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INTRODUÇÃO

A arquitectura começou quando a raça humana assumiu a agricultura como


uma actividade regular. Nessa altura havia a necessidade de as pessoas viverem em
locais fixos e de cultivarem a terra em vez de caçar e guardar rebanhos de maneira
nómada como os seus antepassados. Esta forma de vida emergiu em dois locais mais
ou menos em simultâneo, ao longo das margens do rio Nilo e através do Crescente
Fértil.
A arquitectura primitiva e as primeiras cidades situavam-se, por conseguinte,
nas regiões que conhecemos actualmente como o Egipto, Israel, o Iraque e o Irão.

O NASCIMENTO DA ARQUITECTURA

Com permanência fixa e dedicando-se à agricultura, os povos destas terras


antigas criaram as primeiras cidades e nessas cidades construíram casas definitivas,
santuários e depois templos e palácios. O que impulsionou a arquitectura e a
empurrou em direcção a uma grandiosidade tecnológica e artística, muito para além
das casas de habitação, foi um casamento proveitoso entre a riqueza e a ambição. Os
primeiros cidadãos em breve foram liderados por sacerdotes e monarcas. Poderíamos
dizer, se, se quisesse dar uma definição de arquitectura, que ela consiste na arte, na
técnica e na ciência que o homem tem para limitar ou envolver o espaço a fim de se
abrigar e a seus bens. O homem primitivo refugiava-se em grutas postas à sua
disposição pela própria natureza, mas estes abrigos não podem considerar-se
arquitectura por não terem sido feitos pelo homem. O envolvimento de um espaço
implica interior, exterior e passagens de um para o outro a que se chamam vãos ou
aberturas. Como dissemos acima a arquitectura é uma ciência e uma arte. O que
quer isto dizer?
É que ela serve um fim – o de abrigar envolvendo um certo espaço e utilizando
para tal os conhecimentos científicos de que dispõe, mas não se limita a isso: ela tem
também de originar sensações estéticas, o que faz dela uma arte. Aqui é necessário
esclarecer um outro ponto: ao fazer-se uma obra de arquitectura não se utiliza
primeiro a ciência para depois se aplicar a arte como um ornamento, mas também
não se pode fazer da arquitectura apenas uma bela forma como se, se tratasse de
uma enorme escultura, fazendo submeter os conhecimentos científicos e técnicos aos
caprichos dessa forma. O equilíbrio entre a arte e a ciência, que é o segredo da boa
arquitectura, torna-a simultaneamente funcional e bela de tal modo que dificilmente
distinguimos onde acaba um e começa a outra. Quando se constrói, fazemo-lo com
materiais. Estes variam não só de região para região, mas também através dos
tempos: o betão armado, o alumínio, o vidro de grandes dimensões são materiais só
recentemente descobertos e aplicados em arquitectura.

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PRÉ-HISTÓRIA

O homem moderno descende de criaturas que viveram em África há vários


milhões de anos. Por volta dessa altura, os nossos antepassados mais primitivos
tornaram-se bípedes, o que significa que passaram a ter uma posição vertical e a
caminhar sobre duas pernas em vez de quatro.

Seguiu-se um período muito lato, durante o qual esses humanos primitivos em


evolução, com um cérebro progressivamente maior, aprenderam a fazer utensílios de
pedra, a controlar o fogo a caçar, começaram a desenvolver o pensamento abstracto,
e foi então que desenvolveram a arte, a religião, entre outras coisas. Muito mais
tarde, começaram a criar gado e a dedicar-se a agricultura, em vez de caçarem ou
recolherem a comida de que precisavam. Estes primeiros agricultores cedo
começaram a reunir as suas casas, outrora provisórias, em aldeamentos fixos. Por
volta do 4º milénio a.C. , já tinham começado a manter registos escritos das suas
acções.
A este longo período de tempo até a invenção da escrita chama-se Pré-
história.

A pré-história divide-se em 2 idades ou períodos: idade da pedra e idade dos


metais, cada um subdividido noutros.

Idade da pedra: tempos em que o homem usou instrumentos, utensílios e


armas de pedra (machado, facas, punhais, etc.) trabalhados
com a ajuda de pedras mais duras. Compreende os 3 períodos
seguintes:

 Paleolítico ou idade da pedra lascada, em que o homem vivia quase só da


caça e da pesca; vivia em cavernas, desconhecia a agricultura, vestia-se
com pele dos animais, vindo depois a descobrir casualmente o fogo, com
que se aquecia no interior das cavernas e onde cozia os alimentos.
 Mesolítico: começa imediatamente após a idade do gelo e antes do
período neolítico tendo como características gerais os micrólitos (cada um

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dos cristais que constituem a pasta de certas rochas magmáticas) e a arte
rupestre.
 Neolítico: o homem principia a polir os instrumentos de pedra tosca de
que até ali se servia. Com arestas mais afiadas, começou a fabricar
melhores instrumentos, e assim domesticados alguns animais, principiou a
arar os campos, fazendo-se agricultor, e a fabricar utensílios de barro e a
tecer peças de vestuário. As primeiras cabanas surgem então, feitas com
vários materiais como pedra, madeira, ramos e folhas, peles e ossos de
animais, passando-se depois as palafitas (habitação lacustre geralmente
de madeira, assente em estacas em águas pouco profundas).

ARTE PRIMITIVA

Vénus de Willendorf, escultura pré-


histórica, símbolo da fertilidade

Os homens pré históricos deixaram uma grande variedade de formas de arte,


incluindo pintura rupestre, gravuras e esculturas. A pintura rupestre é talvez a mais
espantosa. Os primeiros artistas representavam principalmente grandes animais de
caça; as cores principais usadas pelos artistas eram o vermelho e o amarelo ocre,
feitas a partir de terra colorida, e o preto feito de manganês.

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Desenvolveram a escultura em que as mais antigas são pequenas estátuas de
mulheres, que representavam a fertilidade dos solos e da mulher como por exemplo
a Vénus neolítica.
Os seres humanos começaram também a fazer sepulturas especiais para os
mortos desde o paleolítico médio. O acto de enterrar os mortos é visto como uma
evolução humana porque significa que se acreditava na existência de uma alma ou
vida após a morte. Estes são conceitos complexos que ultrapassam as preocupações
da sobrevivência diária e sugerem o início da existência de crenças religiosas.
A forma como o corpo foi disposto era muito importante. Muitas sepulturas
continham potes, taças, jóias, armas roupa, comida e outros objectos, todos eles
provavelmente colocados na sepultura para ajudarem as pessoas na sua vida após a
morte.
A generalização da crença numa vida posterior a morte física, materializada
nas práticas funerárias, e preocupações de carácter religioso deu origem á
monumentos de pedra, denominados megalíticos (constituído por pedras muito
grandes). Os primeiros monumentos de pedra construídos eram dólmenes ou antas,
que consiste em pedras dispostas em forma de mesa gigantesca. Os dólmenes eram
geralmente túmulos colectivos.
Surgem também os menires, ou seja, monumento megalítico composto por
uma pedra grande e comprida, fixa verticalmente no solo; o conjunto de diversos
menires agrupados em um ou vários círculos ou elipse, tomam o nome de
cromeleque. Trata-se de monumentos associados ao culto dos astros e da natureza,
sendo considerados um local de rituais religiosos e de encontro tribal.

Stonehenge é uma notável construção megalítica situada em


Wiltshire, na Inglaterra

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A ARTE EGÍPCIA

As primeiras grandes civilizações floresceram quase ao mesmo tempo nas


zonas dos grandes rios: Nilo no Egipto e Tigre e Eufrates na Mesopotâmia. As
inundações sazonais destes grandes cursos de água vão depositando argilas ricas em
substâncias minerais e orgânicas, proporcionando fertilidade ao terreno. Nestas
zonas surgiram uma série de comunidades agrárias, ligadas ao ciclo da sementeira e
da colheita, que eram governadas por um poder central absoluto.

AS PIRÂMIDES

As grandes pirâmides do Egipto são os mais antigos monumentos sepulcrais dos


faraós e devem ser entendidas como expressão de uma arte funerária ligada ao
conceito de vida depois da morte física. O túmulo era um local de metamorfose, ou
seja, de transformação necessária para aceder à vida eterna. Os egípcios submetiam
os cadáveres a um complicado processo de mumificação que evitava a sua
decomposição. A múmia era depositada num sarcófago e, junto com os objectos do
defunto, colocada na câmara sepulcral no interior da pirâmide.

DA MASTABA À PIRÂMIDE

Os túmulos mais antigos, as mastabas, eram edifícios em forma de pirâmide


truncada, larga e baixa. Posteriormente, foram construídas algumas sobrepondo
diferentes mastabas de tamanho decrescente até formar uma pirâmide de degraus
como por exemplo a pirâmide de Djoser, em que a sua volta erguia-se um recinto
sagrado que incluía um templo, o pavilhão real, dois palácios, armazéns e outros
espaços reservados aos rituais de mumificação e sepultura. A câmara sepulcral era
construída debaixo da imensa mole (massa enorme) de pedra com o fim de a
proteger das intrusões de profanadores e ladrões.
A pirâmide de Arestas sucede, na hierarquia, a pirâmide escalonada ou
pirâmide de degraus. Caracteriza-se por ter uma base quadrada, as superfícies
laterais eram polidas e reflectiam toda a luz recebida, quer do Sol, quer da Lua.

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Pirâmide escalonada

Pirâmide de Arestas

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AS PIRÂMIDES DE GIZÉ

As pirâmides eram erguidas em vida dos faraós e exigiam quantidades


enormes de material, bem como o trabalho de milhares de escravos. Eram orientadas
segundo os pontos cardeais e a posição de algumas constelações. As pirâmides do
conjunto funerário de Gize foram construídas para os reis Quéops, Quéfren e
Miquerinos.
A pirâmide maior, dedicada a Quéops, é considerada uma das sete maravilhas
do mundo antigo. A esta seguem-se, pelas suas dimensões, os túmulos dos seus
sucessores, Quéfren e Miquerinos. Ainda no conjunto de Gizé podemos encontrar uma
enorme estátua de Quéfren, a Esfinge, e um conjunto de mastabas dos altos
funcionários do estado, formando uma autêntica cidade dos mortos (necrópole).
Nestas pirâmides, a câmara funerária era "escavada" no centro do volume e tinha
acesso por um longo corredor.
Mais tarde cai em desuso a construção de pirâmides e surgem os hipogeus
(escavação subterrânea onde os Egípcios depositavam os seus mortos) e os conjuntos
cerimoniais.

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OS TUMULOS DO VALE DAS RAINHAS

Na margem ocidental do rio Nilo, estende-se a grande necrópole de Tebas. Na


parte meridional da necrópole encontra-se o vale das Rainhas, onde foram
descobertos cerca de cem túmulos subterrâneos escavados na rocha. Os faraós
enterravam neles as suas esposas e seus familiares. Alguns túmulos estão decorados
com esplêndidas pinturas murais, entre as quais se destacam pela sua beleza as que
adornam o túmulo da rainha Nefertari.
As paredes escavadas na rocha eram cobertas com uma massa de argila e
branqueadas com gesso e água. Mais tarde, os desenhadores-pintores realizavam,
com ocres vermelhos, tanto as representações decorativas, sempre de tema sacro,
como hieróglifos, que eram textos de orações e invocações divinas.

OS TEMPLOS

Abandonando as grandes construções tumulares em forma de pirâmide que


caracterizaram a arquitectura da Monarquia Antiga, assistiu-se, durante as
Monarquias Média e Moderna ao desenvolvimento tipológico do templo.
O templo egípcio era um vasto conjunto de edificações, organizadas
axialmente e delimitadas por uma cerca. Uma avenida de acesso, geralmente
rodeada por esfinges, por onde se realizavam as grandes procissões festivas, conduzia
à fachada do templo. Esta era marcada por duas torres de forma tronco-piramidal,
junto às quais se erguiam altos obeliscos ou estátuas de faraós. Através da
monumental porta passava-se para um pátio porticado ou sala hípetera, de acesso
público. Seguia-se a Sala
Hipóstila, um espaço de grande
altura, cuja cobertura era
suportada por inúmeras colunas.
Era um espaço reservado aos
Sacerdotes. A partir daqui o espaço
torna-se simultaneamente mais
restrito e escuro, culminando no
santuário onde estava guardada a
estátua do deus denominado Naus
ou Cela.

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Os templos mostram-nos a sua evolução através da planta que apresentam.
Assim temos os de planta rectangular, os semi-escavados nas rochas e os escavados
nas rochas.
De entre os templos funerários construídos durante este período, destacam-se
os da raínha Hatchepsut em Deir-el-Bahari e os de Ramsés II em Abu Simbel. O
túmulo de Hatchepsut, parcialmente escavado na rocha, era formado por terraços
ascendentes, suportados por pórticos, aos quais se acedia através de longas rampas.

Templo semi-escavado da rainha Hatchepsut.

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Os dois templos de Ramsés II foram escavados na rocha e dotados de
monumentais fachadas esculpidas que ostentavam grandes estátuas do faraó.

Templo escavado Ramsés II

Colossal estátua do faraó Ramsés II

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As Habitações Egipcias

As habitações da elite e de outras classes sociais egípcias foram construídas


com materiais perecíveis, tais como tijolos barro e madeira e, consequentemente,
não sobreviveram ao tempo. Camponeses viviam em casas simples, enquanto os
palácios da elite eram estruturas mais elaboradas. Os poucos palácios sobreviventes
do Império Novo, como aqueles em Malkata e Amarna (nome de uma localidade que
funcionou como capital do Antigo Egipto), mostram paredes e pisos ricamente
decorados com cenas de pessoas, animais, sacerdotes e desenhos geométricos.
As habitações eram precárias e o mobiliário era muito escasso, limitando-se a
bancos, camas e arcas. O telhado é plano, funcionando como terraço, o local
preferido pelos seus ocupantos pela ventilação e visibilidade que proporcionava.
As casas dos mais ricos tinham grandes jardins e as paredes eram decoradas
com pinturas florais.

Urbanização no Egipto

São poucas as cidades egípcias que puderam ser desenterradas pelos


arqueólogos. Dentre elas podemos citar a vila dos trabalhadores em Deir el-Medina.
A aldeia dos trabalhadores de Deir el-Medina, uma comunidade encarregada de
construir os túmulos dos faraós no assim chamado Vale dos Reis. Possuia cerca de 70
casas, era cercada de muros e nela viveram os operários e sua famílias (1504 a 1492
a.C.).
O tipo característico de habitação adopta a forma de um rectângulo sobre o
comprido, no qual, numa das paredes, estava a porta de entrada principal. Por essa
porta passava-se a um espaço de entrada – com um elemento que os investigadores
identificaram como um possível altar elevado – que dava lugar a uma divisão, com
um ou dois pilares de madeira, o quarto de dormir e um corredor e, por fim, a

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cozinha, equipada com um forno de barro. Entre as duas últimas divisões, ficava a
escada de acesso ao terraço.

Nas proximidades da aldeia ficavam os túmulos dos próprios trabalhadores e


as capelas dos deuses locais. Normalmente os operários permaneciam trabalhando
por 10 dias no Vale dos Reis e passavam os dias de descanso e os feriadas das festas
religiosas na aldeia, junto com a família.

TELL ELL AMARNA, a cidade de ATON

A antiga cidade da Akhetaton, mais conhecida pelo nome de Tell Ell Amarna,
mandada construir pelo faraó Akhenaton em homenagem a Áton, o Deus Sol, erguia-
se num terreno plano e árido que se estendia pela margem oriental do Nilo,
adaptando-se à suave curva que o leito do rio desenha neste ponto. As primeiras
escavações arqueológicas permitiram identificar as ruinas do palácio real, do templo
principal e de casas particulares importantes.
Um dos edifícios mais interessantes da cidade é o templo dedicado ao culto
do novo Deus, que se consistia num recinto rectângular com quase 800 m de
comprimento e apenas 300 m de largura, que era delimitado por uma muralha
perimetral e onde se encontravam dois templos diferentes dentro do mesmo recinto.
Atrás do Pilones erguia-se uma sala hipóstila com 16 colunas que dava acesso
a 6 pátios descobertos, separados por sucessivos pilones intermédios, numa
sequência que terminava num segundo templo.

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MESOPOTÂMIA

Região do Médio Oriente situada entre-os-rios Tigre e Eufrates, na Ásia


Ocidental região corresponde à Síria e ao Sudeste da actual Turquia. O Sul, ou Baixa
Mesopotâmia, engloba o Iraque. Foi o berço das primeiras civilizações,
nomeadamente a civilização suméria e a babilónica.
Foram construídas importantes cidades, cuja capital foi a Babilónia, com um
extenso reportório arquitectónico e urbano – palácios, templos, obras de engenharia,
canais de regadio que permitiram o desenvolvimento da agricultura, assim como do
ponto de vista económico.
A partir do III milénio, os Sumérios construíram as suas cidades nos territórios
férteis da Mesopotâmia. Como a pedra, a madeira e os metais escasseavam, as casas
eram construídas com ladrilhos e argila cozida ao sol, material que abundava na
zona.

Touros alados do palácio de Corsabade, Assíria, século VIII

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ARQUITECTURA

A arquitectura suméria difere da arquitectura egípcia pelo exclusivo emprego de


tijolo, pois a região era muito pobre em pedra. Por outro lado as inundações
periódicas dos rios impuseram uma solução para os edifícios (as construções eram
todas erguidas sobre uma base). A fragilidade destes materiais exigiu: paredes
grossas, compactas, com poucas aberturas, de modo a poderem suportar o peso de
toda a construção. O mosaico protagonizou uma outra característica deste tipo de
arquitectura: sendo o adobe um material não resistente às águas e às intempéries, e
também de um acabamento pouco agradável, necessitava de revestimento exterior.
Para cumprir essa função, os mesopotâmicos utilizaram dois processos: a caiação
praticada em várias cores, e o mosaico (vidrado, colorido e em relevo) colocado
sobre a superfície exterior das paredes.
Das muitas estruturas arquitectónicas erguidas por esta civilização,
sobreviveram alguns sectores urbanos, um conjunto de necrópoles e de templos de
grande dimensão, chamados Zigurates.

ARQUITECTURA RELIGIOSA: TEMPLOS E ZIGURATS

Cada cidade-estado tinha o seu Deus, constituindo uma obrigação do seu rei,
enquanto representante terrestre desse deus protector, a construção de um local de
culto para sua veneração. Estes templos, que primitivamente eram pequenas
estruturas com forma oval, transformaram-se mais tarde em grandes edifícios,
construídos em tijolos de argila secos ao sol.
Com plantas regulares, de base quadrada ou rectangular, eram constituídos
por plataformas elevadas, que formavam torres, sobre as quais se erguiam os
santuários. A sua planta caracterizava-se por uma comprida sala, no topo da qual se
encontrava o altar onde se colocava a estátua do Deus e, na frente deste, a grande
mesa para as oferendas. Com o tempo, à volta desta sala foram surgindo pequenos
vãos que formavam compartimentos para alojamento de sacerdotes e para outras
funções anexas ao serviço religioso. A entrada do templo era tratada com relevância:
abertura larga e alta, e encimada por um arco pleno e ladeada de contrafortes em
forma de torre.
De entre estas construções destaca-se o Zigurate de Ur-Nammu, o rei
fundador da III dinastia de Ur, cerca de 2100 a. C. Formado por uma série de terraços

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sobrepostos (que de certa forma recordam as pirâmides em degraus da arte egípcia),
aos quais se acedia por rampas ou vastas escadarias, este templo apresenta paredes
maciças que são ritmadas por saliências e reforçadas por torres.

Dur-Untash, ou Choqa zanbil, construido no século XIII a.C. por Untash Napirisha, é
um dos zigurats melhor conservados. Está situado cerca de Susa, Irán.

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A ARQUITECTURA FUNERÁRIA: OS TÚMULOS – HIPOGEUS

Contrariamente aos templos que alcançaram um desenvolvimento tecno-


construtivo e formal, os túmulos Sumérios, geralmente enterrados e abobadados no
interior, são destituídos de importância em termos arquitectónicos, devido às
características da sua religião, isto é, acreditavam na sobrevivência da alma depois
da morte do corpo, mas imaginaram-na condenada a errar permanentemente num
mundo de trevas e gemidos, qualquer que tivesse sido o seu comportamento em vida.
Por isso os túmulos foram, salvo raríssimas excepções, construções negligenciadas
por estes povos.

ARQUITECTURA CIVIL: OS PALÁCIOS

O palácio do Rei e suas dependências foi, em cada cidade, motivo de orgulho


e símbolo de poder. Situados numa zona estratégica em relação ao conjunto da zona
urbana, os palácios eram rodeados de muralhas, constituindo, assim, uma fortaleza
dentro da fortaleza. À semelhança dos templos, os palácios erguiam-se sobre altas
plataformas de argila e pedra, mas apresentavam uma multiplicidade de aposentos e
salas compridas e estreitas que se desenvolviam em torno de pátios interiores para
onde davam todas as portas. O pátio maior, geralmente quadrado, abria-se na
sequência da porta principal da cidadela, e estava rodeado pelas dependências dos
servos e dos guardas. Mais no interior da cidadela, um outro pátio, habitualmente

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rectangular,
reunia à sua
volta os
aposentos
pessoais do rei,
a sala de
audiências,
escritórios e
serviços de
administração.
Outros pátios
menores
distribuíam-se por outras áreas do palácio: o das mulheres e dos sacerdotes.

Porta principal de Khorsabad

As habitações individuais do povo caracterizavam-se por simples cubos de


tijolos crus revestidos de barro. O telhado era plano e feito com troncos de palmeiras
e argila comprimida. Esse tipo de telhado tinha a desvantagem de deixar passar a
água nas chuvas mais torrenciais, mas em tempos secos eram usados como terraços.
As casas não tinham, janelas e à noite eram ilumindadas por lampiões de óleo
de gergelim. Os insetos eram abundantes nessas moradias.

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Embora os ricos se alimentassem melhor, e morassem em casas mais
confortáveis que os pobres, suas condições de higiene não eram mais adequadas.
Quando as epidemias se abatiam sobre as cidades a mortalidade era a mesma em
todos as classes.

1- antecâmara
2- pátio
3- escada
4- gabinete
5- cozinha
6- dispensa
7- sala de visitas 20
8,9- dormitório de escravos
AS CIDADES MESOPOTÂMICAS

As cidades sumerianas (2000 a.C.) já são relativamente grandes (100 ha) e


abrigam dezenas de milhares de habitantes. São circundadas por um muro e um
fosso. Que as defendem e que, pela primeira vez, excluem o ambiente aberto natural
do ambiente fechado da cidade.
Até meados do III milênio, as cidades da Mesopotâmia formam estados
independentes, que lutam entre si para repartir a planície irrigada pelos dois rios.
Estes conflitos limitam o desenvolvimento e só terminam quando o chefe de uma
cidade adquire tal poder que impõe seu domínio sobre toda a região.

Modelo de
uma cidade
sumeriana.
3000 -2000 a.C.

Plano esquemático da cidade


de Ur 4000 -2000 a.C.

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Babilônia

Babilônia foi a capital da antiga Suméria e Acádia, no sul da Mesopotâmia


(hoje no moderno Iraque, localiza-se a aproximadamente 80 km ao sul de Bagdá).O
nome (Babil ou Babilu em babilônico) significa "Porta de Deus", mas os judeus
afirmam que vem do Hebraico Antigo Babel ( ??? ), que significa "confusão". Essa
palavra semítica é uma tradução do sumério Kadmirra.

História
O Império da Babilónia, que teve um papel significativo na história da
Mesopotâmia, foi provavelmente fundado em 1950a.C. O povo babilônico era muito
avançado para a sua época, demonstrando grandes conhecimentos em arquitetura,
agricultura, astronomia e direito. Iniciou sua era de império sob o amorita
Hamurabi, por volta de 1730 a.C., e manteve-se assim por pouco mais de mil anos.
Hamurabi foi o primeiro rei conhecido a codificar leis, utilizando no caso, a
escrita cuneiforme, escrevendo suas leis em tábuas de barro cozido, o que preservou
muitos destes textos até ao presente. Daí, descobriu-se que a cultura babilônica
influenciou em muitos aspectos a cultura moderna, como a divisão do dia em 24
horas, da hora em 60 minutos e daí por diante.

De entre os seus soberanos, o mais famoso foi Hamurabi (1792 a 1750 a.C.). O
mais antigo e completo código de leis que a história registra foi de realização sua.
Hamurabi também nomeou governadores, unificou a língua, a religião e fundiu todos
os mitos populares em um único livro: a Epopéia de Marduk - que era lido em todas
as festas de seu reino. Também cercou sua capital, fortificando-a. Ele criou o Código
de Hamurabi, cujo em resumo as leis seguem um mesmo príncipio: Dente por dente,
olho por olho.

Veja algumas leis:

218-Se um médico fizer uma larga incisão com uma faca de operações e matar
o paciente, suas mãos deverão ser cortadas;
219-Se um médico fizer uma larga incisão no escravo de um homem livre, e
matá-lo, ele deverá substituir o escravo por outro;
221-Se um médico fizer curar um osso quebrado melável do corpo humano, o
paciente deverá pagar ao médico cinco shekels;

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229-Se um construtor construir uma casa para outrem, e não fizer a casa bem
feita, e se a casa cair e matar seu dono, então o construtor sera condenado à morte;
230-Se morrer o filho do dono da casa, o filho do construtor deverá ser
condenado a morte;
A expansão do Império se iniciou por volta de 1800 a.C., logo, o rei Hamurabi
unificou toda a região que ia da Assíria (no norte), à Caldéia (no sul). A partir dessa
unificação, surgiu o Primeiro Império Babilônico.

Nabucodonosor II, cujo reinado se estendeu de 605 a 562 a.C., reconstruiu a


capital como uma das maiores cidades da Antiguidade e foi, provavelmente, o
responsável pelos famosos jardins suspensos da Babilônia, dispostos de forma
engenhosa em terraços elevados, irrigados por canais provenientes do rio Eufrates.
A melhor visão do esplendor da arquitetura babilônica pode ser obtida através
da Porta de Ishtar (575 a.C.) uma luxuosa estrutura de tijolos esmaltados
reconstruída no Museu Staatliche, na antiga Berlim Oriental. Era a mais grandiosa das
8 portas que serviam de entrada para a Babilônia.

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Arquitetura da Babilónia

Entre os vales dos rios Tigre e Eufrates, localizam-se, ao longo de mais de


4.000 anos, culturas urbanas de vários povos que desenvolvem um intenso comércio e
sistemas de escrita que originam, após evolução de milênios, os atuais alfabetos
grego e latino. Aproximadamente a partir de 2.000 a.C., fixam-se os povos chamados
semitas, dos quais os mais importantes são os que fundaram a cidade da Babilônia e
os fenícios, no litoral mediterrâneo. A construção mais característica babilônia é o
zigurate, que é um templo construído no topo de uma torre de tijolos com acesso por
meio de uma rampa contínua, com a aparência de pisos cada vez menores (Torre de
Babel, da tradição bíblica).

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