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As Palavras

Desamparadas, inocentes,
leves.

So como um cristal,

Tecidas so de luz

as palavras.

e so a noite.

Algumas, um punhal,

E mesmo plidas

um incndio.

verdes parasos lembram ainda.

Outras,
orvalho apenas.

Quem as escuta? Quem


as recolhe, assim,

Secretas vm, cheias de memria.

cruis, desfeitas,

Inseguras navegam:

nas suas conchas puras?

barcos ou beijos,

Eugnio de Andrade , Antologia Breve,

as guas estremecem.

1972.

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