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Contato: sem.jailson@gmail.com
Jailson Jesus dos Santos
Avivamento:
Realidade do passado necessidade do presente.
Sumário
INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 5
CONCLUSÃO............................................................................................................... 43
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................ 45
INTRODUÇÃO
I - O QUE É REAVIVAMENTO
Sempre que voltava das férias, para as aulas no Instituto (IBEL), ouvia
vários relatos das experiências de campo. E em muitos desses relatos escutava
vários comentários como: “Jailson trabalhei em uma igreja que é uma bênção, uma
igreja avivadíssima. Você precisava ver! Lá o louvor é quase uma hora, todo mundo
bate palmas, é aquela animação. O culto chegava a me emocionar. Olha! que igreja
avivada!” Relatos como estes me fez perceber que há muitas pessoas sinceras, mas
totalmente equivocadas acerca deste importante assunto.
O fato é que o termo “avivamento” tem sido grotescamente mal entendido.
Nunca houve uma época em que a palavra “avivamento” precisasse ser mais
claramente definida como em nossa época. Por isso, não há como falarmos sobre
avivamento sem termos em mente o que é, de fato, avivamento bíblico e histórico! E
para clarear nossa mente, precisamos definir o que não é avivamento.
Avivamento não é uma ação isolada da igreja. A Igreja não é o agente que
promove ou faz o avivamento. “A Igreja não produz o vento do Espírito; ela só pode
1
içar suas velas em direção a esse vento” Por isso, os homens que almejam o
1
LOPES, Hernandes Dias. Avivamento Urgente: como buscar um avivamento autêntico e preparar o
caminho para a sua chegada. 4 ed. Venda Nova, Editora Betânia, 1994. P 27.
avivamento jamais podem trazê-los por sua própria energia e vontade. Jamais pode
o homem, por mais piedoso, santo e dedicado a obra do Senhor, produzir vida nos
que dormem, porque o único Autor do avivamento é Deus. É Ele que soberanamente
e por sua livre graça derrama do seu Espírito Santo sobre o seu povo, e, Ele
somente!
Todavia, isso não anula a responsabilidade da Igreja. O avivamento jamais
virá, se a Igreja não buscar e preparar o caminho para a sua chegada. Isso não é
difícil de nós entendermos, é só lermos a Bíblia e a História da Igreja, e veremos que
só houve avivamento quando o povo se humilhou, orou, se santificou e se converteu
da impiedade para a piedade. Preparando, assim, o canal das águas do Espírito.
Foi assim que aconteceu com Esdras, Neemias, com os apóstolos no
Pentecostes; foi assim que aconteceu com os valdenses na França no século XII; na
Boemia; na Reforma no século XVI, com Lutero, Calvino, Zwinglio, com os morávios,
nos séculos XVII e XVIII, na Nova Inglaterra, com Jonathan Edwards, na Escócia e
País de Gales, com Finney e Moody.
Produzir avivamento é um ato de Deus, buscar e preparar o Caminho é um
ato da Igreja!
2
Ibid p. 28
3
Apud ibid p. 31
“uma igreja pode ter todos os dons sem ser uma igreja avivada. O que caracteriza o
avivamento não são os dons do Espírito e sim os frutos do Espírito”. 4
E esta verdade é visível na Igreja de Corinto que era cheia de dons, mas
vazia do Espírito, a ponto do apóstolo Paulo considerá-la espiritualmente um “bebê”.
Uma igreja tão cheia de dons quanto de partidarismo, contendas, imoralidades. Uma
igreja carismática, entretanto, não tinha carisma nem simpatia de Deus.
No avivamento, a ênfase não está nos dons, mas sim no fruto do Espírito.
Nem sempre manifestação de dons carismáticos é sinônimo de avivamento. Há
muitas igrejas que tem muitos dons, mas poucos dotes divinos. Tem muitas
manifestações de dons, mas pouca manifestação de vida. Cheios de curas físicas,
mas pouca cura espiritual. Cheios de dons do Espírito, mas vazias do fruto do
Espírito. Avivamento não é manifestação de dons, porém, manifestação de uma nova
vida em Cristo.
4
LOPES, Hernandes Dias. Avivamento Urgente: como buscar um avivamento autêntico e preparar o
caminho para a sua chegada. 4 ed. Venda Nova, Editora Betânia, 1994. p.32.
5
Ibid e idem
6
Apud OLFORD, Stephen F. Um Grito por Reavivamento. Tradução de Jorge A . P . Rosa. Lisboa,
s/d, 1966. P. 17.
7
Idem p. 18
8
Idem e IBID
9
RAVENHILL, Leonard. Porque Tarda o Pleno Avivamento? Tradução de Myriam Talitha Lins.
Venda Nova, Editora Betânia, 1989. P 64.
10
LLOYD-JONES, Martyn. Avivamento. Tradução de Inge Kaenig. 2 ed. São Paulo, Publicações
Evangélicas Selecionadas, 1993. P. 108.
com os padrões bíblicos de santidade, são cheios com o Espírito Santo, esperam e
experimentam manifestações sobrenaturais e cooperam juntos para glorificar a Deus,
identificar-se uns aos outros e evangelizam perdidos para Cristo”11
Avivamento é o despertar de Deus em nossas vidas para vivermos o
verdadeiro cristianismo, e sermos considerados, de fato, cristãos tais como os
discípulos em Antioquia.
11
Apud TRASK, Thomas E. (editor). O Pastor Pentecostal. Tradução de Luiz Aron de Macedo. Rio
de Janeiro, Casa Publicadora das Assembléias de Deus. 1999. P 243.
como: “despertar”; “restaurar”; “vivificar”; (Ed. 1.5; Is. 51.9,17; Sl. 14.7; 19.7;
80.3,7,19; 119.25, 37, 40, 88, 107; 126.4).
12
ALLEN, E. William. História dos Avivamentos Religiosos. Tradução de Helcias Câmara. Rio de
Janeiro, Casa Publicadora Batista, 1958. p. 24.
13
RAVENHILL, Leonard. Porque Tarda o Pleno Avivamento? Tradução de Myriam Talitha Lins.
Venda Nova, Editora Betânia, 1989.
14
Apud ALLEN, E. William. História dos Avivamentos Religiosos. Tradução de Helcias Câmara. Rio
de Janeiro, Casa Publicadora Batista, 1958
15
FISHER, Harold A. Avivamentos que Avivam. Tradução de Messias Freire. Rio de Janeiro,
Editoras Livros Evangélicos, 1961, p. 77.
com o jogo, e quando questionados dizem: “não tem nada a ver. Crente na verdade
não joga, faz uma „fezinha‟”.
Quantos crentes, para a nossa tristeza, têm se envolvido com sonegação de
impostos e outras infidelidades ao governo e, uma vez questionados, dizem: “o
homem que quis andar muito na linha, o trem pegou”.
Crentes que não têm o fogo do Espírito, mas têm o fogo na língua têm
incendiado as igrejas com a maledicência. E ainda dizem: “apenas sou sincero no
que penso”. Esses jamais entenderam o que Jesus diz em Mateus 7:1-5.
Quantos jovens que exaltam a Cristo durante o culto e quando saem da Casa
do Senhor, vão para casas mundanas, como boates, barzinhos, danceterias e os
pais ainda dizem: “É fase da juventude, logo, logo passa”.
O que precisamos na verdade é de sensibilidade para sentirmos o odor do
pecado. Precisamos não só de uma campanha nacional de evangelização, mas
também de uma campanha nacional de humilhação e confissão. Precisamos deixar
de trilhar pelo mangue do pecado para nadarmos nas águas do Espírito.Precisamos
sair das águas barrentas do mundanismo, e mergulharmos fundo nas águas claras
do Cristianismo.
Há um ditado na Bahia que diz: “macaco não olha pro seu próprio rabo”. Esse
ditado serve muito para nossas vidas, pois gostamos muito de olhar o que tem de
errado lá fora e nos esquecemos do que tem de errado dentro de nós.
O Rev. Hernandes Dias Lopes, comentando sobre a vida do profeta Isaías
escreve: “Isaías, antes de ter uma visão da santidade e glória de Deus, proferiu uma
série de „ais‟ contra os gananciosos (Is. 5:8), beberrões (Is. 5:11), blasfemos (Is.
5:18,19), pervertidos morais (Is. 5:20), soberbos (Is. 5:20) e alcoólatras farristas e
inveterados (Is. 5:22). Entretanto, quando ele próprio se viu diante do trono do Deus
Todo Poderoso, olhou não para fora, mas para dentro, e exclamou: „...ai de mim!...‟
(Is. 6:5)”.16
16
LOPES, Hernandes Dias. Avivamento Urgente: como buscar um avivamento autêntico e preparar
o caminho para a sua chegada. 4 ed. Venda Nova, Editora Betânia, 1994. p. 45
O clamor da nossa alma deve ser à semelhança de Isaías: “ai de mim! Estou
perdido!”. O avivamento não virá, enquanto não reconhecermos nossa
miserabilidade. Enquanto não nos esvaziarmos do pecado, Deus não nos encherá do
Seu Espírito. Vivemos em épocas de grande antropocentrismo humanista As
pessoas andam cheias de si e vazias de Deus. Pregadores que pregam sermões
antropocêntricos, de si para si, e retêm para si a glória que deveria ser de Deus. A
presença do orgulho é sinal visível da ausência do
O clamor da nossa alma
quebrantamento. Os cristãos do passado cantavam deve ser à semelhança de
um hino que dizia: “bem-aventurados aqueles que Isaías: “ai de mim! Estou
perdido!”.
de coração quebrantado, com profundo sentimento
choram seu pecado” (Ravenhill, 1989, p. 49). Deus não usa pessoas que não
estejam quebrantadas. PHD sem quebrantamento torna-se PHP: Pobre Homem
Perdido.
Pedro reconheceu sua pecaminosidade, quando recebeu Jesus no barco,
após o ter negado três vezes. E após receber o perdão e a graça de Deus, pregou o
seu primeiro sermão da história da Igreja: três mil pessoas se converteram no
avivamento do primeiro século.
Se quisermos o avivamento que vem do Céu, é mister muitas lágrimas,
humilhação e quebrantamento aqui na terra. Precisamos acertar nossas vidas com
Deus. Quando falo e escrevo isso não penso em ninguém mais, a não ser em mim
mesmo. Quando leio a Bíblia e a história dos avivamentos, sinto-me como Paulo
quando escreveu aos Romanos dizendo: “Desventurado homem que sou! Quem me
livrará do corpo desta morte!” (Rm 7:24).
Que a começar em mim, Deus renove a nossa sensibilidade com relação ao
pecado e nos dê forças para resisti-lo. Que a minha e a sua oração sejam como a do
grande avivalista Evam Roberts, no começo deste século: “Dobra-me Senhor!”. Que
diariamente clamemos ao Deus do avivamento: “Senhor, dobra a minha vida! Para a
Tua glória! Amém”.
17
LOPES, Hernandes Dias. Avivamento Urgente: como buscar um avivamento autêntico e preparar
o caminho para a sua chegada. 4 ed. Venda Nova, Editora Betânia, 1994. p. 53
18
Apud ibid.
19
Apud ALLEN, E. William. História dos Avivamentos Religiosos. Tradução de Helcias Câmara. Rio
de Janeiro, Casa Publicadora Batista, 1958. p. 67.
20
CHO, Paul Y. e MANZANO R. Whitney. Oração, a Chave do Avivamento. Tradução de Myriam
Talitha Lins. Venda Nova, Editora Betânia, 1986. p. 10.
21
RAVENHILL, Leonard. Porque Tarda o Pleno Avivamento? Tradução de Myriam Talitha Lins.
Venda Nova, Editora Betânia, 1989. p. 79.
22
Apud ibid p. 79.
23
ALLEN, E. William. História dos Avivamentos Religiosos. Tradução de Helcias Câmara. Rio de
Janeiro, Casa Publicadora Batista, 1958. p. 75.
24
Ibid p. 28
25
Apud ibid p. 28
26
Apud ibid p. 55
familiares, para reuniões dos esportistas, para reuniões nas praças de alimentação
dos shoppings. Porém, convidados a orar dizem: “Estou ocupado demais para
orar”.E isso não tem acontecido somente com os membros, mas também com os
líderes. Há pastores, que não passam quinze minutos em oração secreta; são
homens que gastam horas e horas preparando sermões, mas não gastam minutos
preparando o coração. Oswald Smith sobre isso escreveu: “Meu amigo, não trata
tanto de encontrarmos tempo, e, sim, de criarmos tempo”.27
Certa vez, conversando com um líder da Igreja lhe perguntei: Você ora antes
de pregar? Ele tranquilamente me respondeu: “Sim, eu oro. Toda vez que penteando
meu cabelo antes de ir para pregar na Igreja, peço a Deus que abençoe o culto e o
sermão”. Passam horas preparando-se para serem eruditos, mas apenas segundos
para serem pregadores. Essa é a razão pela qual temos muita erudição, mas pouca
unção. Muitas mentes brilhantes, mas poucos corações ungidos. Grandes sermões,
mas pequenas transformações. Sermões pregados a mentes que jamais descem aos
corações. Não há unção nos púlpitos, por isso não há ação nos bancos. E M. Bounds
diz: “Homens mortos pregam sermões mortos, e sermões mortos matam”.28 Sem
oração não há vida e sem vida não há cristianismo, pois servimos ao Cristo Vivo!
O que nossas Igrejas precisam não é de novos métodos, novos mecanismos,
mas, sim, velhas práticas e a principal delas é a prática da oração. A oração deve ser
algo primordial na agenda da Igreja. Em Seul, na Coréia do Sul, as reuniões de
oração diárias e de madrugada são lotadas. Enquanto muitos se levantam de
madrugada para cuidar de seus interesses e ganhar dinheiro, eles se levantam para
ganhar almas. “O seminarista que faltar a duas reuniões de oração de madrugada
durante o ano, não serve para ser pastor”.29 Para eles Deus e a oração são
prioridades na vida da Igreja.
27
SMITH, Oswald. Paixão pelas Almas. 27 ed. São Paulo, Editora Vida, 1996. p. 33.
28
Apud LOPES, Hernandes Dias. Piedade e Paixão: A vida do ministro e a vida do seu ministério.
São Paulo, Editora Candeia, 2002. 96 p. 38.
29
ibid p. 50
“Nos últimos anos do século vinte, Jejum e Oração têm quase se tornado
sinônimo das Igrejas da Coréia do Sul. E há uma boa razão para isto. A
primeira Igreja Protestante foi plantada na Coréia em 1884. Cem anos depois
havia trinta mil Igrejas na Coréia. Uma média de trezentas novas Igrejas foram
plantadas a cada ano, nestes cem anos. No final do século vinte, os
evangélicos já representam cerca de trinta por cento da população. Deus tem
usado muitos meios para realizar essa grande obra. Entrementes, os meios
30
mais usados por Deus têm sido a Oração e o Jejum”.
30
Apud ibid p. 51
31
Apud ibid p. 56
cor, do princípio ao fim”.32 E quando subia ao púlpito para pregar, seu sermão
irrompia como um meteoro do céu, quando sua palavra ecoava, o rosto de todo
auditório branqueava, tamanho era o poder do Espírito Santo em suas palavras.
Outro grande despertamento logocêntricos foi o do século XVI, com Martinho
Lutero. O Dr. Pollich após assistir uma aula de Lutero disse: “Este monge
revolucionará todo ensino escolástico”.33 E foi o que aconteceu, não só na Europa,
mas em todo o mundo.
Mas que inovação fez Lutero? Nenhuma! Lutero não fez outra coisa senão
voltar à Palavra e colocá-la na língua do povo. E, pela primeira vez na história, a
Bíblia tornou-se propriedade do povo e o Evangelho, o poder de Deus para a
salvação.
João Calvino, após ler o sistema católico, chegou à seguinte conclusão: “Se
eu me voltar para a verdade que está contida nas Escrituras, não estaria voltando
para a Igreja? Não pode haver igreja onde a
verdade não esteja”.34 O avivamento não é inovação
O D.Martin Lloyd-Jones, comentando sobre doutrinária, mas, volta às
velhas doutrinas esquecidas.
a Reforma Protestante, diz que: “A maior lição que Não é fuga da Palavra, mas
a Reforma tem a nos ensinar é, justamente, o volta à Palavra. Não é
antropocentrismo, mas
segredo do sucesso na esfera da igreja e das logocentrismo!
coisas do Espírito Santo, é olhar para traz”. Lutero e Calvino, diz ele: “foram
descobrindo que estiveram redescobrindo o que Agostinho já tinha descoberto e que
eles tinham esquecido”.35
O avivamento não é inovação doutrinária, mas, volta às velhas doutrinas
esquecidas. Não é fuga da Palavra, mas volta à Palavra. Não é antropocentrismo,
mas logocentrismo! No despertamento na Escócia, no século XVI, John Knox,
32
FISHER, Harold A. Avivamentos que Avivam. Tradução de Messias Freire. Rio de Janeiro, Editoras
Livros Evangélicos, 1961, p. 77.
33
Apud ibid p.77
34
Apud ibid p.90, 91
35
Apud NETO, F. Solano Portela. A Mensagem da Reforma para os Dias de Hoje. In: MATOS,
Alderi Souza de; LOPES, Augustus Nicodemos. Fides Reformata. v.2, n.2. jul/dez, 1997. p.29.
36
Apud FISHER, Harold A. Avivamentos que Avivam. Tradução de Messias Freire. Rio de Janeiro,
Editoras Livros Evangélicos, 1961, p. 92
37
TOGNINI, Eners. Avivamento Real. São Paulo, Editora Enéas Tognini,1969. p. 50.
que ele respondeu: “É que eu conheço o meu Deus. Eu já li a minha velha Bíblia,
cem vezes, de joelhos”.38 No avivamento, a igreja não apenas lê a Palavra de Deus,
mas busca o Deus da Palavra; Não se contenta em saber sobre Deus, mas conhecer
a Deus. Não carrega a Bíblia só na mão, mas no coração.
Em tempos de avivamento, a Bíblia é arrancada do liberalismo e trazida de
volta ao Cristianismo. É tirada do baú e colocada de volta nos púlpitos; e então ela
age como espada que penetra (cf. Hb 4.12). Como fogo que queima e martelo que
despedaça (cf. Jr 23.29).
A igreja só experimentará “dias de céu sobre a terra” se voltar à Palavra e
pregá-la com poder. Charles G. Finny, após sua conversão, em 10 de outubro de
1821, revestido do poder do Espírito Santo, escreveu: “Imediatamente me vi dotado
de tal poder do alto que, com poucas palavras, proferidas, aqui e ali, vários
indivíduos foram levados por Deus à plena convicção de pecado! Minhas palavras
pareciam penetrar como flechas nas almas dos homens. Cortavam como uma
espada, despedaçavam os corações como um martelo”.39
O que a igreja precisa não é de novos métodos humanos, mas de velhos
homens de Deus. Vivemos em uma época de grandes palestrantes, mas de
pequenos pregadores. Há muita oratória, porém pouca oração. Há muita
performance, mas pouco poder. Há muitas palestras sobre livros do cristianismo,
todavia poucas pregações sobre Cristo. A igreja não precisa de pessoas cheias de
conhecimento, mas cheias de Deus. Pessoas vazias no púlpito geram bancos vazios
na igreja.
Michael diz ser esta “a era de sermõezinhos: e sermõezinhos fazem
cristãozinhos”.40 Charles Haddon Spurgeon diz que “no momento em que a igreja de
Deus menospreza o púlpito, Deus a desprezará”.41
38
Apud OPES, Hernandes Dias. Avivamento Urgente: como buscar um avivamento autêntico e
preparar o caminho para a sua chegada. 4 ed. Venda Nova, Editora Betânia, 1994. p. 70.
39
Apud SMITH, Oswald. Paixão pelas Almas. 27 ed. São Paulo, Editora Vida, 1996. p. 43,44.
40
Apud EBY, David. Pregação Poderosa para o Crescimento da Igreja: O papel da pregação em
igrejas em crescimento. São Paulo, Editora Candeia, 2001. p. 38
41
Apud ibid p. 38
42
Apud ANGLADA, Paulo. Spurgeon e o Evangelicalismo Moderno. São Paulo, Editora Os
Puritanos, 1996. p. 31
43
EBY, David. Pregação Poderosa para o Crescimento da Igreja: O papel da pregação em igrejas
em crescimento. São Paulo, Editora Candeia, 2001. p. 37
Santo foi sempre derramado sobre vasos santos. Os grandes homens usados por
Deus nos avivamentos foram homens piedosos, consagrados e santos. Martinho
Lutero, mesmo quando monge era um exemplo de piedade para todos e não
encontrava descanso para sua alma que aborrecia o pecado. E esse santo homem
de Deus foi usado por Deus para abalar a Igreja e o mundo!
Sobre o grande avivalista Savanarola, que foi usado por Deus para
incendiar a cidade de Florença, no século XV, Fischer escreve: “O mundo dos
prazeres e do pecado nunca se constituiu atração para Savanarola, mesmo em sua
juventude”.44 Este jovem solitário passava horas na presença do Senhor orando:
“Senhor, faze-me conhecer o caminho que minha alma deve trilhar”. 45 Este santo
homem de Deus foi mártir por não abrir mão de uma vida de piedade, por não
negociar o inegociável que era sua vida santa diante de Deus; e quando a corda foi
posta ao redor do seu pescoço, suas últimas palavras foram: “O Senhor sofreu tanto
quanto isto por mim”.46 Homens santos sempre foram usados pelo Espírito Santo.
O D. M. Loyd-Jones, comentando sobre o pequeno movimento, que
começou em Oxford, conhecido como o “Clube dos Santos”, e alcançou o mundo,
escreve:
“Que aconteceu com eles? O que aconteceu com os irmãos Wesley, com
Whitefielde e os outros que se reuniram com eles? Foi apenas isto – eles
disseram: „sim, a igreja Cristã ainda é a Igreja Cristã, todavia ela é muito
indigna e pecaminosa. A pessoa não está prestando atenção aos
mandamentos de Deus e a vida como é apresentada no Novo Testamento.
Isto está errado, precisamos nos dedicar à santidade, precisamos nos
purificar‟. Eles talvez tenham ido longe demais, tornado-se um pouco
legalistas, todavia estabeleceram regras e regulamento a respeito de como
deviam viver. Por isso foram chamados metodistas. Disseram: „Devemos
reunir para estudar as Escrituras juntos, precisamos orar juntos, e devíamos
44
FISHER, Harold A. Avivamentos que Avivam. Tradução de Messias Freire. Rio de Janeiro,
Editoras Livros Evangélicos, 1961, p. 77.
45
Apud ibid 77
46
Apud ibid 77
Schalkewijk sobre isso disse: “O fato é que o avivamento real procura maior
santificação em todos os setores da vida, começando pelo individual. Faltando essa
característica essencial, o avivamento não passa de emoção litúrgica”.49
Não temos uma igreja viva, porque não morrermos totalmente para o pecado.
Não temos a plenitude do Espírito Santo, porque não somos santos. Não temos
unção porque nos falta comunhão com o Deus da unção. Lemos e relemos o livro de
Atos, mas não temos os atos dos apóstolos.
O grande pregador e escritor Ravenhill disse que “a maior vergonha dos
nossos dias é que a santidade que apregoamos é anulada pela impiedade do nosso
47
LLOYD-JONES, Martyn. Avivamento. Tradução de Inge Kaenig. 2 ed. São Paulo, Publicações
Evangélicas Selecionadas, 1993. p. 73
48
Apud SMITH, Oswald J. David Brainerd: sua mensagem para os nossos dias.Tradução de
Waldemar W. Wey. Belo Horizonte, Edições Renovação Espiritual, 1961. p. 40,45.
49
SCHALKWIJK, Frans Leonard. Aprendendo da História dos Avivamentos. In: LOPES; Augustus
Nicodemus; MATOS, Alderi de Souza. Fides Reformata. São Paulo, v.2 , n. 2. jul/dez, 1997. p.67.
50
RAVENHILL, Leonard. Porque Tarda o Pleno Avivamento? Tradução de Myriam Talitha Lins.
Venda Nova, Editora Betânia, 1989.
51
LOPES, Hernandes Dias. Avivamento Urgente: como buscar um avivamento autêntico e preparar
o caminho para a sua chegada. 4 ed. Venda Nova, Editora Betânia, 1994. p. 71.
52
Apud FISHER, Harold A. Avivamentos que Avivam. Tradução de Messias Freire. Rio de Janeiro,
Editoras Livros Evangélicos, 1961, p. 27.
53
Apud LOPES, Hernandes Dias. Avivamento Urgente: como buscar um avivamento autêntico e
preparar o caminho para a sua chegada. 4 ed. Venda Nova, Editora Betânia, 1994. p. 73, 73.
O apóstolo João escreveu que “aquele que diz que permanece nele [em
Cristo], esse deve também andar assim como ele andou” (I Jo 2.16). A necessidade
de nossos dias não é somente ganhar adeptos para Cristo, mas vivermos como
adeptos de Cristo. Não é de vivermos dentro do Cristianismo, porem vivermos como
Cristo. Não é de miraculosas manifestações do Espírito Santo, mas de um viver
santo.
Vivemos em dias em que se busca mais a bênção de Deus, do que o Deus da
benção. Busca-se mais o que traz felicidade, que santidade. Mais o que traz
prosperidade, do que santidade. O evangelho tem cada vez se barateando; a ponto
de vivermos em uma época de evangelho “light”; talvez essa seja a razão pela qual
estamos vazios e magros de Deus, e gordos de pecado.
A igreja não precisa ser como o mundo para ganhar o mundo. O Senhor Jesus
disse que a igreja deve estar no mundo, porém ela não é do mundo (cf. Jo.17.14-
16).O navio foi feito para andar nas águas, mas se as águas entram no navio há um
naufrágio e tudo está perdido. A igreja foi feita para estar no mundo, mais se o
mundo entrar na igreja tudo está perdido. Se quisermos um avivamento, precisamos
de uma Igreja santa, em um mundo profano. A santidade é o caminho da intimidade
com Deus e da plenitude do seu Espírito; por isso é o caminho do avivamento.
João Batista exprimiu esta idéia em Lucas 3. 4-6. Quando nos desafio
dizendo: “preparai o Caminho do Senhor”. Devemos ser um meio de acesso a
Cristo, através do qual ele possa revelar-se. Temos que ser ponte de passagem para
Cristo, e não abismo que impede as pessoas de vê-lo.
O que significa “preparar o caminho do Senhor?”. Aqui temos de forma
implícita o roteiro e o preço do avivamento.
Se quisermos que Deus se manifeste, precisamos endireitar o caminho.
Endireitar significa “retirar os obstáculos”. Se quisermos avivamento, é preciso retirar
as pedras e tocos que há no caminho. O arado de Deus não passará sobre nosso
lote, plantando as sementes do avivamento, sem que o terreno esteja plano.
Enquanto o caminho estiver tortuoso e não for endireitado, não haverá como a
esperança do Senhor se manifestar.
54
Cf. LOPES, Hernandes Dias. Avivamento Urgente: como buscar um avivamento autêntico e
preparar o caminho para a sua chegada. 4 ed. Venda Nova, Editora Betânia, 1994. p.
VI – FRUTOS DO AVIVAMENTO
Quando Deus fende os céus e desse, com grande poder, os montes tremem
na Sua presença (cf. Is 64.1). Quando o fogo inflama os gravetos, quando faz ferver
as águas, para fazer conhecido seu nome as nações tremem (cf. Is 64.2). Quando as
chuvas torrenciais do Espírito regam as sementes do avivamento plantadas pela
igreja, produz frutos em abundância. Vejamos alguns deles:
PURIFICAÇÃO DA IGREJA
bancos membros que não eram regenerados. A Bíblia não era regra de fé e prática,
e a igreja era impura e mundana. Jonathan Edwards, escrevendo sobre a sua própria
paróquia, disse está vivendo em uma época de extraordinária sonolência religiosa; a
licenciosidade prevalecia grandemente, entre a juventude, as práticas mundanas e
impuras eram visíveis e normais.55 Todavia, quando o Espírito avivador desceu sobre
a igreja, os inconversos foram convertidos; os impuros foram purificados; a
licenciosidade deu lugar à santidade; a igreja que vivia em densas trevas, passou a
viver em clara luz. O fogo do Espírito sempre sapeca o mundanismo e purifica a
igreja.
Vivemos em uma época em que o vírus do mundo tem adentrado à igreja e
contaminado o “corpo de Cristo”. A igreja, noiva do Senhor, tem praticado adultério
com o mundo. O conformismo, o secularismo, o liberalismo, o subcristianismo e uma
série de “ismos” têm levado nossas igrejas há um vale de ossos secos.
Precisamos clamar a Deus que derrame fogo purificador sobre nossas
igrejas; que fenda os céus e derrame chuvas serôdias do Espírito, que inunde e lave
nossas igrejas, tornando-nos um povo santo, como Ele é santo.
55
Cf. FISHER, Harold A. Avivamentos que Avivam. Tradução de Messias Freire. Rio de Janeiro,
Editoras Livros Evangélicos, 1961
Em tempos de avivamento a igreja compreende o que Paulo diz aos Rm. 1.4:
“pois sou devedor tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a
ignorantes”.
Quando a igreja é despertada, entende que a evangelização não é uma
opção, mas uma obrigação; entende que “todo coração com Cristo é um missionário;
[e] todo coração sem Cristo é um campo missionário”.58 Entende que não é uma
questão de querer, mas de dever. Quando a igreja é inundada pelas águas do
Espírito, a evangelização deixa de ser um peso e torna-se um privilégio.
O grande avivalista David Brainerd, após experimentar o avivamento celeste
e dedicar-se totalmente sua vida nas selvas frias do Estados Unidos, entre os índios
peles vermelhas, escreveu a seu irmãos dizendo: “agora que estou a morrer, declaro
que não gastaria minha vida por todo o mundo de outra maneira”.59
56
Apud LOPES, Hernandes Dias. Avivamento Urgente: como buscar um avivamento autêntico e
preparar o caminho para a sua chegada. 4 ed. Venda Nova, Editora Betânia, 1994. p.96.
57
Apud SMITH, Oswald. Paixão pelas Almas. 27 ed. São Paulo, Editora Vida, 1996. p. 49.
58
Apud LOPES, Hernandes Dias. Avivamento Urgente: como buscar um avivamento autêntico e
preparar o caminho para a sua chegada. 4 ed. Venda Nova, Editora Betânia, 1994. p. 93.
59
Apud SMITH, Oswald J. David Brainerd: sua mensagem para os nossos dias.Tradução de
Waldemar W. Wey. Belo Horizonte, Edições Renovação Espiritual, 1961. p. 9.
CRESCIMENTO NUMÉRICO
TRANSFORMAÇÃO DA SOCIEDADE
O mundo nunca é o mesmo após um avivamento; toda vez que Deus sacode
(desperta) a Igreja abala o mundo; toda vez que o povo de Deus é despertado, o
mundo é transformado. O Dr. F. B. Meyer disse certa vez: “nunca houve um grande
avivamento sem reformas sociais e políticas”.61
No século XVI, o mundo foi abalado pela Reforma e Genebra transformada
por Calvino. Genebra era uma das cidades mais tormentosas da Europa; seu
60
Apud FISHER, Harold A. Avivamentos que Avivam. Tradução de Messias Freire. Rio de Janeiro,
Editoras Livros Evangélicos, 1961, p. 109.
61
Apud OLFORD, Stephen F. Um Grito por Reavivamento. Tradução de Jorge A . P . Rosa. Lisboa,
s/d, 1966. P 73.
governo era dividido e havia uma grande briga pelo poder; nas ruas, o pecado e a
violência dominavam o povo. Entretanto, Calvino foi usado por Deus no avivamento
suíço. A Reforma atinge, não só a igreja, mas também a sociedade! E foi as grandes
visões administrativas, eclesiásticas e sociais de Calvino, com a graça de Deus, que
fez com que Genebra se tornasse uma cidade única na Europa; sobre Genebra
Fischer afirma: “O distintivo que Calvino conseguiu lhe dar parece incrível”. 62 E, após
séculos, permanece como centro de cultura e progresso. Todo avivamento traz
mudanças culturais e sociais.
Quando o avivamento vem, a Igreja é vivificada e a sociedade restaurada. No
avivamento britânico, em 1739, a Inglaterra caminhava para o caos, os piores vícios
prevaleciam. A bebida era algo tão comum que os embriagados viviam mais nos
bares do que nos lares; tamanha era a criminalidade que não podiam andar nas
ruas, à noite. Todavia, quando Deus derramou do Seu Espírito sobre os Wesleys e
Whitfield, a Inglaterra mudou sua rotina; os bêbados deixaram os bares e voltaram
para os lares;os escravos tornaram-se cidadãos, os marginais voltaram ao convívio
social. A sociedade que estava em ruínas foi reformada por Deus. Sobre este
período o historiador Samuel Green disse: “Toda a maneira de ser do povo inglês se
modificou”.63
A Inglaterra nunca mais foi à mesma depois da manifestação de Deus.
Quando a igreja é avivada, a sociedade é impactada. No grande
despertamento no país de Gales, em 1904, os bares fecharam porque não havia
mais alcoólatras; os teatros pararam porque não havia mais expectadores; as casas
de jogos faliram, porque não havia mais quem jogasse. A nação profana passou a
ser uma nação cujo Deus era o Senhor.
Ah! Como precisamos de um avivamento do céu, que transforme nossa
sociedade. Nossa nação está doente, infectada com amarga miséria; as crianças
então abandonadas e famintas; os ricos, cada vez mais ricos, e robustos; os valores
62
FISHER, Harold A. Avivamentos que Avivam. Tradução de Messias Freire. Rio de Janeiro,
Editoras Livros Evangélicos, 1961, P.92.
63
Apud OLFORD, Stephen F. Um Grito por Reavivamento. Tradução de Jorge A . P . Rosa. Lisboa,
s/d, 1966. p. 74.
imorais são tidos como valores legais; o homossexualismo não é mais motivo de
escândalo e o adultério é motivo de orgulho; a violência é maior que as autoridades;
a televisão com seus valores imorais é mestra, que educa o povo.
Isso é motivo para não cessarmos de clamar a Deus, para que o mesmo
abale a igreja e transforme nossa pátria, e nos faça um povo onde Ele seja o Senhor.
CONCLUSÃO
Agora que chegamos juntos ao fim deste trabalho, esperamos ter lançado luz
sobre o importante assunto abordado, a ponto de podermos discernir quem é o autor
do avivamento e o que é e o que não é obra do Espírito Santo. Pois a falta desse
discernimento pode nos levar à imaturidade e até mesmo ao desvio das verdades
bíblicas. Pois na busca de um avivamento jamais podemos separá-lo de uma sólida
base bíblica. “Os grandes avivamentos aconteceram dentro das balizas da
Reforma”.64 E que jamais podemos buscá-lo dentro da ortodoxia sem ortopraxia.
Muitos crentes, por ignorarem essas verdades têm confundido fogo do
Espírito, com fogo de palha; Sopro do Espírito com vento produzido com os métodos
humanos; ação espiritual, com ação carnal. Isso tem desviado a igreja na busca do
verdadeiro avivamento.
Na busca do avivamento precisamos entender ainda que ele jamais ocorre
por parte do povo de Deus sem um profundo quebrantamento e uma intensa vida de
oração. Nos grandes avivamentos, Deus sempre usou vasos limpos e vidas ungidas.
Se a igreja anseia por “dias de céus sobre a terra”, precisa preparar o
caminho, precisa arrancar os tocos dos pecados e as pedras da iniqüidade para que
o arado de Deus are a terra e plante a semente do avivamento, que regada pela
chuva do Espírito dará fruto em abundância.
Precisamos clamar a Deus para que Ele intervenha em nossas igrejas,
transformando nossas vidas e caráter, nossas famílias e negócios, nossa grande
piedade em uma profunda piedade, nossa vida de falsidade, em uma vida de
santidade. Precisamos de um avivamento que abale as nossas igrejas, fazendo-nos
64
LOPES, Hernandes Dias. Avivamento Urgente: como buscar um avivamento autêntico e preparar
o caminho para a sua chegada. 4 ed. Venda Nova, Editora Betânia, 1994. p. 108.
um povo vivo e santo e transforme nossa sociedade, fazendo de nós uma nação
justa, próspera, cujo Deus Soberano seja o Senhor. A Deus toda a glória!
BIBLIOGRAFIA
Bíblias:
Dicionários:
Enciclopédia:
Livros:
SMITH, Oswald. Paixão pelas Almas. 27 ed. São Paulo, Editora Vida, 1996. 124 pp.
TOGNINI, Eners. Avivamento Real. São Paulo, Editora Enéas Tognini,1969. 58 pp.
Revistas: