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Diapramagtoe Caps Chan Somecsl Dados Internaconais 6e Catalogagdo na PubeagSo (CIP ) (69148 Guaresc, Pedrnno A Sociologia eres: etermatvas de mudanca eden GusreseN. 61° ed. Port Alegre: Mundo Sovem 208 168 p.—(Cadernos Emefota, 2) 1988 976-05-7430-626-1 4. Sociologia, 1. Série 1.7, ‘cop 301 Fema Catalogréticaelaborada plo ‘etor de Processoments Tecnico 3 BC-PUCRS INDICE Apresentagio Introdugio Cap Teoria e Cincia Cap. deologia Capll Sociologia: tori eideologias Cap. IV Sociedade: sistema on modo de produ- io’. Cap. VA teoria do modo de produgio Cap. VI Capitaismo Cap. VIL Socialismo Cap. VIN Comunismo Cap.2XAmpliando 0 quadro Cap.X Classe social Cap. XI Inf-esrumra © superestrtura: suas rela- ‘bes Cap. XIL__ Os aparethos de reprodugdo da sociedade Cap. XIN O apurelho ideolégico do direto Cap. XIV O aparelho ideolégico da escola Cap. XV O aparelho ideoldgico da fami. Cap. XVI_ 0 aparelho ideol6gico das igrejas Cap. XVII_O aparelho ideol6gico dos sindicatos Cap. XVII O apurelho ideol6gico das cooperativas Cap. XIX O aparelho ideoldgico da comunicaso Cap. XX Os meios de comunicapdo € o massacre dacultura Cap. XXI_ Noticias: as belas mentiras Cap. XXII Propagands-publicidade “atengo para nossos comerciis Cap. XXII A Comunicagto altemativa Cap. XXIV A forga da Utopia ‘Conelusio m1 7 80 136 142 146 150 156 161 166, APRESENTAGAO. com imense satsfagto que apreseno ese trabalho do rofesore padre Pedrinho A. Guareschi A Pontificia Universidade Carli do Rio Gronde do Sid {fez quesiao de ester presente aa produpio clentfica rlo~ arandensee brasileira, langando ao mercado do livro mas esta ‘bra de Pedrinho Guareschi. Em Sociologia Critica ~ Alternat as de Mudanca, professores,estudantese agentes soias encon ‘rardo rcos subsidios para a consoldagdo de seus conkecimen: Possuimes, do mesmo autor, em 11 edigdo, Comunieacto «Poe, ediado pela Votes Pedro Guareschi & pessoa ligada d PUCRS desde 0 Inicio de sua carrera. Foi agai que ele curso ps-graduaco em Sociologia. Recomendaulo pela PUC, ele obteve. posteviorment nos Extados Unidos, sus tlos de Mestrado © Doworado. No ‘nsin, na pesquisa, bem como na orientagto de txese sera ‘tes, ele marcou o Istituto de Estudos Socios, Politicos ¢ Exo hmicos(ESPE)e dversos outros Inaiuos da Universidade Seu novo lvr € uma tentatva de desvendar o oeuto in- crusado nas instuigses e idologias que se formam no decorrer dos tempos. O enfoque eric que procura dar andiise das di ‘verses aparelhaseistulgdes enfaiz a preocupagdo em profur dlidade das diferentes factas ¢ meandros dos problemas soctls. Nese sentido, conribut pra desfzer 0s aspetosacidenais dos fendmenos, dendo oportunidade a possblidader de mudangas neceisrias ao desenvolvimento de qualquer nopdo Como os outras trabalhos do professor Guareschi tam im este sent acolhido pelas pessoas inteessadas no social e certamente concorveré para aelaborasao de melhores condigbes ‘em favor de naseopovo.em proceso de desenvolvimento Porto Alegre, 10 de outubro de 1984, In Emesto Dewes Fundador eer dirtor do IESPE/PUC 1 Um agradecimento especial a Ro- ‘ue Dal Rosse vonilda Hansen Delas excelente erica feias oo Ure, incorporadas a partir da S* cdigae Uma homenagem a Leonilda Buti ‘exerplo de hunanidade, educa dora autntica, amiga profnda INTRODUGAO ‘Temos recede inimeras carts de professores, estudan tes, pessoas liga ui taba de base, tgenes de partorl © ‘utes, solctando:nos indicagSe © Fontes pars discusses de te tas socioldgics, Dizi tr do os atgos do jomal Mundo Jo ‘vem, e gostariam de desenvolver temas dentro do enfoque © rmetodoogia que costumdvaios usa. ‘Ao mesmo tempo, a diego do Mundo Jovem incentvou a idgia de langar uma sie de lives, sobre diversos assunts, jun {apdo os mutes pics ja discutides no jor enfetxando-o8 nim 6 volume, Insists que organizésemos esse volume com cs sontosreferemes&socologa, Levado por esis razdes, esolveros deixar algunas atv dadese colocar em dia esse compromisso asumido com os cle ts do Mund Jovem 0s t6pcos sociol6gicos que aqui discutimos possuem, ‘contudo, ma earacerstica diferente. Mua cosa do que voces ‘io ver agui, no vio encontar em outro Iugar. que Mundo Jovem nie deve nada aninguém e no precisa esconder as cosa. Se qusésiemos resumir as earacteristicasdesss "plas cil: ea podeies der qu ese ining pio spies 2) uma socologia que se prope dizer o que, em gera, no € dito; € una sociologia do escondio, do velado, do ‘culo (propostadamente ov 0), 1») Procura tomar lars, passor lipo as coisas mais compliadas; quer ser simples, popular, sm deinar de i Falzs dos problemas, isto ¢ uma socologia pop, mis radical ©) uma sociologia pensada, grincipalment, para quem n (quer mudar, para quer quer transformar a realidade. A Imaiora dor trabalhos sotoldgicos. que possumos, tem, Implisita ou explicitamente, inten de expliar apenas a5 colt, compreender como funciona Nossa intengio € texplicar¢ compreender como as coisas fancionam e mas tam povco: ver como é possvel madtas. Mesme porque 6 compreende,perfetamente, uma coisa quem €capaz de mathe, 4) Bama sociologia diigida 2 apo. Nao separa o pensar so agir,mesmo porque mpossivelseparar estas duas coi ©) E uma socologia qustioadora. uma sociologia que procura mss fer a perguna, momar uma discusso, do {ue dar imediatamente a respon. Por isso mesmo ela prestamaito para discussto, 1) B uma sociologia ligada ao dia-adia, 20 cotiiano, Eo que voréencontra momento a momento em sua ids, © que cere, o que orodeia, 8) Poctudo isso escothemos para designar o nosso enfoque apalaa “erica: Euma temaiva duma sociologia eitca, come va explicado no caput 3 (0s captulos tata, separadamente, de cada assunto, mas enue eles hi uma ligag lopica. Para se compreendec bem 0 se> ‘Bin, seria interessante tr disctido os anteriores. Quando po Sivel, ns avisaremoso captlo a que se refer a discuss, quan- {oso for necessirio para o bom entendinent Para simplificar 20 maximo a leitura, nfo vamos colcar cities no decor dos assures. [A maior dos captuls,porém,€ resultado de nossa expe- tiénca em trabalho, tanto com alunos, come com grupos popl tes das peiferias de Porto Alege, Foi no meio do pov, a prover ‘ago dele. que foros amadurecendo muitos pontos que aqui fo- ram dscuidos A experignci com o povo fo mito boa para ns, 2 pois 0 pov no necesiaescondere encobrir nada Ele no deve ‘ada 2 ninguém, Enfreta a coisa come a cosa € mesmo. [Ninguém pense que os assuntos aqui dscutids sto com- pltoreterminados. Iso vai contra toda a argumentagao qe po furamos desenvolver. O gue se quer discutt so apenas alguns ‘picts, com palarasclrase simples, dizndo o que, em ger ‘lo se dz, pensando sempre nos grups de gio, constiuidos or estos simples, de boa vente, comprometides com a malaca de ‘nossa populags brasileira Alguém poder dizer que ess colocasSes so prima, inf, superilis,ou mest incomplaas. ‘Tuo isso poder ser verdadeiro, dependendo do Angulo pelo qual as coisas sho analisaas, Por exemplo: em ver de prim fia, 2 gene podera daer que as colgcagdes so radiais, 530 0 fandamento price deca, Em ver de soperficisis, agente podeia dizer que so sim les, populares iets Em ver de infants, agente poderia dizer que o ue se de- seja & qu todos entendam, prineipamente © povo simples, que lo sejam colacagdes sofisicadas, ebuscadas. Em vezdeincompletas, poder dizer que o que se quis foi acenuar uma determinada dmensio. Na reaidade, so coloce- bes incomplelas, pois munca é possve dizer tado sobre algum oie, Sempre fea faltando algo, Nés lemos um objetivo espect- Vero essencal,¢comunicio a gente do pov. ‘Um adjetivo que nés no gostaramas que fosse usado para ow tabalha mal. Ele no pereebe qu ass dso hi eambém ei do saldro minim, que nao depende dele. Mesmo que taba- Thasse 24 horas por dia, ainda sti ganhande povco, Una outa afirmaplo muito comam, que se encontaescia em colégios, & feguinte: "Quer erode, tunfa™ Poi feta uma pesquisa ene os Joven e Ines foi perguntao: “ verdade que quem esta, tean- fa°-0 resulado fo! que 90% responderam sim. Agora, es a rmagio se encontraredondamente desmentida pelos fats © pela realidade. Em pesguias, se consaton que a poblidede de um fio de oprivo entrar na unversidade de apenas 55,20 380 aque de flbos de clases mais rcas profssbesUberais € de BOS! O que ests excondido na afrmagio aca € que quem pode estar entar nu universidade, pagar 0s estado, tionfou! Se voct abrir um joml, qualquer joral, va ver imedis- tament mts meia-verdades, em cada pigina. Os jomais publ ‘ams o que quereme onde querer. Agente no pode dizer qu eles mena, Talver tudo 0 aque est no joral tena scontecido. © problema & que o jomal onforme sua ideologia,seleciona o qv ger, combina cor © ave tquere publica o que que. Ends sams acreditando que o jer Ae oaa a verdade. Ants de lero Jornal = gente precisa siber ‘be ideologia tem esse jon. ‘Voct esté vendo como o problema dai ado e como ele € importante? Apenas uma coisinha Vos jd se perguntw se vocd mesmo ni & 0 que vee pensa que porque os outros the botiram 80 na cabesa? Sers {je voo’ jase de conta de quem fez sua cabecinha, quem dew a Afni de woot mesmo para voce? HA muita geme que nem sibe {quem ado seus pais "ideol6pcos", que € ideologiamente basta {bo.'S6 com muta teflexdo conscineia erica voce sed eal mente voce, vot sera live, vor®sabers pargue € assim, e esa ‘verdad 0 libertaré Gosaria de terminat com um ponto bastante important, ‘Voce convert com alguna pessca pobre algum favelado? Se woot tentar descobrie o que ele pensa dele meso, vai ver que a imagem que cle tem de si mesmo & bastante negativa. Ee acha qe no press, que € ignorant, que € mau, que vale me fos que 0 pessoal "de be iso 6 os que saber ere escrever, Ho cos, vive no cento da cidade. Eles, 0s favelidos, so “da vil ‘gor, serd que isso & vtdade mesmo? Os “dn via", "da favela,si0plores, tim menos dignidade que 0s outs? Ou sed aue os "do centro", que tm os jomais, as ridos, as TVs, isto 6 gue ém "a vor ea ver" no esiardo dando a dfiigdonogatva€ jorativa pra os da peifera?Serd qu a pedpiaefcola, 0s Me: 95 de Comunicaguo Socal, e lé mesmo certas relies e cenos ‘rogadares nfo esto a servigo dos que tém o pode , para cles se {arate no poder, nfo esto tentando diet para os euros que 5 das vias, das petiferis no prestam, so menos? Veja voce Como iss € important: se voo8 contegue convencer alum de aque ele no presta, vale menos, ignorant et, voeé pode domi- ‘at totalmente essa pessoa, pois ele jest dominada “na alma", “pa consiénca”. Ela mesma jé no vai querer subi, exigi mas, ter ot mesos dieites que os outros, pos ela ent convencds de que vale menos Ess pessoa assim definidae convened mn ‘et mals val dar trabalho para as outras pessoas! Ela interiorzou 8 ‘imagem negatva qu fazer dela 0s que tém poder eacabou acre- -bam. Poe iso les paocinam tanto essa teri, ois € 4 garam pra eles ‘omtmmarem sempre por cima Epo iso, se chega mesmo a defi- pita tealidade (Veja vod, a realldade) como 0 que ets, para {que ninguém poss nem tentarimaginar que as coisas possam ser Aiferentes daguilo qu est af (posse algém quiser algo diferente do qu esta, estaria querendo algo ireale mau, pois 0 qu est fat #0 que funciona e, para ser bom, tem de uncionar como est *. ‘Que tai? Qual a sua tora? © que € 2 socedade areal ade para voc8? Voct etd vendo a forga ea importincia que tea as teorias? Pode-sealé firma, de maneiea geal que quem domi ‘8s eoras, domi a sociedade, pois quem domina as toras omina as posibilidades de pensar, unio pensar, diferent. E se voc nem consegue pensar diferente, nunca Voo® pode chegar @ querer mudar, ou desejar algo diferente » 2) Ateorahistéicocrticn Mas existe alguma outa mancira de ver as coisas? Exists outa teoca, qe implicasse numa ou cosmevisio, numa outa mane ra de se ver entender e explicar © mundo? Pensamos que sim, fsperar de ser pouco divulgada pois ela € muito perigos, princi palment om nossa sociedad, (Que poms gente poderia dara esa outa teria? ‘Um dos methores nomes é o de tora hisériea, © vamos yer por fie. Quand se fala em histria, ou histéric, a primeira coisa que tem a mente da gente & de algo que passa de algo transit, Fistria 6 que tem ver com anes, durante ou depos. Mas qual € 0 pressuposto (isto 6, 0 que €acito, sem se dizer que Se aceit, ov sem se dar conta que se aceta) dessa teria? O pres: Saposto€ que "tudo o que & cad €histrieo". Acho que nfo KS ‘ficuldade em se acstar tal pressuposto pos € quase que ums ‘efnigo da coisa mesma: o qe €criado no éetero, aparece, © vai desaparecer: Por iso mesmo, € precti, tansitért, ist & bistric. ‘Vamos para a frente, Todo eiado 6 histérico. Se é hist tic, € relative, Acho qu iso também pode sr aceto, pois € con Seqiénca: se histéric, € relative ao menos quanto ao tempo, io & houve um tempo em que io er, ou haverd um tempo em ue ado sci, Mais frente: tadoo qe existe 6 histérico, Se 6 histrio, relative, Bem, a € relative, no absolto, Um & 0 opsio do ‘outro. Se no é absolut, falta alg para que ele se complete ito & incomplet, comm em si mesmo a sua incompletude, no € total Isso quer dizer que para uma coisa ser cual e completa, ela pecisa de algo mais. Ese algo mais 60 que nds chamaremos do eu “negative”, Nao “negativs” no sentido que negue a coisa, mas ‘no sentido de complet totalidae dessa coisa. std complicado? Mas fique firme, pois ag esto segre- o de tudo, e ag etd 0 segredo eo novo dessa nova maneira de » ‘eras coisas. Nés vimos que um dos nomes que sed outs to tia (psiiviste-funcionalit) & de tora absotista isso or {ie a outa tora do leva em consierago esse flo importante de ue tudo incomplet, tudo ¢ reatvo, edo 6 histo, E, sem ‘guerra gente vai ciando uma mentalidade de absoltizar a co $8 endo perceber que tudo € precéro, tad contém em i meso tlgo de vanio lgo que ainda precisa ter proenchido. Essa teria histrica fea, pots, continsamente nos provacando e chamando & atengao para essa coisa fundamental importante: anda hi algo paras feito, para ser completado. Anda ho “no completo” "negative" da coisa, pois tudo histo, Se vo ouve ua al ‘dum presidente, por exemplo,e v8 tants coisas “marisa (ge to dita ¢descrias, voot nfo abrolutiza as cosas, ms vock ‘ensaassim: bem, isso que est sendo dito € alg postive, mas hi finda muita coisa que ele nlo disse, ou nlo quer dizer, 08 nem perecbe que precisa ser dit, As vezes, o que nlo & dito & muito mais do que © qu ¢ dito ara se poder entender cosh come cla devera ser entenida ou compreendida, sea posturahistéica desmistifica as cosas todas, deiea as pessoas bem mais atenase alerts, Se eu digo, por exemplo, port. ti pessou que cla intlignte, eu estou dizen ao mesme tem po que ela € nio-inlgente, isto 6, que ela no & a ineligencia Eompleta absolut. A pessoa que ai, © principalmeate & que escola, st compora bem dferentemente diane de tl afrmago. Isso lea mals claro ainda com aguela famosa anedota que ajuda & ister moito bem os dois tipos de mentlidade: 0 rapaz cheea para a mocinha e the diz, mite romano: - Bem, come voe® eta Tina hoje! Muito obriguda,rsponde a moga, toda fla. E arescenta Pena que eu nio pose dizer a mesma coisa de voc8! to tem importincia,responde 0 rapax ber depressa.Faga Essa anedotarevela duas mentalidade bem diferentes. Ou melhor, revela um tipo de mentlidade, oda pessoa ing, ab solutizdora. No memento em que o tapar afiemou que els ea linda, ela logo absolsizow as coisas. Absoluizo,certamente, sua beleza. Achou-s a Beleza” absolut: nio se de conta de que por ris lind que ela fsee, nunca seria beleza total: poderi ser uns 50%, mas nunca 1008, Mas o que ela absoluizou, principal: tment, fo aftmago do rapaz: ela no incorporou 8 sua manera te ver o mundo possiblidade deus pessoas dizeem o contéio 1d gue penta, Ele acho que quando alguém diz algo, diz sempre ‘Coneneido do que di, e fala sompre de acordo com a sua vera (eB exea mentalidade i no que du, ‘Sea moga tivesse uma vsko histrica, ela poesia respon der assim: "Muito obigada? Sou bonita seus alos, caso voe8 tio esteja mentndo,, Mas eu nfo sou a belezaabsoiua. E tem fms: cu poss me tomar mais bonita ainda. voc anda no viv tude". ‘Um outro nome rit bom para ess tora 60 de teoria crtica. Crea vem 80 tego “krnein” que signi Gulga). Vout 5 assist a algo jlgamento? Pots em qualquer jlgamento voce vai ver sempre dias parte: algoém que acus © onto que defen ‘e.Pordefinigio, € preciso que existam essas duns pats. A just {Gr simboizada, por iso mesmo, com uma balanga na mio. ‘edace que rites vezs ela € copa, ou se faz de cep, para fazer flgum prio da balanga psar mais, mas nio deveria ser assim. Jmposivel inaginae ma balanga com um lado 6, no & verde (de? ois isso julgar, "rinein™ Pois bem, possi uma visto extica aguela pessoa que de antemi, isto 6, anes mesmo de ver, ouvir ou ler qualquer cos, tem ess comiego fatima eprfunda de que tudo o que ¢ hist fo possi ao menos dois lados; que nada ¢ absoluto, total. que € preciso ver es dos lndos da cosa a versio da poles ea do ban- tid Mas isso € assim por definigho, A visio erica € como se fosse um hibit, am costume, algo que Sempre se deve fazer, em (qualquer cirunstinciae em qualquer momento sa teoria tem também mis alguns nome. Um dees € 0 éeteoia wdpica (vejao capitulo XXIV sobre utopia) Utspico, 08 ‘erinico, como se costuma dizer mais feqlentemente hoje em 2 dia, € algo que ainda nto existn no espago, ot em slgum Ingar (topos que em grego & Inga), ou algo qe ainda nfo exsiv no tempo ("krbnos” em prego tempo), mas que poder exist E esse futuro também percence A realidad. A realidad no se ro ois, a0 aqui agora, mas & também tudo o que exis, © ‘ext ainda cm germe, em gestagio, no presente, © conceto de fesidade, dentro dees teora. bem mas mpla do que o conceit ‘e realidad da teaiapositivia-uncionalist, Atco hstrco ‘tia ineorpra dentro do conceit de realdade oprojeto, oft 10. Esso fz das pessoas um tipo diferente de gente: gente abeta 0 futuro, gente de visio protética,e wansformadora.O que vird também faz pare da realidad e 6 objeto de nosto trabalho enotsa Int. Sto pessoas totalmente diferentes er suas renaidades em sas ages, As pessoas de mentalidade positivsa-funcionalist, ou de mentlidadeabsolutizadora, slo pessoas castadas, som projeto som futuro. Resumenrse 20 ai e agora. Esti coreadas © fe- fdas no presente. Nao consequiro munca quebrar 0 ctu fe- ado efrteo do sistema em gue vive [As pessoas de mentalidade histrico-rtica, xo contro, slo pessoas que incorporam nt definigo de realidade 0 futuro e tmadanga. A madanga faz pate da propria eo Para ss ton, 4 modanga & sempre porsvel,na medida em que a coisa se comm peta. Sendo que as coisas ni esto munca proms, adbadas, elas ‘io mudando na medida em que vio se apefeioando, ern gue vio sperando a conzadigio intema que existe em todas as coisas, lo fato mest de nto serem totais escabadss. ‘Agora weet mesmo pote responder a una peru bom singles a quem ineresa uma teoria strict? Eevee Ge lntresea toda a peson que deja er a cola bal a oda eson qe no et contentcom oq ent a apes, od pe fox gue desea algo efron, melhor. Ox que htm po ig re tox 96 podria se gr por ama ors que meagre 8 dae #experanga de algo dierent. Qucm desea tm mundo ‘ovo, encona noses convo os elecncnnecestror Pats tm tabatoe uma Iu de renova e transfor, Deno do resent eto om genoa ements dum nova sciedade 2 Que tipo de sociooginn6s gostariamos de promove po Eridentemente, um seiloiahinrcorticn, Un socilogit ‘infizatea que mosta a precarda © atstoredade filo o que soe So assim pdeemos ver iad d sa {Una siege que mss oto ado ds ois tb apn ue oy tr o auc se pane or ti ds bstores Simone noctlya hircoition nor dart cements era podarmos fart un pel de demutificaio do que et a, oe MRago'spevandne de tdo gue existe mostando area dated edo sue ico ‘A sociologia que nos intresa é wa socolopi que vé a cesséncia da cols que no fie apenas na apartnta. E preciso Contiuar sempre com uma visio etic: nunca se deixar absout- Sar por nada, procurar sempre o vio, 0 escondido de tudo o que ‘existe, pos todo € relative. esas colocapes que fzemos aqui vio nos acompanhst dtrante tons a8 discusses posteriores. Os diversos temas que Itemos anelisar tao sr sempre enfocades dentro dessa perspect ‘n° importante que se cie um nove hablo de ver as coisas. So- rnente attaves dum visio histGricociica poderemns manter a Capacidade de dicussdo agogada, uma mente aberta 0 futro, ta prspectiva strc protien etansformadora. eremes dinar ao gue nos ef, essas ds ses, ¢ Sgt no esp N eos team ti Uomectdcal tunbn presente no se humane Mas ns STpenpetve de anise eters m0 mane, som org ons SEEK umbe& ponte slut © rian ‘rele capfruLow ‘SOCIEDADE: SISTEMA OU MODO DE FRODUCAO A discussto que vamos fazer agora tem a ver com 0 que scabamos de explcat sobre as duas grandes todas que funda ‘mentam nossa mancica de ver as coisas, e com a seologa que tate por des das diversas teria (Quando falamos em socedade, geralmente empregamos 0 termo "sistema social”. Dizemas que as sociedader so sistemas seciisespecficos,determinados por diferentes ftores, que die Uingoem, desse manera, um sistema social de outro, © que nos interest no momenta no 6 analisar os divesos tips de sistemas, ou sociedad, mas & disci o nome que se {porque seus al nome, A primeira visa, parece se sm importncia¢ sem conse- guéncia nenfuma o fato de se empregar o tro sistema sora pa designar a esrutura itera dama socedade, Mas se refleti= "os um pouco, eres que o pepo uso dese conccto implica em determina ideologia © em determinads manera de ver as cola ea sociedad Que significa, oo que implica, 0 uso do termo “sistema” social? O que vem sua cabera quando voe® ouve a paar “i © normal nds imaginarmos um conjuntointerelaco- tudo de eoists,lgadase dependents umas das outa, todas com s0a fang detrminada,formando uma unidadeespecficae com let, fechada sobre si mesma. Tudo o que existe dentro deta Sistema possi sua Tango e no hi nada sobrando, Algumas pets so centas ¢ fundamentas, mas nentuma € indispensvel. Um exemple bom é 0 relégio (0 de antigamente), Sio dezenas, até ‘entenas, de pequenas pogas. Eis, rlamentos,engrenagens, gat fazzm o reldgo andar foncionar, (Quando se chama uma determinada sociedade de “siste- rms, enende-e, do mesme modo, que ness pas, ov nessa nag, fi um conjunto todo de elementos, de mil tipos diferentes. que formam a estrtura dessa sociedad. Essa sociedad € um sistema, into €, uma maquina, e tado 0 que existe nea tem sua Fungo, O Sintra € tanto mais perfeito quanto mas os subsistemas, ou 05 Giveros. elementos que. formam essa sociedad, se) inter felacionarem, e quanto telhor cada um dels, curprir su fungi. tara fattand slguma coisa para se compreender bem este ipo de sista? [A primeira vista, parece que no. Temos, ou podemos f= scr uma decrigao peels deca elemento, como eles esto rls Conadon e-interiadas, © teremos a compreensio pereitn do ‘Mas saberemos mesin tad deal sociedade? ‘Vamos discus um outro temo, ou conesito, que ultima ment est sendoempregado, a0 menos por alguns mais coos, pra designer ume sciedade, ou um detenninado sistema soca se terme é "Modo de Predusio" Talver esse nome sei novo para oct. Talver sea até 2 primeira veu que voce 0 exeja esutando. Mas nio se espant, Vamos dseuio Por que tal nome’ Hi raztes bem interessants, de se chamar os diverses pos de socedades de "modos de produgio™ Ero aso deste conceit, assim como o uso do conceito “sistema” poss certos pressupostos ceria deolgias. Assim, secu 80 0 {ermo “sistema, eu deserevo a sciedade como ela aqui 390", ‘ho momento presen. Tio ua fotografia prfeita da stagHo em (ie ela est agora. Mas ndo digo nada da manciea como ela come {ou-e por que chegou a tal sitagso. Também nfo digo made das Fazies ds intereses das pessoas gue fieram com que tl sie fhde chepusce a ser assim, isto & no explcito a que inteesses tsse determinado sistema socal fesponde. Além disso implicit foenfe eu transmit aida de que essa Sociedade funciona asim “aturalmente™ que ela 6 absoltae autOooma em si mesm, que ro depende de nada ais |i mostro possi muitos prssupostos especticos.F um do pes fupostos qe esl presente, e pode-e perceber de medi, 0 de gue nents sociedad pode existire se eatuurar a n80 sera Pamtr de sua sobrevivdncia, ito €, de sua predupdo. Quem deno nina urna sociedade de "mode de produgdo" est dizendo impli ‘amen que as sociedades todas, to 6 a FormagSes socal, se “srturam (oascem,crescem, se desenvoivem) a partir da maneira omo Se conseguem as coisis para vive: © como se consegue a omida, a bebid, a vestimenta, a moradia, a sobrevivéncia, 3 ‘arcteritia fondarrental a una sociedad qualquer, Se frmos der isso num plano mus individual, eferindo os a una pessoa singular, difamos que ainguém consegue viver fem comer sem se alimenia.F panso que isi seja evident, sja Gbvio. N4o AE ningusm que viva em comer. S6 por milagre 8 ‘ve sem comer e iso est acim da natrezs, Passando para um plano soci remo, que nenhumasociedade pode subsist sem [rodigio. A produgio 0 motor duma socedade. Agu surge uma suena discussio. Alguns poderio pergunta: mas isso nto & falerialismo? Bem, se por taterilismo a pessoa entender que ra vver& gene procia come, entio realmente isso € materia Tismo. Mas parece’ que materialismo nio € bem isso (Confira © capitulo XI), © que se pretend afirmar, pura e simplemente, & ‘ue para vver, alguém precisa comer. E se «pessoa no comer, tio poders extudar, nio poderk rez, no poderd pussear, 30 poder flosofar no poder contemplar, nao poderd fazer nada. Depos que sealimento, eno pode fazer todas a cuts coisas. ‘Um segundo pressuposto de quem usa 0 coneito “modo de produgio" & ligado a0 primeiro, mas pode ser especifiado mmehore dsctido mais afundo:€o pressuposto histric, Quer ‘usa 0 conceto “sistema”, resrnge-se ao que est af. Quem usa 0 eonceto "Modo de produto", jé estéinsinuando que para se compreender uma soeiedide em sua essincia © profundidade € preciso ver quem a grou, isto & ver quais slo seus pais. Por isso ‘vai Togo ao anterior, a0 que deteminou ou eondicionow essa sciedade que af est F0 que condicionou esse tipo de soiedade foi a manera como as pessoas puderam ou tveram de se organiza para poder sobreviver. A conoapo histrica est subjacent ao ‘Concetta "Modo de produgio". Isso nos leva ja ter presente que ts soriedades podem mudar,¢ ® por acaso Slo asim nesst (o> ‘mento, houve um tempo em que no eram asim ¢ haveré um tempo em que serio diferentes: Poderio exist muitos fatores que tmodificaram ov modificaro essa sociedad, Um, pom, éfonda- tenia € a maneima como esta socledade vai conseguir gaantr ua sobrevivéncia, Ese ator etd sempre subjacent a tudo, ‘Qual dos dls nomes seré methor? ‘Come voeé mesma pode desobri, 08 ois conceites st em das teria expliatvas da sociedade. Uma teoria que v8 4 ociedade organiza, estrturaa, com funges interligaas, com peta absolut, fechads: teria Tuncionaist-postivista. Outra {eoria que ve sociedade come estruurade a pari de um for ‘isi (a produgio), © que poderi mudar, conforme a manera ‘como ela conseguir sua sobrevivénca: a teria istérica, Essa ‘Segunda tora explica como ela porque ela chegou a ser as- fim, a0 va Ay suas ongens, ds suas causs. A primeira, a0 ‘onto fica somente no age agora Se un levi € ant mais entfica quanto mais fendmenor els expiea, o0 quanto mais do fendmeno sla explica (confi o capitulo eno parece-nos que a segunda coria€ mais centica, avern ainda algomas consideragies a fazer sobre a ide- ‘ologia que Subjaz a essas diversas teorias. A quem elas interes Sam? Com a discuss que se fez sobre ideologia, voc€ mesmo oder iar as conclusOes qe se fisrem necessss, F evidente que quem tom iteresse em fazer com que as crises permanegam como slo e no pretende que a coisas mie dem, vai palocinar, uma teoria que insinut, a0 menos impiita- tment, que a coiss slo assim “porque slo assim. O sistema que tsth al 6 assim “porque ¢ stim" Ele funciona organizadamente, {ud caminha para uma hanmonia.No final tudo aaba bem, to ‘ota ao equifro, Pode aver problemas, mas sto todos passage’ ‘os, O normal 0 “natural” & que as cosas sejam como so, » ‘quer tem intereseem fazer com que ax cosas mde, procara uma tora que a0 menos implicitamente, insinue que a ois nem sempre foram assim, que houve um tempo em que tram diferentes e que, sesio assim num lugar, em outro podem fer diferentes. Essa & 2 visio histérica da sociedade. Tentnse ‘mostrar que todo fer “um pai do tem wma caus. Insist-se em (ue se preseateno A origem das coat. F iso & mostrar a ea {alidade das coisas. Insiste se em tomar evideme que todos 08 ‘SrlemasSocais, ou os modos de produgdo, so criagBes hums, potanto si cultura humana, 530 fenémenos "cultura", © mo Peter Berger, no seu liveo “Perspectivas Soviolépes cham 2 aso de "Exase™ Ea capacidade que ama pesioa tm de falar dum mando em que vive mergulhado, para um outro mando posrvl. O extase transforma a conscigncia que se tem de sacle fade fzendo com que determina se canveta em possibile fe, Se encaranmos 2 sociedade como sendo um “sistema” soci] ‘orgaizado e cocrente,facitmentecaimos a tentagto de natural ‘a isto 6, de determinéla, pois a natueza& determinada, sem pre fl assim. Se, pelo contro, mostarmas 0 carter histrco, furl da sociedad, temos chance de mostrar perceber Felatividade, isto é, sia possibilidade: a sociedade como existe & uma das formas possves, mas nfo a Unica. Pode mudar, depen-

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