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O ESTRANHO MUNDO DE JACK

Caa o outono em Halloween, a noite enregelava...


Contra a Lua, s, num monte, um esqueleto cismava.
Era esguio e comprido e um lao-morcego trazia;
Jack Esqueltico, o nosso protagonista,
Aborrecia-se de morte na cidade de Halloween,
Onde tudo decorria de forma prevista.
J me cansa meter medo, sustos e pavor.
Estou farto de ser algo que enche a noite de terror,
Farto de maus-olhados, de infundir alvoroo,
E os meus ps agonizam com a dana dos ossos.
No gosto de cemitrios, quero mudar de ares!
Deve haver mais na vida que caretas e esgares!
Durante toda essa noite e todo o dia a seguir,
Jack andou sem parar, sem saber por onde ir.
At que no corao da floresta, a noite caa,
Jack teve uma viso de intensa magia:
Ali, a escassos metros... mesmo sua beira...
Trs portas esculpidas de macia madeira.
Ficou estupefacto, sem tirar o olhar
De uma porta, entre todas, a mais singular.
Atrado, excitado, mas tambm ansioso,
Jack abriu-a e entrou num mundo branco e ventoso.
Jack nem calculava, mas tinha ido parar
cidade do Natal- o nome desse lugar.
E, banhado em tal luz, j no se inquietava,
Pois enfim encontrara o que mais lhe faltava.
Para os amigos no julgarem que ele mentia,
Tirou as prendas e os doces que por l havia:
Levou lembranas das meias junto chamin
E uma foto do Pai Natal com os duendes ao p.
Pegou nas luzes, nas fitas e bolas do pinheiro,
E roubou o N grande que viu num letreiro.
Arrecadou aquilo que achou cintilante
E at uma bola de neve gigante,
Limpou tudo num pice e, muito apressado,
Voltou sua terra sem ser apanhado.
Tim Burton, O estranho mundo de Jack. Lisboa, Orfeu Negro, 2010. Coleo: Orfeu Mini.
Ttulo original: The nightmare before Christmas
Traduo de Margarida Vale de Gato

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