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O que explica tamanha variação nos índices de crescimento do PIB? Este é
um dos principais assuntos da Macroeconomia. O PIB é considerado a melhor
medida de desempenho de uma economia, pois mostra o esforço e a
capacidade que possui um país de oferecer uma certa quantidade de bens à sua
população. A comparação entre os PIB de diversos países permite classificá-los
em mais e menos desenvolvidos. Mas deve-se ficar atento para alguns
problemas que envolvem essa medição. Vamos examiná-los:
- Sendo o PIB um valor e, portanto, influenciado pelos preços dos bens, estes
têm que estar equilibrados, no sentido de não sofrerem distorções, como estar
artificialmente altos, em virtude da existência de setores oligopolizados,
remunerações controladas pelo Governo e entidades sindicais e tarifas
controladas.
Fazem parte do PIB produtos que geram custos sociais nem sempre
considerados, como a poluição do ar, o ruído, a contaminação das águas etc.
Esses produtos superestimam o valor do PIB, porque de seu valor deveriam
ser deduzidos os respectivos custos sociais. Outro fator que superestima o PIB
são as despesas do governo. Como estas incorporam, em boa parte, os
vencimentos dos funcionários públicos, um aumento nesses vencimentos
resulta em aumento do PIB.
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O Nível Geral de Preços
Inflação no Brasil
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O IGP- Índice geral de Preços é resultante da média ponderada de três
índices: IPA (Índice de Preços no Atacado), com peso de 60%, IPC (Índice de
Preços ao Consumidor), com peso de 30%, e INCC (Índice Nacional do Custo
da Construção), com 10%.
O Desemprego
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Desempregados: são os indivíduos que se encontram numa situação
involuntária de não- trabalho, por falta de oportunidade, ou que exercem
trabalhos irregulares com desejo de mudança. Há três tipos de desemprego: o
aberto, o oculto pelo trabalho precário e o oculto pelo desalento.
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Os economistas consideram que há uma relação inversa entre o
desemprego e o crescimento do produto. Assim, se a produção cresce, o
desemprego cai e se a produção cai, o desemprego aumenta. Existe a chamada
lei de OKUN (devida ao economista Arthur Okun), dada pela seguinte fórmula:
variação % do desemprego = (variação % do PIB – 3%) x (– ½).
Um exemplo numérico: dada uma variação no PIB de 5%, a variação na taxa
de desemprego seria de (5% - 3%) x - (½) = - 1%.
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teoria macroeconômica considera que a poupança é influenciada diretamente
pela renda e pela taxa de juros.
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Variação do PIB real: ( Σ p1.q2 / Σ p1.q1 ) – 1 = (95 / 90) – 1 = 0,0556 =
5,56%.
Tem-se que: Índice nominal = Índice real x Índice de preços. Daí que: Índice
de preços = Índice nominal / Índice real. Então, o índice de preços é igual a:
1,21 / 1,0556 = 1,1463 e a variação de preços é: 1,1463 – 1 = 0,1463 ou
14,63%
Observações:
O cálculo da coluna de “Variação Nominal” resulta da variação do PIB
nominal de cada ano em relação ao ano anterior. Por exemplo, a variação
nominal do ano 3 em relação ao ano 2 é igual a (198 / 165 ) – 1 = 0,20 ou
20%.
A coluna do PIB real é obtida dividindo-se o PIB nominal de cada ano pelo
respectivo índice acumulado de preços. Nesse caso, deflaciona-se cada valor do
PIB nominal a fim de que os preços permaneçam constantes ao ano 1. Por
exemplo, o PIB real referente ao ano 5 é igual a 239,08 / 1,6233 = 147,3.
A coluna de variação do PIB real deve ser comparada com a do PIB nominal.
Nesse caso, verifica-se, por exemplo, que nos anos 3 e 5, apesar de
crescimentos nominais positivos, os crescimentos reais foram negativos. A
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explicação para essa diferença está nas variações de preços, que foram
superiores às variações do PIB nominal em cada um desses anos.
Em 2003, o PIB no Brasil foi calculado em cerca de R$ 1.514 bilhões. Com uma
população de 175 milhões de habitantes, a renda per capita foi de cerca de R$
8.650.
Estoques e fluxos
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batata por mês, o número de automóveis que estacionam em um shopping por
hora, a vazão de um rio por minuto etc. Enquanto isso, denomina-se variável
estoque aquela que é medida num ponto do tempo. Como exemplos, tem-
se o estoque de soja nos armazéns governamentais, as reservas de divisas de
um país, o número de carros estacionados em determinado momento em um
shopping, o número de alunos que está neste momento assistindo a uma aula
etc.
Investimento e Capital
- Dívida e déficit público: DIV PUB – DIV PUB –1 = DEF PUB, onde a variação
da dívida pública (DIV PUB) é igual ao déficit público (DEF PUB).
SLIDE: variável “fluxo” é aquela que é medida por período de tempo,
como por exemplo a produção de aço por ano e o número de automóveis que
estacionam em um shopping por hora, enquanto que variável estoque é
aquela que é medida num ponto do tempo, como por exemplo o estoque
de soja nos armazéns governamentais e o número de carros estacionados em
determinado momento em um shopping.
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Produto efetivo é o valor do produto que resulta da efetiva utilização de
recursos da economia, que pode ser realizada no todo ou em parte.
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- estímulos positivos ou negativos dos agentes econômicos (situação política,
expectativas otimistas ou positivas etc.);
Objetivo
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O Produto é o valor total dos bens e serviços finais produzidos no país
durante determinado período. O seu cálculo deve evitar o problema da
dupla contagem, pois não faz sentido somar-se os valores produzidos por
todas as unidades produtivas do país, já que estaríamos computando mais de
uma vez os bens finais e as matérias primas utilizadas em sua fabricação. Não
se deve somar, por exemplo, a produção de aço com a de minério de ferro e a
produção de tomate com a de extrato de tomate. São considerados somente os
bens finais, aí incluídas as matérias primas produzidas e não utilizadas e as
vendidas ao exterior.
A Medição do Produto
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Observações:
- O valor de 490 não representa o que foi realmente produzido, pois esse valor
conta produtos mais de uma vez.
Método da renda
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A Renda é definida como o somatório das remunerações de todos os fatores de
produção: salários + juros + aluguéis + royalties + lucros. Assim, temos:
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3 = 24. A Renda é 122 + 29 + 16 + 9 + 24 = 200. Como a Renda é igual ao
Produto, o Produto é igual a 200.
A geração de renda por empresa é igual a:
O Método da Despesa
Os agregados macroeconômicos
Para que a Despesa se iguale ao valor do PIB, deve-se subtrair dela a despesa
com bens importados, já que estes não são produzidos internamente. Assim,
tem-se: DI = C + IF + IE + G + X – M = PIB, sendo DI : Despesa Interna; e
M : Importações.
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a 2.000 pares. Ao subtrair-se esse item da Despesa Interna, tem-se o conceito
de Despesa Efetiva.
Os agregados macroeconômicos II
Mas se uma parte da renda não é consumida, como ela pode equivaler à
despesa? A parte não consumida da renda é igual à poupança. Enquanto isso, a
despesa, numa economia fechada, é igual a consumo mais investimento. Desse
modo, a poupança deve equivaler às despesas de investimento.
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CONSUMO + POUPANÇA= CONSUMO + INVESTIMENTO
Daí que POUPANÇA= INVESTIMENTO
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dispêndio ou demanda. A partir de sua formação, podemos definir o somatório
das remunerações dos fatores (salários, juros, aluguéis, royalties e lucros)
como a Renda Interna, ou o Produto Interno Líquido (PIL cf)
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- Demanda Efetiva: exclui a produção não efetivamente demandada, como a
variação nos estoques.
Produto Nacional
Produto Nacional: é o valor do Produto que pertence ao país. Uma parte das
remunerações geradas internamente é enviada ao exterior, principalmente sob
a forma de lucros e juros. Enquanto isso, o país beneficia-se de remunerações
que, geradas no exterior, pertencem a residentes no país. Assim, para chegar-
se ao Produto Nacional, subtrai-se a renda enviada e adiciona-se a renda
recebida do exterior. Fazendo-se a renda líquida enviada ao exterior como a
diferença entre a renda enviada e a renda recebida do exterior, tem-se que o
Produto Nacional é igual ao Produto Interno, menos a renda líquida enviada ao
exterior.
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RENDA PESSOA DISPONÍVEL = RENDA PESSOAL - impostos diretos das
famílias
Carga tributária
As relações intersetoriais
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As vendas intersetoriais são avaliadas horizontalmente, e as compras
intersetoriais são avaliadas verticalmente. Por exemplo, a agricultura vende
$10 para o próprio setor agrícola (mudas de milho para a produção de milho) e
$15 para o setor de serviços (plantas para enfeites de agências bancárias). A
indústria vende $25 para a agricultura (agrotóxicos, tratores) e o setor de
serviços vende $20 para a indústria (serviços médicos).
A agricultura, por exemplo, tem um valor de produção igual a $145. Esse valor
pode ser visto horizontalmente, como a soma das vendas intersetoriais (de
$55) e da demanda final ($90), como pode ser visto como a soma entre as
compras intersetoriais (de $40) e o seu valor agregado ($105). Para cada
setor, tem-se:
Observe-se também que para cada setor o total das vendas não tem de ser
necessariamente igual às compras intermediárias, o que significa que o valor da
demanda final é diferente do valor agregado. Mas para os setores como um
todo, certamente que o total das vendas iguala o total das compras. Assim,
tem-se para a economia como um todo:
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O cálculo do Produto da economia pode ser feito, então, a partir do valor
agregado, como também da demanda final, como no quadro abaixo.
Conceito de Absorção I
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Mas, atenção: a poupança externa, como veremos adiante no capítulo referente
ao Balanço de Pagamentos, é igual ao saldo do BP em transações correntes
com o sinal trocado. E nesse caso, a expressão X – M incorpora a renda líquida
enviada ao exterior. Assim, o correto é considerar o produto como o PNB.
Conceito de Absorção II
As Contas Nacionais
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Os registros dos valores dos agregados macroeconômicos estão dispostos em
um sistema de contas nacionais, que são padronizadas pela Organização das
Nações Unidas, a fim de que possam ser comparadas entre os diversos países.
No Brasil, a sua apuração iniciou-se em 1947 na Fundação Getúlio Vargas. A
partir de 1986 essa tarefa passou a ser encargo da Fundação IBGE.
3 – Conta de capital
3.1 – Formação bruta de capital fixo
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3.1.1– Construção
3.1.1.1– Administrações públicas
3.1.1.2 – Empresas e famílias
3.1.2 – Máquinas e equipamentos
3.1.2.1 – Administrações públicas
3.1.2.2 – Empresas e famílias
3.1.3 – Outros
3.2– Variação de estoque (1.7)
Formação bruta de capital
3.3 – Poupança bruta (2.3)
3.4 – Menos: saldo em transações correntes
com o resto do mundo (4.9)
Financiamento da formação bruta de capital
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5.8.1 –Outras receitas correntes brutas
5.8.2 –Menos: outras despesas de transferências
5.8.2.1Transferências intragovernamentais
5.8.2.2 Transferências intergovernamentais
5.8.2.3Transferências ao setor privado
5.8.2.4Transferências ao exterior
Total da receita corrente
As flutuações econômicas
Conceitos iniciais
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Como se observa, a taxa de desemprego apresenta flutuações de acordo com a
conjuntura, mas ela não se afasta muito de determinado nível, denominado de
taxa natural de desemprego, que depende de fatores estruturais da
economia. De acordo com a lei de Okun, existe uma relação inversa entre a
taxa de crescimento efetivo do PIB e a taxa de desemprego. Modernamente é a
seguinte a sua expressão: variação % do desemprego = (variação % do PIB –
3%) x – 1/2.
Um exemplo: se uma economia crescer de 6% em determinado ano, o número
de pontos percentuais de variação no desemprego será de: ( 6% - 3% ) x – ½
= - 1,5%.
A Oferta Agregada
Os princípios clássicos I
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Como vimos, a Oferta Agregada depende da dotação de recursos produtivos.
Assim, tem-se a função de produção de uma economia: Q = f ( K, L, T ),
sendo K a quantidade de bens de capital, L o trabalho e T a tecnologia.
Considerando-se o curto prazo, período de tempo em que o capital e a
tecnologia são constantes, o aumento na produção depende apenas de
incrementos no fator trabalho, conforme o gráfico a seguir:
Os princípios clássicos II
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O nível de emprego (N) é determinado no mercado de trabalho (gráfico à
direita), onde a oferta de trabalho exercida pelos trabalhadores (On), e a
demanda de mão-de-obra exercida pelas empresas (Dn) são função direta e
inversa do salário real (W/P), respectivamente. Dado o nível de emprego N1,
o nível de produção (Q) é determinado no gráfico à esquerda.
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Os princípios clássicos III
A existência da poupança não era problema para a teoria clássica, pois era
assegurado que ela era toda canalizada para financiar os investimentos
realizados pelas empresas. Mas, se a poupança é realizada pelas famílias, e os
investimentos frutos de decisão dos empresários, como conciliar os seus
valores? A resposta está na taxa de juros.
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Agregada é, portanto, uma reta vertical. Essa é a dicotomia clássica: as
variáveis nominais não afetam as variáveis reais.
Os princípios keynesianos I
Os salários nominais são rígidos a curto prazo, fato que impede o seu
ajustamento automático às variações de preço, como defendem os clássicos.
Nesse caso, dado um aumento de preço, por exemplo, dado o salário nominal
constante o salário real cai, provocando desequilíbrio no mercado, com a
demanda de trabalho superando a oferta de trabalho, o que resulta em
aumento do emprego e da produção. Raciocinando-se inversamente, uma
diminuição no preço, dado o salário nominal constante, aumenta o salário real,
tornando a oferta de trabalho maior do que a demanda de trabalho, o que
resulta em desemprego e queda na produção. Em ambas as situações, verifica-
se uma relação direta entre níveis de preço e produção.
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A chamada percepção equivocada dos empresários ocorre quando, numa
queda de preço de seus produtos, por exemplo, ocorre diminuição da produção
e do emprego devido a uma suposta queda nos preços relativos, sem a
percepção de que os insumos e demais bens de consumo também estão caindo.
Os trabalhadores também têm uma percepção equivocada quando, no caso
de diminuição nos salários nominais, diminuem a oferta de trabalho sem
perceberem que os preços em geral também caem.
A hipótese dos preços rígidos considera que muitas empresas resistem antes
de alterar seus preços, devido à expectativa pela sua fixação final e pelos
custos de transação nas mudanças de preços, os chamados “custos de menu”.
Nesse caso, as empresas que não alteram seus preços em uma recessão, por
exemplo, têm diminuição na demanda pelos seus produtos e, portanto, na
produção e no emprego.
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preços também é constante no curto prazo a curva de Oferta Agregada será
uma reta horizontal e corresponde à hipótese keynesiana extrema.
Os fatores que fazem deslocar a curva de oferta agregada, são variações nos
custos de produção, na produtividade e nas expectativas de empresários e
trabalhadores quanto aos preços futuros.
Os princípios keynesianos II
Os salários nominais são rígidos a curto prazo, fato que impede o seu
ajustamento automático às variações de preço, como defendem os clássicos.
Nesse caso, dado um aumento de preço, por exemplo, dado o salário nominal
constante o salário real cai, provocando desequilíbrio no mercado, com a
demanda de trabalho superando a oferta de trabalho, o que resulta em
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aumento do emprego e da produção. Raciocinando-se inversamente, uma
diminuição no preço, dado o salário nominal constante, aumenta o salário real,
tornando a oferta de trabalho maior do que a demanda de trabalho, o que
resulta em desemprego e queda na produção. Em ambas as situações, verifica-
se uma relação direta entre níveis de preço e produção.
A hipótese dos preços rígidos considera que muitas empresas resistem antes
de alterar seus preços, devido à expectativa pela sua fixação final e pelos
custos de transação nas mudanças de preços, os chamados “custos de menu”.
Nesse caso, as empresas que não alteram seus preços em uma recessão, por
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exemplo, têm diminuição na demanda pelos seus produtos e, portanto, na
produção e no emprego.
Os fatores que fazem deslocar a curva de oferta agregada, são variações nos
custos de produção, na produtividade e nas expectativas de empresários e
trabalhadores quanto aos preços futuros.
A Demanda Agregada
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Segundo o efeito Pigou, uma boa parte da riqueza das pessoas não se altera
ou não acompanha integralmente as variações dos preços. Um bom exemplo é
a própria moeda. Assim, uma queda nos preços aumenta o poder de compra
desse ativo, estimulado a demanda agregada, e um aumento nos preços
diminui o poder de compra da moeda, reduzindo a demanda agregada. O
efeito juro se dá quando, dada uma diminuição nos preços, por exemplo,
aumenta o poder de compra da oferta de moeda da economia, fazendo com
que essa oferta se expanda em termos reais, diminua a taxa de juros e
incentive o consumo e o investimento, ou seja, a demanda agregada. Quanto
ao efeito taxa de câmbio, uma diminuição no preço, ao reduzir a taxa de
juros, faz com que saiam capitais especulativos do país, desvalorizando a
moeda nacional, de que resulta aumento nas exportações e diminuição nas
importações, que constituem parcela da demanda agregada.
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fiscal (variação dos gastos governamentais e dos tributos), são melhor
definidas mais adiante.
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apropriadas a fim de atingir determinados objetivos. As políticas mais
comuns, a monetária (variação na quantidade de moeda da economia) e a
fiscal (variação dos gastos governamentais e dos tributos), são melhor
definidas mais adiante.
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Observemos agora o que ocorre com os seguintes dois eventos:
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Compatibilização entre as curvas de oferta agregada clássica e
keynesiana: curto e longo prazo II
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keynesiana, mas com o tempo voltam aos níveis anteriores, segundo a hipótese
clássica.
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A Determinação da Renda de Equilíbrio e os Multiplicadores da
renda
Introdução
Y=C+I+G+X–M
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A renda disponível é a parcela da renda nacional que efetivamente é canalizada
para as famílias, depois de dedução de impostos e adição das transferências, e
que é utilizada para o consumo e a poupança. Nesse primeiro modelo, sem
governo, a renda disponível é igual à renda.
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O segundo componente da demanda agregada é a demanda de
investimento, definido como o dispêndio com a aquisição de máquinas e
outros bens de capital que resultam em acréscimo de capacidade
produtiva. Considera-se inicialmente que o investimento seja todo ele
autônomo em relação à renda, isto é, que os empreendedores apliquem
determinado valor por unidade de tempo em decorrência de diversos fatores
que não a renda nacional:
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O que ocorre à economia quando a renda é maior do que o nível de equilíbrio?
Ao nível de renda igual a 1.000, por exemplo, a demanda agregada é igual a:
C + I = 100 + 0,8 X 1.000 + 30 = 900 + 30 = 930, que é insuficiente
para absorver toda a produção de 1.000. O excesso produzido, igual a 1.000 -
930 = 70, representado pela linha B no gráfico abaixo, constitui uma variação
de estoques, ou seja, investimento não planejado pelas empresas. Em
decorrência, a produção (e a renda) vão cair, até atingir o equilíbrio igual a
650.
Já vimos que quando a renda é igual a 1.000, o consumo é igual a 900, o que
significa que a poupança é igual a 100: S = -100 + 0,2 x 1.000 = 100. Como a
poupança excede o investimento planejado de 70 (100 - 30 = 70), esse valor é
justamente igual à variação de estoques (ou o investimento não planejado).
Então, tem-se:
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investimento autônomo: S = I. Pode-se, então, calcular a renda de equilíbrio
através dessa igualdade:
Nesse caso, com o investimento crescendo à medida que a renda cresce, esta
tende a atingir níveis maiores do que se o investimento fosse totalmente
autônomo. Considere-se as funções: S = - 100 + 0,2Y e I = 30 + 0,1Y. A
renda de equilíbrio corresponde à igualdade entre poupança e investimento.
Vamos, então, calculá-la: S = I; - 100 + 0,2Y = 30 + 0,1Y; 0,1Y = 130; donde
Y = 1.300.
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O efeito multiplicador
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representam uma injeção de demanda, como são os investimentos. A
demanda agregada é igual a: DA = C + I + G.
Substituindo, temos: Y = (100 - 0,8 x 120 + 150 + 200) x (1/ 1 - 0,8) = 354 x
(1/ 0,2) = 1.770. Dada qualquer variação na demanda agregada, a
correspondente variação na renda é calculada pela expressão: ΔY = (ΔCa -
cΔTa + ΔIa + ΔGa) x (1/ 1 – c)
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Receitas e despesas do governo e segundo modelo fiscal
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Y = C + I + G; Y = Ca + c(Y - Ta - tY + Ra) + Ia + Ga; Y = Ca + cY - cTa +
ctY + cRa + Ia + Ga; Y - cY + ctY = Ca - cTa + cRa + Ia + Ga; Y (1 - c + ct) =
Ca - cTa + cRa + Ia + Ga; donde Y = (Ca - cTa + cRa + Ia + Ga) x 1/(1 - c
+ ct).
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sendo Ma o componente autônomo das importações e mY o componente
induzido; m é a propensão marginal a importar, que é igual a ΔM/ΔY, isto é,
é a relação entre as variações na renda e nas importações.
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da economia. No caso de desemprego e diminuição das atividades econômicas,
a insuficiência da demanda agregada deve ser corrigida pela elevação
dos gastos governamentais. A redução de impostos também provoca esse
efeito. Ao contrário, no caso de intensificação das atividades econômicas, os
aumentos de preços podem ser combatidos por diminuição dos gastos e redução
dos impostos.
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A partir das funções estudadas, pode-se fazer uma série de inter-relações
entre os agregados macroeconômicos. Por exemplo:
Interrelações curiosas:
Um aumento dos gastos do Governo resulta em aumento dos tributos, mas não
necessariamente o contrário.
ΔG > ΔY > ΔT
Conceitos de moeda
O uso da moeda, atualmente, é tão comum que quase não percebemos a sua
enorme utilidade. Pois é através dela que se realizam as transações
econômicas, sejam as que envolvem produtos, sejam as que se referem a
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simples transmissão de propriedade de ativos. As pessoas normalmente se
especializam em produzir determinado bem ou serviço. Enquanto isso,
necessitam e têm desejo de consumir centenas de produtos, produzidos por
outras pessoas. Numa economia de troca, ou escambo, cada pessoa tem de
procurar alguém que necessite ou deseje o que produzimos, ao mesmo tempo
em que produza aquilo de que necessitamos. A solução seria a troca direta.
Vejamos: José tem o produto A e deseja o produto B de João; João tem o
produto B e deseja o produto A de José. A troca é possível. José tem o
produto A e deseja o produto B de João; João tem o produto B, mas deseja o
produto C, de Carlos; Carlos tem o produto C, mas deseja o produto A de José.
A satisfação de todos somente é possível através da triangulação das trocas.
n(n - 1)
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Por exemplo, no caso de 10 produtos, teríamos: (10 x 9) / 2 = 45 relações.
Reserva de valor: a moeda pode ser retida em poder de seu possuidor após a
venda de seu trabalho, constituindo uma reserva ou um crédito em relação à
sociedade. Por isso é considerada uma forma de riqueza. Essa característica
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da moeda obriga, no entanto, que os seus possuidores resguardem-se de riscos
relativos a essa retenção. Os depósitos no sistema bancário são proteção
contra perdas e assaltos. É preciso também evitar-se a desvalorização da
moeda em relação a seu poder de compra, o que ocorre em virtude da
inflação. Nesse caso, os detentores de moeda procuram a sua aplicação em
títulos que rendem juros ou ativos que podem valorizar-se.
As primeiras moedas foram mercadorias que, pelo seu valor intrínseco, eram
aceitas em troca do que se desejava oferecer. Mercadorias são aceitas como
moeda por terem aceitação geral, pela sua escassez relativa e capacidade de
satisfazer necessidades.Exemplos clássicos são o gado, o sal, escravos,
conchas, seda, fumo, chás etc. Os seus inconvenientes são o desgaste natural,
a não homogeneidade, o difícil manuseio ou transporte.
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pelo metal superava os estoques existentes, Isso levou o Estado a tentar
regulamentar as emissões. Hoje, os sistemas monetários são, em sua quase
totalidade, fiduciários, sob as seguintes características: inexistência de lastro
metálico, inconversibilidade absoluta e monopólio estatal das emissões.
A forma mais moderna de moeda, e que representa a maior parcela dos meios
de pagamento, praticamente em todos os países, é a chamada moeda
bancária. Essa forma de moeda é criada pelos bancos comerciais e
corresponde ao total dos depósitos à vista desses estabelecimentos de crédito.
Sua movimentação é feita por cheques ou em saques eletrônicos. Ela também é
denominada moeda invisível, pelo fato de não ter existência física, e é escri-
tural, por corresponder a lançamentos a débito e a crédito, registrados na
conta corrente dos bancos.
O Sistema Financeiro I
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O Sistema Financeiro II
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– ser depositário das receitas tributárias federais;
– exercer a fiscalização das instituições financeiras e aplicar as penalidades
previstas;
– conceder autorização para o funcionamento das instituições financeiras.
De acordo com essas atribuições, o Banco Central é considerado:
– banco dos bancos, pelo fato de receber depósitos compulsórios e
voluntários das instituições financeiras e lhes fornecer empréstimos;
– banco emissor de papel-moeda, pelo fato de deter o monopólio de
emissão de papel-moeda e moeda metálica;
– banqueiro do governo, por financiar o Tesouro Nacional mediante a
colocação de títulos públicos e ser seu depositário de recursos.
Os Agregados Monetários
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Vamos apresentar as contas dos bancos comerciais e do Banco Central, para
compreendermos o processo de criação e destruição de moeda.
Imobilizado
Outras aplicações
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e) Balancete Consolidado Sintético do Sistema Monetário
Ativo Passivo
Aplicações dos Bancos Comerciais Meios de Pagamento
– Empréstimos ao setor privado – Papel-moeda em poder do público
– Títulos públicos e privados – Depósitos à vista nos Bancos Comerciais
Aplicações do Banco Central Recursos Não-monetários
– Reservas internacionais – Depósitos a prazo
– Empréstimos ao Tesouro Nacional – Depósitos do Tesouro Nacional
– Títulos públicos federais – Títulos do Banco Central (LBC, BBC)
– Saldo líquido das demais contas
A conta d permite mostrar que um aumento da Base Monetária pode ter como
contrapartida, pelo Banco Central, um aumento das reservas internacionais,
dos empréstimos ao Tesouro, de aplicações em títulos federais, ou uma
diminuição nos depósitos do Tesouro e no passivo em títulos próprios. A conta
e permite mostrar que um aumento dos Meios de Pagamento pode ter como
contrapartida, ou um aumento das aplicações dos bancos comerciais (como
empréstimos e aquisição de títulos) ou uma diminuição dos recursos não-
monetários dos bancos comerciais (como depósitos a prazo).
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Destruição de meios de pagamento: o público entrega ativos monetários ao
setor bancário e, em contrapartida, recebe ativos não monetários.
Exemplos de criação de meios Exemplos de destruição de meios
de pagamento: de pagamento:
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Ativo Passivo
Banco A
Ativo Passivo
Encaixes = 200 Depósitos à vista = 1.000
A firma B, de vassouras, deposita $ 800 no Banco B, que por sua vez empresta
$ 640 para a firma C ( um escritório de advocacia):
Banco B
Ativo Passivo
Banco C
Ativo Passivo
– compulsórios = 128
Banco C
Ativo Passivo
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Empréstimos (firma E) = 512
D = depósito inicial x (1 / R)
Vamos ver agora que uma elevação na Base Monetária (B) conduz a uma
expansão dos meios de pagamentos (M), a partir de certas equações de
identidade e de relações de comportamento. A Base Monetária (B) e os meios
de Pagamento (M) são interligados através de uma relação, que é denominada
de multiplicador monetário (m). Assim, tem-se:
M = B x m ou m = M / B
Relações de comportamento:
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r2 = Reservas Bancárias / Depósitos à vista nos bancos comerciais
A expressão acima permite que se evidencie que uma expansão nos meios
de pagamento da economia pode originar-se de três maneiras básicas:
– de um aumento das operações ativas do Banco Central (aumento da base
monetária);
– de uma redução da relação encaixes/depósitos (redução em R);
– de um aumento da proporção de depósitos à vista sobre o total dos meios de
pagamento (aumento em d).
Em outubro de 2004, tivemos (em R$ milhões) BM igual a 73.198 e M1 igual a
R$ 109.467, o que significa um multiplicador monetário de 1,50.
66
depósitos compulsórios aumenta a magnitude de R, o que reduz o
multiplicador monetário e expande os meios de pagamento, enquanto uma
diminuição nesses depósitos resulta em efeito contrário. Esse instrumento é útil
como medida anticíclica, atuando para diminuir ou expandir a atividade
econômica, em momentos de inflação ou desemprego.
Aumento da taxa de Redução dos meios de
depósitos compulsórios > pagamento
67
determinado valor, enquanto há uma promessa de resgate num prazo
determinado a um certo valor nominal. Os compradores adquirem o título com
um desconto, que traz embutida a taxa de juros.
Por exemplo, se um aplicador de poupança adquire um lote de 1.000 BBC por
R$ 6.481,50, com um prazo de um ano e com o valor nominal de R$ 7.000, o
juro propiciado pela compra é de 8% ao ano. Se o Banco Central entra no
mercado comprando esses títulos e fazendo o seu preço aumentar, por exemplo
para R$ 6.666,67, a taxa de juros vai diminuir para 5% ao ano. Isso revela que
o preço dos títulos e a taxa de juros variam em direção oposta: um aumento no
preço dos títulos é o mesmo que uma queda na taxa de juros, e uma
diminuição no preço dos títulos é o mesmo que um aumento na taxa de juros.
Introdução
68
A curva IS é traçada no gráfico à direita, mostrando que a taxa de juros e a
renda possuem relação inversa no mercado de bens. Parte-se do gráfico à
esquerda, onde a “cruz keynesiana” determina um nível inicial de equilíbrio
em Y1, quando a demanda agregada é DA1 e supõe-se uma taxa de juros igual
a i1. Se a taxa de juros diminuir para i2, o investimento planejado aumenta e a
demanda agregada sobe para DA2, determinando uma renda de equilíbrio igual
a Y2. A curva IS reúne todos os pontos de equilíbrio do mercado de bens,
determinando para cada nível de renda a taxa de juros correspondente.
69
Álgebra simples da curva IS: Y = C + I + G; C = a + b ( Y – T ); I =
c – di ; G = Ga, sendo a o consumo autônomo, b a propensão marginal a
consumir, c o investimento autônomo, d a relação entre o investimento e a
taxa de juros, e Ga o consumo do governo.
Y = a + b ( Y – T ) + c – di + Ga; Y – bY = a – bT + c – di + Ga; Y ( 1 –
b) = a – bT + c – di + Ga; Y = ( a + c ) / ( 1 – b ) - {b / ( 1 – b) } T + Ga
/ ( 1 – b ) - {d / ( 1 – b )} i .
70
diretamente com o nível de renda, isto é, quanto maior (menor) a renda,
maior (menor) a procura de moeda para transação e por precaução.
71
O que acontece no caso de uma variação na renda? Suponhamos um
aumento da renda, cujo efeito é um incremento da demanda por moeda
(pelos motivos transação e precaução). Se a oferta de moeda permanecer
constante, a pressão por mais dinheiro fará as pessoas recorrerem a venda de
títulos, saque de seus depósitos nos bancos e conseqüente aumento da taxa
de juros.
Vimos que, dada uma variação no nível da renda, a taxa de juros varia na
mesma direção, deslocando-se um ponto sobre a curva LM. Que fatores
fazem a curva deslocar-se? 1. Uma alteração na oferta de moeda: à
mesma taxa de juros, um aumento em M faz a LM deslocar-se para a direita, e
uma diminuição em M faz a LM deslocar-se para a esquerda. 2. Uma variação
na demanda de moeda: ao mesmo nível de renda, um aumento da demanda
desloca a LM para a esquerda, e uma diminuição na demanda desloca a LM
para a direita.
72
Álgebra simples da curva LM: demanda de moeda L = f ( Y, i ); oferta de
moeda M; no equilíbrio, L = M; L = eY – fi, sendo e e f coeficientes que
relacionam a demanda de moeda com a renda e o juro; no equilíbrio, M = ey –
fi; donde i = ( e / f ) - ( 1 / f ) ( M ).
Interpretação: a taxa de juros tem relação direta com o coeficiente e, e
relações inversas com o coeficiente f e a oferta de moeda M.
Vimos que, dada uma variação no nível da renda, a taxa de juros varia na
mesma direção, deslocando-se um ponto sobre a curva LM. Que fatores
fazem a curva deslocar-se? 1. Uma alteração na oferta de moeda: à
mesma taxa de juros, um aumento em M faz a LM deslocar-se para a direita, e
uma diminuição em M faz a LM deslocar-se para a esquerda. 2. Uma variação
na demanda de moeda: ao mesmo nível de renda, um aumento da demanda
desloca a LM para a esquerda, e uma diminuição na demanda desloca a LM
para a direita.
73
O que determina a maior ou menor inclinação da curva LM?
As três áreas da curva LM: uma análise mais rigorosa divide a curva LM em três
partes distintas, conforme o gráfico a seguir:
74
na década de 30. A área vertical, ou clássica, está conforme os princípios da
teoria clássica. Ambas essas áreas são casos especiais, estudados como
curiosidades teóricas. Enquanto isso, a área intermediária é considerada
normal. Cada uma dessas partes da curva são importantes, na medida em que,
conforme onde se situar a economia, a aplicação das políticas fiscal e monetária
de estabilização resultam em efeitos distintos sobre o produto e a taxa de
juros.
O equilíbrio geral
75
Os instrumentos mais comuns, e por isso denominados ortodoxos, são as
políticas monetária e fiscal. Elas são utilizadas para o controle da demanda
agregada, que na visão keynesiana é a variável estratégica que determina o
nível de produção da economia no curto prazo. A política monetária utiliza a
quantidade de moeda e a taxa de juros, e a política fiscal atua através das
despesas e receitas do Governo para essa finalidade.
A política monetária
76
A explicação keynesiana para a ineficácia da política monetária está no fato de
que, em um ambiente de recessão, a taxa de juros é tão baixa que as pessoas
já retém bastante moeda e a taxa não pode baixar mais, por mais moeda que
seja despejada na economia, o que impede que os investimentos e o consumo
sejam incrementados. Essa situação é conhecida como “armadilha da liquidez”.
A política fiscal I
77
De acordo com o modelo IS-LM, uma política fiscal expansionista (com
objetivo de diminuir o desemprego) tem os efeitos de aumentar a renda e
também aumentar a taxa de juros, enquanto que uma política fiscal
contracionista (com objetivo de diminuir os níveis de preços ou a inflação)
tem os efeitos de diminuir a renda e também diminuir a taxa de juros.
A política fiscal II
78
juro suficiente para diminuir os investimentos, de modo a anular todo o efeito
inicial do aumento das despesas. É o “crowding-out” completo.
79
Teoria de inflação
Teoria da inflação
80
econômica, costumam sofrer deterioração no intervalo entre a data de
apuração de seu valor e a do respectivo pagamento.
A Inflação de demanda I
81
O que provoca a inflação de demanda? As respostas podem ser encontradas
tanto no lado real como no lado monetário da economia.
↑ → ↑ →
M x V = P x Q
82
A Inflação de demanda II
Existem certos efeitos que ocorrem em uma economia e que tendem por si sós
a reduzir a demanda agregada, podendo por isso diminuir e até eliminar um
processo inflacionário:
83
A Inflação de custos I
84
- Inflação de matérias primas: aumentos de preços de insumos motivados
por queda na oferta ou por ação de produtores oligopolistas.
A Inflação de custos II
85
Na década dos anos 50, na América Latina, tornou-se popular a versão
estruturalista da inflação, desenvolvida por economistas ligados à Comissão
Econômica para a América Latina e Caribe – CEPAL, órgão ligado à
Organização das Nações Unidas (ONU). Eis os seus principais tópicos:
86
A correção monetária, inicialmente permitida para aplicação nos balanços das
empresas, visando evitar pagamentos de impostos sobre lucros puramente
inflacionários, posteriormente generalizou-se para corrigir:
87
aumentos de preços. Essa incapacidade tem origem na estrutura de
propriedade (os latifúndios improdutivos) e no atraso tecnológico.
88
inflação no ano de 1980, no Brasil, tenha sido de 110%, subindo para 235%
em 1985, 1795% em 1990 e para 2.708% em 1993.
No caso de uma inflação de custos, uma política restritiva pode causar uma
taxa de desemprego socialmente inaceitável. Por isso, estuda-se qual o nível
de desemprego aceitável, a fim de compensar determinada inflação
originada dos custos.
89
- Um certo nível de desemprego pode ser instrumento para se diminuir uma
inflação originada nos salários.
90
contidos no símbolo Ε, são resultantes de aumentos de custos, como os
aumentos do preço do petróleo ou uma desvalorização da taxa de câmbio, que
encarece as importações. Certamente que um choque de oferta favorável
(como uma boa safra de grãos), tende a diminuir a inflação.
91
A relação entre variações de salário e desemprego: a curva de
Phillips II
92
Un e πe o desemprego e a taxa de inflação naturais. Se a taxa de inflação
efetiva supera a inflação esperada, o desemprego torna-se menor do que o
desemprego natural, e vice-versa. No longo prazo, a taxa de inflação efetiva
tende a igualar a taxa esperada, de que resulta igualdade entre as taxas de
desemprego efetivo e natural.
O objetivo, no caso brasileiro, era mais voltado para atacar o crônico problema
das altas taxas inflacionárias que assolavam o País há décadas. Os principais
planos econômicos aplicados, suas principais medidas e alguns efeitos
importantes, foram:
93
- Programa de Ação Estratégica do Governo – PAEG (1964) : combate
ao déficit público, contenção dos salários, reforma no sistema financeiro,
modernização da economia.
Eis um resumo das principais medidas advindas com o Plano Real, de 1994:
94
As políticas de estabilização e a experiência brasileira recente de
combate à inflação
95
calculado pela Fundação IBGE e que abrange as famílias que recebem até 40
salários mínimos em 11 regiões metropolitanas. Durante o ano, diversos
fatores ocorrem para perturbar a intenção de se atingir a meta, como a
variação da taxa de câmbio, os preços internacionais das matérias primas,
como o petróleo, o déficit fiscal e outros choques de oferta, como a crise de
energia elétrica. O não cumprimento da meta obriga o presidente do Banco
Central a divulgar publicamente as razões do descumprimento e as
providências para assegurar o retorno da inflação aos limites estabelecidos. No
caso de o índice afastar-se da meta, o Banco Central geralmente utiliza a taxa
de juros para alterar as expectativas dos agentes econômicos e redirecionar os
preços para a direção desejada.
* estimativa
Nota: é considerado o IGP-DI, da Fundação Getúlio Vargas, até 1984, e IPCA-IBGE
a partir de 1985.
Economia aberta
Taxa de Câmbio
96
pagamento pela mercadoria, sejam convertidos em reais conforme a taxa de
câmbio vigente.
97
Uma taxa de câmbio menor, como t3, por outro lado, provoca outro
desequilíbrio, com a quantidade demandada maior do que a quantidade
ofertada. Num mercado livre, onde a taxa de câmbio pode fluir livremente,
esses desequilíbrios são momentâneos, ativando movimentos que levam ao
equilíbrio. No caso de t2, por exemplo, o excesso de oferta provoca
concorrência entre os ofertadores, que são obrigados a diminuir a taxa de
câmbio até t1 para se adequarem à demanda menor.
98
A taxa de câmbio e a elasticidade da oferta e da demanda de divisas
99
aumento na taxa é maior se o aumento na demanda de divisas encontrar maior
dificuldade da oferta em alimentar essa demanda.
100
São motivos pelos quais o governo prefere manter fixa a taxa de câmbio:
101
São motivos pelos quais o governo prefere manter fixa a taxa de câmbio:
Considere-se que a taxa de câmbio nominal no Brasil seja de 1,50 reais por
dólar e que uma determinada cesta de bens custe 50 reais no Brasil e 25
dólares nos Estados Unidos. Nesse caso, a taxa de câmbio real seria: E = 1,50
x 25 / 50 = 0,75. Esse resultado, menor do que 1, indica que o produto
estrangeiro é mais barato do que o nacional, pois 25 dólares a 1,50 reais o
dólar são 37,50 reais, que é menor do que 50 reais, o que provoca desequilíbrio
no comércio internacional, estimulando importações e desestimulando as
exportações brasileiras. A moeda nacional está, portanto, supervalorizada e o
equilíbrio dar-se-ia a uma taxa de câmbio nominal igual a 2 reais.
102
Exercício: num certo mês a taxa de câmbio nominal variou de R$ 1,50 para
1,65, o índice de preços interno subiu 15 % e o índice de preços externo subiu
1%. Calcular as variações nominal e real da taxa de câmbio.
103
Em 1968, a nova política econômica aplicada ao setor externo, ao invés de
conter as importações, procurou estimular as exportações. Para evitar as
distorções da inflação, que desestimula as exportações e estimula as
importações, foi instituído sistema de minidesvalorizações da taxa de
câmbio, atualizando-a a intervalos freqüentes. A correção monetária aplicada à
taxa de câmbio era igual a: ( Índice de preços internos ) / ( Índice de
preços externos ), conforme a teoria da paridade do poder de compra.
104
“bandas cambiais” e constituindo a chamada “flutuação suja” (“dirty floating”)
do câmbio, beneficiado pela existência de apreciável volume de reservas
internacionais.
- Em vez de ajustada uma vez por ano, como ocorria desde 1996, a banda
mudaria a cada 3 dias úteis.
A forte demanda por dólares eleva a sua cotação até o teto da banda cambial, e
o Governo permitiu a livre flutuação da taxa de câmbio.
105
A partir do início do regime de liberdade cambial, a taxa de câmbio tem subido
de uma forma mais ou menos acelerada, embora com alguns recuos ocasionais.
Em meados de 2002 a taxa chegou a 4 reais devido à iminência da eleição de
Lula para a presidência. O efeito positivo de tal situação é o maior estímulo às
exportações e ingresso de capitais estrangeiros. Do lado das importações, o seu
encarecimento resulta em maior estímulo à produção interna de bens similares.
Os produtos com baixo poder de substituição na produção, como o trigo, o
petróleo e máquinas e equipamentos, provocam impulsos de custos que podem
contaminar as taxas inflacionárias. Mas essas não receberam todo o impacto da
elevação cambial em razão da não aceitação de preços maiores, por parte do
setor varejista e do próprio consumidor. O Banco Central, para evitar maiores
pressões sobre a demanda de dólares, procurou evitar elevações exageradas no
câmbio, emitindo títulos públicos com correção cambial. Em 2003 a política
econômica seguida pelo novo governo foi considerada confiável pelo mercado, o
que ocasionou queda sensível nas cotações. A entrada de capitais estrangeiros
foi outro fator que ajudou a frear a taxa de câmbio.
O Balanço de Pagamentos
Conceito e estrutura
106
Ouro monetário
c) Transferências Unilaterais Empréstimos do FMI
Direitos Especiais de Saque
(a + b + c) = saldo do balanço Outros
de pagamentos em transações
correntes
Os registros contábeis
107
internacionais do país ou para a realização de investimentos no exterior; se
deficitário, significa que as aquisições de mercadorias e de serviços superam
as vendas, resultado que torna a Oferta global superior à produção interna, o
que permite níveis de consumo e de investimento internos superiores às
possibilidades de produção. Esse saldo corresponde à poupança externa do
país (com o sinal trocado).
108
lucros, por diversas empresas, no valor de 5 e recebidos dividendos no valor de
2;
saldo = + 30 Amortizações = – 40
saldo = + 45
b) Balança de Serviços
Viagens internacionais = - 5 a + b + c + d (saldo global do BP) =
Juros = – 55 – 95 + 45 = – 50
Lucros = – 25 – 5 = – 30
Fretes = - 30
Seguros = -15
saldo = - 135
109
Já se viu que o déficit em transações correntes representa uma poupança
externa, que é útil principalmente para os países em desenvolvimento. A
contrapartida desse déficit é, no entanto, perda de reservas e/ou endivida-
mento externo. Se o país quiser eliminar ou reduzir esse desequilíbrio, deve
buscar ampliar a receita de exportações de mercadorias e serviços, e reduzir o
dispêndio com importações.
110
Fonte: Banco Central do Brasil
O FMI funciona como uma espécie de avalista para um país receber recursos
financeiros internacionais. No caso de problema com as contas de um país, o
FMI envia uma missão técnica para examinar os números da economia, após o
que são dadas sugestões de política econômica para a volta da normalidade e
da atratividade a financiamentos e investimentos estrangeiros.
- renda líquida recebida do exterior: renda recebida – renda enviada, mais saldo das transferências
unilaterais;
- Dívida Externa Líquida = saldo dos empréstimos contraídos e concedidos ao exterior + saldo das
obrigações de curto prazo no exterior – reservas internacionais;
111
- Passivo Externo Líquido = saldo dos empréstimos contraídos e concedidos ao exterior + estoque dos
capitais estrangeiros de risco investidos no país – estoque dos capitais nacionais de risco investidos no
exterior + saldo das obrigações de curto prazo – reservas internacionais.
O modelo Mundell-Fleming I
Hipóteses do modelo:
112
Conseqüência final: a renda nominal não se altera e a taxa de câmbio
se eleva.
Explicação:
– Uma política fiscal expansionista pode ser executada através de aumento
dos gastos governamentais ou redução dos tributos, deslocando a
curva IS para a direita, de IS1 para IS2 no gráfico I.
– O aumento da renda nominal provoca aumento da demanda de
moeda por parte da sociedade, para a realização de transações, que,
dada a oferta de moeda constante, resulta em aumento da taxa de juro.
– O aumento da taxa de juro atrai capitais externos, aumentando a oferta
de divisas (de O1 para O2) , reduzindo a taxa de câmbio, conforme o
gráfico II.
– A redução na taxa de câmbio vai resultar em diminuição nas
exportações e crescimento das importações, trazendo a renda
nominal de volta ao nível inicial. Observe que no gráfico I a taxa de
câmbio aumenta, pois nesse gráfico o raciocínio é feito com a definição
americana, conforme já advertido anteriormente.
Explicação:
– Aumenta a oferta de moeda, deslocando a curva LM para a direita, de
LM1 para LM2 (gráfico I), o que diminui a taxa de juro.
– A queda no juro provoca saída de capitais, aumentando a demanda de
divisas (no gráfico II, a curva de demanda se desloca de D1 para D2) e
aumenta a taxa de câmbio.
113
– O aumento da taxa de câmbio aumenta as exportações e diminui as
importações, aumentando a renda interna.
O modelo Mundell-Fleming I
Explicação:
– Uma política fiscal expansionista pode ser feita através de aumento dos
gastos governamentais ou redução dos tributos, deslocando a
curva IS para a direita, de IS1 para IS2 no gráfico I.
– O aumento da renda nominal ( de Y1 a Y2) provoca aumento da
demanda de moeda por parte da sociedade, para a realização de
transações, que, dada a oferta de moeda constante, resulta em aumento
da taxa de juro.
– O aumento da taxa de juro atrai capitais externos, aumentando a oferta
de divisas (de O1 para O2), criando pressão para a redução da taxa de
câmbio.
– Para manter a taxa de câmbio fixa, em t1, a autoridade monetária
compra as divisas que ingressam no país (a demanda se desloca de
D1 a D2 no gráfico II), e o comércio exterior não se altera.
– A aquisição de divisas provoca aumento da quantidade de moeda na
economia (a curva LM se desloca para a direita, em LM2), satisfazendo a
demanda de moeda para transações.
A aplicação de uma política fiscal contracionista teria efeito contrário,
isto é, a renda nominal se reduziria, mantendo-se fixa a taxa de câmbio.
114
Conseqüência final: a taxa de câmbio e a renda nominal não se alteram.
Explicação:
– Aumenta a oferta de moeda, deslocando a curva LM para a direita, de
LM1 para LM2 (gráfico I), o que diminui a taxa de juro.
– A queda no juro provoca saída de capitais, aumentando a demanda de
divisas (no gráfico II, a curva de demanda se desloca de D1 para D2) e
criando pressão para o aumento da taxa de câmbio.
– Para manter a taxa de câmbio fixa, a autoridade monetária oferece
divisas (a oferta de divisas se desloca para O2) e a taxa permanece em
t1.
– A maior demanda de divisas, para a saída de capitais, resulta em
diminuição da quantidade de moeda da economia, pois os
demandantes têm de oferecer reais para a sua conversão.
– A diminuição de reais é ilustrada pela volta da curva LM, no gráfico I,
ao seu ponto inicial.
115