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SOBRE A ARTE DE DEBATER

Por William Lane Craig

Tradução, Revisão e Edição: Eliel Vieira

Questão 1:

Caro Dr. Craig,

Eu sou bastante inspirado pelo seu trabalho. Atualmente eu estou concluindo meu bacharelado
em Teologia pela Southeastern University. Eu adoro assistir aos seus debates, ouvir suas palestras, etc.

Minha questão a você é simples. Fiz uma pesquisa e li as criticas dos ateus sobre os pontos que
você levanta em seus debates. Muitos deles dizem que você não é apenas muito inteligente e bem
preparado em seu campo, mas que você é um debatedor fantástico por causa de toda a experiência que
você acumulou em debates. Eles dizem que a razão de você se sair melhor na maioria dos debates que
participa não é porque seus fatos estão corretos, mas apenas porque você é um grande discursor e
debatedor. Eles parecem acreditar que se houvesse um ateu proeminente com igual experiência e
estratégia em debates como você, então eles estariam “vencendo a batalha”.

Desta forma minha questão se divide em três pontos.

1) Você se preocupa e lê estas críticas e ataques?

2) Qual é o motivo dos ateus acreditarem que os fatos que você apresenta (por exemplo, o
ajuste fino do universo) não são fatos de fato e contradizem ciência, filosofia, etc.?

3) Você acha que eles criticam sua utilização destes fatos porque estes fatos realmente são
controversos, com mais de um ponto de vista ou opinião disponíveis, ou por causa da falha deles em
realmente pesquisar os fatos que você apresenta por causa da forte fé deles na cosmovisão ateísta?

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Muito obrigado pelo seu tempo. Eu oro para que seu ministério continue sendo abençoado e
que você continue a crescer em sua caminhada com Cristo.

Bençãos!

Cris

Resposta do Dr. Craig

Buuuu! Pobres ateus! O Dr. Craig malvadão possui treinamento para debates, e é por isto que
eles não conseguem sequer bolar uma resposta decente para os mesmos cinco argumentos que eu
venho apresentando nos últimos 20 anos!

De verdade, Cris, ao mesmo tempo em que o treinamento (especialmente saber como lidar com
o relógio) serve de grande ajuda para vencer um debate, isto por si só não é uma explicação suficiente
para esta impotência ateísta em oferecer refutações para os argumentos que eu apresento – ou de ao
menos apresentar um argumento para o próprio ateísmo deles. Tenha em mente que meus debates orais
são na verdade uma parte relativamente minoritária do meu trabalho. A maior parte do meu trabalho
consiste de trabalhos acadêmicos publicados e destacados por revistas profissionais, onde eu tenho
respondido de perto a críticos como Mackie, Grünbaum, Smith, Oppy, Sobel, Morriston, etc. Alguns
dos meus debates foram publicados com respostas críticas em forma monográfica, onde os
comentaristas puderam escrever todas as suas críticas. Nestes casos lisuras e técnicas retóricas se
tornam irrelevantes. Estes livros incluem:

Does God Exist? [Deus Existe?] com Antony Flew. Comentários de K. Yandell, P. Moser, D.
Geivett, M. Martin, D. Yandell, W. Rowe, K. Parsons, e Wm. Wainwright. Ed. Stan Wallace.
Aldershot: Ashgate, 2003.

God?: A Debate between a Christian and an Atheist. [Deus?: Um Debate entre um Cristão e
um Ateu] Com Walter Sinnott-Armstrong. New York: Oxford University Press, 2003.

Is Goodness without God Good Enough? A Debate on Faith, Secularism, and Ethics. [A
Bondade sem Deus é Boa Suficiente?] Com Paul Kurtz. Ed. Nathan King e Robert Garcia. com
comentários de Louise Antony, Walter Sinnott-Armstrong, John Hare, Donald Hubin, Stephen
Layman, Mark Murphy, e Richard Swinburne. Lanham, Md.: Rowman & Littlefield, 2008.

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Will the Real Jesus Please Stand Up? [O Jesus Real Vai Continuar de Pé?] Com John Dominic
Crossan. Ed. Paul Copan com comentários de Robert Miller, Craig Blomberg, Marcus Borg, e
Ben Witherington III. Grand Rapids, Mich.: Baker Bookhouse, 1998.

The Resurrection: Fact or Figment? [A Ressurreição: Fato ou Ficção?] Com Gerd Lüdemann.
Ed. Paul Copan com comentários de Stephen T. Davis, Michael Goulder, Robert H. Gundry, e
Roy Hoover. Downer’s Grove, Ill.: Inter-Varsity Press, 2000.

Eu convido qualquer pessoa a ler estes livros e decidir se meus argumentos continuam de pé ou
não. Na verdade, eu gostaria que as pessoas lessem estes livros de fato! Eu fico incomodado com o fato
de algumas pessoas parecerem me conhecer apenas por causa dos debates que eu participo – que na
maioria das vezes são frustrantemente superficiais, uma vez que meus oponentes raramente levantarem
boas objeções.

Em resposta às suas questões específicas: 1) eu leio críticas acadêmicas dos meus trabalhos,
mas eu tendo a ignorar materiais populares vindos da Internet, uma vez que, eu imagino,
provavelmente os críticos da Internet não vão dizer nada substancial que os acadêmicos tenham
deixado passar. (Esta impressão tem sido corroborada por algumas críticas populares que eu tenho
lido). 2) Sobre o motivo de eles pensarem que os fatos que eu cito contradizem a ciência e a filosofia,
eu diria que você está em uma posição melhor do que a minha para responder a esta questão, usando a
razão simples. 3) Novamente, eu não posso especular em sua terceira questão. Eu diria simplesmente
que quase tudo é passivo de debate: existem dois lados para toda questão. Eu nunca disse que o teísmo
cristão é uma barbada – apenas que ele é mais plausivelmente verdadeiro do que falso.

Questão 2:

Caro Dr. Craig,

Pessoalmente eu cético e sou convictamente ateu, mas eu admiro o que você faz e eu gosto
bastante do que você escreve.

Esta não é uma questão relacionada à filosofia da religião. Ela é relacionada aos debates em
particular. Luke Muehlauser do site Common Sense Atheism disse que as pessoas deveriam estudar
suas técnicas de debate assim como os atores devem estudar Marlon Brando, e eu concordo
plenamente.

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Aqui estão minhas questões:

1) Alguma vez você já considerou lançar um manual com instruções sobre as complexidades e
os aspectos mais técnicos de um debate profissional?

2) Você realmente acha que o debate é uma forma efetiva de diálogo, ou você vê isto como um
tipo de teste acadêmico de vontades?

3) A quanto tempo você participa de debates?

4) Que tipo de livros, artigos e manuais você poderia recomendar para um debatedor
profissional se ele ou ela desejar melhorar suas habilidades?

5) Na sua opinião qual foi seu oponente mais difícil e desafiador em um debate (não precisa ter
sido um debate sobre religião especificamente, pode ter sido sobre qualquer tópico que você já tenha
debatido)? Poderia nos dar uma lista Top Five?

6) Esta última questão é um pouco diferente do assunto, mas lá vai. Levantaram recentemente,
com os principais filósofos e cientistas, a seguinte pergunta, “Sobre que assunto você já mudou de
opinião?”. Eu gostaria de colocar a mesma pergunta para você. Durante sua vida cristã, sobre quais
questões você já mudou de posicionamento?

Atenciosamente,

Rhys

Resposta do Dr. Craig:

É bom ouvir novamente de você, Rhys! Em resposta às suas perguntas:

1) Eu não tenho planos de publicar um livro sobre a arte de debater, mas eu ocasionalmente
ministro um curso sobre isto no Talbot. Eu até mesmo uso alguns dos materiais do Luke na classe!

2) Eu acho que ambos. Eu já disse que eu acho que o debate é um tipo equivalente ocidental
para o que os mitologistas chamam de “encontro de poderes” entre as deidades pagãs locais e o Deus
da Bíblia. Mas eu acho que as gravações e as transcrições dos debates, vistas e estudadas em revisão,

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são muito estimulantes e educacionais. Eu certamente aprendi bastante através da minha preparação
para os debates que participei.

3) Quando eu estava na oitava série minha irmã mais velha, Tami, e eu costumávamos a
discutir o tempo todo. Um dia ela disse irritada, “Tudo o que você quer é debater! Você deveria se
juntar ao time de debate da escola!”. “O que é isto?”, eu perguntei. Ela me explicou sobre o time de
debate do ensino médio na East Peoria Community High School (que era, a propósito, muito bom,
tendo até vencido o campeonato estadual daquele ano). Assim, quando eu me tornei calouro no ano
seguinte logo me juntei ao time e comecei a debater. Isto foi em 1964. Quando me graduei no Wheaton
College em 1971 eu pensava que meus dias de debates haviam terminado. Mas em 1982, com meu
diploma de doutorado me suportando, eu recebi um convite de um grupo cristão canadense para
debater com o filósofo ateu Kai Nielsen na University of Calgary. O que eu descobri é que enquanto
algumas poucas pessoas virão ouvir uma palestra no campus, centenas ou até mesmo milhares de
estudantes virão para ver um debate. Desta forma eu descobri, para minha alegria, que o debate é um
grande fórum para defesa da cosmovisão cristã em campi universitários.

4) Na verdade não existem livros que eu conheça sobre a minha forma de debater, porque a
maioria dos livros sobre debate são sobre debates políticos, não sobre as técnicas de debate em si. Este
foi um dos desafios que tive quando comecei a ensinar na minha classe no Talbot. O que sugerir a eles
como leitura? Não há muita coisa disponível.

5) A alguns anos atrás eu estava frustrado com o nível dos oponentes com os quais que eu
estava debatendo e comecei a imaginar, “Como eu vou me portar se eu encarar alguém que seja bom
filósofo e bom debatedor?”. Eu estava louco por um bom oponente. Eu não tive que esperar muito para
descobrir. Fui convidado para um debate com um professor de Filosofia chamado Doug Jesseph na
Universidade da Carolina do Norte sobre a questão “Deus Existe?”. Enquanto ele discursava eu pensei
comigo, “Uau, este cara é mesmo bom!”. Este foi um debate incrível. Após cada discurso que era dito
parecia que a vantagem passava de um lado para o outro. Em nenhum momento antes das respostas
finais eu senti que estava na frente. Após o debate, quando nos cumprimentamos, eu disse a ele, “Você
é realmente um bom debatedor” e ele respondeu, “Obrigado. Eu participava do time de debate da
escola”. Este foi o melhor debate que eu já tive, e a transcrição deste debate está disponível em nosso
website.

6) Sobre muitas coisas. Quando eu escrevi The Kalam Cosmological Argument [O Argumento
Cosmológico Kalam] (1979) eu acreditava que Deus era simplesmente um ser factualmente necessário

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(como Swinburne acredita). Eu também acreditava que o argumento ontológico não tinha valor algum.
Os escritos de Plantinga me convenceram do contrário. O argumento cosmológico de Leibniz também
não me convencia, até que eu vi a formulação de Stephen Davis deste argumento. Eu nunca tinha
ouvido falar sobre conhecimento do meio, e, quando me familiarizei com ele, fiquei incerto sobre ele
até David Basinger me convencer de sua validade. Mais recentemente, eu tenho sido progressivamente
atraído, ao contrario de minhas predisposições anteriores, para a visão nominalista dos assim
chamados “objetos abstratos” como números, proposições, propriedades, etc. Assim as pessoas estão
sempre aprendendo e, tomara, melhorando.

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