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Escola Básica Do

2.º e 3.º Ciclo de São Roque


Cidadania e
Nível Secundário Turma 4
Cursos EFA
Ano Lectivo 2009/2010
Profissionalidade
Módulo 3- Reflexividade e
Pensamento Crítico DR3-
Instituições e Modelos Institucionais
Formadores: Maria Goreti e Tânia Gordinho
Instituições e Modelos Institucionais

Viver em sociedade não é estar rodeado de uma massa anónima de


indivíduos, mas integrar-se em instituições organizadas que protegem o
indivíduo, promovem a sua formação e estabelecem uma ordem e um
equilíbrio sem os quais a existência e o bem-estar seriam comprometidos.

Fundamentando a ordem existente em qualquer sociedade, as instituições


desenvolvem-se com uma certa autonomia, cabendo ao poder público zelar
no sentido de que o bem geral e a justiça sejam promovidos e de que as
instituições funcionem dentro de um esquema de legalidade.

São variadíssimas as situações do nosso quotidiano que nos revelam a


necessidade que temos dos outros e como podemos beneficiar da relação
com eles. A família, os amigos são os primeiros a quem recorremos nas
nossas vidas, mas por vezes há situações em que podemos precisar de ajuda
especializada e recorremos a instituições como hospitais, corporação de
bombeiros, polícia, escola etc.

As instituições, embora sujeitas a adaptações e reorganizações váriadas,


têm por natureza um certo grau de perdurabilidade.

O facto de termos nascido numa sociedade já organizada, onde as


instituições ocupam um papel primordial nas nossas vidas impede-nos de a
valorizar.

Instituições como escolas, hospitais, família etc., existem pela necessidade


de nos organizarmos em sociedade.

A palavra instituição apresenta a sua raiz sta, presente também em estar e


estabilidade, e aplica-se a propósito de algo que está de pé, que se equilibra
e se mantém.

Uma instituição consiste antes de mais num conjunto complexo de valores,


normas e usos partilhados por um certo número de indivíduos no decurso de
um tempo longo, com vista a organização básica da vida social. A

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aprendizagem das instituições pelos indivíduos processa-se através da
socialização1, nomeadamente nos contextos familiares e escolar.

Instituição pode referir-se a comunidade de pessoas, como a família, a


escola, os Estados, os centros de saúde, as forças de segurança, as
cooperativas, os serviços públicos, os tribunais e também as estruturas
organizativas, como a monarquia hereditária, a propriedade privada, a
indústria, o comércio, o sufrágio universal, os direitos das crianças, e a
democracia.

Destas definições ressaltam algumas das principais características das


instituições:

1- A normatividade, ou seja, o facto de serem sentidas pelos indivíduos


como uma obrigação, sujeitando-se a sanções positivas ou negativas
consoante sejam ou não respeitadas.

2- A estruturação, visto gerar padrões de comportamento comuns a


maioria dos actores sociais, e portanto, a sociedade.

3- A durabilidade, ou a fixação no tempo de tais valores, normas e usos,


assegurando a reprodução da estrutura social.

4- Condicionam a interacção social, na medida em que impõem modelos


de comportamentos previamente definidos, de onde resultam, por
conseguinte, comportamentos que são recomendados, outros apenas
tolerados e outros ainda proibidos. O que equivale a dizer que todas
as instituições exercem um forte poder de controlo social
contribuindo para a salvaguarda da ordem social.

1 A socialização consiste na interiorização de cada indivíduo faz, ao longo de toda a


sua vida, das normas e valores da sociedade em que está inserido e dos seus
modelos de comportamento. Socializar é inculcar no indivíduo os modos de pensar,
de sentir e de agir do grupo em que ele está integrado.

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A humanidade tem um conjunto de necessidades permanentes e são as
instituições que as vêm satisfazer.

Instituições – entidades, práticas sociais e formas de organização que,


ordenadas e integradas nos costumes sociais, permanecem no tempo com o
objectivo de promover a existência e a realização dos indivíduos num mundo
estruturado.

De entre as principais áreas institucionais podemos destacar.

Família Tem por objectivo regulamentar as relações de procriação e de


parentesco entre os indivíduos, bem como a socialização inicial
dos novos elementos de cada geração. A sua forma mais
difundida é monogâmica. Ex: filiação, casamento, adopção, poder
paternal e outras.

Educaçã Visa o processo de socialização formal dos jovens, procurando


o através de um dispositivo complexo de ensino, integrá-los como
membros responsáveis da comunidade. Ex: escola, universidade,
etc.

Economia Procura regular a produção, distribuição e consumo de bens e


serviços na sociedade. Ex propriedades, contratos, empresas,
associações profissionais, indústrias e comerciais, etc.

Política Tem por fim satisfazer a necessidade de administração geral e


de ordem pública das sociedades. Ex estado, exército, partidos
políticos, relações diplomáticas com países estrangeiros.

Religião Visa satisfazer uma necessidade do homem enquanto ser


relacionado com deus e expressa-se nas crenças e na forma de
culto Ex: igreja.

Cultura Procura a promoção de condições que facilitem a criação de


manifestações culturais, artísticas, científicas e desportistas.
Ex: teatros, museus, academias, centros de investigação etc.

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Importância das instituições no desenvolvimento do individuo

Na origem das instituições está a necessidade colectiva, e a sua criação visa


realizar objectivos de natureza social. O bem colectivo é de facto garantido
pelo bom funcionamento das instituições que cobrem as áreas fundamentais
da organização social.

O papel das instituições é imprescindível nas várias etapas do


desenvolvimento dos indivíduos.

Necessidade de Instituições

Na infância Faz-se sentir particularmente na infância, em que a criança


não chegaria a adquirir o estatuto de ser humano sem a
participação da família ou de outra instituição que a
substituísse.

Na O indivíduo tem de construir a sua identidade, para tal,


adolescência necessita de instituições como a família e a escola que lhes
forneça parâmetros orientadores. Mesmo quando os
comportamentos

Na idade Quando se manifesta a pretensão de se ser


adulta suficientemente adulto para se conduzir por parâmetros
exclusivamente seus, tal não significa que prescinda dos
modelos apresentados pelas instituições vigentes.

Outras pessoas evidenciam os inconvenientes das instituições, vendo nelas


uma oposição à liberdade individual e ao progresso dos povos.

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Riscos inerentes as instituições

Moral de Um enquadramento institucional muito forte pode levar o


fachada indivíduo a comportar-se apenas em harmonia com uma
moral de faz de conta, não facilitando o seu
desenvolvimento como pessoa moral.

Supereu não As instituições tornam-se muitas vezes agentes de


autónomo repressão. A educação demasiado rígida imposta por uma
família autoritária pode contribuir para a formação de um
supereu dependente e servil, em vez de contribuir para a
formação da autonomia da consciência moral.

Conformismo Em todos os regimes totalitários, as instituições tornam-se


exagerado um meio de condicionar as pessoas, no prosseguimento dos
objectivos do regime. A obediência servil a elementos
exteriores à consciência não promove a formação da
pessoa como ser responsável e livre.

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Modelos Institucionais

Viver numa sociedade organizada ou institucionalizada exige que o ser


humano desenvolva uma consciência cívica, isto é que tenha consciência que
a sua acção individual interfere com a vida dos outros cidadãos.

Cada instituição supõe um modelo de organização que se configura a partir


dos seus princípios e finalidade próprias. Este modelo varia tanto na relação
que uma instituição mantém com outras instituições congéneres como
também ao longo da existência de uma mesma instituição.

Se as diferenças que uma instituição mantém com as outras instituições


congéneres são perceptíveis, por exemplo os modelos institucionais que
presidem à organização interna de uma câmara municipal relativamente à de
uma corporação de bombeiros, diacronicamente essa percepção pode
tornar-se um pouco mais difícil de vislumbrar.

Tomemos como exemplo a família e a escola.

A Família

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O processo contínuo de transformação da sociedade, que se tem acelerado
nos últimos anos, tem vindo a provocar grandes alterações nas instituições
tradicionais.

A família considerado um pilar da sociedade, é uma das instituições mais


afectadas.

Quando falamos de família, podemos considerar a nosso como o tipo normal


e as outras como menos normais ou desviantes. Mas cada cultura tem a sua
concepção de família e, mesmo na cultura ocidental em que vivemos, ela pode
variar bastante.

O modelo de família considerado normal em cada um dos momentos da


história, não assumiu sempre a sua forma mais pura, pois coexistiram
sempre diferentes formas de organização familiar.

Apesar disso é possível encontrar algumas regularidades em relação aos


valores, atitudes e comportamentos associados a esta instituição.

A família tradicional, era vasta em termos de estrutura de funções e


hierarquias. Em estrutura, o elevado número de filhos, considerado um
factor de prestígio, era apenas contrariado pelas elevadas taxas de
mortalidade infantil. No grupo familiar conviviam várias famílias nucleares
de duas ou três gerações, os pais, os filhos solteiros, os filhos casados e
respectivos conjuguem e filhos. A residência era próxima ou comum, as
actividades comuns e as relações frequentes. A família detinha funções
económicas, de segurança (em caso de velhice, doença ou cuidado de
crianças), educativa (responsável pela socialização primária e secundária dos
seus elementos) e religiosa.

A hierarquia era rígida baseada nas diferenças sexuais, de idade e de


geração: as mulheres estavam subordinadas aos homens aos mais velhos e o
elemento com mais autoridade na família era o homem mais velho - o ancião.

A mulher gozava de um estatuto muito baixo: de alçada do pai, enquanto


solteira mudava para a do marido ao casar e, em caso de viuvez passava a
responder perante o filho mais velho. O seu estatuto só aumentava na
proporção directa do número de filhos que conseguisse ter.

Em meados do século XX, estava já generalizado o sentimento de que a


família é, ou deveria ser, um mundo privado de realização pessoal.

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A família actual já não corresponde ao esquema tradicional enaltecido pela
sociedade industrial. As gerações já não coexistem sob o mesmo tecto, a
importância da autoridade paterna decresce à medida que se impõe a
afectividade como valor essencial. Não existe desagregação, mas a mutação
profunda da família, que não se limitando a um modelo único, antes se
desdobra em diversas modalidades de que não tínhamos até agora nenhuma
experiência.

As transformações do nosso século modificaram profundamente o tecido


social, os empregos das mães retira-lhes o tempo para consagrar à família.
Aparece o novo pai, mais a vontade nas tarefas que outrora eram restritas a
mãe.

Aparecem as famílias monoparentais, ou recompostas (segundos


casamentos). A coabitação é cada vez mais frequente entre os jovens,
sobretudo como um período de experiência. A evolução das mentalidades
tem possibilitado a estabilização de relações entre homossexuais que optam
por viver maritalmente. As uniões de facto assumem um papel cada vez mais
importante. Registam-se grandes alterações em relação aos indicadores
demográficos, taxas de nupcialidade, e fecundidade cada vez mais baixas,
aumento do número de divórcios. A família passa a ter não soa a função
económica, reprodutiva e socializadora mas também de realização pessoas.

A Escola
Esta instituição sofreu ao longo dos tempos transformações no seu modelo de
organização. Da escola dos nossos pais à escola dos nossos filhos surgiram mudanças
significativas, que dificilmente
passarão despercebidas do comum da
população portuguesa.

Hoje é difícil imaginar como era


Portugal antes do 25 de Abril de 1974.
Mas, se pensarmos que, por exemplo,
as escolas tinham salas e recreios
separados para rapazes e raparigas,
que muitos discos e livros estavam
proibidos, se no passado vigorava uma

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pedagogia autoritária, alicerçada sobre a figura do professor déspota, se vigorava a
ideologia estruturada a partir das noções de estado, religião e família no presente
adopta-se uma pedagogia mais flexível, baseada no ideal das luzes, onde a figura do
aluno é centralizada.
Se no passado o professor assumia o papel de detentor de toda a sabedoria, hoje
assume o papel de mediador, com vista a estabelecer a relação aluno-saber como
eixo principal das aprendizagens.

Os Hospitais

Desde sempre existiu a realidade composta por três elementos: doentes, hospitais e
empresas. Tratados em casa, num consultório ou num hospital.
Os hospitais, versão contraditória da terapêutica individual tem séculos de história.
Bem ou mal geridos, pertencentes ao rei, aos homens bons, aos conventos, aos
doentes ou ao médico, ao estado ou a empresas privadas, têm visto ao longo dos
tempos mudanças significativas nos seus modelos institucionais.
O mais recente é a aplicação do modelo de empresa ao hospital, sobretudo ao
hospital público. É esta a nova realidade, a adopção do hospital público do modelo de
gestão de empresa privada.
Nos últimos sete anos, desde que criaram os primeiros hospitais empresa, em
contraponto com o modelo de gestão de hospital público concessionado a entidade
gestora privada, que este tema não tem saído do centro de debates na saúde.

Exemplo: Modelos de Instituições Hospitalares


Actualmente estão em "confronto" três modelos de funcionamento dos hospitais.

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1. O actual, estilo instituto público, em que há um orçamento histórico, em que
tanto faz fazer como não fazer, que a
instituição recebe o mesmo, em que existe a
Função Pública, emprega para toda a vida,
independente da produtividade. O resultado
está à vista: deficit financeiro de todos os
hospitais, profissionais descontentes e
desmotivados, desorganização, descontrolo total
de custos, lentidão nas compras,
obrigatoriedade de concurso público para
comprar uma simples seringa. Acresce que, até
há pouco tempo, a hierarquia dos grupos
profissionais era independente, o que significava
que o director de serviço não mandava em todos os profissionais por quem era
responsável. Felizmente esse preceito já mudou.

2. O modelo "empresarial", em que se consideram centros de custos dentro do


hospital, que se relacionam em relação a
produção e gastos, quer de materiais, quer de
recursos, quer de profissionais. Internamente os
serviços debitam uns aos outros os serviços
prestados e materiais consumidos.
Externamente, a instituição factura, de acordo
com uma tabela elaborada pelo "comprador dos
serviços" (o Estado). O hospital tem que cumprir
um contrato-programa. Tenta-se optimizar os
recursos e fazer a melhor utilização dos proveitos que o hospital recebe. Para isso
tem mais liberdade de contratação e de compras para gerir esse dinheiro e cumprir
o que lhe é pedido, através do tal contrato-programa que estabelece com a
Administração Regional de Saúde. São hospitais públicos, a funcionar de acordo com
as regras antigas do Hospital Pedro Hispano ou S. Sebastião, ou então de acordo com
os novos S.A. que SÃO HOSPITAIS PERTENCENTES AO ESTADO, pois o Estado é
dono de 100% das acções. O objectivo não é o lucro, mas a gestão dos dinheiros é
feita como numa empresa (daí o nome), para eliminar o desperdício ao mínimo.

3. A parceria Público-Privado consiste na atribuição de uma "concessão" de um

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hospital a um privado, normalmente quando é necessário construir um hospital novo
(exemplo: Braga, Vila Nova de Gaia, Póvoa/Vila do Conde, Loures, Vila Franca, ). O
contrato é o seguinte: o privado constrói o hospital (o de Gaia custa 150 milhões de
euros) e fica com a concessão por x anos. O Estado ganha porque, sem investimento,
passa a contar com mais um hospital novo no seu SNS. Depois tem um contrato-
programa, com a missão de prestar os cuidados de saúde a uma determinada região.

As desvantagens deste tipo de organização hospital são a desnatação de doentes


(os hospitais terem tendência a rejeitar dos doentes que dão mais despesa) e a
baixa de qualidade (os doentes não receberem os tratamentos adequados à sua
situação clínica).

São estes dois aspectos que qualquer contrato deve salvaguardar. Se conseguir,
não interessa quem gere.

REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA


SECRETARIA REGIONAL DA EDUCAÇÃO E CULTURA

Escola Básica do 2º e 3º Ciclos de São Roque

Disciplina: Cidadania e Profissionalidade Data: ________ Turma: ___


Formadores: Maria Goreti e Tânia Gordinho Ano lectivo: 2009/10___

Nome: ______________________________________________ Nº __

Antes de responder às questões, leia com atenção. Responda de uma forma clara e
objectiva ao que lhe é pedido. Bom trabalho!

Tema: Instituições e Modelos Institucionais

Critérios de Evidência:

1-Identificar diferentes modelos institucionais

2-Comparar criticamente diversos modelos institucionais

3-Explorar conteúdos funcionais face a diferentes escalas institucionais

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Escolha uma das duas propostas de trabalho.

Proposta de Trabalho N: º1
1- Com base na sua experiência escolar, presente e passada, procure mostrar as
diferenças que existem entre a escola tradicional e o Curso EFA que
frequenta. Nesta análise comparativa, assente nas suas experiências de vida,
deverá mostrar a diferença que existe entre os dois modelos educacionais, na
relação que os seguintes agentes guardam entre si: professor, aluno e saber.

Proposta de Trabalho N.º2

1- Escolha uma Instituição Portuguesa…

2- Realize um trabalho prático (cartolina, apresentação powerpoint, etc) sobre a


Instituição escolhida caracterizando-a a vários níveis:

✔ Apresentação da instituição;

✔ História da organização da instituição (evolução que tem vindo a sofrer ao

longo dos tempos);

✔ Funções que desempenha/importância para a sociedade;

✔ Relatos de experiências individuais sobre o funcionamento da instituição;

✔ Proposta de algumas alterações com vista a melhorar o modelo institucional ou

desempenho funcional;

✔ Recolha e apresentação de notícias da imprensa escrita sobre a instituição,

sobretudo sobre o funcionamento da mesma.

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Reconhecimento de Competências

Núcleo Gerador 3: Reflexividade e Pensamento Crítico

Domínio de Referência 3- Instituições e Modelos Institucionais

Cognitiva

I II III

Funchal, ______/_______/______

Os Formadores

O Mediador

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