You are on page 1of 6

LITERATURA

ARCADISMO OU NEOCLASSICISMO
1. INTRODUÇÃO Classicismo e pelo barroco. O romantismo represen-
tará uma inovação em todos os sentidos.
O nome Arcadismo designa, especialmente, o
novo estilo de época na literatura e provém da pala- 2. CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS DA
vra Arcádia, região lendária da Grécia, habitada por PRODUÇÃO ARTÍSTICA
pastores e protegida pelo deus Pan. Vivia-se ali em
perfeita integração com a natureza. A Arcádia simbo- A literatura produzida no Brasil revela caracte-
lizava, portanto, “o paraíso”. O Arcadismo é também rísticas neoclássicas do Arcadismo português, embo-
chamado Neoclassicismo, porque é uma volta à Anti- ra já se note preocupação por parte dos brasileiros em
güidade clássica greco-romana, propondo-se a explo- afastar-se dos modelos portugueses e uma busca de
rar a estética desta época e também a do expressão nacional.
Renascimento, no século XVI. 1. Racionalismo - ênfase à razão, ao conhecimento
O ano de 1768 é considerado a data inicial do e à ciência. A beleza e o racional caminham lado a
Arcadismo no Brasil, com dois fatos marcantes: a lado.
fundação da Arcádia Ultramarina, em Vila Rica; a 2. Objetividade - o equilíbrio e o aspecto intelectual
publicação de “Obras”, de Cláudio Manuel da Costa. sobrepõem-se à emoção e ao sentimento.
Nesse período, houve diversas revoltas no Bra- 3. Cientificismo - negação da excessiva religiosida-
sil, como a Conjuração Mineira e a Conjuração Baia- de e misticismo e preocupação com verdades uni-
na, todas inspiradas nos ideais da Revolução versais.
Francesa. Essas informações chegavam ao país atra- 4. Convencionalismo ou imitação dos clássicos - a
vés de livros importados, adquiridos por estudantes, obediência a regras e convenções clássicas como
em geral, filhos de mineradores afetados pela política sinônimo de “imitação”, não de “cópia” pura e
tributária da metrópole, cada vez mais preocupada simples. Aspectos imitados: forma (busca da per-
em manter o país dependente e continuar a explora- feição formal; obediência aos gêneros literários) e
ção predatória. Além disso, a declaração de indepen- conteúdo (temática preferencial: amor, vida e
dência dos Estados Unidos, em 4 de julho de 1776, morte, vida campestre, poesia didática ou doutri-
incentivou movimentos separatistas como o de Minas nária; recorrência à mitologia pagã).
Gerais. 5. Bucolismo - a paisagem rural é retratada de forma
Teremos no Arcadismo lançadas as sementes idealizada: a natureza é símbolo do que é belo,
do nacionalismo, uma das características da próxima puro e perfeito e, portanto, do que deve ser “imi-
estética literária, pois a realidade brasileira já começa tado”. O mito do “bom selvagem”, de Rousseau,
a aparecer nas obras do momento. acarreta a valorização do homem simples do cam-
A doutrina iluminista guiará o pensamento no po.
século XVIII. Segundo Locke, cuja filosofia influen- 6. Pastoralismo ou tendência democratizante - o
ciou sobremaneira os iluministas, a alma existia de eu lírico transforma-se, via de regra, na figura de
forma autônoma, sendo o mundo do conhecimento um pastor, dotado inclusive de um pseudônimo.
humano uma esfera independente. Dessa maneira, se- Como exemplo, pode-se citar Tomás Antônio
ria fácil conciliar razão e fé, já que representariam Gonzaga com os pseudônimos Dirceu, na poesia
campos diferentes. Deus seria, então, a Suprema Inte- lírica, e Critilo, na poesia satírica (Cartas Chile-
ligência, dando-se a conhecer através da natureza, cu- nas).
jas leis regeriam tudo o que existe (teoria 7. Idealização da mulher e do amor - a figura fe-
mecanicista, baseada na filosofia de Descartes), sem minina aparece idealizada aos moldes camonianos
necessidade de orações e outras cerimônias religio- e o amor é quase sempre não-passional - é fonte
sas. Daí, a tentativa de imitação da natureza pelos de prazer e serenidade.
poetas árcades. 8. Simplicidade - períodos curtos, clareza, simplici-
A palavra de ordem era a razão, a ser utilizada dade vocabular, livre estrofação “verso branco”
no sentido de construir um mundo melhor, onde a fe- (sem rima) e preferência pela comparação em lu-
licidade seria absolutamente possível para todos. Daí, gar de metáforas.
também, o nome Neoclassicismo dado ao Arcadis- 9. Artificialismo ou fingimento poético - observa-
mo, já que haverá um predomínio do racionalismo, se com facilidade no Arcadismo brasileiro, que
acompanhado de culto aos deuses pagãos. incorpora elementos genuinamente europeus: i-
É importante notar que o Arcadismo fecha essa lhas, pastores, neve etc.
fase chamada Renascimento, composta também pelo 10. Tendência introspectiva e morte por amor -
traços pré-românticos.
Editora Exato 20
Expressões latinas relacionadas ao 4. TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA (DIRCEU)
Arcadismo Nascido no Porto, Portugal, em 1744, Gonzaga
 “Inutilia truncat” - acabe-se com as inuti- era filho de pai brasileiro e mãe portuguesa. Passou
lidades (oposição ao rebuscamento, à com- parte da infância no Brasil e formou-se em Direito
plexidade, à ornamentação excessiva do por Coimbra. Após sua graduação, escreve uma tese
Barroco). dentro dos princípios iluministas e a dedica ao Mar-
 “Fugere Urbem” - fugir para o campo (fu- quês de Pombal: Tratado de Direito Natural - consta
gir da cidade) através da poesia. que com a intenção de concorrer a uma cátedra na
 “Locus amoenus” - o campo como lugar Universidade de Coimbra. Aos 38 anos, vem defini-
tranqüilo, com paisagens amenas. tivamente para o Brasil, instalando-se em Vila Rica
 “Aurea mediocritas” - mediocridade áurea como ouvidor e juiz. Quando da inconfidência Minei-
- existência tranqüila, sem excessos. ra, estava prestes a casar com a jovem Maria Doro-
 “Carpe diem” - viver o presente, o mo- téia Joaquina de Seixas, a Marília; preso, é
mento, o dia. condenado ao degredo em Moçambique. Lá, casa-se
3. CLÁUDIO MANUEL DA COSTA
com Juliana de Sousa Mascarenhas; morre em 1810.
Sua principal obra são as liras de Marília de
Cláudio Manuel da Costa nasceu nas proximi- Dirceu, inspiradas em seu romance com Maria Doro-
dades de Mariana, Minas Gerais, em 1729. Após seus téia. Esta obra apresenta-se dividida em duas partes
primeiros estudos com os jesuítas no Brasil, vai para distintas (alguns estudiosos de sua produção chegam
Coimbra estudar Direito. Formado, vive um tempo a reconhecer uma terceira parte): a primeira discorre
em Lisboa, onde respira o clima das primeiras mani- sobre a iniciação amorosa, o namoro, a felicidade do
festações árcades. Em 1768, já de volta a Vila Rica, amante, os sonhos de uma família, a defesa da tradi-
lança seu livro de poesias, “Obras”, e funda a “Arcá- ção e da propriedade, sempre numa postura patriar-
dia Ultramarina” (observe-se que o nome faz menção cal; a segunda, escrita durante os sofrimentos
a uma arcádia portuguesa, só que além-mar). Tendo provocados pela cadeia, mostra-nos uma série de re-
participado da Inconfidência Mineira, é preso e en- flexões que abordam desde a justiça dos homens até
contrado enforcado na cadeia, em 1789. os caminhos do destino e a eterna consolação no a-
Sua obra anterior a 1768 compõe-se de algu- mor que sente por Marília.
mas poesias no estilo gongórico, escritas sob a influ- Entretanto, é interessante atentar para alguns
ência jesuítica. Desde aquela data procurou trabalhar aspectos da obra: “Marília de Dirceu”:
sempre de acordo com o pensamento árcade, desta-  Marília é quase sempre um vocativo; embo-
cando-se por seus sonetos, perfeitos na forma e na ra tenha a estrutura de um diálogo, a obra é
linguagem, mas sem profundidade em relação ao um monólogo - só Gonzaga fala, raciocina;
conteúdo. Seus temas giram em torno das reflexões Marília é apenas um pretexto, pois o centro
morais, das contradições da vida, tão ao gosto dos do poema é o próprio Gonzaga.
poetas quinhentistas, percebendo-se inclusive uma  Como bem lembra o crítico Antônio Soares
marcante influência camoniana em seus sonetos. Cul- Amora, o melhor título para a obra seria
tivou a poesia bucólica, pastoril, na qual menciona a “Dirceu de Marília, mas o patriarcalismo de
natureza como refúgio: Gonzaga jamais lhe permitiria colocar-se
“Sou pastor; não te nego; os meus montados como a coisa possuída;
São esses, que aí vês, contente  Marília, a pastorinha, aparece na obra ora
Ao trazer entre a relva florescente loira, ora morena, obedecendo às sugestões
A doce companhia dos meus gados” da inspiração do poeta.
 Na obra, é patente a oposição entre o pobre
Ou ainda o sofrimento amoroso, as musas: pastor Dirceu - que cuida de ovelhinhas
“Parece que estes prados, e estas fontes brancas e vive numa choça no alto do mon-
Já sabem, que é o assunto da porfia te - e o burguês Dr. Tomás Antônio Gonza-
Nise, a melhor pastora destes montes”. ga, juiz que lê altos volumes, instalado em
espaçosa mesa. (Esta é uma das contradi-
Deixou-nos também o poema épico Vila Rica, ções em que o poeta cai ao compor a lira).
no qual exalta os bandeirantes, fundadores de inúme- Outro trabalho importante de Gonzaga foram
ras cidades na região mineradora, e narra a história da as “Cartas chilenas” - poemas satíricos que circula-
atual Ouro Preto desde a sua fundação. ram em Vila Rica pouco antes da Inconfidência Mi-
neira. Esses poemas eram escritos em versos
decassílabos e tinham a estrutura de uma carta, assi-
nada por Critilo (Tomás Antônio Gonzaga) e endere-
çada a Doroteu (Cláudio Manuel da Costa). Critilo,
Editora Exato 21
habitante de Santiago do Chile (na verdade, Vila Ri- 6. BASÍLIO DA GAMA
ca), narra a Doroteu (residente em Madri) os des-
mandos e arbitrariedades do governador chileno, um “Serás lido, Uraguai, cubra os meus olhos
político sem moral, despótico e narcisista, o Fanfar- Embora um dia a escura noite eterna.
rão Minésio (na realidade, Luís da Cunha Meneses, Tu vive e goza a luz serena e pura”.
(Basílio da Gama)
governador de Minas Gerais até pouco antes da In- José Basílio da Gama (pseudônimo árcade-
confidência). Terminado Sipílio) nasceu a 08 de abril de 1741, na
Esta obra teve sua autoria discutida por muito então cidade de São José do Rio das Mortes, hoje Ti-
tempo. Após os estudos de Afonso Arinos e, princi- radentes, Minas Gerais. Estudou no Colégio dos Je-
palmente, o trabalho de Rodrigues Lapa, a dúvida te- suítas, no Rio de Janeiro, e era noviço, em 1759,
ve fim: Critilo é realmente Tomás Antônio Gonzaga quando da expulsão daqueles religiosos. Vai para
e Doroteu é Cláudio Manuel da Costa. Roma, ingressando na Arcádia Romana com o pseu-
5. PRODUÇÃO LITERÁRIA dônimo de Terminado Sipílio. Em 1768, já em Lis-
boa, é preso por jesuitismo e condenado ao degredo
Santa Rita Durão em Angola; livra-se do exílio ao escrever um epita-
- Aonde vais, Caramuru? lâmio à filha do Marquês de Pombal. Em 1769, pu-
- Eu vou para França, blica O Uraguai - criticando os jesuítas e defendendo
vou levar Paraguaçu.” a política pombalina - torna-se secretário de Pombal.
José de Santa Rita Durão nasceu em Cata- Falece em Lisboa a 31 de julho de 1795.
preta, proximidades de Mariana, Minas Gerais, em O poema épico O Uraguai tem dois objetivos
1722. Após os primeiros estudos com os jesuítas no básicos: a defesa e a exaltação da política pombalina,
Rio de Janeiro, segue para Portugal, onde ingressa na e a crítica virulenta aos jesuítas, seus antigos mestres.
Ordem de Santo Agostinho. Em 1759, quando da ex- São palavras de Basílio da Gama nas notas ao poema:
pulsão dos jesuítas, prega violento sermão contra os “Os jesuítas nunca declamaram contra o cativeiro
padres da Companhia de Jesus (mais tarde, arrepen- destes miseráveis racionais (os índios), senão porque
de-se de tal atitude). Peregrina pela Espanha, Itália e pretendiam ser só eles os seus senhores”, encontra-
França. Em 1781, publica o seu poema épico Cara- mos ainda referência aos jesuítas, com suas restrições
muru. Falece em Portugal a 24 de janeiro de 1784. mentais.
Caramuru - Poema Épico do Descobrimento O tema histórico do poema é a luta empreendi-
da Bahia, é o título que consta da capa da edição ori- da pelas tropas portuguesas, auxiliadas pelos espa-
ginal, já antecipando o seu tema: o descobrimento e a nhóis, contra os índios dos Sete Povos das Missões,
conquista da Bahia por Diogo Álvares Correia, por- instigados pelos jesuítas; portanto, a culpa caberia
tuguês vítima de um naufrágio no litoral baiano. O aos jesuítas e não aos índios. Em conseqüência do
poema caracteriza-se pela exaltação da terra brasilei- Tratado de Madri (1750), a missão dos Sete Povos
ra, incorrendo o autor em descrições da paisagem que passaria aos portugueses, enquanto a de Sacramento,
lembram a literatura informativa do Quinhentismo. O em terras uruguaias, passaria aos espanhóis. Com te-
elemento indígena é tratado dentro de um prisma in- ma pouco propício e contemporâneo do autor, o que
formativo e, no geral, Santa Rita paga um tributo ao não é comum nos poemas épicos, Basílio da Gama
século XVIII, valorizando a vida natural (mais pura, consegue criar uma obra de fôlego e certa elegância
distante da corrupção). É evidente a influência camo- poética, apesar de residir seu maior feito na quebra da
niana na distribuição da matéria épica e na forma; por estrutura camoniana. Embora fizesse a exaltação da
outro lado, Santa Rita não se utiliza da mitologia pa- natureza e do “bom selvagem”, soube fugir dos luga-
gã, como Camões em “Os lusíadas”, mas apenas de res comuns do bucolismo vigente.
um conservadorismo cristão. Quanto à forma, o poe- No aspecto formal, algumas inovações: os ver-
ma é composto de dez cantos, versos decassílabos, sos são decassílabos brancos (sem rima), não apre-
oitava rima camoniana (ABABABCC). A divisão é a sentam divisão em estrofes e constam de apenas
tradicional das epopéias, constando de proposição, cinco cantos. Embora apresente a divisão tradicional
invocação, dedicatória, narração e epílogo. Seus he- em proposição, invocação, dedicatória, narração e e-
róis são: Diogo Álvares Correia, o Caramuru; Para- pílogo, quebra essa estrutura ao iniciar o poema pela
guaçu, com quem Diogo se casa e vai a Paris; narração:
Moema, a bela amante pretendida no casamento e “Fuma ainda nas desertas praias
que morre, nadando atrás de Diogo; Gupeva e Sergi- Lagos de sangue tépidos, e impuros
pe. Em que ondeiam cadáveres despidos
Pasto de corvos.”

Editora Exato 22
O Uraguai foi dedicado ao “Ilmo. e Exmo. Sr. a) Faça uma análise da primeira estrofe da Lira
Francisco Xavier de Mendonça Furtado”, mas o livro XIX, a partir dos adjetivos usados por Gonza-
curiosamente se inicia com um soneto dedicado ao ga.
seu irmão, o Conde de Oeiras, mais tarde, Marquês b) A natureza é sábia e nos ensina que as fêmeas
de Pombal. São personagens do poema: Gomes Frei- vivem para a reprodução; esta é a idéia da se-
re de Andrada, herói português, Balda, o vilão, jesuí- gunda e da terceira estrofe da Lira XIX. Qual a
ta caricaturizado; e os indígenas: Lindóia, Cacambo, relação destas com a quarta estrofe?
marido de Lindóia, Cepé; Tatu-Guaçu, Caitutu e Ta- c) A partir da análise da quarta estrofe da Lira
najura, a vidente. XIX, você diria que Dirceu/Gonzaga é patriar-
cal? Justifique sua resposta?
ESTUDO DIRIGIDO d) Faça uma análise da Lira XV da segunda parte.
Percebe-se nela a passagem do poeta pela pri-
1 Leia o texto para responder às questões: são? Justifique sua resposta.
Marília de Dirceu

(Lira XIX - 1ª parte) 2 Leia o texto a seguir:


Enquanto pasta alegre o manso gado, Caramuru
Minha bela Marília, nos sentemos “Copiosa multidão da nau francesa
À sombra deste cedro levantado. Corre a ver o espetáculo, assombrada;
Um pouco meditemos E ignorando a ocasião da estranha empresa,
Na regular beleza, Pasma da turba feminil, que nada.
Que em tudo quanto vive, nos descobre Uma que às mais precede em gentileza,
A sábia natureza. Não vinha menos bela, do que irada;
Era Moema, que de inveja geme,
Atende, como aquela vaca preta E já vizinha à nau se apega ao leme.
O novilho seu dos mais separa (...)
E o lambe enquanto chupa a lisa teta “Bárbaro (a bela diz) tigre e não homem ...
Atente mais, ó cara, Porém o tigre, por cruel que brame,
Como a ruiva cadela Acha forças no amor, que enfim o domem;
Suportará que lhe morda o filho o corpo, Só a ti não domou, por mais que eu te ame.
E salte em cima dela. Fúrias, raios, coriscos, que o ar consomem,
Repara, como cheia de ternura Como não consumis aquele infame?
Entre as asas ao filho essa ave aquenta, Mas pagar tanto amor com tédio e asco ...
Como aquela esgravata a terra dura, Ah! que corisco és tu ... raio ... penhasco!
E os seus assim sustenta;
Como se encoleriza. Enfim, tens coração de ver-me aflita,
Flutuar, moribunda, entre estas ondas;
E salta sem receio a todo o vulto, A um ai somente, com que aos meus respondas.
que junto deles pisa Bárbaro, se esta fé teu peito irrita
Que gosto não terá a esposa amante Nem o passado amor teu peito incita
(Disse, vendo-o fugir) ah! Não te escondas
Quando der ao filhinho o peito brando, Dispara sobre mim teu cruel raio ...”
E refletir então no seu semblante!
Quando, Marília, quando “Perde o lume dos olhos, pasma e treme,
Pálida a cor, o aspecto moribundo;
Disser consigo: “É esta Com mão já sem vigor, soltando o leme
De teu querido pai a mesma barba, Entre as salsas escumas desce ao fundo.
A mesma boca, e testa”. Mas na onda do mar, que, irado, freme,
Tornando a aparecer desde o profundo,
(Lira XV 2ª parte)
Ah! Diogo cruel ! - disse com mágoa -
Eu, Marília, não fui nenhum vaqueiro
E sem mais vista ser, sorveu-se na água.”
Fui honrado Pastor da tua aldeia; (DURÃO, Santa Rita. Caramuru)
Vestia finas lãs, e tinha sempre a) Faça a divisão silábica poética do verso “Pas-
A minha choça do preciso cheia. ma da turba feminil, que nada”
Tiraram-me o casal, e o manso gado. b) Faça o esquema das rimas das estrofes acima.
Nem tenho, a que me encoste, um só cajado. c) Moema morre pelo homem amado. Esse tema,
comum no Arcadismo, antecipa um novo estilo
de época. Identifique-o.
Editora Exato 23
3 Leia o texto a seguir e responda às questões: EXERCÍCIOS
O Uraguai
“................................... Mais de perto 1 Identifique os itens referentes ao Barroco e ao
Descobrem que se enrola no seu corpo Arcadismo, separando uns de outros:
Verde serpente, e lhe passeia, e cinge a) Racionalismo;
Pescoço e braços, e lhe lambe o seio. b) Retorno à Idade Média;
Fogem de a ver assim, sobressaltados. c) Cultismo;
E param cheios de temor ao longe; d) Complexidade;
E nem se atrevem a chamá-la e temem e) Clareza;
que desperte assustada, e irrite o monstro. f) Fusionismo;
E fuja, e apresse no fugir a morte. g) Simplicidade;
Porém o destro Caitutu, que treme h) Volta ao Renascimento;
Do perigo da Irmã, sem mais demora i) Cristianismo;
Dobrou as pontas do arco, e quis três vezes j) Mitologia.
Soltar o tiro, e vacilou três vezes
Entre a ira e o temor. Enfim sacode
O arco e faz voar a aguda seta, 2 (OSEC-SP)
Que toca o peito de Lindóia, e fere I – Culto do contraste; oposição do homem volta-
A serpente na testa, e a boca e os dentes do para o céu ao homem voltado para a terra;
Deixou cravados no vizinho tronco. linguagem excessivamente ornada.
Açouta o campo com a ligeira cauda II – Simplicidade, mas nobreza de linguagem,
O irado monstro, e em tortuosos giros busca de motivos bucólicos.
Se enrosca no cipreste, e verte envolto As características acima referem-se, respectiva-
Em negro sangue o lívido veneno. mente:
Leva nos braços a infeliz Lindóia a) Ao Barroco e ao Romantismo.
O desgraçado irmão, que ao despertá-la b) Ao Parnasianismo e ao Arcadismo.
Conhece, com que dor! no frio rosto c) Ao Parnasianismo e ao Barroco.
os sinais do veneno, e vê ferido d) Ao Barroco e ao Arcadismo.
Pelo dente sutil o brando peito e) Ao Barroco e ao Modernismo.
Os olhos, em que Amor reinava, um dia,
Cheios de morte, e muda aquela língua 3 (UC-MG) Das características abaixo, presentes
Que ao surdo vento e aos ecos tantas vezes na obra de Tómas Antônio Gonzaga, a única que
Contou a larga história de seus males. se refere às convenções do neoclassicismo é:
Nos olhos Caitutu não sofre o pranto. a) apresentação objetiva da realidade brasileira;
E rompe em profundíssimos suspiros. b) consciente manifestação de estados emocio-
Lendo na testa da fronteira gruta nais;
O alheio crime e a voluntária morte. c) elogio da vida burguesa numa linguagem colo-
O suspirado nome de Cacambo. quial;
Ainda conserva o pálido semblante d) freqüentes referências a figuras mitológicas;
Um não sei que de magoado e triste, e) versos com nítida caracterização de crônica
Que os corações mais duros enternece. amorosa.
Tanto era bela no seu rosto a morte”.
(GAMA, Basílio da. O Uraguai. 2 ed. Rio de Janeiro, Agir,
1972. P 82-4)
4 (MACK-SP) Aponte a alternativa cujo conteúdo
a) Faça um quadro comparativo entre Caramuru e não se aplica ao Arcadismo:
o Uraguai, salientando as semelhanças e as di- a) desenvolvimento do gênero épico, registrando
ferenças entre essas obras. o início da corrente indianista na poesia brasi-
b) Comente as oposições de interesses entre os leira.
seguidores do Iluminismo e a Companhia de b) presença da mitologia grega na poesia de al-
Jesus (consulte o momento histórico). guns poetas desse período.
c) propagação do gênero lírico em que os poetas
assumem a postura de pastores e transformam
a realidade num quadro idealizado.
d) circulação de manuscritos anônimos de teor sa-
tírico e conteúdo político.
e) penetração da tendência mística e religiosa,
vinculada à expressão de ter ou não ter fé.

Editora Exato 24
5 (UFRS) Assinale: e) Somente II e IV.
a) se só a proposição I for correta.
b) se só a proposição II for correta.
c) se só a proposição III for correta. GABARITO
d) se forem corretas as proposições I e II.
e) se forem corretas as proposições II e III. Estudo Dirigido
I - Dirceu era o pseudônimo arcádico do poeta 1
Cláudio Manuel da Costa. a)
II - O Uraguai, poema composto em moldes rigo- b)
rosamente camonianos, gira em torno das a- c)
venturas de um naufrágio português entre os d)
índios do Brasil.
III - Os rondós e madrigais dedicados a GIaura 2
constituem a obra lírica-amorosa de Silva Al- a)
varenga. b)
c)
6 Para as proposições abaixo, assinale: 3
I. Caramuru, poema composto em moldes rigoro- a)
samente camonianos, gira em torno das aven- b)
turas de um naufrágio vivenciadas por Lindóia Exercícios
e Diogo Álvares Correia.
1
II. Quanto ao gênero épico na Literatura Brasilei-
Barroco: B, C, D, F, I
ra, registram-se apenas tentativas de fazer uma
Arcadismo: A, E, G, H, J
epopéia seguindo os moldes clássicos “Cartas
Chilenas” exemplifica essas tentativas. 2 D
III. As manifestações literárias brasileiras durante 3 D
o período colonial, embora incipientes, repre-
sentam o esplendor das tendências literárias do 4 E
medievalismo português. 5 C
a) apenas I é correta.
b) apenas II é correta. 6 E
c) apenas III é correta. 7 D
d) todas são corretas.
e) todas são incorretas.

7 (UA-AM) Leia as afirmativas abaixo, também


referentes ao Arcadismo.
I. Sua estrutura inverte a tradição criada por Ca-
mões (proposição, invocação, oferecimento,
narrativa e epílogo), pois o enredo começa pe-
lo desfecho.
II. A ação se passa, entre índios e jesuítas, na re-
gião do Recôncavo Baiano.
III. Segundo muitos estudiosos, é um poema épi-
co, mas não uma epopéia, pois não narra os
maiores momentos de nosso povo.
IV. É construído em decassílabos brancos e estro-
fação livre.

Aplicadas ao poema épico O Uraguai, produzido


na vigência da estética arcádica, podemos de-
fender como corretas as seguintes afirmativas:
a) II, III e IV..
b) Somente I e III.
c) Somente I e II.
d) I, III e IV
Editora Exato 25

You might also like