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18 Reações de aldeídos e cetonas

O grupo carbonila faz parte de varias funções orgânicas que estão presentes na
natureza e na indústria química desempenhando papel importante. Os aldeídos, RCHO, e
cetonas, RCOR1, são responsáveis pelo aroma e sabor de muitos alimentos. No sistema
biológico participam das funções de muitas enzimas. O centro reativo das estruturas
carboniladas esta no grupo carbonila, - C = O, que devido ao efeito de ressonância permite
uma variedade de reações de adição.

Formula geral de uma cetona


R CH3 Acetona CH3CH2 Butanona
O O O
R1 CH3 Propanona CH3
R e R1 são radicais alquilas.

Formula geral de um aldeído


R CH3 CH3CH2
O O O
H H H
R é um radical alquila. Etanal Propanal

18.1 Aldeído por oxidação de álcool primário

Os aldeídos podem ser preparados a partir de álcool primário por oxidação com
clorocromato de piridínio, C5H5NH+CrO3Cl (PCC).

O
H2 +
C H C5H5NH CrO3Cl C
R O R H
CH2Cl2
Álcool primário Aldeído

O
H2
C H C
O C5H5NH+CrO3Cl H
CH2Cl2
Álcool primário Aldeído

315
O
H2
C H C
O PCC H
CH2Cl2

Álcool benzílico Benzaldeído

PCC
CH2Cl2 H
OH
O

18.2 Aldeído por oxidação de alceno


Os alcenos com hidrogênios vinílicos através de clivagem oxidativa produzem
aldeídos. A reação ocorre com o ozônio em presença de dimetilsulfeto, mecanismo
estudado no capítulo 11.
H H O O H O
H H CH - S - CH
C C + O3 C C 3 3
2 C O + CH3SCH3
H H H O H H
Metanal
O alceno cíclico, com hidrogênios vinílicos produz um dialdeído.

O H
O CH3 - S - CH3 H
+ O3 O
O O
Ciclopenteno Pentanodial

18.3 Aldeído por redução de cloretos de acila


O cloreto de acila pode ser reduzido a aldeído por meio da reação de redução
efetuada com tri-ter-butóxialuminio e lítio.

O O

C C
Cl 1-Li Al H[(O-t-bu)3]3, Et2O, -78oC H
2- H2O
Benzaldeído
Cloreto de benzoíla

Desenvolvimento do mecanismo.
Na primeira etapa, o par de elétrons do oxigênio se desloca e faz conexão no metal
lítio. Este movimento eletrônico permite a separação entre o lítio e alumínio que se
encontram presentes na estrutura do hidreto de t-butóxialuminio e lítio.

316
+ Li
O O
LiAlH[OC(CH3)3]3 C
C Cl + AlH[OC(CH3)3]3
Cl

Benzaldeído

O processo de redução inicia com o deslocamento do hidreto para o carbono da


carbonila.
Li
+ Li O
O
Al[OC(CH3)3]3 C
C Cl + Al[OC(CH3)3]3
Cl H
H

O átomo de alumínio presente no t-butóxialuminio se manifesta como um ácido de


Lewis e recebe o par de elétrons do oxigênio.
Al[OC(CH3)3]3 Al[OC(CH3)3]3
Li O+
O O
Al[OC(CH3)3]3 C + C
C Cl Li + LiCl
Cl H
H H

A adição de água provoca a hidrolise do complexo de alumínio levando a formação


do aldeído.
Al[OC(CH3)3]3 O
O+
C
C H2O
H
H

18.4 Aldeído por redução de ésteres

Os ésteres e nitrilas podem ser reduzidos a aldeído com o uso do reagente redutor
hidreto de dibutóxialuminio, DIBAL-H. É importante utilizar na reação, quantidades
controladas dos reagentes, afim de evitar a super-redução e não esquecer de utilizar baixa
temperatura.
( i-Bu) ( i-Bu)
H Al H Al
( i-Bu) +O ( i-Bu)
O
CH3CH2 C
CH3
CH3CH2 C O
CH3
O
Par de elétrons do oxigênio é deslocado para o orbital vazio do alumínio.

317
( i-Bu)2
( i-Bu)
( i-Bu) Al
Al ( i-Bu) +O
H O Al
+O H ( i-Bu)
CH3CH2 C CH3CH2 C + OCH3
CH3
CH3CH2 C H
CH3 O
O
O deslocamento de hidreto para o centro eletrofílico da carbonila leva a redução

( i-Bu)2

Al O
H2O
+O
CH3CH2 C Aldeído propanal
várias etapas
CH3CH2 C + OCH3 H
H

18.5 Cetonas a partir de arenos


O
O
C
C AlCl3 R
+ R Cl + HCl
Cloreto de acila
Anel aromático Cetona aromática

Este método de obtenção de cetona segue o processo de reação desenvolvido pelos


químicos Charles Friedel e James Crafts. Esta reação é conhecida com o nome de acilação
de Friedel-Crafts, e tem o objetivo de gerar cetonas aromáticas pela introdução de um
grupo acila no anel aromático. A outra reação descoberta por eles é a alquilação de Friedel-
Crafts que tem a finalidade de introduzir radical alquila no anel aromático. Nesta reação o
anel aromático é um substrato rico em elétrons e sendo assim, mostra afinidade por
eletrófilos (E+). O eletrófilo desta reação é gerado de um cloreto de acila.

Mais estável +
O O O O

C C C C
R Cl R R + R
Cloreto de acila Radical acila Eletrófilo acila

O benzeno é um substrato pouco reativo e por esta razão esta reação ocorre na
presença de um catalisador. O catalisador utilizado é o cloreto de alumínio, que inicia o
mecanismo preparando o eletrófilo. Qualquer eletrófilo ao interagir com o anel aromático
quebra a aromaticidade do anel.
+
E
E+

Anel aromático Anel não aromático

318
No final do mecanismo a aromaticidade do anel é recuperada por uma base.
Desenvolvimento do mecanismo. Primeira etapa preparação do eletrófilo.
Cl
O O O

C Al C + C + Cl AlCl3
R Cl R Cl AlCl3 R +
Cl Cl
Cloreto de acila Eletrófilo

O par de elétrons do cloro é deslocado para o orbital vazio do alumínio. O complexo


formado é rompido na ligação carbonila–cloro gerando o eletrófilo. Na segunda etapa o
eletrófilo formado recebe o par de elétrons do anel aromático.
O

C
O etapa lenta +
R
C
R +

Anel aromático intermediário estabilizado por ressonância

O O O O

C C C C
+ R R R R
ou +
+ +

Formas de ressonância do intermediário

A próxima etapa do mecanismo tem como finalidade recuperar a aromaticidade do


anel, este procedimento é realizado por uma base de Lewis.
Cl - AlCl3
O O
H
C C
+ R R
+ HCl + AlCl3
etapa rápida

No final da reação é adicionada água a mistura reacional com o objetivo de liberar o


catalisador, que fica conectado ao oxigênio da carbonila formando um complexo.
+ O
O AlHCl3
O AlCl3
C C
C R R
R 3 H2O
+ Al (OH)3 + 3 HCl

18.6 Cetonas por oxidação de alcenos

319
Os alcenos sem hidrogênios vinílicos através de clivagem oxidativa produzem
cetonas. A reação ocorre com o ozônio em presença de dimetilsulfeto.

R R1 O O R R1 O
R R1 CH - S - CH
C C + O3 3 3
C C C O + C O + CH3SCH3
R R1 R O R1
R R1
Ciclopenteno sem hidrogênios vinílicos - produto dicetona
R
R O
R
O CH - S - CH R
3 3
+ O3 O
R R O Dicetona O

18.7 Cetonas por oxidação de álcool secundário

As cetonas podem ser preparadas a partir de álcool secundário por oxidação com
clorocromato de piridínio, C5H5NH+CrO3Cl (PCC).

Álcool secundário O
H
C H C5H5NH+CrO3Cl C
R O R R1
CH2Cl2 Cetona
R1

18.8 Cetonas a partir de alcinos

A adição de água a alcinos em presença de ácido forte e ions mercúrio Hg+2, forma
como produto álcool vinílico que se tautomeriza para uma cetona ou etanal se o alcino for o
etino.
H R H O
HgSO4 tautomerização
R- C C - R + H - OH R C C
H2SO4
Alcino R OH H R
Enol Cetona

Tautomerização do enol para cetona.


+ H H H H
R R
H2O - H H R +
+ H2O + H3O
+
O H O H O
R Enol R
R Cetona
Cetona protonada

H CH3 H O
CH3- C C - CH3 + H - OH HgSO4 tautomerização
CH3 C C
H2SO4
2-Butino CH3 OH H CH3
Butanona

320
18.9 Adição nucleofílica em aldeídos e cetonas

Este tipo de adição ocorre devido ao efeito de ressonância presente no grupo


carbonila. A ressonância promove na estrutura um dipolo elétrico que permite a entrada de
um nucleófilo no centro positivo, localizados no carbono da carbonila, e um eletrófilo no
centro negativo, localizado no oxigênio.
Deslocalização dos elétrons pi
Aqui entra o eletrófilo

+
Aqui entra o nucleófilo

H3C H3C
+
C O C O
H3C H3C

O nucleófilo tem que possuir na sua estrutura par de elétrons disponível, desta
forma pode aparecer como uma molécula neutra com par de elétrons não ligante ou como
uma estrutura aniônica. Aparecem como nucleófilos neutros em reações orgânicas o
metanol, CH3OH, a água, H2O, o tiol, RSH, amina RNH2 e outros.
Como exemplo de nucleófilo carregado negativamente temos os seguintes ânions:
hidróxi, -OH, amideto, -NH2, alcóxi, RO- e outros. Algumas reações de adição nucleofílica
se desenvolvem de forma reversível e utilizam ao longo do mecanismo nucleófilos neutros
ou nucleófilos carregados negativamente.
Os aldeídos são mais reativos que as cetonas e isto se deve a efeito estérico e de
polaridade. O efeito estérico é maior nas cetonas, pelo fato de apresentarem dois radicais
alquilas ligados a carbonila. Estes radicais dificultam a aproximação do nucleófilo,
enquanto que, na estrutura dos aldeídos o efeito estérico é menor por existir apenas um
radical alquila conectado ao grupo carbonila.

Dois grupamentos metila


dificultando a entrada do nucleófilo. Um grupamento metila
Bloqueio estérico maior. bloqueio estérico menor.
Reação mais rápida.

Cetona Aldeído

O efeito da polaridade esta relacionada com a estabilidade do centro catiônico


formado em decorrência da ressonância. Na cetona o centro catiônico se localiza em um
carbono secundário, enquanto que, no aldeído o centro catiônico reside em um carbono
primário, conferindo a estrutura maior energia.

321
Cátion em carbono secundário.
Menor energia. Cátion em carbono primário.
Maior energia.

+
+

Cetona Aldeído

18.10 Adição nucleofílica catalisada por ácido

Como o catalisador é um ácido vai procurar o centro básico do substrato carbonilado,


que se encontra no oxigênio da carbonila.

Centro de maior densidade eletrônica- centro básico

Cetona Aldeído

Par de elétrons do centro básico da estrutura captura o hidrogênio ionizável do ácido,


através de uma reação ácido-base.

R H- A R R
Ácido de Lewis + +
C O C OH C OH + A
R1 R1 R1 Base
Base de Lewis
Cátion oxônio conjugada
R1 = H Aldeído

O carbono de um cátion oxônio é mais ativado para receber o ataque de um nucleófilo


do que o carbono da carbonila.

Mais ativado para receber o nucleófilo


Mais suscetível ao ataque do nucleófilo
Menos ativado para receber o nucleófilo
Menos suscetível ao ataque do nucleófilo
R R
+ + R
C OH C OH
R
+
R1 R1 C O C O
R1 R1
Cátion oxônio

Na segunda etapa, o nucleófilo ataca o centro catiônico (centro eletrofílico) ativado


pelo catalisador.

322
R1 = H Aldeído R R
R1 R1
R
C OH OH OH + H - A
R1 +
+ Catalisador
H - Nu H - Nu Nu recuperado
A
Base conjugada do catalisador ácido

18.11 Formação de hemiacetal

A reação de um aldeído ou uma cetona com um álcool forma um composto


denominado de hemiacetal. Como a reação será desenvolvida por meio de catálise ácida, é
necessário iniciar o processo com a forma ácida do reagente.

Ácido H
O
R H
O+ + R -O
O R H Base conjugada
R H
Base Ácido conjugado
H
O
O+
Par ácido-base utilizado no mecanismo H R H
R Base
Ácido conjugado

Desenvolvimento do mecanismo.
Na primeira etapa o catalisador, um ácido de Lewis, recebe o par de elétrons do
oxigênio da carbonila e forma o cátion oxônio.
H

O+
R H
R R R
+ +
C O C OH C OH + R - OH
R1 R1 R1 Base
Base de Lewis
Cátion oxônio conjugada
R1 = H Aldeído

R R
R R1 R1 H
R +
C OH OH OH + O+
R1 H
O Cátion oxônio R
+ H
O OR
H R H O Hemiacetal
Nucleófilo promovendo
o ataque no centro eletrofílico
R

323
18.12 Adição nucleofílica catalisada por base

A base forte presente no meio reacional ataca o centro eletrofílico do substrato,


formando um alcóxido como intermediário tetraédrico, que por ser básico captura um
hidrogênio ionizável.

R R
R R1 R1

C O O OH + B
R1
B Cátion oxônio
B H - B B
Base forte promovendo
o ataque no centro eletrofílico

O hemiacetal pode também ser formado através de catalise básica.

R R
R R1 R1

C O O OH + OR
R1
Cátion oxônio
RO RO H - OR OR
Base forte promovendo
o ataque no centro eletrofílico

18.13 Formação de acetal

É um mecanismo que envolve duas moléculas e álcool para uma do composto


carbonilado. Na primeira fase do mecanismo forma-se o hemiacetal e posteriormente o
acetal.
H

O+
R H
R R R
+ +
C O C OH C OH + R - OH
R1 R1 R1 Base
Base de Lewis
Cátion oxônio conjugada
R1 = H Aldeído

R R
R R1 R1 H
R +
C OH OH OH + O+
R1 H H
O Cátion oxônio R
+
O O OR
H R H
Hemiacetal
R
O hemiacetal formado na presença do ácido de Lewis tem o oxigênio da hidroxila
protonado. Após a protonação, ocorre um deslocamento de elétrons que leva a formação do
cátion oxônio altamente reativo.

324
R R
R1 R1
+ R
OH2 +
OH H
C OR + H2O
R1
O+ Cátion oxônio reativo
OR OR
R H
Protonação da hidroxila

Uma segunda molécula de álcool, na função de nucleófilo, ataca o carbono do íon


oxônio por ser um centro eletrofílico.

R R
R1 R1 H
R H
R + + O
C OR O H
OR + O+
R
R1 R H
O Acetal
Cátion oxônio reativo R OR
OR
H

Os acetais são utilizados em síntese orgânica como grupos protetores de aldeídos e


cetonas, pelo fato de serem estáveis em soluções básicas.

18.14 Formação de imina


Os aldeídos e cetonas reagem com aminas primárias (R – NH2) formando compostos
denominados de imina (R – CH = N R). A reação é desenvolvida através de catalise ácida e
o produto formado é uma mistura de isômeros (E) e (Z).

R + R R2
H3O
C O + H 2 N - R2 C N + H2O
R1 Amina R1
R1 = H Aldeído primária Imina,isômeros (E) e (Z)

No desenvolvimento do mecanismo, a etapa importante ocorre no momento em que o


aminoálcool protonado perde uma molécula de água formando o íon imino.

Intermediário dipolar
R R
Cetona R1 R1
R
C O O OH
R1
R1 = H Aldeído H H H
N N Aminoálcool
H2N - R2 +
Amina R2 R2
primária
Par de elétrons do oxigênio captura o
hidrogênio. Reaçãoácido-base intramolecular.

O aminoálcool na presença do ácido de Lewis tem sua hidroxila protonada formando o


aminoálcool protonado.

325
H
R
R1
R O+ R1
H H
+ R R2
OH2
OH +
C N + H2O
H
H N H
N Aminoálcool R1
Aminoálcool Íon imínio
R2 protonado
R2

A água captura o hidrogênio ionizável do íon imínio levando a formação da imina.

R R2 R R2
+ +
C N C N + H3 O
R1 H R1 Imina
Íon imínio H2O isômeros (E) e (Z)

Se o mecanismo de reação for desenvolvido com um amina secundária, R2 NH, o


produto formado é uma enamina. O mecanismo é idêntico ao da formação de imina, sendo
que, no estágio de formação do íon imínio não existe próton sobre o nitrogênio que possa
ser perdido, neste momento, é retirado o próton do carbono vizinho (carbono alfa).

Intermediário dipolar
Cetona CH3 CH3
H3C H3C
CH3

C O O OH
CH3 R H R
N N Aminoálcool
R - HN - R +
Amina R R
secundária
Par de elétrons do oxigênio captura o
hidrogênio. Reaçãoácido-base intramolecular.

H
CH3
CH3 O+ H3C
H3 C H
H + CH3 R
OH2 +
OH + H2 O
R C N
R H3C R
N
N Aminoálcool
Aminoálcool Íon imínio
R protonado
R

H OH2
H2C R +
H2C R + H3 O
+ C N
C N R
H3C
H3C R Enamina
Íon imínio

326
Qual produto se obtém, quando a butanona reage com a metilamina sob catalise ácida.
Formação do aminoálcool.

CH3 CH3
Butanona CH3CH2 CH3CH2
CH3

C O O OH
CH2CH3 H H H
N N Aminoálcool
H2N - CH3 +
Metilamina
CH3 CH3

Formação do íon imínio.


H
CH3
CH3 O+ CH3CH2
CH3CH2 H
H + CH3 CH3
OH2
OH +
H C N
H N H
N Aminoálcool CH2CH3
Aminoálcool
CH3 protonado
CH3 Íon imínio
Formação da imina.

CH3 CH3 CH3


CH3
+ +
C N C N + H3O
CH3CH2 H CH3CH2 Imina
Íon imínio H2 O

A reação a seguir envolve o substrato butanona e o reagente nucleofílico


dimetilamina.

CH3 CH3
Butanona CH3CH2 CH3CH2
CH3

C O O OH
CH2CH3 H3 C H H3C
N N Aminoálcool
N +
CH3
H CH3 Dimetilamina CH3 CH3
O par de eletrons não ligante Intermediário dipolar promove uma reação
do nitrogenio ataca o centro ácido-base intramolecular. Par de elétrons do
eletrofílico formando oxigênio captura o hidrogênio ionizável ligado
um intermediário dipolar. ao nitrogênio, formando o aminoálcool

327
H
CH3
CH3 O+ CH3CH2
Íon imínio
CH3CH2 H
H + CH3 CH3
OH2
OH +
H3C C N + H2 O
H3C N
Aminoálcool CH2CH3 CH3
N Aminoálcool
CH3 protonado
CH3
A deslocalização do par de elétrons do
Protonação da hidroxila do aminoálcool. nitrogênio rumo ao oxigênio positivo,
O par de elétrons do oxigênio captura um promove a formação da dupla ligação
hidrogênio ionizável da água protonada. e liberação da água.

H2O
H Íon imínio
Enamina
H2C CH3 H2C
+ CH3
+
C N C N + H3O
CH2CH3 CH3 CH3
CH2CH3

18.15 Redução de Wolff-Kishner


Esta reação tem o objetivo de desoxigenar aldeídos e cetonas, levando o grupo
carbonila, -C = O, a ser transformado em –CH2.
O processo acontece em duas fases: na primeira fase o substrato que pode ser um
aldeído ou uma cetona reage com o nucleófilo hidrazina gerando uma hidrazona, que será
utilizada na segunda fase como substrato da reação com base forte (NaOH).
A base forte promove a remoção de nitrogênio da estrutura através de um mecanismo
denominado de redução de Wolff-Kishner.
Primeira fase: formação da hidrazona.

R R
Cetona R1 R1
R
C O O OH
R1
R1 = H Aldeído H H H
N N
H2N - NH2 + Intermediário
Hidrazina NH2 dipolar NH2
Par de elétrons do nitrogênio Par de elétrons disponível do oxigênio
faz conexão no carbono da carbonila captura o hidrogênio ionizável conectado
(carbono eletrofílico). no nitrogênio.

328
H
R
R1
R O+ R1
H H
+ R NH2
OH2
OH +
C N + H2O
H
H N H
N R1
Protonação do grupo
NH2 Deslocamento do par de elétrons do
NH2 hidroxila nitrogênio com eliminação de água.

R NH2 R NH2
+ +
C N C N + H3O
R1 H R1 Hidrazona
H2O
Desprotonação da hidrazona
Segunda fase: Eliminação de nitrogênio com base forte.

R NH2
trietilenoglicol 200oC
+ NaOH RCH2R1 + N21
C N
Alcano
R1 Hidrazona

Mecanismo de eliminação de nitrogênio.


H
H R N H
R N R N
H
C N C N
C N OH
R1 R1
R1 Hidrazona
A base forte captura um hidrogênio O deslocamento do par de elétrons transporta
da hidrazona efetuando a desprotonação. a carga negativa para o carbono sp2.

H H
R N R N
C N CH N + OH
R1 O
H H R1

O carbânion formado é uma base de Lewis e


captura um hidrogênio da água.

H R N
R N
CH N CH N + H2O
+ OH
R1 R1
A base captura o último hidrgênio
conectado ao nitrogênio.

329
R N R
CH N CH + N2
R1 R1
O deslocamento do par de elétrons, libera N2 e
gera um carbânion

R R
CH
O CH2 + OH
H H
R1 R1
A reação encerra com carbânio, base de Lewis,
capturando o hidrogênio da água.

18.16 Reação de Wittig

Georg Wittig em 1979 recebeu o prêmio Nobel de Química por seu trabalho em
compostos orgânicos contendo fósforo. A reação de Wittig tem como objetivo transformar
um aldeído ou uma cetona em um alceno. O reagente transformador do aldeído ou cetona
em um alceno é um composto químico chamado de ilídeo de fósforo, fosforano ou ainda
ileto de fósforo.
Os iletos de fósforo são preparados através de duas reações. A primeira é uma reação
SN2 entre um halometano, haloalcano primário ou secundário (raramente) com o nucleófilo
trifenilfosfina. A segunda reação envolve um processo ácido-base, onde uma base de Lewis
captura um hidrogênio ionizável.
Primeira reação.

H
H
H H
SN2 +
Br P + Br
P
Grupo despedido
H H
ou retirante

Par de elétrons não ligante do fósforo ataca


a retaguarda do brometo de metila.

Segunda reação.

H H H
H + + + C4H10 + Li+
+ Li CH2CH2CH2CH3 THF P P
P
H H
H

Metilenotrifenilfosforano
Ileto de fósforo

Com o ileto de fósforo preparado é possível desenvolver o mecanismo de reação de


Wittig. O mecanismo será efetuado com a propanona que será transformada em um alceno.

330
H3C 3
O 3
C O P

+
CH3 P O
H H3C
+
CH2 C CH3
P CH2
CH3 C
H CH3
Betaína de fósforo Oxa-fosfa-ciclobutano
Oxafosfetano
3
P O
CH3 CH3
CH2 CH2 C + 3
C
CH3 CH3 P O
Oxa-fosfa-ciclobutano Alceno Óxido de trifenilfosfina
Oxafosfetano

A reação a seguir mostra o mecanismo de transformação do butanal.

CH3CH2CH2 3
3
C O P O
O
+

H P
+
H H H
P CH2 C CH2 C
CH2CH2CH3
H CH2CH2CH3
Betaína de fósforo Oxafosfetano

3
P O
H H 3
CH2 CH2 C +
C P O
CH2CH2CH3 CH2CH2CH3
Oxa-fosfa-ciclobutano Alceno Óxido de trifenilfosfina
Oxafosfetano 1-penteno

Nesta reação o aldeído ou a cetona é transformado em alceno pela substituição do


oxigênio do reagente carbonílico pelo =CH2, =CHR ou = CR2 do ileto.

+ CH3CH2 Veio do ileto


CH3CH2 (Ph)3P - CHCH3
C O C CHCH3 + (Ph)3P = O
THF
CH2CH3 CH2CH3

3-pentanona Veio da cetona


3-Etil-2-penteno

18.17 Adição de reagente de Grignard

O reagente de Grignard tem fórmula geral RMgX e é obtido através da reação entre
um haleto orgânico e o magnésio metálico em presença de éter anidro. Segue a preparação
de alguns reagentes de Grignard.

331
H2
H2 éter anidro C
C Cl + Mg
CH2 MgCl
C H3C
H3C H2 Reagente de Grignard
Haleto orgânico primário Cloreto de propilmagnésio
Cloreto de propila

H2 H2
C CH3 C CH3
H2C CH éter anidro H2C C
+ Mg H MgBr
Br
Brometo de s-butilmagnésio
Haleto orgânico secundário
2-bromobutano

H3C Cl H3C
C éter anidro
+ Mg H3C CMgCl
H3C CH3
H3C
Haleto orgânico terciário Cloreto de t-butilmagnésio
2-cloro-2-metilpropano

O reagente de Grignard reage com aldeídos e cetonas produzindo álcool. O reagente


de Grignard é uma fonte geradora de nucleófilo carbânion, pelo fato do grupo alquila na
estrutura do reagente de Grignard, se encontrar extremamente polarizado perto do magnésio
que é um metal e, portanto eletropósitivo. O mecanismo começa com o Mg+2 efetuando
uma complexação no oxigênio do grupo carbonila. Este processo deixa o centro eletrofilico
do carbono da carbonila mais ativado e pronto para receber o ataque do carbânion.
Desenvolvimento do mecanismo.

H2
C
CH2 MgCl H2
H3C H3C H3C C
C O MgCl + H3C CH2
C O
H3C H3C
Carbânion propila
+2
O Mg por ser um ácido de Lewis faz
a complexação no par de elétrons do oxigênio
H3C

H2 C O MgCl H3C
C H3C OMgCl
CH2 CH3CH2CH2 C
H3C
Nucleófilo carbânion propila
atacando o centro eletrofílico. H3C Intermediário tetraédrico

332
O
H H
H3C H3 C
OMgCl OH
CH3CH2CH2 C CH3CH2CH2 C + Mg (OH)Cl
Sal básico
H3C H3 C
Par de elétrons do oxigênio captura o hidrogênio Álcool terciário
ionizável da água, formando o álcool terciário.

A reação do reagente de Grignard com aldeído formado por dois ou mais carbonos,
produz álcool secundário. A reação com o formaldeido leva a formação de álcool primário.

H2
C
CH2 MgCl H2
H3C H3C H3C C
C O MgCl + H3C CH2
C O
H H
Carbânion propila
Complexação do magnésio no para de
elétrons do oxigênio do aldeído.

H3 C

H2 C O MgCl H3C
C H OMgCl
CH2 CH3CH2CH2 C
H3C
Nucleófilo carbânion propila
atacando o centro eletrofílico. H Intermediário tetraédrico

O
H H
H3C H3C
OMgCl OH
CH3CH2CH2 C CH3CH2CH2 C + Mg (OH)Cl
Sal básico
H H
Par de elétrons do oxigênio captura o hidrogênio Álcool secundário
ionizável da água, formando o álcool secundário.

Desenvolvimento do mecanismo para o substrato aldeído fórmico.

H2
C
CH2 MgCl H2
H H3C H C
C O MgCl + H3C CH2
C O
H H
Carbânion propila
Complexação do magnésio no para de
elétrons do oxigênio do aldeído fórmico

333
H

H2 C O MgCl H
C H OMgCl
CH2 CH3CH2CH2 C
H3C
Nucleófilo carbânion propila
atacando o centro eletrofílico H Intermediário tetraédrico
do aldeído fórmico.

O
H H
H H
OMgCl OH
CH3CH2CH2 C CH3CH2CH2 C + Mg (OH)Cl
Sal básico
H Intermediário tetraédrico H
Álcool primário
Par de elétrons do oxigênio captura o hidrogênio
ionizável da água,formando o álcool primário.

18.18 Reações aldólicas

As reações aldólicas ocorrem entre dois compostos carbonílicos iguais ou diferentes.


Um composto carbonilico participa da reação como substrato eletrofílico, equanto que, o
outro exerce a função de reagente nucleofilico.
Vamos analisar um composto carbonílico e procurar na estrutura um centro
eletrofílico e um centro capaz de se transformar em um nucleófilo.

Carbonila - C = O

Aqui existe ligação sigma e ligação pi.


A ligação pi é responsavel pelo efeito de ressonância
α α
que torna o carbono da carbonila um centro eletrofílico
ou catiônico.
Os hidrogênios conectados nos carbonos alfa (α)
Propanona são dotados de fraca acidez e podem ser capturados
por base forte e gerar um carbânion (nucleófilo).

Usando a propanona como exemplo é possível encontrar o centro eletrofílico da


propanona-substrato.

334
Ao longo do mecanismo esta situação fica indicada pelas setas curvas,
que indicam o movimento de um par de elétrons.
Deslocamento de elétrons pi para o oxigênio

α α +

Aqui no centro eletrofílico (+)


Propanona-substrato
ocorre a conexão do reagente
nucleofílico(-)

Esta análise mostra que a propanona-substrato será atacada pelo nucleófilo no


carbono da carbonila, exatamente onde reside o centro eletrofílico.
Agora vamos analisar a segunda molécula de propanona que será responsável pela
formação do nucleófilo.A segunda estrutura da propanona, será transformada em um
reagente nucleofílico com a ajuda de uma base forte.

Tranformação da propanona em nucleófilo


H
B H2C
H2C H2C
C O C O C O
H3C H3C H3C
Íon enolato é o nucleófilo.
Propanona
A conexão no centro eletrofílico (+) da propanona substrato
B é uma base forte será realizada pelo carbono aniônico (-), obedecendo a lei da atração.

Observe como pode ser efetuada esta conexão.

O
O
H3C H3C Um ânion alcóxido
C
C O C CH3
C
H2C H3C H3C H2

C O Par de elétrons do carbono efetuando a conexão


H3C no centro eletrofílico e formando o ânion alcóxido

O
O
H3C H3C Um ânion alcóxido
C
C O C CH3
C
H3C H3C H3C H2
CH2
C
Par de elétrons do oxigênio é deslocado para o carbono, para que os eletrons pi
efetuem a conexão no centro eletrofílico, formando o alcóxido.
O

O sentimento do mecanismo já foi lançado, agora vamos realizar o mecanismo


completo de condensação. Para começar vamos condensar duas moléculas de acetaldeído.

335
Veio do aldeído-substrato

O
OH Veio do aldeído que se
H3C H3C
10% NaOH C transformou em nucleófilo
2 C O C H
H H2O , 5oC C 3-hidróxibutanal
H H2

Mecanismo.
Primeira etapa: preparação do nucleófilo íon enolato.

Tranformação do acetaldeído em nucleófilo


H OH
H2C H2C H2 C
C O C O + H2O
C O
H H H
Íon enolato é o nucleófilo.

Na segunda etapa, o nucleófilo íon enolato ataca o centro eletrofílico do aldeído-


substrato.
O
O
H3C H3C Um ânion alcóxido
C
C O C H
C
H2C H H H2

C O Par de elétrons do carbono efetuando a conexão


H no centro eletrofílico e formando o ânion alcóxido.

Na terceira etapa, o íon alcóxido (base de Lewis) captura um hidrogênio ionizável


da molécula de água (ácido de Lewis).

H
O
H O
OH
O H3C
O C + OH
H3C C H
C C
C H H H2
C
H H2 3-hidróxibutanal
Um ânion alcóxido

O produto de uma condensação aldólica entre duas moléculas de aldeído produz um


hidróxi- aldeído que recebe a denominação de aldol. Aquecendo o 3-hidroxibutanal, que se
encontra no meio básico, acontece à desidratação e a formação de um aldeído insaturado.
Desidratação do aldol.

336
O

H3C OH O CH
H3C
C C ∆
H H C C + H2O + OH
H C
H H
H
2-butenal / crotonaldeído
OH

Como ficaria o desenvolvimento do mecanismo para a síntese do 2-etil-3-


hidróxiexanal. Escrevendo a estrutura fica fácil de descobrir o aldeído que será condensado.
No lugar da hidroxila antes existia uma carbonila. Separando a estrutura no carbono
hidroxilado, se encontra o aldeído de partida.

4 3 2
OH O
CH3CH2CH2
1
C H C
H
H 2C
1
Butanal substrato CH2CH3
3 4
Butanal que se transformou em enolato

OH O
CH3CH2CH2 CH3CH2CH2
2 NaOH, dil
C O C H C
H
H H C

CH2CH3

Mecanismo de condensação de duas moléculas de butanal.

Preparação do nucleófilo.

H OH
CH3CH2 HC CH3CH2 CH CH3CH2 CH
C O C O
+ H2O
C O
H H H
Íon enolato é o nucleófilo.

Conexão do nucleófilo íon enolato no butanal-substrato

CH3CH2 CH2
C O H2 H O
CH3CH2 CH H H3C C C
C CH CH
H2
C O CH2CH3
O
H

Formação do hidróxi-aldeído

337
H2 H O
H2 H O
H3C C C
C CH CH H3C C C
H2 C CH C H + OH
CH2CH3 H2
O O CH2CH3
OH
H H 2-etil-3-hidróxiexanal

18.19 Reações aldólicas cruzadas

A reação aldólica cruzada ocorre entre dois aldeídos diferentes, e provoca a


formação de vários produtos, não sendo indicada para o uso em síntese orgânica. A reação
entre o etanal e o propanal fornece quatro produtos diferentes.

OH O CH3 O
H3C CH3 CH2 H2
OH CH CH C CH
+ C O + H3C CH CH
C O
H H H2O H3C C
H2 OH
3-Hidróxibutanal 3-Hidróxi-2-metilpentanal

OH O

CH CH H2 H2 O
H 3C C C C
+ H3C CH CH
H CH3 OH
3-Hidróxi-2-metilbutanal 3-Hidróxipentanal

Analisando a estrutura de cada produto é possível descobrir os aldeídos que foram


condensados.

al
p an
Pr o
Etanal CH3 O
H2
C CH
OH O H3C CH CH

CH CH OH Formada pela condensação


H3C C de duas moléculas de propanal
H2
Formada pela condensação
de duas moléculas de etanal Propanal
Etanal

Etanal
Propanal
O O
Formados pela condensação
OH H2 H2 de uma molécula de propanal
CH CH C C
H3C CH CH e uma de etanal
H3C C
OH Etanal
H CH3
Propanal

338
18.20 Reações de Claisen-Schmidt

A reação de Claisen-Schmidt usa como um dos componentes de reação, uma cetona,


que se condensa rapidamente com o benzaldeído na presença do hidróxido de sódio. Nas
reações de Claisen-Schmidt, que utilizam o benzaldeído como substrato, a desitradação
ocorre espontaneamente.

O O
H
CH C C
H3C C
OH H CH3
+ C O
H3C 100oC
4-Fenil-3-buten-2-ona
Benzaldeído Acetona Benzalacetona

Mecanismo
Primeira etapa: Preparação do nucleófilo íon enolato.

Tranformação da propanona em nucleófilo


H OH
H2C H2C H2C
C O C O + H2O
C O
H3C H3C H3C
Íon enolato é o nucleófilo.

Na etapa seguinte o nucleófilo formado, íon enolato, desloca o par de elétrons do


carbono alfa para o centro eletrofílico do substrato-benzaldeído, formando assim, a junção
entre as duas estruturas. O íon alcóxido formado é uma base de Lewis e captura um
hidrogênio da água, formando uma hidróxi cetona.

Íon enolato ataca o centro eletrofílico


O O
O
C C
CH H C
H2 CH3

H2C
C O
H3C

O
H H
OH O
O O
C C
C C H C + OH
H C H2 CH3
H2 CH3

339
OH O O
H
C H C C C
H C C CH3
CH3 H + H2O + OH
H

OH

A reação a seguir mostra a formação da benzalacetofenona.

O O
H
CH C C
C
OH H
+ C O
H3C 100oC

Benzaldeído Acetofenona 1,3-Difenil-2-propen-1-ona


Benzalacetofenona

340

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