARNEIRO, Edson, lore. Rio de Negros Bantu fe Jaceiro, Ci QUERINO, Manuel. A Raga Africana ¢ 0s seus Costumes. Salvador, Progresso, 1955, 8 Para uma analise do significado de tal postulago ver o pioneiro: Dante Mor ‘a Leite. © Carater Nacional Brasi 4a. ed, S40 Paulo, Pioneica, 1983. ira: Historia de uma edigao é de 1954), 19 AA primetra edigdo foi publicada no Rio de Janeiro pela José Olympio em 1955 Rev Edue Publica, Cuiabi, v. 4,9. 5,3 jun. 1995 Tarde (@- En) 3 Ne ernie eprcewicio Bt 79) Fess Jesse Pole EX Dade Keer Dt ERAT RATER; PEC YP? —_— Educagao e diferenciagio étnico-cultural ez Celzee ny @ F grey 2 ta/e O/ ” 58? APB hirnomtsg Con 9 wes 6 Fae | oq Et 6 768E x Fi Educasao € diferenciagio étnico-cultural tea preciso etiar; no Brasit gm de uma pits onde todos vivessem Fra Precosumente, sem conflifos ov problemas € este Te, ae

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