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ia iis ay i ni DE — ah) prise cu i ech fe le ec sta pubiacio € resoado do Send de Sade, reaiado peta Xbrasco no Memo 10 de dover de 1998. com o apoio do Pubicagao fnanciada com recursos do Conve AbrascolGENEPI FNS a? 123/98 Ctalogagaa na Foe CCeno de lafornaeio Ciena ¢ Teenolopica Biba Lincoln de Feit x de vid esta em said. zanzad por Kita Barada 2. Indcadores de aie 3, rocesto side deny ‘ra, Ris Barns (ong) DD = 20,08. = 306 WORLD BANK. Population and Human Resources Di Health Policy in Brazit: adjust of May 15. 1989 (Chapter IL-2; 1-3; 1-4). WRIGHT. E.0, Theclass analysis of poverty. fy. J. Hlth Serv. 25(1):85-100, 1995, olen ena Pobi ‘YUNES. 1. & Raj. Tendéncia dels Moralidad po causas vilemasen a Pbk General yente los Adolescentesy ovenes de la regidnes de fas Amé Cad. Sade Pil, Rio de enero, 10 Sup. 1) 86-128, 194, CAPITULO 2 EPIDEMIOLOGIA, SAUDE PUBLICA, SITUACAO DE SAUDE E CONDICOES DE VIDA. CONSIDERACOES CONCEITUAIS Pedro Luis Castellanos -Introdugao x diasfornow-ce. lugereom r Pr soctat como pensamento, a existncia de uma consigerdvl cise da Saude Pablica na ‘América Latina, Anda que est expresso sje uilizada com diferentes conotagées, ace inuestionavel que existe, a0 menos, uma importante crise de hegemonsa do {iseuso santo. Nao nos inceressa agora analisar as origens eas consequéncias sta ese", Mas parece-nosessencia destacar que parte da mesina em ates nas «des conceituais, metodoligcas eténicas da Sade Piblica para responder 0s desafiospropostos peas ovas realidaes,sssim como no abandone de st ‘objeto de trabalho fundamental: a saide das populagées, O discurso sanitario, earregado de valores que todos assumimos e propagamos, rdou sua capacidade de ser hegeménico nos provessos de decislo a respeito das politicas de Sade, onde predominou por mais de cinglenta anos. Outros discursos {endem a ocupar esta posigio ov, pelo menos, discutem a valider de muitas das propasigdes fundamentais do discurso sanitario tradicional com base na percep¢o da necessidade de reformar os Estados ¢ as economias regionais dos paises. ‘Mostra-se paradoxal que esta crise da Satde Pablica acorra em uma época na ual assistimos a0 vertiginoso desenvolvimento da matoria das ciéncias que do sustentéculo a Epidemiologia e a Sadde Put Quimica, « Biologia, a Ecologia, a Antropologia, Psicologia, a Econom ‘85 Matematicas e muitas outras Em experimentado desen in sua capacidade de conhecer e wansformar seus respectivos objetos, tal como ern suas comiribuigBes para uma compreensio geral da natureza e da sociedade. jo, resgatando 0 que Superar esta crise de hegemonia do pensamento sani ihe € fundamental ~ enquanto este assumir que saide € dieito da cidadania, que é Fesponsabilidade do Estado zelat pela satisfacao deste 8, da mesma forma ‘que a da sociedade, em seu conjunto, € reduzir as iniglidades sociais na sate ~ Opmns D can de Sade, OPSIOMS. Same Boning Repti Dominicans requer, sem divida. que sejam revistos muitos dos fundamentos e métodos 3s de oulras ciéncias ~ jd superados - que utilizamos no campo da las quais se determina hoje o desenv ituais ¢ metodoldgicos da Epidemiologia ‘moderna’ (considerada, nos dias atvais,antiquada erm muitos de seus fundamentos conceituais bisicos) que todas aprendemos vida das pop. consequéncias na ago sani te quanto ao acesso aos servigos de Sade, mas também, ¢ este fto nos interessa destacar, na propria situagao de Sade, que no ccortesponde, necessariamente, ao acesso a servigos assistencias, Consideramos preciso reforgar o cardter de ben piblico da Sade Pi Ambito do discusivo e do ideolbgico, Mas, 20 mesmo tempo, € necessério a capacidade de a Sade Pablica assumir estas inigindades sociais como objeto de estudo e de transformacdo no esparo da prética da investigag&o cientifica © no das, ETE; O igorar a andlise da situaco de sadde das jportes da Epidemiologia e de outras de impacto das intervengaes. O ‘maior desatio de noss0s dias ~ para ns, trabalhadores da érea da Sade ~ & saber inqiidades sociais nesse ambito, Este desafio se nos apresenta ‘a0 nivel conceitual, 20 metodol6gico e nas modalidades de nossa prdtica cotidiana inas & definigio de A situagdo sa complexidade. Como tal, apresenta desafios q disciplinas. Nossa formaio e nossa prética soci Por isso, 20 abordar a situagio sai je descrever eexpl idade de sustentar de impacto sobre asi Para ur especialista da Epistemologia, € fc itagbes neste ‘campo. Mais do que demonstra erudi&o ou pericia, pretendemos contribuir para ‘orgaizacto do campo das reflexdes tedricas sobre Sade ¢ Condigées de Vide, da perspectiva de ur trabalhiador da dtea de Satide, na forma como estes surgem ein nosso campo de trabalho e utlizando linguagetn acessivel a qualquer trabalhador informado sobre os sistemas e servigos de Saude sentaremos algumas reflexes de cariter ba: sobre a Epidemiologia enquanto disciplina do campo da Saude Publica, a respeito da Situagao de Sadde e Condigdes de Vida e quanto a alguns conceitos tomados de empréstimo as teorias gerais das ciGncias, que consideramos expressivas para a sustentagao de métados etéenicas de estudo da Situagdo de Saude, Ainda {que nao faca parte dos objetivos deste trabalho, aludimos, quando necessério, a aspectos de cardter metodolégico e técnica que derivam, no terreno prético, de consideragdes conceituais que consttuirao 0 eixo deste ja nogdo de que a Saude Pi ida com problemas de saide das assim como de que 2 Epidemilogia é disciplina bisica do campo da sustentamos a tese de que 0 objeto de estudo e de trabatho da ‘oconceito de populagdes humanas e, mesmo que superficialmente, suas ‘conseqiitncias praticas para a investigagao epidemi central €que 0 de organizagdo da tealidade diferente do individuel, ‘demandando abordagens conceituais e metodolégicas adequadas, Esta via nos conduz ao encontro dos desenvo| mas Complexos ¢ Adaptativos e a algumas seferéncias acerca da" proposta meiodelézica de Mf Dadi ‘aproximagao ao manejo de unidades. varidveis e indicadores de diferentes niveisem delineamentos de inv Posteriormente,esbogamos reflexGes sobre Reproduso Social das Condigbies| de Vida como proposta explicativa ds situagdo de sade das populagées e,finalmente, introduzimos alguns coment ropriadas quase que textualmente; em outros, ocorreram reformulagaes e avangos importantes. Muitas ou todas as idéias deste trabalho serio retomadas, sem divida, em outra oportunidade, na medida do possfvel. I~ Epidemiologia e Satide Pit A Epidemiotogia ¢ discipline basica do campo da Saude Publica. Tem, como objeto de estudo, 05 fendmenas de sade de populagses e em populagdes, Isto no invalide 0 fato de que as ferramentas conceituais, metodoldgicas e técnicas da Epidemiologia tenham sido wilizadas para outros fins. mas contibui para delimitar ‘© que, segundo nossa experiéncia, constitui o campo especifico da Epidemiologia. 2.1 Epidemiologia de Populagdes e Reformas Sanitérias no Século XIX ‘A Satie Piblica, como assunto de Estado, surge nos séculos XVIII e XIX. Nesta época. o iteresse coletivo, da comunidade, é incorporado como assunto de Enter 0 uabalhos epidemioligicns pioneitas, cabs dectacar-os-estudos-de Estado. Sem dtivida, a Revolugdo Francesa e a Revolugto Industrial tiveram papel relevante no processo de constituic3o da Saude Publica. No primeito caso, pela ‘concepedo do Estado pela condicto de cidadania: no outro, pelo impacto negativo sobre as condig8es de sade da populag4o, assim como, e a0 mesmo tempo, por sua cerescente necessidade de trabalhadores concentrados na drea ‘Sem dévida, muito antes haviam sido adotadas medidas que hoje podem cconsideradas como de Satide Publica, mas as quarentenas da século XIV, porexemplo, € 0 isolamento de pessoas doentes. bastante ant 32 época, no foram das © aplicadas em fungao do interesse coletivo ds populacdo, mas sim como forma de protesdo da nobreza ou dos comerciantes, sto 6, Favorecendo setores ;pulaco, ou como expressio da caridade. iedade para com o: mais desproveaidas. fno, se desenvolve também como dis. partir de fins do século XVIII e no século XIX, embora existam antecedentes de evo. J HipGcrates empregara os termos Epidemia e Endemia com significado bastante proximo ao atual, sendo que o termo Epidemiologia foi provavelmente tilizado na Europa desde o século XVI. Lind, Casale Bak qual demonstrou Em 1753, James Lind publicou seu estudo sobre o eseorbuto, no em alto mar ¢estabeleceu ic. Em 1767, George Baker epresentou 0 a de Devonshire, demonstrando o papel da contaminago da Cidra de mag pelo chumbo, em seu processo de produgdo. Casal, na Espanha,em 1762, estudou apelagra e demonstrou sua vinculagao com a dieta dos pobres, quase exclusivamente & base de milho; descreveu a histéria natural desta doenga, comprovando que vérios quadros clinicos, que se pensava diferentes, na realidade cortespondiam a diferentes estdgios da ‘mesma deenca! Contudo, a maior parte destes estudos pioneiros sobre doengas especificas, 8 situagao de sade das populagses como objeto de estudo da Epidemiol A Epidemiologia, enquanto disciplina basica da Saiie Pablica, se desenvolve ‘com grande forga no século XIX. quando se consolidam na Europa os Estados ‘epublicanos, reconhecendo-se 0: res iguais’eatribuindo- se a0 Estado a responsabilidade de zelar por (05. Provavelmente esta Epidemiotogia vinculada a Sate Pablics iniciou-se em 1840, na Franga, com 0 estudos de Villermé # respeito da satide dos trabalhadores do algodo*, nos quais, emonstcou a relagio enire s saude e os processos econBmicos, da mesina forma ‘que evidenciow a relagao da mortalidade com a pobreza mediante suas pesquisas Sobre a situaglo de saide em diferentes setores de Paris. Os conhecidos de W. Farr na Inglaterra, apresentados em 1864, seguiram as orientagdes ea est de investigagao de Villermé, iferando estudos que hoje sdenominariamos ‘sobre a situagio da Saide'. O debate polarizou-se entre. por um ‘5 ‘contagionistas'. em geral conservadores e defensores do status quo e dos l&gins dos setores sociais predominantes: e, por outro lado, aqueles que a eles ‘se opunham a partir de posigdes mais progressistas e vinculadas aos movimentos socials emergentes. Entre es 105 estavam situados os de pensamento mais voltado para o social, que atribufam as doencas a pobreza das maiorias, destacando- se: Virchow, na Alemanha; o proprio Villermé, na Franga; Alison, na Escdcia: ¢ 05 serra, Estes dois, colocando a {que sustentavam a teoria ‘miasmdtica’, como Farre Simon na In ‘ltimos setore inham em comum 0 repddio a teoria contagioy nas condigdes de vida e do meio ambiente. nna Inglaterra se desdabrou se aticulou aos pracessos econémicos Chadwick, com seu famaso ipforme de 1842 acerca das condiges sa sbalhadores da Gra Bretanha, assentou ‘as bases paraesta reforma, De uma perspectiva fortemente conservadora, Chadwick desenvolveu a reforma sanitéria, implantando 0 atendimento médico no local de trabalho, @ regulamentagio dos horérios de trabalho e a limitagio do trabalho de criangas e mulheres, essencialmente inspirado na necessidade de reduzir os conflitos sobretudo, trabalhistas, procurando, ao mesmo ternpo, forgar as grandes ‘massas de camponeses a mudar-se para o espago urban e a inserir-se em postos de trabalhos na indistria nascente, Parslelamente aesies avangos quanto as candies da aboligo dos direitos sociais contidos na ‘antiga’ Lei dos Pobres, que incluia auxitios e servigas prestados aos lares dos desamparados, predominantemente rurais. Quanto a0 atendimento médico, 1s camponeses eos no trabalhadores somente tiveram como alternativa os odiados silos. predomin Praticamente em todos os pafses europeus da époce, em diferentes graus, desenvalveram-se notéveis agdes de Sate Pablica, incluindo o saneamento basica turbano e @ melhora das condieSes nutricionsis e de trabalho. Extes debates, brevemente resenhados, apoatam para explicagoes gerais da tuago de salide e doenga mais do que para doencas especificas. Isto é, sobre @ 5 i lagdes. O que poderamos denominar como a do.que a ‘Epidemiologia de qué’. Poristo estiveram. relacionadas diretamente ds decisdes do Estado no que diz respeito as politicas e planos de Saude e as articulagSes da situagao de sade com (5 processos de desenvolvimento econémicoe de consolidaeao do modelo politico ii yedominante. A demonstragdo de que a situagio de sadde nas cidades ~ repletas de epidemias, com elevado nivel endémico de doencas infeccioses e alta rtalidade precoce, sobretudo da classe operiria~ se vinculava estreitamente aS ‘condiges deterioradas de vida e de trabalho, fez parte das lutas sociais da época, {que deram lugar & adosao de politcas de Sade PUblica por parte dos Estados. Sem divide, estas intervenges tiveram impacto significativo, periodo, estudos sobre 10 ndo que dizer que nio se efetuaram, n doengas especificas. Ao contrétio, foram deses .trabalh epidemiologicos sobre problemas especificos de sade que tiveram grande impacto no controle dos mesmos, Mas certamente ndo foram esies os predominant (© famoso estudo de Snow sobre o modo de transmissao do Céleraem Londres. ‘em 1854, uilizando a teria contagionisiaeaplicando de modo magistral as estratégias metodolégicas de investigagdo epidemiol6gica disponiveis, demor importancia da transmissdo e do contégio para 0 cot pelo menos vinte anos antes de se comprovar aexi Asta mesma época correspondem os e sobre a epidemia de Sarampo nas ilhas Feroc, em 1846, nos qué ‘exemplarmente o perfodo de incubacio ¢ o pape! ‘curso da doenga, Nao se pode esquecer os est sobre a Febre Puerperal e sua profilaxia mediante a assepsia ea ant dos obstetca, sia das mios [No século XIX. foram realizados trabalhos expressivos em outras latitudes. Na América Latina, cabe destacar os trabalhos de Daniel Carrin sobte a Verruga Peruana, publicados em 1886. ressaliando a importéncia da situacio geogréfica de resid€ncia 0 que hoje denominamos ‘focos’ - ¢ enunciando sua possivel etiologia ‘05 de Carlos Finlay, a respeito da Febre Amarela em Cuba, enunciando logia “viral” © demonstrando 0 papel dos mosquitos como meio de isso. e. anos depois, os de Carlos Chagas, no Brasil, patenteando a ctiologia Parasitériae os vetores da doenga que hoje leva seu nome. Na Asia, os estudos de Baron Takaki sobre o Beribéri em marinheiros japoneses, divulgados apenas em 1906, muitos anos depois. ndo somente demonstraram sua etiologia nutrcional, mas Permititam praticamente sua erradicagd0, Contudo, # Europa foi o ce desenvolvimento da Epidemiologia come disc -ada Saide Publica, Parece existir evidéncia de que, no contexto de Bpidemiotogia desenvolveu-se desde o inci Europa conturbada, a as em populagdes (“epidemiologia de qui cfficas de controle. Os extraordingrios avangos da Epidemiologia como disciplina, no século XIX, tiveram como base aarticulagao dos avangos produzidas em ambas as No contexto de uma Satide Publica nascente, por sua vez brigasiojuridica dos Estados de zelar pelos direitos dos dda Revolugdo Francesa (e da Declaracio de Independé: ‘Amética) ¢ das demandas soc! de trabalho, engendradas Indust expressio da associadas 20 Esta Saside Publica quai predominavam claramente Paises, até o inicio do sécula XX. interessa destacar ainda que a Epidemiologia, sob a perspectiva da Savide saide cle populagdes, iso é, os perfis de problemas de coletivos humanos: mesmo ue sua pratica no campo dos ervicos inclua também, nevessariamente, os estudos e doengas e problemas especificos de sade em populagées, para o controle das mesmas. A Saide Publica, desde seus primérdios, parte da comprovasio da fencia do diferentes situagdes de saide nas subpopulagdes, como expressio das diferentes condigies de vida e de trabalho, e é por'sua vez expressio do Feconhecimento ~ que passa a fazer parte do contrato social - da responsabilidade do Estado de propiciar as respostas sociais necessrias © possiveis para redu estas inigbidades. sic negara importncia dos extados epdemiolgicos sobre pulates. Mas de exabelecer una hrerqua entre dls mos fendmenos de said, quando a preacupayo cena a as santa Mesto que exstacomplementarcade en os anheinenicsproduzidos ap perspectivas,crisom ctereneas tuo a Sade Polen sue, como objeto de taba, cdo da Stde des populagbex «quando ase. como ala prevencao e contol de doengasespecteas.Embora no excun, po detnga,#stengao ss sformasSo sto a nguaces soci s Brochat da suas de sae, © predomino de un enfogue ndv ua reforgaparulamentea5mervengdes de atengao eden sobre ids. Aind que no exclu, obviate. a ervegbespopuaconas eset enema ser considera oto externas polica de Sade ecm todo caso Secunéris a0 desenvelvmenta doe servigosessistencias, Seu objeto do tansformagao a eqleela de eng expecta na populgso. a.de Estado. tem como objeto de estudo bisico a situagao de: 2.2 Epidemiologia nas Populagées e Satide Publica Posteriormente 20 perfodo reseahado, 0 desenvolvimento da Microbiologia tornou opaco o debate sobre as teorias gerais da situagdo de Sade. Passaram a predominar amplamente as teses etiologistas, derivadas das teses contagionisias do século XTX, que herdam delas, portanto, a aversio 2 levar em conta as condigées de vida e de trabalho, da mesma forma que os processos sociais em geral, como explicativos da situagao de Sade. Por um lado, 0 social passow a ser considerado como algo externo ao pracesso satide/ doenga, parte do meio ambiente, do cendrio no qual se debatem os agentes de doengas, sendo que os seres humanos hospedeizos passaram a ser vistos como, protagonistas dos processos determinantes da situagdo de sade. Por outro lado, com 0 descavolvimento da Clinica, tornou-se daminante nas ciéncias médicas uma concepgdo mecinica do corpo humano ¢ da prética médica restauradora, a qual, por sua vez, terminou por dominar completamente as isciplinas ¢ as intervengoes sobre a saiide. O predaminio de uma concepgao mecanicista das relagoes causalefeito e da Clinica como disciplina dominante no campo das intervencées em satide serviram de base ‘méTOdOs da Medicina preventiva se tornassem dominant A proposta preventivista nasce vinculada a0 pensamento elinico ¢ expressa a aspiragao de reduzir os riscos de adoecer dos individuos. Sua principal preocupagzo {e6rica tem sido: "Por que adoecem os indi viduos”’;nio mais ‘Por que as populagées tém determinado perfil de sade” ou “Por que determinados problemas si0 redominantes em determinadas populagées?” Ide uma cas. dominates. -miologia foi cada vez mais requisitada, terminando pot 2ssumi tudo de associagbes entre riscos problemas Epidemioogia tem sido cada vez mais 0 estudo de problemas de ual (Sobretudo docngas e riscos) em populacdes. Do ponto de vista que operam com unidades de 's que slo agrupamentos de idos a patirde aributos individuais, De fato, este extraoedinétio I de recusa e como 1g) toda influéncia que idividuos e 0s processos de cardier qulentemente, so denominados em \ide Publica fundamentada como sobre necessidade ia que assuma jonais de intervengio. Destacou, ainda, que, embora ambes no sdominio de cada lidade ao conjunto iniea ou mais orientada a transformer, com énfase na promosio da sade, as condigaes de vida e os perfis de satide de populagées. 1 que um enfoque populacional incorpora necessariamente a prevencio eo controle de doengas espectficas, Tamibém é inegével que todo esforgo. {e prevengio e controle de doengas exercera impacto sobre a saude das populagdes. Nao obstante, as consequéncias praticas para a definica estabelecimento de prioridades e a organizagao de interve © foco de interesse prioritirio ¢ a transformacio dos perfis de saide de diversas opulagdes e subpopulagses, sio diferentes de quando este faco de interesse est O predominio do enfoque populacional, por um lado, reforga o papel das interveng6es de cardter preventivo e de promocao sobre ci do meio, a melhotia das condigdes de vida e de trabalho, a melhoria da € nutriglo, entte outras. Por outro lado, o predominio do enfoque individual reforga intervengGes preventivas e, sobretudo, curativas, que incidem sobre individuos, tais como atendimento a doentes e diagnéstico precoce, entre outras. 3s de desenvolvimento econém 16850, 0 objeto de trabalho cia como conjunto de agrupados segundo certa taxonomia; Em geral, a Classificagao Internacional de Doengas. Nao é necessario sublinhar que s ndo so excludentes, mas complementares. De fato, toda Estratégia de io em Satide Pi lamente, uma forms de combina¢do de intervengaes sobre populagdes & sminio de um dos dois enfoques estabelece o car iervengao, No campo da investigac8o epidemioldgica, ha antes na formulagao dos problemas, na selego de unidades de is © indicadorese, por consegui procedimentos de andlise ¢ inferéncia. Mais do que isso, reflete-se no tipo de modelos teéricos concernentes aos processos de sade e doenga, & natureza dos desenhos de investigagao e & forma de modelar matematicamente as relagBes Imceragbes ‘caus Populagées e Individuos, Arquitetura da Complexidaide io, ocstudo da saide e doencade populagdes humanas. A esséncia de uma populagdo € a interagao de seus membros. Para compreender melhor 0 significado desta afirmacio, vejamos primeiro algumas das contribuigdes que a ria Sobre sistemas complexos vem oferecendo a0 desenvolvimento geral das Hierérquicos e Adaptativos para Estudos da Situagao de Saude 3.1.1 Arquitetura da Complexidade A tealidade natural ¢ social em que vivemos, e com a qual trabalhamos, é complexa, composta de intimeros objetos, seres e processos. No entanto, ‘complexidade néo¢ andrquica e possui uma organizagio, uma arquitetura, que man relago com os processos que deram origem a estes oi que explica| (ainda que nfo necessariamente funcione como preditor) as qualidades e os ‘comportamentos de cada um deles. Herber Simon’ e muitos outros autores contemporineos descrevem a arquitetura do mundo natu produzido pelo ser humano) como si {dos quaisinterage com outros subsistemas de seu mesmo nivel; por sua v objeto de estudo esté estrutarado internamente por subsistemas de ni ‘complexidade que interagem entre si. Desta forma, arealidade nos ¢ revelada como sistema eomplexo € aberto. com um numero praticamente infinito de niveis organizacionais acima e abaixo do nivel no qual situamos nosso estudo ou Intervengio. Qualquet que seja nosso nivel de abordagem, este fard parte de um sistema maior e estaré ‘cortespondendo a uma Em certo sentido, so parecidos com russas. em que, a cada vez que abrimas uma caixa ou boneca, aparece outra menor, ‘2 qual, em si mesma, € também 0 mesmo objeto ainda que de menor tamanho ¢ complexidade, A cada nivel organizational cortespondem qualidades emergentes que no. se expressam nos niveis inferiores Seno como potencialidades préprias do referido nivel. Estas qualidades so produto da interagio das subunidades que compdem ‘este nivel, sendo que sua expresséo como fendmeno csté condicionada pela forma ‘como interage com nosso nivel de estudo (como unidade), com outros sistemas de seu mesmo nivel ¢ no contexto dos sistemas maiores dos quais fazem parte. Estas qualidades emergentes aparecem somente quando a aiquitetura de nosso nivel de abordagem esté estruturada e existem apenas enquanto se conserva esta arquitetura Sio proguto da interagio das unidades que as compsem, mas nio podem ser estudadas em cada uma destas unidades de forma separada, Estas qualidedes, na linguagem de Simon e daqueles que, como ele trabalham com inteligéncia so denominadas compartamentas, Estas descobertase sua aplicapdo & organizagio em administragao valeram a ‘Simon, em 1978, 0 Prémio Nabel de Economia. Nao obstante,o fato mais importante elas € que langaram luz sobre os processos de pensamento e de resolugio de jemas por parte dos homens e abtiram car construgao de ‘sistemas especialistas’ isto €, aucomatos que ndo somente regulam seu comportamento de forma cibernética, mas que térn ‘capacidade de aprender. 3.1.2 Complexidade e Investigacao em Sauide E aii avaiae se todos os objetos de investgasao referents a situago de sale es condigbes de ve ro encontramos nenhum exemplo que escape a esta jo, a cada dia encontramos mais possibilidades € Provavelmente, a primeirs aplicacio de desenvolvimentos gerais desta natureza 20 campo especifico da Satde foi feito por Miller, em 1978, em sua proposta de “sistemas de vida". posteriormente utilizada por Noack, em 987, para reforgar as propostas de promogao de sauide na Europa’. Miller aplicou a teori de sistemas © desenvolveu a idéia de que as organizagdes sociais. a humanidade. os animais. conformam uma hierarquia de unidades interdependentes, onde os niveis superiores ferior. Desta maneira ~ destacou (dos por unidades menores que dos por sua fungio idos de subsistemas do nf duos humanos estio co fem, a5 quais, por sua vez. sdo também sistemas d ma cognitivo, sistema afetivo, circulatéro. digestivo, reprodutivo fez, fazem parte de subsistemas maioves, organizados weos. para cada um das quals se uma determinada galaxia possa serconsiderada como objeto de es ‘como toialidade, ainda que esta interaja com outras galdxias formando (congiomerados as © estas, por sua vez, o facam com outros clusters Formando superclusters, ou sea fazem parte de totalidades maiores, ainda que, a0 ‘mesmo tempo, estejam consttuidas por sistemas solafes que interagem entre si ¢ ‘com outras formagdes no seio da galéxia,e estes estejam, por sua vez, co: por estrelas, planetas,satélites e outros astros. Da mesina forma, um elinico pode estudar um paciente como totalidade, com plena conhecimento de que este faz parte rast 1 Yue tab ests cOnSIMIGO POT CUES totalidades menores: Saber qual destas depende do igagio tem de A idéia de “quase passiveis de serem decompostos’, por outro lado, se refere a0 fato de que todo objeto de estudo pode ser decompos lisado’ (no sentidoem que otermo€ utlizado er Q

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