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A Repblica
Plato 400 anos a. C.
Se compararmos a maior parte de seu texto com
os dias atuais, podemos interpretar que a caverna
simboliza o mundo que vivemos. O prisioneiro que
fugiu aquele que tem a oportunidade de adquirir
conhecimentos e se libertar da sua ignorncia. As
pessoas que continuam presas so aquelas que, por
medo ou comodismo, no esto dispostas a ir em
busca da verdade, preferindo viver amparadas pelas
idias dos outros.
As sombras da vida
Verso de Maurcio
de Souza
O filsofo.
O que a luz exterior do sol?
A luz da verdade.
O que o mundo exterior?
O MITO DA CAVERNA
Imaginemos uma caverna separada do mundo externo por um alto muro, cuja entrada permite a
passagem da luz exterior. Desde seu nascimento, gerao aps gerao, seres humanos ali
vivem acorrentados, sem poder mover a cabea para a entrada, nem locomover-se, forados a
olhar apenas a parede do fundo, e sem nunca terem visto o mundo exterior nem a luz do sol.
Acima do muro, uma rstia de luz exterior ilumina o espao habitado pelos prisioneiros, fazendo
com que as coisas que se passam no mundo exterior sejam projetadas como sombras nas
paredes do fundo da caverna. Por trs do muro, pessoas passam conversando e carregando
nos ombros, figuras de homens, mulheres, animais cujas sombras so projetadas na parede da
caverna.
Os prisioneiros julgam que essas sombras so as prprias coisas externas, e que os artefatos
projetados so seres vivos que se movem e falam.
Um dos prisioneiros, tomado pela curiosidade, decide fugir da caverna. Fabrica um instrumento
com o qual quebra os grilhes e escala o muro. Sai da caverna.
No primeiro instante, fica totalmente cego pela luminosidade do sol, com a qual seus olhos no
esto acostumados; pouco a pouco, habitua-se luz e comea a ver o mundo. Encanta-se,
deslumbra-se, tem a felicidade de, finalmente, ver as prprias coisas, descobrindo que, em sua
priso, vira apenas sombras. Deseja ficar longe da caverna e s voltar a ela se for obrigado,
para contar o que viu e libertar os demais.
Assim como a subida foi penosa, porque o caminho era ngreme e a luz, ofuscante, tambm o
retorno ser penoso, pois ser preciso habituar-se novamente s trevas, o que muito mais
difcil do que habituar-se luz. De volta caverna, o prisioneiro ser desajeitado, no saber
mover-se nem falar de modo compreensvel para os outros, no ser acreditado por eles e
ocorrer o risco de ser morto pelos que jamais abandonaram a caverna. (Plato: livro VII da
Repblica).