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Planejamento Tributário

Pós-Graduação a Distância

Brasília-DF, 2010.

Direito Reservado ao PosEAD. 1


Elaboração:

Max Bianchi Godoy

Avaliação e revisão:

Equipe Técnica do CETEB


Planejamento Tributário

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Sumário

Apresentação........................................................................................................................................ 04
Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa ................................................................................ 05
Organização da Disciplina ................................................................................................................... 06
Introdução ............................................................................................................................................ 08
Unidade I – Planejamento Tributário .................................................................................................. 09
Capítulo 1 – Disposições Gerais ................................................................................................... 09
Capítulo 2 – Competências .......................................................................................................... 11
Capítulo 3 – Legislação Tributária ................................................................................................ 14
Capítulo 4 – Sistema Tributário Nacional...................................................................................... 17
Unidade II – Elementos do Tributo ...................................................................................................... 19
Capítulo 5 – Elementos Fundamentais e Complementares ............................................................ 19
Unidade III – Tributação de Pessoa Física ......................................................................................... 21
Capítulo 6 – Imposto Incidente Sobre a Renda .............................................................................. 21
Capítulo 7 – Encargos Sociais ....................................................................................................... 22
Unidade IV – Processo de Planejamento Tributário de Pessoa Jurídica .......................................... 23
Capítulo 8 – Noções Gerais .......................................................................................................... 23
Capítulo 9 – Meios e Instrumentos ............................................................................................... 25
Capítulo 10 – Como Elaborar o Planejamento ............................................................................... 26
Unidade V – Simples Nacional ............................................................................................................ 29
Capítulo 11 – Microempresa e Empresa de Pequeno Porte ............................................................ 29
Capítulo 12 – Tributação do Comércio e da Exportação, da Indústria e dos Serviços ..................... 33
Unidade VI – Lucro Presumido ............................................................................................................ 35
Capítulo 13 – Noções Gerais ....................................................................................................... 35
Unidade VII – Lucro Real ..................................................................................................................... 41
Capítulo 14 – Conceitos ............................................................................................................... 41
Unidade VIII – Formação do Preço de Venda e Tributação ................................................................ 47
Capítulo 15 – Influência dos Tributos na Formação do Preço de Venda ......................................... 47
Pós-Graduação a Distância

Para (não) Finalizar ............................................................................................................................. 49


Referências ........................................................................................................................................... 50

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Apresentação

Caro aluno,

Bem-vindo ao estudo da disciplina Planejamento Tributário.

Este é o nosso Caderno de Estudos e Pesquisa, material elaborado com o objetivo de contribuir para a realização e o
desenvolvimento de seus estudos, assim como para a ampliação de seus conhecimentos.

Para que você se informe sobre o conteúdo a ser estudado nas próximas semanas, conheça os objetivos da disciplina, a
organização dos temas e o número aproximado de horas de estudo que devem ser dedicadas a cada unidade.

A carga horária desta disciplina é de 40 (quarenta) horas, cabendo a você administrar o tempo conforme a sua
disponibilidade. Mas, lembre-se, há uma data-limite para a conclusão do curso, implicando a apresentação ao seu tutor
das atividades avaliativas indicadas.

Os conteúdos foram organizados em unidades de estudo, subdivididas em capítulos de forma didática, objetiva e coerente.
Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, que farão parte das atividades avaliativas do
curso; serão indicadas também fontes de consulta para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.

Desejamos a você um trabalho proveitoso sobre os temas abordados nesta disciplina. Lembre-se de que, apesar de
distantes, podemos estar muito próximos.

A Coordenação do PosEAD
Planejamento Tributário

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Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa

Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa

Apresentação: Mensagem da Coordenação do PosEAD.

Organização da Disciplina: Apresentação dos objetivos e carga horária das unidades.

Introdução: Contextualização do estudo a ser desenvolvido pelo aluno na disciplina, indicando a importância desta para
a sua formação acadêmica.

Ícones utilizados no material didático

Provocação: Pensamentos inseridos no material didático para provocar a reflexão sobre sua prática
e seus sentimentos ao desenvolver os estudos em cada disciplina.

Para refletir: Questões inseridas durante o estudo da disciplina, para estimulá-lo a pensar a respeito do
assunto proposto. Registre aqui a sua visão, sem se preocupar com o conteúdo do texto. O importante
é verificar seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. É fundamental que você reflita
sobre as questões propostas. Elas são o ponto de partida de nosso trabalho.

Textos para leitura complementar: Novos textos, trechos de textos referenciais, conceitos de
dicionários, exemplos e sugestões, para apresentar novas visões sobre o tema abordado no texto básico.

Sintetizando e enriquecendo nossas informações: Espaço para você fazer uma síntese dos textos
e enriquecê-los com a sua contribuição pessoal.

Sugestão de leituras, filmes, sites e pesquisas: Aprofundamento das discussões.

Praticando: Atividades sugeridas, no decorrer das leituras, com o objetivo pedagógico de fortalecer
o processo de aprendizagem.
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Para (não) finalizar: Texto, ao final do Caderno, com a intenção de instigá-lo a prosseguir na reflexão.

Referências: Bibliografia citada na elaboração da disciplina.

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Organização da Disciplina

Ementa:
Disposições Gerais. Elementos do Tributo. Tributação de Pessoa Física. Processo de Planejamento Tributário para Pessoa
Jurídica. Cálculo de Tributos. Formação de Preço de Venda e Tributação.

Objetivos:
– Conhecer os elementos do tributo.

– Conhecer o planejamento tributário para pessoa jurídica.

Unidade I – Planejamento Tributário


Carga horária: 6 horas
Conteúdo Capítulo
Disposições Gerais 1
Competências 2
Legislação Tributária 3
Sistema Tributário Nacional 4

Unidade II – Elementos do Tributo


Carga horária: 3 horas
Conteúdo Capítulo
Elementos Fundamentais e Complementares 5

Unidade III – Tributação de Pessoa Física


Carga horária: 3 horas
Conteúdo Capítulo
Imposto Incidente Sobre a Renda 6
Encargos Sociais 7

Unidade IV – Processo de Planejamento Tributário de Pessoa Jurídica


Carga horária: 5 horas
Conteúdo Capítulo
Noções Gerais 8
Meios e Instrumentos 9
Planejamento Tributário

Como Elaborar o Planejamento 10

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Organização da Disciplina

Unidade V – Simples Nacional


Carga horária: 6 horas
Conteúdo Capítulo
Microempresa e Empresa de Pequeno Porte 11
Tributação do Comércio e da Exportação, da Indústria e dos
12
Serviços

Unidade VI – Lucro Presumido


Carga horária: 6 horas
Conteúdo Capítulo
Conceitos 13

Unidade VII – Lucro Real


Carga horária: 8 horas
Conteúdo Capítulo
Noções Gerais 14

Unidade VIII – Formação do Preço de Venda e Tributação


Carga horária: 3 horas
Conteúdo Capítulo
Influência dos Tributos na Formação do Preço de Venda 15

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Introdução

"No que diz respeito ao empenho, ao compromisso, ao esforço, à dedicação,


não existe meio termo. Ou você faz uma coisa bem feita ou não faz."

Airton Senna da Silva

Nesta disciplina iremos verificar o papel da contabilidade para o desenvolvimento do planejamento tributário, uma vez que
há necessidade de as empresas efetuarem seus planejamentos, dentro de uma estrita observância às leis vigentes, de
forma a encontrar mecanismos que permitam às organizações diminuir o desembolso financeiro por meio do planejamento
do pagamento de tributos.

A economia globalizada e os altos custos tributários (carga tributária) exigidos em nosso país têm obrigado as empresas
a se preocuparem cada vez mais com isso. Ademais, nestes tempos de mercado competitivo, o aumento da concorrência
entre as empresas nacionais tem feito com que o planejamento tributário assuma um papel de fundamental importância
na estratégia e nas finanças das empresas, uma vez que os encargos relativos a taxas, impostos e contribuições são, na
maioria dos casos, mais representativos do que os próprios custos de produção.

Desta forma, o contador assume grande destaque, a fim de implementar todo um ferramental analítico valioso que permita
o planejamento tributário. A experiência desse profissional precisa reunir as condições para elaborar planos, visando à
redução dos tributos.

Assim, esta disciplina propiciará que sejam angariados tais conhecimentos ao estudarmos alguns aspectos gerais do
planejamento tributário e o papel do contador nesse processo. Faremos, também, uma reflexão sobre os efeitos da Lei
Complementar no 104/01, conhecida como “antielisiva”.

Tal estudo por certo propiciará que os contadores e os demais profissionais tenham uma nova visão a respeito do
planejamento tributário.
Planejamento Tributário

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Planejamento Tributário Unidade I Unidade I

Planejamento Tributário

"Planejamento Tributário é o processo de escolha de ação ou omissão


lícita, não simulada, anterior à ocorrência do fato gerador, que vise, direta
ou indiretamente, à economia de tributos."

Almir Malkowski (1999)

Capítulo 1 – Disposições Gerais

O planejamento tributário pode ser caracterizado como o conjunto de ações lícitas realizadas pelos contribuintes
com o propósito de diminuir ou de programar, de uma forma mais compatível com a sua realidade, a carga tributária
que precisaria normalmente pagar. Tal conduta está fundamentada na possibilidade de pagar menos tributos, porém
respeitando as leis vigentes.

Desta forma, o planejamento tributário pode ser entendido como um tipo de planejamento empresarial que tem como
objeto os tributos e os reflexos de seus pagamentos na organização. Tal planejamento tem por objetivo economizar
impostos, a partir da adoção de procedimentos estritamente legais.

O planejamento tributário corresponde a uma atividade empresarial de caráter preventivo, que apresenta, como fator
de análise, o tributo e, a partir daí, busca identificar e planejar os fatos e os atos tributários e seus efeitos, partindo da
comparação dos resultados prováveis para os diversos procedimentos possíveis, a fim de permitir escolher, no leque de
alternativas, a que for menos onerosa para a empresa.

Segundo Fabretti (2001), os contadores, nos dias de hoje, não necessitam apenas de sólidos conhecimentos de
contabilidade. É primordial, também, que tenham boas noções de Legislação Tributária, incluindo as normas de vigência
e as maneiras corretas de interpretar a legislação.

No planejamento tributário, vemos que há o caráter preventivo do planejamento, oriundo do fato de não ser possível
Pós-Graduação a Distância

escolher alternativas, a não ser antes de se concretizarem os pagamentos ou os fatos. Desta forma, deduz-se que só
há alternativa para o sujeito passivo jurídico-tributário e esta se simplifica no fato de pagar ou não pagar o tributo,
que pode ser decorrente de uma previsão legal denominada fato gerador do tributo.

O tributo corresponde à prestação pecuniária obrigatória ou compulsória estabelecida em lei e cobrada mediante atividade
administrativa, plenamente vinculada, em moeda ou em valor que nela se possa exprimir e que não constitua sanção
docorrente da prática de ato ilícito.

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Planejamento Tributário Unidade I

Os tributos podem ser fiscais ou extrafiscais. Os tributos fiscais objetivam, apenas, propiciar a arrecadação de
recursos financeiros pelas pessoas jurídicas de direito público. Os tributos extrafiscais não têm apenas o objetivo de
arrecadação de recursos financeiros, mas também o intuito de minimizar ou de corrigir anomalias em situações econômicas
ou sociais.

A atividade de planejamento tributário necessita de cuidado, pois o simples fato de não pagar algum tributo pode ser
caracterizado como prática ilícita, o que sujeita a empresa às ações punitivas do Estado.

O planejamento tributário tem como finalidades principais: evitar a incidência do imposto são tomadas várias providências
para evitar a ocorrência do fato gerador do tributo; reduzir o montante do tributo – são tomadas providências para
reduzir a alíquota ou reduzir bases de cálculo de um tributo; retardar o pagamento dos tributos – o contribuinte faz uso
de medidas para adiar/postergar o pagamento de um ou mais tributos sem pagar multa.

Segundo Latorraca (1972, p. 20), a prática de atos lícitos com o objetivo de evitar a concretização de fato gerador de
tributo é denominada tecnicamente "elisão fiscal".

Segundo Carvalho (1991, pp. 345 e 346), tal técnica difere diametralmente da evasão fiscal, uma vez que esta é decorrente
do uso de atos ilícitos que caracterizam a fraude ou a sonegação fiscal.

A sonegação fiscal pode ser descrita como uma ação ou omissão dolosa, por parte do contribuinte que tente impedir ou
retardar, de forma total ou parcial, o conhecimento por parte da autoridade fazendária, da ocorrência do fato gerador da
obrigação tributária principal, de sua natureza, da circunstâncias materiais ou das condições pessoais do contribuinte,
suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente.

Assim, a Lei nº 4.729/65 define, em seu artigo primeiro, o crime da sonegação fiscal como sendo a prestação de declaração
falsa ou comissão de declaração; a inserção de elementos inexatos ou a omissão de rendimentos ou de operações de
qualquer natureza em documentos ou livros exigidos pelas leis fiscais, com o intuito de exonerar-se do pagamento de
tributos devidos à Fazenda Pública; a alteração de faturas e quaisquer documentos relativos às operações mercantis com
o propósito de fraudar a Fazenda Pública; o fornecimento ou a emissão de documentos falsos, bem como a alteração
de despesas, com o objetivo de obter dedução de tributos devidos à Fazenda Pública; a exigência, o pagamento ou o
recebimento, para si ou para outro contribuinte beneficiário, da paga ou de qualquer porcentagem sobre a parcela dedutível
ou, ainda, a dedução do Imposto sobre a Renda, para obter algum incentivo fiscal.
Planejamento Tributário

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Planejamento Tributário Unidade I

Capítulo 2 – Competências

“Competência é a faculdade juridicamente atribuída a uma entidade ou a


um órgão ou agente do Poder Público para emitir decisões."
José Afonso Silva

As competências são as diversas modalidades de poder de que se servem os órgãos ou as entidades estatais para realizar
suas funções.

Competência Tributária
A competência tributária para criar, modificar e extinguir tributo, por meio de lei, é outorgada pela Constituição Federal
à União, ao Estado, ao Distrito Federal e ao Município.

Além disso, a competência tributária apresenta as características de indelegabilidade – não pode ser delegada a outrem
–, incaducabilidade – não pode caducar, mesmo se não for utilizada – e a irrenunciabilidade – é irrenunciável, uma vez
que somente será atribuída às pessoas políticas de forma originária pela Constituição Federal.

Podemos dizer que a competência para legislar sobre Direito Tributário é concorrente, uma vez que inclui a União, os
Estados e o Distrito Federal. No artigo 24 da Constituição Federal, está registrado que a União, os Estados e o Distrito
Federal podem legislar concorrentemente sobre o direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico.

Contudo, no escopo da legislação concorrente, a competência da União limita-se a estabelecer as normas gerais, não
excluindo a competência suplementar dos Estados. Assim, caso não existam leis federais sobre as normas gerais, os
Estados poderão exercer a competência legislativa plena, a fim de atender a suas peculiaridades. Porém, a superveniência
de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia das leis estaduais, no que lhe for contrário.

Podemos dizer que a Constituição Federal adota a competência concorrente não cumulativa ou vertical, de forma que
a competência da União está afeta ao estabelecimento de normas gerais, tendo os Estados e o Distrito Federal uma
competência suplementar, segundo o qual suas respectivas leis (dos Estados e do Distrito Federal) devem se caracterizar
pela especificação de tais normas (estabelecidas pela União), segundo as suas peculiaridades. Assim, uma mesma matéria
pode ser regulada por mais de uma entidade federativa. A União, no entanto, terá a primazia, no que concerne à fixação
de suas normas gerais.

A competência tributária corresponde à aptidão de criar tributos em abstrato, por meio de lei, respeitados todos os
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requisitos essenciais. Tais requisitos essencias podem ser, basicamente, caracterizados como os sujeito ativo e passivo
da obrigação, a base de cálculo e a alíquota. Desta forma, tal competência abrange, também, a aptidão para que o tributo
possa ser aumentado, parcelado, diminuído, isentado, modificado e, até mesmo, perdoado.

A competência tributária pode ser caracterizada como sendo a aptidão da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios para criar tributos. Tal competência enseja amplos poderes sobre as decisões relativas aos tributos do agente
estatal, apesar de existirem algumas limitações a tal competência presentes no texto da Constituição Federal.

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Planejamento Tributário Unidade I

Podemos afirmar que a Constituição Federal apenas outorga competência para que os órgãos estatais possam criar
os seus tributos, não estabelecendo os tributos em si. Tal atribuição é delegada às leis ordinárias ou complementares,
conforme o caso do tributo.

Podemos inferir, portanto, que a competência tributária, em seu exercício, seria o de proporcionar o nascimento, no
plano abstrato, dos tributos.

Apenas as pessoas políticas, que são a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, têm a competência tributária,
uma vez que apenas estes detêm o poder de fazer as leis (atribuição legislativa).

Normalmente, aquele que tem a competência é conhecido como o sujeito ativo da relação jurídica tributária, pois tem
capacidade tributária ativa, que é a aptidão, também, para cobrar o tributo. Porém, não há impedimento a que a pessoa
política, por meio de lei, possa delegar sua capacidade tributária ativa a terceiros, que passam a ser sujeitos ativos
desses tributos.

Podemos dizer que a competência tributária tem a característica de ser privativa ou exclusiva; incaducável; de exercício
facultativo; inampliável; irrenunciável; indelegável.

No que se refere aos impostos, a Constituição Federal fez uso de critérios para caracterizar a competência tributária
como privativa.
• Critério material de repartição de competências impositivas: a Constituição Federal estabeleceu a competência
de cada uma das pessoas políticas, de tal forma que uma não pode invadir a esfera da outra quando criar o
tributo. Assim, só pode tributar os fatos descritos na hipótese de incidência dos seus impostos, o que evita
conflitos entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
• Critério territorial de repartição de competência impositivas: a pessoa política pode tributar apenas os fatos
ocorridos em seu território.
• Incaducável: a competência tributária não tem prazo final para ser realizada, uma vez que se trata de competência
legislativa, que não tem prazo para ser exercida. Contudo, diferentemente da competência tributária, a
capacidade tributária ativa pode prescrever em 5 anos, ou seja, as ações para que sejam cobrados os créditos
tributários prescrevem em 5 anos, conforme o Código Tributário Nacional, em seu artigo 174.
• Exercício facultativo: a pessoa política não é obrigada a exaurir a sua competência, sendo que o não exercício
da competência tributária não a defere a pessoa jurídica de direito público diversa daquela indicada pela
Constituição. Em outras palavras, se o órgão responsável deixou de criar, uma outra pessoa política não poderá
tratar do mesmo assunto. Contudo, a competência para criar ICMS é de exercício obrigatório, apresentando
características essencias e caráter uniforme, independendo de convênios que possam serem firmados entre
os Estados.
• Inampliável: não pode ser ampliada por meio de decisão unilateral da própria pessoa política tributante. A
competência tributária apenas pode ser ampliada por meio de Emenda Constitucional.
• Irrenunciável: a pessoa política não pode abrir mão da competência tributária a ela atribuída em caráter
definitivo.
Planejamento Tributário

• Indelegável: cada pessoa política tem a sua própria competência tributária e esta não pode ser traslada nem
mesmo por meio de lei. Se as pessoas tributam por delegação constitucional, não podem delegar aquilo que
já lhes foi delegado.
• Privativa ou exclusiva: tal competência se refere aos impostos, sendo que o direito tributário não distingue a
competência privativa da exclusiva.
• Comum: essa competência se refere às taxas e às contribuições de melhoria.

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Planejamento Tributário Unidade I

Assim, a competência tributária é obrigatória, sendo constituídos requisitos essenciais de responsabilidade na gestão
fiscal a instituição, a previsão e a efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucional, conforme a
Lei Complementar no 101/00, em seu artigo 11.

No Código Tributário, no artigo 7º, é prescrito que a competência tributária é indelegável, salvo nos casos de atribuição
das funções de arrecadação ou de fiscalização de tributos, na execução de leis, atos ou decisões administrativas em
matérias tributárias. Desta forma, podemos confirmar que a capacidade tributária ativa pode ser delegada.

Competência Extraordinária ou Especial


Pode ser caracterizada como sendo a prerrogativa da União de poder instituir imposto extraordinário ou de guerra,
podendo ser compreendido diretamente ou não em sua competência, instituído por Lei Ordinária, conforme o artigo 154
da Constituição Federal.

Competência Residual
Pela competência residual, conforme os artigos 195 e 154 da Constituição Federal, a União pode, por meio de Lei
Complementar, instituir outras contribuições de cunho social, a fim de expandir a Seguridade Social ou, ainda, outros
impostos, desde que não sejam cumulativos e desde que não tenham o mesmo fato gerador ou a mesma base de cálculo
de impostos já existentes.

Competência Cumulativa
Pela chamada competência cumulativa, conforme descrito no artigo 32 da Constituição Federal, são atribuições da União,
em território federal, os impostos estaduais e municipais, se o território não estiver subdividido em municípios. Desta
forma, compete ao Distrito Federal a cobrança dos impostos de caráter estadual e municipal.

Repartição de Competências
A autonomia das entidades federativas, no exercício e no desenvolvimento de suas atividades, pressupõe a repartição
de suas competências.
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Planejamento Tributário Unidade I

Capítulo 3 – Legislação Tributária

“Direito Tributário é o ramo do direito público que rege as relações jurídicas


entre o Estado e os particulares, decorrentes da atividade financeira do
Estado, no que se refere à obtenção de receitas que correspondam ao
conceito de tributo."

Rubens Gomes Souza

A legislação tributária corresponde à principal fonte da obrigação tributária, pois, sem a lei, não pode haver tributo. Assim,
a legislação tributária compreende a Constituição, as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as
normas complementares que tratem de tributos.

Fundamentalmente, a legislação tributária compreende as espécies chamadas de fontes materiais e as espécies chamadas
de fontes formais, que estão contidas no artigo 96 do Código Tributário Nacional.

Como a lei é um instrumento normativo, ela pode ser analisada tanto em seu sentido formal quanto em seu sentido
material. No sentido formal, a lei representa um ato jurídico, produzido pelo poder competente, segundo estabelecido
na Constituição, a fim de exercer a função legislativa. No sentido material, a lei é um ato jurídico de caráter normativo,
que contém regra de direito objetivo.

Além disso, podemos dizer que a expressão "legislação" possui a atribuição de retratar as leis em seu sentido mais amplo.
Assim como a lei em seu sentido restrito, ela é representada pelas convenções internacionais e pelos tratados, pelas
normas complementares e pelos decretos.

A legislação tributária abrange decretos legislativos, medidas provisórias e resoluções do Senado e, pelo raciocínio acima
descrito, as fontes citadas como materiais correspondem aos eventos, aos fatos reais que desencadeiam a incidência de
tributação, os chamados "fatos geradores" da incidência tributária.

Além dessas, as fontes formais referem-se aos veículos que introduzem as regras tributárias no sistema. Delas podemos
extrair o sentido das normas. Podem corresponder às leis, aos tratados e às convenções internacionais e, ainda, aos
decretos e às normas complementares que versem sobre as relações jurídicas e tributárias.

Tais citações sobre a legislação tributária podem ser encontradas no artigo 96 do Código Tributário Nacional. Outro
aspecto é que as leis ordinárias diferem das leis complementares devido aos aspectos materiais e formais que estas
apresentam. De outra forma, podemos explicar que a lei complementar, em seu aspecto material, disciplina as matérias
expressamente apontadas pela Constituição.

Devemos observar que, em alguns casos, ditos especiais, a Constituição Federal atribui à lei complementar a competência
Planejamento Tributário

para instituir o tributo, como, por exemplo, no artigo 154, I (relativo aos eventuais impostos residuais), no artigo 148
(referente aos empréstimos compulsórios), e, também, no artigo 195, § 4.º (para eventuais contribuições residuais).

Quanto às leis, o Código Tributário Nacional, em seu artigo 97, enaltece o princípio da legalidade, estabelecendo que
somente a lei pode tratar de assuntos como a instituição, a extinção, a majoração ou a redução de tributos, a própria
definição do fato gerador de uma obrigação principal e do seu respectivo sujeito passivo e, também, a base de cálculo
e das alíquotas etc.

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Planejamento Tributário Unidade I

Segundo o artigo 62 da Constituição Federal, um dos aspectos mais relevantes a respeito da legislação tributária diz
respeito à competência das medidas provisórias, as que foram criadas em substituição aos decretos-lei. Elas podem ser
editadas, desde que sejam respeitadas a sua relevância e urgência.

Quanto aos tratados e às convenções internacionais, embora o artigo 98 da Constituição Federal cite que podem ser
revogados ou modificados, podemos entender que esses instrumentos prevalecem, não por serem “superiores” ao
ordenamento existente, mas, sim, em função do princípio da especificidade, pois uma norma que seja específica sobre
determinado tema tende a prevalecer sobre a norma genérica. Desta forma, tratados e convenções internacionais tendem
a prevalecer nos casos em que a tributação é especificamente abordada em seu conteúdo.

Os decretos legislativos e as resoluções do Senado podem ser considerados como normas tributárias, pois, de uma forma
ou de outra, poderiam ensejar, ainda que, em casos específicos, as questões relativas à tributação, sendo os decretos
legislativos os instrumentos utilizados pelo Congresso Nacional para referendar e dar eficácia interna aos citados tratados
e às convenções internacionais.

Conforme o artigo 155 da Constituição Federal, as resoluções do Senado Federal são decisivas para o estabelecimento
de alíquotas que sejam aplicáveis às operações relativas à circulação de mercadorias e à prestação de serviços de
comunicação e de transporte interestadual e de exportação, que se referem ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias
e Serviços – ICMS.

Segundo a Constituição Federal, em seu artigo 155, ainda com respeito ao ICMS, é facultado ao Senado Federal a
possibilidade de estabelecer as alíquotas mínimas, referentes às operações internas. No caso de conflito de interesses
entre Estados, poderá ser estabelecida a utilização das alíquotas máximas.

Dispõe, ainda, o Código Tributário Nacional, em seu artigo 99, sobre os decretos. São atos do Executivo cujo conteúdo
não pode ultrapassar o alcance das leis em função das quais sejam expedidos. Os decretos, como atos do Chefe do
Executivo, e os regulamentos, como atos que são encaminhados ao Chefe do Poder Executivo pelo Ministro ou Secretário
da área competente, diferenciam-se apenas formalmente.

Segundo o artigo 100 do Código Tributário Nacional, podemos citar como Normas Complementares as
ordens de serviços, as portarias, as chamadas instruções normativas. Também estão inclusos nessa
categoria as decisões e os pareceres de órgãos de jurisdição administrativa, os convênios celebrados
pelos órgãos tributantes e, até mesmo, as práticas reiteradamente observadas.

Fontes Primárias do Direito Tributário


Podemos dizer que as fontes básicas ou principais do Direito Tributário seriam as leis, sobretudo a Constituição Federal,
que não cria os tributos, porém confere competência às pessoas políticas para que possam instituí-los por meio de leis
complementares e ordinárias. Outra fonte primária seriam as ementas constitucionais, que, dentro dos limites legais,
definidos pela Constituição Federal, podem realizar alterações, além de ter a prerrogativa de poder modificar ou até
Pós-Graduação a Distância

revogar a legislação tributária, devendo as leis posteriores se adequar a esses pressupostos.

Outra fonte primária são as leis complementares, que versam sobre normas gerais de Direito Tributário e sobre conflitos
de competência. Elas podem estabelecer empréstimos compulsórios, porém não criam tributos.

As resoluções do Senado Federal, normalmente, fixam as alíquotas máximas e mínimas do ICMS, do imposto de exportação
e do ITD (Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de Qualquer Bem ou Direito). Além disso, como já vimos,
por meio delas são resolvidos eventuais conflitos de interesse entre os estados.

15
Planejamento Tributário Unidade I

As medidas provisórias, em casos caracterizados como de interesse nacional, de urgência ou tidos como de grande
relevância, poderão ser utilizadas, contudo, em sessenta dias, tais medidas devem ser convertidas em lei.

Os decretos legislativos correspondem aos atos do Congresso Nacional que se destinam a disciplinar matérias que sejam
privativas desse foro.

As chamadas leis delegadas são elaboradas pelo Presidente da República para tratar de matérias específicas e podem
ser utilizadas até para criar tributos, desde que estes não exijam leis complementares

Fontes Secundárias do Direito Tributário


Basicamente, correspondem às normas complementares e aos decretos. As primeiras destinam-se a explicitar os decretos,
as leis, as convenções internacionais e os tratados.
Planejamento Tributário

16
Planejamento Tributário Unidade I

Capítulo 4 – Sistema Tributário Nacional

"O Sistema Tributário Nacional é o conjunto de princípios gerais, das


limitações do poder de tributar, de atribuição da competência tributária
privativa (discriminação de rendas) entre União, Estados, Distrito Federal
e Municípios e da repartição das receitas tributárias."
Cassone (2008)

Podemos entender o Sistema Tributário Nacional como sendo o conjunto das disposições contidas nos artigos 145 a 162
da Constituição Federal. Além desses, existem outros artigos constitucionais que aludem aos tributos, como o artigo 195.

Essas disposições citam os aspectos estruturais básicos do ordenamento jurídico e tributário brasileiro, que apresentam
regras que devem ser observadas pelos legisladores, pelo Poder Judiciário e pela administração tributária, quando no
exercício de suas funções. Assim, o poder fiscal corresponde à atribuição que o Estado apresenta de poder criar tributos
e exigi-los das pessoas que estejam dentro de sua soberania nacional.

O Sistema Tributário Nacional está baseado na coexistência de quatro outros sistemas tributários, de funcionamento
autônomo, que são o Federal, o Estadual, o Municipal e o do Distrito Federal. Desta forma, a consolidação dos impostos
apresenta naturezas semelhantes, em suas formas unitárias e quando levarmos em conta suas bases econômicas.

Podemos dizer que o Sistema Tributário Nacional é composto pela instituição de taxas, impostos, contribuições especiais,
parafiscais, especiais, de melhoria e de empréstimos compulsórios.

Taxas
As taxas são cobradas por um serviço prestado pelo Estado ou, simplesmente, por esse serviço ter sido colocado à
disposição do contribuinte ou pelo exercício regular do poder de polícia, sendo que poderão ser criadas pela União, pelos
Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios, desde que observados os limites de suas atribuições.

Impostos
Os impostos são tributos cujos fatos geradores são situações que independem de qualquer atividade estatal. Podem
incidir, por exemplo, sobre a produção, a circulação de mercadorias, o comércio exterior, a renda e o patrimônio, sobre
os combustíveis fósseis, a energia elétrica, os minerais, os extraordinários e outros.

Como vimos anteriormente, a Constituição Federal concede uma permissão para criar novos impostos chamada de
Pós-Graduação a Distância

"competência residual".

Contribuições Parafiscais
As contribuições parafiscais apresentam como característica o fato de serem tributos que, algumas vezes, têm o
comportamento de uma taxa ou um imposto e, outras vezes, podem ser um misto de taxa e imposto. São, por delegação,
arrecadadas por algumas entidades beneficiárias, tais como sindicatos e entidades profissionais ou econômicas,
contribuições do INSS etc.
17
Planejamento Tributário Unidade I

Contribuições de Melhoria
As contribuições de melhoria são as que podem ser exigidas e criadas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal
e, também, pelos Municípios, considerando que ocorra algum tipo de obra pública da qual possa decorrer algum tipo de
benefício para os proprietários dos imóveis.

Empréstimos Compulsórios
Os empréstimos compulsórios são os tipos de tributo que podem ser criados, no caso de ocorrerem investimentos públicos.
Tal tributo possui uma natureza contratual.
Planejamento Tributário

18
Elementos do Tributo Unidade II Unidade II

Elementos do Tributo

Capítulo 5 – Elementos Fundamentais e Complementares

"Denomina-se fato gerador [de um tributo] a concretização da hipótese


de incidência tributária prevista em abstrato na lei, que gera (faz nascer)
a obrigação tributária."
Fabretti (1999, p.125)

Elementos Fundamentais

Fato Gerador

O fato gerador corresponde à concretização da hipótese da incidência tributária prevista em abstrato na lei, que cria a
obrigação tributária.

Contribuinte ou Responsável

O contribuinte é o sujeito passivo da obrigação tributária que tem relação pessoal e direta com o fato gerador. Assim,
denomina-se como responsável a pessoa que a lei escolhe para responder pela obrigação tributária, em substituição ao
contribuinte de fato, dado a maior complexidade para alcançá-lo.

Os responsáveis não arcam com o ônus tributário, que é suportado pelo contribuinte de fato. Atua como uma espécie
de agente arrecadador do Fisco e como seu depositário. Cabe-lhe recolher ao fisco as importâncias descontadas ou
cobradas do contribuinte de fato, nos prazos da lei. Não o fazendo, será declarado depositário infiel, sujeito à pena de
prisão (Lei nº. 8.866/94).

Base de Cálculo
Pós-Graduação a Distância

Corresponde ao valor sobre o qual se aplica o percentual, com a finalidade de apurar o montante a ser recolhido. A base
de cálculo, segundo a Constituição Federal, precisa ser definida em lei complementar, estando sua alteração sujeita aos
princípios constitucionais da legalidade (que se refere à mudança somente por outra lei) da anterioridade (pelo qual
a lei deve estar vigente antes de iniciada a ocorrência do fato gerador) e da irretroatividade (segundo o qual a norma
não pode atingir fatos passados).

Desta forma, a lei complementar deverá definir claramente quais os critérios para a determinação da base de cálculo.

19
Elementos do Tributo Unidade II

"[Alíquota] é o percentual definido em lei que, aplicado sobre a base de


cálculo, determina o montante do tributo a ser pago."

Fabretti (1999, p.128)

Elementos Complementares

Alíquota

Após ser conhecida a base de cálculo, o contribuinte deverá aplicar sobre o valor encontrado as alíquotas tributárias
referentes ao tributo a ser pago por ele, sabendo que cada tributo apresenta sua própria alíquota. Alguns tributos, porém,
podem ter alíquotas diferentes para o mesmo produto.

A alíquota corresponde ao fator definido em lei que é aplicado sobre a base de cálculo. Ele determina o montante do
tributo a ser pago.

Assim, a lei pode estabelecer uma tabela progressiva, em que a alíquota vai sendo elevada, incidindo sobre faixas de
valores cada vez maiores. As alterações de alíquotas também estão sujeitas aos princípios constitucionais da legalidade,
da anterioridade e da irretroatividade.

Adicional

A lei poderá determinar o pagamento de mais um valor, sob o nome de adicional, que incidirá sobre determinada base
de cálculo que ela fixar.

Prazo de Pagamento

O prazo de pagamento pode ser fixado pelo ente competente para arrecadar o tributo, por lei ordinária.
Planejamento Tributário

20
Tributação de Pessoa Física Unidade III Unidade III

Tributação de Pessoa Física

Capítulo 6 – Imposto Incidente Sobre a Renda

“A renda é o acréscimo patrimonial produto do capital ou do trabalho.


Proventos são os acréscimos patrimoniais decorrentes de uma atividade
que já cessou.”

Paulsen (2006, p. 48)

Como vimos anteriormente, o imposto corresponde a um tipo de tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação
que independe de qualquer atividade Estatal. Assim, a competência residual representaria uma permissão concedida pela
Constituição Federal à União para poder criar novos impostos.

O Imposto de Renda é um dos principais tributos brasileiros e corresponde à contribuição aos cofres públicos sobre a
renda em geral, sendo cobrado de pessoas físicas e jurídicas, com alíquotas e faixas diferentes, conforme o contribuinte.
É assim conhecido uma vez que incide sobre a renda auferida e pode ser cobrado sobre proventos de qualquer natureza.
O IR é de competência da União e encontra-se definido na Constituição Federal, em seu artigo 153.

No caso das pessoas físicas, o Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF é cobrado sobre salários e rendimentos que
ficaram acima de um limite mínimo de rendimentos anuais, sendo este valor corrigido periodicamente. Os que receberam
abaixo desse limite são isentos de declarar o Imposto de Renda; os demais recebem alíquotas diferenciadas de IRPF, de
acordo com sua faixa de renda.

Os assalariados com carteira assinada, em sua grande maioria, já têm, mensalmente, descontado em folha um percentual
relativo ao chamado Imposto de Renda Descontado na Fonte. Ou seja, a própria empresa desconta e recolhe o imposto
para a Receita Federal.

De modo semelhante, o Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas – IRPJ corresponde a um tributo federal que precisa
ser pago pelas pessoas jurídicas que não sejam imunes ou isentas de pagamento de imposto.
Pós-Graduação a Distância

No caso das empresas, o IRPJ sobre o lucro auferido por elas corresponde, basicamente, a uma alíquota que incide sobre
uma base de cálculo, que sofre adições e exclusões sobre os lançamentos constantes do Livro de Apuração do Lucro
Real, conhecido por LALUR, ou sobre o faturamento ou a receita bruta.

21
Tributação de Pessoa Física Unidade III

Capítulo 7 – Encargos Sociais

“Os trabalhadores beneficiam-se diretamente desses itens e o montante


do benefício tem relação direta com o montante da contribuição.”

World Bank (1996, p. 33)

Encargos Sociais
Os encargos sociais representam os custos que incidem sobre os salários dos empregados, registrados conforme a
legislação vigente. Tais encargos representam todas as despesas que as empresas efetuam, de forma compulsória ou
não, em benefício de seus empregados ou dos familiares, de uma forma direta ou indireta.

Assim, podem ser incluídos como encargos sociais, as despesas que são destinadas ao financiamento da seguridade
social, que é de responsabilidade do poder público e, também, as demais contribuições sociais, tais como as chamadas
contribuições sociais (referentes ao Instituto Nacional do Seguro Saúde – INSS), o décimo terceiro salário, as férias de
30 dias acrescidas de 1/3, o repouso semanal remunerado, o adicional de periculosidade, o de insalubridade, o aviso-
prévio, a licença maternidade e de paternidade, o vale-transporte, o auxílio-creche, o salário-educação, o salário-família
e outros benefícios pagos aos empregados.
Planejamento Tributário

22
Processo de Planejamento Tributário de Pessoa Jurídica Unidade IV Unidade IV

Processo de Planejamento Tributário de


Pessoa Jurídica

Capítulo 8 – Conceitos

"As responsabilidades do contador quanto à contabilidade fiscal são: o


registro contábil das provisões relativas aos tributos a recolher, conforme
os Princípios Fundamentais de Contabilidade; a orientação, o treinamento
e a constante supervisão dos funcionários do setor de impostos; o controle
dos prazos de recolhimento dos diversos tributos; e a orientação fiscal
para as demais unidades da empresa (filiais, fábricas, departamentos) ou
das empresas coligadas e controladas."

Oliveira (1998, p. 24)

Segundo Andrade Filho (2006), uma das maneiras de se estabelecer as bases de um bom planejamento tributário nas
empresas seria instituindo uma plataforma denominada de "Inteligência Tributária", por meio de um departamento próprio
de análise e criação.

Assim, tal departamento poderia viabilizar estudos relacionados ao impacto dos tributos sobre as operações da empresa,
bem como sobre o setor em que ela atua, com proposição de alternativas lícitas de redução da carga tributária.

As melhores práticas, nesse caso, estariam baseadas em análises das perspectivas feitas de forma permanente e ao
mesmo tempo flexível, de modo a permitir que as decisões empresariais mais relevantes fossem tomadas, levando-se
em consideração os custos tributários diretos ou indiretos.

Segundo Machado (2006), a competitividade nos negócios requer, cada vez mais, esforços criativos, inovadores e dinâmicos
de estratégia das empresas. É sob esse aspecto que o planejamento tributário deve ser visto pelos empresários e gestores
de negócios, cabendo ao empresário, auxiliado por seu advogado, administrador e contador, observar as limitações previstas
na legislação tributária e delinear estruturas e formas legítimas para suas operações industriais e mercantis.
Pós-Graduação a Distância

Nas atividades gerenciais, o administrador, muitas vezes, tem o tributo como variável de grandes reflexos nos preços.
Os impostos como o ICMS e as contribuições para o PIS/a Cofins destacam-se por terem alíquotas médias de grande
repercussão nos preços finais, dependendo da extensão da cadeia produtiva. Nesse sentido, torna-se importante para o
gestor tributário tomar providências, buscando alternativas, por meios legais, para desonerar ao máximo possível essa
variável.

23
Processo de Planejamento Tributário de Pessoa Jurídica Unidade IV

Principais Funções e Atividades de um Planejamento Tributário


O gerenciamento das obrigações tributárias corresponde a algo estratégico dentro das empresas de médio e grande porte,
em qualquer ramo de atividade, não sendo uma mera atividade cotidiana.

Assim, o gerenciamento contábil e financeiro dos impostos e dos demais tributos corresponde a um dos fatores que
penalizam a maioria das empresas com grandes dispêndios e demandam desgaste de recursos. Desta forma, aumenta
a responsabilidade dos gestores da empresa que, além de terem as preocupações inerentes ao negócio, precisam se
preocupar com os prazos e os dispêndios em seus fluxos de caixa.

Segundo Perez (2003), os profissionais que irão realizar o planejamento tributário precisam saber mais que outros
empregados das áreas administrativas ou financeiras, pois devem conhecer a legislação tributária e suas particularidades.
Precisam preocupar-se, também, com a eficácia dos controles e os agendamentos utilizados para exercer esse
gerenciamento.

Na ocorrência de alguma falha mais relevante na interpretação de uma Lei ou na aplicação de normativos tributários,
poderá penalizar a empresa com multas ou causar possíveis prejuízos.

Elisão e Evasão Fiscais


A elisão fiscal seria a maneira legal de uma empresa equacionar os gastos com a carga tributária ou exercer a economia
legal ou o planejamento tributário. Assim, trata-se de um conjunto de sistemas legais que visam a minimizar legalmente
o pagamento de tributos.

Segundo Fabretti (2004), a elisão fiscal ou elisão tributária corresponde a uma forma de “economia lícita de tributos”,
na qual o contribuinte prescinde de realizar determinadas operações ou as executa de forma menos onerosa ou racional,
em consonância com alguma lacuna na lei ou algum dispositivo legal.

Logo, corresponde, exclusivamente, à utilização de mecanismos ou ferramentas lícitas, admitidas na legislação ou,
pelo menos, não proibidas por ela, como, por exemplo, as opções de escolha entre o lucro presumido ou o real, no caso
de empresas. Para tanto, são necessárias simulações e cálculos anteriores que baseiem tais escolhas como sendo as
melhores.
Planejamento Tributário

24
Processo de Planejamento Tributário de Pessoa Jurídica Unidade IV

Capítulo 9 – Meios e Instrumentos

“..o controle pode ser definido como uma função do processo administrativo
que, mediante a comparação com padrões previamente estabelecidos,
procura medir e avaliar o desempenho e o resultado das ações.”

Almeida (1998, p. 237)

Segundo Oliveira (2005, p. 182), para se adotar um sistema de economia de tributos é necessário que as empresas possam
se utilizar de alguns meios ou de instrumentos. A partir daí, poderiam agir, conforme o caso, segundo as análises abaixo:

• Econômico-Financeira

Corresponde a adotar procedimentos que visem a maximizar o resultado do planejamento. Por exemplo: na
maioria das vezes, o depósito judicial é prejudicial à empresa, pois, além do desencaixe do valor, a empresa
não pode deduzi-lo como despesa operacional. Entretanto, o rendimento produzido pelo depósito deverá ser
contabilizado como receita financeira, que servirá de base de cálculo do PIS/da Cofins.

• Jurídica

Equivale a procurar sempre a existência de um fundamento jurídico a ser alegado, pois o CTN estabelece que
só é possível operar compensação de imposto após o trânsito em julgado da ação.

• Fiscal

É necessário que as obrigações acessórias sejam cumpridas em ordem, a fim de não desencadear processos
de fiscalização.

• Fisco-Contábeis

Corresponde a adotar procedimentos que permitam a economia de outros tributos, buscando a maximização
do lucro e a minimização do risco. Pós-Graduação a Distância

25
Processo de Planejamento Tributário de Pessoa Jurídica Unidade IV

Capítulo 10 – Como Elaborar o Planejamento

"O planejamento não se interessa por sonhar vãs utopias, distanciadas


da ação corrente; não chega às decisões de rotina, nem às resoluções
apressadas. O planejamento difere da lei, da política, da administração.
Não obstante, ele deverá estar estreitamente associado aos três, para
desempenhar suas tarefas."
Almeida (1999, p. 23)

Segundo Oliveira (2005), ao serem considerados os efeitos fiscais no tempo, podemos dizer que existem três tipos de
planejamento tributário.

• Preventivo – desenvolvido continuadamente por meio de orientações, manuais de procedimentos e reuniões dos
especialistas contábeis e tributários, abrangendo, principalmente, as atividades responsáveis pelo cumprimento
da legislação tributária.

• Corretivo – ao serem detectadas anormalidades, inicia-se um estudo para levantar as possíveis alternativas
de correção do problema. Desta forma, podemos inferir que, em empresas que possuem o tipo preventivo de
planejamento tributário, não deveria existir esse tipo corretivo.

• Especial – surge de uma eventualidade, de algo novo que precise da necessidade de um planejamento tributário
adicional, como em caso de aquisição de empresas, abertura de filiais, alienações, incorporações ou fusões e,
até mesmo, oriundas do lançamento de novos produtos.

Podemos desenvolver um planejamento tributário, a priori, em qualquer empresa, desde que seja compatível com o tipo de
operações que ela exerce, com o tamanho de suas receitas, com os incentivos fiscais a que tem direito (se o tiver), com os
pagamentos de juros sobre capital e com outros aspectos relevantes que devem ser considerados para sua elaboração.

Segundo Oliveira (1998), um planejamento tributário apresenta como características básicas: a existência de uma
estratégia e do risco. Assim, quase sempre existe a probabilidade da ocorrência de erros ou de acertos e, para tanto,
devem ser realizadas simulações diversas que garantam ao máximo o sucesso dessa tarefa.

A realização de um planejamento tributário envolve a existência e a escolha de uma metodologia de desenvolvimento


concisa, a fim de evitar possíveis falhas.

Segundo Oliveira (1998), basicamente, uma metodologia compreende algumas fases que devem ser observadas pelas
Planejamento Tributário

empresas que querem realizar este tipo de planejamento. A primeira delas é analisar a situação atual da empresa, para
que se possa determinar qual o caminho e os passos que precisam ser seguidos para atingir os objetivos que serão
estabelecidos. A segunda fase é definir os objetivos estratégicos do planejamento tributário e as concernentes metas a
serem atingidas. Muitas vezes, ao ser realizada a análise da situação, alguns objetivos são revistos ou postergados, o
que leva alguns autores a colocar a fase de análise situacional como sendo a primeira.

26
Processo de Planejamento Tributário de Pessoa Jurídica Unidade IV

A partir daí, podemos citar os seguintes passos, constantes de uma metodologia básica de planejamento tributário.

1. Análise da situação – procede-se a um diagnóstico da empresa

Esta etapa é composta de elementos primordiais que facilitam a correta elaboração do planejamento e permitem a
sua efetividade.
• Definição da missão do planejamento – corresponde aos objetivos da empresas, à satisfação das necessidades
implícitas do planejamento.
• Levantamento do cenário econômico atual – corresponde à avaliação das medidas adotadas pelas políticas
governamentais e pela legislação.
• Definição de propósito – corresponde à explicitação dos objetivos dentro da missão, devendo agrupar o maior
número de informações do setor em que a empresa está inserida, no intuito de servir-se delas para a análise
da situação.

2. Premissas
Há, também, a necessidade de que a equipe envolvida nos procedimentos de planejamento tributário realize uma
revisão na estrutura empresarial e organizacional atual, a fim de identificar possíveis falhas em processos de apuração,
registro ou controle que necessitem ser corrigidas.
Levando em consideração o plano estratégico a ser adotado pela empresa no ano que irá se iniciar, a equipe de
planejamento precisa mapear as atividades operacionais de todos os departamentos de uma forma mais detalhada ou,
pelo menos, revisá-las, para, assim, ter subsídios na formulação de estratégias tributárias a serem aplicadas no ano
vindouro. Lembrando que, se os processos estiverem com problemas, alguns impostos, taxas e tributos podem estar
sendo superestimados ou, mesmo, subestimados, ocasionando futuras multas ou problemas com a fiscalização.

3. Estabelecimento dos objetivos estratégicos


Segundo Anthony e Govindarajan (2006), são realizados levantamentos, a fim de determinar quais seriam os problemas
atuais e futuros e, com base neles, estabelecer o objetivo estratégico do planejamento tributário. Por exemplo, a
necessidade de se equacionar a carga fiscal do PIS e da Cofins em uma indústria ou de se minimizar as contingências
tributárias, para aumentar a competitividade da empresa no mercado.
Nesta fase, é necessário que os objetivos sejam pré-determinados e controlados por prazos, que precisam ser
cumpridos na forma de um cronograma, com revisão periódica, a fim de que se tenham grandes possibilidades de
sucesso desse planejamento.

4. Escopo do planejamento
Segundo Almeida (1998), outro aspecto primordial é identificar o que poderá ser feito e em qual prazo e, principalmente,
o que ainda não poderá ser realizado. Tal esforço poderá mexer com a sinergia de diversos departamentos em uma
empresa, envolvendo-os com o intuito de estabelecer uma base conceitual sólida para a análise do processo decisório
com relação ao pagamento de tributos e com relação ao seu controle.
Pós-Graduação a Distância

Um bom planejamento permite, em seu processo, o envolvimento da maioria dos segmentos da empresa e a revisão
dos processos e, principalmente, da maneira como estão sendo feitos os trabalhos, a fim de identificar possíveis
vazamentos ou erros contábeis ou financeiros. Além disso, a definição do escopo do planejamento (o que esse vai
fazer e o que não vai ou não pode realizar) é fundamental para o alcance dos resultados esperados.

A partir daí, a empresa poderá adotar os caminhos a serem trilhados e desenvolver um plano de ação que contemple os
passos necessários para atingir seus objetivos. Como a área fiscal é bastante complexa, será imprescindível estudar
detalhadamente a legislação tributária. Além disso, deverá efetuar com rigor a apuração dos resultados da empresa do
ano que irá findar, para possibilitar a realização de uma projeção para o próximo ano.

27
Processo de Planejamento Tributário de Pessoa Jurídica Unidade IV

Segundo Almeida (1998), se a empresa for, por exemplo, uma indústria, uma alternativa que deve ser considerada no
processo de planejamento são as ações que possam reunir possíveis configurações da empresa e simulações, sobretudo
considerando o mercado e seu produto.

Conforme afirma Welsch (1983), as novas potencialidades de lucro a partir desse planejamento devem ser listadas.
Também devem ser estabelecidos os objetivos relevantes para a empresa. Assim, segundo esse autor, as etapas de
planejamento precisam considerar:

• a organização, com a subdivisão das tarefas e a atribuição de papéis aos envolvidos;

• a formação de equipe, a fim de avaliar e definir objetivos e necessidades;

• as formas de liderança e a dinâmica na implantação e na execução dos planos;

• o controle contínuo do processo, aperfeiçoando-o no que for possível.

Riscos
Outro fator que sempre precisa ser considerado é o risco, caracterizado como a possibilidade de ocorrência de um
acontecimento incerto ou eventual, que pode ocorrer independente da vontade dos realizadores do planejamento.
Representa, assim, um dos aspectos mais fortes a ser considerado.

Podemos afirmar que, em todo planejamento, há riscos e que pode haver falha de elaboração ou
de execução. Logo, os profissionais que elaboram o planejamento tributário devem considerar tais
possibilidades e, sobretudo, estar atualizados com a legislação vigente, pois existe a possibilidade de
questionamentos por parte das autoridades fiscais, principalmente quando uma empresa consegue
uma compensação que possa ser desfavorável aos cofres públicos, ensejando uma fiscalização mais
enérgica sobre a instituição.
Planejamento Tributário

28
Simples Nacional Unidade V Unidade V

Simples Nacional

Capítulo 11 – Microempresa e Empresa de Pequeno Porte

"O Simples Nacional é um regime tributário diferenciado, simplificado


e favorecido, previsto na Lei Complementar nº 123, de 14/12/2006,
aplicável às microempresas e às empresas de pequeno porte, a partir de
1/7/2007.”
Site da Receita Federal

Legalmente, as empresas podem ser consideradas como microempresas quando apresentam faturamento anual igual ou
inferior a R$ 240.000,00 ao ano, enquanto que, se apresentam faturamento anual superior a R$ 240.000,00 e menor
ou igual a R$ 2.400.000,00, podem ser classificadas como Empresas de Pequeno Porte – EPP.

Assim, segundo a Lei nº 9.841/99, conhecida como o "Estatuto da Microempresa e das Empresas de Pequeno Porte", para
essas empresas são estabelecidos incentivos, sobretudo por meio da simplificação de suas obrigações administrativas,
previdenciárias e creditícias pela eliminação ou redução de algumas exigências.

Para as microempresas e para as empresas de pequeno porte a lei estabelece que, em substituição ao regime normal de
apuração, o valor devido mensalmente pode ser determinado mediante a aplicação de alíquotas mais atrativas, constantes
das tabelas dos anexos da Resolução do CGSN nº 5, de 30 de maio de 2007, e de suas alterações.

Além desses benefícios, alguns estados têm leis específicas de incentivo às microempresas e às empresas de pequeno
porte. No estado de São Paulo, a Lei no 10.086/98 concede aos contribuintes do ICMS, Microempresas (faturamento
anual igual ou inferior a R$ 240.000,00) e empresas de pequeno porte (faturamento anual superior a R$ 240.000,00
e igual ou inferior a R$ 2.400.000,00), incentivos e isenções fiscais. Para os contribuintes exportadores, essa lei não
considera o valor das exportações para fins do limite de faturamento bruto anual, até o montante das operações realizadas
no mercado interno.
Pós-Graduação a Distância

Normas Gerais

"[A exploração de um assunto] significa reunir mais conhecimento e


incorporar características inéditas, bem como buscar novas dimensões,
até então não conhecidas."
Beuren e Raupp (2004, p. 81)

29
Simples Nacional Unidade V

O simples corresponde ao Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas
de Pequeno Porte de que trata a Lei no 9.317, de 5/12/96.

Segundo a página da Receita Federal, o Simples Nacional, instituído pela Lei Complementar no 123(Lei Geral), de pode
ser definido como sendo “o Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas
Microempresas e Empresas de Pequeno Porte".

A ideia do Simples Nacional adveio da necessidade de se unificar, dentro do possível, a complexa legislação tributária
aplicável às Micro e Pequenas Empresas, em âmbito federal, distrital, estadual e municipal.

Nesse sentido, o sistema Simples Nacional ou Super Simples, como também é conhecido, pretende unificar os diversos
impostos (Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ); Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL); Contribuição
para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins); Contribuição para o PIS/Pasep; Cota Patronal da Contribuição para
a Seguridade Social; Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Sobre Prestações de Serviços de
Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS); Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS);
e Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)) que eram, no passado, conforme apontado por autoridades e estudiosos,
responsáveis por manter muitos contribuintes na informalidade, motivados pela ampla carga tributária e pela burocracia
a que eram submetidos no passado.

Contudo, o recolhimento na forma do Simples Nacional não exclui a incidência de outros tributos, não listados
anteriormente, e há situações em que o recolhimento se dá à parte do Simples Nacional, sendo as atividades tributadas
diferentemente.

Além disso, o Simples Nacional estabelece que as micro e pequenas empresas devam segregar suas receitas, contabilizando-
as separadamente, para que cada atividade possa ser tributada no limite justo de sua participação.

Existem algumas operações que são alvo de tributação diferenciada, como as receitas de exportação e de substituição
tributária. Assim, as micro e pequenas empresas devem considerar, destacadamente, as receitas decorrentes de revenda
de mercadorias; de prestação de serviços, de locação de bens móveis, de venda de mercadorias sujeitas à substituição
tributária, de venda de mercadorias industrializadas pelo contribuinte, de prestação de serviços, bem como de locação
de bens móveis, de exportação de mercadorias para o exterior, inclusive de vendas realizadas por meio de comercial
exportadora ou de consórcio previsto na Lei Geral.

De acordo com a Lei Complementar no 123/06, não poderão recolher os impostos e as contribuições na forma do Simples
Nacional as Microempresas – MPE ou as Empresas de Pequeno Porte – EPP que tenham auferido, no ano anterior, receita
bruta superior a R$ 2.400.000,00; que sejam filial, sucursal, agência ou representação de pessoa jurídica com sede no
exterior; de cujo capital participe outra pessoa jurídica; de cujo capital participe pessoa física que seja inscrita como
empresário ou sócio de outra empresa que receba tratamento jurídico diferenciado na Lei Complementar nº 123/2006,
desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso I do caput deste artigo; de que o titular ou sócio
participe com mais de 10% do capital de outra empresa não beneficiada, desde que a receita bruta global ultrapasse o
limite de R$ 2.400.000,00.

Além disso, não poderão participar do Simples Nacional, as MPEs e EPPs cujos sócios ou titulares sejam administradores
ou equiparados de outra pessoa jurídica com fins lucrativos, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de R$
Planejamento Tributário

2.400.000,00; constituídas sob a forma de cooperativas, com exceção das de consumo; que participem do capital de
outra pessoa jurídica; que possam exercer atividade de banco comercial, de investimentos ou de desenvolvimento, de
caixa econômica, ou de sociedade de crédito, financiamento e investimento ou de crédito imobiliário, de corretora ou
de distribuidora de títulos, valores mobiliários e câmbio, de empresa de arrendamento mercantil, de seguros privados
e de capitalização ou de previdência complementar; constituídas sob a forma de sociedade por ações; resultantes ou
remanescentes de cisão ou outra forma de desmembramento de pessoa jurídica (há menos de cinco anos); que explorem
atividade de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, de gestão de crédito, de seleção e
riscos, de administração de contas a pagar e a receber, de gerenciamento de ativos (asset management), de compras

30
Simples Nacional Unidade V

de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços; que tenham algum sócio
que seja domiciliado no exterior; de cujo capital participe entidade da administração pública, direta ou indireta, federal,
estadual ou municipal; que prestem serviço de comunicação; que possuam débito com o Instituto Nacional do Seguro
Social – INSS ou com as Fazendas Públicas Federal, Estadual ou Municipal, cuja exigibilidade não esteja suspensa;
que prestem serviço de transporte intermunicipal e interestadual de passageiros; que sejam geradoras, transmissoras,
distribuidoras ou comercializadoras de energia elétrica; que exerçam atividade de importação de combustíveis; que exerça
atividade de importação ou fabricação de automóveis e motocicletas; que exerçam atividade de produção ou venda no
atacado de bebidas alcoólicas, cigarros e afins, armas de fogo e afins; que tenham por finalidade a prestação de serviços
decorrentes do exercício de atividade intelectual, de natureza técnica, científica, desportiva, artística ou cultural, que
constitua profissão regulamentada ou não, bem como a que preste serviços de instrutor, de corretor, de despachante ou
de qualquer tipo de intermediação de negócios; que realizem cessão ou locação de mão de obra; que realizem atividade
de consultoria; que se dediquem ao loteamento e à incorporação de imóveis.

O sistema Simples Nacional de tributação apresenta-se como uma excelente opção para as micro e pequenas empresas,
tanto pela economia tributária que proporciona, como, também, pela grande simplificação burocrática e operacional do
recolhimento dos seus tributos.

Assim, a possibilidade de enquadramento das empresas no Simples Nacional depende de uma série de fatores estabelecidos
na lei, sobretudo a receita auferida anualmente pela empresa, os tipos de serviços prestados, as condições societárias,
o ramo de atuação e outros aspectos verificados acima.

Se a empresa não optar pelo Simples, deverá se enquadrar no regime de lucro real ou presumido, uma vez que as leis
anteriores que previam simplificação tributária semelhante ou, mesmo, tratamento tributário diferenciado às micro e
pequenas empresas foram revogadas na data em que o Simples Nacional entrou em vigor, a partir do dia 1/7/2007,
estando a Lei nº 9.317/96 revogada.

A exclusão do Simples Nacional deverá ser efetuada pela micro ou pela pequena empresa, obrigatoriamente, se tiver
auferido, no ano anterior, receita bruta superior a R$ 2,4 milhões; se tiver ultrapassado o limite proporcional de empresa
de pequeno porte no ano de início de atividade (R$ 200 mil multiplicados pelo número de meses compreendidos entre
o início da atividade e o final do respectivo ano-calendário, consideradas as frações de meses como um mês inteiro);
se possuir débito com o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS ou com as Fazendas Públicas Federal, Estadual ou
Municipal, cuja exigibilidade não esteja suspensa.

Simples em Microempresas
Deverão ser observadas as seguintes faixas de faturamento, a fim de serem recolhidos os percentuais informados para
as microempresas que: tiveram faturamento até R$ 60.000,00 – 3%; acima desse valor e até R$ 90.000,00 – 4%;
acima desse valor e até R$ 120.000,00 – 5%; acima desse valor e até R$ 240.000,00 – 5,4%.

Simples em Empresas de Pequeno Porte


Pós-Graduação a Distância

Nas empresas de pequeno porte, deverão ser observadas as seguintes faixas de faturamento, para serem conhecidos os
percentuais de recolhimento, a saber: EPP de faturamento até R$ 360.000,00 – 5,8%; acima desse valor e até R$ 480.000,00
– 6,2%; acima desse valor e até R$ 600.000,00 – 6,6%; acima desse valor e até R$ 720.000,00 – 7,0%; acima desse valor
e até R$ 840.000,00 – 7,4%; acima desse valor e até R$960.000,00 – 7,8%; acima desse valor e até R$ 1.080.000,00
– 8,2%; acima desse valor e até R$ 1.200.000,00 – 8,6%; acima desse valor e até R$ 2.400.000,00 – 12,6%.

31
Simples Nacional Unidade V

Tributos Incluídos no Simples Nacional

"Aliás, seria absurdo que o contribuinte, encontrando vários caminhos


legais (portanto, lícitos) para chegar ao mesmo resultado, fosse escolher
justamente aquele meio que determinasse pagamento de tributo mais
elevado."
Becker (2001)

Conforme a Lei Complementar no 123/06, o Simples Nacional abrange oito tributos.

• Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Sobre Prestações de Serviços de Transporte
Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS.

• Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ.

• Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL.

• Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins.

• Contribuição para o PIS/Pasep.

• Contribuição para a Seguridade Social Patronal – INSS.

• Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS.

• Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI.


Planejamento Tributário

32
Simples Nacional Unidade V

Capítulo 12 – Tributação do Comércio e da Exportação, da Indústria e dos


Serviços

"Os capitais humanos, estrutural e do cliente podem criar riqueza mais


rápida e de maneira mais barata que os ativos financeiros e físicos
tradicionalmente empregados."
Stewart (1998)
Conforme já vimos, o Super Simples apresenta uma porcentagem de imposto a pagar que deve ser medida em cima
da receita acumulada nos últimos doze meses. Assim, as alíquotas do Super Simples são medidas de acordo com o
serviço e o setor que a empresa está atuando, sobretudo no que concerne a: venda de mercadorias industrializadas pelo
contribuinte, revenda de mercadorias, prestação de serviços, locação de bens móveis, venda de mercadorias sujeitas à
substituição tributária, à exportação de mercadorias, inclusive às vendas realizadas por meio de comercial exportadora
ou do consórcio previsto na Lei Geral, comércio, indústria e serviços.
As atividades listadas acima pagam impostos diferentes, de acordo com o Super Simples. Além, obviamente, da variação
de acordo com a receita, cada uma tem uma tabela diferente, da seguinte forma: para a indústria, as alíquotas variam de
4,5% a 12,11%; para o comércio, as alíquotas variam de 4% a 11,61% e, na área de serviços, há a atividade de locação
de bens móveis, que tem alíquotas entre 6% e 17,42%, conforme o caso.
Nos casos de empresas que exportam ou que trabalham com produtos que têm substituição tributária, pode haver
subtrações. Assim, a substituição tributária constitui-se em um mecanismo tributário que possibilita o pagamento de
impostos de toda uma cadeia produtiva e comercial de uma só vez, por um dos integrantes da cadeia.
Além disso, o Super Simples prevê que alguns impostos sejam abatidos, como no caso de exportações. Concluímos,
então, que, se parte da receita de uma empresa adveio de exportações ou da substituição tributária, é possível subtrair
impostos que já foram pagos por outros, tais como o ICMS, o PIS, a Cofins e o IPI.
Para fomentar as exportações e tornar os produtos brasileiros mais competitivos nos mercados externos, a legislação
tributária passou a dispensar um tratamento diferenciado às operações com mercadorias e aos serviços prestados
destinados para fora do país. Tal tratamento consiste na redução da carga tributária que incide sobre essas operações.
Assim, a Constituição Federal determina a não incidência de alguns tributos, como o IPI, a Cofins, o PIS/Pasep e o ICMS,
em caso de exportações.
A aludida segregação das receitas decorrentes de exportações apresenta a finalidade de excluir a tributação de IPI, ICMS,
PIS/Pasep e Cofins de tais transações. A levantar o montante devido no mês, relativo a cada tributo, o contribuinte apura
as receitas decorrentes de exportação de mercadorias, tendo o direito de deduzir do valor a ser recolhido no Simples
Nacional, como nos casos de venda de mercadorias industrializadas pelo contribuinte, nos percentuais relativos ao ICMS,
Pós-Graduação a Distância

na contribuição para o PIS/Pasep, à Cofins e ao IPI.


Além disso, consta da legislação do Simples Nacional a segregação de receita e a correspondente dedução dos percentuais
de IPI, ICMS, PIS/Pasep e Cofins para as exportações de mercadorias, não falando a respeito dessa segregação e dedução
quando se tratar de receita decorrente de exportação de serviços.
Logo, as receitas decorrentes de exportação de serviços devem ser tributadas normalmente pelos percentuais de PIS/
Pasep, ISS e Cofins, sob a forma do Simples Nacional, conforme a tabela e a faixa de recolhimento nas quais o contribuinte
se enquadrar.

33
Simples Nacional Unidade V

O contribuinte que obtiver receitas decorrentes de exportação de mercadorias e receitas decorrentes de operações
realizadas dentro do país deverá separar os valores correspondentes a cada uma delas, para fins de enquadramento
em uma das tabelas previstas na Resolução CGSN no 05/2007 e aplicação da alíquota correspondente. Nas tabelas de
tributação das receitas de exportação de mercadorias, os percentuais relativos ao IPI, ao ICMS, ao PIS/Pasep e à Cofins
são zerados.

O contribuinte que exporta mercadorias pode fazê-lo direta ou indiretamente, sendo a exportação direta correspondente
àquela em que o contribuinte brasileiro vende sua mercadoria diretamente a um cliente situado no exterior, sem uso de
intermediação. Já na exportação indireta, temos a venda com o fim específico de exportação, ou seja, um contribuinte
realiza a operação interna com uma determinada empresa que, efetivamente, irá exportar a mercadoria.

Nesse caso, conforme a legislação do Simples, como ocorre com a receita da exportação de mercadorias realizada
diretamente pelo optante do Simples Nacional, as receitas decorrentes de exportações indiretas não serão tributadas
pelos percentuais relativos ao IPI, à Cofins, ao ICMS, ao PIS/Pasep.
Planejamento Tributário

34
Unidade VI
Sistemas de Avaliação e de Informações Gerenciais em uma Instituição de Educação Profissional Unidade V

Lucro Presumido

Capítulo 13 – Conceitos

"É aspiração naturalíssima e intimamente ligada à vida econômica a de


se procurar determinado resultado econômico com a maior economia,
isto é, com a menor despesa (e os tributos que incidirão sobre os atos e
fatos necessários à obtenção daquele resultado econômico são parcelas
que integrarão a despesa). Ora, todo indivíduo, desde que não viole regra
jurídica, tem a indiscutível liberdade de ordenar seus negócios de modo
menos oneroso, inclusive tributariamente."

Becker (2001)

O lucro presumido corresponde a uma forma de tributação simplificada para determinar a base de cálculo do imposto
de renda e da CSLL das pessoas jurídicas que não estiverem obrigadas, no ano, à apuração do lucro real. Para essas
empresas, o Imposto de Renda é devido trimestralmente, sendo necessário o ingresso no sistema.

Nessa forma de tributação, os impostos são calculados com base em um percentual estabelecido em cima do valor das
vendas realizadas, independentemente da forma de apuração do lucro.

Ingresso no Sistema
Ingressar no sistema significa fazer a opção por esse regime de tributação, que tem como base o lucro presumido. Assim,
essa opção será manifestada pela empresa com o pagamento da primeira ou única quota do imposto devido, correspondente
ao primeiro período de apuração de cada ano.

De igual modo, as pessoas jurídicas que iniciarem suas atividades a partir do segundo trimestre deverão manifestar sua
Pós-Graduação a Distância

opção a esse regime de tributação com o pagamento da primeira ou única quota do imposto devido, relativo ao período
de apuração do início de sua atividade.

Observa-se que, segundo o artigo 13 da Lei no 9.718/98, a opção pela apuração do imposto de renda com base no lucro
presumido é irretratável no mesmo ano de sua opção.

35
Sistemas de Avaliação e de Informações Gerenciais em uma Instituição de Educação Profissional Unidade VI

Condições para Opção

"Uma empresa pode ser organizada de forma a evitar excessos de


operações tributadas e, consequentemente, evitar a ocorrência de fatos
geradores perante a lei desnecessários, como poderia funcionar nas
modalidades legais menos tributadas. Fica ao contribuinte a faculdade
de escolha ou planejamento fiscal."

Borges (2000, p. 60)

A pessoa jurídica contribuinte manifesta a opção pela tributação com base no lucro presumido por ocasião do pagamento
da primeira cota ou da cota única do imposto devido, no primeiro trimestre do ano-calendário (30/03), no último dia útil
do mês subsequente (abril).

Essa opção tem caráter definitivo em relação a todo o resto do ano fiscal, ou seja, não é possível a mudança para o regime
do lucro real no mesmo ano em que a empresa iniciou o pagamento de seus impostos baseada no lucro presumido.

Nem todas as empresas podem fazer a opção por esse regime de apuração. Não podem optar pela tributação com base
no lucro presumido as pessoas jurídicas a seguir.

• Exerçam atividades de bancos comerciais, de investimentos, de desenvolvimento.

• Tenham apresentado uma receita total, no ano anterior, superior ao limite de R$ 48.000.000,00, ou
de R$ 4.000.000,00, multiplicados pelo número de meses contados do mês de início de atividades até
dezembro daquele ano.

• Apresentem lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos de fora do país.

• Explorem atividades de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica,


de gestão de crédito etc.

• No decorrer do ano atual, tenham realizado pagamentos mensais pelo regime de estimativa.

• Dediquem-se à compra e/ou à venda, ao loteamento, à incorporação ou à construção de imóveis.

• Depois de autorizadas pela legislação, queiram usufruir de benefícios fiscais relativos à isenção ou à redução
do Imposto de Renda.

Assim, a base de cálculo do imposto devido trimestralmente será determinada mediante aplicação, sobre a receita
bruta auferida das atividades exploradas pela empresa, de um percentual, conforme estabelecido na legislação para sua
atividade.
Planejamento Tributário

Percentuais de Presunção
Para determinar a base de cálculo do Imposto de Renda pelo regime do lucro presumido, deve-se aplicar sobre a receita
bruta mensal auferida um dos seguintes percentuais de presunção, conforme a atividade da empresa:

36
Sistemas de Avaliação e de Informações Gerenciais em uma Instituição de Educação Profissional Unidade V

Ramo de Atividade da Empresa Percentual Base

– Postos de combustíveis (revendas). 1,6%

– Atividades imobiliárias
– Atividades rurais
– Comércio de mercadorias
– Construção por meio de empreitada com fornecimento de materiais e mão de obra ou por
administração 8%
– Indústria de produtos
– Serviços hospitalares
– Transportes de cargas
– Outras atividades não previstas (exceto prestação de serviços)

– Instituições financeiras
– Transportes de passageiros 16%
– Prestadoras de serviços (exclusivamente que tenham receita bruta anual de até r$ 120.000).

– Administração, cessão de bens imóveis, móveis, locações e outros direitos de qualquer


natureza
– Construção por empreitada ou administração (apenas mão de obra)
32%
– Intermediação de negócios
– Serviços prestados por sociedade civil
– Outros serviços

Percentuais de Presunção para Cálculo do IRPJ e da CSLL

"A efetiva importância desses impostos no mundo dos negócios vem


exigindo da equipe direcional das organizações empresariais um vultoso
investimento de energia e recursos visando a obter ideias e planos
que possibilitem uma perfeita conciliação dos aspectos industriais,
comerciais e fiscais, voltada à anulação, a redução ou ao adiamento do
ônus tributário."
Pós-Graduação a Distância

Borges (1999)

RPJ

Pelo lucro presumido, os cálculos do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica – IRPJ e da Contribuição Social Sobre o Lucro
Líquido – CSLL tem o seu valor devido apurado por meio da multiplicação da base de cálculo pela alíquota estabelecida
(15%). Contudo, para esses tributos, a base de cálculo é o valor da venda multiplicada pela alíquota de presunção do
lucro, que correspondem, respectivamente, a 8% e a 12%.

37
Sistemas de Avaliação e de Informações Gerenciais em uma Instituição de Educação Profissional Unidade VI

Além disso, como já vimos no regime de apuração do imposto pelo lucro presumido é de caráter trimestral, ou seja , por
períodos encerrados nas datas de 31/3, 30/6, 30/9 e 31/12 anualmente ou em casos de encerramento das atividades
da empresa, incorporações, fusões ou cisões de empresas. A empresa que optar pela tributação com base no lucro
presumido deverá manter:

• Escrituração contábil ou Livro Caixa, em que deverá estar escriturada a movimentação financeira;

• Livro Registro de Inventário, em que constarão os registros dos estoques existentes;

• Livro de Apuração do Lucro Real, quando tiver lucros diferidos de períodos de apuração anteriores.

Vamos ao seguinte exemplo.

Um posto de gasolina tem um faturamento bruto de cerca de R$ 350.000,00.

Sobre esse faturamento e sabendo que o percentual de presunção para a atividade é de 1,6%, obtemos a base de cálculo
para o imposto.

Sobre a base de cálculo vamos aplicar a alíquota de 15%, para conseguir o imposto devido.

Assim:

a) Faturamento bruto x percentual (1,6%) = base de cálculo

R$ 350.000,00 x 0,016 (1,6%) = R$ 5.600,00 (base de cálculo)

b) Base de cálculo x alíquota de imposto (15%) = imposto

R$ 5.600,00 x 0,15 (15%) = R$ 840,00 (imposto a pagar)

Alíquota do IRPJ – Presumido

A alíquota do IRPJ sobre o lucro presumido é de 15%.

Adicional do Imposto de Renda Pessoa Jurídica

Sobre a parcela do lucro presumido trimestral que exceder a R$ 60.000,00 deverá ser aplicada a alíquota de 10%, a
título adicional do IRPJ.

CSLL

As pessoas jurídicas tributadas na forma do lucro presumido deverão apurar a CSLL trimestralmente e, nesses casos, a
base de cálculo da CSLL será a soma dos seguintes valores.

• O valor correspondente a 12% da receita bruta auferida no trimestre, excluídas as vendas canceladas, as
devoluções, os descontos concedidos e os impostos não cumulativos cobrados em destaque do comprador
Planejamento Tributário

(vendedor seja mero depositário).

• Os rendimentos de aplicações financeiras de renda fixa e os ganhos líquidos de operações financeiras de


renda variável.

• Os ganhos de capital (lucros), obtidos da alienação de bens do ativo permanente e de aplicações em ouro,
desde que não caracterizados como ativos financeiros.

38
Sistemas de Avaliação e de Informações Gerenciais em uma Instituição de Educação Profissional Unidade V

• As demais receitas e os resultados positivos não abrangidos pelos números anteriores, inclusive juros
remuneratórios do capital próprio, pagos ou creditados por sociedade da qual a empresa seja sócia ou
acionista.

Para o cálculo da CSLL, deve-se adicionar ao valor encontrado (base de cálculo) a alíquota de 9%, ajustado no período
de levantamento do balancete, determinando, assim, o valor devido.

Cálculo do PIS, da Cofins, do ICMS, do ISS e de Outros Tributos

"Os impostos são aquilo que se paga para se ter uma sociedade
civilizada."

Holmes, Oliver

Cálculo do PIS e da Cofins

No caso do contribuinte optante do lucro presumido, a receita proveniente de vendas de bens ou direitos ou de prestação
de serviços, em que o preço seja recebido a prazo ou em parcelas, poderá ser adicionada na base de cálculo do PIS e da
Cofins somente no mês do efetivo recebimento (regime de caixa), desde que seja adotado o mesmo critério em relação
ao IRPJ e à CSLL.

Como condições para a utilização do regime do lucro presumido, tem-se a necessidade de emissão de documentos fiscais
idôneos, quando da entrega do bem ou direito ou da conclusão dos serviços, e a indicação no Livro Caixa, em registro
individualizado, do documento fiscal a que corresponde cada recebimento.

Além disso, a pessoa jurídica que mantiver escrituração contábil nos moldes da legislação comercial, precisará controlar os
recebimentos de suas receitas em contas específicas, nas quais todos os lançamentos terão como indicação o documento
fiscal correspondente ao recebimento.

Os valores recebidos antecipadamente, por conta de venda de bens ou direitos ou da prestação de serviços, serão
computados como receita do mês em que se der o faturamento, a entrega do bem ou do direito ou a conclusão dos
serviços, o que primeiro ocorrer.

Os valores recebidos, a qualquer título, do adquirente do bem ou direito ou do contratante dos serviços serão considerados
como recebimento do preço ou de parte deste, até o seu limite, estando embasada no artigo 85 da Instrução Normativa
SRF 247/02.

Cálculo do ICMS

O Imposto Sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Sobre Prestações de Serviços de Transporte
Pós-Graduação a Distância

Interestadual, Intermunicipal e de Comunicação – ICMS é em um tributo de caráter estadual, constando do artigo 155
da Constituição Federal, instituído por meio da Lei Complementar 87/96.

O ICMS tem sua incidência sobre a circulação de mercadorias, em produtos importados (quando de sua entrada), em
transportes interestaduais e intermunicipais e em meios de comunicação. Porém, não ocorre incidência do imposto em
exportações, nas comercializações de livros e de jornais, nos derivados de petróleo, em transferência de propriedades,
no comércio de ouro e em alguns outros tipos definidos na lei.

39
Sistemas de Avaliação e de Informações Gerenciais em uma Instituição de Educação Profissional Unidade VI

A alíquota do ICMS é diferenciada de Estado para Estado e em transações entre Unidades da Federação, sendo calculada
sobre o valor da transação efetuada.

Cálculo do ISS (Imposto Sobre Serviços)

No lucro presumido não se pode descontar a taxa de boleto como custo e o ISS varia de acordo com o município onde
a empresa está instalada.

O Imposto sobre Serviços (ISS) é aquele que incide sobre os serviços determinados em lei complementar federal, que
correspondem aos prestados por empresas ou profissionais independentes. Sua alíquota varia de 2% a 5% (salvo casos
excepcionais) e sua base de cálculo é o preço dos serviços.

Na Lei Complementar n.º 116, de 31/07/2003, foi estabelecido que o ISS incidirá sobre o valor dos serviços provenientes
do exterior e sobre os serviços cuja prestação se tenha iniciado no exterior e, como não é possível, nessas situações,
imputar a responsabilidade pelo pagamento do imposto diretamente ao prestador do serviço, a lei estabelece que a
responsabilidade pelo pagamento do imposto seja da tomadora brasileira dos serviços.

A Lei Complementar nº 116/03 outorga competência para que os Municípios legislem sobre o ISS. Assim, cada município
deverá aprovar lei própria, regulamentando a lei federal.

Outros Tributos

IOF (Imposto Sobre Operações Financeiras)

O Imposto sobre Operações Financeiras – IOF é um tributo federal cobrado sobre as operações de crédito realizadas
por instituições financeiras; as operações de crédito realizadas por empresas que exercem as atividades de prestação
cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção de riscos,
administração de contas a pagar e a receber.

Além disso, incide sobre a compra de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de
serviços as operações de crédito realizadas entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física; as operações de
seguros contratadas por seguradoras; as operações de câmbio; as operações relativas a valores mobiliários; as operações
com ouro, ativo financeiro ou instrumento cambial e outras operações realizadas pelas instituições financeiras, sendo
repassada aos clientes dessas instituições, quando possível. A alíquota varia de acordo com o tipo de operação.
Planejamento Tributário

40
Lucro Real Unidade VII Unidade V

Lucro Real

Capítulo 14 – Conceitos

“Lucro real é o lucro líquido do período, apurado com observância das


normas das legislações comercial e societária, ajustado pelas adições,
exclusões ou compensações prescritas pela legislação do Imposto de
Renda.”

Silva (2006, p. 1)

O lucro real é calculado com base nos ganhos reais das empresas, sendo somadas todas as receitas da empresa.

A expressão lucro real significa o próprio lucro tributável, para fins da legislação do imposto de renda, distinto do lucro
líquido apurado contabilmente.

De acordo com o artigo 247 do RIR/99, lucro real é o lucro líquido do período de apuração ajustado pelas adições,
exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas pela legislação fiscal. A determinação do lucro real será precedida
da apuração do lucro líquido de cada período de apuração com observância das leis comerciais.

Muitas empresas ficam em dúvida na hora de optar pelo lucro real ou presumido. Na maioria das vezes, decidem pela
orientação do contador ou mesmo do consultor. O fato é que essa escolha pode ser decisiva para uma companhia pagar
menos impostos.

Na tributação com base no lucro real, o imposto de renda incide sobre o resultado (lucro) efetivamente apurado pela
pessoa jurídica, segundo sua escrituração contábil, atuando como um lucro líquido do período base ajustado pelas adições,
exclusões ou compensações previstas ou autorizadas pela legislação.
Pós-Graduação a Distância

Adições e Exclusões

"Nada é mais certo neste mundo do que a morte e os impostos."

Benjamim Franklin

41
Lucro Real Unidade VII

Segundo o artigo 6o do Decreto-Lei no 1.598/77, no que se refere às adições e exclusões no lucro real, para a determinação
deste, devem ser adicionados ao lucro real, os custos (despesas, encargos, perdas, provisões, participações e valores
deduzidos da apuração do lucro líquido) e os resultados (receitas, rendimentos), que devam ser computados para a
determinação do lucro real.

Adições

São valores debitados ao resultado contábil, mas não dedutíveis do lucro real. Assim, na determinação do lucro real, deverão
ser adicionados ao lucro líquido custos, despesas, encargos, perdas, provisões, participações e quaisquer outros valores
deduzidos na apuração do resultado que, de acordo com a legislação do Imposto de Renda, não sejam dedutíveis.

• As contribuições não compulsórias, exceto as destinadas a custear seguros e planos de saúde e benefícios
complementeres, assemelhados aos da Previdência Social.

• A contribuição social sobre o lucro.

• As doações, exceto as efetuadas em favor de projetos de natureza culturais previamente aprovados pelo
ministério da cultura, com base no artigo 26 da Lei nº 58313/91, ou de incentivo ao ensino e à pesquisa sem
fins lucrativos que prestam serviços gratuitos.

• As despesas com alimentação de sócios, acionistas e administradores, exceto quando enquadradas como
remuneração indireta das pessoas acima relacionadas.

• Os brindes.

Todos os valores não computados no resultado devem ser adicionados ao lucro real. Na determinação do lucro real,
também devem ser adicionados ao lucro líquido os resultados, os rendimentos, as receitas e quaisquer outros valores
que não foram creditados ao resultado e que, conforme a legislação do Imposto de Renda, devem ser computados ao
lucro real, conforme o artigo 249 do RIR/99).

• Parcela de reserva de reavaliação de bens.

• Parcela do lucro decorrente de contratos com entidades governamentais que haja sido excluída do lucro real
em período da apuração anterior.

• Lucros auferidos no exterior por intermédio de filiais, sucursais, controladas ou coligadas.

• Em caso de filial ou sucursal, na data do balanço no qual tiverem sido apurados.

• No caso de controladas ou coligadas.

Na data do pagamento ou credito em conta representativa de obrigação da empresa no exterior, considera-se creditado
o lucro, quando ocorrer a transferência do registro do seu valor para qualquer conta representativa de passivo exigível
da controlada ou coligada domiciliada no exterior.

Exclusões
Planejamento Tributário

Correspondem aos valores creditados ao resultado, mas não tributáveis. Assim, na determinação do lucro real, poderão
ser excluídos do lucro líquido os rendimentos, as receitas, os resultados e quaisquer outros valores lançados a crédito
de conta de resultado que, de acordo com a legislação do Imposto de Renda, não podem ser computados no lucro real
(art. 250, II, do RIR/99).

• O resultado positivo da avaliação, pela equivalência patrimonial, de participações societárias em sociedades


coligadas ou controladas, caracterizado com investimento relevante (art. 389 do RIR/99).
42
Lucro Real Unidade V

• A amortização de deságio obtido na aquisição de participações societárias permanentes, avaliadas pela


equivalência patrimonial.

• Os lucros e/ou dividendos recebidos de participações societárias não sujeitas à avaliação pela equivalência
patrimonial (arts. 379, §1º e 383 do RIR/99).

Os valores não computados no resultado podem ser excluídos do lucro real. Para a determinação do lucro real poderão
ser excluídos os valores de dedução, desde que seja autorizado pela legislação do Imposto de Renda vigente e que, pela
sua natureza, não tenham sido computados na apuração do resultado (artigo 250 do RIR/99).

• Os valores aplicados na aquisição primária de certificados de investimentos.

• Os projetos de produção de obras audiovisuais cinematográficas brasileiras aprovados pelo Ministério da


Cultura.

• Os encargos financeiros adicionados ao lucro líquido, para determinação do lucro real de período de apuração
anterior.

Além disso, os prejuízos fiscais de períodos de apuração anteriores poderão ser compensados com o lucro real, desde
que seja respeitado o teto máximo de 30% do lucro real, estando em conformidade com as demais condições pertinentes
à compensação de prejuízos fiscais, previstas na legislação.

Adicional do Imposto de Renda (IR)

"Evitar os impostos é a única atividade que atualmente contém alguma


recompensa."

John Keynes

O imposto devido sobre o lucro real anual é calculado à alíquota de 15%, que incide sobre o total do lucro real, mais o
adicional de 10%, incidente sobre a parcela do lucro real que ultrapassar o limite anual de R$ 240.000,00, segundo os
artigos 541 e 542 do RIR/99.

Assim, para o caso de apuração em período inferior a doze meses, devido ao início das atividades da empresa, o
adicional deverá incidir sobre a parcela do lucro real que ultrapassar o limite proporcional, correspondente ao resultado
da multiplicação pelo número de meses do período de apuração.

Cálculo do IRPJ e da CSLL


Pós-Graduação a Distância

"O que todos os empresários desejam, mas em vão, e que qualquer


assalariado consegue: lazer e uma mente em paz."

Henry Thoreau

43
Lucro Real Unidade VII

IRPJ

O IRPJ e a CSLL podem ser apurados anualmente ou trimestralmente, tendo por base o lucro líquido contábil, ajustado
pelas adições, exclusões e compensações permitidas ou autorizadas pelo regulamento vigente do Imposto de Renda.

Segundo a regra geral expressa no artigo 375 do Regulamento do Imposto de Renda – RIR, as contrapartidas das variações
monetárias deverão ser incluídas na determinação do lucro operacional, de acordo com o regime de competência, isto é,
as receitas e as despesas devem ser registradas no momento em que foram contabilizadas as transações.

Entretanto, a Medida Provisória nº 2.158/99 passou a permitir, excepcionalmente, a partir de 1o/1/2001, a inclusão
das variações monetárias na base de cálculo do IRPJ no momento da liquidação da operação correspondente, isto é, a
utilização do regime de caixa.

A Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal (IN) de número 345, que regulou a Medida Provisória nº 2.158/99,
define, em seu artigo 2º, que prescrevem as variações monetárias para efeito de cálculo do IRPJ e da CSLL, sendo
consideradas quando da liquidação da correspondente operação (regime de caixa). Tal IN ainda concedeu a faculdade de
a pessoa jurídica optar pelo regime de competência, determinando que, uma vez feita essa opção, ela deveria ser aplicada
ao resto do ano. Além disso, se houver alteração do regime de caixa para o de competência, deverão ser oferecidas à
tributação (IRPJ e CSLL), em 31 de dezembro, as variações monetárias incorridas até essa data e, se ocorrer o inverso,
deverão ser incluídas na base de cálculo do imposto e da contribuição as variações monetárias relativas ao período de
1º de janeiro do ano calendário da opção até a data da liquidação.

CSLL

As pessoas jurídicas tributadas pelo lucro real trimestral deverão apurar trimestralmente a contribuição social sobre o
lucro líquido.

Assim, a base de cálculo da CSLL corresponde ao lucro líquido contábil ajustado pelas adições determinadas, sendo as
exclusões admitidas. Às compensações de base de cálculo negativa até o limite definido em legislação específica vigente
à época da ocorrência dos fatos aplica-se uma alíquota de 9%.

Desta forma, o valor da contribuição social sobre o lucro não poderá ser deduzido para efeito de determinação do lucro
real e nem de sua própria base de cálculo. Por outro lado, as pessoas jurídicas tributadas na forma do lucro real anual
deverão pagar a contribuição social sobre o lucro líquido mensalmente, determinada sobre a base de cálculo estimada.

Além disso, conforme a Lei n° 9.316/96, os valores de contribuição social sobre o lucro líquido efetivamente pago,
calculados sobre a base de cálculo estimada mensalmente, no transcorrer do ano-calendário, poderão ser deduzidos do
valor de contribuição social sobre o lucro líquido apurado anualmente. Assim, o valor da contribuição social sobre o lucro
não poderá ser deduzido para efeito de determinação do lucro real, nem da própria base de cálculo.

Cálculo do PIS, da Cofins, do ICMS, do ISS e de Outros Tributos


Planejamento Tributário

"Negócios são negócios: como eles diziam isso, os daqui chamaram-lhes


comerciantes. Mas o que eles queriam dizer era que negócios são negócios
e não vida e religião"

Karl Kraus

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Lucro Real Unidade V

Cálculo do PIS
O Plano de Integração Social – PIS é uma contribuição social de natureza tributária, devida pelas pessoas jurídicas,
com objetivo de financiar o pagamento do seguro-desemprego e do abono para os trabalhadores que ganham até dois
salários mínimos.

Quando foi instituído, o PIS tinha a finalidade de promover a integração do empregado na vida e no desenvolvimento das
empresas, viabilizando melhor distribuição da renda nacional. O cálculo é de 1% sobre a folha de pagamento. Quando os
resultados do PIS são menores que R$ 10,00/mês, eles são realocados para o próximo mês, sendo pago cumulativamente,
sem incidência de multa e juros.

O PIS devido pela empresa é calculado na base de 1% sobre o total da folha de pagamento de seus funcionários no mês
anterior.

Cálculo da Cofins

A Contribuição para Financiamento da Seguridade Social – Cofins corresponde a um imposto de natureza federal.
Seu recolhimento tem base na renda bruta auferida elas empresas e a finalidade de sua arrecadação está associada à
necessidade de complementação dos gastos do governo com as aposentadorias dos contribuintes.

O recolhimento da Cofins dá-se, normalmente, até o dia 20 do mês corrente, incidindo sobre os lucros apurados no mês
anterior. Se esta data cair em dia não útil, o pagamento deverá ser antecipado pelas empresas.

A Cofins tem como base de cálculo o valor total das receitas das empresas, independente do ramo de atividade, de sua
produção ou da classificação contábil de sua receita.

Contudo, a alíquota da Cofins varia de acordo com a forma de apuração do lucro da empresa. Assim, para as empresas
que optem pela apuração do lucro real, a alíquota será de 7,6% e para as demais empresas será de 3%.

Cáculo do ICMS

O Imposto Sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Sobre Prestações de Serviços de Transporte
Interestadual, Intermunicipal e de Comunicação – ICMS é um tributo de caráter estadual, constando do artigo 155 da
Constituição Federal e instituído pela Lei Complementar no 87/96.

O ICMS tem sua incidência sobre a circulação de mercadorias, em produtos importados (quando de sua entrada), em
transportes interestaduais e intermunicipais e até em meios de comunicação. Porém, não ocorre incidência do imposto
nas exportações, nas comercializações de livros e de jornais, nos derivados de petróleo, em transferência de propriedades,
no comércio de ouro e alguns outros tipos definidos na lei.

A alíquota do ICMS é diferenciada de estado para estado e em transações entre Unidades da Federação, sendo calculada
sobre o valor da transação efetuada.

Cálculo do ISS (Imposto Sobre Serviços)


Pós-Graduação a Distância

O Imposto sobre Serviços – ISS incide sobre os serviços determinados em lei complementar federal, quando prestados
por empresa ou profissional independente. A alíquota do ISS varia de 2% a 5%, salvo casos excepcionais, e sua base
de cálculo é o preço dos serviços.

A recente Lei Complementar n.º 116, de 31/7/2003 estabeleceu duas novas situações sobre as quais incidirá o ISS: sobre
o valor dos serviços provenientes do exterior e sobre os serviços cuja prestação tenha-se iniciado no exterior.

45
Lucro Real Unidade VII

Não sendo possível, nessas situações, imputar a responsabilidade pelo pagamento do imposto diretamente ao prestador
do serviço, a mesma lei atribui a responsabilidade pelo pagamento do imposto à entidade brasileira tomadora dos
serviços.

A Lei Complementar nº 116/03 não cria, por si só, obrigações para os contribuintes, apenas outorga competência para que
os Municípios legislem sobre o ISS. Assim, cada Município, para que possa exigir o ISS sobre a importação de serviços,
deverá aprovar lei própria regulamentando a lei federal.

Outros Tributos

IOF (Imposto Sobre Operações Financeiras)

O Imposto sobre Operações Financeiras – IOF é um tributo federal cobrado sobre: operações de crédito realizadas por
instituições financeiras; operações de crédito realizadas por empresas que exercem as atividades de prestação cumulativa
e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção de riscos, administração de
contas a pagar e a receber, compra de direitos creditórios, resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de
serviços; operações de crédito realizadas entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física; operações de
seguros contratadas por seguradoras; operações de câmbio; operações relativas a valores mobiliários; operações com
ouro, ativo financeiro ou instrumento cambial.

A alíquota do IOF varia de acordo com o tipo de operação, sendo reduzida ou aumentada com alguma frequência ao sabor
de circunstâncias legais.
Planejamento Tributário

46
Formação do Preço de Venda e Tributação Unidade VIII Unidade V

Formação do Preço de Venda e


Tributação

Capítulo 15 – Influência dos Tributos na Formação do Preço de Venda

"Perde a estima o que pouco custa."

Miguel Cervantes

É fácil perceber quanto o valor dos tributos oneram o preço de venda da empresa. Na maior parte dos casos, para
conseguir vender seus produtos no mercado nacional, retraído e sem condições econômicas e financeiras para que a
população tenha condições de adquirir determinadas mercadorias, produtos ou serviços, a empresa é obrigada a reduzir,
violentamente, sua margem de lucro e, consequentemente, seu preço de venda, em razão da excessiva carga tributária
e das condições peculiares e particulares da economia nacional.

Sem dúvida, em razão da situação em que se encontra o mercado nacional, talvez a única saída possível seja a exportação,
ou seja, a venda de mercadorias, produtos e serviços para o mercado externo. Nessa hipótese, nossa política de exportação,
conta, também, com um agravante, que é a sistemática adotada pelos países estrangeiros que incentivam a exportação
mediante créditos de tributos sobre o valor exportado.

Para exemplificar, podemos decompor o preço de venda da seguinte forma.

Custo unitário total

• Margem de lucro da empresa 100%

• Tributos constantes no preço de venda:

– Cofins (7,6% x preço de venda);

– IRPJ e CSLL (4% x preço de venda);


Pós-Graduação a Distância

– ICMS (18% x preço de venda);

– PIS (1,65% x preço de venda);

– IPI (20% x preço de venda);

– Valor total da venda (incluindo o IPI).

47
Formação do Preço de Venda e Tributação Unidade VII

Comparabilidade entre as Modalidades Tributárias

"Planejamento tributário é uma técnica gerencial que visa a projetar as


operações indútriais, os negócios mercantis e as prestações de serviços,
para conhecer as obrigações e os encargos tributários inseridos em cada
uma das respectivas alternativas legais pertinentes para, mediante meios
e instrumentos legítimos, adotar aquela que possibilita a anulação, a
redução ou o adiamento do ônus fiscal."

Borges (2000, p. 60)

A fim de comparar as modalidades tributárias, revisitaremos alguns conceitos, como os a seguir.

O imposto equivale a um tributo que é cobrado de forma genérica, não obrigando o Estado a uma contraprestação
específica em prol do contribuinte, porque se destina, de um modo geral, ao bem comum.

A taxa é um tributo que está vinculado a uma contraprestação direta do Estado em benefício do contribuinte.

As contribuições de melhoria são tributos cobrados pelo Estado dos proprietários de imóveis e beneficiados por
determinada obra. Tem como limite o total da despesa realizada na construção da referida obra, podendo ser, por exemplo,
uma contribuição para reforma ou construção ou, ainda, uma contribuição de melhoria em uma praça em frente a uma
empresa.

As obrigações tributárias correspondem à relação jurídica em que o Estado tem o direito de exigir do contribuinte uma
prestação ou um tributo.

Observamos, ainda, com base no que já estudamos, que, na apuração pelo lucro real, sobretudo em indústrias, de um modo
geral, salvo peculiaridades e de acordo com as determinações constantes na legislação do PIS e da Cofins, o contribuinte
pode fazer uso dos créditos apurados mensalmente para abater o valor de seu imposto a pagar. Isso não ocorre no caso
da opção pelo lucro presumido, em que o imposto é calculado sobre o valor total das receitas, sem direito a créditos.

Assim, cabe às equipes de planejamento tributário uma minuciosa análise, bem como simulações e consultas à Legislação,
a fim de estudar, simular e propor as melhores alternativas de pagamento dos impostos e tributos das empresas.
Planejamento Tributário

48
Para (não) Finalizar

Nesta disciplina conhecemos o planejamento tributário, seus conceitos e sua importância para as organizações,
considerando o peso da carga tributária para as empresas.

Verificamos, também, os fundamentos da legislação tributária e os aspectos ligados à competência tributária e ao


Sistema Tributário Nacional.

Estudamos os elementos fundamentais de um tributo, a tributação das pessoas físicas e jurídicas e os encargos
sociais.

Vimos o processo de planejamento tributário de pessoa jurídica, seus conceitos, meios e instrumentos. Já sabemos como
deve ser elaborado um planejamento.

Foram estudados, também, os regimes de tributação, concernentes ao Simples Nacional, ao lucro presumido e ao lucro
real e sua influência na apuração de outros tributos e impostos.

Por fim, verificamos aspectos referentes à formação do preço de venda e à tributação, bem como a influência dos tributos
nessa formação, e à comparatibilidade entre os tributos.

Esperamos que esse estudo tenha propiciado aos contadores e aos demais profissionais uma nova visão a respeito do
planejamento tributário importante aliado das empresas.

Pós-Graduação a Distância

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Referências

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ANTHONY, Robert N.; GOVINDARAJAN, Vijay. Sistemas de controle gerencial. São Paulo: Atlas, 2006.

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BRASIL, Secretaria da Receita Federal. Regulamento do Imposto de Renda – RIR/99. Disponível em:
<http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/RIR/default.htm> Acesso em: 25 de fev. de 2009.

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FABRETTI, Láudio Camargo & FABRETTI, Dilene Ramos. Direito Tributário para os Cursos de Administração e
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Planejamento Tributário

Sites de pesquisa:
http:// www.google.com

http:// www.receita.fazenda.gov.br

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