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Introdugio ao estudo das pteridéfitas Antonio Batista Pereira INTRODUGAO As pterid6fitas lato senso sto muitas vezes reunidas em um grupo de plantas vulgarmente conhecidas como eriptogamos vasculares. Criptogamas ou criptégamos é uma palavra de origem grega que se aplica para designar um grupo de plantas que se caracterizam principalmente por nao apresentarem reprodugdo sexual aparente. © termo foi utilizado por Linneu para denominat a XXIV Classe de seu sistema de classificagao das plantas. Para Font Quer (1977), conforme se deduz da timologia da palavra, nas criptégamas sdo reunidas as plantas nas quais ndo é possivel identificar, a primeira vista, os érgaos de reprodugio sexuada. Para Mauseth (1995), 0 grupo das plantas vasculares que nao formam sementes, ou seja, as cript6gamas vasculares, esti agrupadas em 7 (sete) divisdes: Rhyniphyta, Trimerophytaophyta Zosterophyllophyta, plantas vasculares primitivas com todos os representantes fosseis; Psilorophyta, Lycophyta, Arthrophyta e Preridophyta com representantes na flora atual. As Pieridophyta lato sensu se diferenciam das Bryophyta e das Gymmospermae principalmente por possuirem a geragao gametofitica e esporofitica independentes na maturidade. Nas formas vegetativas dos esporbfitos, uma carateristica muito itil para identificar a maioria das Pteridéfitas é 0 crescimento circinado do primérdio foliar. As Preridophyta lato sensu, segundo Tryon & Tryon (1982), constituem um grupo relativamente importante, estimando o total de espécies no mundo como sendo 9.000, das quais cerca de 3.250 ocorrem nas Américas. Destas, cerca de 30% podem ser encontradas no Brasil, que abriga inclusive um dos centros de endemismo e especiagdo de pteridéfitas do Continente. Sistema radicular Excetuando os espordfitos dos representantes da divisio Psilorophyra, que no possuem raizes, os demais criptégamos vasculares as possuem, sendo o sistema radicular mais desenvolvido 0 das Pieridophyta. O sistema radicular tem como fungao principal a fixagao da planta ao solo ou a0 substrato e a absorgio de agua e minerais. As raizes dos eriptégamos vasculares possuem apenas crescimento primério, Caule 0 caule dos esporétitos dos criptigamos vasculares geralmente esta formado por um sistema dérmico que reveste o caule, um sistema vascular formado pelos tecidos condutores xilema ¢ floema, o qual esté imerso em um sistema fundamental ¢ apenas com crescimento primério. Folhas As folhas verdadeiras ou estruturas foliformes dos criptogamos vasculares apresentam tamanhos ¢ formas muito variadas. Originam-se a partir de primérdios foliares oriundos do meristema apical do sistema caulinar. Sao agrupad Micréfilos: caracterizam-se principalmente por: ~ serem relativamente muito pequenos, exceto algumas espécies pertencentes ao género [soeres; ~ apresentarem apenas um iinico feixe vascular; ~ estarem associados a caules que possuem protostelo; = possuirem tragos foliares no associados a lacunas foliares. Os micréfilos so estruturas foliformes mais primitivas que os megafilos (folhas verdadeiras), ¢ possivelmente evoluiram de protuberdncias laterais do caule. Inicialmente eram apéndices escamiformes ou espiniformes desprovidos de tecidos vasculares e gradat desenvolveram tragos foliares que, com a evolugio, chegaram até o pice. Megifilos: caracterizam-se principalmente por: - serem geralmente grandes; - estarem freqiientemente presentes em caules que possuem sifonostelo; + possuirem tragos foliares associados a lacunas foliares; ~ possuirem geralmente no limbo um sistema complexo de nervuras. Acredita-se que os megafilos evoluiram de um sistema de ramos com ramificagio dicotémica, pela sobreposigao ¢ achatamento das ramificagdes, seguindo-se a fusio dos ramos, Reprodugio Os criptégamos vasculares possuem um ciclo de vida com uma alternancia heteromérfica de geragdes, na qual o gametéfito e 0 espordfito possuem vida independente. O espordfito é a geragio dominante ¢ pode em muitas espécies multiplicar-se vegetativamente por fragmento do caule. O gamet6fito uni ou bi sexuado produz a oosfera e 0 anterozdide que dependem de agua para a fecundagao por serem anfibios. 0 ciclo de vida dos criptigamos vasculares pode ser de dois tipo: heterosporados ou isosporado, (Fig. 12). Os esporéfitos dos criptégamos vasculares heterosporados formam dois tipos de esporiingios: os megasporangios que produzem megasporos, os quais, ao germinarem, formam os protalos femininos denominados megaprotalos. Cada um destes, por sua vez, forma um arquegénio com uma oosfera; os microspordngios que produzem microsporos, os quais, ao germinarem, dio origem aos prétalos masculinos, que produzirdo anteridios com muitos anteroz6ides. Ocorrendo a fecundagao, zigoto se desenvolve sobre o prétalo feminino e da origem a um novo esporstito, Os esporéfitos dos criptégamos vasculares isosporados formam esporiingios com esporos todos iguais. Estes, ao germinarem, dario origem a prétalos que formardo o arquegénio com uma oostera e anteridios com muitos anterozdides. Os anterozdides nadam até o arquegdnio, ¢ se ocorrer a fecundagdo, forma-se um zigoto que, ao se desenvolver originard um novo espor. METODOLOGIA DE COLETA DE CRIPTOGAMAS VASCULARE! A metodologia de coleta e preparo de exsicatas que sera apresentado aqui seguira uma abordagem geral, necessitando, portanto, que sejam aferidos detalhes peculiares para cada taxa genérico, visando a obter amostras com 0 maior nimero possivel de estruturas de valor taxondmico. Este procedimento & muito importante, uma vez que é muito freqiiente deparar-se com material de herbario incompleto, onde geralmente ndo € possivel sua identificagaio com seguranga. Logo, & muito importante para 0 coletor, que se prope a coletar criptégamos vasculares buscar, além das orientagdes apresentadas aqui, outras referéncias sobre a metodologia de coleta do taxon a ser amostrado, Ao iniciar a coleta é muito importante observar, nas folhas férteis, a presenga do indiisio ¢ 0 estigio de maturagdo dos soros, pois estes fomnecem caracteres de grande valor taxonémico na identificagiio de familias e géneros. No caso de criptégamos vasculares arborescentes ¢ com folhas grandes, como por exemplo, os espordfitos de representantes das familias Dicksoniaceae e Cyatheaceae, em que & praticamente impossivel coletar uma folha completa e com partes do caule, recomenda-se coletar: 1. Um pedago de aproximadamente 3Scm do peciolo, tendo-se o cuidado de retird-lo bem junto a0 tronco, para preservar a forma da base do peciolo ¢ as escamas que sio de grande valor taxonémico. Retirado, o peciolo ele pode ser cortado ao meio para preparar duas exsicatas. 2. A base da Kimina (35-40cm), para observar o tamanho ¢ a posig&o das pinas basais, a qual, ao prensar, ndo deve ser dobrada no ponto de insergGo para nio alterar a posigo original Logo, se forem muito grandes, dobra-se a partir do meio em diregio a ponta, 3. A porgdo mediana da folha na altura das pinas maiores. Retira-se um pedago da raque, deixando apenas uma pina completa e duas ou trés bases das mesmas. Tal procedimento permite observar a posico de insergao das pinas em ambos os lados, bem como a distancia entre si. 4. A parte apical da folha, para aferir se a forma da mesma ¢ semelhante ou diferente das laterais, S.A parte apical de uma pina mediana de uma folha estéril. Feita a coleta descrita acima, a etapa seguinte é anotar na ficha de coleta ou caderneta de campo os seguintes dados: 1, Ecolégicos: o ambiente (se a planta é umbrofila ou helidfila), o habitat (tipo de formagiio vegetal onde a planta cresce) e substrato onde a planta cresce (se é epifita ou cresce no solo, por exemplo). 2. Habito do esporéfito: se eresce isolado, em grupos, € cespitoso, estolonifero, ereto, prostrado, ete. "3. Dimensdes do espordfito: altura total, difmetro do caule; se as folhas forem muito grandes é importante registrar, também, o tamanho das folhas, desde a insergio no caule até o apice, comprimento do peciolo e a largura maxima do limbo. 4. Se 0 peciolo das folhas velhas permanecer preso ao caule ou se as folhas s4o caducas. 5. Presenga de espinhos ou escamas na base do peciolo, Nesse caso, muitas vezes & importante coletar pedagos de peciolo junto as folhas mais jovens, pois em certos casos as escamas so caducas e no permanecem nas folhas adultas. Na ficha de coleta registra-se ainda: o ntimero da coleta, data de realizagtio da mesma, local exato (localidade, municipio, estado, se possivel coordenadas geogrificas obtidas com GPS, uma vez.que este equipamento & acessivel praticamente a todos os coletores), altitude e nome do coletor. © material coletado deve ser acondicionado entre folhas de jomal (uma apenas), entre laminas de papelio canaliculado e prensado utilizando prensa. (Fig. 3).Sempre que possivel, 0 material deve ser prensado imediatamente, pois ao murchar muitas vezes é praticamente impossivel que a lamina fique completamente estendida, A desidratagiio do material podera ser feita com a troca didria dos jornais ou em estufa com temperatura de aproximadamente 40°C. have para identificagio das divisdes de criptégamos vasculares com representantes na flora atual 1.1 Caule aéreo articulado com nés ¢ entrenés bem delimitados, ramificagdo ¢ folhas se presentes com distribuigao verticilar na regitio dos nds. ( ARTHROPHYTA. 1.2 Caule se presente, ndo articulado com nés e entrenés bem delimitados, ramificago € distribuigdo dos micrdfilos ou magifilos se presentes nfo verticilar .... a 2.1 Plantas com folhas verdadeiras (megatilos) PTERIDOPHYTA. 2.2 Megaiilos ausentes, plantas com ou sem mierOfilos . 3 3.1 Plantas sem raizes, microfilos se presentes escamiformes, espordngios unidos em grupos de trés. (Fig. 4 hj) PSILOPHYTA, 3.2 Plantas com raizes verdadeiras, micréfilos abundantes e evidentes, um esporingio na face abaxial da micréfilo. (Fig. 4 c-g,-m).....0.000e0e00004. LYCOPHYTA.

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