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Arte e cultura material Karajá

A cultura material karajá envolve técnicas de construção de casas, tecelagem de


algodão, adornos plumários, artefatos de palha, madeira, minerais, concha, cabaça, córtex de
árvores e cerâmica.
A pintura corporal é significativa para o grupo. Na puberdade, os jovens de ambos os
sexos submetiam-se à aplicação do omarura, dois círculos tatuados nas faces onde a mistura
da tinta do jenipapo com a fuligem do carvão era aplicada sobre a face sangrada pelo dente do
peixe-cachorra. Hoje, devido ao preconceito da população das cidades ribeirinhas, os jovens
apenas desenham os dois círculos na época dos rituais. A pintura do corpo, realizada pelas
mulheres, processa-se diferentemente nos homens, de acordo com as categorias de idade,
sendo utilizado o sumo do jenipapo, a fuligem de carvão e o urucum. Alguns dos padrões
mais comuns são as listas e faixas pretas nas pernas e nos braços. As mãos, os pés e as faces
recebem pequeno número de padrões representativos da natureza, de modo especial, a fauna
(Fénelon Costa, 1968).
A cestaria, feita tanto pelos homens como pelas mulheres, apresenta motivos
trançados inspirados na fauna, como partes do corpo dos animais (Taveira, 1982). A arte
cerâmica é exclusiva das mulheres, apresentando os mais variados tipos e motivos, desde
utensílios domésticos, como potes e pratos, até bonecas com temas mitológicos, rituais, da
vida cotidiana e da fauna.
Motivo de grande interesse dos turistas que visitam as aldeias Karajá, de modo
especial nas temporadas das praias do rio Araguaia (junho, agosto e setembro), as bonecas
Karajá tornaram-se mais um meio de subsistência do grupo.
Atividade única das mulheres, estas figuras de cerâmica tiveram no passado e ainda
têm uma função lúdica para as crianças, mas também é instrumento de socialização da
menina, conforme estudou Heloisa Fenélon Costa (1968), onde são modeladas dramatizações
de acontecimentos da vida cotidiana. O contato imprimiu modificações quanto ao tamanho (se
tornaram maiores) e ao material utilizado, como tinturas químicas. Entretanto, os motivos
figurativos e padrões decorativos são mantidos pelas ceramistas mais novas, que inclusive
ressaltam figuras dos mitos e dos ritos. É muito comum encontrar as bonecas karajá em lojas
de artesanato ou nos museus das cidades.
A plumária é muito elaborada, tendo uma relação direta com os rituais. Com a
dificuldade de captura de araras, ave de grande interesse para os Karajá, esta arte tem sido
reduzida na sua variedade, permanecendo apenas alguns enfeites, como o lori lori e o aheto,
muito usados no ritual de iniciação dos meninos.

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