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INSTITUTO SUPERIOR DOM BOSCO

DEPARTAMENTO DE PSICOPEDAGOGIA

MÓDULO: ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL


TEMA Nº 15: A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL INTEGRADA NO CURRÍCULO ESCOLAR

A orientação e aconselhamento escolar têm uma grande contribuição para o processo


de ensino-aprendizagem (PEA) e, pode exercer um papel preponderante para o
desenvolvimento social, académico e pessoal dos estudantes em todos os níveis de
ensino, embora não seja prioridade e nem esteja contemplado no currículo escolar
nacional.

Conforme se referiu anteriormente, Mwamwenda (2006), considera que nenhum


sistema escolar pode exigir e providenciar uma educação de qualidade se a maioria
dos seus alunos não tem qualquer acesso à orientação e ao aconselhamento, como
componente integral do seu currículo.

Parafraseando Sobrado (2005), a escola deve possuir um sistema orientador e sem


dúvida de carácter formativo que estimula os alunos a compreender e a se informar da
realidade que os rodeia. O currículo escolar deve incluir aspectos relevantes como
informação sobre as profissões, educação preventiva para a saúde, sexo, drogas,
técnicas de estudo e trabalho intelectual, o conhecimento e auto-exploração de si
mesmo, competências de resolução de problemas e tomada de decisões e as questões
referentes à informação e orientação escolar e profissional (Ibidem).

Ora bem, quais serão as particularidades da OP de acordo com as particularidades do


grau de ensino?

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1.1 Orientação profissional no ensino básico

O trabalho do professor com os alunos não deve ser isolado das estruturas superiores
da escola, antes pelo contrário, ele deve sempre consultar a outra figura de autoridade
dentro da escola e da comunidade se for o caso (MWAMWENDA, 2006). O trabalho do
professor deve ser feito em conjunto com outros professores, pais e encarregados de
educação de forma a poder encontrar soluções viáveis para as variadas situações que
os alunos possam eventualmente apresentar, no que concerne ao trabalho, escola,
relações interpessoais, etc. (Ibidem).

A orientação e aconselhamento neste nível, ajuda a prevenir problemas com os quais


as crianças se podem deparar no futuro, como dificuldades de aprendizagem e
comportamento desviante. Por isso, neste nível a razão da orientação e
aconselhamento é a detecção e prevenção dos problemas. Deste modo, espera-se do
professor, entre outras funções:

I. Providenciar orientação e aconselhamento aos alunos de forma individual ou


grupal;

II. Proporcionar conhecimentos sobre o mundo do trabalho;

III. Desenvolver nos alunos a auto-compreensão e aquisição de uma imagem de si


próprio realista.

1.2 Orientação profissional no ensino secundário

No ensino secundário, a escola deve proporcionar aos alunos uma orientação


personalizadora, nomeadamente:

I. Proporcionar aos alunos uma experiência directa com o mundo do trabalho;

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II. O acesso às fontes informativas actualizadas referentes aos ramos
existentes no ensino geral e técnico profissional;

III. A identificação de competências, interesses, valores e o domínio de técnicas


de exploração do emprego;

IV. Um plano de visitas às instituições laborais;

V. Programa de actividades práticas de iniciação ao trabalho.

As escolas devem ainda ajudar os alunos a desenvolver:

I. Métodos de estudo;

II. A planificarem suas carreiras académico-profissionais.

Uma vez que neste nível os alunos deparam-se com questões dilemáticas ligadas a
entrada ou não no mundo do trabalho, ou se dão ou não continuidade aos estudos.

Assim, relativamente ao orientador, este deve:

I. Fornecer informação sobre oportunidades de carreira;

II. Fornecer informação relacionada com oportunidades educativas;

III. Facultar aos alunos o autoconhecimento; etc.

No processo de PEA, há casos que necessitam de intervenção especial e, outros podem


beneficiar da intervenção do orientador, embora muitos distintos problemas possam
escapar às suas competências. Tais são os casos que necessitam de assistência ou

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intervenção de outros técnicos como médicos, psicólogos ou o acompanhamento
constante de professores, ou assistente social (SANTOS, 1963).

Santos (Op. Cit.), considera que os casos que fogem às técnicas comuns na área de
orientação podem ser enquadrados na expressão, hoje frequente de casos
excepcionais. Aplica-se o adjectivo excepcional a todo o aluno ou mesmo a qualquer
pessoa que, em virtude de uma deficiência ou de um acentuado desenvolvimento de
um atributo qualquer (aptidões, traços de personalidade, condições económicas, etc.)
destaca-se do grupo típico ao qual pertence, reagindo negativamente às técnicas e aos
processos comuns de aprendizagem ou aos padrões habituais de comportamento
(Ibidem). Para Santos aluno excepcional nem sempre significa aluno-problema. Santos
(Op.Cit.), afirma ainda a variedade de casos, entre os excepcionais é muito grande e
constitui hoje, um amplo capítulo da psicologia e da orientação educacional, como da
pedagogia em geral. Tais casos surgem em qualquer situação e se manifestam sobre as
mais variadas formas de comportamento.

Alunos indisciplinados, delinquentes, com atraso pedagógico, com deficiências


sensoriais, motoras ou temperamentais, como manias, tiques, fobias, transtornos
respiratórios, digestivos, etc., de fundo psiquiátrico podem, geralmente, ser incluídos
na classe de excepcionais, como também a maioria dos que são portadores de
inteligência, interesses ou aptidões demasiadamente superiores ao nível normal do
seu grupo (SANTOS, Op. Cit.).

As medidas escolares aplicáveis ao tratamento de cada caso estão condicionadas à


natureza deste. Contudo, sempre que um caso-problema comece a surgir, algumas
medidas básicas podem ser tomadas, das quais destacamos as seguintes (SANTOS, Op.
Cit.):

I. Estudar os sintomas e procurar descobrir suas relações com a vida geral do


aluno e com os acontecimentos nela ocorridos.

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II. Obter ampla variedade de informes sobre o aluno, sejam escolares, familiares,
psicológicos, médicos, etc;

III. Encaminhá-lo ao médico para exame geral e remoção de eventuais causas


orgânicas. A participação médica é indispensável;

IV. Dar toda atenção ao indivíduo, tratando-o como “alguém” e não como parte de
um grupo;

V. Estimular o indivíduo ao sucesso, dando-lhe tarefas que aumentem a confiança


em si e agindo para evitar penosas impressões de fracasso;

VI. Cultivar o bom humor e desenvolver o hábito de “atitude desportiva” diante


dos insucessos;

VII. Ocupar o tempo com trabalho e “hobbies” interessantes e educativos;

VIII. Providenciar para que sejam postas em prática as recomendações de


médicos ou de outros especialistas que tenham estudado o caso;

IX. Não divulgar ou comentar o “caso” entre o pessoal da escola, salvo,


evidentemente, entre aqueles que estiverem incumbidos das medidas
terapêuticas;

No que concerne aos problemas mais frequentes e as respectivas medidas


preliminares a adoptar, destacamos (SANTOS, Op. Cit.):

1) Doenças e afecções orgânicas em geral – encaminhar, sem perca de


tempo, ao médico ou, na falta deste, aos serviços médicos, públicos ou
particulares; manter contacto com os pais ou responsáveis, instruindo-os e
solicitando sua cooperação.

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2) Deficiências visuais e auditivas – encaminhar ao médico especialista;
manter contacto com os pais e professores, certificando-os das medidas
recomendáveis; zelar pela observância do tratamento indicado (uso de óculos,
oclusões visuais, uso de aparelhos, exercícios ortópticos, exames médicos
periódicos, etc.) evitar situações que intensifiquem as deficiências.

3) Defeitos de linguagem – verificar possíveis causas psicológicas;


encaminhar a especialista; reeducar ao uso correcto da linguagem; frequentar
classes especiais de reeducação, uma ou mais vezes por semana.

4) Transtornos na aprendizagem – a) aprendizagem errónea:


reaprendizagem; b) aprendizagem insuficiente: classes de recuperação ou de
adaptação; c) aprendizagem excessivamente lenta ou rápida: utilizar classes
especiais com adaptação nos programas e ensino em velocidade diferente,
condicionando-o ao potencial do aprendiz.

5) Superdotados em inteligência ou em aptidões especiais: classes


especiais; flexibilidade de programas e de métodos; evitar repetidos confrontos
com indivíduos comuns; tarefas especiais.

6) Débeis ou subdotados em inteligência – colocação em género


adequado de trabalho; treinamento da observação, da linguagem, dos gestos e
dos movimentos, segundo técnicas especiais; encaminhar a instituições
especializadas para os casos graves.

7) Indisciplina em geral – prévia análise das causas; evitar o uso de


penalidades que se tornem do conhecimento geral.

Santos (Op. Cit.), defende alguns princípios relativos à disciplina que são, igualmente,
citados por outros autores:

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I. Em disciplina, prevenir é melhor do que curar;

II. O melhor método de controlo disciplinar é conservar os indivíduos ocupados


em tarefas interessantes nas quais encontram utilidade, satisfação e sucesso;

III. Usar métodos de aprovação social. Elogios, recompensas, privilégios, são


melhores do que medidas negativas ou punitivas;

IV. Evitar o sarcasmo, o ridículo, a vergonha;

V. Considerar o sentimento do grupo quando tratar com os indivíduos


isoladamente;

VI. Respeitar os hábitos e os costumes de cada um;

VII. Manter firmeza de autoridade;

VIII. Bons exemplos são sempre necessários.

8) Distúrbios neuróticos diversos – (distúrbios nervosos, digestivos, respiratórios,


angústias, fobias, tiques, crises de choro, mutismo, dificuldades no trato
pessoal com colegas, etc.). Encaminhar a exame médico, ou a um psiquiatra, se
necessário. Medidas psico-pedagógicas: mudança de ambiente escolar,
profissional ou doméstico; alterações do regime de vida; remoção das situações
de conflito; alteração e reeducação das atitudes e conduta dos pais,
professores, colegas etc. que estejam agindo como factores determinantes ou
coadjuvantes; reeducação.

9) Delinquência (furtos, depredações, motins, etc.) – actividades sociais escolares


e extra-curriculares; desenvolver amizades e companheirismo; estimular a
organização de clubes, escutismo, organizações juvenis e ocupações atraentes

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que sirvam de derivativo ou que possibilitem sucesso e aprovação social de
elementos “predispostos”. No mais, atenção, carinho, compreensão; evitar
sarcasmo e o ridículo, que somente agravam a situação.

Portanto, os alunos que apresentam irregularidades de comportamento, sejam elas no


plano escolar, no plano familiar ou no plano puramente psicológico, podem ser
tratados adequadamente de acordo com os princípios da psicologia ou da pedagogia
(SANTOS, Op. Cit.).

1.3 Orientação profissional no ensino superior

A OCDE (2004), advoga que muitos estudantes do ensino superior dispõem de poucas,
ou mesmo nenhumas, possibilidades de acesso a serviços de orientação escolar e
profissional. Considera que estes serviços são muitas vezes escassos e não
proporcionam aos estudantes a gama de actividades de que estes necessitam para
tomar decisões de carreira de forma fundamentada.

A OCDE (Op. Cit.), faz as seguintes constatações, relativamente a OEP no ensino


superior:

I. Falta de pessoal qualificado para corresponder às necessidades de orientação e


aconselhamento profissional dos estudantes do ensino superior.

II. Presta-se reduzida atenção à escolha e ao desenvolvimento da carreira,


nomeadamente que ajude os estudantes a desenvolver competências
empresariais e de gestão da carreira e a considerar opções relacionadas com a
criação do próprio emprego.

III. As necessidades de orientação escolar e profissional específicas de


determinados grupos de estudantes muitas vezes não são atendidas: por
exemplo, estudantes em transição do estudo para o emprego, estudantes que

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abandonam ou mudam de curso, estudantes mais velhos que voltam a estudar,
estudantes em situação de ensino à distância e estudantes de proveniência
internacional.

Portanto, estes factos que a OCDE aponta são claramente observáveis no contexto
moçambicano. Relativamente a estes problemas a OCDE, levanta as seguintes
questões:

I. Devem as instituições de ensino superior com financiamento público oferecer


serviços de Orientação a estudantes? Se sim, que nível de serviços deve ser
especificado? Deve esse nível de serviços constituir um direito?

II. Deve a qualidade dos serviços de orientação, bem como as competências e


qualificações do pessoal que presta esses serviços, constituir uma parte da
avaliação geral de qualidade das instituições de ensino superior?

III. Que serviços de Orientação são prioritários numa instituição de ensino


superior? Como é que esses serviços se devem relacionar com as funções do
pessoal docente e com o conteúdo do currículo académico (especificamente,
quando é que a aprendizagem baseada em experiências de trabalho e a
orientação escolar e profissional devem ser considerados como matérias
obrigatórias dos cursos superiores)?

IV. Como é que os serviços de orientação do ensino superior se devem relacionar


com serviços de emprego e orientação externos, bem como com
empregadores, de modo a assegurar que a informação sobre a carreira e a
orientação escolar e profissional são adequadas, com referências exactas e
actualizadas acerca do mercado de trabalho?

V. Como integrar mais estreitamente a orientação nos programas de ensino e


aprendizagem das faculdades/departamentos?

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Como forma de contribuir para dar vazão aos problemas de orientação escolar e
profissional no ensino superior a OCDE avança as seguintes medidas políticas que se
aplicam igualmente ao contexto de Moçambique:

I. Efectuar uma revisão nacional acerca dos serviços de orientação escolar e


profissional no ensino superior e assegurar que os seus resultados são
amplamente divulgados e publicitados nos órgãos de comunicação social.

II. Como parte dessa revisão, desenvolver um questionário - sobre serviços de


orientação escolar e profissional no ensino superior - que possa ser usado tanto
para processos de auditoria nacionais, como institucionais. Assegurar que é
pedida a opinião aos presentes e aos antigos estudantes, como a outras partes
interessadas, tais como empregadores, famílias e membros das faculdades. Na
aplicação e análise desse questionário, ter em consideração grupos alvo
específicos, de estudantes como estudantes adultos, estudantes em transição,
estudantes estrangeiros, estudantes desfavorecidos e com deficiência.

III. Ligar os serviços de orientação no ensino superior às estratégias de


financiamento nacional do ensino superior: por exemplo, requerendo que a
oferta de serviços de orientação escolar e profissional seja incluída como parte
dos objectivos de desempenho, do planeamento estratégico e das estratégias
de garantia de qualidade do ensino superior.

IV. Calcular taxas de não conclusão de cursos no ensino superior, os custos reais
associados à não conclusão dos cursos e a proporção, em termos de custos e
benefícios, no que se refere à oferta de serviços de orientação escolar e
profissional antes e durante o curso.

V. Estabelecer uma rede nacional entre os serviços de orientação no ensino


superior e outros prestadores e partes interessadas da orientação escolar e
profissional, nomeadamente serviços de orientação centrados no mercado de

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trabalho, para assegurar que os estudantes disponham de informação
adequada acerca desse sector.

VI. Promover uma abordagem diversificada de organização dos serviços de


orientação escolar e profissional no ensino superior que tenha em consideração
as necessidades dos diferentes grupos de destinatários, recorrendo ao
financiamento específico como forma de incentivo.

VII. Proporcionar financiamento de raiz para apoiar a inovação e o


desenvolvimento de serviços de orientação profissional no ensino superior.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

MWAMWENDA, T. S. Psicologia educacional: uma perspectiva africana. Texto


Editores. Maputo-Moçambique. 2006.

SANTOS, O. De B. Psicologia aplicada à orientação e selecção profissional. Livraria


Pioneira Editora. São Paulo. 1963.

SOBRADO, L. A orientação profissional dos jovens nos países da unión europea. In:
TAVEIRA, M. C. (Org.). Psicologia escolar: uma proposta científico-pedagógica. (197-
218). Quarteto. Coimbra. 2005.

Site consultado

ORGANIZAÇÃO PARA COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO (OCDE).


Orientação escolar e profissional: Guia para decisores. Comunidades Europeias.
Autor. 2004. Disponível em: <www.iccdpp.org/..Default.aspx>. Acessado em Junho de
2010.

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