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Centro de Educação, Comunicação e Artes

Departamento de Design
Curso de Design Gráfico

Rafael de castro Andrade

Sistematização de um método para produção de


infográficos com base no estudo de caso do jornal
Folha de São Paulo

Orientador: Prof. Renato Macri

Londrina
2008
Rafael de castro Andrade

Sistematização de um método para produção de


infográficos com base no estudo de caso do jornal
Folha de São Paulo

Trabalho Acadêmico de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Graduação em
Design Gráfico da Universidade Estadual de
Londrina, como requisito parcial à obtenção
do título de Bacharel.

Orientador: Prof. Renato Macri

Londrina
2008
Rafael de castro Andrade

Sistematização de um método para produção de


infográficos com base no estudo de caso do jornal
Folha de São Paulo

Trabalho Acadêmico de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Graduação em
Design Gráfico da Universidade Estadual de
Londrina, como requisito parcial à obtenção
do título de Bacharel.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________________
Prof.ª Drª. Rosane Martins
Universidade Estadual de Londrina

_________________________________________________________
Prof.ª Ms. Vanessa Tavares de Barros
Universidade Estadual de Londrina

_________________________________________________________
Prof. Renato Macri
Universidade Estadual de Londrina

Londrina,____de______________de 2008.
Dedicatória e Agradecimentos

Este texto é algo que pensei desde o primeiro instante em que comecei este
trabalho, mas seria impossível prever todas as boas coisas que acabaram acontecendo
para que este trabalho fosse concluído.

Gostaria de agradecer primeiramente aos meus pais, Valter e Cida, pela dedicação,
esforço e sacrifício, para que seus filhos tivessem bons estudos e soubessem além de
tudo serem honestos, humildes, compreensivos, independentes e questionadores, enfim
serem cidadãos conscientes e boas pessoas. E com orgulho digo que o sacrifício foi válido,
e concluo esta etapa da minha vida dedicando a eles esta obra.

Ao meu irmão Felipe, ao meu primo Thiago e a quase centenária Conceição,


minha vó.

Durante minha vida acadêmica, tive muitos mestres, mas poucos ensinaram com
dedicação e paixão como Ms. Yuri Walter quando me acolheu em seu projeto de pesquisa
e me incentivou a descobrir a importância de se produzir conhecimento científico
na graduação, mesmo em um curso que tem um caráter tão prático, ao mestre muito
obrigado.

Agradeço também a Gregório Romero, grande designer e ilustrador, que conheci


no projeto de pesquisa, acompanhando o desenvolvimento de seu trabalho de conclusão
de curso também sobre infografia, o que me motivou a realizar este trabalho. Gostaria
de agradecer também a todo pessoal que estudou comigo na UNOPAR, obrigado, vocês
foram fundamentais para minha formação.

Meus agradecimentos especiais para a Ms. Ana Luiza, que me acompanha desde
os primeiros anos de graduação, época em que lecionava na UNOPAR, obrigado pelo apoio
e pela colaboração, grande parte deste trabalho só foi possível graças a você.
E o mundo com certeza seria bem melhor se tivessemos mais pessoas como
Marcelo Pliger, designer, infografista e ótimo palestrante reserva. Obrigado por ter sido tão
acessível, ao responder os vários e-mails que mandei e me receber na Folha, colaborando
para este trabalho ser realizado.

Agradeço também aos calouros da turma de 2006, por aceitarem a colaborar


utilizando o método proposto pelo trabalho de forma tão espontânea.

Ao meu orientador o professor Renato Macri, e principalmente aos meus colegas


de sala da UEL os quais considero uma família, obrigado por estes 2 últimos anos, vocês
realmente mudaram minha vida e me fizeram entender o real valor de estar em uma
universidade, com certeza são pessoas que pretendo guardar para sempre.

E reservei este último parágrafo para agradecer a pessoa que tornou tudo isto
possível (além dos meus progenitores, é claro) Nayara Pereira Duarte, minha companheira,
que compreendeu as madrugadas em claro, que ajudou a revisar os erros de português,
que deu as idéiais, que esclareceu minhas dúvidas, que foi ouvido e ombro quando era
necessário refletir, obrigado pela dedicação, carinho e compreensão.

E para todos que contribuíram de alguma forma para este trabalho, meus sinceros
agradecimentos.

Este trabalho tem como objetivo maior, retornar à sociedade uma parcela
do que foi dedicado a mim nestes anos de universidade e ensino público, que mesmo
poucos, foram plausíveis para se ter consiência de como é tratado o ensino em nosso
país atualmente, e quão carente é a nossa área em produção científica. Este trabalho é
um questionamento, uma provocação para que se discuta o tema e espero que sirva de
fomento para a discusão da infografia e que outros alunos possam se apoiar nele para
dar continuidade ou refutá-lo mas que não sejam indiferentes em relação a discussão
levantada.
“O Conhecimento pelo conhecimento” - Eis
a última armadilha colocada pela moral:
é assim que mais uma vez nos enredamos
inteiramente dela.

Friedrich Nietzsche
ANDRADE, Rafael Castro. Sistematização de um método para a produção de infográ-
ficos com base no estudo de caso do jornal Folha de São Paulo. 2008. 103 fls. Traba-
lho de Conclusão de Curso (Graduação em Design Gráfico) – Centro de Educação Comu-
nicação e Artes, Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2008.

RESUMO

A infografia é uma área recente, tanto que o próprio termo ainda é discutido por seus
profissionais, e por isso carente de literatura específica em português, que aborde de ma-
neira direta o modo de produção de infográficos. A relevância do tema no país é notável,
principalmente nos meios de comunicação de massa, em especial revistas e jornais, nos
quais a infografia atua como elemento atrativo e revitalizador. Este trabalho consiste em
sistematizar um método para a confecção de infográficos e se utiliza da experiência do
modo de produção do jornal Folha de São Paulo, um jornal de grande circulação nacional
que têm a infografia como diferencial em seu projeto editorial. Por meio de um estudo de
caso feito em sua redação, confrontado com a análise dos infográficos premiados e litera-
tura específica.

Palavras-chave: Infografia. Folha de São Paulo. Método, Jornal.


ANDRADE, Rafael Castro. Systematization of a method to make infographics based on
case study of Folha de Sao Paulo newspaper. 2008. 103 fls. Trabalho de Conclusão de
Curso (Graduação em Design Gráfico) – Centro de Educação Comunicação e Artes, Uni-
versidade Estadual de Londrina, Londrina, 2008.

Abstract

Infographis is a new area, so the terminology still debated by its professionals, and so lacking
in Portuguese literature, that direct way of addressing the mode of production of infogra-
phics. The relevance of this issue in the country is remarkable, especially in the mass media,
especially magazines and newspapers, where the infographics serves as an attraction and
revitalization. This work consists of a systematic method to make infographics and if you
use the experience of the mode of production of the newspaper Folha de Sao Paulo, a major
newspaper of national circulation that have the infographics as differential in its editorial
project. Through a case study done in his writing, faced with the analysis of winners infogra-
phics and literature.

Keywords: Infographics. Folha de São Paulo. Method, Newspaper.


Lista de Figuras

Figura 1 - Decalque da pintura rupestre da Gruta de Altamira. 23

Figura 2 - Seção do Livro dos Mortos do Papiro de Hunefer. 24

Figura 3 - Estudo sobre o desenvolvimento dos embriões humanos, Leonardo Da 24


Vinci.

Figura 4 - Gráfico de barras sobre a corrida presidencial das eleições dos Estados 26
Unidos em 2008: utilizado quando há a necessidade de comparações
entre dados estatísticos completos.

Figura 5 - Gráfico Pizza: utilizado quando há a necessidade de indicar divisão de 26


partes e proporções.

Figura 6 - Gráfico Linear, utilizado quando é necessário se cruzar informações de 29


tempo e dados numéricos, como valores por exemplo.

Figura 7 - Mapa da cidade de Mendonza (Argentina): necessários quando se 28


deseja indicar um local físico.

Figura 8 - Tabela sobre a capacidade de cartões de máquinas fotográficas digitais: 29


Utilizadas para comparação rápida de informações.

Figura 9 - Diagramas descrevendo os principais movimentos de Design: Utilizados 30


para disposição de conceitos, processos e raciocínios.

Figura 10 - Linhas mais finas na segunda imagem colaboram interferindo menos na 31


imagem se comparada a primeira imagem.

Figura 11 - O infográfico estabelece relações de altura de cada estado com a 32


quantidade de hipotecas em cada estado para fornecer paralelos que
permitem ter uma noção maior da quantidade.

Figura 12 - Infográfico “Total Lunar Eclipse” sobre o eclipse lunar. 33

Figura 13 - O gráfico de Minard, mostra a baixa do exército de Napoleão. 34


Figura 14 - Anatomia de um acidente. 36

Figura 15 - Mapa de varetas, ilhas Marshall. 37

Figura 16 - Como o vírus SARS se propagou. 39

Figura 17 - Padrão do sistema de semáforos brasileiros 40

Figura 18 - Diagrama da Decisão. Are Reward Cards for you? 42

Figura 19 - Infográfico “Rio de bens que chega pelo porto”: a informação é melhor 43
assimilada com a total integração dos elementos do infográfico.

Figura 20 - Paleta de Cores e seus grupos de uso: Esquemas, gráficos, mapas e 52


outros usos.

Figura 21 - Cores para gráficos: Temas subdivididos entre as áreas de economia, 53


estatística e esportes.

Figura 22 - Elementos gráficos: Ícones, balões e especificações quanto ao seu uso. 54

Figura 23 - Linhas: como utilizar linha e qual sua espessura definida para gráficos 55
estatísticos.

Figura 24 - Fluxo de Trabalho da Infografia na Folha de São Paulo 58

Figura 25 - Detalhe do computador com a tela do software Freehand em execução 62


no momento da produção de um infográfico.

Figura 26 - Bancada de trabalho da equipe de Infografia na redação da Folha. 62

Figura 27 - Infográfico “Matemática da Campanha” sobre a disputa Presidencial da 65


Casa Branca..

Figura 28 - Infográfico “São Silvestre” sobre a corrida de São Silvestre. 66

Figura 29 - Infográfico “Tragédia em Congonhas” sobre o acidente do avião Airbus 67


A320 da Tam.
Figura 30 - Detalhe do Infográfico “São Silvestre”. 75

Figura 31 - Detalhe dos elementos visuais com redundância através da cor. 77

Figura 32 - Detalhe da relação de proximidade, dimensão e agrupamento. 77

Figura 33 - Infográfico produzido a partir do método piloto, para utilização no 81


exercício.
Sumário

1. Introdução 15

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 22

2.1 A Necessidade da Explicação e o Surgimento da Infografia 22

2.2 Método de Tufte 30

2.2.1 A Importância dos Detalhes 31


2.2.2 Paralelismo 32
2.2.3 Múltiplos no Tempo e Espaço 33
2.2.4 Causalidade 34

2.3 Método de Rajamanickam 34

2.3.1 Organizar 36
2.3.2 Tornar Visível 37
2.3.3 Definir o Contexto 38
2.3.4 Simplificar 38
2.3.5 Redundância 40
2.3.6 Mostrar Causa e Efeito 41
2.3.7 Comparar e Diferenciar 41
2.3.8 Criar Dimensões Múltiplas 42
2.3.9 Integrar 42

2.4 Infografia Jornalística 44

3. Metodologia da Pesquisa 46

3.1 Estudo de Caso: A produção de infográficos na Folha de São Paulo 46

3.1.1 Planejamento 48

3.1.1.1 Hipóteses do estudo de caso 48


3.1.1.2 A Folha de São Paulo 48
3.1.1.3 Contatos para o trabalho de campo 50
3.1.2 Estudo Piloto 50

3.1.3 Coleta de Dados 50

3.1.3.1 Documentação 51
3.1.3.2 Entrevista em Profundidade 55
3.1.3.3 Observação Direta 60
3.1.3.4 Artefatos 63

3.1.4 Análise da Informação e Relatório 67

3.2 A Elaboração de um Método Piloto 70

3.2.1 Foco ou recorte 70


3.2.2 Definição do Público Alvo 71
3.2.3 Coleta de Informações 72
3.2.4 Análise da Informação 73
3.2.5 Hierarquização da Informação 74
3.2.6 Fornecer Parâmetros 74
3.2.7 Objetividade da linguagem utilizada na peça 75
3.2.8 Princípios da Sintaxe Visual 76

3.3 O exercício de aplicação 78

3.3.1 Metodologia para aplicação do exercício 78


3.3.2 Análise dos Resultados 79

4. Resultados 82

4.1 O método para produção de Infográficos 82

5. Conclusão 88

REFERÊNCIAS 93

ApêndiceS 94

Apêndice A - Níveis de percepção da informação em um infográfico. 95


Anexos 98

Anexo A - Infográfico “11 de Setembro” produzido por Ariadne 99


Maestrello.
Anexo B - Infográfico “O que é Cafeína” produzido por Aretha Otsuka. 100
Anexo C - Infográfico “Como Miguelar o Bira” produzido por Pietro Luigi. 101
Anexo D - Infográfico “O Mistério do Sono” produzido por Núbia Aguiar. 102
Anexo E - Infográfico “O Dragão Chinês” produzido por Gustavo Abe. 103

Anexo F - Infográfico “Hierarquia dos Escrúpulos: Comunicação Visual” 104


produzido por Vinícius Ferreira Mendes.
Anexo G - Infográfico “Os 3 Lados do Mistério” produzido por Glauber 105
Pessusqui.
Anexo H - Infográfico “Burnout” produzido por Lívia Shimamura. 106
ANexo I - Infográfico “Ações: Como Começar a Investir” produzido por 107
Adriana Ferreira.
15
1.Introdução

A infografia é um modo de transmitir mensagens com muitas informações por


meio de imagens e palavras, que em conjunto têm o objetivo de esclarecer conteúdos
complexos.

Em um manual de montagem, ou em instruções de como abrir uma embalagem e


até em uma representação gráfica explicativa sobre como se forma uma galáxia nas pági-
nas de uma revista, têm-se a infografia atuando como código entre o emissor e o receptor
da mensagem.

Pode se ainda considerar a infografia como um esquema mental representado


graficamente. Por exemplo, a explicação de um acontecimento descrito apenas com pa-
lavras se torna muito mais concreta e compreensível quando se fornece elementos visu-
ais para que o receptor desta mensagem possa estabelecer parâmetros e enriquecer seu
repertório visual, de forma que alimente o seu processo cognitivo e assim interpretar e
compreender de uma melhor forma a mensagem.

Com a intenção de explicar um fato, acontecimento ou processo a infografia se


utiliza de uma combinação de fotografias, ilustrações e textos para produzir uma peça
gráfica (estática, animada ou interativa) potencializando a compreensão da informação
de maneira clara, eficiente e dinâmica.

Em meados da década de 80 a infografia se popularizou no meio jornalístico com


o jornal USA Today, o primeiro no mundo de fato a introduzir e utilizar a infografia como
recurso de apoio às suas matérias.

No Brasil, a Folha de São Paulo foi o primeiro jornal a dar espaço para a infografia
em sua redação. Atualmente é um dos principais expoentes da infografia jornalística no
país tendo em seu currículo medalhas do Prêmio MALOFIEJ, uma das premiações mais
importantes para infografia no mundo.
16
A Folha de São Paulo conta com uma equipe de profissionais em sua editoria de
arte, que além de ser responsável por toda estética do jornal, também produz infográfi-
cos, sendo que alguns se dedicam exclusivamente a produção destas peças gráficas. Esta
característica se tornou parte da imagem do jornal. O projeto gráfico, conciso e agradável,
ressalta conceitos da identidade corporativa do jornal como credibilidade e contempo-
raneidade, com tipografias exclusivas e outros elementos que reafirmam a preocupação
com o Design Gráfico, um dos responsáveis por tornar o jornal uma referência mundial.

Atualmente existem diversas formas de acesso à informação. A difusão dos meios


de comunicação digitais e o advento da internet propiciaram um ambiente que favorece
o acesso a todo tipo da mesma. Por conseqüência, o volume produzido aumenta de forma
descontrolada e tornando-a cada vez mais efêmera e inconsistente. Diante desse cenário
ameaçador, o jornal impresso, que por décadas assumiu o papel de principal veículo de
informação de massa, tenta sobreviver.

Para os jornais impressos, de processo de produção de alto custo, distribuição


complicada e descarte descontrolado, ter que enfrentar os modelos online, de baixo custo
de produção, publicação instantânea e acesso facilitado é uma tarefa delicada e difícil,
bem como manter o seu público fiel ao modelo proposto.

Os jornais impressos ao verem seus números de vendas decaírem e sua circula-


ção se restringir tiveram que adaptar seus estilos operacionais às realidades do computa-
dor, enfrentando a concorrência de um número cada vez maior de provedores eletrônicos
de informação. Com isto, tornou-se notável o número de jornais impressos que aderiram
ao modelo online para sobreviver no mercado.

Em tese, os jornais online se adequam melhor ao modo de vida contemporâneo.


Em meados da década de 90, início da revolução da informática e das mídias digitais,
Wurman (1991) afirmou que as pessoas estão expostas a um volume cada vez maior de
informação e com menos tempo para absorvê-las, o que causa uma angústia, chamada
pelo autor de ansiedade de informação. Os jornais online ao entregar essa informação ao
leitor de forma instantânea e sintética oferece um “alívio” a essa ansiedade. Em contra-
ponto, a qualidade da informação fornecida é comprometida, uma vez que estes em sua
maioria gratuitos, se apóiam em maneiras não tão confiáveis de manter seus custos.
17
Para alguns autores, no entanto, com a evolução natural dos meios de comunica-
ção tal situação tende a se agravar culminando com o fim do jornal impresso, como afir-
ma Meyer (2004). O autor ainda conclui que por volta de 2040 já não haverá mais jornais
impressos, sendo estes inteiramente substituídos por meios digitais com jornalismo de
qualidade.

Porém o que pode se observar é que o jornalismo impresso servirá como suporte
aos meios digitais, já que o meio impresso possui características como maior profundida-
de no assunto tratado, hierarquização da informação apresentada, comentários e inter-
pretações pertinentes e credibilidade da informação.

A mesma evolução tecnológica que colocou o jornalismo impresso em crise pos-


sibilitou o desenvolvimento e avanço do mesmo, os jornais passaram da edição impressa
em preto para a edição em cores, dos sistemas manuais para a informatização, e da publi-
cidade padronizada para novos e atraentes anúncios.

Hoje, a maioria dos jornais brasileiros conta com modernos equipamentos de


pré-impressão e impressão e sofisticados recursos de programação visual dos quais a
infografia se beneficia, principalmente com o surgimento de novos softwares, sistemas de
redes e computadores.

O surgimento dessas novas tecnologias de produção relacionado ao crescimento


da demanda determinaram algumas condições fundamentais para o trabalho dos profis-
sionais nas redações, sejam de revistas ou jornais: desenvolverem seus próprios méto-
dos de trabalho. Métodos estes que podem ter alguma referência acadêmica mas que, na
maioria dos casos, são empíricos.

Além da estética, a própria forma de lidar com a informação e organizá-la em um


infográfico é algo muito particular. Esses métodos muitas vezes são tão intrínsecos do
dia-a-dia da redação que chegam a passar despercebidos pelos próprios profissionais.
18
Este cenário evidencia a oportunidade e necessidade de um material que se uti-
lize desse conhecimento tácito dos profissionais da redação dos grandes jornais para
documentar e expor a riqueza destes métodos, uma vez que, por se tratar de uma área
recente, a infografia sofre com a escassez de material mais específico.

Este trabalho busca investigar o método de produção de infográficos utilizado


na Folha de São Paulo, dada a abertura e a relevância do jornal, uma mídia de massa, im-
pressa e de circulação nacional, visando sistematizar e capturar a essência do modo de
trabalho para a elaboração de um método embasado nos dados obtidos no estudo de caso
e na literatura específica

O Problema

Diante da carência de publicações técnicas nacionais sobre infografia, observou-


se a necessidade de um material que dê suporte aos profissionais e estudantes expondo
a infografia de uma maneira mais objetiva e elucidativa.

Objetivo Geral

Sistematizar um método que sirva de referência para a produção de infográfi-


cos.
19
Objetivos Específicos

• Contextualizar a infografia aplicada no escopo do jornal impresso expondo


suas características, peculiaridades e aplicações;

• Apresentar uma realidade com base no estudo de caso realizado sobre a info-
grafia na Folha de São Paulo;

• Observar in loco o modo de produção de infográficos na redação do jornal e


entrevistar um profissional da equipe de infografia que lida com a criação e
desenvolvimento, como etapas da coleta de dados do estudo de caso;

• Realizar análises por meio de observação de dois infográficos premiados da


Folha para verificar o modo de produção;

• Com base no teor dos estudos realizados, propor um método para a produção
de infográficos.

Justificativa

Por ser uma área relativamente nova, nota-se a necessidade de contextualizar o


que é infografia para que haja uma compreensão dos seus objetivos e definir qual a sua
práxis sob a ótica do jornal, dada sua relevância neste meio.

Infográficos servem de apoio aos textos corridos oferecendo uma possibilidade


de diferencial na diagramação ou até mesmo uma abordagem mais ampla da redação do
texto, já que o infográfico assume a função de citar os assuntos mais específicos e rele-
vantes da matéria.

Assim como o rádio não deixou de existir com o surgimento da televisão, apenas
assumiu outro papel, o jornal impresso deve assumir novas formas e nuances antes inex-
ploradas para continuar a existir. A infografia surge como uma importante ferramenta de
revitalização do jornal impresso atraindo o leitor com novos recursos visuais funcionan-
do como um diferencial, dada a sua riqueza informacional e seu dinamismo.
20
O trabalho realizado apóia-se na solidez do método de trabalho do jornal Folha
de São Paulo. Os infográficos produzidos por sua equipe possuem características espe-
cíficas em conseqüência da velocidade de produção que o jornal demanda, seu modo de
produzir infográficos lhes renderam alguns prêmios internacionais na área.

A apuração da realidade de trabalho na redação da Folha se deu por meio de um


estudo de caso que se utiliza, entre outros meios, da observação de campo da redação,
para constatação de aspectos gerais do modo de produção, e entrevista com um info-
grafista da equipe, para apuração de detalhes das etapas do processo de produção. Este
estudo de caso tem por fim formar um juizo de valor em relação ao método de produção
utilizado no jornal.

Em um segundo momento infográficos premiados, foram analisados a fim de le-


vantar evidências que confrontadas com estudo de caso e a literatura específica tornarão
compreensível o modo de produção de infográficos no jornal, este por sua vez tem a fi-
nalidade de fornecer subsídios para a sistematização de um método para a produção de
infográficos.

Este trabalho se apóia em uma situação real para transpor um conhecimento que
é de grande valia para o meio acadêmico, carente de literatura, que comente de forma
objetiva e consistente o processo de produção de infográficos. Dessa maneira o trabalho
visa disseminar o estudo da infografia para a comunidade acadêmica ao sugerir um mé-
todo para a produção de infográficos, discorrido fundamentalmente em forma de texto.
21
Hipóteses

Para Goode e Hatt (1969) apud Gil (1999) hipóteses são proposições que podem
ser colocadas à prova para determinar sua validade.

Na formulação do trabalho apresenta-se as seguintes hipóteses gerais:

• O modo de produção da Folha pode ser sistematizado em um método;

• O método de produção da Folha não é inteiramente restrito ao jornal e possui


características aplicáveis a outros suportes;
22
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 A Necessidade da Explicação e o Surgimento da Infografia

Uma das principais características da sociedade humana é a capacidade que seus


indivíduos têm de estabelecer relações entre si. Um dos principais canais para isto é a
fala, que desde seu surgimento deu ao homem a possibilidade de transmitir experiências
aos seus semelhantes e de aumentar suas formas de aprendizado com as experiências
dos outros.

Em um primeiro momento este fato é fundamental para sua sobrevivência e


para que ele saia da sua condição de nômade, subjugado pela natureza, para ser capaz de
compreendê-la e modificá-la a seu próprio benefício. Em paralelo, esta evolução também
propiciou a criação de estruturas complexas de sociedade, baseadas na fala e no conheci-
mento acumulado por cada indivíduo durante sua vida.

Porém, este acúmulo de conhecimento e experiências adquiridos durante a vida


se esvaíam com a morte do indivíduo. Mesmo que esta informação fosse passada verbal-
mente para seus descendentes, ela acabava por se distorcer e perdia sua principal função.
Neste ponto surge a necessidade de serem passadas mensagens para posteriores sem ser
obrigatória a presença do emissor da mesma.

Então surgem as pinturas rupestres (Figura 1), representações icônicas da rea-


lidade do homem das cavernas, esboçando uma necessidade de comunicação que preci-
sava ser materializada, supondo por exemplo que essa pintura representasse um animal
que poderia ser caçado mais facilmente e de que modo ele poderia conseguir caçar esse
animal.
23

Figura 1.Decalque da pintura rupestre da Gruta de Altamira.


Fonte: Museo Arqueológico Nacional de España, 2008.

Estas representações evoluíram e culminaram com o surgimento da escrita.

A história começa com a invenção da escrita, não pela razão banal fre-
quentemente sugerida de que a escrita nos permite reconstituir o passa-
do, mas pela razão mais pertinente de que o mundo não é percebido como
um processo, “historicamente”, a não ser que alguém dê a entender isso
por meio da escrita (FLUSSER, 2007, p. 139-140)

Entretanto, a escrita é um código generalista, já que é baseado na representação


visual de fonemas, enquanto a representação icônica da realidade ao se propor repre-
sentar determinada situação se torna mais eficiente na transmissão de uma mensagem
muito específica.

Porém este tipo de mensagem precisa ser contextualizada de forma generalista


para que possa ser compreendida, principalmente quando se deseja transmitir uma men-
sagem complexa. Este paradoxo levou a humanidade a seguinte solução: mesclar suas
formas de transmissão de mensagem, aliando suas formas de representação, para uma
comunicação mais eficiente.

Este breve apanhado demonstra como as complexas representações visuais de


rituais egípcios em papiros (Figura 2), ou manuscritos de Leonardo da Vinci (Figura 3),
podem ser consideradas exemplos claros de infográficos, mesmo que esta nomenclatura
só tenha surgido no final do século XX.
24

Figura 2.Seção do Livro dos Mortos do Papiro de Hunefer.


Fonte: The British Museum, Inglaterra.

Figura 3.Estudo sobre o desenvolvimento dos embriões humanos, Leonardo Da Vinci.


Fonte: Biblioteca Real do Castelo de Windsor, Inglaterra.
25
Estas representações visuais de caráter informacional, também chamadas de In-
fografias 1, aliam texto e imagem (fotografia e/ou ilustração) para revelar o desconhecido
e explicar o complexo, de maneira simples, sintética e com foco no receptor da mensa-
gem.

Segundo Rajamanickam (2005) o ato de produzir um infográfico consiste em


construir representações visuais contendo informações sem simplesmente traduzir tex-
tos para imagens. O infográfico deve contar uma história e para isso é necessário filtrar
a informação, estabelecer relações entre o conteúdo e as imagens, diferenciar padrões e
representar as informações de uma maneira compreensível para o público alvo.

De acordo com Leturia (1998) apud Rajamanickam (2005) os infográficos po-


dem sedividir em 4 categorias: gráficos, mapas, tabelas e diagramas.

a) Gráficos - As principais características de um gráfico são utilizar áreas, pon-


tos e linhas para fornecer uma visão geral de dados estatísticos. Tufte (2001)
afirma que os gráficos devem tornar dados estatísticos em informações claras,
consistentes e precisas utilizando-se de pouco espaço e muitos dados, para o
autor estas especificações ajudam o leitor a estabelecer suas relações e perce-
ber diferenças, mesmo que sutis, entre os dados. Os exemplos a seguir (Figura
4 a Figura 6) são os mais comuns, mas existem outros tipos de gráficos que
variam conforme a necessidade do seu uso;

1 Segundo Curtis (1991) o termo tem origem na aglutinação de informational e graphics, do inglês infor-
mação e gráficos, já o dicionário Houaiss da Língua Portuguesa apresenta a seguinte definição:
Apresentação de informações com preponderância de elementos gráfico-visuais (fotografia, desenho,
diagrama estatístico etc.) integrados em textos sintéticos e dados numéricos, ger. utilizada em jornalis-
mo como complemento ou síntese ilustrativa de uma notícia.
26

Obama
1.588 Hillary
Delegados
1.419
Delegados

255 264
Super Super
delegados delegados

Figura 4. Gráfico de barras sobre a corrida presidencial das eleições dos Estados Unidos em
2008: Utilizado quando há a necessidade de comparações entre dados estatísticos completos.
Fonte: Folha de São Paulo, 2008.

Figura 5. Gráfico Pizza: utilizado quando há a necessidade de indicar divisão de partes e


proporções.
Fonte: Kzero.
27

Figura 6. Gráfico Linear, utilizado quando é necessário se cruzar informações de tempo e dados
numéricos, como valores por exemplo.
Fonte: Haisam.

b) Mapas - Os mapas (Figura 7) são representações bidimensionais de um espa-


ço tridimensional planificado, que servem como instrumentos de localização,
situando determinado local físico, em um mapa, elementos como escala e posi-
ções relativas de elementos são essenciais para sua principal função, situar
geograficamente;
28

Figura 7. Mapa da cidade de Mendonza - Argentina: necessários quando se deseja indicar um


local físico.
Fonte: Website da cidade de Mendonza
29
c) Tabelas - As tabelas (Figura 8) são representações matriciais (dados dis-
postos em colunas e linhas) com a finalidade de apresentar informações ra-
pidamente, possibilitando um cruzamento posterior de dados, as principais
vantagens da utilização da tabela é sua capacidade de organizar muitos da-
dos em pouco espaço, levando em conta que para ter efeito na comunica-
ção a tabela deve ser organizada de forma visualmente eficiente, com espa-
çamentos entre os dados e títulos, para que estes não sejam confundidos;

Figura 8.Tabela sobre a capacidade de cartões de máquinas fotográficas digitais: Utilizadas para
comparação rápida de informações.
Fonte: Pentax, 2006.

d) Diagramas - Os diagramas (Figura 9) são representações visuais estruturadas


de conceitos, processos e raciocínios. Para mostrar essas informações são uti-
lizados elementos gráficos como, setas, caixas e etc indicando e representando
fluxos de informações. Sua principal vantagem é sua capacidade de síntese e
organização de algo complexo como o pensamento humano, fornecendo parâ-
metros para acompanhar e estruturar o entendimento em relação ao assunto
abordado.
30

Figura 9. Diagramas descrevendo os principais movimentos de Design: Utilizados para


disposição de conceitos, processos e raciocínios.
Fonte: MALOFIEJ, 2007.

2.2 Método de Tufte

Para Tufte (1997) infográficos são representações gráficas narrativas, que se uti-
lizam de dimensões de informação representadas visualmente para contar uma história,
uma vez que as informações realmente interessantes são quase sempre multi-variáveis
os infográficos devem trabalhar em duas ou três dimensões de informação (espacial, tem-
poral e geográfica).

Um bom infográfico consegue comunicar idéias complexas com clareza, precisão


31
e eficiência. Para isso deve-se apoiar em alguns princípios básicos que forneçam ao leitor
um grande número de idéias em um curto espaço de tempo, com o mínimo de ruído visual
em espaços reduzidos. O autor ainda reforça que a excelência de um infográfico é quase
sempre multivariável e um bom infográfico pressupõe mostrar fielmente os dados.

2.2.1 A Importância dos Detalhes

Os elementos estruturais de um infográfico como linhas, setas, marcadores, ro-


sas dos ventos, linhas pontilhadas, legendas, caixas, códigos, malhas, sombras, destaques
e preenchimentos devem ser utilizados de maneira que não ofusquem a verdadeira in-
formação que se deseja transmitir. Como elementos secundários eles devem ocupar um
nível inferior favorecendo a clareza da informação primária (Figura 10), utilizando-se de
recursos universais da sintaxe visual como: figura e fundo, distância, escala, movimento
e hierarquia visual para gerar uma profundidade de informação, que consiste evidenciar
em primeiro plano tal informação de forma que ela fique mais distante do que outra con-
forme a intenção do designer.

Figura 10. Linhas mais finas na segunda imagem colaboram interferindo menos na imagem se
comparada a primeira imagem.
Fonte: Visual Explanations, 1997.
32
2.2.2 Paralelismo

O pensamento humano baseia-se em quantidades estimadas tempo e espaço, as


mesmas são melhor compreendidas quando relacionadas com parâmetros já conhecidos.
Uma vez visto um dos elementos de um infográfico todos os outros se tornam acessíveis
posteriormente, por conseqüência referenciais de comparação para os posteriores. Tal
noção de paralelismo é fundamental para conectar os elementos visuais e transmitir ao
leitor sensações de antes/depois, com/sem, alto/baixo, muito/pouco (Figura 11) e etc.

Figura 11. O infográfico estabelece relações de altura de cada estado com a quantidade de
hipotecas em cada estado para fornecer paralelos que permitem ter uma noção maior da
quantidade.
Fonte: The New York Times, 2007.
33
2.2.3 Múltiplos no Tempo e Espaço

Imagens múltiplas revelam repetições, mudanças de padrões e elementos im-


portantes para transmitir a informação. Os múltiplos ajudam a representar e a narrar um
processo, que possui etapas com características distintas, fornecendo parâmetros para
a comparação direta, criando listas visuais de objetos e atividades, nomes e ações que
auxiliam o leitor a analisar, comparar e diferenciar como no exemplo a seguir (Figura
12). A repetição da lua indica sua coloração e mudanças na sua aparência ao decorrer do
eclipse, esta repetição colabora ao evidenciar o que mudou da etapa anterior do eclipse
para a próxima.

Figura 12. Infográfico “Total Lunar Eclipse” sobre o eclipse lunar.


Fonte: Larry Koehn, 2008.
34
2.2.4 Causalidade

Um infográfico deve sempre procurar explicar o motivo de algo acontecer da-


quela forma. O gráfico de Minard (Figura 13) mostra claramente o número das tropas de
Napoleão diminuindo conforme se moviam na direção leste, e a causalidade é apresenta-
da com o tempo, a temperatura e a geografia do local: conforme o frio aumentava, mais
soldados morrem. O gráfico mostra, também, que as tropas diminuíram severamente
quando tiveram de atravessar um rio durante o inverno.

Figura 13.O gráfico de Minard, mostra a baixa do exército de Napoleão.


Fonte: Visual Explanations. 1997.

2.3 Método de Rajamanickam

Rajamanickam (2005) propõe alguns passos para a produção de infográficos à


partir da clasificação do tipo de informação que está tentando transmitir em: espacial,
cronológica, quantitativa ou a combinação destas.

Ao compreender o tipo de informação deve-se escolher a forma mais adequa-


35
da de apresentar os dados (diagramas, mapas e gráficos). Existe ainda um passo após a
produção do infográfico que é a escolha do meio em que o infográfico será veiculado que
pode ser estático (papel ou tela do computador), animado (Video ou animação), ou inte-
rativo (geralmente usado na internet). O diagrama (Diagrama 1) representa visualmente
o processo de criação de um infográfico.

Tipo de Informação

Espacial Cronológica Quantitativa


Informações que descrevem Informações que descrevem Informações que descrevem
posições e relações espaciais posições sequênciais e escalas, proporções,
em uma locação física ou relações causais em uma mudanças e a organização
conceitual linha de tempo física ou de quantias no espaço,
conceitual tempo ou ambos.

Tipo de Dados

Diagramas Mapas Gráficos


Ícone: Mostra a realidade Locação: Mostra a localidade Fluxo: Mostra as mudanças
visualmente simplificada. de algo em relação a outra de magnitude sobre o
coisa. tempo.
Sequência: Mostra a suceção
de eventos, ações e relações Dados: Mostra informação Barras: Mostra comparações
de causa. quantitativa em relação a proporcionais de magnitude.
geografia do local.
Processos: Mostrar as Pizza: Mostra a distribuição
interações passo a passo Esquemáticos: Mostra das partes de um todo.
através de espaço e tempo. representações abstratas de
geografia, processos, ou Organizacional: Mostra as
Linha do Tempo: Mostra a sequências. partes de uma estrutura e a
Progressão Cronológica. relação entre si.

Exposição: Mostra detalhes


de um ponto de vista
normalmente não possível
para o olho humano, como
cortes e etc.

Infográfico

Meio de Comunicação

Estático Animado Interativo


ÍToda a informação apresen- Informação apresentada Informação de acordo com
tada de uma vez. progressivamente em uma as escolhas que o usuário
sequência lienar. fizer.
Gráficos de Jornal, mapas,
manuais de instrução, Animação ou sobreposição Geralmente em sites que são
diagramas expositores e etc. de gráficos em vídeo. narrativos, instrutivos,
simulativos ou exploráveis.

Diagrama 1. Diagrama traduzido de Venkatesh Rajamanickam sobre o processo de


desenvolvimento de um infográfico.
Fonte: Infographics Seminaar Handout, 2005.
36
Todavia, os infográficos obedecem a casos específicos que podem ser melhor ex-
plorados, para isso o autor apresenta também 9 passos para a produção de um infográfi-
co: Organizar, Tornar Visível, Definir o Contexto, Simplificar, Redundância, Mostrar Causa
e Efeito, Comparar e Diferenciar, Criar Dimensões Múltiplas e Integrar. Cabe neste mo-
mento ponderar que o autor em suas proposições as trata de maneira sucinta, o que dife-
re do objetivo deste tarbalho que explora um método mais aprofundado de produção.

2.3.1 Organizar

Organizar toda a informação disponível e planejar como representá-la é o pri-


meiro, o mais importante e difícil estágio na criação de qualquer infográfico. O infográfico
representando um acidente de trem (Figura 14), por exemplo, representa a colisão de
dois trens causada por um automóvel vindo de uma estrada próxima.

Figura 14. Anatomia de um acidente.


Fonte: Jornal El Pais. 2005.
37
Para explicar tal fato, é necessário trabalhar com informações de diferentes áre-
as do conhecimento humano como: a geografia para descrever o local; a física para justi-
ficar a causa; além de outros fatores como a ordem cronológica dos acontecimentos e os
objetos envolvidos. Estas informações devem ser organizadas com a quantidade correta
de detalhes e ênfase para que o leitor compreenda o acidente.

2.3.2 Tornar Visível

Os pescadores das ilhas Marshall tem usado por séculos mapas feitos com vare-
tas de bambu amarradas (Figura 15), para representar visualmente a distância entre as
ilhas, onde ficam e a direção das mesmas.

Dados numéricos relacionados a quantidade, distância, porcentagem, direção,


entre outros, são melhor compreendidos quando apresentados graficamente.

Figura 15.Mapa de varetas, ilhas Marshall.


Fonte: Infographics Seminaar Handout. 2005
38
2.3.3 Definir o Contexto

Utilizando novamente o exemplo do infográfico sobre o acidente dos trens (Fi-


gura 14) , definir um contexto começa por representar graficamente o local do aconteci-
mento para que o leitor obtenha noção do espaço. A vista superior foi selecionada devido
à estrada e os trilhos por serem componentes essenciais para a compreensão do acidente.
Durante a primeira colisão, a vista está mais próxima dos objetos, já na segunda, se afasta
e por meio disto é estabelecida a diferença na escala da colisão, tornando compreensível
o fato de que o acidente foi causado por um veículo pequeno.

2.3.4 Simplificar

Representações simples e objetivas são mais fáceis de se interpretar, já que o


usuário se distrai facilmente com objetos desnecessários contidos na peça gráfica. O in-
fográfico do jornal The New York Times que mostra a propagação do vírus SARS (Figura
16) exemplifica a importância do princípio da simplicidade no aspecto visual do mapa e
no uso de cores.
39

Figura 16.Como o vírus SARS se propagou.


Fonte: Jornal The New York Times. 2005.

O infográfico mostra a propagação de país a país, em uma representação simples


e suficiente para transmitir a mensagem. As cores são utilizadas para indicar os propaga-
dores primários, secundários e terciários do vírus.
40
2.3.5 Redundância

É um conceito que emergiu da teoria da informação para comunicação. Redun-


dância é o oposto de informação, algo redundante adiciona pouca, senão nenhuma, in-
formação para a mensagem. O objetivo de adicionar redundância é reforçar informações
importantes, como por exemplo um semáforo (Figura 17), que controla o tráfego de veí-
culos por meio da cor das luzes mas também utiliza a posição destas para reforçar a men-
sagem. Entretanto, a quantidade de redundâncias utilizadas em uma mensagem deve ser
a menor possível, de forma a não cansar o leitor.

Pare
Primeira Lanterna (Alto)

Atenção
Segunda Lanterna (Meio)

Siga em Frente
Terceira Lanterna (Baixo)

Figura 17. Padrão do sistema de semáforos brasileiros


Fonte: Própria
41
2.3.6 Mostrar Causa e Efeito

Na tentativa de compreender alguma situação, o usuário procura informações


para examinar a causa de tal. O diagrama da decisão (Figura 18), mostra a causa e o efeito
levando o leitor por caminhos determinados de acordo com suas decisões, apresentan-
do-o as conseqüências.

Figura 18. Diagrama da Decisão. Are Reward Cards for you?


Fonte: Infographics Seminaar Handout. 2005

2.3.7 Comparar e Diferenciar

Comparações e diferenciações facilitam a compreensão de informações. No in-


fográfico do jornal The New York Times sobre a propagação do SARS (Figura 16), por
exemplo, existem comparações por meio do uso de um código de cores que diferencia in-
fecções primárias, secundárias e terciárias. Pontos são usados para indicar o número de
pessoas infectadas. Isto ajuda o usuário a fazer uma rápida comparação visual do volume
de pessoas infectadas por diferentes países.
42
2.3.8 Criar Dimensões Múltiplas

No gráfico de Minard (Figura 13) a respeito do avanço do exército de Napoleão


sobre a Rússia, é possível notar seis dimensões: o tamanho do exército, latitude, longi-
tude, direção em que o exército se movia, temperatura e data. Numa só folha de papel,
Minard foi capaz de transmitir toda a informação necessária para representar detalhada-
mente a mal sucedida marcha de Napoleão rumo à Rússia.

2.3.9 Integrar

É importante apresentar dados coerentes, então é necessário evitar referências à


figuras e exemplos no texto, informações de comparação devem estar lado a lado, o con-
teúdo deve possuir continuidade integrando as informações visuais com as textuais e não
uma quantidade grande de texto separada de todas as figuras, com estas todas reunidas
em um apêndice.

A integração entre os elementos gráficos e textuais é o que diferencia um texto


com imagens de um infográfico. Pode-se verificar esta integração no infográfico “O rio de
bens que chega pelo porto” (Figura19), nele as ilustrações indicando a produção na Ásia,
armazenagem no container e despacho por navio, a descarga e distribuição, relacionam
vários acontecimentos que acontecem de forma sequencial apresentando-os de uma úni-
ca vez interelacionados de uma maneira atrativa para o leitor.

Isto é feito de tal modo que a compreensão total do assunto não seja feita apenas
com a leitura da parte textual e muito menos só com a observação da parte ilustrativa do
infográfico.
43

Figura 19.Infográfico “Rio de bens que chega pelo porto”: a informação é melhor assimilada com
a total integração dos elementos do infográfico.
Fonte: MALOFIEJ, 2007.
44
2.4 Infografia Jornalística

Segundo Tavejnhansky (2005), o primeiro exemplo de infográfico usado em jor-


nais data de 1702, no The Daily Courant, o primeiro diário inglês, no entanto a infografia
só veio a se popularizar no jornal impresso na década de 80 com o USA Today que além
de introduzir a infografia inovou com o uso de ilustrações, fotografias em cores, o que até
então existia na área.

No Brasil o primeiro jornal a tratar de fato a infografia como ferramenta foi a


Folha de São Paulo, que já no fim dos anos 80 começou um investimento maciço em in-
formatização trazendo os primeiros computadores Macintosh com softwares gráficos à
sua redação, até então tudo era construído manualmente. Os computadores chegaram e
expandiram as possibilidades dos infografistas.

O Poynter Institute for Media Studies de St. Petersburg, Flórida, vem realizando
periodicamente estudos de Eye-Tracking2 com leitores habituais de jornal, que mostram
que os leitores procuram as imagens e os infográficos primeiro, dentre as demais infor-
mações do jornal.

Stark (2004), pesquisadora do Poynter Institute, afirma que infográficos são uma
combinação de palavras e elementos visuais que explicam os acontecimentos descritos
na matéria e situam a história e seus elementos em um determinado contexto, por pos-
suir estas características se tornam um elemento muito atraente nas páginas do jornal.

Muitas vezes esses elementos mostrados no infográfico não são descritos com
tantos detalhes na reportagem, por isso ele é necessário para tornar a informação mais
clara e atrativa, o que leva muitos editores a substituírem algumas matérias pelos in-
fográficos. Porém os elementos de uma matéria não devem competir. O infográfico não
deve ser considerado mais importante que o texto redigido ou a fotografia e vice- versa,

2 Eye Tracking é um estudo que consiste na observação do movimento da íris do indivíduo no ato de
leitura de um jornal. Por meio de câmeras e sensores dados como piscadas e movimentações dos olhos
são documentados e analisados posteriormente, esses estudo realizado pelo Poynter Institute definiu os
parâmetros do Design Jornalístico nas últimas décadas http://poynterextra.org/eyetrack2004/history.
htm
45
os elementos devem se complementar e interagir para que os fatos sejam transmitidos
da melhor maneira possível.

Em um jornal, os infográficos devem ter o caráter investigativo de uma reporta-


gem tratando do quê, quando, onde, como, por quê e por quem, porém utilizando repre-
sentações visuais como linguagem.
46
3. Metodologia da pesquisa

3.1 Estudo de Caso: A produção de infográficos na Folha de São Paulo

O estudo de caso é um método de pesquisa de caráter exploratório que implica


na realização de uma análise de um ou poucos objetos, porém de forma mais aprofun-
dada, que possibilite um conhecimento mais detalhado do objeto. A principal finalidade
desse método de pesquisa é proceder a uma investigação ou caracterização mais ampla e
aproximativa, no intuito de formular questões mais precisas que possam nortear estudos
posteriores (GIL, 1991; YIN, 2001).

Neves (1996) complementa que o estudo de caso é o método mais recomenda-


do quando se procura saber como e porque certos fenômenos acontecem, ou analisar
eventos sobre os quais a possibilidade de controle é reduzida ou quando os fenômenos
analisados são atuais e só fazem sentido dentro de um contexto específico.

Baseado nas características levantadas anteriormente, este trabalho se enquadra


como um estudo de caso segundo os autores citados, mediante o qual se buscou identifi-
car detalhes do modo de produção de infográficos da Folha para servir de subsídios para
a elaboração de um método.

Nesse trabalho são adotadas as cinco etapas propostas por Wimmer e Dominick
(1996) para a elaboração de um estudo de caso:

a) Planejamento – Nesta etapa foi firmado contato com Marcelo Pliger, desig-
ner gráfico, que trabalha para a Folha como infografista desde 1997, que
forneceu materiais e meios para a observação do processo, juntamente com o
andamento da revisão de literatura que fomentou a compreensão do assunto;
47
b) Estudo-Piloto – Realizou-se um visita a redação da Folha para constatar pos-
síveis falhas no planejamento e organizar sistematicamente o estudo, a partir
da observação do trabalho da equipe de infografia in loco.

c) Coleta dos Dados – Realizada juntamente com a etapa anterior, a fase de co-
leta de dados tem por objetivo recolher o máximo de informações possíveis,
para isto foram utilizados quatro modos principais para obtenção da informa-
ção:

• Documentação, a partir da pesquisa histórica sobre a Folha de São Paulo e


do material pré existente sobre o ofício da infografia em sua redação ;

• Entrevista em profundidade semi-estruturada, Marcelo Pliger;

• Observação direta do modo de produção, na visita à redação;

• Artefatos, que no modelo proposto pelos autores, são evidências que po-
dem ser observados como parte do estudo. Neste caso os artefatos são os
infográficos produzidos pela equipe impressos em jornal ou em arquivos
digitais.

d) Análise da Informação - Foi realizada a análise dos dados coletados nas


etapas anteriores. Os dados foram analisados comparando as informações
obtidas na entrevista com a observação direta.

e) Redação do Relatório - Neste trabalho esta fase é executada e apresentada


em conjunto com a etapa anterior.

É importante ressaltar que Duarte apud Duarte & Barros (2005) complementa
que independentemente do número de etapas fixadas para o desenvolvimento do estudo,
todas elas se sobrepõe em diversos momentos, sendo difícil traçar uma linha divisória
precisa entre as mesmas, isto explica a ocorrência de algumas etapas em paralelo.
48
3.1.1 Planejamento

Neste momento procurou-se aprofundar os conhecimentos sobre o assunto, bem


como sobre o ambiente onde ocorre o estudo, a redação da Folha de São Paulo. Por meio
da literatura relativa ao caso, já citada anteriormente em outras etapas deste trabalho, foi
estruturado um projeto preliminar, no qual foram descritas hipóteses em relação ao mé-
todo de produção de infográficos na Folha, fundamentados na observação de infográficos
dos exemplares do jornal.

3.1.1.1 Hipóteses do estudo de caso

• Há tratamentos distintos de linguagens para cada caderno do jornal;

• O trabalho da infografia se dá em uma linha de produção na qual cada info-


grafista elabora uma parte do infográfico;

• A velocidade de produção se apóia em elementos mais técnicos (elementos


pré estabelecidos como boxes, setas, tipografias e demais elementos) do que
práticos para a produção de infográficos;

• Não existe um material que oriente a produção de infográficos;

3.1.1.2 A Folha de São Paulo

Para situar, contextualizar e servir de suporte para uma análise prévia do am-
biente onde se dá o estudo, foi elaborada uma pesquisa sobre a história da Folha de São
Paulo.

Fundada em 1921, tornou-se na década de 80 o jornal mais vendido no país . O


crescimento foi resultado das características editoriais do jornal: pluralismo, apartida-
rismo, jornalismo crítico e independência. Organizado em cadernos temáticos diários e
suplementos, tem circulação nacional.
49
A Folha é hoje o jornal brasileiro de maior tiragem e circulação. Possui um dos
maiores parques gráficos da América Latina, com capacidade de imprimir 16.640.000
páginas por hora. As páginas da Folha, produzidas na redação, no centro da cidade de São
Paulo, são digitalizadas e transmitidas por fibra ótica a gráfica localizada em Tamboré-SP.
O sistema de manejo e expedição dos jornais é totalmente automatizado.

O Design sempre ocupou uma posição de destaque no jornal, seja na disposição


da própria redação, organizada em um sistema de ilhas para cada caderno que facilita o
fluxo de trabalho e comunicação entre os cadernos, ou na posição que editoria de arte
ocupa fisicamente na redação: “vizinhos” da editoria-chefe. Mas o ponto que torna clara a
preocupação com o Design é no próprio projeto gráfico do jornal.

A partir dos anos 80 o projeto gráfico passou a ser coerente com as remodela-
ções dos padrões de comportamento profissional e editoriais. Mudanças gráficas como a
organização do noticiário em cadernos temáticos, introduzida em meados da década de
90, e a utilização intensiva, desde os anos 80, mapas, quadros, tabelas, gráficos e ilustra-
ções, quando computadores Macintosh passam a ser empregados na editoria de Arte para
auxiliar na elaboração destas peças gráficas foram cruciais para consagrar a Folha como
um dos maiores jornais brasileiros.

A versão mais recente do projeto gráfico data de 2006 e foi elaborada pela equipe
de artistas gráficos do próprio jornal, coordenada pelo editores, na época, Massimo Gen-
tile e Melchiades Filho. O projeto teve consultoria do designer americano Mario García,
responsável pelo redesenho dos jornais “The Wall Street Journal”, “Libération” (França) e
“DieZeit” (Alemanha), entre outros.

Segundo García (2006), em entrevista à Folha de São Paulo, o projeto levou em


conta as mudanças nos hábitos de leitura, sobretudo após a expansão da internet. “As
pessoas estão cada vez mais seletivas em relação àquilo que vão ler. O objetivo do novo
projeto é informar, divertir e surpreender o leitor, fazendo um jornal que ofereça repor-
tagens relevantes, editadas de maneira criativa”.
50
3.1.1.3 Contatos para o trabalho de campo

Por meio de uma pesquisa realizada na internet, chegou-se ao portfólio virtual


de Marcelo Pliger, onde há uma parte direcionada ao contato, que foi realizado via email.
Desde o primeiro momento Marcelo se mostrou muito solícito e disposto a colaborar no
que fosse necessário para a pesquisa, neste contato inicial ele recomendou uma biblio-
grafia básica sobre o tema.

3.1.2 Estudo Piloto

A partir da confirmação do apoio foi agendada uma visita, que ocorreu em pa-
ralelo com a pesquisa bibliográfica. Este dado é interessante, pois na visita se refutaram
algumas hipóteses, como por exemplo: o fluxo de trabalho, no qual imaginava-se um mé-
todo de produção em série por parte dos infografistas e a inexistência de um material que
orientasse a produção da infografia no jornal.

Na redação da Folha, constatou-se que o fluxo de trabalho acontece de forma in-


dividual e existe um manual que normatiza, mas não limita, a produção de infográficos.

3.1.3 Coleta de Dados

O objeto de estudo se caracteriza como um processo, por isso cada detalhe que
possa ser percebido em seu desenvolvimento é de extrema importância, podendo influir
de maneira considerável no resultado final.

Para identificar o método de trabalho da equipe de infografia na Folha de São


Paulo foi realizada uma entrevista em profundidade com Marcelo Pliger. A entrevista foi
realizada na própria redação do jornal em Maio de 2008, o que permitiu uma observação
do fluxo de trabalho in loco.
51
3.1.3.1 Documentação

O Manual de infografia Folha

A produção de infográficos segue uma padronização. Algumas dessas diretrizes


são definidas pelo Manual de Infografia da Folha.

O Manual de Infografia faz parte do material produzido para o novo projeto grá-
fico da Folha, implantado em 2006. Por motivos de segurança, já que se trata de um mate-
rial de uso interno do jornal foram fornecidas apenas algumas imagens do mesmo, porém
durante a visita obteve-se acesso ao material por completo e foi levantada a seguinte
hipótese: este manual está mais relacionado ao estilo e unidade visual que o infografista
deve seguir não abordando aspectos teóricos da produção.

Este material traz definições quanto ao estilo gráfico que deve ser adotado como
pode-se ver a seguir (Figura 20 a Figura 23). Estas definições são detalhadas e abrangem:
paleta de cores, combinações possíveis e recomendadas destas cores; utilização de ele-
mentos visuais pré estabelecidos pelo projeto gráfico bem como a espessura de linhas em
gráficos e localização de títulos, subtítulos, legendas e tipografias.
52

Figura 20. Paleta de Cores e seus grupos de uso: Esquemas, gráficos, mapas e outros usos.
Fonte: Manual de Infografia Folha de São Paulo, 2006.
53

Figura 21. Cores para gráficos: Temas subdivididos entre as áreas de economia, estatística e
esportes.
Fonte: Material de uso interno Folha de São Paulo, 2006.
54

Figura 22. Elementos gráficos: Ícones, balões e especificações quanto ao seu uso.
Fonte: Manual de Infografia Folha de São Paulo, 2006.
55

Figura 23. Linhas: como utilizar linha e qual sua espessura definida para gráficos estatísticos.
Fonte: Manual de Infografia Folha de São Paulo, 2006.

3.1.3.2 Entrevista em Profundidade

A entrevista em profundidade semi-estruturada é um método qualitativo de co-


leta de dados, que visa obter do entrevistado informações objetivas e subjetivas relevan-
tes ao estudo. Este modelo de entrevista caracteriza-se por não utilizar um questionário
para obter dados e sim de um roteiro no qual o diálogo transcorre de forma livre no tema
proposto.
56
O objetivo principal desta entrevista foi compreender como funciona o fluxo de
trabalho de um infografista na redação da Folha, levando em consideração o ponto de
vista do entrevistado a respeito do processo de produção, para fundamentar a produção
do método com dados relevantes da realidade da qual ele foi extraído.

A equipe de infografia

Os infográficos ou “infos”, como são chamados dentro do jornal são produzidos


pela equipe de infografia, que é o grupo de pessoas na editoria de arte dedicadas apenas
a este ofício. A editoria é formada não só por infografistas mas também diagramadores e
ilustradores.

Marcelo expôs um panorama geral do perfil do profissional de infografia na Fo-


lha. Na equipe há jornalistas, designers, arquitetos, publicitários entre outras formações.
Uma equipe multidisciplinar, mas de alguma forma envolvida com o Design academica-
mente. Todos fazem ou já fizeram alguma pós-graduação na área.

A relevância do meio acadêmico para o trabalho da infografia no jornal de for-


ma alguma é desconsiderada, mas a ênfase do trabalho na redação é calcado na prática.
Para o entrevistado uma parte considerável das pessoas que trabalham com este ofício
aprenderam a fazer infográficos empiricamente, e por conseqüência acabaram cada um
criando seu próprio método, o que vêm a somar para o trabalho da equipe.

O entrevistado ainda afirma que existem livros que esboçam algum estudo no
intuito de se criar um manual de “como fazer infográficos” mas que na prática a visão que
estes materiais oferecem diferem muito e se tornam distantes do seu objetivo.

A equipe tem uma alta rotatividade de pessoal mas grande parte está no jornal
há mais de 10 anos, fator importante que comprova o amadurecimento e a solidificação
do modo de trabalho.
57
Quando questionado sobre a evolução técnica da práxis da infografia Marcelo cita
o prêmio MALOFIEJ, uma premiação específica da área para a qual todo ano são enviados
centenas de trabalhos de todo o mundo. Os premiados são publicados em um anuário que
acaba servindo de referência para os profissionais da área.

As ferramentas de produção

Para a produção de infográficos é utilizado basicamente o computador. A plata-


forma utilizada é a Mac/Apple muito familiar aos profissionais ligados a esta área. A Folha
provém equipamentos sempre atualizados para uma maior eficiência de sua produção.

Os softwares utilizados são o Macromedia Freehand MX para imagens vetoriais


e o Adobe Photoshop para imagens em bitmap (fotografias e demais). Marcelo comenta
uma dificuldade atual da equipe: migrar de software do Macromedia FreeHand, utilizado
desde os primórdios da implantação dos computadores na editoria, para o Adobe Illustra-
tor que é um software mais completo e atual. Além disso a migração é necessária pois o
software Macromedia Frehand saiu de linha e se tornará cada vez mais raro achar profis-
sionais que trabalhem com esta ferramenta.

Segundo Marcelo, o software condiciona o meio de produção mas não limita. Ele
acredita que a migração será positiva e trará melhorias para o trabalho da equipe.

Os infografistas têm como material para produzir os infográficos o banco de ima-


gens vetoriais, produzido por eles mesmos para agilizar o processo. Este banco contém
mapas, ilustrações entre outros elementos gráficos vetoriais necessários para a produção
de uma peça. Alem disso pode-se recorrer ao acervo da Agência Folha de fotografia, uma
das maiores deste ramo no país.
58
O fluxo de produção

Este fluxo representado graficamente a seguir (Figura 24) é fundamental, pois


evidencia detalhes que permitem transpor um método empírico em um material de valor
acadêmico.

Figura 24.Fluxo de Trabalho da Infografia na Folha de São Paulo


Fonte: Própria

a) Solicitação - Pela manhã o “fechador3” comparece à reunião dos editores,


na qual é definido o assunto do jornal do próximo dia e um repórter ou um
redator solicita por meio de um arquivo de texto, infográficos, ou tabelas, ou
mapas e ilustrações. Nesse arquivo de texto também contém as informações
necessárias para se produzir as peças.

b) Peneira do fechador- O “fechador” lê esses dados, às vezes conversa com


o repórter ou redator sobre a melhor maneira de elaborar o infográfico e
escolhe um infografista da equipe para fazer o trabalho. Anota o nome do
trabalho, o nome de quem está fazendo e um código em uma planilha para ter
controle de quem produz o quê.

c) Infografista - O infografista recebe os dados e as informações e faz o info-


gráfico. As vezes ele mesmo tem de conversar novamente com o redator ou
repórter ou fazer pessoalmente alguma pesquisa.

3 Editor responsável pelo fechamento da edição do Jornal


59
d) Pré-Impressão - O infográfico é impresso com o nome do autor e o tamanho.

e) Revisão - O redator que solicitou o infográfico revisa a peça e retorna o im-


presso com correções. Não é raro ele acompanhar pessoalmente a correção.

f) Correção - Normalmente o infografista corrige e imprime de novo o infográfi-


co.

g) Segunda revisão - O redator mais uma vez confere o impresso corrigido e


geralmente repassa para outro redator conferir também.

h) Segunda correção – O infográfico é novamente corrigido.

i) Espaço dos anúncios - Nesse momento chega o “espelho”, um diagrama que


indica onde entrarão os anúncios no jornal. Normalmente o infográfico, prin-
cipalmente os maiores, tem de mudar de tamanho para se adaptar ao espaço
reservado na página.

j) Terceira revisão - Com o tamanho adaptado, nova impressão, nova revisão e


correção.

k) Exportação do arquivo - Por volta das 20h, com todas correções feitas o
infografista gera um EPS e joga o arquivo em um diretório para que o diagra-
mador que está montando a página tenha acesso.

O processo de produção

Para Marcelo um bom infográfico é aquele que se faz compreender pelo leitor
facilmente, e para atingir esse objetivo os pontos determinados pelo Manual de Infografia
da Folha ajudam e agilizam o trabalho, além do bom senso do profissional para compor
uma peça gráfica de qualidade.
60
O entrevistado ressalta a importância dos princípios básicos da sintaxe visual
para a produção de um bom infográfico, como a hierarquização da informação, composi-
ção entre outros.

Quando questionado se as linguagens dos infográficos diferiam entre os cader-


nos do jornal Marcelo explica que há um consenso sobre isto mas não de forma explícita e
geralmente o infografista se guia pelo próprio teor do caderno ou da matéria. Os infogra-
fistas tem autonomia para dar a linguagem adequada a parte textual do infográfico, quan-
do o texto não “casa” completamente com a informação, mas isso apenas em infográficos
de valor menor dentro da edição, para os infográficos principais costuma-se consultar os
editores.

O tempo é um fator determinante e não é raro de última hora o jornal sofrer re-
viravoltas em sua edição e mudar tudo. Em determinado caso citado pelo entrevistado,
ocorreu determinado evento, de interesse nacional, perto do horário de fechamento do
jornal que ocorre aproximadamente às 20h, e novas matérias e novos infográficos tive-
ram que ser produzidos para cobrir este evento. Não havia imagens no banco relativas ao
assunto necessário e faltando apenas 30 minutos para o fechamento do jornal, ele então
recorreu a um banco de imagens na internet e gerou uma solução.

A fidelidade do processo de impressão do jornal é pobre e costumeiramente


acontecem alterações de cor e falhas de registro. Esta falta de qualidade é justificável por
causa do alto custo de produção que uma impressão de qualidade teria para um material
tão volátil.

3.1.3.3 Observação Direta

Para Lakatos e Marconi (1991) a observação direta é feita no ambiente real, re-
gistrando os dados à medida que o processo for ocorrendo, espontaneamente. Em acordo
com os autores, após a entrevista, feita em um local reservado, retornou-se para a redação
onde foram mostrados detalhes do fluxo, como: o funcionamento dos softwares, os profis-
sionais envolvidos, o Manual de Infografia da Folha, o banco de imagens e o rascunho do
61
jornal, o já citado anteriormente “espelho” e as demais ferramentas de produção.

Esta etapa do estudo contribui ao evidenciar dados informais a respeito do ob-


jeto de estudo, observar o local de trabalho, a forma de disposição das editorias e o bom
relacionamento que existe dentro da equipe de infografia e o desenvolvimento de um in-
fográfico feito por Marcelo, tornam palpáveis elementos que complementam a entrevista
em profundidade por inferirem diretamente na produção dos infográficos.

Funcionamento da editoria de arte

O horário de trabalho na redação é das 15 horas até o fechamento do jornal que


geralmente ocorre entre 20 e 21 horas. Este horário é flexível e pode se estender caso
haja alguma alteração no jornal próxima do horário de fechamento, como o surgimento
de uma nova manchete de extrema relevância ou então um novo anúncio.

O bom relacionamento da equipe ajuda a amenizar esta pressão do trabalho e se


reflete na produção. Os infográficos da Folha têm como peculiaridade um caráter mais
descontraído sem perder a seriedade que o meio pede.

Os infográficos em sua maioria são uma combinação de ilustrações vetoriais com


fotografias, ou apenas vetoriais. O principal motivo deste fato é a praticidade e a versati-
lidade da imagem vetorial, pois é comum redimensionamentos e substituições de cor, o
que ocorre tranqüilamente quando a imagem é desta natureza, além do aumento da ve-
locidade ganho em todo o processo de produção e minimização das falhas de impressão
por ser um tipo de representação gráfica mais simples.
62

Figura 25. Detalhe do computador com a tela do software Freehand em execução no momento
da produção de um infográfico.

Figura 26. Bancada de trabalho da equipe de Infografia na redação da Folha.


63
Apesar da equipe de infografia ser formada por 10 pessoas, são raros casos em
que estes profissionais trabalham em conjunto para a produção de um infográfico. Depen-
dendo da complexidade do infográfico o “fechador” pode designar mais de um infografis-
ta para produzi-lo, mas geralmente este trabalho é feito por apenas um profissional.

No quesito que tange ao conteúdo do infográfico, é fato que, após receber a infor-
mação sobre a qual o se trata o profissional geralmente cruza-se algumas fontes de infor-
mação. Para isto ele tem acesso ao acervo do próprio jornal, a internet e se necessário o
infografista vai até o local do ocorrido. Caso detecte alguma inconsistência na informação
reporta ao próprio editor que lhe solicitou o material, para a correção. A fidelidade dos
fatos é algo muito estimado no meio jornalístico e algumas gafes podem ser fatais para a
imagem do jornal como empresa. Alguns cartazes distribuídos pela redação alertam “Na
dúvida, cite a fonte”.

Quanto à produção do infográfico, pode-se perceber que ao refinar esta infor-


mação o infografista dá início ao processo de desenvolvimento prático do infográfico, no
qual se utiliza dos recursos do computador para estruturar o infográfico, acessando os
bancos de imagens e vetores, caso necessário. Em alguma etapa do processo para facilitar
seu próprio entendimento a respeito do assunto o infografista pode fazer um rascunho
a mão do fluxo do infográfico. Durante esta etapa de desenvolvimento o infografista im-
prime algumas provas do infográfico para ter uma noção melhor do que está produzindo
e mostra este produto para os editores responsáveis, que apontam possíveis mudanças.
Após estas mudanças o arquivo é salvo e enviado para o sistema, que será utilizado pelo
diagramador.

3.1.3.4 Artefatos

Os artefatos são fontes de evidência que fomentam a etapa de levantamentos de


dados, complementando a entrevista em profundidade e a observação direta. As peças
foram fornecidas por Marcelo Pliger.
64
O desenvolvimento e produção do infográfico “Matemática de Campanha” (Figu-
ra 27) por Marcelo Pliger, foi acompanhado durante a etapa de observação de campo na
data da visita. Os outros infográficos “São Silvestre” (Figura 28) e “Acidente em Congo-
nhas” (Figura 29) foram premiados no MALOFIEJ 2006.
65

Figura 27. Infográfico “Matemática da Campanha” sobre a disputa Presidencial da Casa Branca.
Fonte: Folha de São Paulo, 2008.
66

D4 esporte SEGUNDA-FEIRA, 31 DE DEZEMBRO DE 2007 ef


Bruno Miranda/Folha Imagem

Afestaé muito O númerode


bonita, temgentena atletasidosos cresceem
ruaaplaudindo, progressãogeométrica.
incentivando. Nofinal, FOTO É uma disputa gostosa.
agentefica cansado, 4.0 Nãoexistepremiação.O
masmuitofelizporque 16.00 prêmioé temum corpo
conseguiucruzara saudável,superarseus
linhadechegada limites edormir bem
CARLOSMARCHETTI ADEMARTRISTÃOFILHO
corredor de 84 anos, o mais velho inscrito corredor de 65 anos que vai disputar a São
na São Silvestre Silvestre
Carlos Marchetti, 84, corre uma hora e meia três vezes por semana e hoje estará na São Silvestre pelo segundo ano consecutivo

CONHEÇA Conjunto
Gazeta
O CIRCUITO MASP Nacional

AV. PAULISTA DA PROVA AV. PAULISTA


CHEGADA LARGADA
811 m

Gire a página 1 km 817 m


para ler
Imaculada

15 km 816 m 0 km 816 m
Conceição

AV. BRIGADEIRO LUIZ ANTÔNIO

Consolação
Cemitério da
Dica: Não pare de imediato após Dica: Até a mais paulistana das provas
Dica: A temível Brigadeiro começa com aclive 14 km
Igreja

Paraatletas 15h15
ultrapassar a linha. Faça Feminino 16h30 sofre com engarrafamento. São 20 mil
acentuado, seguida por subida menos desgastante

alongamento e beba água Masculino e geral 16h45 largando. Não saia atropelando todo mundo

R. DA CONSOLAÇÃO
e nova ladeira após o viaduto do Bexiga

poderá ser sentido mais à frente


exagere na aceleração, pois o desgaste
quando a muvuca se dissipa. Não
Dica: É a descida mais acentuada e
Idade não pesa
R. Sergipe

2 km
792 m
para quem corre

Mackenzie
na São Silvestre
Av. Amaral
Gurgel
R.
Ru
iB
ar
bo
sa

Pça. Roosevelt
Byington
Hospital

Marcas obtidas pelos atletas com mais de 60 anos são as


Pérola

782 m

Consolação
Igreja da
que mais caem na tradicional prova de rua de São Paulo
13,5 km

................................................................................................
Sol entre nuvens, DA REPORTAGEM LOCAL
nessa idade”, diz Tristão Filho,
com pancadas de que preside a Associação dos
chuva Ademar Tristão Filho aban- Corredores do Espírito Santo.
donou os jogos de várzea em Apesar de festejar o incre-
Av. Radial Leste 1976. Seu corpo, no entanto, mento da modalidade, o corre-

Copan
não agüentou ficar parado. E dor pena com novos rivais.

tempo na aglomeração
a se afunilar. É normal perder um pouco de
Dica: A descida já acabou, e o percurso volta
São Francisco

logo a paixão pelo futebol deu “Tenho um bom nível de trei-


lugar ao tênis e a quilômetros e namento, mas começo a perder Av. S. Luís
Largo

quilômetros de passadas. espaço. As provas estão cada

AV. IPIRANGA
3 km
Hoje, aos 65 anos, é exemplo vez mais disputadas”, diz ele,
de um movimento comprovado vice-campeão em sua faixa etá-
R.
M

750 m

Pça. da República
pelas marcas da São Silvestre. ria na Volta da Pampulha. Na
ar
ia
Pa

Mín. Máx. Cada vez mais os idosos brasi- São Silvestre-2006, foi quarto
19˚ 32˚
ul
a

leiros se dedicam a atividades na sua categoria, 941º no geral


físicas. E quem abraça o espor- —havia 15 mil inscritos. O QUE USAR
te competitivo tem desempe- Segundo censo do IBGE di- NO DIA DA
Nível extremo de nho cada vez mais destacado. vulgado no último ano, a expec- PROVA
radiação UV Na mais tradicional prova de tativa média de vida do brasilei-
rua do país, apenas os corredo- ro atingiu 71,9 anos. Boné: Usar de
Va nha

Apesar do horário,
le ng

cor clara e bem


A

use protetor solar res das categorias com mais de A explicação para este cresci-
do ab

ventilado
60 anos tiveram melhora signi- mento está no maior acesso a
au

ficativa no tempo médio de cuidados médicos, dieta balan-


ia

percurso se comparado 2006 a ceada, novas tecnologias, queda


ên
fig

1998, o mais antigo registrado. da mortalidade infantil e na Vaselina: Passar nas


.E
ta

12 km 747 m Naquele ano, a média foi de prática de atividades esporti- axilas, virilha e mamilos
oS

para evitar assadura por


Dica: Parabéns. Você já
percorreu 12 km. O pior
ut

1h36min56s. No ano passado, vas, entre outras.


importante manter a
ad

conta do atrito durante


Vi

os veteranos cumpriram o cir- Carlos Marchetti é um exem-


Teatro Municipal

completar a prova

a prova
já passou, mas é

hidratação para

cuito em 1h33min44s. Entre as plo dos efeitos desse novo in-


mulheres, a marca caiu de grediente na vida dos idosos.
1h55min35s para 1h47min39s. Começou a correr há oito anos
Av
.9

A maioria dos corredores ins- e, em 2006, arriscou-se na São


de

Camisa: Leve,
Ju

critos na prova pioraram os Silvestre. Hoje, estará na Pau-


lho

confortável e de
AV. SÃO JOÃO
para se soltar e ganhar ritmo
Dica: Não deixe de se hidratar. Aproveite
4 km

tempos. Na categoria até 29 lista novamente. Aos 84 anos, é cor clara. Prefira
anos, os homens saltaram de o mais velho inscrito. as que favorecem
750 m

1h19min32s para 1h23min31s. “Meus filhos correm e me in- a absorção do suor


centro velho. Dá para

A prova feminina foi pior, de centivaram. Uma pessoa de


históricos, como o
720 m
Paissandu

Prepare-se para o
Dica: É o início do

Teatro Municipal.

1h28min51s para 1h38min31s. idade, quando fica parada, só


Largo do

admirar prédios

Alguns, no entanto, apresen- piora”, afirma o competidor.


trecho final

taram leve evolução. Os atletas Marchetti treina por cerca de


11 km

de 50 a 59 anos melhoraram as uma hora e meia três vezes por


marcas, mas de forma bem me- semana. Também continua tra- gel
nos significativa (44s para mu- balhando em sua oficina.
lheres e 9s para homens). “Eu comecei andando. Aí Shorts: De cor clara
e confortável, deve
Já os jovens com até 19 anos passei a correr 5km, 10km, ter um bolso para
foram 1min21s mais velozes. 15km e vi que dava. Essa é mi- transportar o gel de
AV. RIO BRANCO

“O número de atletas com nha segunda São Silvestre, mas carboidrato


mais de 60 anos só aumenta. eu quero mais”, diz. (MARIANA
Alguns descobrem a corrida LAJOLO E PAULO COBOS)
km ch tre da lda ia
tre ilves eã Ba ar
in o. S -01 ão ia,
S mp rina ra M

de de 2 r
ve ais pio
ca efe Pa

dá m o

ta
S
fin ão , é
Z ica:

re

Dica: É o início do maior Dica: O viaduto é um teste para ver Meias: As estilo
D

is

sapatilha deixam o pé
retão da prova. Convém quem está com energia. A subida é mais livre para a corrida
usar gel de carboidrato acentuada, mas não é longa e também ajudam a
Elevado Costa e Silva (Minhocão)
não perder o ritmo
primeiros 150 m. É importante
Embora curta, é acentuada nos
Dica: É a primeira subida da prova.
10

e beber água. Mas só


km

8 km 750 m absorver suor


use o gel se estiver
73
5
m

habituado Tênis: Use um apropriado


e

R. NORMA GIANOTTI
5 km
let

para corrida de acordo com


.G

Eduardo Asta/Folha Imagem


Al
a.

sua pisada (pronador,


Pr

9 km 790 m
R.

754 m

neutro ou supinador)
in
ce

t
ar

JO
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AV. RUDGE
Isa


al
W
be

A.
l

Dica: O percurso é cheio de


M

curvas, e o asfalto se alterna


UN

com paralelepípedos. É preciso


IZ

cuidado para não escorregar

COMPARE O SEU TEMPO* Elite


7 km 747 m

AV. PACAEMBU
SPLIT ALARM Masculino 44min07s
*Tempo dos vencedores em 2006
R. MARTA
Feminino 51min24s **Média de todos os atletas em 2006 Memorial da 6 km 751 m
HR.
Geral América Latina
Consultoria técnica: Cláudio Castilho
(Pinheiros e equipe Saúde &
Masculino 1h25min23s Performance) e Frederico Fontana
(equipe Quality Life)

Feminino 1h35min58s Imagem ilustrativa

Figura 28. Infográfico “São Silvestre” sobre a corrida de São Silvestre.


Fonte: Folha de São Paulo, 2007.
67

Figura 29.Infográfico “Tragédia em Congonhas” sobre o acidente do avião Airbus A320 da Tam.
Fonte: Folha de São Paulo, 2007.

3.1.4 Análise da Informação e Relatório

A fim de agregar uma maior consistência ao estudo foram cruzados os dados ob-
tidos na entrevista e na observação direta. Para o cruzamento foi tomado como critério
base os pontos mais relevantes das duas fontes de dados para se chegar a uma compre-
ensão do funcionamento da Folha de São Paulo.

A equipe de infografia

Em princípio houve uma indefinição, por parte do entrevistado, do que é a equi-


pe de infografia e do que é a editoria de arte. Este dado foi compreendido por meio de um
cruzamento entre as informações citadas por Marcelo na entrevista com os dados obtidos
na observação direta, no qual foi apontado que a editoria de arte é um setor maior que
acolhe um determinado número de profissionais que se dedicam a produção de infográ-
68
ficos, mas que em algumas situações exercem outras atividades relacionadas ao escopo
da editoria de arte.

O trabalho da equipe se dá de maneira individual, salvo algumas exceções. Em


alguns casos o infografista pode solicitar uma ilustração para terceiros e/ou uma foto-
grafia para a Agência Folha, mas isto só em casos especiais ou em peças para cadernos
chamados “frios”, que figuram no jornal em uma periodicidade menor e por este motivo
tem um prazo de produção maior.

As Ferramentas e os Meios de Produção

Na entrevista Marcelo Pliger apresenta o Manual de Infografia da Folha, esta in-


formação refuta a hipótese de que não existe um material referente a produção de info-
gráficos, entretanto o entrevistado ao chamar o material de Manual de Estilo da Infografia
sugere o que foi reforçado com a confirmação de uma nova hipótese levantada na etapa
de observação direta, de que o Manual de Infografia da Folha tem a finalidade de deter-
minar pontos relevantes em relação ao estilo do infográfico e não aprofunda na questão
de “como produzir um infográfico”.

Os pontos levantados no Manual de Infografia da Folha são relevantes no intuito


de contribuir para manter a unidade visual do projeto gráfico do jornal e para a veloci-
dade de produção, outro fator que também contribui, além da própria estrutura física do
jornal, é a utilização de imagens vetoriais e o os bancos de imagens (fotografias, ilustra-
ções vetoriais e mapas) aos quais o infografista tem acesso.

Pode-se concluir que na redação da Folha de São Paulo, há uma divisão dos seto-
res do jornal em editorias, dentre as quais, a editoria de arte possui uma equipe de info-
grafistas, profissionais exclusivos para esta finalidade. E para este ofício, um profissional
apenas é capaz de produzir um material de qualidade e consistência, dada sua capacida-
de e pela infraestrutura do jornal. Estas observações evidenciam que quando a ênfase
do trabalho é a velocidade de produção, ter acesso facilitado aos elementos visuais que
compõe o infográfico, como fotografias, ícones e ilustrações bem como a padronização
69
visual prévia da peça que pretende-se produzir é essencial.

Análise dos Infográficos Premiados

A análise a seguir toma por base as proposições de Rajamacknican e Tufte para


a produção de infográficos, os apontamentos dos autores são indicados e comentados de
acordo com as evidências notadas nos infográficos analisados.

No infográfico “São Silvestre” percebe-se que a composição baseia-se em torno


de um mapa, o qual situa o leitor sobre o local onde ocorre a prova e o que se enfrenta
durante o trajeto, visto que esta é a informação que mais interessa ser passada ao leitor,
este mapa contempla uma riqueza de detalhes descritivos sobre os locais e trazem ao lei-
tor informações úteis para compreender a mensagem, que caracteriza a consideração de
Tufte sobre a importância dos detalhes, estes detalhes por sua vez são claros e objetivos
e contribuem para o entendimento da mesagem.

O mapa torna visível o trajeto sem utilizar de muitos dados numéricos, por
meio de elementos de redundancia para fixar a informação como pode ser visualizado
nas representações gráficas dos lugares citados ao decorrer do mapa. O ato de tornar
visível informações numéricas e o uso de redundância são considerações feitas por
Rajamacknican que também aponta o ato de integrar informações textuais com visuais
de forma que estas sejam interdependentes que pode ser verificado em vários pontos do
infográfico.

No infográfico “Tragédia em Congonhas” explora-se fatos acontecidos em um es-


paço de tempo, estes fatos são detalhados para a compreensão da forma que se deu o
acidente, a maneira que foi exposta essa informação remete a proposição de Tufte sobre
múltiplos no espaço e tempo, já que estas “etapas” mostradas permitem comparações
entre si. Percerbe-se também uma clara divisão no infográfico entre o que seria um pouso
correto e o pouso no qual ocorreu o acidente esta divisão obtida por meio do contraste de
cores evidencia a questão do paralelismo de Tufte, que pressupõe estabelecer um parâ-
metro para que se tenha idéia de algo.
70
Neste infográfico é possível perceber outras considerações de Rajamacknican já
citadas, como redundância nos elementos visuais de certo e errado, pelas cores vermelho
e verde, mas o apontamento mais pertinente neste infográfico é o fator da causalidade
explorado por Tufte, que diz que todo infográfico deve sempre explicar o motivo de algo
acontecer, no caso a alta velocidade que é representada por meio das indicações de espa-
ço e tempo tem como consequência o acidente.

Estas considerações são de grande valia, oriundas de uma confrontação de ele-


mentos teóricos com observação e análise de peças premiadas o que possibilitou a estru-
turação de um método piloto.

3.2 A Elaboração de um Método Piloto

O método piloto foi elaborado a partir do cruzamento das informações relevan-


tes para a produção de um infográfico levantadas pelos autores Rajamacknican e Tufte,
confrontadas com as informações obtidas no estudo de caso da Folha de São Paulo e ve-
rificadas na análise dos infográficos. Este método comtempla uma sucessão de etapas
para a produção de infográficos com ênfase em oito pontos distintos: Foco ou recorte,
Definição do Público Alvo, Coleta de Informações, Análise da Informação, Hierarquização
da Informação, Fornecer Parâmetros, Objetividade da Linguagem da Peça e Princípios da
Sintaxe Visual.

3.2.1 Foco ou recorte

Pode-se observar que tanto no infográfico “São Silvestre” quanto no “Tragédia


em Congonhas” o foco dos infográficos é específico e restrito. Neste tópico será abordado
o caso do primeiro infográfico. A matéria a qual ele dá suporte comenta sobre os bons
índices conseguidos na São Silvestre por pessoas acima de 60 anos, para contextualizar
qual o trajeto da São Silvestre, uma tradicional corrida pedestre que acontece na cidade
de São Paulo, é utilizado o infográfico, e o seu recorte é o trajeto.
71
Rajamacknican (2005) afirma que definir um contexto começa por representar
graficamente o local do acontecimento para que o leitor obtenha noção do espaço, isto
justifica a decisão de representar o infográfico, que no caso consiste em um mapa estili-
zado, de sua vista superior.

A delimitação do foco do infográfico procura evidenciar as características mar-


cantes das informações contidas na peça. Tornando a informação mais específica e apro-
fundada, caso o assunto não seja delimitado pode se tornar muito abrangente aumen-
tando o número de elementos que devem estar contidos na peça para explicar o assunto
pretendido, este acúmulo de informações pode cansar o leitor e assim a peça perde sua
função explicativa.

3.2.2 Definição do Público Alvo

O infográfico “São Silvestre” foi publicado no caderno Esporte. O perfil do leitor


deste caderno é de jovens e adultos em sua maioria do sexo masculino, este perfil que
somado ao teor da informação da matéria, permite uma abordagem mais descontraída.
Porém o infográfico “Tragédia em Congonhas” possui uma linguagem mais formal e obje-
tiva, já que o assunto da matéria se trata de uma tragédia. Esta matéria foi publicada no
caderno Cotidiano um caderno que tem uma gama de leitores mais ampla o que demanda
uma comunicação mais formal e abrangente para comunicar com a maioria das vertentes
desse público.

Não é só a linguagem textual que deve ser direcionada a cada público, a lingua-
gem visual também, o infográfico “São Silvestre” nota-se a mesma descontração nas cores
e na representação dos elementos visuais bem como sua disposição na página. Já no info-
gráfico “Tragédia em Congonhas” tem-se cores mais sóbrias como cinza e preto e também
a utilização de fotografias e um posicionamento na página mais tradicional.

O infográfico deve comunicar com o seu público alvo e utilizar referências que
sejam populares entre esse público. Vale lembrar também que estilo visual do infográfico
deve estar de acordo com o teor da informação. A coerência das informações textuais e
72
visuais com o repertório cultural do público alvo são fundamentais para a compreensão.

3.2.3 Coleta de Informações

Neste ponto procura-se reunir o máximo de informações em relação ao assun-


to delimitado no recorte do infográfico. Com base nos dados colhidos na entrevista em
profundidade com Marcelo Pliger pode-se afirmar que o infografista que elaborou o info-
gráfico “São Silvestre” recorreu a um guia de ruas, ou foi ao local onde é realizada a prova
para procurar detalhes que fossem relevantes para o entendimento do infográfico.

O mesmo também é verificado no infográfico “Tragédia em Congonhas” no qual


se percebe detalhes de peças específicas de um avião bem como o seu funcionamento, a
maneira como se dá o pouso de uma aeronave e qual seriam os procedimentos corretos
para se evitar o acidente.

Estes dados foram transcritos oriundos de diversos canais de informação, por


exemplo: Observação direta, entrevista, reportagens de outros jornais, veículos online,
jornais televisivos entre outros. É importante que a informação inserida em um infográ-
fico não seja retirada de apenas uma fonte, isso pode tornar o infográfico inconsistente,
fazendo com que ele perca sua credibilidade.

Deve-se buscar a informação mais coesa possível com o acontecimento e para


isso costuma-se cruzar as fontes de informação, para fornecer uma base rica em aconte-
cimentos e detalhes e imparcial para a produção do infográfico.
73
3.2.4 Análise da Informação

Segundo Rajamacknican (2005) organizar toda a informação disponível e pla-


nejar como representá-la é o primeiro, o mais importante e difícil estágio na criação de
qualquer infográfico. Entretanto o que pode-se perceber na observação de campo rea-
lizada na redação da Folha é que este passo não ocorre necessariamente em primeira
instância, ele se torna mais natural e propício após o processo de coleta de informações,
pois ao se conhecer previamente o assunto é mais fácil determinar o que é necessário ou
não para explicar determinado fato.

Muitas vezes algumas das informações coletadas na etapa anterior não são fun-
damentais para que o leitor compreenda o fato, mas são interessantes para que o próprio
infografista compreenda o assunto, o infografista deve filtrar esta informação e ser capaz
de julgar o que é importante e o que é desnecessário ao leitor pois alguns elementos po-
dem de alguma forma atrapalhar e confundir o leitor.

Para isto é necessário ter em mente como uma pessoa leiga aprenderia sobre o
assunto. Ao montar um esquema (fluxograma) de qual caminho é o mais provável a se
percorrer para entender esta informação, é possível perceber quais detalhes seriam ne-
cessários para contar esta história, e quais elementos poderiam ser utilizados para eluci-
dar melhor estas informações como fotos, ilustrações, tabelas ou mapas. Neste momento,
já é possível identificar qual informação ficaria melhor como texto e qual como imagem.

Porém, tendo em vista as recomendações de Rajamacknican (2005) sobre inte-


gração dos elementos de um infográfico, deve-se levar em consideração a importância do
conteúdo possuir continuidade integrando as informações visuais com as textuais para
que não se obtenha como resultado uma quantidade grande de texto separada de todas
as figuras, ou algo que se perceba desta forma.
74
3.2.5 Hierarquização da Informação

A informação deve ser ordenada para auxiliar o leitor a traçar uma linha de ra-
ciocínio por meio das informações mostradas pelo infográfico. Tufte (1997) defende a
idéia de que uma vez visto um dos elementos de um infográfico todos os outros se tornam
acessíveis posteriormente. Pode-se verificar esta observação no infográfico “Tragédia em
Congonhas” neste caso os elementos que são fornecidos primeiro no infográfico são ele-
mentos pré estabelecidos do projeto gráfico do jornal como: títulos, elementos indicati-
vos (símbolo de erro) e caixas de texto e posteriormente é entregue ao leitor elementos
que tratam diretamente do fato ocorrido, como fotografias e outras representações visu-
ais mais evidentes.

As disposições de hierarquias de informação, tanto textuais como visuais são fun-


damentais para estruturar as relações dos elementos dos infográficos e gerar uma coesão
de forma que o infográfico não seja meramente considerado como um texto ilustrado.

3.2.6 Fornecer Parâmetros

Os leitores precisam de pontos de referência para que possam se situar e compa-


rar elementos para fixar a informação que está sendo transmitida, Tufte (1997) em seu
discurso sobre o paralelismo aponta a necessidade que o pensamento humano tem de
estabelecer relações por meio de comparativos.

Pode-se observar no detalhe do infográfico “São Silvestre” (Figura 30) que o in-
fografista para tornar mais clara a diferença dos tempos dos atletas de elite com a dos
atletas gerais estabeleceu paralelos por meio de barras, quanto maior a barra maior o
tempo gasto para completar a prova, sendo que o primeiro tempo (o mais veloz) serve de
parâmetro e referência para os outros tempos, deixando claro que a diferença do último
tempo em relação ao primeiro é relativamente grande.
habituado
R. NORMA GIANOTTI

l
.G

Al
a.
Pr
9 km 790 m

R.
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AV. RUDGE

Isa


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A.
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M
75

COMPARE O SEU TEMPO* Elite

SPLIT ALARM Masculino 44min07s


*Tempo dos vencedores em 2006
Feminino 51min24s **Média de todos os atletas em 2
HR.
Geral
Consultoria técnica: Cláudio Cast
(Pinheiros e equipe Saúde &
Masculino 1h25min23s Performance) e Frederico Fontan
(equipe Quality Life)

Feminino 1h35min58s Imagem ilustrativa

Figura 30.Detalhe do Infográfico “São Silvestre”


Fonte: Folha de São Paulo, 2008.

3.2.7 Objetividade da linguagem utilizada na peça

Rajamacknican (2005) defende que representações simples e objetivas são mais


fáceis de se interpretar, já que o usuário se distrai facilmente com objetos desnecessários
contidos na peça gráfica.

Em contraponto existe a utilização de um recurso muito comum na infografia, a


metáfora, que nada mais é do que explicar algo utilizando referências de senso comum.
Este recurso é arriscado, pois se a metáfora não se correlacionar com a mensagem a ser
passada pode gerar interpretações aleatórias que fogem totalmente da proposta de obje-
tividade do infográfico.

No trabalho da Folha observa-se que este recurso é pouco utilizado devido ao


seu alto risco, já que os infográficos atingem públicos muito heterogêneos, tão notada a
preocupação com a objetividade em seus infográficos que pode-se observar duas linhas
distintas nas quais a objetividade atua: representação visual e linguagem textual.

Representação Visual

Torna-se evidente nos infográficos analisados neste estudo a representação ve-


torial, cujo estilo de representação tem como característica seu alto grau de iconicidade,
76
na Folha ele é utilizado de forma que as ilustrações não tenham interpretações dúbias,
assim como as fotos (que são representações fiéis da realidade). Estes elementos (foto-
grafia e vetor) também são de rápida produção e fácil manipulação tornando-os muito
versáteis e práticos para o uso nas redações dos jornais.

Linguagem Textual

Nas peças analisadas a linguagem utilizada no texto é clara e incisiva e como a


representação visual não abre pressupostos para outras interpretações. Erros de grafia,
sintaxe entre outros podem afetar além da compreensão, a credibilidade do infográfico.
Na Folha os responsáveis pelos textos são os editores e jornalistas que o preparam de
uma forma mais sintética para ser utilizado no infográfico.

É interessante ressaltar que para o infográfico ser objetivo ele deve manter o
mesmo padrão nos dois segmentos (representação visual e texto). A fim de proporcionar
a melhor compreensão possível ao leitor.

3.2.8 Princípios da Sintaxe Visual

Os princípios básicos da sintaxe visual são utilizados como ferramentas para in-
tegrar e interrelacionar os elementos do infográfico, além de proporcionar um conforto
visual estético, sua boa utilização pode ser de grande ajuda ao estruturar as hierarquias e
dispor a informação de modo que a torne mais atrativa e inteligível ao leitor.

Equilíbrio, tensão, nivelamento e aguçamento, vetor do olhar, atração e agrupa-


mento, positivo/negativo, gestalt, (Dondis, 1997). Os princípios são fundamentais para
potencializar a troca de elementos textuais por imagem. Por meio desses pode se passar
novas informações e reforçar informações já citadas. Para Rajamacknican (2005) isto é
redundância, e um infográfico deve ter essa característica afim de reforçar informações
importantes, porém este recurso deve ser utilizado de forma a não cansar o leitor, e a uti-
lização dos princípios da sintaxe visual colaboram no sentido de não tornar tão explícita
77
esta redundância. Por exemplo, no primeiro detalhe do infográfico “Tragédia em Congo-
nhas” (Figura 31) tem-se nos elementos que intitulam as etapas, a cor verde no círculo
que envolve o sinal gráfico de correto para reforçar que esta etapa ocorreu normalmente
e a cor vermelha para reforçar o sinal gráfico de errado.

Figura 31.Detalhe dos elementos visuais com redundância por meio da cor.
Fonte: Folha de São Paulo, 2008.

Pode-se notar também no segundo detalhe (Figura 32) como a relação de pro-
ximidade, dimensão e agrupamento favorece a visualização em primeira instância dos
dados numéricos, colaborando na hierarquização da informação.

Figura 32.Detalhe da relação de proximidade, dimensão e agrupamento.


Fonte: Folha de São Paulo, 2008.

Um infográfico é um produto de design gráfico e grande parte do seu fator de


compreensão deve-se a este caráter, pois o profissional desta área é capacitado para com-
preender como ordenar e dispor esta informação, favorecendo sua compreensão.
78
3.3 O exercício de aplicação

Foi realizado um exercício com alunos da 3ª série do curso de Design Gráfico da


Universidade Estadual de Londrina a fim de levantar possíveis falhas e deficiências do
método piloto, o que forneceu novos parâmetros para um melhor desenvolvimento do
método final.

Para este exercício foi elaborado um material de apoio com base no método pilo-
to, este material, um infográfico (Figura 33), contextualiza o assunto (Infografia nos Jor-
nais) ao explorar o fluxo do trabalho na redação da Folha e ao trabalhar uma linguagem
que se aproxime do público, jovens estudantes da faixa etária de 18 a 23 anos.

3.3.1 Metodologia para aplicação do exercício

Este exercício se deu da seguinte maneira: o material (Apêndice A) foi distribuí-


do aos alunos, junto com uma breve explicação, como sugestão de apoio para o trabalho
da disciplina de Produção e Análise da Imagem ministrada pela docente Ms. Ana Luísa B
Cavalcante.

Originalmente o trabalho propõe aos alunos a produção de um infográfico com


tema de livre escolha para ser veiculado em uma revista de página dupla. Os alunos pro-
duzem o infográfico a partir do material de referência passado em aula e de suas pes-
quisas pessoais.Com o propósito de interferir apenas o necessário no funcionamento do
trabalho proposto, o método foi colocado como uma sugestão aos alunos.

O exercício teve a duração de 35 dias. A turma foi dividida em dois grupos, o


Grupo 1 foi acompanhado aula a aula, para observação do comportamento dos alunos
em relação ao método, enquanto o Grupo 2 trabalhou de forma mais livre, apenas com o
material de referência.
79
A intenção era não tornar obrigatória a utilização do método. Esta estratégia foi
adotada para obter resultados diferenciados e evidenciar a aplicabilidade do método em
uma situação prática. Para o Grupo 1 as alterações do método eram passadas as conforme
a observação de suas deficiências, os alunos dialogavam e apontavam as dificuldades que
foram anotadas para o aprimoramento do método.

3.3.2 Análise dos Resultados

Após a entrega da atividade por parte dos alunos foi realizada um debate com os
mesmos, para verificar as opiniões sobre o método e apontar considerações relevantes
para novas evidências, as quais foram exploradas no método. Entretanto a observação
da aplicação deste método retornou algumas novas hipóteses as que não serão tratadas
neste trabalho e que poderão ser exploradas em estudos posteriores como: as etapas do
processo criativo de um infográfico e a questão da percepção do leitor em relação a com-
posição visual da peça.

Com os infográficos produzidos em mãos e com o depoimento dos alunos rela-


cionado as dificuldades para o desenvolvimento do trabalho foram percebidos alguns
pontos que necessitavam ser mais explícitos no método como:

• Enfatizar o melhor aproveitamento e equilíbrio da disposição dos elementos


no espaço do infográfico, por meio dos princípios da Sintaxe Visual;

• Alertar sobre uma maior interrelação entre texto e imagem;

• Explorar melhor o tópico Hierarquização da Informação, explorando o pro-


duto final (o infográfico) como se fosse composto de várias camadas para
identificar o que pode ser absorvido antes ou depois;

• Propor a utilização de um check list para verificar o cumprimento das eta-


pas.
80
Além destes principais apontamentos alguns alunos citaram que visualizaram o
produto final de seu infográfico na fase de análise, este fato é interessante e demanda de
uma pesquisa mais aprofundada, por que costumeiramente isto deveria ocorrer entre a
fase de hierarquização da informação e a de fomento de parâmetros, que são fases onde
o infográfico se torna mais representativo.
81

COMO SÃO
FEITOS
INFOGRÁFICOS
EM JORNAIS?
Horários apertados + conteúdo extenso e complexo = informação acessível e
rápida. Esta equação que parece ser impossível de ser resolvida é a realidade do
dia a dia de muitos profissionais dentro das redações dos jornais pelo mundo a
fora, os chamados infografistas. Acompanhe a seguir os principais passos percorri-
dos por estes profissionais na Folha de São Paulo para solucionar esse problema.

O DIA A DIA DA INFOGRAFIA NO JORNAL


O fechador
distribui os
trabalhos
entre os Então começa a fase de
infografistas Editoria revisão, onde o infografista
de Arte
leva o impresso para o O infográfico é inserido na
editor, e faz quantas Depois de revisado, o sua respectiva página, o
alterações forem necessárias infográfico é exportado no jornal é fechado e enviado
formato eps. para a gráfica.

9:00 hrs 14:00hrs 17:00hrs 18:30hrs 19:30hrs 20:00hrs


So

Pe ch

In

Pr

Re pre
Co ão

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Se

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é-
fo

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do

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ão
st

re

co
o

to
ss

vi
a

vi

rr
Informam ao “fechador”
ão


(o cara responsável por


o
distribuir o trabalho aos
o

ão
infografistas) os
infográficos necessários para
a edição do jornal

DÚVIDAS ETERNAS O infografista é o profissional Nas redações dos grandes jornais, os


DE UM INFOGRAFISTA que “habita” a editoria de arte FERRAMENTAS infografistas têm acesso a um acervo
O quê aconteceu? e é responsável por produzir de fotografias e a um banco de
Por quê? os infográficos. E têm estas Vetores imagens vetoriais, este banco tem
Onde? perguntas como norte de seu Mapas imagens como mapas, objetos e
Quando? trabalho. partes do corpo, mas o que não têm
Como? Fotografias
no banco tem que ser feito na hora!

PENSANDO COMO UM INFOGRAFISTA A FÓRMULA DA INFOGRAFIA


Delimite o assunto, nos jornais os infográficos
apoiam as matérias e geralmente especificam Em qualquer outro meio:

Foco ou recorte
algo que já foi falado na matéria. Imagine por
exemplo um processo, que detalhe diferencia
esta etapa da anterior? Evidêncie estes detalhes,
a alma de um infográfico é o seu poder de
Conteúdo
+ Para Quem
+ = Suporte Estilo visual

+ + =
estabelecer relações entre seus elementos. No Jornal:

Conteúdo Para Quem Pressa! Estilo visual


O infográfico deve “falar a língua” do público
alvo e utilizar referências que sejam populares
Defina o seu entre esse público. Vale lembrar também que
estilo visual do infográfico deve estar de acordo
público alvo com o teor da informação. A coerência das
informações textuais e visuais são fundamentais A lição
para a compreensão.

As principais sacadas dos


Coleta de Tente saber o máximo sobre o assunto, hoje em
dia com a internet isso ficou extremamente
w
wet
w.n infografistas da Folha foram
Informações fácil. Cruze diversas fontes de informação, não .com
jdjaha
nono’
jajaja

confie só no que aquele grande site diz.

Pré estabelecer o máximo o possível de


Separe o “joio do trigo”, pense em como você elementos do infográfico como: setas, vetores, cores e
aprenderia sobre o assunto se fosse totalmente outros elementos visuais que se repitam na peça.

Análise de
leigo para julgar o que é necessário ou não,
pense qual caminho percorreria para entender
Ilustração Vetorial por ser uma técnica
Informação
esta informação? E que elementos seriam
necessários? Fotos, ilustrações, tabelas ou
rápida e facilmente adaptável foi adotada principal meio
mapas, também procure identificar qual
informação ficaria melhor como texo e qual
de representação. Por que de uma hora para outra podem
como imagem. pedir para mudar o trabalho de tamanho por que entrou
uma publicidade enorme no lugar.

Hierarquização
Ordene os níveis de informação, tente
compreender o que é interessante ser visualizado A
B
primeiro e posteriormente, estabeleça

das Informações hierarquias e relações entre essas hierarquias


para que o infográfico não seja apenas um texto
PECADOS MORTAIS
ilustrado. C
Falhas de desenho
Proporções erradas, escolha de
Os leitores precisam de referenciais para se situar, imagens confusas
por exemplo: em um infográfico sobre
Fornecer dinossauros, podemos colocar a silhueta de um
ser humano para dar ao leitor a noção do
Informações Conflitantes
Informações erradas, fontes imprecisas
Parâmetros tamanho do dinossauro em relação ao ser
humano. Um bom infográfico deve fornecer
ou em desacordo com a matéria
fornecer parâmetros ao leitor.
Metáfora Visual Falha
Relações visuais confusas ou que dêem
margem a interpretações aleatórias
Seja específico
Elimine todas as possíveis dúvidas do leitor, com
textos e imagens claras e objetivas. dúvida Excessos
Detalhes demais e recortes de
Proximidade, contraste, grids, conceituação... assunto exagerados
Princípios Utilize os princípos para criar hierarquias e
relações entre os elementos do infográfico Fora do contexto do leitor
Um infográfico é uma obra de design gráfico,
do Design grande parte do seu fator de compreensão
deve-se a este caráter.
Não utiliza uma linguagem compreensível
para o leitor

Figura 33.Infográfico poduzido a partir do método piloto, para utilização no exercício.


82
4. Resultados

Apoiado na experiência obtida com o método piloto chegou-se a dez proposições


para a produção de infográficos, sendo que dessas, oito já figuravam no método piloto e
foram aprimoradas em maior ou menor grau para uma maior eficiência do método.

4.1 O método para produção de Infográficos

Foco ou Recorte

Em um infográfico o assunto precisa ser mais específico e aprofundado. Nos jor-


nais os infográficos apóiam as matérias e geralmente especificam algo que já foi dito. A
delimitação do foco ou recorte em um infográfico procura evidenciar as características
marcantes das informações contidas na peça.

Estas características são fundamentais para ajudar o leitor a diferenciar acon-


tecimentos e compreender melhor a informação, quando esta se trata de um processo,
por exemplo, é necessário ter em mente que detalhes diferenciam esta etapa da anterior?
Estes detalhes devem ser evidenciados de maneira que fique nítida suas peculiariedades
em relação as outras etapas.

Caso isso não ocorra, o infográfico pode se tornar muito abrangente e serão ne-
cessários um número maior de elementos na peça para explicar o assunto pretendido,
este acúmulo de informações pode cansar o leitor e assim a peça perde sua função expli-
cativa.

Um bom infográfico explora a capacidade de estabelecer relações entre seus ele-


mentos, tornando a informação clara e compreensível.
83
Definir o Público Alvo

O infográfico deve comunicar-se com seu público alvo e utilizar referências que
sejam populares entre esse público. Tanto em sua linguagem textual quanto em sua lin-
guagem visual, neste ponto deve-se tomar cuidado com uso de metáforas e representa-
ções visuais fora de contexto que podem provocar desinteresse do leitor por não simpa-
tizar com a forma que a mensagem é apresentada.

Outra observação importante é quanto a abrangência do público, quando se de-


seja abranger uma gama maior de pessoas deve-se procurar utilizar uma linguagem neu-
tra dando preferência a um uso maior da representação visual, quando um infográfico
necessita ser mais abrangente, proporcionalmente o seu grau de iconicidade deve ser o
maior possível.

Vale lembrar também que estilo visual do infográfico deve estar de acordo com o
teor da informação. A coerência das informações textuais e visuais e a forma como elas se
relacionam com o repertório pessoal do leitor são fundamentais para a compreensão.

Coleta de Informações

Neste ponto procura-se reunir o máximo de informações em relação ao assunto


delimitado no recorte do infográfico. Para informar a respeito de algum assunto, deve-se
antes de tudo conhecê-lo. Mesmo que não seja possível conhecê-lo a fundo é necessário
uma noção geral, apontando particularidades e definições principais. Atualmente tem-
se a internet como principal meio de acesso a informação o que torna esta tarefa rela-
tivamente simples. Porém para se chegar a uma informação mais concisa o possível é
aconselhável cruzar diversas fontes de informação, procurando sempre ser imparcial em
relação ao assunto.
84
Análise da Informação

Muitas vezes algumas das informações coletadas na etapa anterior não são fun-
damentais para a compreensão do leitor, mas são importantes para a imersão do infogra-
fista no assunto, caso estas informações figurem no infográfico podem de alguma forma
atrapalhar e confundir o leitor.

Para esta fase é necessário ter em mente como uma pessoa leiga aprenderia sobre
o assunto, montando um esquema de qual caminho mais provável a se percorrer para en-
tender esta informação, e quais elementos poderiam ser utilizados para elucidar melhor
estas informações como fotos, ilustrações, tabelas ou mapas, neste momento também é
necessário identificar qual informação ficaria melhor como texto, qual como imagem e a
forma que o texto se integrará a imagem para que o resultado final do infográfico não se
assemelhe a um texto ilustrado.

Hierarquização da informação

A informação deve ser visualizada como se estivesse disposta em um ambiente


tridimensional, em camadas, nas quais determinadas informações são mais interessantes
caso sejam percebidas primeiro e outras posteriormente a fim de auxiliar o leitor a traçar
uma linha de raciocínio por meio das informações mostradas pelo infográfico. Sugere-se
que o infográfico priorize a informação em três níveis4 distintos:

Primeiro Nível: Informações necessárias para situar o leitor sobre o que se trata
o infográfico, servindo como uma pequena introdução ao assunto principal

Segundo Nível: O assunto principal abordado pelo infográfico, as informações


deste nível devem estar em destaque, mas não conflitantes com o primeiro nível, pois
caso ela seja absorvida antes da hora pelo leitor pode passar uma informação falha ou

4 O exemplo da disposição das informações em níveis pode ser visto no Apêndice A deste trabalho.
85
causar desinteresse, por se tratar de uma informação que necessita de uma introdução
prévia.

Terceiro Nível: Informações complementares que podem ajudar na compreen-


são da informação, mas não são fundamentais.

A disposição da informação nos níveis propostos tem a intenção de minimizar um


possível desinteresse por parte do leitor dada a grande carga de elementos informacio-
nais contidas em um infográfico, que dependendo da maneira que estão dispostos podem
não transmitir a informação completa, o que pode tornar o infográfico inconsistente.

Troca de elementos

Para manter o caráter dinâmico de um infográfico é necessário trocar o máximo


de elementos textuais por visuais, tornando-o mais atrativo para o leitor, esta troca de
elementos também procura adicionar informação e potencializar a compreensão, de for-
ma que não sobrecarregue o leitor.

Fornecer Parâmetros

Os leitores precisam de pontos de referência para que possam se situar e com-


parar elementos para que possam perceber a informação que está sendo transmitida, o
pensamento humano tem necessidade estabelecer relações por meio de comparativos.

Por exemplo: em um infográfico sobre dinossauros, pode-se colocar a silhueta de


um ser humano para dar ao leitor a noção do tamanho do dinossauro em relação ao ser
humano, o mesmo se aplica em gráficos ou situações nas quais se deseja mostrar dados
quantitativos.
86
Objetividade da abordagem

Representações simplificadas e objetivas são melhor interpretadas pelo leitor,


já que o mesmo se distrai facilmente com elementos desnecessários contidos na peça
gráfica.

Na infografia existe um recurso muito comum, a metáfora, que nada mais é do


que explicar algo utilizando-se de analogias, este permite explorar um aprofundamento
maior no assunto sem que o leitor se sinta descontextualizado.

Este recurso é arriscado, pois se a metáfora não se correlacionar com a mensa-


gem que pretende ser passada pode gerar interpretações aleatórias e dúbias que colo-
cam o leitor em dúvida e fogem totalmente da proposta de objetividade do infográfico.
A linguagem da peça deve ser específica, sintética e focada na informação que se deseja
passar, tanto em sua representação visual como textual.

Princípios do Alfabetismo Visual

Os princípios básicos da sintaxe visual são utilizados como ferramentas para in-
tegrar e interrelacionar os elementos do infográfico, para que este, a um primeiro olhar,
seja identificado como tal, é necessário que seu espaço seja muito bem preenchido e equi-
librado, consegue-se isto por meio do trabalho das relações de equilíbrio, tensão, nivela-
mento e aguçamento, vetor do olhar, atração e agrupamento, positivo/negativo, gestalt,
que além de proporcionar um conforto visual estético, colabora ao ajudar a estruturar
as hierarquias e dispor a informação de modo que a torne mais atrativa e inteligível ao
leitor.
87
Os princípios são fundamentais quando se trocam elementos textuais por ima-
gem, por meio destes pode se passar novas informações e reforçar relações entre os ele-
mentos de um infográfico, que é um projeto de design gráfico e grande parte do seu fator
de compreensão deve-se a este caráter.

Check List

Ao final do processo recomenda-se fazer um check list para verificar se todas as


etapas sugeridas foram seguidas caso haja elementos em desacordo deve-se estudar a
melhor forma de adaptá-lo para que tenha um valor informacional válido no contexto do
infográfico.
88
5. Conclusão

A proposta deste trabalho surge diante de uma realidade comum a muitos es-
tudantes e professores da área do Design Gráfico: A carência de literaturas específicas a
respeito da infografia na língua portuguesa, em especial de origem brasileira.

A infografia é uma área recente, tanto que o próprio termo ainda é discutido pe-
los profissionais do meio. O que é evidenciado pelas publicações na área, que ainda estão
em fase de maturação, sendo que algumas ainda se encontram restritas a termos técnicos
das áreas da estatística e arquitetura da informação, ou já se tornaram obsoletas por con-
ta da velocidade em que cresce área. Em sua grande maioria este material é de origem
estrangeira (norte americana ou espanhola) o que torna o assunto ainda mais delicado
quando se fala de literatura específica em português (brasileiro).

O que seria natural de fato caso a produção e discussão do assunto no país não
fossem relevantes, mas o que se pode perceber claramente é que no Brasil tem-se expo-
entes da infografia, reconhecidos internacionalmente como as Revistas Super Interes-
sante e Mundo Estranho da (Editora Abril), os jornais, O Estado de São Paulo, O Globo e
Folha de São Paulo e profissionais renomados como Luiz Iria, editor chefe de Infografia
da Editora Abril, que presta consultorias e promove a infografia por meio de palestras
mundo a fora. Este cenário mostra que no Brasil se discute, produz e desenvolve infogra-
fia, adaptada a realidade do país. O que motiva produzir conhecimento científico sobre
esta área, não só no escopo dos meios de comunicação e fins mercadológicos, mas tam-
bém potencializando ferramentas de cunho social como ensino a distância, práticas da
área da saúde entre outras.

Este trabalho, por meio da imersão no assunto, levou a compreensão de maneira


mais ampla a importância da infografia no meio impresso, no caso o jornal, como fer-
ramenta de revitalização desta mídia. Este passo também contribuiu ao se constatar a
necessidade de um estudo de caso para aprofundar o conhecimento sobre o assunto, que
apresentasse diferenciais os quais pudessem ser notados mediante a observação de pro-
dutos, no caso os infográficos impressos nas edições do jornal.
89
Neste ponto chegou-se a Folha de São Paulo, um grande jornal reconhecido e
respeitado nacionalmente, que proporcionou um contato com a realidade de sua redação,
que além de ser uma experiência única de proximidade com o objeto estudado, permitiu
o estreitamento de relações com os profissionais que o produzem, por meio da entrevista
e da observação de campo, que trouxeram informações relevantes para a elaboração do
estudo de caso.

A equipe da Folha de São Paulo surpreendeu, não só pelo seu profissionalismo,


mas também por ir na contra mão do senso comum e da visão estereotipada que se tem
dos profissionais desta área, o grupo se mostrou disponível, interessado, solicito e empe-
nhado ao colaborar com o trabalho. Esta etapa do trabalho foi importante também para
estabelecer contatos profissionais, de grande valia para um recém formado.

Estes contatos possibilitaram a vinda de Marcelo Pliger a Londrina para pales-


trar no evento Work Design 2008 promovido pelos estudantes do curso de Design Gráfico
da Universidade Estadual de Londrina, onde discorreu sobre a infografia e sua experiên-
cia na Folha de São Paulo aos participantes.

Em um primeiro momento, não se imaginou a dimensão da estrutura que exitia


por trás dos infográficos que figuravam impressos nas edições diárias da Folha. Pode-se
perceber que o modo de produção do jornal é respaldado por um grande aparato mate-
rial, a infra-estrutura do jornal.

Mas esse por sua vez atua de forma indireta na produção do infográfico, forne-
cendo apenas os meios de produção, já que em muitos casos um infografista produz um
infográfico sozinho, o que permite caracterizar que o aparato material é importante mas
a essência do trabalho está no material humano que a produz.

As características do trabalho (velocidade e demanda) condicionam a maneira


como o profissional encontra soluções para conseguir produzir com eficiência e é isto
que constitui um conhecimento de grande utilidade para compor um método de produ-
ção de infográficos, não só no aspecto teórico mas também como incentivo para a pes-
quisa, ao apresentar que mesmo tendo um uma base extraída de uma situação onde se
90
tem um sólido aparato material fornecendo suporte, o mesmo não é imprescindível para
a produção, sendo possível adaptar seus pontos principais para outras realidades e para
isto basta o índivíduo compreender o modo de trabalho do profissional de infografia, que
foi apresentado no decorrer do trabalho.

Também pode-se notar uma forte influência acadêmica no modo de produção, a


tal ponto que quando a bibliografia pesquisada foi confrontada com os resultados obtidos
no estudo de caso a maioria dos pontos foram concordantes, e se mostraram eficientes na
produção de um infográfico. Como pode se observar na etapa de análise dos infográficos
premiados.

A opção por analisar um material premiado do jornal justifica-se, ao procurar


explorar as nuances mais consideráveis a respeito da produção, visto que em um material
premiado estas características já foram previamente selecionadas, baseada em critérios
elaborados por pessoas competentes da área, o que comprova sua legitimidade.

Esta etapa foi decisiva para verificar que as constatações apuradas no estudo de
caso são verdadeiras, e constituem uma informação sólida que possibilita a formulação
do método piloto confirmando duas hipóteses propostas: o modo de produção da folha
pode ser sistematizado em um método para consulta e quando exposto em um exercí-
cio se mostrou satisfatório como fonte de consulta para a produção de infográficos bem
como sua versatilidade ao se aplicar a outros suportes, como proposto no exercício.

Esta aplicação suscitou apontamentos interessantes que serviram para agregar


um conteúdo mais sólido ao método e também propiciou uma experiência de troca de
conhecimentos e reflexão a respeito do tema muito relevante, que colaborou para apro-
fundar o foco do trabalho.

Quanto ao que foi colocado em questão, quando a hipótese de que não existia um
material para consulta na redação do jornal foi aparentemente refutada na etapa do estu-
do de caso. Este fato foi relevante para refletir a respeito dos reais objetivos do trabalho e
se os mesmos eram legítimos, pois em um primeiro momento supunha-se que o método
em si já existia em forma de material publicado e consistente dentro da redação, porém
91
ao se ter contato com o material para análise, puderam ser feitas observações, as quais
mostraram que o material interno não possui especificações sobre o modo de produzir
infográficos, ele trata apenas de direcionar o estilo visual do infográfico de forma que este
siga as especificações do projeto gráfico do jornal. Tal observação foi fundamental para a
continuidade do trabalho.

As hipóteses levantadas no início deste trabalho procuraram nortear o trabalho


afim de atingir o seu objetivo principal, sistematizar um método de produção de infográ-
ficos, obtido por meio do estudo de caso, confrontado com a análise de infográficos e em-
basado na bibliografia relevante a área, o que levou a elaboração do método piloto, que
exposto e aplicado em um exercício levantou pontos relevantes, sendo que alguns foram
incluídos no método e outros apontados para estudos posteriores como:

• estudos mais aprofundados na área de percepção do leitor em relação ao in-


fográfico, abordado no tópico relacionado a Hierarquia da Informação, para
melhorar o aproveitamento da disposição dos elementos no infográfico;

• aprofundar a reflexão a respeito da organização do próprio método pois po-


de-se classificar o processo de confecção de um infográfico em duas etapas,
compostas de diversas fases, uma destas etapas é pré-representativa e englo-
ba as fases de recorte de assunto, definição de público, coleta, organização
da informação e de reflexão a respeito da disposição da mesma na peça, em
seguida tem-se outra etapa, a representativa, onde os elementos são inseri-
dos e guiados pelas relações da sintaxe visual, onde algumas pré definições já
estão estabelecidas e o infografista apenas as integra se utilizando da práxis
do design gráfico para isto.

O trabalho se propõe a ser apenas uma fagulha de uma discussão que produzirá
bons frutos a respeito de como se pensa e se faz infografia no Brasil e de como esse co-
nhecimento tácito é importante para a academia, ao possibilitar desdobramentos futuros
como artigos científicos, representações visuais deste método, workshops e reflexão. A
exemplo da Universidade de Navarra (Espanha) que promove o prêmio MALOFIEJ para
premiar os profissionais da área.
92
Passível de contestação como todo conhecimento científico, este trabalho, fruto
do ensino público, também é uma iniciativa pessoal de retribuir aos cidadãos e comuni-
dade acadêmica o tempo, verba e disponibilidade para a produção do mesmo.
93

REFERÊNCIAS

CAIXETA, Rodrigo A arte de informar. Disponível em: <http://www.abi.org.br/paginain-


dividual.asp?id=556> acessado em 19 mai. 2008.

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WURMAN, Richard Saul. Ansiedade de Informação: Como transformar informação em


compreensão. São Paulo,1991.
94

ApêndiceS

Apêndice A - Níveis de percepção da informação em um infográfico.


98

Anexos

Anexo A - Infográfico “11 de Setembro” produzido por Ariadne


Maestrello.

Anexo B - Infográfico “O que é Cafeína” produzido por Aretha Otsuka.

Anexo C - Infográfico “Como Miguelar o Bira” produzido por Pietro Luigi.

Anexo D - Infográfico “O Mistério do Sono” produzido por Núbia Aguiar.

Anexo E - Infográfico “O Dragão Chinês” produzido por Gustavo Abe.

Anexo F - Infográfico “Hierarquia dos Escrúpulos: Comunicação Visual”


produzido por Vinícius Ferreira Mendes.

Anexo G - Infográfico “Os 3 Lados do Mistério” produzido por Glauber


Pessusqui.

Anexo H - Infográfico “Burnout” produzido por Lívia Shimamura.

ANexo I - Infográfico “Ações: Como Começar a Investir” produzido por


Adriana Ferreira.
I  G P °  DG - U E L
mvdas
Ber

Flo
rida-
EUA
vdas
O O    T  B
 L  M ângulo das Berm
Tri

Oceano
Atlântico
Há mais de um século o Triângulo das Bermudas
Mar do
intriga e amedronta os viajantes. des & Segurad Caribe
Sua localização não é precisa e pode variar de to rida or Para as autoridades e seguradoras o
Porto - Rico
u

as
acordo com quem conta a história, mas o mais

A
triângulo simplesmente não passa de
provável é que os vértices do triângulo se situem lenda. Na década de 70 um levantamento Localização do
Triângulo das Bermudas
em Miami, Porto Rico e Bermudas (ver mapa), de todos os navios desaparecidos no
formando uma área de aproximadamente 1 mundo desde os anos 50 foi encomendado
à maior seguradora de embarcações do
milhão de kilometros quadrados.
mundo, a London Lloyd’s. Não foi perce-
Muitos acreditam, alguns tentam explicar e bida uma maior frequência de acidentes
outros ainda dizem que tudo nao passa de boba- no triângulo, ao contrário do que se Algo tão intrigante não poderia ser
gem. Veja a seguir os três lados do maior mistério esperava. respondido somente metafisicamente. As
moderno da humanidade. ciências então logo trataram de buscar
explicações plausíveis para os acontec-
imentos do Triângulo das Bermudas.
Embora algumas delas sejam tão absurdas
quanto as explicações místicas existem
algumas hipóteses serem consideradas,
como a formação geológica e o clima
alucos & As lendas sobre o instável da região.
c os, M local deram origem as
sti Af
in mais variadas explicações

s
para os desastres ali ocorridos.
Atlântida, ET`s, buracos negros,
portais interdimensionais e outras
esquisitices sem fundamento já
foram citadas.

s
in. i sta
tempo normal 20 m C iênt
pela neblina 20-30= -10min

Bem Vindo a Atlântida Clima e Relevo


Neblina Elétrica Diz a lenda que a famosa O relevo é irreular e propicia a
Há dezenas de relatos de cidade fica bem debaixo do formação de correntes muito
casos envolvendo uma Uma viagem de 20 min. triângulo. Lá existem cristais fortes e grandes abismos no
misteriosa nevoa que dentro da nuvem dura 30 de força tão poderosa que oceano. O clima é sempre
persegue os aviões e causa min. a menos,assim o piloto sugam ou desintegram tudo o instável, com tempestades e
pane nos instrumentos. volta 10 min. no tempo que vêem pela frente. trombas d’gua que facilmente
Alguns sobreviventes relatam Além disso as ruínas atraem afundam barcos e derrubam
que a neblina tem o poder de ET’s que abduzem as aviões.
distorcer o tempo. tripulações
Ações: Qual a melhor forma de escolher em que
ações investir? Agora o investidor é
um acionista.
como começar a investir
Para escolher as ações, o investidor deve
ponderar três critérios: liquidez (facilidade
de vender a ação quando quiser resgatar),
retorno (possibilidade de ganhos) e
6
Quanto é preciso para começar? Como investir individualmente risco (possíveis perdas).
A combinação desses três elementos,
Não existe um valor mínimo O investidor procura uma Corretora e a critério do investidor,
exigido para investir na Bolsa. contrata seus serviços. definirá em quais ações aplicar.
Isso varia em função do preço das Em seguida, com a assessoria dos
*
ações que se deseja comprar e até mesmo profissionais da Corretora, o investidor
da Corretora que você escolher. escolhe as ações que deseja adquirir e
transmite a ordem de compra
diretamente para a corretora.
Importante

Veja passo à passo: Antes de iniciar seus investimentos,


você deve fazer algumas ponderações.
Ganhos a curto prazo não devem ser
a expectativa de quem decide investir em ações.
É aconselhável que o investidor não dependa
do recurso aplicado em ações para gastos
imediatos e que tenha um horizonte x
de investimento de médio e longo prazos,
quando eventuais desvalorizações
das ações poderão ser revertidas. z
i min oceti
ajjijub abens ti
Aoren ipsun ensi min oce
y
ajjijub ab ti
Aoren ipsun in oceabensi min oceti
Aoren abe nsi m jijub
ipsunaj ti min oceti
jjijub eipsun ti mjjin
a ijuoceb abensi
ipsuna Aoren abeinsi mjjin eti si min oceti
ocaben
Aoren sunam jjijub
in occet ipsun nsi a ijub
ip si Aoren juboabe eti
ocabensi min oceti
jji etnsi i min jijub ti
Aoren pesnuna
i Aoren
minb abe ocipsunaj oce eti
Aore bnab nsi jjiju i mjijinub
nsi
unaj abei nsi min oc
jjijuen a moin
ipbseunasiAjijub renabe
ocipetset et nsi min oceti
n aAor
ju b en
sun aj m in oc s ns
u
i minboc
n iaj jij u a bei
ipsu Aor jji en iab p renabe
Aijjiojub ip i ocet min oceti
ren suna jijub suna ens si min ipsun cetsaii jjminijub abensi
enAoren aobenet oceti min oceti
Ao en ip unAajorejunbipab
suna jjijumbinipsun ocnsai jjimin ijub abensi
Aor en ips na jji enbipab Aoren
nsi b abe
in min oce
abensi
ti min oceti
su Aor be jjiju si m ipsunaj ceti jijubi ti
na
jjiju ips
n b auna Aoren
en ijub abe
in ons in oce ceti
Aor en ip suA ore jjiju ipsu abnajj cet mjub
onsi
i m ipinsunajji i abetni si min o
eonsren oce min oceti
Aor en ip suAor na enjijub bA jjijub mabe ocsi etmin
ijub
Aor en ip unaen j pbsuna
i a Aoren nsi ipsun in ajjet
aben i abensi
A corretora credita as ações
or i p sAor jjiju a be ijub
najj s im n oc
n si min
bi
oceti min oceti
abensi i
A b
ju Aoren en bipsun m i a jj i ju
et t
en suona renjjiipsu ab jjijusi
abe oc min oce
min oceti
Aor en ip A na ipsu
ub na en abe innsijijub eti abensi ti
su en ajjij Aoren abjjijubipsunaj
si m in ocmini oce in oceti
Aor en ipAor un jjiipjusbunaab en
enips i umnnsi
sabe ajjioc jubetabenstii m
Aoren Ao jub
Aor en ips na psjuuna b rjji en min mini oce i
adquiridas pelo investidor em
suen i jji ab ub sabe i nsi ocet ocet
Aor en ip Aorsu na jub ajjij en in m inet i
nsi
Aor enAor ip enna ipjjisunb abjub abe si m oc
su ipjji suna
ju jjiaben i min
s
Fulano de Tal
Aor n ip enna
re Aor b en Fulano de Tal
Ao n ipsu najjiju ab
sua custódia.
e su jub
e Tal
Aor en ip unajji de lTal
s Fulandoe Ta
Aor n ip ano
Fulnano doedTal
re Ful
Ao Fula 5
O investidor procura uma
x
corretora e contrata seus
serviços.
1 z
Assim a corretora executa
y a ordem dada pelo investidor
e compra a ação na bolsa.
O cliente ( que já possui
A briga do touro e o urso uma conta na corretora)
3
efetua o pagamento.
Representa a lei da oferta e procura. Com acessoria da corretora
O touro (força compradora) o investidor escolhe a ação
quer levantar o mercado de ações, e dá a ordem de venda.
enquanto o urso (força vendedora)
* 4
usa suas patas para derrubá-lo).
R Infográfico elaborado por Adriana Ferreira
2
Primeiro
Nível
Informações neces-
sárias para situar o
leitor sobre o que
se trata o infográ-
fico, servindo como
uma pequena intro-
dução ao assunto
principal.
Segundo
Nível
O assunto princi-
pal abordado pelo
infográfico, as
informações deste
nível devem estar
em destaque, mas
não conflitantes
com o nível supe-
rior, caso ela seja
absorvida antes
da hora pelo
leitor pode passar
uma informação
falha ou causar
desinteresse.
Terceiro
Nível
Informações com-
plementares que
podem ajudar na
compreensão da
informação, mas
não são funda-
mentais para a
compreensão.
C2 cotidiano SEXTA-FEIRA, 20 DE JULHO DE 2007 ef ef SEXTA-FEIRA, 20 DE JULHO DE 2007 cotidiano C3
TRAGÉDIA EM CONGONHAS/CAUSAS TRAGÉDIA EM CONGONHAS/CAUSAS

OS PROBLEMAS NA ATERRISSAGEM 3 segundos


FRENAGEM HIPÓTESES CURVA E COLISÃO
>> Pane no reversor POSSÍVEL
Após tocar o EXPLOSÃO
Após a possível explosão, a

DO AIRBUS DA TAM solo, em vez de >> Freios não funcionaram aeronave sai da trajetória e vira à
>> Falhas nos pneus ou no sistema que Aparentemente, o avião levou para atravessar o esquerda antes de passar por cima da avenida
começar a desacelerar, a permite nova subida houve uma trecho filmado pela Infraero Washington Luís e atingir o prédio
aeronave se mantém em >>O comprimento da pista pode ter sido explosão no motor
TOQUE NO SOLO uma velocidade alta ou HIPÓTESES

167 km/h
VELOCIDADE esquerdo do avião,
O avião tocou o solo nos primeiros
curto para uma manobra emergencial, >> O desvio pode ter sido causado pela
Segundo a em aceleração como arremeter como se vê numa explosão ou por falha no reversor
Infraero, a 300 metros da cabeceira >> A pista estava molhada e câmera do >> Pode ter havido algum obstáculo na pista
velocidade do escorregadia, segundo alerta dos
aeroporto de era a velocidade da aeronave,
avião estava controladores. A falta de “grooving”,
Congonhas segundo a Infraero, no momento
dentro do normal ranhuras na pista, pode ter dificultado
em que o avião saiu da pista
a frenagem
MR1

1.940 m é o comprimento total da pista principal de Congonhas


COMO É UM 300 m: avião deve tocar a pista 560 m: são usados para frear ou decidir se é preciso arremeter 750 m: aeronave deve continuar diminuindo a velocidade 330 m finais: área para emergência

POUSO
CORRETO FREIO AERODINÂMICO
É acionado quando o piloto freia.
FREIO
AUXÍLIO DO
REVERSOR
COMO FUNCIONA O REVERSOR Foto Divulgação
11 segundos PROCEDIMENTO
PARA ARREMETER

Com sistema antiderrapante, é o tempo que outros aviões levaram para Dependendo do avião, A aeronave pode
>> No momento da
200 km/h
Com a passagem do ar pelo arremeter sem
os freios dos pneus são atravessar o trecho filmado pela Infraero precisa estar entre tocar a pista…
equipamento, ajuda a aumentar o frenagem, o piloto
acionados assim que a
204 km/h
60 km/h
atrito do avião com o chão pode acionar o reversor

a 240 km/h
aeronave toca o solo
se achar necessário (110 nós) e
241 km/h
…ou tocando a pista
Asa >> O equipamento faz e retomando velocidade

é a velocidade usual de um com que o ar da turbina é a velocidade máxima da (130 nós)


Freio aerodinâmico
Airbus-A320 ao tocar o solo acionado vá para a frente aeronave ao taxiar no final da
pista antes do desembarque
Na aproximação, trem de pouso é acionado Asa

Joel Silva/Folha Imagem

ParaTAM,aviãopode Empresa diz que


manual autoriza
vôo sem o reversor
Paraespecialistas,
pousarcomdefeito ................................................................................................
DA REDAÇÃO

Leia trechos da entrevista


dada pelo vice-presidente téc-
Airbus-A320, prefixo PR-MBK,
da TAM antes do acidente sófalhamecânica
nosistemadefreios nãoexplicaacidente
nico da TAM, Rui Amparo, ao
Jornal Nacional, da Rede Glo-
A FUNÇÃO DO REVERSOR
bo, em que afirma que o ma- O avião é projetado para parar com os freios das rodas e o Reversor
nual autorizava vôos, apesar do aerodinâmico. Em situações normais, os reversores funcionam acionado
problema no reversor. como instrumentos adicionais para a desaceleração. Quando a
� pista está molhada, são essenciais. A aeronave possui dois, um
O Airbus-A320 teve problema, 4 dias antes do acidente que JN - Qual é o histórico dessa aero-
de cada lado, nas turbinas
Na opinião de técnicos ouvidos pela reportagem, acidente
provocou a morte de 196 pessoas, no reversor do lado direito nave que se acidentou aqui no aero-
porto de Congonhas? deve ter sido provocado por um conjunto de problemas
Reversor fechado
RUI AMPARO - Nós investigamos Permite que o ar da turbina
três meses antes do ocorrido e passe livre, não influindo no vôo
No acidente do Fokker-100 Em seguida, afirmou que Airbus depois do defeito cons- não encontramos nenhuma pa- O que a falta do reversor Outras falhastécnicas, falta A aeronave não depende dos da USP (Poli/USP).
da TAM em 1996, as “não há alteração de perfor- tatado no dia 13. Afirma que tu- ne significativa. Pane significa- direito do Airbus da TAM de aderência napista de reversores para frear nas situa- O piloto e engenheiro aero-
mance” da aeronave sem esse do foi feito em condições pre- tiva significa alguma pane que pode ter causado ções normais. Isso porque, em- náutico James Waterhouse,
investigações apontaram sistema, “exceto em pistas mui- vistas pelos manuais de manu- Congonhas eeventuais erros bora usado praticamente em professor da USP de São Carlos,
pode alterar o seu padrão de
problemas no reversor to contaminadas”. Amparo tenção da fabricante Airbus e vôo significativamente. Saída de
Fluxo
1 O sistema de do piloto são apontados todos os pousos do tipo, ele é só diz que, em Congonhas, se a
Turbina de ar reversores
direito como principal causa afirmou que as pistas contami- aprovado pela Anac (Agência JN - Mas na sexta-feira ela apre- gases ficou com apenas como possíveis causas um instrumento extra para aju- pista estiver úmida —chovia no
nadas seriam “embaixo de chu- Nacional de Aviação Civil). sentou algum tipo de problema? 50% da capacidade, dar a frenagem do avião, que é momento do acidente de terça-
................................................................................................ ................................................................................................
DA REPORTAGEM LOCAL
va muito forte”, mas que esse O comunicado diz que esse AMPARO - Exatamente. Na sex- o que não foi DA REPORTAGEM LOCAL
projetado para parar com freios feira—, é difícil pousar sem uso
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA “não era caso declarado” em procedimento “não configura ta-feira ela tinha um reporte de suficiente para das rodas e aerodinâmico. do reversor. Há diversos relatos
Congonhas no dia do acidente. qualquer obstáculo ao pouso da um sinal de mau funcionamen-
parar com a pista O problema no reversor di- Pedro Goldenstein, piloto há no dia do acidente apontando
O Airbus-A320 que se aci- Segundo ele, esse avião foi in- aeronave” e que essa informa- molhada reito do Airbus-A320 da TAM 26 anos, prefere não fazer co- que ela estava escorregadia.
to de um dos reversores. Nesse Reversor aberto
dentou na terça-feira em Con- vestigado três meses antes do ção foi dada pelo presidente da não seria suficiente, sozinho, mentários a respeito do aciden- “O acidente é uma reunião de
caso, o manual manda que você Redireciona o ar da turbina,
gonhas, provocando a morte de acidente e não foi constatada empresa, Marco Antonio Bo- 2 O avião
para provocar o acidente de te, mas dá a explicação técnica. fatores contribuintes. Aquela
iniba mecanicamente esse dis- funcionando como um freio
pelo menos 196 pessoas, voava “nenhuma pane significativa”, logna, e pelo vice-presidente começou a terça-feira, conforme especia- “Há sistema de freio de ro- pista não oferece as condições
técnico, Ruy Amparo, em en- positivo, mas você pode liberar
com um problema mecânico que poderia “alterar os padrões puxar para o lado listas ouvidos pela reportagem. das, aerodinâmico e reversor, ideais, mas sozinha não é um
detectado quatro dias antes. de vôo significativamente”. trevista coletiva anteontem. o avião para vôo por dez dias, esquerdo que é só auxiliar. O avião tem fator decisivo”, diz Raul Francé
Só uma conjunção de fatores
A TAM soube na sexta-feira Em nota divulgada ontem à Na entrevista, Amparo, ao em qualquer condição de pista. pode explicar o acidente, in- que ser capaz de parar mesmo Monteiro, ex-piloto da TAM e
JN - Não é considerado grave esse Fluxo
de um defeito no reversor noite, a TAM admitiu a desati- ser questionado se poderia ter Saída de cluindo ainda a possibilidade sem reversor. Todo mundo coordenador do curso de ciên-
tipo de alerta? Turbina de ar
—que auxilia a frenagem— do vação do reversor direito do ocorrido problema semelhante gases de outros problemas técnicos, aciona, até porque economiza cias aeronáuticas da Universi-
AMPARO - Não, absolutamente.
lado direito do avião prefixo ao do acidente de 1996, afir- de falta de aderência da pista de freio das rodas, mas não é com- dade Católica de Goiás.
Ele está nos manuais. Nós po-
PT-MPK. Ela decidiu, então,
pela lacração do equipamento e
mou: “O reversor direito estava
travado, em condições previs- FOTO demos liberar com até dois re-
Congonhas e de eventuais er-
ros do piloto —que vão da deci-
putado no cálculo da perfor-
mance do avião”, afirma ele.
“A pista com certeza tinha
problemas de aderência”, diz
liberação da aeronave para fun-
cionar com esse instrumento
Para Airbus, tas dentro das normas desse ti-
po de avião e que não coloca
2.0 versores inoperantes.
JN - E teve problema com um dos
3 Perto do fim da
pista, o piloto são de pousar sob condição de
risco ao momento incorreto de
Há, porém, situações que po-
deriam potencializar as conse-
Apostole Lack Chryssatidis, di-
retor-presidente da Abetar
operante só do lado esquerdo. é prematuro qualquer obstáculo ao pouso 89.0 reversores na sexta-feira?
POR QUE É USADO COM MEMÓRIA
decidiu arremeter,
mas: esqueceu de arremeter (subir novamente). qüências de uma falha mecâni- (Associação Brasileira de Em-
AMPARO - Teve uma mensa- desligar o reversor
A companhia aérea diz que os previsto em Congonhas”. Técnicos apontam ainda que ca como essa. “Por exemplo, se presas de Transporte Aéreo Re-
manuais da Airbus autorizam comentar caso Já Bologna disse que “os ma- gem em um dos reversores. Es- FREQÜÊNCIA?
>> Economiza os freios dos pneus
No acidente do Fokker-100 da TAM
em 1996, que matou 99 pessoas, as
ou o equipamento
não desligou ou a
a pista do aeroporto, além de os problemas no reverso foram gional), reforçando a avaliação
que se continue voando nessas nuais da Airbus mostram que se reversor foi pinado, travado. escorregadia sob chuva, é curta somados à aquaplanagem”, diz de que a causa do acidente não
................................................................................. JN - Então desde sexta, dia 13, o >> Em Congonhas, porque a pista é curta investigações apontaram uma falha turbina esquerda
condições durante dez dias. DE NOVA YORK
reversor não era requerido pa- no reversor como principal causa estourou e sem área de escape, algo que Jorge Eduardo Leal Medeiros, resulta de um único fator. (EVAN-
No acidente do Fokker-100 ra este pouso”. avião passou a voar sem o reversor? potencializa as dificuldades. professor da Escola Politécnica DRO SPINELLI E ALENCAR IZIDORO)
da TAM em 1996, que matou 99 A Airbus acha prematu- Na nota, a TAM diz que “a Ele passou a voar
AMPARO -
pessoas, as investigações apon- ro fazer qualquer comen- empresa reafirma que não teve sem o reversor direito.
taram problemas no reversor
direito como principal causa.
Oficiais da Aeronáutica tam-
tário sobre o acidente, por
isso responde com consi-
derações genéricas, via as-
registro de qualquer problema
mecânico neste avião no dia 16
de julho [segunda-feira]” e que,
JN - E isso em nenhum momento
poderia provocar algum risco?
AMPARO - Absolutamente. Pe-
Avião começou a virar para a esquerda Dois dias após acidente, Fokker-100 da
COMO SÃO
FEITOS
INFOGRÁFICOS
EM JORNAIS?
Horários apertados + conteúdo extenso e complexo = informação acessível e
rápida. Esta equação que parece ser impossível de ser resolvida é a realidade do
dia a dia de muitos profissionais dentro das redações dos jornais pelo mundo a
fora, os chamados infografistas. Acompanhe a seguir os principais passos percorri-
dos por estes profissionais na Folha de São Paulo para solucionar esse problema.

O DIA A DIA DA INFOGRAFIA NO JORNAL


O fechador
distribui os
trabalhos
entre os Então começa a fase de
infografistas Editoria revisão, onde o infografista
de Arte
leva o impresso para o O infográfico é inserido na
editor, e faz quantas Depois de revisado, o sua respectiva página, o
alterações forem necessárias infográfico é exportado no jornal é fechado e enviado
formato eps. para a gráfica.

9:00 hrs 14:00hrs 17:00hrs 18:30hrs 19:30hrs 20:00hrs


So

Pe ch

In

Pr

Re pre
Co o

Se ão

Se

Te

Ex ar

Fe ed
é-
fo

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do

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ão
st

re

co

to
s

vi
a

vi

rr

Informam ao “fechador”

(o cara responsável por


distribuir o trabalho aos


o

ão

infografistas) os
infográficos necessários para
a edição do jornal

DÚVIDAS ETERNAS O infografista é o profissional Nas redações dos grandes jornais, os


DE UM INFOGRAFISTA que “habita” a editoria de arte FERRAMENTAS infografistas têm acesso a um acervo
O quê aconteceu? e é responsável por produzir de fotografias e a um banco de
Por quê? os infográficos. E têm estas Vetores imagens vetoriais, este banco tem
Onde? perguntas como norte de seu Mapas imagens como mapas, objetos e
Quando? trabalho. partes do corpo, mas o que não têm
Como? Fotografias
no banco tem que ser feito na hora!

PENSANDO COMO UM INFOGRAFISTA A FÓRMULA DA INFOGRAFIA


Delimite o assunto, nos jornais os infográficos
apoiam as matérias e geralmente especificam Em qualquer outro meio:

Foco ou recorte
algo que já foi falado na matéria. Imagine por
exemplo um processo, que detalhe diferencia
esta etapa da anterior? Evidêncie estes detalhes,
a alma de um infográfico é o seu poder de
Conteúdo
+ Para Quem
+ = Suporte Estilo visual

+ + =
estabelecer relações entre seus elementos. No Jornal:

Conteúdo Para Quem Pressa! Estilo visual


O infográfico deve “falar a língua” do público
alvo e utilizar referências que sejam populares
Defina o seu entre esse público. Vale lembrar também que
estilo visual do infográfico deve estar de acordo
público alvo com o teor da informação. A coerência das
informações textuais e visuais são fundamentais A lição
para a compreensão.

As principais sacadas dos


Coleta de Tente saber o máximo sobre o assunto, hoje em
dia com a internet isso ficou extremamente
w w.w
net infografistas da Folha foram
Informações fácil. Cruze diversas fontes de informação, não .com
jdjaha
nono’
jajaja

confie só no que aquele grande site diz.

Pré estabelecer o máximo o possível de


Separe o “joio do trigo”, pense em como você elementos do infográfico como: setas, vetores, cores e
aprenderia sobre o assunto se fosse totalmente outros elementos visuais que se repitam na peça.

Análise de
leigo para julgar o que é necessário ou não,
pense qual caminho percorreria para entender
Ilustração Vetorial por ser uma técnica
Informação
esta informação? E que elementos seriam
necessários? Fotos, ilustrações, tabelas ou
rápida e facilmente adaptável foi adotada principal meio
mapas, também procure identificar qual
informação ficaria melhor como texo e qual
de representação. Por que de uma hora para outra podem
como imagem. pedir para mudar o trabalho de tamanho por que entrou
uma publicidade enorme no lugar.

Hierarquização
Ordene os níveis de informação, tente
compreender o que é interessante ser visualizado A
B
primeiro e posteriormente, estabeleça

das Informações hierarquias e relações entre essas hierarquias


para que o infográfico não seja apenas um texto
PECADOS MORTAIS
ilustrado. C
Falhas de desenho
Proporções erradas, escolha de
Os leitores precisam de referenciais para se situar, imagens confusas
por exemplo: em um infográfico sobre
Fornecer dinossauros, podemos colocar a silhueta de um
ser humano para dar ao leitor a noção do
Informações Conflitantes
Informações erradas, fontes imprecisas
Parâmetros tamanho do dinossauro em relação ao ser
humano. Um bom infográfico deve fornecer
ou em desacordo com a matéria
fornecer parâmetros ao leitor.
Metáfora Visual Falha
Relações visuais confusas ou que dêem
margem a interpretações aleatórias
Seja específico
Elimine todas as possíveis dúvidas do leitor, com
textos e imagens claras e objetivas. dúvida Excessos
Detalhes demais e recortes de
Proximidade, contraste, grids, conceituação... assunto exagerados
Princípios Utilize os princípos para criar hierarquias e
relações entre os elementos do infográfico Fora do contexto do leitor
Um infográfico é uma obra de design gráfico,
do Design grande parte do seu fator de compreensão
deve-se a este caráter.
Não utiliza uma linguagem compreensível
para o leitor
D4 esporte SEGUNDA-FEIRA, 31 DE DEZEMBRO DE 2007 ef
Bruno Miranda/Folha Imagem

Afestaémuito O númerode
bonita,temgentena atletasidosos cresceem
ruaaplaudindo, progressãogeométrica.
incentivando.Nofinal, FOTO É uma disputa gostosa.
agenteficacansado, 4.0 Nãoexistepremiação.O
masmuitofelizporque 16.00 prêmioé temum corpo
conseguiucruzara saudável,superarseus
linhadechegada limites edormir bem
CARLOSMARCHETTI ADEMARTRISTÃOFILHO
corredor de 84 anos, o mais velho inscrito corredor de 65 anos que vai disputar a São
na São Silvestre Silvestre
Carlos Marchetti, 84, corre uma hora e meia três vezes por semana e hoje estará na São Silvestre pelo segundo ano consecutivo

CONHEÇA Conjunto
Gazeta
O CIRCUITO MASP Nacional

AV. PAULISTA DA PROVA AV. PAULISTA


CHEGADA LARGADA
811 m

Gire a página 1 km 817 m


para ler
Imaculada

15 km 816 m 0 km 816 m
Conceição

AV. BRIGADEIRO LUIZ ANTÔNIO

Consolação
Cemitério da
Dica: Não pare de imediato após Dica: Até a mais paulistana das provas
Dica: A temível Brigadeiro começa com aclive 14 km
Igreja

Paraatletas 15h15
ultrapassar a linha. Faça Feminino 16h30 sofre com engarrafamento. São 20 mil
acentuado, seguida por subida menos desgastante

alongamento e beba água Masculino e geral 16h45 largando. Não saia atropelando todo mundo

R. DA CONSOLAÇÃO
e nova ladeira após o viaduto do Bexiga

poderá ser sentido mais à frente


exagere na aceleração, pois o desgaste
quando a muvuca se dissipa. Não
Dica: É a descida mais acentuada e
Idade não pesa
R. Sergipe

2 km
792 m
para quem corre

Mackenzie
na São Silvestre
Av. Amaral
Gurgel
R.
Ru
iB
ar
bo
sa

Pça. Roosevelt
Byington
Hospital

Marcas obtidas pelos atletas com mais de 60 anos são as


Pérola

782 m

Consolação
Igreja da
que mais caem na tradicional prova de rua de São Paulo
13,5 km

................................................................................................
Sol entre nuvens, DA REPORTAGEM LOCAL
nessa idade”, diz Tristão Filho,
com pancadas de que preside a Associação dos
chuva Ademar Tristão Filho aban- Corredores do Espírito Santo.
donou os jogos de várzea em Apesar de festejar o incre-
Av. Radial Leste 1976. Seu corpo, no entanto, mento da modalidade, o corre-

Copan
não agüentou ficar parado. E dor pena com novos rivais.

tempo na aglomeração
a se afunilar. É normal perder um pouco de
Dica: A descida já acabou, e o percurso volta
São Francisco

logo a paixão pelo futebol deu “Tenho um bom nível de trei-


lugar ao tênis e a quilômetros e namento, mas começo a perder Av. S. Luís
Largo

quilômetros de passadas. espaço. As provas estão cada

AV. IPIRANGA
3 km
Hoje, aos 65 anos, é exemplo vez mais disputadas”, diz ele,
de um movimento comprovado vice-campeão em sua faixa etá-
R.
M

750 m

Pça. da República
pelas marcas da São Silvestre. ria na Volta da Pampulha. Na
ar
ia
Pa

Mín. Máx. Cada vez mais os idosos brasi- São Silvestre-2006, foi quarto
19˚ 32˚
ul
a

leiros se dedicam a atividades na sua categoria, 941º no geral


físicas. E quem abraça o espor- —havia 15 mil inscritos. O QUE USAR
te competitivo tem desempe- Segundo censo do IBGE di- NO DIA DA
Nível extremo de nho cada vez mais destacado. vulgado no último ano, a expec- PROVA
radiação UV Na mais tradicional prova de tativa média de vida do brasilei-
rua do país, apenas os corredo- ro atingiu 71,9 anos. Boné: Usar de
Va nha

Apesar do horário,
le ng

cor clara e bem


A

use protetor solar res das categorias com mais de A explicação para este cresci-
do ab

ventilado
60 anos tiveram melhora signi- mento está no maior acesso a
au

ficativa no tempo médio de cuidados médicos, dieta balan-


ia

percurso se comparado 2006 a ceada, novas tecnologias, queda


ên
fig

1998, o mais antigo registrado. da mortalidade infantil e na Vaselina: Passar nas


.E
ta

12 km 747 m Naquele ano, a média foi de prática de atividades esporti- axilas, virilha e mamilos
oS

para evitar assadura por


percorreu 12 km. O pior
Dica: Parabéns. Você já
ut

1h36min56s. No ano passado, vas, entre outras.


importante manter a
ad

conta do atrito durante


Vi

os veteranos cumpriram o cir- Carlos Marchetti é um exem-


Teatro Municipal

completar a prova

a prova
já passou, mas é

hidratação para

cuito em 1h33min44s. Entre as plo dos efeitos desse novo in-


mulheres, a marca caiu de grediente na vida dos idosos.
1h55min35s para 1h47min39s. Começou a correr há oito anos
Av
.9

A maioria dos corredores ins- e, em 2006, arriscou-se na São


de

Camisa: Leve,
Ju

critos na prova pioraram os Silvestre. Hoje, estará na Pau-


lho

confortável e de
AV. SÃO JOÃO
para se soltar e ganhar ritmo
Dica: Não deixe de se hidratar. Aproveite
4 km

tempos. Na categoria até 29 lista novamente. Aos 84 anos, é cor clara. Prefira
anos, os homens saltaram de o mais velho inscrito. as que favorecem
750 m

1h19min32s para 1h23min31s. “Meus filhos correm e me in- a absorção do suor


centro velho. Dá para

A prova feminina foi pior, de centivaram. Uma pessoa de


históricos, como o
720 m
Paissandu

Prepare-se para o
Dica: É o início do

Teatro Municipal.

1h28min51s para 1h38min31s. idade, quando fica parada, só


Largo do

admirar prédios

Alguns, no entanto, apresen- piora”, afirma o competidor.


trecho final

taram leve evolução. Os atletas Marchetti treina por cerca de


11 km

de 50 a 59 anos melhoraram as uma hora e meia três vezes por


marcas, mas de forma bem me- semana. Também continua tra- gel
nos significativa (44s para mu- balhando em sua oficina.
lheres e 9s para homens). “Eu comecei andando. Aí Shorts: De cor clara
e confortável, deve
Já os jovens com até 19 anos passei a correr 5km, 10km, ter um bolso para
foram 1min21s mais velozes. 15km e vi que dava. Essa é mi- transportar o gel de
AV. RIO BRANCO

“O número de atletas com nha segunda São Silvestre, mas carboidrato


mais de 60 anos só aumenta. eu quero mais”, diz. (MARIANA
Alguns descobrem a corrida LAJOLO E PAULO COBOS)
km ch tre da lda ia
tre ilves eã Ba ar
in o. S -01 ão ia,
S mp ina a M

de de 2 r
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S
fin ão , é
Z ica:

re

Dica: É o início do maior Dica: O viaduto é um teste para ver Meias: As estilo
D

is

sapatilha deixam o pé
retão da prova. Convém quem está com energia. A subida é mais livre para a corrida
usar gel de carboidrato acentuada, mas não é longa e também ajudam a
Elevado Costa e Silva (Minhocão)
não perder o ritmo
primeiros 150 m. É importante
Embora curta, é acentuada nos
Dica: É a primeira subida da prova.
10

e beber água. Mas só


km

8 km 750 m absorver suor


use o gel se estiver
73
5
m

habituado Tênis: Use um apropriado


e

R. NORMA GIANOTTI
5 km
let

para corrida de acordo com


.G

Eduardo Asta/Folha Imagem


Al
a.

sua pisada (pronador,


Pr

9 km 790 m
R.

754 m

neutro ou supinador)
in
ce

t
ar

JO
sa

AV. RUDGE
Isa


al
W
be

A.
l

Dica: O percurso é cheio de


M

curvas, e o asfalto se alterna


UN

com paralelepípedos. É preciso


IZ

cuidado para não escorregar

COMPARE O SEU TEMPO* Elite


7 km 747 m

AV. PACAEMBU
SPLIT ALARM Masculino 44min07s
*Tempo dos vencedores em 2006
R. MARTA
Feminino 51min24s **Média de todos os atletas em 2006 Memorial da 6 km 751 m
HR.
Geral América Latina
Consultoria técnica: Cláudio Castilho
(Pinheiros e equipe Saúde &
Masculino 1h25min23s Performance) e Frederico Fontana
(equipe Quality Life)

Feminino 1h35min58s Imagem ilustrativa

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