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LEI 12.015/09
1
RESUMO
2
CRIMES SEXUAIS. ALTERAÇÕES LEGISLATIVAS
∗
Mestre em Ciências Jurídico Criminais da Universidade de Coimbra. Doutorando da Universidade de
Salamanca. Professor de Direito Penal e Processual Penal da Universidade da Amazônia e da
Universidade Estácio de Sá. Professor da Pós Graduação da Escola Superior de Advocacia. Professor da
Escola Superior da Magistratura. Professor da Pós Graduação da UFPA. Professor Convidado da
Universidade Cândido Mendes. Professor da Escola de Governo do Estado do Pará. Professor Convidado
da Universidade Dom Orione. Membro do IBCRIM. Autor de livros jurídicos de Direito Penal, Processo
Penal e História do Direito. Autor de diversos artigos em revistas jurídicas. Promotor de Justiça de 1991 a
1993. Juiz de Direito do Tribunal de Justiça do Estado do Pará titular da 6º Vara Criminal de Belém.
3
Para a lei argentina1, estupro e atentado estão dentro do mesmo tipo
penal de seu Código Penal, todavia tratando os mesmos no título III como
delitos contra a integridade sexual no artigo 119.
1
Art. 119 do Código Penal Argentino: “Será reprimido con reclusión o prisión de seis meses a cuatro
años el que abusare sexualmente de persona de uno u otro sexo, cuando ésta fuera menor de trece años o
cuando mediare violencia, amenaza, abuso coactivo o intimidatório de una relación de dependencia, de
autoridad, o de poder, o aprovechándose de que la victima por cualquier causa no haya podido consentir
libremente la acción. La pena é de cuatro a diez años de reclusión o prisión cuando el abuso, por su
duración o circunstancias de su realización, hubiere configurado un sometimiento sexual gravemente
ultrajante para la victima”.
4
HISTÓRICO DOS CRIMES SEXUAIS
2
Noé foi um dos maiores patriarcas do Antigo Testamento.
3
Para maiores informações sobre a influência do Direito Hebreu nos ordenamentos jurídicos vide nossa
obra COSTA, Elder Lisboa Ferreira da. História do Direito. De Roma à História do Povo Hebreu e
Muçulmano. A Evolução do Direito Antigo à Compreensão do Pensamento Jurídico Contemporâneo.
Belém. Unama. 2009. p. 76. A lenda é muito antiga e pode até revelar um sentimento racista em relação à
pele escurecida do homem e o corvo.
5
Federal e revoga a Lei nº 2252, de 1º de Julho de 1954, que tratara da
corrupção de menores.
4
Os processos em andamento e que começaram com Ação Penal Privada, seus titulares deixaram de
existir, devendo o processo ser retomado pelo MP, que a partir de então formará a opinio delicti.
6
CONTEXTUALIZANDO A LEGISLAÇÃO
7
sexual de crianças e adolescentes e a Organização Internacional do
Trabalho5.
5
Note-se que no grupo de trabalho do anteprojeto, estiveram ausentes na sua composição os juízes e
promotores estaduais. Nas varas estaduais é processada a maioria dos crimes sexuais. Informação obtida
no site do Senado Federal.
8
ANALISANDO PONTO A PONTO DA LEI Nº 12.015/09
Pela redação da lei revogada, o que não fosse cópula vaginal (pênis
intra vagina) poderia ser atentado violento ao pudor.
6
Já adiantamos que com a nova redação não há que se falar mais em dois tipos penais já que aglutinados
pela Novatio Legis.
9
Ressalte-se na presente hipótese que não se trata de abolitio criminis
para aqueles que praticaram o antigo atentado violento ao pudor (214). Os
mesmos serão agora processados pelo novel, artigo 2137.
7
Não haverá necessidade de aditamento da denúncia por esse motivo, já que o acusado não se defende de
artigos, mas sim de fatos.
8
O processo de aglutinação dos artigos 213 e o antigo 214 do CP, foi verificado na lei. Não se trata de
abolitio criminis e sim de fagocitose jurídica operada pelo legislador.
9
A expressão é típica do autor na interpretação do novo dispositivo legislativo. Na emendatio libeli do
artigo 383 do CPPB a conduta já foi narrada. Na mutatio libeli há descrição de nova conduta prevista no
artigo 384 do CPPB.
10
OLIVEIRA, Eugenio Pacelli. Curso de processo Penal 7º Edição. Belo Horizonte. Editora Del Rey.
2007, p. 508.
10
Houve o que chamamos de fagocitose jurídica11 do artigo 213 com o
214. Para o legislador considerou o estupro de maior abrangência do que o
atentado violento ao pudor, adequando à lei brasileira a prelecionados
internacionais.
O legislador coloca nas mãos dos juízes uma batata quente difícil de
digerir. Não especifica o que é ato libidinoso, dando margem a
interpretações de toda sorte. Um beijo pode ser considerado ato libidinoso
capaz de trancafiar uma pessoa por anos em uma cadeia.
11
A expressão fagocitose jurídica foi utilizada na obra Direito Criminal Parte Geral de 2007 de nossa
autoria.
12
Para o legislador o fator biológico é motivo para a exasperação da pena.
13
A aplicação da Novatio Legis impede aplicação da decisão do STF de que o estupro e atentado violento
ao pudor são crimes continuados, bem como a aplicação do artigo 69 do CP.
11
Todavia entendemos que a aglutinação era necessária, pois outras
legislações já tratavam os crimes como um só tipo penal e o Brasil rumou
para uma planificação internacional.
Todavia, tal procedimento pode ser feito pela Revisão Criminal, se for
indeferido pelo juízo da execução penal.
A situação torna-se grave, pois nesse exato momento muitos réus com
sentença transitado em julgado já terão cumprido a pena.
14
CHOUKR. Fausi Hassan. Código de Processo Penal. Comentários Consolidados e Crítica
Jurisprudencial. Lumem Júris. Rio de Janeiro. 2009. p. 609.
12
democrático estruturado tendo como um de seus
princípios fundamentais a dignidade da pessoa humana,
reforça a idéia de que o exercício do poder político tem
como parâmetro os direitos fundamentais.15
II...
É obvio, então deve ser feita a revisão da pena pelo juízo da execução
penal de todos os acusados por crime de estupro e atentado violento ao
15
JUNIOR. Walter Nunes da Silva. Curso de Direito Processual Penal. Teoria (constitucional) do
processo penal/ Walter Nunes da Silva Junior, Rio de Janeiro: Renovar, 2008, p. 385.
16
RANGEL. Paulo. Direito Processual Penal. 9º Edição. Lumem Júris. Rio de Janeiro. p. 886.
13
pudor que tiverem sido condenados em concurso material do artigo 69 do
CP. Propomos o seguinte despacho para a hipótese no final deste texto.
14
ESTUPRO DE VULNERÁVEL.
Uma nova figura criada pelo legislador previu a atual redação do artigo
217 do CP, como tipo autônomo, quando criminaliza a prática sexual de
pessoas abaixo de 14 anos e os que possuem deficiência mental: o estupro
de vulnerável.
15
expressão violência presumida. Para o legislador a violência é real. Menor
de 14 anos é estupro de vulnerável.
Uma pergunta que não quer calar: Como proceder quando duas pessoas
menores de idade já possuem uma vida sexual ativa de forma consentida?
O legislador coloca no mesmo patamar um namorado que pratica sexo com
sua namorada (sexo consentido) e um agente que pratica sexo com
violência.
16
MESCLA DE LEIS. RETROAÇÃO OU NÃO RETROAÇÃO DA LEI
Nº 12.015/09. EM PROCESSOS EM ANDAMENTO E/ OU
JULGADOS COM DECISÃO RECORRÍVEL E IRRECORRÍVEL
Nos anos 90, a orientação do STF é de que tal mescla não poderia ser
aplicada, sendo vedado ao juiz tal atitude. O entendimento de não combinar
leis é acompanhado por Claus Roxin, e Nelson Hungria, pelo que
modestamente discordamos, visto que o a norma maior por ser
mandamento constitucional deve ser interpretada sempre em favor do
acusado.
17
da lei mais benéfica17 com mescla de lei nova com lei revogada,
promovendo uma integração normativa de leis.
17
Estamos a falar do julgamento do artigo 12 da lei 6368, em que num voto divergente o Ministro Cezar
Peluso vislumbrou a possibilidade de mescla com a lei nova de tóxicos, recomendamos a leitura na
íntegra do voto vencedor.
18
COSTA. Elder Lisboa Ferreira da Costa. Curso de Direito Criminal parte geral. Belém. Unama. 2007,
p. 213.
19
CORREIA, Eduardo. Direito Criminal. V. I Reimpressão. Com a colaboração de Figueiredo Dias.
Coimbra: Almedina, 1963.p. 153.
18
224 do CP, pois a presunção de violência deixou de existir em nosso
ordenamento jurídico20.
20
Na verdade o legislador fez uma releitura da chamada presunção. A com a edição da lei 12.015/09 a
violência é real.
21
A mudança legislativa foi providencial, pois a antiga nomenclatura dos crimes contra os costumes
estava arcaica. Não cabe ao direito penal a proteção de bens jurídicos que afetam a moral e os bons
costumes. Esta proteção pode até ser tutelada por outros ramos do direito, mas não pelo Direito Penal. A
tutela do bem jurídico de crimes contra a dignidade sexual foi acertada.
22
JUNIOR. Walter Nunes da Silva. Curso de Direito Processual Penal. Teoria (Constitucional) do
Processo Penal/ Walter Nunes da Silva Junior, Rio de Janeiro: Renovar, 2008. 384.
19
COTEJANDO O DIREITO MATERIAL E O PROCESSUAL
23
O entendimento é adotado por Guilherme Nucci na sua obra Crimes contra a Dignidade Sexual.
NUCCI, Guilherme de Souza. Crimes Contra a dignidade sexual: Comentários à Lei 12.015/09. São
Paulo. Editora Revista dos Tribunais, 2009 página 71.
20
em Juízo. O advogado não pode mais estar em juízo postulando em nome
da vítima. Sua legitimidade acabou pela novel legislação.
21
por exemplo, não articulada na queixa crime). Neste caso deverá haver
nova citação do acusado sob pena de nulidade, desde que a vítima tenha
procedido à representação devida.
Isso dará mais trabalho às secretarias das Varas onde tramita o presente
feito? SIM, mas a providência é necessária para se evitar nulidades.
24
Vade Mecum Coleção de Leis RIDEL p. 411.
22
Finalmente há autores como Guilherme Nucci que entende que nos
fatos ocorridos antes de 07 de agosto de 2009, os crimes ainda seriam de
ação privada e que só a partir dessa data seriam de Ação Pública
condicionada à representação.
23
OUTROS DISPOSITIVOS MANTIDOS PELA NOVA
LEGISLAÇÃO
24
meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de
vontade da vítima.
25
CONSIDERAÇÕES FINAIS
26
será aumentada quando resultar de gravidez e de um sexto até
a metade se for feita a transmissão de uma DST25.
25
O legislador valora segundo seus padrões o comportamento humano. Se a SIDA (AIDS) é uma doença
sexualmente transmissível e, se o agente a transmite por meio do ato sexual intencionalmente, para o
legislador isto é menos grave do que engravidar uma mulher, para nós um paradoxo difícil de explicar.
27
LEI Nº 12.015, DE 7 DE AGOSTO DE 2009.
“TÍTULO VI
DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL
CAPÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL
Estupro
28
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
Assédio sexual
..............................................................................................
“CAPÍTULO II
DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL
Ação penal
29
“CAPÍTULO V
DO LENOCÍNIO E DO TRÁFICO DE PESSOA PARA FIM DE
PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE
EXPLORAÇÃO SEXUAL
.............................................................................................
...................................................................................” (NR)
...................................................................................” (NR)
Rufianismo
.............................................................................................
30
§ 2o Se o crime é cometido mediante violência, grave ameaça,
fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação da
vontade da vítima:
31
§ 1o Incorre na mesma pena aquele que agenciar aliciar, vender
ou comprar a pessoa traficada, assim como, tendo conhecimento
dessa condição, transportá-la, transferi-la ou alojá-la.
Estupro de vulnerável
§ 2o (VETADO)
32
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.”
“CAPÍTULO VII
DISPOSIÇÕES GERAIS
Aumento de pena
33
I – (VETADO);
II – (VETADO);
“Art. 1o ............................................................................
..............................................................................................
...................................................................................................
...................................................................................” (NR)
34
incluída no rol do art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990.”
35
SENTENÇA
AUTOS DE PROCESSO
ACUSADO: V. A. C. C.
EMENTA
RELATÓRIO
Vistos, etc.
36
Como incurso nas sanções punitivas previstas no art. 157, 213
e 214, do Código Penal Brasileiro.
37
O indiciado, não foi ouvido diante à autoridade policial, pois
desde a consumação do delito evadiu-se do distrito da culpa, sendo
até mesmo decretada sua prisão preventiva, folhas 52 e 53.
38
resultado lesão corporal ou morte, o estupro ou atentado violento ao
pudor, será objeto de ação pública incondicionada.26.
26
DELMANTO, Celso, Código Penal Comentado, 7º edição, Editora Renovar, 2007, p. 607.
27
STF HC 73.411 DJU 3.5.96 e STJ HC 3.868 DJU 6.5.96.
39
Sobre o tema esclarece Guilherme de Souza Nucci: “As
hipóteses previstas neste artigo, são mais do que razoáveis para o
curso do processo, ainda que o réu dele não participe ativamente.
Demonstra seu desinteresse de acompanhar a instrução, não
havendo razão para o juiz continuar insistindo para que compareça,
é seu direito de audiência e não obrigação de estar presente”.28
QUANTO A REVELIA
28
NUCCI, Guilherme de Souza, Código de Processo Penal Comentado, 8º edição, Editora Revista dos
Tribunais, p. 667.
29
OLIVEIRA, Eugênio Pacelli, Curso de Processo Penal, 7º edição, Editora Del Rey, p. 484.
30
NUCCI, Guilherme de Souza, Manual de Processo Penal, 2008, Editora Revista dos Tribunais, p. 643.
40
Durante a instrução processual foram inquiridas 04 (quatro)
testemunhas de acusação.
É o relatório.
DECIDO.
FUNDAMENTAÇÃO.
41
ROUBO
31
COSTA JR, Paulo José, Curso de Direito Penal, 9° edição, Editora Saraiva, 2008, p.396.
32
NUCCI, Guilherme de Souza, Manual de Direito Penal, Parte Geral e Especial, 4º edição, Editora
Revista dos Tribunais, 2008, p.694.
33
MIRABETE, Julio Fabbrini, Código Penal Interpretado, 6º edição, Editora Atlas, p.1351.
42
STF – Habeas Corpus - Momento da consumação
do crime de roubo. O roubo se consuma no
instante em que o ladrão se torna possuidor da
coisa móvel alheia subtraída mediante grave
ameaça ou violência – Para que o ladrão se torne
possuidor, não é preciso em nosso direito que ele
saia da esfera da vigilância da vítima, mas, ao
contrário, basta que cesse a clandestinidade ou a
violência, para que a detenção sobre a coisa se
torne posse, ainda que seja possível ao antigo
possuidor retomá-la pela violência, por si ou por
terceiro, em virtude de perseguição imediata.34
“Consuma-se o roubo com prática de violência,
independentemente da efetiva subtração ou
recuperação imediata da rés furtiva.
Jurisprudência pacifica da Suprema Corte e de
outros Tribunais Brasileiros”.35 Praticado lesões
corporais contra a vítima, com o fim específico de
subtrair-lhe o patrimônio, resta consumado o roubo
qualificado, ainda que a subtração da coisa não
tenha se efetivado.36
ESTUPRO
34
JSTF 174/321.
35
Apelação 966.461-1 RJTACRIM 40/54.
36
RT 773/691.
43
“Estupro vem de stuprum, que no direito romano equivalia a
qualquer congresso sexual indevido, compreendendo inclusive a
pederastia e o adultério. Não deixa de ser uma forma especial de
constrangimento ilegal, em que a tutela recai, principalmente, sobre
os costumes. Caracteriza-se o estupro, o mais grave dos atentados
contra a liberdade sexual, pela prática da conjunção carnal, é a
cópula sexual normal. Embora o objeto material seja o corpo da
vítima, o interesse tutelado é a liberdade sexual.
37
COSTA JR, Paulo José da, Curso de Direito Penal, 9º edição, Editora Saraiva, p 607.
44
vagínico. Poderá tratar-se do coito anal ou oral, do coito inter
femora, da masturbação, da apalpação de órgãos genitais, da
cópula entre os seios ou axilas, etc.
DO CONCURSO DE CRIMES
CONCURSO MATERIAL
38
COSTA JR, Paulo José, Curso de Direito Penal, 9º edição, Editora Saraiva, p. 610.
39
NUCCI, Guilherme de Souza, Manual de Direito Penal, 4º edição, Editora Revista dos Tribunais, p.
477.
45
todas as penas aplicadas ao condenado. A unificação embora não
deixe de ser uma soma, destina-se a afastar do total das penas
aplicadas ao condenado o tempo que supere o limite de trinta anos
para o cumprimento da pena de terminado pelo art. 75 do CP”40.
40
GRECO, Rogério, Curso de Direito Penal Parte Geral, volume 1, Editora Impetus, 2007, p 593.
46
(...) Que faz parte da administração da paróquia de
Santa Edwiges; que ao abrir o salão paroquial da
igreja, teve contato com a vítima chorando; que a
vítima afirmou para a testemunha que havia sido
estuprada; que a vítima foi socorrida por vários
populares que se encontravam na igreja (...).
DISPOSITIVO
Por derradeiro, e por tudo mais que dos autos consta, julgo
procedente em parte o pedido formulado pelo Órgão Acusador, para
condenar o réu V. A. C. C., como incurso nas penas previstas no
art. 157, “caput”, e 213 ambos, do Pergaminho Penal Brasileiro.
41
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Processo Penal. São Paulo, Editora Revista dos Tribunais, 2008, p. 84
47
Em razão disso passo a dosar de forma individual e isolada a
pena a ser aplicado a V. A. C. C., em estrita observância ao
disposto pelo artigo 68, caput, do CPB.
42
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Processo Penal. São Paulo, Editora Revista dos Tribunais, 2008, p. 84
48
CONSEQUÊNCIAS – Houve prejuízo material para a vítima,
pois não conseguiu reaver seus bens.
FIXAÇÃO DA PENA
49
PERSONALIDADE – Sua personalidade parece ser voltada
para o crime.
FIXAÇÃO DA PENA
50
Nego ao condenado o direito de recorrer em liberdade, pois na
certidão de antecedentes criminais, verifica-se que o acusado
está sendo processado em outros três feitos. Ademais, tem
decretado contra o mesmo prisão preventiva, não tendo, pois,
motivo para sua revogação.
Publique-se.
Registre-se.
Intime-se
51
SENTENÇA COM AS ALTERAÇÕES DA LEI Nº 12.015/09
AUTOS DE PROCESSO
ACUSADO: V. A. C. C.
EMENTA
52
RELATÓRIO
Vistos, etc.
53
Ao chegar naquele local, o acusado usando de violência
física e de grave ameaça, pois dizia portar uma escopeta,
determinou que retirasse sua calça comprida, passando a praticar
com a mesma conjunção carnal, bem como que a mesma
praticasse com ele sexo oral.
54
É de suma importância mencionar, que o acusado constituiu
advogado, seguindo os autos seu curso normal, folhas 94.
QUANTO A REVELIA
55
No campo Processual Penal a revelia jamais imporá ao
acusado qualquer efeito de presumirem-se verdadeiros aos fatos
articulados pelo Ministério Público, nem presunção de culpa.
44
OLIVEIRA, Eugênio Pacelli, Curso de Processo Penal, 7º edição, Editora Del Rey, p. 484.
45
NUCCI, Guilherme de Souza, Manual de Processo Penal, 2008, Editora Revista dos Tribunais, p. 643.
56
relação ao acusado, pugnando pela condenação do mesmo,
ratificando os termos da denúncia.
É o relatório.
DECIDO.
FUNDAMENTAÇÃO.
57
Uma vez narrado o fato na denúncia ou queixa, a
conseqüência jurídica que dele extrai o seu autor, o
MP ou a querelante, não vincula nem poderia
vincular o juiz da causa. “Narra-me o fato que te
46
darei o direito”.
46
OLIVEIRA, Eugênio Pacelli, Curso de processo Penal, Editora Del rey, 2007, p, 508.
58
A nova nomenclatura contempla um novo foco de proteção aos
bens jurídicos. Deixou-se para trás de voltar os olhos para os
costumes. A tônica para o legislador tem como foco e dignidade
sexual de todos, sejam homens ou mulheres de qualquer idade.
ROUBO
47
Ato libidinoso é todo aquele ato que venha a satisfazer a concupiscência ou a luxúria do agente.
Historicamente no Brasil eram delitos diversos, tratados em dois tipos diferentes do código penal. Num
aspecto objetivo, é todo aquele ato que atenta contra o pudor do médio, contrastante com o sentimento
normal de moralidade. Deverá ainda o ato, para ser tido como libidinoso, ter como motivação e
materialidade indecoroso, deve traduzir uma expansão de luxúria. Não há ato libidinoso em que o agente
não se volte para a libidinosidade. A libdinagem é o descompasso do apetite carnal, tanto do homem
quanto da mulher.
59
Art. 157: Subtrair coisa móvel alheia, para si ou
para outrem, mediante grave ameaça ou violência à
pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio,
reduzido a possibilidade de resistência.
48
COSTA JR, Paulo José, Curso de Direito Penal, 9° edição, Editora Saraiva, 2008, p.396.
49
NUCCI, Guilherme de Souza, Manual de Direito Penal, Parte Geral e Especial, 4º edição, Editora
Revista dos Tribunais, 2008, p.694.
60
por breve momento, fora da esfera de vigilância da
vítima.50
DO CONCURSO DE CRIMES
CONCURSO MATERIAL
50
MIRABETE, Julio Fabrini, Código Penal Interpretado, 6º edição, Editora Atlas, p.1351.
51
JSTF 174/321.
61
Para Nucci, Quando o agente mediante mais de uma ação ou
omissão, pratica dois ou mais crime deve ser punido pela soma das
penas privativas de liberdade em que haja incorrido, porque adota o
sistema da acumulação material nesse contexto. O concurso
material pode ser homogêneo (prática de crimes idênticos) ou
heterogêneo (prática de crimes diversos)52.
52
Apelação 966.461-1 RJTACRIM 40/54.
62
estava em construção; que houve realmente o
estupro em vista da penetração seguida de orgasmo
por parte do acusado; que a depoente viu o rosto do
acusado quando este abordou a vítima pela primeira
vez e quando estava praticando o ato sexual com
ela (...).
63
Essa conclusão decorre da análise e valoração dos
depoimentos colhidos na fase policial, perícia do instituto médico
legal, confrontados com a prova testemunhal coletada em juízo,
sobretudo pelas declarações consistentes e seguras prestada pela
vítima, pelas testemunhas, o que demonstra a existência de um
conjunto probatório coerente e harmônico entre si, sempre dentro
das balizas da ampla defesa e do contraditório.
DISPOSITIVO
Por derradeiro, e por tudo mais que dos autos consta, julgo
procedente em parte o pedido formulado pelo Órgão Acusador, para
condenar o réu V. A. C. C., como incurso nas penas previstas no
art. 157, “caput”, e 213 ambos, do Pergaminho Penal Brasileiro, já
com nova redação da Lei nº 12.015/09.
64
partes melhor verificação a respeito da obediência
aos princípios de aplicação da pena.
65
Analisadas as diretrizes do art. 59 e 68, ambos do Código
Penal Pátrio, e, utilizando-se o critério trifásico de aplicação da
pena, tem-se a seguinte pena base.
FIXAÇÃO DA PENA
66
60, “caput”, do CP, por inexistirem elementos para auferir a situação
econômica do réu.
67
Em vista do disposto no art. 33, § 2º, “a” do CPB, o acoimado
deverá iniciar o cumprimento da pena privativa de liberdade
anteriormente dosada em regime fechado.
Publique-se.
Registre-se.
Intime-se
Belém, 10 de abril de 2009.
68
DESPACHOS EM DECORRÊNCIA DA LEI Nº 12.015/09
69
Após vista a defesa para querendo produzir provas em
obediência ao contraditório e a ampla defesa.
Cumpra-se.
70
PARECER DO MINISTÉRIO PÚBLICO NOS AUTOS DO
PROCESSO QUE INICIARAM COM QUEIXA CRIME
MM. Juiz.
N. Termos
P. Deferimento.
Promotor de Justiça
71
REFERÊNCIAS
Contatos do autor
Elder Lisboa Ferreira da Costa
Email: elderlisboacosta@hotmail.com
72