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CURSO ON-LINE – GESTÃO PÚBLICA – FIOCRUZ 2010

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

Aula 08
Olá, Pessoal!

Esta é a oitava aula do curso da Gestão Pública para a Fiocruz. Nela veremos os
seguintes itens do edital:

Aula 08 – 18/10: 13. Direitos, deveres e responsabilidades dos servidores públicos, 14.
Lei nº 8.112/90, Lei nº 8.666/93, Lei nº 8.429/92, Lei nº 8.730/93, Lei nº
9.784/98, entre outras relativas ao serviço público.

Também vamos ver o item “8. Instrumentos de financiamento do setor público”.

Essa aula ficou enorme. Como o último item do edital foi alterado, acrescentando diversas leis
importantes, o conteúdo acabou ficando grande. Assim, o arquivo da aula está dividido em dois
para facilitar a disponibilziação e o download.

Boa Aula!

SUMÁRIO

1 INSTRUMENTOS DE FINANCIAMENTO DO SETOR PÚBLICO . . ..................................................................... 2

1.1 RECEITAS ORIGINÁRIAS E DERIVADAS. ...................................................................................................................... 2


1.2 ENDIVIDAMENTO INTERNO E EXTERNO . . ............................................................................................................... 10
1.3 EMISSÃO DE MOEDA . . ...................................................................................................................................... 10
1.4 PARCERIAS PÚBLICO PRIVADAS . . ......................................................................................................................... 11
1.5 EVOLUÇÃO NO BRASIL . . .................................................................................................................................... 12

2 LEI 8.112 DE 1990 . ................................................................................................................................... 12

2.1 PROVIMENTO . . ............................................................................................................................................... 13


2.2 VACÂNCIA . . .................................................................................................................................................... 18
2.3 REMOÇÃO E REDISTRIBUIÇÃO. . ........................................................................................................................... 20
2.4 DIREITOS E VANTAGENS . . .................................................................................................................................. 22
2.5 DEVERES E PROIBIÇÕES . . ................................................................................................................................... 36
2.6 RESPONSABILIDADES . . ...................................................................................................................................... 37
2.7 PENALIDADES. . ................................................................................................................................................ 38

3 CÓDIGO DE ÉTICA DO SERVIDOR PÚBLICO CIVIL DO PODER EXECUTIVO FEDERAL. ................................... 42

4 LEI 8.666 DE 1993 . ................................................................................................................................... 48

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4.1 PRINCÍPIOS BÁSICOS. . ....................................................................................................................................... 50


4.2 OBJETO . . ....................................................................................................................................................... 56
4.3 MODALIDADES . . .............................................................................................................................................. 64
4.4 OBRIGATORIEDADE . . ........................................................................................................................................ 69
4.5 PROCEDIMENTOS E FASES. . ................................................................................................................................ 72
4.6 CONTRATOS ADMINISTRATIVOS . . ........................................................................................................................ 79

5 LEI 9.784 DE 1999 . ................................................................................................................................... 88

5.1 DIREITOS E DEVERES DOS ADMINISTRADOS . . ......................................................................................................... 90


5.2 INÍCIO DO PROCESSO . . ...................................................................................................................................... 91
5.3 INTERESSADOS . . .............................................................................................................................................. 92
5.4 COMPETÊNCIA . . .............................................................................................................................................. 92
5.5 IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO . . ............................................................................................................................ 94
5.6 OS ATOS DO PROCESSO . . .................................................................................................................................. 95
5.7 INSTRUÇÃO . . .................................................................................................................................................. 98
5.8 MOTIVAÇÃO . ................................................................................................................................................. 100
5.9 ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO . ........................................................................................................ 102
5.10 O RECURSO ADMINISTRATIVO E A REVISÃO . .................................................................................................... 103
5.11 PRAZOS . .................................................................................................................................................. 107

1 Instrumentos de financiamento do setor público


Podemos classificar as receitas públicas em três grandes grupos:

1. Receitas originárias e derivadas,

2. Endividamento interno e externo

3. Emissão de moeda.

Alguns consideram as PPPs como uma nova forma de financiamento das obras e
serviços públicos, tanto que o edital coloca os dois itens juntos.

1.1 Receitas originárias e derivadas


As receitas originárias são obtidas quando o Estado se encontra na mesma condição
que o particular, ou seja, sem coercitividade. Elas são resultantes das rendas
produzidas pelos ativos do Estado, pela cessão remunerada de bens e valores
(aluguéis, aplicações financeiras) ou aplicação em atividade econômica.

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Já as derivadas são têm origem na prevalência do Estado sobre o particular, ou seja,


decorrente do poder de tributar. Pode ser obtida por meio de tributos, penalidades,
indenizações e restituições.

O Manual Técnico do Orçamento 2011 traz uma série de receitas orçamentárias, que
veremos a seguir. Elas são classificadas em correntes e de capital. Seguem as
definições:

Receitas orçamentárias correntes são arrecadadas dentro do exercício financeiro,


aumentam as disponibilidades financeiras do Estado com efeitos positivos sobre o
patrimônio líquido e constituem instrumento para financiar os objetivos definidos nos
programas e ações orçamentários, com vistas a satisfazer finalidades públicas.
Receitas Orçamentárias de Capital também aumentam as disponibilidades
financeiras do Estado e são instrumentos de financiamento dos programas e ações
orçamentários, a fim de se atingirem as finalidades públicas. Porém, de forma
diversa das Receitas Correntes, as Receitas de Capital não provocam efeito sobre o
patrimônio líquido

1.1.1 Receitas Correntes

De acordo com o § 1º do art. 11 da Lei nº 4.320, de 1964, classificam-se como


correntes as receitas provenientes de tributos; de contribuições; da exploração do
patrimônio estatal (Patrimonial); da exploração de atividades econômicas
(Agropecuária, Industrial e de Serviços); de recursos financeiros recebidos de outras
pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas
classificáveis em despesas correntes (Transferências Correntes); por fim, demais
receitas que não se enquadram nos itens anteriores (Outras Receitas Correntes).

Receitas Tributárias

O art. 3º do Código Tributário Nacional define tributo da seguinte forma:

Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se


possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada
mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

Ainda segundo o CTN, os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria.


Além dessas espécies, podemos falar ainda nos empréstimos compulsórios e nas
contribuições. Vamos ver as definições:

Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação
independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte.

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Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos
Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o
exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço
público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.
Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito
Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída
para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária,
tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de
valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.

Os impostos são tributos não-vinculados, isso significa que seu fato gerador não tem
relação com alguma atividade estatal. Assim, eles são cobrados independentemente de
qualquer ação por parte do Estado, tendo como origem uma atividade ou situação
econômica do contribuinte.

Já as taxas são tributos vinculados, pois são cobradas em função de alguma atividade
estatal. Existem dois tipos de taxas. As taxas de política e as taxas de serviço público.

No primeiro tipo, o fato gerador da taxa é o exercício regular do poder de polícia. Não
estamos falando aqui da atividade policial de segurança pública, mas sim da polícia
administrativa, que é definida como a restrição ou o condicionamento ao exercício de
atividades privadas, visando a assegurar o bem estar da coletividade. Em termos mais
práticos, são as atividades de fiscalização em geral, exercidas pelos mais diversos
órgãos e entidades da Administração Pública.

No segundo tipo, o fato gerador é a prestação de um serviço público específico e


divisível, cuja utilização pelo contribuinte pode ser efetiva ou potencial. Por exemplo, a
iluminação das vias públicas não é um serviço divisível, pois não se sabe quanto é
consumido individualmente. Já o consumo de água tratada pode ser individualizado. A
água tratada também pode ser usada como exemplo de serviço de utilização potencial.
Mesmo que a pessoa esteja viajando por um ano inteiro fora do país, ela tem que
pagar pelo serviço de tratamento da água, pois esta ficou disponível e é de consumo
obrigatório.

A contribuição de melhoria também é um tributo vinculado. Seu fato gerador é a


realização de uma obra pública da qual decorra valorização imobiliária. Assim, se o
governo faz uma obra, como por exemplo a construção de uma praça pública, os
imóveis da região iriam ter uma valorização. Por isso, o governo pode cobrar esse
tributo dos proprietários, limitado individualmente pelo acréscimo de valor que da obra
resultar para cada imóvel beneficiado e também pela despesa total realizada.

Os empréstimos compulsórios estão previstos na CF88:

Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos


compulsórios:

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I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de


guerra externa ou sua iminência;
II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse
nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b".
Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório
será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.

São duas as situações que permitem a cobrança desse tributo: calamidade pública,
guerra externa ou sua iminência; e investimento público de caráter urgente e de
relevante interesse nacional. São empréstimos porque são restituíveis, ou seja, o
governo deve devolvê-los após determinado prazo. São tributos de arrecadação
vinculada, pois devem ser aplicados apenas nas situações que ensejaram sua
cobrança.

Receitas de Contribuições

As contribuições são tributos, mas são tratadas pelo MTO 2011 separadas das receitas
tributárias. As contribuições estão previstas na CF88:

Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de


intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou
econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o
disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º,
relativamente às contribuições a que alude o dispositivo.

Assim, temos três tipos de contribuições: as sociais, as de intervenção no domínio


econômico e as de interesse de categorias profissionais ou econômicas.

As contribuições sociais abrangem as contribuições de seguridade social e outras


contribuições cuja arrecadação seja destinada a ações relacionadas à área social,
conforme descrito na Constituição, mas que não sejam atividades de seguridade social
(saúde, previdência social e assistência social). Entram nesse segundo tipo o salário-
educação e as contribuições para os serviços sociais autônomos (SESI, SESC,
SENAI).

As contribuições de intervenção no domínio econômico, mais conhecidas como CIDE,


têm como objetivo a intervenção da União na atividade econômica, seja como
fiscalizador ou incentivador. Essa intervenção se dá pela fiscalização e atividades de
fomento, como por exemplo, desenvolvimento de pesquisas para crescimento do setor
e oferecimento de linhas de crédito para expansão da produção. Exemplo de
contribuição de intervenção no domínio econômico é o Adicional sobre Tarifas de
Passagens Aéreas Domésticas, que são voltadas à suplementação tarifária de linhas
aéreas regionais de passageiros, de baixo e médio potencial de tráfego.

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As contribuições de interesse das categorias profissionais ou econômicas têm como


objetivo custear entidades que exercem atividade de cunho estatal, quando atuam e
fiscalizam as atividades desenvolvidas por grupos profissionais ou econômicos, bem
como representam, coletiva ou individualmente, categorias profissionais, defendendo
seus interesses. São exemplos a OAB, os Conselhos Regionais de Medicina, de
Engenharia e Arquitetura.

A Emenda Constitucional nº 39 de 2002 acrescentou a Contribuição para o Custeio de


Serviço de Iluminação Pública:

Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma


das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o
disposto no art. 150, I e III.

A CIP é um tributo de competência exclusiva dos municípios e do DF. Como a


iluminação pública não pode ser custeada por taxas, os municípios conseguiram
instituir esse novo tributo.

Receitas Patrimoniais

São receitas provenientes da fruição dos bens patrimoniais do ente público (bens
mobiliários ou imobiliários), ou, ainda, de participações societárias. Quanto à
procedência, tratam-se de receitas originárias, ou seja, aqueles provenientes da
atuação do Estado sem caráter coercitivo, como igual ao particular. Podemos citar
como espécies de receitas patrimoniais as compensações financeiras, concessões e
permissões, dentre outras.

A receita de compensação financeira tem origem na exploração do patrimônio do


Estado, que é constituído por recursos minerais, hídricos, florestais e outros, definidos
no ordenamento jurídico. Tais compensações são devidas à União, aos Estados e aos
Municípios como forma de participação no resultado dessa exploração. Elas têm como
finalidade recompor financeiramente os prejuízos ou danos causados (externalidades
negativas) pela atividade econômica na exploração desses bens, assim como
proporcionar meio de remunerar o Estado pelos ganhos obtidos por essa atividade.
São exemplos os royalties.

Receitas Agropecuárias, Industriais e de Serviços

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São todas receitas originárias, com o Estado atuando como empresário, em pé de


igualdade como o particular, ou seja, decorrem da exploração econômica, por parte do
ente público

As Receitas Agropecuárias resultam de atividades agropecuárias, tais como a venda


de produtos: agrícolas (grãos, tecnologias, insumos etc.); pecuários (semens, técnicas
em inseminação; matrizes etc.); para reflorestamentos e etc.

As Receitas Industriais são provenientes das atividades industriais exercidas pelo ente
público. Encontram-se subdivididas nessa classificação receitas provenientes de
atividades econômicas, tais como: da indústria extrativa mineral; da indústria de
transformação; da indústria de construção; e outras receitas industriais de utilidade
pública.

As Receitas de Serviços têm na prestação de serviços por parte do ente público, tais
como: comércio, transporte, comunicação, serviços hospitalares, armazenagem,
serviços recreativos, culturais, etc. Tais serviços são remunerados mediante preço
público, também chamado de tarifa.

Transferências Correntes

São recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado


destinados a atender despesas de manutenção ou funcionamento relacionadas a uma
finalidade pública específica, mas que não correspondam a uma contraprestação direta
em bens e serviços a quem efetuou a transferência.

Os recursos da transferência são vinculados à finalidade pública, e não a pessoa.


Podem ocorrer a nível intragovernamental (dentro do âmbito de um mesmo governo)
ou intergovernamental (governos diferentes, da União para Estados, do Estado para os
Municípios, por exemplo), assim como recebidos de instituições privadas.

Temos aqui os convênios, contratos de repasse, transferências fundo a fundo na


saúde, as transferências de Pessoas, que compreendem as contribuições e doações
que pessoas físicas realizem para a Administração Pública.

Outras Receitas Correntes

Neste título, inserem-se multas e juros de mora, indenizações e restituições, receitas


da dívida ativa e as outras receitas não classificadas nas receitas correntes anteriores.

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As multas também são um tipo de receita pública, de caráter não tributário,


constituindo-se em ato de penalidade de natureza pecuniária aplicado pela
administração púbica aos administrados. Dependem, sempre, de prévia cominação em
lei ou contrato, cabendo sua imposição ao respectivo órgão competente (poder de
polícia).

As Receitas da Dívida Ativa são os créditos da Fazenda Pública, de natureza tributária


ou não tributária, exigíveis em virtude do transcurso do prazo para pagamento. Este
crédito é cobrado por meio da emissão de certidão de dívida ativa da Fazenda Pública
da União, inscrita na forma da lei, com validade de título executivo. Isso confere à
certidão da dívida ativo caráter líquido e certo, embora se admita prova em contrário.

1.1.2 Receitas de Capital

De acordo com o § 2o do art. 11 da Lei no 4.320, de 1964, com redação dada pelo
Decreto-Lei no 1.939, de 20 de maio de 1982, Receitas de Capital são as provenientes
tanto da realização de recursos financeiros oriundos da constituição de dívidas e da
conversão, em espécie, de bens e direitos, quanto de recursos recebidos de outras
pessoas de direito público ou privado e destinados a atender despesas classificáveis
em despesas de capital.

Receitas de Operações de Crédito

São recursos financeiros oriundos da colocação de títulos públicos ou da contratação


de empréstimos obtidas junto a entidades públicas ou privadas, internas ou externas.
Veremos melhor no item relativo ao endividamento interno e externo.

Alienação de Bens

Receita proveniente da alienação de bens móveis ou imóveis de propriedade do ente


público. Nos termos do artigo 44 da Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF, é vedada a
aplicação da receita de capital decorrente da alienação de bens e direitos que integrem
o patrimônio público, para financiar despesas correntes, salvo as destinadas por lei aos
regimes previdenciários geral e próprio dos servidores públicos.

Amortização de Empréstimos

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São ingressos financeiros provenientes da amortização de financiamentos ou


empréstimos concedidos pelo ente público em títulos e contratos, ou seja, representam
o retorno de recursos anteriormente emprestados pelo poder público.

Embora a amortização de empréstimos seja uma receita de capital, os juros recebidos,


associados a esses empréstimos, são classificados em receitas correntes, receitas de
serviços, serviços financeiros.

Transferências de Capital

Na ótica orçamentária, são recursos financeiros recebidos de outras pessoas de Direito

público ou privado e destinados para atender despesas em investimentos ou inversões


financeiras, a fim de satisfazer finalidade pública específica; sem corresponder,
entretanto, a contraprestação direta ao ente transferidor.

Os recursos da transferência ficam vinculados à finalidade pública e não a pessoa.


Podem ocorrer a nível intragovernamental (dentro do âmbito de um mesmo governo)
ou intergovernamental (governos diferentes, da União para Estados, do Estado para os
Municípios, por exemplo), assim como recebidos de instituições privadas (do exterior e
de pessoas).

Investimentos são despesas orçamentárias com softwares e com o planejamento e a


execução de obras, inclusive com a aquisição de imóveis considerados necessários à
realização destas últimas, e com a aquisição de instalações, equipamentos e material
permanente.

Já as inversões financeiras são despesas orçamentárias com a aquisição de imóveis


ou bens de capital já em utilização; aquisição de títulos representativos do capital de
empresas ou entidades de qualquer espécie, já constituídas, quando a operação não
importe aumento do capital; e com a constituição ou aumento do capital de empresas,
além de outras despesas classificáveis neste grupo.

Outras Receitas de Capital

São classificadas nessa origem as receitas de capital que não atendem às


especificações anteriores; ou seja: na impossibilidade de serem classificadas nas
origens anteriores.

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1.2 Endividamento interno e externo


Dívida pública é a dívida contraída pelo governo com entidades ou pessoas da
sociedade. São dois os objetivos do financiamento: custear parte de seus gastos que
não são cobertos com a arrecadação de impostos; ou alcançar alguns objetivos de
gestão econômica, tais como controlar o nível de atividade, o crédito e o consumo ou,
ainda, para captar dólares no exterior.

A dívida pública se divide em dívida interna e dívida externa. Os principais credores do


setor público são, normalmente, bancos públicos e privados que operam no país,
investidores privados, instituições financeiras internacionais e governos de outros
países.

No caso brasileiro, os empréstimos bancários, graças a um série de restrições legais,


portarias e circulares baixadas desde o final dos anos 80, deixou de ser, há alguns
anos, uma alternativa de financiamento de déficit de órgãos da administração pública.

O endividamento interno é realizado através de venda de títulos públicos com prazos e


rendimentos determinados. Um título é definido como “um certificado emitido por um
governo ou corporação, comprometendo-se ao pagamento de juros e de retorno do
principal em uma data específica no futuro”.

O endividamento interno tem como vantagem não estar sujeito às variações do câmbio,
mas tem como desvantagem, ao retirar recursos monetários da economia, a redução a
disponibilidade de crédito bancário, o que eleva a taxa de juros e, daí, desestimula os
investimentos produtivos. Além disso, quanto maior o endividamento público, maior a
necessidade de aumentar a taxa de remuneração dos títulos públicos para torná-los
atraentes ao público.

Já o endividamento externo

1.3 Emissão de Moeda


A emissão de moeda é uma forma utilizada freqüentemente pelos governos para
financiar parte de seus gastos. Mas deve ser usada com cautela, uma vez que pode se
transformar em inflação, caso a economia esteja operando próxima ao pleno emprego
dos fatores de produção e se essa emissão de moeda não guardar alguma relação
com o crescimento da oferta de bens e serviços (por meio de utilização de capacidade
ociosa, novos investimentos, importação).

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No Brasil, país com grande tradição inflacionária, a emissão de moeda sempre foi um
dos principais meios de financiamento do governo. O Banco Central é o responsável
pela emissão e recolhimento da moeda. Segundo a CF88:

Art. 164. A competência da União para emitir moeda será exercida exclusivamente
pelo banco central.
§ 1º - É vedado ao banco central conceder, direta ou indiretamente, empréstimos ao
Tesouro Nacional e a qualquer órgão ou entidade que não seja instituição
financeira.

A emissão de moeda tem efeitos perversos para a economia. Um deles é a inflação.


Quando aumenta-se a quantidade de moeda em circulação, o dinheiro perde valor, pois
os bens da economia permanecem os mesmos. Suponhamos que na economia
existam 10 carros, 20 camisetas e 30kg de carne, e a moeda em circulação seja de R$
100,00. Caso o governo emita mais R$ 10,00, teremos um aumento de 10% da moeda
em circulação, mas os bens são os mesmos.

Isso cria o chamado “imposto inflacionário”, que constitui uma transferência de renda
do contribuinte para o governo, devido à emissão de moeda em período de inflação.
Suponhamos que o governo emita moeda num total igual a 10% do dinheiro em
circulação. Segundo os monetaristas, a inflação será, então, de 10% em época de
estagnação. Assim, as pessoas perderiam 10% de seu dinheiro, devido à perda de seu
poder aquisitivo, enquanto que o governo ganharia esses 10%, materializado no
dinheiro recém-emitido. Assim, houve um imposto inflacionário de 10% pago por todos
aqueles que tinham dinheiro em seu poder.

Ocorre uma “monetização da dívida”, pois o Banco Central cria moeda para financiar a
dívida do Tesouro, sem haver um aumento do endividamento público.

1.4 Parcerias Público Privadas


Já vimos as PPPs na Aula 05, mas estou colocando esse item aqui porque muitos têm
considerado que elas constituem uma nova forma de financiamento de obras e serviços
públicos.

As PPPs surgiram devido à necessidade de complementar os recursos públicos nos


investimentos necessários para suprir carências de infraestrutura e sociais. Assim,
busca-se que atores privados aportem recursos, compartilhando os riscos da atividade
com o setor público

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1.5 Evolução no Brasil


No pós Segunda Guerra, até década de 1970, o financiamento governamental no Brasil
estava concentrado no endividamento externo. O mundo vivia o que Eric Hobsbawm
chamou de era dourada do capitalismo, pois tanto os países do primeiro mundo quando
os da periferia cresciam a taxas elevadas e sobrava dinheiro na economia mundial.
Todavia, com as duas crises do petróleo nessa década, os juros dos empréstimos
subiram de forma elevada, levando o mundo inteiro a uma crise fiscal.

No Brasil, o resultado foi a “década perdida” de 1980, quando a inflação atingiu


patamares astronômicos e o crescimento foi nulo. Ganhou espaço o “imposto
inflacionário”, devido à emissão de moeda por parte do governo. Segundo Cysne
(1997), nos 12 meses que antecederam o Real, o imposto inflacionário atingiu
aproximadamente R$ 22 bilhões! Para se ter uma idéia da representatividade desse
valor para a época, essa “arrecadação” superava as receitas proporcionadas pelo
Imposto de Renda.

Depois do Plano Real, na segunda metade dos 90, destacaram-se a explosão da dívida
pública interna e os aumentos continuados na arrecadação tributária (inclusive e,
principalmente, das contribuições sociais) do Governo Federal.

2 Lei 8.112 de 1990


A Lei 8.112/90 institui o regime jurídico dos servidores públicos civis da União.

Art. 1º Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União,
das autarquias, inclusive as em regime especial, e das fundações públicas federais.

Pelo art. 1º, podemos ver que o regime jurídico instituído pela Lei 8.112 será o dos
servidores públicos – ou seja, aqueles que ocuparem cargos da Administração Direta –
e também o dos servidores das autarquias e das fundações públicas, de direito público.
A Fiocruz é uma fundação pública, por isso seus servidores se encaixam aqui.

O art. 1º fala “inclusive as em regime especial”. Estas autarquias em regime especial


são as Agências Reguladoras (ANATEL, ANVISA, etc). Contudo, podemos observar
que o art. não menciona as sociedades de economia mista e as empresas públicas.
Isto porque seus funcionários são empregados públicos, e não servidores. O regime
utilizado para eles é o CLTista.

Art. 2º Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa legalmente investida em cargo
público.

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Art. 3º Cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na


estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor.
Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a todos os brasileiros, são criados
por lei, com denominação própria e vencimento pago pelos cofres públicos, para
provimento em caráter efetivo ou em comissão.
Art. 4º É proibida a prestação de serviços gratuitos, salvo os casos previstos em lei.

O art. 2º define o que é servidor público e o art. 3º define cargo público. Segundo
Bandeira de Mello, “os cargos públicos são as mais simples e indivisíveis unidades de
competência a serem expressas por um agente, previstas em número certo, com
denominação própria, retribuídas por pessoas jurídicas de Direito Público e criadas por
lei”.

Quando o edital pede conteúdos de leis, a melhor coisa é ler as leis. Eles cobram muito
o texto da norma, por isso vamos dar uma passada por alguns pontos importantes.

2.1 Provimento
Provimento é o ato administrativo pelo qual se preenche o cargo vago, ou seja, é a
atribuição desse conjunto de competências a alguém. O art. 5º traz os requisitos para
que uma pessoa se torne servidora pública

Art. 5º São requisitos básicos para investidura em cargo público:


I - a nacionalidade brasileira;
II - o gozo dos direitos políticos;
III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais;
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo;
V - a idade mínima de dezoito anos;
VI - aptidão física e mental.

O primeiro deles é a nacionalidade brasileira. Vamos ver o que fala a Constituição:

I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que


preencham os requisitos estabelecidos em lei;
I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que
preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na
forma da lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

Uma das alterações na 8.112/90 consequência desta EC 19 foi a inclusão do parágrafo


terceiro neste art. 5º.

§ 3º As universidades e instituições de pesquisa científica e tecnológica federais


poderão prover seus cargos com professores, técnicos e cientistas estrangeiros, de
acordo com as normas e os procedimentos desta Lei.

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O segundo requisito é o gozo dos direito políticos. Direitos Políticos são aqueles
direitos de se candidatar, de votar, etc. Por exemplo, uma pessoa que tenha se
recusado a prestar serviço militar e não opte pelo serviço alternativo não pode tirar seu
título de eleitor e não pode tomar posse em cargo público. Mas, mesmo que ele tivesse
tirado o título, ainda assim não poderia tomar posse, pois não cumpre com o terceiro
requisito.

O art. 7º define em que momento a pessoa passará a ser servidora pública.

Art. 7º A investidura em cargo público ocorrerá com a posse.

Este momento é com a posse. Existem outros eventos relacionados, como é o caso da
nomeação e de entrar em exercício, que veremos mais para frente, mas, se a pessoa
foi nomeada para o cargo, mas não tomou posse, ainda não é servidora.

Vamos ver agora as formas de provimento:

Art. 8º São formas de provimento de cargo público:


I - nomeação;
II - promoção;
III - ascensão;
IV - transferência;
V - readaptação;
VI - reversão;
VII - aproveitamento;
VIII - reintegração;
IX - recondução.

A nomeação é a primeira forma de provimento de todo servidor público. Depois que


vocês passam no concurso, vem um ato publicado no Diário Oficial te designando,
nomeando, para determinado cargo. A nomeação pode ser em cargo efetivo ou em
comissão:

Art. 9º A nomeação far-se-á:


I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isolado de provimento efetivo ou de
carreira;
II - em comissão, inclusive na condição de interino, para cargos de confiança vagos

Os cargos em comissão são os cargos de chefia, são as chamadas funções de


confiança. O art. 13 trata da posse.

Art. 13. A posse dar-se-á pela assinatura do respectivo termo, no qual deverão
constar as atribuições, os deveres, as responsabilidades e os direitos inerentes ao
cargo ocupado, que não poderão ser alterados unilateralmente, por qualquer das
partes, ressalvados os atos de ofício previstos em lei.
§ 1º A posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados da publicação do ato de
provimento.

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§ 4º Só haverá posse nos casos de provimento de cargo por nomeação.


§ 6º Será tornado sem efeito o ato de provimento se a posse não ocorrer no prazo
previsto no § 1º deste artigo.

O art.13 define como vai se dar a posse, que é com a assinatura de um termo em que
constam os deveres, obrigações, atribuições e direitos. Como vocês, ao assinar o
termo, estarão se comprometendo com estas obrigações e deveres, a Administração
não pode alterar tais responsabilidades de forma unilateral. Isso não quer dizer que há
direito adquirido à imutabilidade do regime jurídico. O que não pode ser alterado é
aquilo inerente ao CARGO, e não ao regime.

Depois da nomeação, a pessoa tem 30 dias para tomar posse. Caso não o faça no
prazo, a nomeação será tornada sem efeito, ou seja, como vocês ainda não se
tornaram servidores públicos, não serão exonerados, demitidos, etc. O mesmo não
ocorre se tomar posse, mas não entrar em exercício dentro do prazo, que é de 15 dias.
Como vocês já seriam servidores, haveria a exoneração. Isso está no art. 15:

Art. 15. Exercício é o efetivo desempenho das atribuições do cargo público ou da


função de confiança.
§ 1º É de quinze dias o prazo para o servidor empossado em cargo público entrar
em exercício, contados da data da posse.
§ 2º O servidor será exonerado do cargo ou será tornado sem efeito o ato de sua
designação para função de confiança, se não entrar em exercício nos prazos
previstos neste artigo, observado o disposto no art. 18.

O parágrafo quarto diz que só haverá posse nos casos de provimento por nomeação.
Assim, se houve promoção, disponibilidade, ou outra forma de provimento, não haverá
posse.

Depois de entrar em exercício, o servidor deve passar por estágio probatório:

Art. 20. Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para cargo de provimento


efetivo ficará sujeito a estágio probatório por período de 24 (vinte e quatro) meses,
durante o qual a sua aptidão e capacidade serão objeto de avaliação para o
desempenho do cargo, observados os seguinte fatores:
I - assiduidade;
II - disciplina;
III - capacidade de iniciativa;
IV - produtividade;
V- responsabilidade.

Trata-se do período a que se submete todo o servidor nomeado para cargo de


provimento efetivo, durante o qual a sua aptidão e capacidade serão objeto de
avaliação para o desempenho do cargo. Ele será constantemente avaliado, a fim de se
confirmarem suas qualidades para o bom desempenho da atividade própria do cargo.
Para memorizar esses fatores elencados no inciso, lembrem que. para passar no

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estágio probatório, o servidor tem que ser RAPIDO. Como o “O” é muito parecido com
o zero, tira ele daí para não dar azar, ficando RAPID: ‘R’ de responsabilidade; ‘A’ de
assiduidade; ‘P’ de produtividade; ‘I’ de iniciativa; e ‘D’ de disciplina.

Aqui existe uma eterna polêmica acerca do prazo do estágio probatório. A Lei 8.112
fala em dois anos. Todavia, a EC 19/98 aumentou o prazo necessário para aquisição
de estabilidade de dois para três anos. Assim, apesar de o art. 24 da Lei 8.112 não ter
sido alterado, e mesmo o estágio probatório sendo algo diferente da estabilidade,
muitos consideram que o seu prazo também foi aumentado para três anos. O problema
que isso não é unânime. Por exemplo, no órgão em que eu trabalho, o TCU, o estágio
probatório é de dois anos. Já no Executivo Federal é de três. O Judiciário vinha
considerando dois anos, mas em junho deste ano o Conselho Nacional de Justiça
aprovou resolução afirmando que seria de três anos.

Em relação à Fiocruz, eu encontrei o seguinte texto da diretoria de recursos humanos


no site deles:

Esclarecimentos sobre estágio probatório


03.04.2008 às 17:53
Dadas as dúvidas de alguns usuários quanto ao período concernente à estabilidade
e o estágio probatório, esta Diretoria esclarece que a alteração trazida pela Emenda
Constitucional nº 19, de 04/06/98, determinou o período de três anos para aquisição
da estabilidade, conseqüentemente, o período de duração do estágio probatório
também deve ser de três anos.
Cabe ainda ressaltar que, o objetivo do Ofício-Circular é tão-somente comunicar
formalmente decisões concretas que objetiva uniformizar no Poder Executivo o
entendimento que a Administração Pública tem que adotar como regra.
Saliente-se que esta regra é um ato que vincula a Fundação Oswaldo Cruz a
cumprir o exarado pela Consultoria Jurídica do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão, por meio do PARECER/MP/CONJUR/RA/Nº 1073-2.6/2004,
que entendeu que o estágio probatório e a estabilidade possuem a duração de três
anos.
Desta forma, não paira dúvida quanto aos servidores com posse e exercício após a
data publicação da Emenda Constitucional nº 19, que deverão cumprir período de
três anos para fins de estágio probatório e a estabilidade.

Portanto, se cair na prova de vocês, o que é difícil, o estágio probatório é de três anos.
E esse período começa a contar a partir do momento em que o servidor entra em
exercício. Lembrem-se, não é com a posse.

Ainda no tema do estágio probatório:

§ 2º O servidor não aprovado no estágio probatório será exonerado ou, se estável,


reconduzido ao cargo anteriormente ocupado, observado o disposto no parágrafo
único do art. 29.

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Portanto, se não passar, o servidor é exonerado. E se ele já fosse servidor estável em


outro órgão, tem direito à recondução. Vamos ver agora então esta outra modalidade
de provimento.

Art. 29. Recondução é o retorno do servidor estável ao cargo anteriormente


ocupado e decorrerá de:
I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo;
II - reintegração do anterior ocupante.
Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo de origem, o servidor será
aproveitado em outro, observado o disposto no art. 30.

A recondução é o retorno do servidor a seu cargo de origem depois dele ter tomado
posse em outro cargo. Importante: é só para o servidor estável, ou seja, aquele que já
tenha mais de três anos de serviço público. São duas as hipóteses: não passar no
estágio probatório ou quando a pessoa ocupa um cargo que era de outro e este é
reintegrado. Vamos ver a reintegração:

Art. 28. A reintegração é a reinvestidura do servidor estável no cargo anteriormente


ocupado, ou no cargo resultante de sua transformação, quando invalidada a sua
demissão por decisão administrativa ou judicial, com ressarcimento de todas as
vantagens.

A reintegração consiste no retorno de um servidor que havia sido demitido, mas essa
demissão foi invalidada, seja administrativa, seja judicialmente.

Outra forma de provimento é a readaptação:

Art. 24. Readaptação é a investidura do servidor em cargo de atribuições e


responsabilidades compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua
capacidade física ou mental verificada em inspeção médica.
§ 1º Se julgado incapaz para o serviço público, o readaptando será aposentado.

A readaptação é uma forma de provimento usada no caso do servidor que tenha


sofrido alguma limitação em sua capacidade física ou mental, devido a alguma doença,
acidente, etc, mudando-o para um cargo que esteja de acordo com suas limitações.
Contudo, se o servidor for julgado incapaz, terá que ser aposentado.

Supondo que depois de aposentado, tenha melhorado seu quadro clínico, tornando-o
capaz novamente. Nesse caso ele tem direito à reversão.

Art. 25. Reversão é o retorno à atividade de servidor aposentado:


I - por invalidez, quando junta médica oficial declarar insubsistentes os motivos da
aposentadoria; ou
II - no interesse da administração, desde que:
a) tenha solicitado a reversão;
b) a aposentadoria tenha sido voluntária;
c) estável quando na atividade;

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d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos anteriores à solicitação;


e) haja cargo vago.

Além do servidor aposentado devido à incapacidade, também é possível a reversão no


interesse da administração, desde que presentes estas condições, que são
cumulativas, ou seja, devem estar todas presentes.

O aproveitamento é outra forma de provimento:

Art. 30. O retorno à atividade de servidor em disponibilidade far-se-á mediante


aproveitamento obrigatório em cargo de atribuições e vencimentos compatíveis com
o anteriormente ocupado.
Art. 31. O órgão Central do Sistema de Pessoal Civil determinará o imediato
aproveitamento de servidor em disponibilidade em vaga que vier a ocorrer nos
órgãos ou entidades da Administração Pública Federal.

Disponibilidade nada mais é do que não trabalhar, mas ficar a disposição da


administração. São duas as situações que podem colocar o servidor em
disponibilidade: a reintegração do antigo servidor que ocupava o cargo e a extinção ou
declaração de desnecessidade do cargo do servidor. Em ambos os casos o servidor
receberá remuneração, mas será proporcional ao tempo de serviço.

Por fim, vamos falar da ascensão e transferência, que foram retiradas da lei. O acesso,
ou ascensão, que seria provimento sem concurso público, representando a passagem
de uma carreira para outra, foi julgado inconstitucional pelo STF. Exemplo disso seria a
ascensão de Analista da Receita Federal para o cargo de Auditor Fiscal, pela simples
passagem do tempo, sem concurso externo em igualdade de condições com todos os
candidatos, ou ainda, de Agente da Polícia Federal para Delegado nas mesmas
circunstâncias.

Igual destino, como se viu, teve a transferência, que é a passagem de servidor de um


cargo para outro, pertencente a quadro de pessoal diverso, sem o indispensável
concurso público, declarada também inconstitucional.

2.2 Vacância
A vacância é a situação do cargo público que está vago, ou seja, sem titular, e pode
decorrer dos seguintes casos:

Art. 33. A vacância do cargo público decorrerá de:


I - exoneração;
II - demissão;
III - promoção;
IV - ascensão;

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V - transferência
VI - readaptação;
VII - aposentadoria;
VIII - posse em outro cargo inacumulável;
IX - falecimento.

Aqui já notamos algumas situações já vistas no provimento. É o caso da promoção: o


servidor é promovido para um novo cargo, por isso provimento, mas ele também deixa
seu antigo cargo vago, por isso vacância. Temos aqui também aqueles dois casos que
não são mais possíveis, a ascensão e a transferência, que também eram ao mesmo
tempo provimento e vacância. Por último temos a readaptação, que é o caso do
servidor que deixa seu cargo devido ao surgimento de alguma limitação física ou
mental, e que iria ser colocado em outro cargo de acordo com estas limitações.

Segundo a Lei 8.112/90:

Art. 34. A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedido do servidor, ou de ofício.


Parágrafo único. A exoneração de ofício dar-se-á:
I - quando não satisfeitas as condições do estágio probatório;
II - quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar em exercício no prazo
estabelecido.

Portanto, a exoneração pode se dar a pedido do servidor ou de ofício, quando ele não
passa no estágio probatório ou quando não entra em exercício depois de ter tomado
posse. A EC 19/98 acrescentou mais algumas hipóteses na CF88:

§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo:


I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa;
III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho,
Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei
complementar.
§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não forem suficientes
para assegurar o cumprimento da determinação da lei complementar referida neste
artigo, o servidor estável poderá perder o cargo, desde que ato normativo motivado
de cada um dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade
administrativa objeto da redução de pessoal.

O servidor estável está sujeito à exoneração se for considerado inapto em uma


avaliação periódica de desempenho ou se houver excesso de despesa com pessoal
em alguma das esferas de governo.

Resumindo, podemos enumerar as seguintes hipóteses:

ƒ Não entrar em exercício em até 15 dias após a posse;

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ƒ Não passar na avaliação especial de desempenho no estágio probatório;


ƒ Mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho;
ƒ Gastos com pessoal acima do limite estipulado pela lei complementar.

Todas estas formas de exoneração são de ofício, ou seja, é a Administração que


pratica o ato sem o consentimento do servidor.

A demissão nós vamos ver na parte de penalidades. A acumulação de cargos e a


aposentadoria também serão vistas mais a frente.

2.3 Remoção e Redistribuição


Art. 36. Remoção é o deslocamento do servidor, a pedido ou de ofício, no âmbito
do mesmo quadro, com ou sem mudança de sede;

A remoção é o deslocamento do servidor, dentro do mesmo quadro de servidores, de


um lugar para outro, que pode ser dentro da mesma cidade, ou entre cidades distintas.
A remoção não é forma de provimento ou vacância. São três os tipos de remoção:

Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo, entende-se por modalidades de
remoção:
I - de ofício, no interesse da Administração;
II - a pedido, a critério da Administração;
III - a pedido, para outra localidade, independentemente do interesse da
Administração:

A remoção pode ser a pedido ou ex officio (de ofício), ou seja, por atuação exclusiva da
Administração Pública, independente da vontade do servidor, em casos de interesse
público. A remoção a pedido pode ser tanto obrigatória para a Administração como a
seu critério. Quando for a seu critério, ela decidirá discricionariamente se deseja ou não
que o servidor vá para a unidade que ele pediu. Já no caso da remoção independente
do interesse da Administração, esta não pode recusar o pedido do servidor. O artigo
cita os casos em que isso ocorre.

a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também servidor público civil ou


militar, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, que foi deslocado no interesse da Administração;
b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, companheiro ou dependente que viva
às suas expensas e conste do seu assentamento funcional, condicionada à
comprovação por junta médica oficial;

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c) em virtude de processo seletivo promovido, na hipótese em que o número de


interessados for superior ao número de vagas, de acordo com normas
preestabelecidas pelo órgão ou entidade em que aqueles estejam lotados.

Na primeira hipótese, o servidor irá acompanhar o conjugue também servidor quando


este for removido de ofício. O segundo caso, havendo prejuízos à saúde do servidor,
cônjuge, companheiro ou dependente legal, devidamente comprovado por junta médica
oficial, poderá ele requerer a remoção para município onde não ocorram os mesmos
problemas. A última hipótese docorre no caso de ser estabelecido processo seletivo,
com regras próprias, quando o número de interessados é superior ao número de
vagas. Assim, quando for conveniente e oportuno à Administração Pública, esta poderá
divulgar vagas disponíveis em suas diversas sedes, possibilitando que os interessados
se candidatem a elas, por meio do concurso de remoção.

Em qualquer caso, sempre que o servidor deva ter exercício em outro município terá,
no mínimo, dez e, no máximo, trinta dias de prazo, contados da publicação do ato, para
a retomada do efetivo desempenho das atribuições do cargo, incluído nesse prazo o
tempo necessário para o deslocamento para a nova sede.

No caso da remoção determinada de ofício pela Administração, se o servidor passar a


ter exercício em nova sede, com mudança de domicílio em caráter permanente, fará
jus, a título de indenização, a ajuda de custo, destinada a compensar as despesas de
instalação. Outra garantia na remoção de ofício é dada ao servidor estudante que
mudar de sede no interesse da Administração. Segundo o art. 99, é-lhe assegurada, na
localidade da nova residência ou na mais próxima, matrícula em instituição de ensino
congênere, em qualquer época, independente de vaga, garantia que se estende ao
cônjuge ou companheiro, aos filhos, ou enteados do servidor que vivam na sua
companhia.

A remoção é o deslocamento do servidor, já a redistribuição é o deslocamento do


cargo, com ou sem um servidor o ocupando.

Art. 37. Redistribuição é o deslocamento de cargo de provimento efetivo, ocupado


ou vago no âmbito do quadro geral de pessoal, para outro órgão ou entidade do
mesmo Poder, com prévia apreciação do órgão central do SIPEC, observados os
seguintes preceitos:
I - interesse da administração;
II - equivalência de vencimentos;
III - manutenção da essência das atribuições do cargo;
IV - vinculação entre os graus de responsabilidade e complexidade das atividades;
V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou habilitação profissional;
VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e as finalidades institucionais do
órgão ou entidade.

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Para haver redistribuição, a Administração tem que ter interesse, os salários devem ser
parecidos, as atribuições têm que ser semelhantes, assim como as responsabilidades,
complexidade, escolaridade, especialidade. Por último, o cargo deve estar de acordo
com as finalidades do órgão.

2.4 Direitos e Vantagens

2.4.1 Vencimento e Remuneração

Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício de cargo público, com
valor fixado em lei.
Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens
pecuniárias permanentes estabelecidas em lei.

Vencimento é o valor referente ao exercício do cargo. É um valor fixado em LEI.


Remuneração é o vencimento mais as vantagens pecuniárias PERMANENTES,
também estabelecidas em lei.

§ 3º O vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens de caráter


permanente, é irredutível.

A remuneração do servidor, ou seja, o vencimento mais as vantagens permanentes, é


irredutível. Essas vantagens são permanentes, não podem ser retiradas.

§ 4º É assegurada a isonomia de vencimentos para cargos de atribuições iguais ou


assemelhadas do mesmo Poder, ou entre servidores dos três Poderes, ressalvadas
as vantagens de caráter individual e as relativas à natureza ou ao local de trabalho.

Esse parágrafo fala que cargos com atribuições iguais ou semelhantes deverão ter
vencimentos iguais. Contudo, são só os vencimentos que têm que ser iguais. As
vantagens não.

2.4.2 Vantagens

Art. 49. Além do vencimento, poderão ser pagas ao servidor as seguintes


vantagens:
I - indenizações;
II - gratificações;
III - adicionais.
§ 1º As indenizações não se incorporam ao vencimento ou provento para qualquer
efeito.
§ 2º As gratificações e os adicionais incorporam-se ao vencimento ou provento, nos
casos e condições indicados em lei.

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2.4.3 Indenizações

Muitas vezes, devido ao trabalho, o servidor tem que realizar gastos. A compensação
ou restituição desses gastos é chamada de indenização, ou seja, nada mais é que a
devolução dos valores gastos pelo funcionário para o exercício de suas atribuições.

Art. 51. Constituem indenizações ao servidor:


I - ajuda de custo;
II - diárias;
III - transporte.
IV - auxílio-moradia.

Ajuda de Custo

Art. 53. A ajuda de custo destina-se a compensar as despesas de instalação do


servidor que, no interesse do serviço, passar a ter exercício em nova sede, com
mudança de domicílio em caráter permanente, vedado o duplo pagamento de
indenização, a qualquer tempo, no caso de o cônjuge ou companheiro que detenha
também a condição de servidor, vier a ter exercício na mesma sede.
§ 1º Correm por conta da administração as despesas de transporte do servidor e de
sua família, compreendendo passagem, bagagem e bens pessoais.
Art. 54. A ajuda de custo é calculada sobre a remuneração do servidor, conforme
se dispuser em regulamento, não podendo exceder a importância correspondente a
3 (três) meses.

Caso o servidor seja removido de ofício, ele tem direito à ajuda de custo. Fora a ajuda
de custo, a Administração tem que arcar ainda com os custos do transporte até a nova
cidade.

Diárias

Art. 58. O servidor que, a serviço, afastar-se da sede em caráter eventual ou


transitório para outro ponto do território nacional ou para o exterior, fará jus a
passagens e diárias destinadas a indenizar as parcelas de despesas extraordinária
com pousada, alimentação e locomoção urbana, conforme dispuser em
regulamento.
§ 1º A diária será concedida por dia de afastamento, sendo devida pela metade
quando o deslocamento não exigir pernoite fora da sede, ou quando a União
custear, por meio diverso, as despesas extraordinárias cobertas por diárias.
§ 2º Nos casos em que o deslocamento da sede constituir exigência permanente do
cargo, o servidor não fará jus a diárias.

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§ 3º Também não fará jus a diárias o servidor que se deslocar dentro da mesma
região metropolitana, aglomeração urbana ou microrregião, constituídas por
municípios limítrofes e regularmente instituídas, ou em áreas de controle integrado
mantidas com países limítrofes, cuja jurisdição e competência dos órgãos,
entidades e servidores brasileiros considera-se estendida, salvo se houver pernoite
fora da sede, hipóteses em que as diárias pagas serão sempre as fixadas para os
afastamentos dentro do território nacional.

As diárias são pagas quando o servidor vai trabalhar em outra cidade temporariamente.
É um valor fixo pago para cobrir os gastos do servidor com hospedagem, alimentação e
locomoção. A diária é um valor fixo por dia em que o servidor estiver afastado da sede.
Vamos supor que o servidor está fazendo um curso fora de sua cidade que dura três
dias e uma manhã. O servidor receberá três diárias e meia. Isto porque ela poderá
voltar para sua cidade no último dia de curso, não tendo assim que dormir fora mais
uma noite.

Transporte

Art. 60. Conceder-se-á indenização de transporte ao servidor que realizar despesas


com a utilização de meio próprio de locomoção para a execução de serviços
externos, por força das atribuições próprias do cargo, conforme se dispuser em
regulamento.

Indenização de transporte é para o servidor que for realizar trabalhos fora da repartição
com o próprio carro. Os exemplos mais conhecidos são dos servidores externos da
repartição, como os oficiais de justiça, fiscais, investigadores, quando usarem veículos
próprios no exercício de suas funções.

Não podemos confundir o § 2º do art. 58 com esta indenização. Lá, caso o


deslocamento do servidor seja uma exigência do cargo, ele não faz jus às diárias. Aqui,
se o trabalho exige permanentemente essas viagens, curtas, e as fizer com meio de
locomoção próprio, então receberá indenização de transporte, e não diária. Assim, tal
indenização se limita a cobrir gastos com o deslocamento, mas não com pousada ou
alimentação.

Auxílio-Moradia

Art. 60-A. O auxílio-moradia consiste no ressarcimento das despesas


comprovadamente realizadas pelo servidor com aluguel de moradia ou com meio de
hospedagem administrado por empresa hoteleira, no prazo de um mês após a
comprovação da despesa pelo servidor.

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Art. 60-B. Conceder-se-á auxílio-moradia ao servidor se atendidos os seguintes


requisitos:
I - não exista imóvel funcional disponível para uso pelo servidor;
II - o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe imóvel funcional;
III - o servidor ou seu cônjuge ou companheiro não seja ou tenha sido proprietário,
promitente comprador, cessionário ou promitente cessionário de imóvel no
Município aonde for exercer o cargo, incluída a hipótese de lote edificado sem
averbação de construção, nos doze meses que antecederem a sua nomeação;
IV - nenhuma outra pessoa que resida com o servidor receba auxílio-moradia;
V - o servidor tenha se mudado do local de residência para ocupar cargo em
comissão ou função de confiança do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores -
DAS, níveis 4, 5 e 6, de Natureza Especial, de Ministro de Estado ou equivalentes;
VI - o Município no qual assuma o cargo em comissão ou função de confiança não
se enquadre nas hipóteses do art. 58, § 3o, em relação ao local de residência ou
domicílio do servidor;
VII - o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha residido no Município, nos
últimos doze meses, aonde for exercer o cargo em comissão ou função de
confiança, desconsiderando-se prazo inferior a sessenta dias dentro desse período;
e
VIII - o deslocamento não tenha sido por força de alteração de lotação ou nomeação
para cargo efetivo.
IX - o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho de 2006.

Esta indenização é só para servidores que tenham se mudado para ocuparem cargo
em comissão ou função de confiança daqueles grupos do inciso V. Para isso, o
servidor não pode ser proprietário de imóvel na nova cidade, não pode ter imóveis
públicos disponíveis, não pode ser cidade vizinha a antiga ou na mesma região
metropolitana, e o deslocamento não pode ser em função de remoção ou nomeação
decorrente de concurso.

2.4.4 Gratificações

Art. 61. Além do vencimento e das vantagens previstas nesta Lei, serão deferidos
aos servidores as seguintes retribuições, gratificações e adicionais:
I - retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e assessoramento;
II - gratificação natalina;
III - adicional por tempo de serviço;
IV - adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas ou penosas;
V - adicional pela prestação de serviço extraordinário;
VI - adicional noturno;
VII - adicional de férias;
VIII - outros, relativos ao local ou à natureza do trabalho.
IX - gratificação por encargo de curso ou concurso.

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Dependendo da atividade exercida pelo servidor, suas condições, horários, locais ou


responsabilidades, serão deferidas retribuições, gratificações e adicionais. Também se
enquadram aqui a gratificação natalina e o adicional de férias.

Função Gratificada

Art. 62. Ao servidor ocupante de cargo efetivo investido em função de direção,


chefia ou assessoramento, cargo de provimento em comissão ou de Natureza
Especial é devida retribuição pelo seu exercício

A função se refere a uma atribuição específica dada pelo Poder Público a um agente,
com acréscimo de algumas atribuições. Tem ele suas atividades normais dentro do
cargo que ocupa e adquire mais algumas, como por exemplo para ser chefe de uma
seção. Em contrapartida, há acréscimo na remuneração. Também há retribuição pelo
exercício de cargo em comissão ou de Natureza Especial.

Gratificação Natalina

Art. 63. A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um doze avos) da remuneração
a que o servidor fizer jus no mês de dezembro, por mês de exercício no respectivo
ano.
Parágrafo único. A fração igual ou superior a 15 (quinze) dias será considerada
como mês integral.
Art. 66. A gratificação natalina não será considerada para cálculo de qualquer
vantagem pecuniária.

Temos aqui o equivalente ao 13º salário dos trabalhadores do setor privado. O que eles
querem dizer com o tal do “1/12 da remuneração do mês de dezembro” é que o 13º é
proporcional ao número de meses trabalhados no ano. Se o servidor entrou em
exercício em maio, ele fará jus a 8/12 de seu salário. Se trabalhou mais que 15 dias, já
conta um mês. O art. 63 fala “remuneração a que o servidor fizer jus no mês de
dezembro”. Isso quer dizer que se houve aumento no salário ao longo do ano, o 13º
será calculado com base no salário de dezembro, já com o aumento, e não
proporcional ao salário que tinha antes.

Adicionais de Insalubridade, Periculosidade ou Atividades Penosas

Art. 68. Os servidores que trabalhem com habitualidade em locais insalubres ou em


contato permanente com substâncias tóxicas, radioativas ou com risco de vida,
fazem jus a um adicional sobre o vencimento do cargo efetivo.

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§ 1º O servidor que fizer jus aos adicionais de insalubridade e de periculosidade


deverá optar por um deles.
§ 2º O direito ao adicional de insalubridade ou periculosidade cessa com a
eliminação das condições ou dos riscos que deram causa a sua concessão.
Art. 71. O adicional de atividade penosa será devido aos servidores em exercício
em zonas de fronteira ou em localidades cujas condições de vida o justifiquem, nos
termos, condições e limites fixados em regulamento.

Insalubre é que faz mal a saúde – cheiro forte, barulho alto, temperatura muito alta ou
muito baixa, radiação. Periculosidade é quando há risco de vida – produtos químicos,
explosivos. Se o sujeito trabalha num lugar fedorento e com explosivos do lado, só
pode ganhar um dos adicionais, não pode acumular.

Serviço Extraordinário

Art. 73. O serviço extraordinário será remunerado com acréscimo de 50%


(cinqüenta por cento) em relação à hora normal de trabalho.
Art. 74. Somente será permitido serviço extraordinário para atender a situações
excepcionais e temporárias, respeitado o limite máximo de 2 (duas) horas por
jornada.

Serviço extraordinário são as horas extras. Se o salário/hora é de R$ 100,00, as horas


extras serão pagas em R$ 150,00. Só pode fazer hora extra excepcionalmente e não
pode passar de duas horas extras no mesmo dia. Só pode haver serviço extraordinário
se autorizado previamente, caso contrário não é pago.

Adicional Noturno

Art. 75. O serviço noturno, prestado em horário compreendido entre 22 (vinte e


duas) horas de um dia e 5 (cinco) horas do dia seguinte, terá o valor-hora acrescido
de 25% (vinte e cinco por cento), computando-se cada hora como cinqüenta e dois
minutos e trinta segundos.
Parágrafo único. Em se tratando de serviço extraordinário, o acréscimo de que trata
este artigo incidirá sobre a remuneração prevista no art. 73.

Quem trabalhar entre às 22 horas e às 5 horas tem direito a uma remuneração 25%
maior, relativo às horas trabalhadas neste horário. Se o indivíduo trabalhar neste
horário como hora extra, os 25% a mais serão sobre o valor já acrescido de 50%.

Imagine que o servidor trabalhe das 12h às 21h, com uma hora de almoço. Ele precisa
então fazer duas horas extras. Ele poderá trabalhar somente até às 20h52m30s. Isto

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porque a segunda hora extra, que estaria dentro do adicional noturno, contaria somente
52 minutos e 30 segundos. A primeira hora extra valeria R$ 150,00 e a segunda R$
187,50.

Adicional de Férias

Art. 76. Independentemente de solicitação, será pago ao servidor, por ocasião das
férias, um adicional correspondente a 1/3 (um terço) da remuneração do período
das férias.
Parágrafo único. No caso de o servidor exercer função de direção, chefia ou
assessoramento, ou ocupar cargo em comissão, a respectiva vantagem será
considerada no cálculo do adicional de que trata este artigo.

Funciona como na iniciativa privada. Quando sair de férias, tem direito a 1/3 da
remuneração como adicional.

Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso

Art. 76-A. A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso é devida ao servidor


que, em caráter eventual:
I - atuar como instrutor em curso de formação, de desenvolvimento ou de
treinamento regularmente instituído no âmbito da administração pública federal;
II - participar de banca examinadora ou de comissão para exames orais, para
análise curricular, para correção de provas discursivas, para elaboração de
questões de provas ou para julgamento de recursos intentados por candidatos;
III - participar da logística de preparação e de realização de concurso público
envolvendo atividades de planejamento, coordenação, supervisão, execução e
avaliação de resultado, quando tais atividades não estiverem incluídas entre as
suas atribuições permanentes;
IV - participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas de exame vestibular ou de
concurso público ou supervisionar essas atividades.

Esta gratificação foi inserida só em 2006. É uma gratificação para quem der aulas em
cursos na Administração Pública Federal e para quem participar de concursos públicos,
como parte da banca, e não como concurseiro, é óbvio!

2.4.5 Férias

Art. 77. O servidor fará jus a trinta dias de férias, que podem ser acumuladas, até o
máximo de dois períodos, no caso de necessidade do serviço, ressalvadas as
hipóteses em que haja legislação específica.

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§ 1º Para o primeiro período aquisitivo de férias serão exigidos 12 (doze) meses de


exercício.
§ 2º É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao serviço.
§ 3º As férias poderão ser parceladas em até três etapas, desde que assim
requeridas pelo servidor, e no interesse da administração pública.
Art. 80. As férias somente poderão ser interrompidas por motivo de calamidade
pública, comoção interna, convocação para júri, serviço militar ou eleitoral, ou por
necessidade do serviço declarada pela autoridade máxima do órgão ou entidade

Acumular o máximo de dois períodos quer dizer que o servidor não pode ficar mais de
dois anos sem tirar férias. A lógica é mais ou menos a seguinte: começa o ano de 2010
e o servidor não guardou nada das férias dos anos anteriores. A partir de janeiro, ele já
pode tirar as férias referentes a 2007. Contudo, durante o ano tira apenas 10 dias,
ficando 20 para 2011. Em 2011, tira só mais 10 dias de férias. Ele estará entrando em
2012 com 10 dias de férias de 2010 mais 30 dias de 2011. Soma-se a isso os 30 dias
referentes a 2012 a que o servidor tem direito a partir de janeiro, ou seja, ele estaria
acumulando três períodos de férias. Isso não pode.

O parágrafo segundo proíbe que se desconte dias de férias em função de faltas. Se a


pessoa faltou 20 dias durante o ano, isso representa 5% dos 360 dias do ano. Eles não
podem descontar 5% das férias do servidor.

O servidor que esteja começando sua carreira no setor público tem que esperar 12
meses para poder tirar as primeiras férias. Reparem que é só o primeiro ano que deve
ser completado, os demais não, a partir de janeiro o servidor já tem direito.

Se sair de férias, só com tragédia, para júri, serviço militar ou eleitoral que podem
chamar a gente de volta.

2.4.6 Licenças

Art. 81. Conceder-se-á ao servidor licença:


I - por motivo de doença em pessoa da família;
II - por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro;
III - para o serviço militar;
IV - para atividade política;
V - para capacitação;
VI - para tratar de interesses particulares;
VII - para desempenho de mandato classista.

Por motivo de doença em pessoa da família

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Art. 83. Poderá ser concedida licença ao servidor por motivo de doença do cônjuge
ou companheiro, dos pais, dos filhos, do padrasto ou madrasta e enteado, ou
dependente que viva às suas expensas e conste do seu assentamento funcional,
mediante comprovação por junta médica oficial.
§ 1º A licença somente será deferida se a assistência direta do servidor for
indispensável e não puder ser prestada simultaneamente com o exercício do cargo
ou mediante compensação de horário, na forma do disposto no inciso II do art. 44.
§ 2º A licença será concedida sem prejuízo da remuneração do cargo efetivo, até
trinta dias, podendo ser prorrogada por até trinta dias, mediante parecer de junta
médica oficial e, excedendo estes prazos, sem remuneração, por até noventa dias.

Esta licença é por doença em pessoa da família, não é por doença do servidor. Esta
terá outro afastamento, visto mais adiante. Pessoa da família é somente de primeiro
grau: esposa e filho (enteado); pais (padrasto e madrasta). Caso tenha outro
dependente (neto, por exemplo) tem que estar no assentamento do servidor.

O prazo da licença é de 30 dias, podendo ser prorrogado por mais 30. Durante este
período o servidor continuará recebendo a remuneração. Contudo, ele pode ainda
permanecer por mais 90 dias, só que sem remuneração.

§ 1º A licença prevista no inciso I será precedida de exame por médico ou junta


médica oficial.
§ 3º É vedado o exercício de atividade remunerada durante o período da licença
prevista no inciso I deste artigo.

Não pode trabalhar em outra coisa durante a licença.

Por Motivo de Afastamento do Cônjuge

Art. 84. Poderá ser concedida licença ao servidor para acompanhar cônjuge ou
companheiro que foi deslocado para outro ponto do território nacional, para o
exterior ou para o exercício de mandato eletivo dos Poderes Executivo e Legislativo.
§ 1º A licença será por prazo indeterminado e sem remuneração.
§ 2º No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou companheiro também seja
servidor público, civil ou militar, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, poderá haver exercício provisório em órgão ou
entidade da Administração Federal direta, autárquica ou fundacional, desde que
para o exercício de atividade compatível com o seu cargo.

Se o conjugue, que não é servidor, for deslocado para outro lugar, PODERÁ ser
concedida licença SEM remuneração por prazo INDETERMINADO. Veja bem:
PODERÁ. A Administração Pública não tem obrigação legal de conceder a licença,
ficando a seu critério o momento e os termos do deferimento. O servidor não recebe
nada durante esta licença. Agora, se o conjugue também for servidor, pode-se

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trabalhar em outro órgão, PROVISORIAMENTE, caso não tenha repartição do próprio


órgão.

Para o Serviço Militar

Art. 85. Ao servidor convocado para o serviço militar será concedida licença, na
forma e condições previstas na legislação específica.
Parágrafo único. Concluído o serviço militar, o servidor terá até 30 (trinta) dias sem
remuneração para reassumir o exercício do cargo.

Essa licença refere-se, principalmente, à convocação extraordinária ou aos casos de


guerra externa. No que concerne ao serviço militar obrigatório, prestado por todo
jovem, cabe um breve comentário: ainda que a quitação com as obrigações militares
seja requisito básico para investidura em cargo público (art. 5º, III), pode haver
nomeação antes da convocação, caso em que também faria jus à licença.

Para Atividade Política

Art. 86. O servidor terá direito a licença, sem remuneração, durante o período que
mediar entre a sua escolha em convenção partidária, como candidato a cargo
eletivo, e a véspera do registro de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral.
§ 1º O servidor candidato a cargo eletivo na localidade onde desempenha suas
funções e que exerça cargo de direção, chefia, assessoramento, arrecadação ou
fiscalização, dele será afastado, a partir do dia imediato ao do registro de sua
candidatura perante a Justiça Eleitoral, até o décimo dia seguinte ao do pleito.
§ 2º A partir do registro da candidatura e até o décimo dia seguinte ao da eleição, o
servidor fará jus à licença, assegurados os vencimentos do cargo efetivo, somente
pelo período de três meses.

A licença para atividade política será concedida ao servidor candidato a cargo eletivo,
que tanto pode ser para Vereador, quanto para Deputado Estadual ou Federal,
Senador, Prefeito, Governador ou Presidente da República.

A licença será concedida, sem remuneração, durante o período que mediar entre a sua
escolha em convenção partidária, como candidato a cargo eletivo, e a véspera do
registro de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral.

No entanto, a partir do registro da candidatura e até o décimo dia seguinte ao da


eleição, a licença será concedida, assegurando-se os vencimentos do cargo efetivo.
Porém, o pagamento está garantido durante o período máximo de três meses, a partir
do que, se tiver direito ainda à licença, não mais haverá qualquer retribuição
pecuniária.

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Em sendo o servidor candidato a cargo eletivo na localidade onde desempenha suas


funções e exercendo cargo de direção, chefia, assessoramento, arrecadação ou
fiscalização, dele será afastado, a partir do dia imediato ao do registro de sua
candidatura perante a Justiça Eleitoral, até o décimo dia seguinte ao do pleito.

Para Capacitação

Art. 87. Após cada qüinqüênio de efetivo exercício, o servidor poderá, no interesse
da Administração, afastar-se do exercício do cargo efetivo, com a respectiva
remuneração, por até três meses, para participar de curso de capacitação
profissional.
Parágrafo único. Os períodos de licença de que trata o caput não são acumuláveis

Esta licença substituiu a antiga licença prêmio. A licença prêmio era um afastamento de
três meses a que o servidor tinha direito a cada cinco anos de exercício. Era uma
licença remunerada. Assim, a cada cinco anos o servidor poderia ficar três meses na
folga. Ela acabou em 1997, quando foi substituída pela Licença para Capacitação.

A licença para capacitação funciona nos mesmos moldes da licença prêmio. O servidor
adquire o direito a licença para capacitação a cada cinco anos de exercício, a duração
dela é de três meses e ela é remunerada. A diferença é que a Administração dá a
licença se quiser e ela tem que ser usada para o servidor fazer algum curso. Além
disso, ela não pode ser acumulada. Não tirou a licença, perdeu o direito. A licença
prêmio acumulava.

Para Tratar de Interesses Particulares

Art. 91. A critério da Administração, poderão ser concedidas ao servidor ocupante


de cargo efetivo, desde que não esteja em estágio probatório, licenças para o trato
de assuntos particulares pelo prazo de até três anos consecutivos, sem
remuneração.
Parágrafo único. A licença poderá ser interrompida, a qualquer tempo, a pedido do
servidor ou no interesse do serviço.

Esta licença pode ou não ser concedida, no interesse da Administração. Além disso,
ela pode ser interrompida a qualquer tempo, a pedido da Administração ou do servidor.
O prazo máximo é de três anos. A redação da 8.112 dizia que a licença poderia ser
prorrogada, mas foi alterada, tirando a prorrogação.

Para desempenho de mandato classista

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Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à licença sem remuneração para o


desempenho de mandato em confederação, federação, associação de classe de
âmbito nacional, sindicato representativo da categoria ou entidade fiscalizadora da
profissão ou, ainda, para participar de gerência ou administração em sociedade
cooperativa constituída por servidores públicos para prestar serviços a seus
membros, observado o disposto na alínea c do inciso VIII do art. 102 desta Lei,
conforme disposto em regulamento e observados os seguintes limites:
I - para entidades com até 5.000 associados, um servidor;
II - para entidades com 5.001 a 30.000 associados, dois servidores;
III - para entidades com mais de 30.000 associados, três servidores.
§ 1º Somente poderão ser licenciados servidores eleitos para cargos de direção ou
representação nas referidas entidades, desde que cadastradas no Ministério da
Administração Federal e Reforma do Estado.
§ 2° A licença terá duração igual à do mandato, podendo ser prorrogada, no caso de
reeleição, e por uma única vez.

Esta licença é para o servidor que for participar de sindicato, confederação, cooperativa
de servidores. Não pode ser para qualquer cargo, só para os de direção. O prazo da
licença é igual ao do mandato, podendo ser renovado uma vez caso o servidor seja
reeleito.

2.4.7 Afastamentos

A Lei 8.112 prevê três possibilidades de afastamento, a saber:

I – para servir a outro órgão ou entidade;


II – para exercício de mandato eletivo;
III – para estudo ou missão no exterior.
IV – para participação em pós-graduação stricto sensu no país

Para Servir a Outro Órgão ou Entidade

Art. 93. O servidor poderá ser cedido para ter exercício em outro órgão ou entidade
dos Poderes da União, dos Estados, ou do Distrito Federal e dos Municípios, nas
seguintes hipóteses:
I - para exercício de cargo em comissão ou função de confiança;
II - em casos previstos em leis específicas.

Este afastamento está previsto para duas hipóteses: cargo em comissão ou função de
confiança; em casos de leis específicas. O servidor da receita pode, por exemplo, ser
chamado para trabalhar em alguma secretaria do Ministério da Fazenda, com função

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de confiança. Pode ainda ser chamado para ser diretor da Caixa Econômica. A
segunda hipótese são as de leis específicas.

§ 1º Na hipótese do inciso I, sendo a cessão para órgãos ou entidades dos Estados,


do Distrito Federal ou dos Municípios, o ônus da remuneração será do órgão ou
entidade cessionária, mantido o ônus para o cedente nos demais casos.

Órgão cessionário é o órgão onde o servidor irá exercer suas atividades; e órgão
cedente é o órgão de origem e lotação do servidor cedido. Assim, se o servidor for
trabalhar em órgão de Estado, de Município ou do DF, quem paga seu salário será o
órgão que estiver recebendo o servidor. Já se o servidor for trabalhar dentro da própria
União, o órgão de origem continua pagando a remuneração do servidor.

Para Exercício de Mandato Eletivo

Art. 94. Ao servidor investido em mandato eletivo aplicam-se as seguintes


disposições:
I - tratando-se de mandato federal, estadual ou distrital, ficará afastado do cargo;
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, sendo-lhe facultado
optar pela sua remuneração;
III - investido no mandato de vereador:
a) havendo compatibilidade de horário, perceberá as vantagens de seu cargo, sem
prejuízo da remuneração do cargo eletivo;
b) não havendo compatibilidade de horário, será afastado do cargo, sendo-lhe
facultado optar pela sua remuneração.

Se o servidor for eleito presidente, senador, deputado federal ou estadual, governador


de estado ou prefeito, terá que se afastar do cargo que ocupava. No caso de Prefeito
poderá optar pela remuneração do cargo antigo ou de Prefeito. Somente no caso de
eleito vereador é que o servidor poderá permanecer no cargo caso haja
compatibilidade de horário, recebendo então a remuneração dos dois cargos. Não
havendo a compatibilidade de horários, o servidor é afastado do cargo e poderá optar
qual remuneração receberá.

Para Estudo ou Missão no Exterior

Art. 95. O servidor não poderá ausentar-se do País para estudo ou missão oficial,
sem autorização do Presidente da República, Presidente dos Órgãos do Poder
Legislativo e Presidente do Supremo Tribunal Federal.
§ 1º A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e finda a missão ou estudo,
somente decorrido igual período, será permitida nova ausência.
§ 2º Ao servidor beneficiado pelo disposto neste artigo não será concedida
exoneração ou licença para tratar de interesse particular antes de decorrido período

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igual ao do afastamento, ressalvada a hipótese de ressarcimento da despesa


havida com seu afastamento.
§ 3º O disposto neste artigo não se aplica aos servidores da carreira diplomática.
§ 4º As hipóteses, condições e formas para a autorização de que trata este artigo,
inclusive no que se refere à remuneração do servidor, serão disciplinadas em
regulamento.
Art. 96. O afastamento de servidor para servir em organismo internacional de que o
Brasil participe ou com o qual coopere dar-se-á com perda total da remuneração.

O servidor pode ir estudar ou participar de missão oficial no exterior. Isto somente com
autorização do Chefe de cada Poder, num prazo máximo de quatro anos. O servidor
poderá se ausentar para o exterior novamente, só que somente depois de passado
igual prazo ao que ele ficou fora. Se ficou fora dois anos estudando, o próximo
afastamento só poderá ocorrer dois anos depois de trabalhar no Brasil.

O mesmo ocorre se o servidor quiser se licenciar para tratar de assuntos particulares


ou quiser deixar o serviço público, sendo exonerado. Se ficou quatro anos fora, não
poderá deixar o serviço público por quatro anos após o retorno. Só poderá pedir
exoneração mediante o pagamento das despesas referentes a seu afastamento.

É óbvio que este artigo não se aplica aos diplomatas, uma vez que esta é a profissão
deles: deixar o país.

Participação em Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu no País

Art. 96-A. O servidor poderá, no interesse da Administração, e desde que a


participação não possa ocorrer simultaneamente com o exercício do cargo ou
mediante compensação de horário, afastar-se do exercício do cargo efetivo, com a
respectiva remuneração, para participar em programa de pós-graduação stricto
sensu em instituição de ensino superior no País.
§ 2º Os afastamentos para realização de programas de mestrado e doutorado
somente serão concedidos aos servidores titulares de cargos efetivos no respectivo
órgão ou entidade há pelo menos 3 (três) anos para mestrado e 4 (quatro) anos
para doutorado, incluído o período de estágio probatório, que não tenham se
afastado por licença para tratar de assuntos particulares para gozo de licença
capacitação ou com fundamento neste artigo nos 2 (dois) anos anteriores à data da
solicitação de afastamento.

O servidor pode se afastar ainda para fazer mestrado, doutorado e pós-doutorado no


Brasil. Para isso tem que ter, no mínimo, três anos de exercício para o mestrado e
quatro para o doutorado. Vale aqui também a exigência em relação à permanência do
cargo depois do retorno do servidor, como vimos no item anterior.

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2.4.8 Concessões

Art. 97. Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor ausentar-se do serviço:


I - por 1 (um) dia, para doação de sangue;
II - por 2 (dois) dias, para se alistar como eleitor;
III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão de :
a) casamento;
b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais, madrasta ou padrasto, filhos,
enteados, menor sob guarda ou tutela e irmãos.
Art. 98. Será concedido horário especial ao servidor estudante, quando
comprovada a incompatibilidade entre o horário escolar e o da repartição, sem
prejuízo do exercício do cargo.
§ 1º Para efeito do disposto neste artigo, será exigida a compensação de horário no
órgão ou entidade que tiver exercício, respeitada a duração semanal do trabalho.
§ 2º Também será concedido horário especial ao servidor portador de deficiência,
quando comprovada a necessidade por junta médica oficial, independentemente de
compensação de horário.

2.5 Deveres e Proibições


Os deveres e proibições são basicamente decoreba:

2.5.1 Deveres

Art. 116. São deveres do servidor:


I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo;
II - ser leal às instituições a que servir;
III - observar as normas legais e regulamentares;
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais;
V - atender com presteza:
a) ao público em geral, prestando as informações requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo;
b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito ou esclarecimento de situações de
interesse pessoal;
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública.
VI - levar ao conhecimento da autoridade superior as irregularidades de que tiver ciência em razão
do cargo;
VII - zelar pela economia do material e a conservação do patrimônio público;
VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição;
IX - manter conduta compatível com a moralidade administrativa;
X - ser assíduo e pontual ao serviço;
XI - tratar com urbanidade as pessoas;
XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder.

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2.5.2 Proibições

Art. 117. Ao servidor é proibido: (Vide Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)


I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia autorização do chefe imediato;
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qualquer documento ou objeto da
repartição;
III - recusar fé a documentos públicos;
IV - opor resistência injustificada ao andamento de documento e processo ou execução de serviço;
V - promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto da repartição;
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos previstos em lei, o desempenho de
atribuição que seja de sua responsabilidade ou de seu subordinado;
VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a associação profissional ou sindical,
ou a partido político;
VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança, cônjuge, companheiro ou
parente até o segundo grau civil;
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da
função pública;
X - participar de gerência ou administração de sociedade privada, personificada ou não
personificada, exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário;
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo quando se tratar de
benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou
companheiro;
XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem de qualquer espécie, em razão de suas
atribuições;
XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estrangeiro;
XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;
XV - proceder de forma desidiosa;
XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em serviços ou atividades particulares;
XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que ocupa, exceto em situações de
emergência e transitórias;
XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o exercício do cargo ou função e
com o horário de trabalho;
XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solicitado.
Parágrafo único. A vedação de que trata o inciso X do caput deste artigo não se aplica nos
seguintes casos: (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008
I - participação nos conselhos de administração e fiscal de empresas ou entidades em que a União
detenha, direta ou indiretamente, participação no capital social ou em sociedade cooperativa
constituída para prestar serviços a seus membros; e
II - gozo de licença para o trato de interesses particulares, na forma do art. 91 desta Lei, observada
a legislação sobre conflito de interesses.

2.6 Responsabilidades
Art. 121. O servidor responde civil, penal e administrativamente pelo exercício
irregular de suas atribuições.
Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso ou
culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros.

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§ 1º A indenização de prejuízo dolosamente causado ao erário somente será


liquidada na forma prevista no art. 46, na falta de outros bens que assegurem a
execução do débito pela via judicial.
§ 2º Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o servidor perante a
Fazenda Pública, em ação regressiva.
§ 3º A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores e contra eles será
executada, até o limite do valor da herança recebida.
Art. 123. A responsabilidade penal abrange os crimes e contravenções imputadas
ao servidor, nessa qualidade.
Art. 124. A responsabilidade civil-administrativa resulta de ato omissivo ou
comissivo praticado no desempenho do cargo ou função.
Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas poderão cumular-se, sendo
independentes entre si.
Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor será afastada no caso de
absolvição criminal que negue a existência do fato ou sua autoria.

O servidor poderá ser processado tanto administrativamente quanto na esfera penal e


na civil. Ele irá responder pela ação ou omissão ilegais, culposas ou dolosas.

O parágrafo segundo traz a responsabilidade objetiva do Estado. Quando um particular


se sente prejudicado por uma ação ou omissão de um servidor, ele processará o
Estado, e não o servidor. Este será processado depois, pelo Estado, em ação
regressiva. O Estado paga o prejuízo e processa o servidor para receber o dinheiro de
volta.

O art. 125 é importante. Ele fala que o servidor poderá ser demitido
administrativamente, preso em processo penal e ainda terá que reparar o dano na
Justiça civil. Ele poderá ser processado nas três esferas pela mesma falta, uma vez
que elas são independentes.

O art. 126 diminui um pouco esta independência entre as esferas já que a decisão na
esfera penal pode interferir nas demais. Se o servidor for absolvido na esfera criminal
devido à negação da existência do fato ou de sua autoria, ele será absolvido também
administrativamente e civilmente. Por outro lado, se a decisão criminal for no sentido de
sua condenação, haverá também a responsabilização do agente nas demais esferas,
desde que tenha havido dano ou infração administrativa. Se houve absolvição por
insuficiência de provas, em nada interferirá essa decisão criminal nas demais
instâncias, ou seja, mesmo absolvido na esfera penal, ele não será reintegrado ao
serviço público e ainda poderá reparar o dano na esfera civil.

2.7 Penalidades
Art. 127. São penalidades disciplinares:
I - advertência;

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II - suspensão;
III - demissão;
IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
V - destituição de cargo em comissão;
VI - destituição de função comissionada.
Art. 128. Na aplicação das penalidades serão consideradas a natureza e a
gravidade da infração cometida, os danos que dela provierem para o serviço
público, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes funcionais.

Estas são as penalidades que o servidor poderá sofrer em caso de infração. A


penalidade aplicada a cada caso será determinada em função de:

ƒ Natureza e gravidade da infração;


ƒ Danos ao serviço público,
ƒ Circunstâncias agravantes ou atenuantes;
ƒ Antecedentes funcionais.

2.7.1 Advertência

Art. 129. A advertência será aplicada por escrito, nos casos de violação de
proibição constante do art. 117, incisos I a VIII e XIX, e de inobservância de dever
funcional previsto em lei, regulamentação ou norma interna, que não justifique
imposição de penalidade mais grave.

Estes incisos do art. 117 são os que tratam das seguintes proibições:

I- Ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia


autorização do chefe imediato;
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qualquer
documento ou objeto da repartição;
III - recusar fé a documentos públicos;
IV - opor resistência injustificada ao andamento de documento e
processo ou execução de serviço;
V- promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto da
repartição;
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos previstos em
lei, o desempenho de atribuição que seja de sua responsabilidade
ou de seu subordinado;
VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a associação
profissional ou sindical, ou a partido político;

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VIII - Manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança,


cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau civil;
XIX - Recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solicitado.

2.7.2 Suspensão

Art. 130. A suspensão será aplicada em caso de reincidência das faltas punidas
com advertência e de violação das demais proibições que não tipifiquem infração
sujeita a penalidade de demissão, não podendo exceder de 90 (noventa) dias.
§ 1º Será punido com suspensão de até 15 (quinze) dias o servidor que,
injustificadamente, recusar-se a ser submetido a inspeção médica determinada pela
autoridade competente, cessando os efeitos da penalidade uma vez cumprida a
determinação.
§ 2º Quando houver conveniência para o serviço, a penalidade de suspensão
poderá ser convertida em multa, na base de 50% (cinqüenta por cento) por dia de
vencimento ou remuneração, ficando o servidor obrigado a permanecer em serviço.
Art. 131. As penalidades de advertência e de suspensão terão seus registros
cancelados, após o decurso de 3 (três) e 5 (cinco) anos de efetivo exercício,
respectivamente, se o servidor não houver, nesse período, praticado nova infração
disciplinar.
Parágrafo único. O cancelamento da penalidade não surtirá efeitos retroativos.

Um dos fatores para a escolha da penalidade são os antecedentes funcionais. Assim,


se o servidor reincidir numa infração pela qual já tenha sido advertido, ele será
suspenso. A suspensão não pode exceder 90 dias.

Se o servidor for necessário para o bom andamento do serviço, se ele for fazer falta, a
suspensão poderá ser convertida em multa de 50% do salário por dia de suspensão.
Assim, se ele for suspenso por 30 dias e esta suspensão for convertida em multa, na
realidade ele irá receber no mês apenas metade do salário.

Após três anos a advertência é retirada do registro do servidor e após cinco anos o
mesmo ocorre com a suspensão, desde que ele não tenha cometido nova infração. Ou
seja, o servidor volta a ter a ficha limpa. Estas infrações não poderão ser consideradas
para uma nova penalidade, naquele critério de antecedentes funcionais.

Os incisos do art. 117 que não são nem de advertência e nem de demissão, sendo,
portanto de suspensão, são os seguintes:

XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que ocupa,


exceto em situações de emergência e transitórias;

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XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o


exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho;

2.7.3 Demissão

Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos:


I - crime contra a administração pública;
II - abandono de cargo;
III - inassiduidade habitual;
IV - improbidade administrativa;
V - incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição;
VI - insubordinação grave em serviço;
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo em legítima defesa
própria ou de outrem;
VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos;
IX - revelação de segredo do qual se apropriou em razão do cargo;
X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional;
XI - corrupção;
XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas;
XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117.

Mais decoreba. Os incisos do art. 117 citados são os seguintes:

IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em


detrimento da dignidade da função pública;
X- participar de gerência ou administração de sociedade privada,
personificada ou não personificada, salvo a participação nos
conselhos de administração e fiscal de empresas ou entidades em
que a União detenha, direta ou indiretamente, participação no capital
social ou em sociedade cooperativa constituída para prestar serviços
a seus membros, e exercer o comércio, exceto na qualidade de
acionista, cotista ou comanditário;
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições
públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários ou
assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou
companheiro;
XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem de qualquer
espécie, em razão de suas atribuições;
XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estrangeiro;
XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;

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XV - proceder de forma desidiosa;


XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em serviços ou
atividades particulares;

Art. 134. Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade do inativo que houver


praticado, na atividade, falta punível com a demissão.

Se o servidor já se aposentou, mas descobrem uma infração sua praticada ainda em


atividade e que seria punível com demissão, ele terá sua aposentadoria cassada, ou
seja, deixa de receber a pensão.

Art. 138. Configura abandono de cargo a ausência intencional do servidor ao


serviço por mais de trinta dias consecutivos.
Art. 139. Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao serviço, sem causa
justificada, por sessenta dias, interpoladamente, durante o período de doze meses.

Faltou mais de 30 dias seguidos = demissão. Faltou 60 dias alternados em 12 meses =


demissão. Repare que o abandono do cargo é com mais de 30 dias.

3 Código de Ética do Servidor Público Civil do Poder


Executivo Federal
O Decreto 1.171 de 22 de junho de 1994 aprovou Código de Ética Profissional do
Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal. Portanto, ele aplica-se apenas ao
Poder Executivo Federal, e não se aplica aos Poderes Judiciário e Legislativo, nem a
Estados e Municípios. Contudo, o Código alcança, além da administração direta,
também a indireta: autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de
economia mista.

Vamos dar uma olhada no Código de Ética:

Regras Deontológicas

A primeira seção trata das “regras deontológicas”. Segundo o Dicionário Houaiss,


deontológico significa:

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Conjunto de deveres profissionais de qualquer categoria profissional minuciados em


códigos específicos

São as regras fundadas na moral e no tratado dos deveres. As regras deontológicas


são as seguintes:

I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos princípios morais são


primados maiores que devem nortear o servidor público, seja no exercício do cargo ou
função, ou fora dele, já que refletirá o exercício da vocação do próprio poder estatal.
Seus atos, comportamentos e atitudes serão direcionados para a preservação da honra
e da tradição dos serviços públicos.

II - O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento ético de sua conduta.
Assim, não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o
conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o
honesto e o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37, caput, e § 4°, da
Constituição Federal.

III - A moralidade da Administração Pública não se limita à distinção entre o bem e o


mal, devendo ser acrescida da idéia de que o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio
entre a legalidade e a finalidade, na conduta do servidor público, é que poderá
consolidar a moralidade do ato administrativo.

IV - A remuneração do servidor público é custeada pelos tributos pagos direta ou


indiretamente por todos, até por ele próprio, e por isso se exige, como contrapartida,
que a moralidade administrativa se integre no Direito, como elemento indissociável de
sua aplicação e de sua finalidade, erigindo-se, como conseqüência, em fator de
legalidade.

V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público perante a comunidade deve ser


entendido como acréscimo ao seu próprio bem-estar, já que, como cidadão,
integrante da sociedade, o êxito desse trabalho pode ser considerado como seu maior
patrimônio.

VI - A função pública deve ser tida como exercício profissional e, portanto, se integra na
vida particular de cada servidor público. Assim, os fatos e atos verificados na conduta
do dia-a-dia em sua vida privada poderão acrescer ou diminuir o seu bom conceito na
vida funcional.

VII - Salvo os casos de segurança nacional, investigações policiais ou interesse


superior do Estado e da Administração Pública, a serem preservados em processo
previamente declarado sigiloso, nos termos da lei, a publicidade de qualquer ato

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administrativo constitui requisito de eficácia e moralidade, ensejando sua omissão


comprometimento ético contra o bem comum, imputável a quem a negar.

VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor não pode omiti-la ou falseá-la,
ainda que contrária aos interesses da própria pessoa interessada ou da Administração
Pública. Nenhum Estado pode crescer ou estabilizar-se sobre o poder corruptivo do
hábito do erro, da opressão ou da mentira, que sempre aniquilam até mesmo a
dignidade humana quanto mais a de uma Nação.

IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dedicados ao serviço público


caracterizam o esforço pela disciplina. Tratar mal uma pessoa que paga seus tributos
direta ou indiretamente significa causar-lhe dano moral. Da mesma forma, causar dano
a qualquer bem pertencente ao patrimônio público, deteriorando-o, por descuido ou má
vontade, não constitui apenas uma ofensa ao equipamento e às instalações ou ao
Estado, mas a todos os homens de boa vontade que dedicaram sua inteligência, seu
tempo, suas esperanças e seus esforços para construí-los.

X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à espera de solução que compete ao


setor em que exerça suas funções, permitindo a formação de longas filas, ou qualquer
outra espécie de atraso na prestação do serviço, não caracteriza apenas atitude contra
a ética ou ato de desumanidade, mas principalmente grave dano moral aos usuários
dos serviços públicos.

XI - O servidor deve prestar toda a sua atenção às ordens legais de seus superiores,
velando atentamente por seu cumprimento, e, assim, evitando a conduta negligente.
Os repetidos erros, o descaso e o acúmulo de desvios tornam-se, às vezes, difíceis de
corrigir e caracterizam até mesmo imprudência no desempenho da função pública.

XII - Toda ausência injustificada do servidor de seu local de trabalho é fator de


desmoralização do serviço público, o que quase sempre conduz à desordem nas
relações humanas.

XIII - O servidor que trabalha em harmonia com a estrutura organizacional, respeitando


seus colegas e cada concidadão, colabora e de todos pode receber colaboração, pois
sua atividade pública é a grande oportunidade para o crescimento e o engrandecimento
da Nação.

Podemos perceber que estas regras dão bastante atenção ao Princípio da Moralidade.
Não basta a atuação do servidor público ser legal, é preciso também que ela também
busque sempre o interesse público e que se baseie na honestidade.

Deveres do Servidor Público

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A Seção II traz os deveres do servidor público. A Lei 8.112/90 também traz deveres do
servidor público, só que estatutário.

XIV - São deveres fundamentais do servidor público:

a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, função ou emprego público de que


seja titular;

b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e rendimento, pondo fim ou


procurando prioritariamente resolver situações procrastinatórias, principalmente
diante de filas ou de qualquer outra espécie de atraso na prestação dos serviços pelo
setor em que exerça suas atribuições, com o fim de evitar dano moral ao usuário;

c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a integridade do seu caráter,
escolhendo sempre, quando estiver diante de duas opções, a melhor e a mais
vantajosa para o bem comum;

d) jamais retardar qualquer prestação de contas, condição essencial da gestão dos


bens, direitos e serviços da coletividade a seu cargo;

e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços aperfeiçoando o processo de


comunicação e contato com o público;

f) ter consciência de que seu trabalho é regido por princípios éticos que se materializam
na adequada prestação dos serviços públicos;

g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e atenção, respeitando a capacidade e as


limitações individuais de todos os usuários do serviço público, sem qualquer espécie de
preconceito ou distinção de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, religião, cunho
político e posição social, abstendo-se, dessa forma, de causar-lhes dano moral;

h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor de representar contra qualquer
comprometimento indevido da estrutura em que se funda o Poder Estatal;

i) resistir a todas as pressões de superiores hierárquicos, de contratantes, interessados


e outros que visem obter quaisquer favores, benesses ou vantagens indevidas em
decorrência de ações imorais, ilegais ou aéticas e denunciá-las;

j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigências específicas da defesa da vida


e da segurança coletiva;

l) ser assíduo e freqüente ao serviço, na certeza de que sua ausência provoca danos
ao trabalho ordenado, refletindo negativamente em todo o sistema;

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m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e qualquer ato ou fato contrário ao


interesse público, exigindo as providências cabíveis;

n) manter limpo e em perfeita ordem o local de trabalho, seguindo os métodos mais


adequados à sua organização e distribuição;

o) participar dos movimentos e estudos que se relacionem com a melhoria do exercício


de suas funções, tendo por escopo a realização do bem comum;

p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas adequadas ao exercício da função;

q) manter-se atualizado com as instruções, as normas de serviço e a legislação


pertinentes ao órgão onde exerce suas funções;

r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as instruções superiores, as tarefas


de seu cargo ou função, tanto quanto possível, com critério, segurança e rapidez,
mantendo tudo sempre em boa ordem.

s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços por quem de direito;

t) exercer com estrita moderação as prerrogativas funcionais que lhe sejam atribuídas,
abstendo-se de fazê-lo contrariamente aos legítimos interesses dos usuários do serviço
público e dos jurisdicionados administrativos;

u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função, poder ou autoridade com


finalidade estranha ao interesse público, mesmo que observando as formalidades
legais e não cometendo qualquer violação expressa à lei;

v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua classe sobre a existência deste


Código de Ética, estimulando o seu integral cumprimento.

Das Vedações ao Servidor Público

XV - É vedado ao servidor público;

a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tempo, posição e influências, para


obter qualquer favorecimento, para si ou para outrem;

b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros servidores ou de cidadãos que


deles dependam;

c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, conivente com erro ou infração a


este Código de Ética ou ao Código de Ética de sua profissão;

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d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o exercício regular de direito por


qualquer pessoa, causando-lhe dano moral ou material;

e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao seu alcance ou do seu


conhecimento para atendimento do seu mister;

f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, caprichos, paixões ou interesses de


ordem pessoal interfiram no trato com o público, com os jurisdicionados administrativos
ou com colegas hierarquicamente superiores ou inferiores;

g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer tipo de ajuda financeira,


gratificação, prêmio, comissão, doação ou vantagem de qualquer espécie, para si,
familiares ou qualquer pessoa, para o cumprimento da sua missão ou para influenciar
outro servidor para o mesmo fim;

h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva encaminhar para providências;

i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite do atendimento em serviços


públicos;

j) desviar servidor público para atendimento a interesse particular;

l) retirar da repartição pública, sem estar legalmente autorizado, qualquer documento,


livro ou bem pertencente ao patrimônio público;

m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âmbito interno de seu serviço, em


benefício próprio, de parentes, de amigos ou de terceiros;

n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele habitualmente;

o) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente contra a moral, a honestidade
ou a dignidade da pessoa humana;

p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu nome a empreendimentos de


cunho duvidoso.

Definição de Servidor Público

XXIV - Para fins de apuração do comprometimento ético, entende-se por servidor


público todo aquele que, por força de lei, contrato ou de qualquer ato jurídico, preste
serviços de natureza permanente, temporária ou excepcional, ainda que sem
retribuição financeira, desde que ligado direta ou indiretamente a qualquer órgão do
poder estatal, como as autarquias, as fundações públicas, as entidades paraestatais,

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as empresas públicas e as sociedades de economia mista, ou em qualquer setor onde


prevaleça o interesse do Estado.

Essa definição de servidor público é diferente da Lei 8.112. Aqui é todo mundo que de
alguma forma atue junto ao poder público, até mesmo voluntários. Lá é somente a
pessoa legalmente investida em cargo público.

4 Lei 8.666 de 1993


Dispõe o art. 37, XXI, da Constituição:

XXI – ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços,


compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que
assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que
estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da
proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação
técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.

O livro de licitações do TCU conceitua licitação da seguinte forma:

Licitação é o procedimento administrativo formal em que a Administração Pública


convoca, mediante condições estabelecidas em ato próprio (edital ou convite),
empresas interessadas na apresentação de propostas para o oferecimento de bens
e serviços.
A licitação objetiva garantir a observância do princípio constitucional da isonomia e
a selecionar a proposta mais vantajosa para a Administração, de maneira a
assegurar oportunidade igual a todos os interessados e possibilitar o
comparecimento ao certame do maior número possível de concorrentes.

Desta definição, podemos tirar os seguintes pontos importantes:

ƒ Procedimento administrativo formal;


ƒ Condições estabelecidas em ato próprio;
ƒ Objetiva garantir a observância ao princípio da isonomia
ƒ Objetiva selecionar a proposta mais vantajosa para a administração.

Segundo a Lei 8.666/93

Art. 1º Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e contratos


administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras,
alienações e locações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios.

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Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei, além dos órgãos da


administração direta, os fundos especiais, as autarquias, as fundações públicas, as
empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais entidades
controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e
Municípios.

Este art. 1º traz que a lei estabelece NORMAS GERAIS sobre licitações e contratos. O
fato de dizer ou não que são normas gerais é relevante porque os demais entes
poderão legislar também sobre a matéria, desde que não disponham de forma contrária
às prescrições da Lei 8.666.

O parágrafo único traz também a quem a lei de licitações se aplica. Além da


administração, direta, todas as entidades da administração indireta são abrangidas pela
8.666. Apesar de a EC nº 19/1998 ter autorizado o legislador ordinário a disciplinar um
estatuto de licitações e contratos próprio para as empresas públicas e sociedades de
economia mista que explorem atividade econômica, tal lei ainda não foi editada, por
isso estas entidades ainda estão sob os preceitos da 8.666.

Contudo, há jurisprudência do TCU que traz uma exceção importante para as SEM e
EP.

9.1. conhecer da presente Consulta, formulada pelo Exmo. Ministro de Estado da


Ciência e Tecnologia, Sr. Eduardo Campos, por atender aos requisitos de
admissibilidade de que tratam os arts. 1o, XVII, da Lei n. 8.443/92 e 264 do
Regimento Interno/TCU, para responder ao consulente que, enquanto não for
editado o estatuto a que se refere o art. 173, § 1°, da Constituição Federal, as
empresas públicas, as sociedades de economia mista e suas subsidiárias que
explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de
prestação de serviços devem observar os ditames da Lei n° 8.666/1993 e de seus
regulamentos próprios, podendo prescindir da licitação para a contratação de bens
e serviços que constituam sua atividade-fim, nas hipóteses em que o referido
Diploma Legal constitua óbice intransponível à sua atividade negocial, sem
olvidarem, contudo, da observância dos princípios aplicáveis à Administração
Pública, bem como daqueles insertos no referido Estatuto Licitatório;

Assim, quando a Lei 8.666 se configurar um óbice intransponível à atividade negocial


das SEM e EP, estas poderão dispensar a licitação para contratação de bens e
serviços que constituam sua atividade-fim. Lembrar que devem ser observados os
princípios aplicados à administração pública. Isso até já foi cobrado em concurso.

Por último, o parágrafo único fala ainda em fundos especiais e demais entidades
controladas direta ou indiretamente.

O art. 119 traz ainda outra regra para as empresas públicas, fundações públicas,
sociedades de economia mista (estão de fora as autarquias) e demais entidades
controladas direta ou indiretamente pelos entes da federação (UEMDF):

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Art. 119. As sociedades de economia mista, empresas e fundações públicas e


demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União e pelas entidades
referidas no artigo anterior editarão regulamentos próprios devidamente publicados,
ficando sujeitas às disposições desta Lei.
Parágrafo único. Os regulamentos a que se refere este artigo, no âmbito da
Administração Pública, após aprovados pela autoridade de nível superior a que
estiverem vinculados os respectivos órgãos, sociedades e entidades, deverão ser
publicados na imprensa oficial.

Estas entidades deverão criar um regulamento próprio sobre licitações, a ser aprovado
pela autoridade de nível superior e publicado na imprensa oficial.

Art. 116. Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber, aos convênios,
acordos, ajustes e outros instrumentos congêneres celebrados por órgãos e
entidades da Administração.

A 8.666 também se aplica, no que couber, aos convênios, acordos, ajustes e outros
instrumentos semelhantes. Um Decreto de 2005 reforça isso exigindo a utilização da lei
de licitações por aqueles que receberem recursos federais por estes instrumentos.

Art. 117. As obras, serviços, compras e alienações realizados pelos órgãos dos
Poderes Legislativo e Judiciário e do Tribunal de Contas regem-se pelas normas
desta Lei, no que couber, nas três esferas administrativas.

4.1 Princípios Básicos


Art. 3º A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da
isonomia e a selecionar a proposta mais vantajosa para a Administração e será
processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da
legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da
probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento
objetivo e dos que lhes são correlatos.

4.1.1 Legalidade

Este princípio determina que a licitação está vinculada às prescrições legais que a
regem em todos os seus atos e suas fases. Não só a lei, mas o regulamento, as
instruções complementares e o edital pautam o procedimento da licitação, vinculando a
licitação e os licitantes a todas as suas exigências, desde a convocação dos
interessados até a adjudicação do objeto ao vencedor do certame.

Art. 4º Todos quantos participem de licitação promovida pelos órgãos ou entidades


a que se refere o art. 1º têm direito público subjetivo à fiel observância do pertinente
procedimento estabelecido nesta lei, podendo qualquer cidadão acompanhar o seu

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desenvolvimento, desde que não interfira de modo a perturbar ou impedir a


realização dos trabalhos.

O art. 4º da Lei 8.666 reforça ainda mais este princípio, garantindo a todos o direito de
a licitação ser fiel à lei. Tratando-se de direito público subjetivo, o licitante que se sinta
lesado pela inobservância da norma pode impugnar judicialmente o procedimento.

Do princípio da legalidade, surgem dois outros princípios: o do formalismo e o da


vinculação ao instrumento convocatório.

4.1.2 Formalismo

Parágrafo único. O procedimento licitatório previsto nesta lei caracteriza ato


administrativo formal, seja ele praticado em qualquer esfera da Administração
Pública.

Este princípio está diretamente ligado ao da legalidade. O fato de a licitação ser um ato
administrativo formal significa que foi estatuído um procedimento determinado para as
licitações, devendo todas as suas fases serem cumpridas nos exatos termos da Lei,
sob pena de nulidade do certame.

4.1.3 Vinculação ao Instrumento Convocatório

Diz Hely Lopes Meirelles que o edital é a lei interna da licitação e, enquanto tal, vincula
tanto os licitantes como a Administração que o expediu. O art. 41 da Lei, no seu caput,
dispõe a respeito:

Art. 41. A Administração não pode descumprir as normas e condições do edital, ao


qual se acha estritamente vinculada.

Obriga tanto a Administração quanto o licitante a observarem as normas e condições


estabelecidas no ato convocatório. Nada poderá ser criado ou feito sem que haja
previsão no ato convocatório. Podemos observar este princípio inclusive na formulação
do contrato:

§ 1º Os contratos devem estabelecer com clareza e precisão as condições para sua


execução, expressas em cláusulas que definam os direitos, obrigações e
responsabilidades das partes, em conformidade com os termos da licitação e da
proposta a que se vinculam.

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4.1.4 Impessoalidade

Todos os licitantes devem ser tratados igualmente, em termos de direitos e obrigações,


devendo a Administração, em suas decisões, pautar-se por critérios objetivos, sem
levar em consideração as condições pessoais do licitante ou as vantagens por ele
oferecidas, salvo as expressamente previstas na lei ou no instrumento convocatório.

Deste princípio surge o princípio do julgamento objetivo.

Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, devendo a Comissão de licitação
ou o responsável pelo convite realizá-lo em conformidade com os tipos de licitação,
os critérios previamente estabelecidos no ato convocatório e de acordo com os
fatores exclusivamente nele referidos, de maneira a possibilitar sua aferição pelos
licitantes e pelos órgãos de controle.

4.1.5 Moralidade e Probidade

Impõe que a conduta do administrador seja pautada por valores morais e éticos,
privilegiando a legitimidade e a finalidade do ato praticado e visando, acima de tudo, ao
interesse público. Não basta que o comportamento da Administração seja apenas lícito,
mas também consoante com a moral, os bons costumes, as regras de boa
administração, os princípios de justiça e de equidade, a idéia comum de honestidade.
Um exemplo de aplicação do princípio da moralidade está na não utilização do mesmo
servidor para executar todas as fases da despesa, com diz este acórdão do TCU:

Observe as boas práticas administrativas, no sentido de atentar para o princípio da


moralidade, no que diz respeito à segregação de funções, de modo a evitar que o
mesmo servidor execute todas as etapas das despesas.

Temos outros acórdãos com aplicação do princípio da moralidade:

Em consonância com os princípios constitucionais da moralidade e da


impessoalidade, ao contratar empresas prestadoras de serviços, não permita o
direcionamento e/ou indicação, por parte de seus servidores, de pessoas, em
especial parentes, para trabalharem nessas empresas.

4.1.6 Igualdade

Constitui um dos alicerces da licitação, uma vez que um dos objetivos desta é
justamente propiciar a igualdade de condição na contratação com a Administração. É
com base neste princípio que o inciso XXI do art. 37 da CF/88 veda o estabelecimento

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de condições que impliquem preferência em favor de determinados licitantes em


detrimento dos demais. Isto está também no inciso I do §1º do art. 3º da lei 8.666/93.

§ 1º É vedado aos agentes públicos:


I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, cláusulas ou condições
que comprometam, restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo e estabeleçam
preferências ou distinções em razão da naturalidade, da sede ou domicílio dos
licitantes ou de qualquer outra circunstância impertinente ou irrelevante para o
específico objeto do contrato;
II - estabelecer tratamento diferenciado de natureza comercial, legal, trabalhista,
previdenciária ou qualquer outra, entre empresas brasileiras e estrangeiras,
inclusive no que se refere a moeda, modalidade e local de pagamentos, mesmo
quando envolvidos financiamentos de agências internacionais, ressalvado o
disposto no parágrafo seguinte e no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de
1991.

Esse princípio deve se compreendido em duas acepções: numa primeira, protege os


licitantes, vedando a inclusão de critérios discriminatórios na fase de julgamento das
propostas; numa segunda, protege os que desejam ser licitantes, vedando que a
Administração estabeleça quaisquer requisitos para participação do certame que não
tenham relevância frente ao objeto do futuro contrato.

O segundo inciso do parágrafo primeiro proíbe o estabelecimento de tratamento


diferenciado entre empresas brasileiras e estrangeiras. O § 2º do art. 3º, todavia, mitiga
o rigor desse último dispositivo, ao prescrever que, como critério de desempate, será
dada preferência, sucessivamente, aos bens e serviços:

§ 2º Em igualdade de condições, como critério de desempate, será assegurada


preferência, sucessivamente, aos bens e serviços:
I - produzidos ou prestados por empresas brasileiras de capital nacional;
II - produzidos no País;
III - produzidos ou prestados por empresas brasileiras.
IV - produzidos ou prestados por empresas que invistam em pesquisa e no
desenvolvimento de tecnologia no País.

Todavia, quando a licitação for do tipo menor preço, o que constitui a regra geral, o
desempate não segue os critérios estatuídos no § 2º do art. 3º, sendo realizado sempre
por sorteio.

A Lei também proíbe a realização de licitação cujo objeto inclua bens e serviços sem
similaridade ou de marcas, características e especificações exclusivas, salvo nos casos
em que for tecnicamente justificável, ou ainda quando o fornecimento de tais materiais
e serviços for feito sob o regime de administração contratada, previsto e discriminado
no edital.

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Ainda, outro ponto que afasta relativamente a incidência do princípio da igualdade é o


inciso I do art. 15 da Lei 8.666, que traz o princípio da padronização.

Art. 15. As compras, sempre que possível, deverão:


I - atender ao princípio da padronização, que imponha compatibilidade de
especificações técnicas e de desempenho, observadas, quando for o caso, as
condições de manutenção, assistência técnica e garantia oferecidas;

4.1.7 Publicidade

Caracteriza-se como um princípio dominante no processo licitatório em todas as suas


fases, salvo quanto ao conteúdo das propostas até a respectiva abertura. O princípio
da publicidade cumpre duas funções: permitir o amplo acesso dos interessados ao
certame e facultar a verificação da regularidade dos atos praticados. Assim,
primeiramente, a publicidade visa assegurar que o maior número possível de
particulares tomem conhecimento de que uma licitação ocorrerá, aumentando assim a
competitividade. Num segundo momento, a publicidade é uma garantia dos particulares
para que eles possam verificar se a licitação obedeceu aos preceitos legais. Podemos
perceber este princípio no §3º do art. 3º da Lei 8.666/93:

§ 3º A licitação não será sigilosa, sendo públicos e acessíveis ao público os atos de


seu procedimento, salvo quanto ao conteúdo das propostas, até a respectiva
abertura.

Um exemplo da importância do princípio da publicidade está no §4º do art. 21:

§ 4º Qualquer modificação no edital exige divulgação pela mesma forma que se deu
o texto original, reabrindo-se o prazo inicialmente estabelecido, exceto quando,
inquestionavelmente, a alteração não afetar a formulação das propostas.

Toda alteração no edital que provoque alterações nas propostas precisam ser
divulgadas da mesma forma que o edital, reabrindo-se o prazo.

4.1.8 Adjudicação Obrigatória ao Vencedor

A adjudicação é o ato pelo qual a autoridade competente atribui ao vencedor da


licitação o seu objeto. Não devemos confundir a adjudicação do objeto da licitação com
a celebração do contrato a ele referente. A adjudicação é o ato unilateral pelo qual a
Administração declara que, se for celebrar o contrato referente ao objeto da licitação,
obrigatoriamente o fará com o licitante vencedor. A celebração do contrato,

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distintamente, é ato bilateral, pelo qual a Administração e o particular efetivamente dão


formalizam o acordo concernente ao objeto da licitação.

A adjudicação é ato vinculado, já que a Administração só poderá deixar de efetuá-la em


caso de anulação do procedimento, por ilegalidade; ou sua revogação, em caso de
interesse público decorrente de fato superveniente devidamente comprovado (Lei
8.666/93, art. 49). Ressalvados esses dois casos, o licitante vencedor tem direito a que
lhe seja adjudicado o objeto da licitação.

Já a celebração do contrato é ato discricionário, realizado pela Administração segundo


seus exclusivos critérios de conveniência e oportunidade. Mesmo regular o
procedimento licitatório e não ocorrido qualquer fato superveniente, ou seja, mesmo
tendo se efetivado a adjudicação, a Administração, por intermédio da autoridade
competente, pode simplesmente optar por não contratar. Esta posição não é pacífica
na doutrina, mas é adotada pela maioria dos autores.

Além disso, é possível que o próprio particular se recuse a firmar o acordo, mas nesse
caso ficará sujeito às penalidades previstas na Lei 8.666/93, o que não ocorre com a
Administração, que nessa mesma hipótese não sofre qualquer sanção. Para não deixar
os licitantes sujeitos ao arbítrio da Administração, o art. 64, § 3º, fixa o prazo de
sessenta dias, a contar da entrega das propostas, para que a Administração resolva a
respeito da contratação. Ultrapassado este prazo, ficam os licitantes liberados de
qualquer compromisso.

Apesar de não resultar necessariamente na celebração do contrato, a adjudicação, por


si só, produz alguns efeitos, sendo o principal dentre eles a impossibilidade de a
Administração, em se decidindo pela celebração do contrato, firmá-lo com outro
licitante que não o vencedor da licitação, durante o prazo de validade da adjudicação.
Outra conseqüência dela decorrente é a impossibilidade de se abrir nova licitação
enquanto válida a adjudicação anterior.

4.1.9 Celeridade

O princípio da celeridade, consagrado pela Lei nº 10.520, de 2002, como um dos


norteadores de licitações na modalidade pregão, busca simplificar procedimentos, de
rigorismos excessivos e de formalidades desnecessárias. As decisões, sempre que
possível, devem ser tomadas no momento da sessão. Importante notar que este
princípio se refere apenas ao pregão.

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4.1.10 Ordem Cronológica das Exigibilidades

Art. 5º Todos os valores, preços e custos utilizados nas licitações terão como
expressão monetária a moeda corrente nacional, ressalvado o disposto no art. 42
desta Lei, devendo cada unidade da Administração, no pagamento das obrigações
relativas ao fornecimento de bens, locações, realização de obras e prestação de
serviços, obedecer, para cada fonte diferenciada de recursos, a estrita ordem
cronológica das datas de suas exigibilidades, salvo quando presentes relevantes
razões de interesse público e mediante prévia justificativa da autoridade
competente, devidamente publicada.

O art. 5º determina que os valores utilizados nas licitações serão todos em moeda
nacional, salvo nas concorrências internacionais. Além disso, ele determina que cada
unidade deverá obedecer à estrita ordem cronológica das datas de suas exigibilidades.

4.2 Objeto
Art. 1º Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e contratos
administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras,
alienações e locações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios.

O art. 1º estabelece que as licitações sejam realizadas para obras, serviços, compras,
alienações e locações. O art. 6º traz as definições.

I - Obra - toda construção, reforma, fabricação, recuperação ou ampliação, realizada


por execução direta ou indireta;
II - Serviço - toda atividade destinada a obter determinada utilidade de interesse
para a Administração, tais como: demolição, conserto, instalação, montagem,
operação, conservação, reparação, adaptação, manutenção, transporte, locação de
bens, publicidade, seguro ou trabalhos técnico-profissionais;
III - Compra - toda aquisição remunerada de bens para fornecimento de uma só vez
ou parceladamente;
IV - Alienação - toda transferência de domínio de bens a terceiros;
V - Obras, serviços e compras de grande vulto - aquelas cujo valor estimado seja
superior a 25 (vinte e cinco) vezes o limite estabelecido na alínea "c" do inciso I do
art. 23 desta Lei;
Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem os incisos I a III do artigo
anterior serão determinadas em função dos seguintes limites, tendo em vista o valor
estimado da contratação:
I - para obras e serviços de engenharia:
c) concorrência - acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais);

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4.2.1 Obras e Serviços

Art. 7º As licitações para a execução de obras e para a prestação de serviços


obedecerão ao disposto neste artigo e, em particular, à seguinte seqüência:
I - projeto básico;
II - projeto executivo;
III - execução das obras e serviços.
§ 1º A execução de cada etapa será obrigatoriamente precedida da conclusão e
aprovação, pela autoridade competente, dos trabalhos relativos às etapas
anteriores, à exceção do projeto executivo, o qual poderá ser desenvolvido
concomitantemente com a execução das obras e serviços, desde que também
autorizado pela Administração.

As definições de projeto básico e projeto executivo estão no art. 6º.

IX - Projeto Básico - conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de


precisão adequado, para caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou
serviços objeto da licitação, elaborado com base nas indicações dos estudos
técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade técnica e o adequado
tratamento do impacto ambiental do empreendimento, e que possibilite a avaliação
do custo da obra e a definição dos métodos e do prazo de execução
X - Projeto Executivo - o conjunto dos elementos necessários e suficientes à
execução completa da obra, de acordo com as normas pertinentes da Associação
Brasileira de Normas Técnicas - ABNT;

A diferença é que projeto básico traz os elementos para caracterizar a obra ou serviço,
enquanto o projeto executivo os elementos necessários à execução da obra.

§ 2º As obras e os serviços somente poderão ser licitados quando:


I - houver projeto básico aprovado pela autoridade competente e disponível para
exame dos interessados em participar do processo licitatório;
II - existir orçamento detalhado em planilhas que expressem a composição de todos
os seus custos unitários;
III - houver previsão de recursos orçamentários que assegurem o pagamento das
obrigações decorrentes de obras ou serviços a serem executadas no exercício
financeiro em curso, de acordo com o respectivo cronograma;
IV - o produto dela esperado estiver contemplado nas metas estabelecidas no Plano
Plurianual de que trata o art. 165 da Constituição Federal, quando for o caso.

Este parágrafo segundo estabelece alguns requisitos para que se possa fazer a
licitação de obras e serviços:

ƒ Projeto básico autorizado;


ƒ Orçamento detalhado em planilhas;
ƒ Previsão de recursos orçamentários;
ƒ Produto contemplado no PPA, quando for o caso.

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§ 3º É vedado incluir no objeto da licitação a obtenção de recursos financeiros para


sua execução, qualquer que seja a sua origem, exceto nos casos de
empreendimentos executados e explorados sob o regime de concessão, nos termos
da legislação específica.
§ 4º É vedada, ainda, a inclusão, no objeto da licitação, de fornecimento de
materiais e serviços sem previsão de quantidades ou cujos quantitativos não
correspondam às previsões reais do projeto básico ou executivo.
§ 5º É vedada a realização de licitação cujo objeto inclua bens e serviços sem
similaridade ou de marcas, características e especificações exclusivas, salvo nos
casos em que for tecnicamente justificável, ou ainda quando o fornecimento de tais
materiais e serviços for feito sob o regime de administração contratada, previsto e
discriminado no ato convocatório.

O objeto da licitação não poderá conter a obtenção de recursos financeiros, a não ser
que seja concessão. Além disso, o objeto não poderá conter o fornecimento de
materiais e serviços sem previsão de quantidade, ou que não correspondam ao projeto
básico ou executivo. Por último, o objeto da licitação deve conter apenas bens e
serviços que não sejam exclusivos, que apresentem similaridade ou de marcas
específicas. Aqui há a exceção, que é quando for tecnicamente justificável. É preciso
demonstrar a compatibilidade, a padronização ou a portabilidade que justificariam a
contratação direta.

A indicação de marca como parâmetro de qualidade pode ser admitida para facilitar a
descrição do objeto a ser licitado, desde que seguida, por exemplo, das expressões “ou
equivalente”, “ou similar” e “ou de melhor qualidade”. Nesse caso, o produto deve, de
fato e sem restrições, ser aceito pela Administração. O que a Lei de Licitações veda e
os Tribunais de Contas condenam, em especial o TCU, é a preferência por
determinada marca e sua indicação sem a devida justificativa técnica nos autos.

Art. 10. As obras e serviços poderão ser executados nas seguintes formas:
I - execução direta;
II - execução indireta, nos seguintes regimes:
a) empreitada por preço global;
b) empreitada por preço unitário;
d) tarefa;
e) empreitada integral.

Execução direta é a que é feita pelos órgãos e entidades da Administração, pelos


próprios meios. Execução indireta é a que o órgão ou entidade contrata com terceiros.

Empreitada por preço global ocorre quando se contrata a execução da obra ou do


serviço por preço certo e total. Seu uso se verifica, geralmente, em contratações de
objetos mais comuns, quando os quantitativos de materiais empregados são pouco
sujeitos a alterações durante a execução da obra ou da prestação dos serviços e
podem ser aferidos mais facilmente.

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A empreitada por preço unitário é usada quando se contrata a execução da obra ou


serviço por preço certo de unidades determinadas. É empregada com mais freqüência
em projetos de maior complexidade, cujas quantidades dos serviços e dos materiais
relativos às parcelas de maior relevância e de valor significativo não são definidas de
forma exata no ato convocatório, nem tampouco no orçamento apresentado junto à
proposta.

A tarefa é utilizada quando se contrata a mão-de-obra para pequenos trabalhos por


preço certo, com ou sem fornecimento de materiais.

A empreitada integral é usada quando se pretende contratar o objeto em sua


totalidade, ou seja, compreendendo todas as etapas da obra, serviços e instalações
necessárias. Nesse regime, o contratado assume inteira responsabilidade pela
execução do objeto até a respectiva entrega ao órgão ou entidade da Administração
em condições de ser utilizado.

Na empreitada por preço global, o pagamento deve ser efetuado após a conclusão dos
serviços ou etapas definidos em cronograma físico-financeiro, por exemplo: fundações,
estrutura, concretagem da laje, cobertura, revestimento, pintura e outras etapas. Na
empreitada por preço unitário, o pagamento deve ser realizado por unidades feitas,
pois seus quantitativos são pouco sujeitos a alterações. Exemplo: metragem executada
das fundações, de paredes levantadas, de colocação de piso, de pintura, de colocação
de gesso.

4.2.2 Serviços Técnicos Profissionais Especializados

Art. 13. Para os fins desta Lei, consideram-se serviços técnicos profissionais
especializados os trabalhos relativos a:
I - estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou executivos;
II - pareceres, perícias e avaliações em geral;
III - assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou tributárias;
IV - fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços;
V - patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas;
VI - treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
VII - restauração de obras de arte e bens de valor histórico.
§ 1º Ressalvados os casos de inexigibilidade de licitação, os contratos para a
prestação de serviços técnicos profissionais especializados deverão,
preferencialmente, ser celebrados mediante a realização de concurso, com
estipulação prévia de prêmio ou remuneração.

A peculiaridade destes serviços técnicos especializados é que para eles pode haver
inexigibilidade de licitação. Sendo vedada nos casos de publicidade e divulgação.

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Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em


especial:
II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei, de
natureza singular, com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada
a inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação;

Contudo, só haverá a inexigibilidade quando houver a inviabilidade de competição.


Caso contrário, deverá ser feito concurso, com estipulação prévia de prêmio ou
remuneração.

4.2.3 Compras

Art. 14. Nenhuma compra será feita sem a adequada caracterização de seu objeto e
indicação dos recursos orçamentários para seu pagamento, sob pena de nulidade
do ato e responsabilidade de quem lhe tiver dado causa.

As compras deverão estar com seu objeto bem caracterizado, e os recursos


orçamentários necessários para seu pagamento deverão estar indicados.

Art. 15. As compras, sempre que possível, deverão:


I - atender ao princípio da padronização, que imponha compatibilidade de
especificações técnicas e de desempenho, observadas, quando for o caso, as
condições de manutenção, assistência técnica e garantia oferecidas;
II - ser processadas através de sistema de registro de preços;
III - submeter-se às condições de aquisição e pagamento semelhantes às do setor
privado;
IV - ser subdivididas em tantas parcelas quantas necessárias para aproveitar as
peculiaridades do mercado, visando economicidade;
V - balizar-se pelos preços praticados no âmbito dos órgãos e entidades da
Administração Pública.

As compras, sempre que possível, devem ser processadas através do sistema de


registro de preços. Trata-se de uma das melhores formas de agilização nas compras
públicas, pois permite planejar a compra de bens, por preços previamente selecionados
em concorrência pública, em até doze meses. Essa economia procedimental, mediante
uma única licitação, é a sua principal vantagem, evitando-se a realização de vários
certames e eventuais recursos que dificultam o planejamento administrativo. Esse
sistema de compra permite à unidade adquirir bens de acordo com suas necessidades,
evitando grandes estoques.

O inciso IV determina que as compras devem ser divididas para que mais fornecedores
possam participar, aumentando a concorrência. Em relação ao parcelamento do objeto,
temos ainda o art. 23, §1º.

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§ 1º As obras, serviços e compras efetuadas pela administração serão divididas em


tantas parcelas quantas se comprovarem técnica e economicamente viáveis,
procedendo-se à licitação com vistas ao melhor aproveitamento dos recursos
disponíveis no mercado e à ampliação da competitividade, sem perda da economia
de escala.

Esta regra não vale só para as compras, mas também para as obras e serviços.

§ 7º Nas compras deverão ser observadas, ainda:


I - a especificação completa do bem a ser adquirido sem indicação de marca;
II - a definição das unidades e das quantidades a serem adquiridas em função do
consumo e utilização prováveis, cuja estimativa será obtida, sempre que possível,
mediante adequadas técnicas quantitativas de estimação;
III - as condições de guarda e armazenamento que não permitam a deterioração do
material.

4.2.4 Alienações

Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência de


interesse público devidamente justificado, será precedida de avaliação e obedecerá
às seguintes normas:

A alienação de bens só será permitida quando da existência de INTERESSE PÚBLICO


DEVIDAMENTE JUSTIFICADO, e deverá ser precedida de AVALIAÇÃO. Ela seguirá
algumas normas:

Imóveis

I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para órgãos da


administração direta e entidades autárquicas e fundacionais, e, para todos, inclusive
as entidades paraestatais, dependerá de avaliação prévia e de licitação na
modalidade de concorrência, dispensada esta nos seguintes casos:

O inciso primeiro divide as exigências para a alienação de imóveis em dois grupos.


Alienações de bens de órgãos da administração direta e entidades autárquicas e
fundacionais deverão ser precedidas de AUTORIZAÇÃO LEGISLATIVA. Já as
alienações de bens imóveis das sociedades de economia mista e empresas públicas
não precisarão de autorização legislativa. Contudo, todas as alienações terão que ser
feitas mediante concorrência, após prévia avaliação.

O inciso ainda traz alguns casos em que estará dispensada a concorrência. Aqui, o
gestor público não pode licitar.

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a) Dação em pagamento;
b) Doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade da
administração pública, de qualquer esfera de governo, ressalvado o disposto
nas alíneas f e h
c) Permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos constantes do inciso X do
art. 24 desta Lei;
d) Investidura;
e) Venda a outro órgão ou entidade da administração pública, de qualquer esfera
de governo;
f) Alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso,
locação ou permissão de uso de bens imóveis residenciais construídos,
destinados ou efetivamente utilizados no âmbito de programas habitacionais ou
de regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por órgãos ou
entidades da administração pública;
g) Procedimentos de legitimação de posse de que trata o art. 29 da Lei no 6.383,
de 7 de dezembro de 1976, mediante iniciativa e deliberação dos órgãos da
Administração Pública em cuja competência legal inclua-se tal atribuição;
h) Alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso,
locação ou permissão de uso de bens imóveis de uso comercial de âmbito local
com área de até 250 m² (duzentos e cinqüenta metros quadrados) e inseridos
no âmbito de programas de regularização fundiária de interesse social
desenvolvidos por órgãos ou entidades da administração pública;
Dação em pagamento é a modalidade de extinção de uma obrigação em que o credor
pode consentir em receber coisa que não seja dinheiro, em substituição da prestação
que lhe era devida. Portanto, se a Administração possui uma obrigação, não há porque
fazer uma licitação para alienar um imóvel que pode ser usado para quitar a obrigação.

A doação de imóveis só poderá ser feita para outros órgãos ou entidades da


administração pública. Exceção a esta regra é a doação de imóveis residenciais dentro
de programas habitacionais, que é o disposto na alínea ‘f’.

A investidura é definida no parágrafo terceiro do art. 17.

§ 3º Entende-se por investidura, para os fins desta lei:


I - a alienação aos proprietários de imóveis lindeiros de área remanescente ou
resultante de obra pública, área esta que se tornar inaproveitável isoladamente, por
preço nunca inferior ao da avaliação e desde que esse não ultrapasse a 50%
(cinqüenta por cento) do valor constante da alínea "a" do inciso II do art. 23 desta
lei;

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II - a alienação, aos legítimos possuidores diretos ou, na falta destes, ao Poder


Público, de imóveis para fins residenciais construídos em núcleos urbanos anexos a
usinas hidrelétricas, desde que considerados dispensáveis na fase de operação
dessas unidades e não integrem a categoria de bens reversíveis ao final da
concessão.

Nada mais é do que a alienação de área remanescente de obra pública para


proprietários de imóveis limítrofes, vizinhos ao terreno remanescente, desde que o
valor da área não ultrapasse R$ 40.000,00, ou seja, metade do valor máximo para
licitação por convite nas compras e serviços. Além disso, a alienação não poderá ser
por valor inferior ao valor da avaliação. O inciso II traz a venda de imóveis residenciais
junto a hidrelétricas para aqueles que ali vinham residindo, quando do fim da
concessão. Para explicar melhor a investidura do inciso I, segue um desenho. Na área
A ocorreu uma obra pública, sendo que sobrou a área B. Está poderá ser vendida para
o proprietário da área C sem licitação.

A C

Móveis

II - quando móveis, dependerá de avaliação prévia e de licitação, dispensada esta


nos seguintes casos:

Em relação à alienação de bens móveis, este inciso II exige apenas avaliação prévia e
licitação. Não podemos esquecer, contudo, do interesse público devidamente
justificado. O inciso também não se refere a nenhum tipo de licitação.

a) Doação, permitida exclusivamente para fins e uso de interesse social,


após avaliação de sua oportunidade e conveniência sócio-econômica,
relativamente à escolha de outra forma de alienação;
b) Permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou entidades da
Administração Pública;
c) Venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa, observada a
legislação específica;

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d) Venda de títulos, na forma da legislação pertinente;


e) Venda de bens produzidos ou comercializados por órgãos ou
entidades da Administração Pública, em virtude de suas finalidades;
f) Venda de materiais e equipamentos para outros órgãos ou entidades
da Administração Pública, sem utilização previsível por quem deles
dispõe.
A doação de bens móveis, diferentemente dos imóveis, pode ser feita para a iniciativa
privada. Contudo, deve ser feita somente para fins de uso de interesse social. Além
disso, deve-se verificar se as outras formas de alienação não seriam mais
convenientes social e economicamente.

Enquanto a permuta de bens imóveis pode ser feita tanto com o setor público quanto
com o privado, a dos bens móveis só pode ser feita com órgãos ou entidades da
administração pública.

A venda de ações e de títulos também não precisará ser feita por licitação, até mesmo
porque não seria possível fazê-lo. O mesmo ocorre com os bens produzidos
justamente para que sejam comercializados.

4.3 Modalidades
Art. 22. São modalidades de licitação:
I - concorrência;
II - tomada de preços;
III - convite;
IV - concurso;
V - leilão.

A contratação de compras, obras e serviços pelos entes administrativos pode ser


efetuada sob três modalidades de licitação: concorrência, tomada de preços e convite.
Além destas, temos como modalidades de licitação: o concurso, utilizado para a
contratação de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a estipulação de
prêmios ou remuneração aos vencedores; o leilão, que é modalidade de licitação pela
qual a Administração procede à venda de bens móveis inservíveis, produtos legalmente
apreendidos ou penhorados e bens imóveis integrados ao patrimônio público por meio
de procedimento judicial ou dação em pagamento; o pregão, modalidade de licitação
instituída pela Medida Provisória 2.026/2000 a atualmente regulada na Lei
10.520/2002, destinada à aquisição de bens e serviços comuns, qualquer que seja o
valor estimado da contratação. Existe ainda a consulta, prevista apenas para as
agências reguladoras.

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As três primeiras modalidades de licitação – a concorrência, a tomada de preços e o


convite – são hierarquizadas a partir de dois critérios objetivos: o valor estimado do
contrato e a complexidade do procedimento licitatório.

Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem os incisos I a III do artigo


anterior serão determinadas em função dos seguintes limites, tendo em vista o valor
estimado da contratação:
I - para obras e serviços de engenharia:
a) convite - até R$ 150.000,00 (cento e cinqüenta mil reais);
b) tomada de preços - até R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais);
c) concorrência - acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais);
II - para compras e serviços não referidos no inciso anterior:
a) convite - até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais);
b) tomada de preços - até R$ 650.000,00 (seiscentos e cinqüenta mil reais);
c) concorrência - acima de R$ 650.000,00 (seiscentos e cinqüenta mil reais).

A concorrência é a modalidade mais formal e complexa, adequada para as


contratações de maior vulto, e da qual podem participar todos os interessados que
comprovem, na fase de habilitação preliminar, possuírem os requisitos exigidos para a
adequada execução do contrato.

Em segundo temos a tomada de preços, adotada para os contratos de valor


intermediário, aberta a todos os interessados cadastrados e àqueles que atenderem a
todas as condições necessárias ao cadastramento até o terceiro dia anterior à data de
recebimento das propostas.

Por fim, há o convite, a modalidade de licitação mais simples, utilizada para os


contratos de menor valor. Aqui os interessados, cadastrados ou não, são convidados a
participar do certame pela própria Administração, que também permitirá o ingresso de
todos os cadastrados que demonstrarem seu interesse no contrato com antecedência
de até vinte e quatro horas da apresentação das propostas.

Ressalvados os casos em que o objeto do contrato demanda necessariamente a


concorrência, há uma ordem para a utilização destas três modalidades de licitação,
com base no valor estimado da contratação, sendo a concorrência posta em primeiro
lugar, a tomada de preços em segundo e o convite por último.

§ 8º É vedada a criação de outras modalidades de licitação ou a combinação das


referidas neste artigo.

Este parágrafo é do art. 22. Ele impede que se combinem as modalidades de licitação.
Esta combinação não é possível nem mesmo quando a administração, na prerrogativa
conferida pelo §4º do art. 23, abaixo, utiliza a tomada de preços quando poderia o
convite ou a concorrência quando poderia a tomada de preços.

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§ 4º Nos casos em que couber convite, a Administração poderá utilizar a tomada de


preços e, em qualquer caso, a concorrência.

Em vista disso, a lei, não é permitido que se utilize o convite quando seria o caso de
tomada de preços ou concorrência; ou a tomada de preços, quando a modalidade
correta seria a concorrência. O inverso é admitido, pois a concorrência pode ser
adotada em substituição às duas outras modalidades, e à tomada de preços pode ser
utilizada em substituição ao convite. O parágrafo quinto do art. 23 traz ainda a proibição
de se utilizar convite ou tomada de preços em licitações que poderiam ser feitas
conjuntamente e cujo somatório dos valores ultrapassaria o valor dessas duas
modalidades.

§ 5º É vedada a utilização da modalidade "convite" ou "tomada de preços",


conforme o caso, para parcelas de uma mesma obra ou serviço, ou ainda para
obras e serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas
conjunta e concomitantemente, sempre que o somatório de seus valores
caracterizar o caso de "tomada de preços" ou "concorrência", respectivamente, nos
termos deste artigo, exceto para as parcelas de natureza específica que possam ser
executadas por pessoas ou empresas de especialidade diversa daquela do executor
da obra ou serviço.

Isto seria fracionamento da despesa. Segue definição do TCU:

Fracionamento se caracteriza quando se divide a despesa para utilizar modalidade


de licitação inferior à recomendada pela legislação para o total da despesa, ou para
efetuar contratação direta.

Em outras palavras, é vedada a utilização de modalidade inferior de licitação quando o


somatório do valor a ser licitado caracterizar modalidade superior. Em resumo, se a
Administração optar por realizar várias licitações ao longo do exercício financeiro, para
um mesmo objeto ou finalidade, deverá preservar sempre a modalidade de licitação
pertinente ao todo que deveria ser contratado.

A legislação não considera fracionamento a contratação de parcelas de natureza


específica que possam ser executadas por pessoas ou empresas de especialidade
diferente daquela do executor da obra ou serviço. É obrigatório que, quando o objeto
for de natureza divisível, a licitação seja parcelada, de forma a aumentar a
competitividade, conforme o disposto no parágrafo primeiro.

4.3.1 Concorrência

§ 1º Concorrência é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na


fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de
qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto.

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A fase de habilitação preliminar liga-se a uma das características da concorrência


apontadas pela doutrina, a saber, sua universalidade. Consiste tal característica na
possibilidade conferida a qualquer interessado, mediante comprovação dos requisitos
mínimos para a execução do objeto do contrato, de ter a sua proposta avaliada pela
comissão de licitação. Além desta, a outra característica básica da concorrência é sua
ampla publicidade.

Há diversas hipóteses na Lei 8.666/93 em que a utilização da concorrência é


obrigatória. São elas:
ƒ Obras e serviços de engenharia cujo valor estimado ultrapasse R$ 1.500.000,00,
segundo o art. 23, I, c;
ƒ Compras e serviços que não sejam de engenharia cujo valor estimado seja superior
a R$ 650.000,00, de acordo com o art. 23, II, c;
ƒ Compra e alienação de bens imóveis, independente do seu valor, ressalvados os
imóveis adquiridos mediante procedimento judicial ou dação em pagamento, que
podem ser alienados, por concorrência ou leilão (art. 23, § 3º)
ƒ Concessões de direito real de uso (art. 23, § 3º);
ƒ Licitações internacionais, com exceção dos casos em que pode ser utilizada a
tomada de preços ou o convite (art. 23, § 3º), de acordo com o valor estimado do
contrato;
ƒ Alienação de bens móveis avaliados, isolada ou globalmente, em valor superior a R$
650.000,00, conforme o disposto no art. 17, § 6º. Se de valor igual ou inferior, os
bens poderão ser licitados por leilão;
ƒ Para o sistema de registros de preços, utilizado nas licitações para compra de bens
(art. 15, § 3º, I).

4.3.2 Tomada de Preços

§ 2º Tomada de preços é a modalidade de licitação entre interessados devidamente


cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento
até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a
necessária qualificação.

A tomada de preços comporta duas espécies de participantes: os cadastrados, que já


comprovaram em momento anterior ao da licitação o preenchimento dos requisitos
previstos no edital para a execução do contrato; e os não cadastrados, que têm a
oportunidade de apresentar a documentação comprobatória em até três dias da data
determinada para o recebimento das propostas.

Essa modalidade é utilizada para a celebração de contratos relativos a obras, serviços


e compras de menor vulto do que os que exigem a concorrência. Seu procedimento é
basicamente idêntico ao da concorrência, dele diferenciado-se principalmente pela

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possibilidade de não haver fase de habilitação no procedimento, o que ocorre quando


dele participam somente licitantes cadastrados, que já comprovaram antecipadamente
os requisitos de habilitação.

De qualquer forma, mesmo os não cadastrados previamente têm oportunidade de


participar da tomada de preço, desde que se inscrevam até o terceiro dia anterior à
data do recebimento das propostas, e comprovem possuir as condições de qualificação
exigidas no edital.

4.3.3 Convite

§ 3º Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao


seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3
(três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do
instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente
especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e
quatro) horas da apresentação das propostas.

O instrumento de convocação utilizado na modalidade convite é a carta-convite,


enviada diretamente aos interessados. Não há publicação em diário oficial, mas é
necessário, além do envio da carta-convite aos interessados, afixação de cópia do
instrumento em local apropriado para que os demais cadastrados não originalmente
convidados possam participar, habilitando-se até 24 horas antes do prazo para entrega
das propostas.

§ 7º Quando, por limitações do mercado ou manifesto desinteresse dos convidados,


for impossível a obtenção do número mínimo de licitantes exigidos no § 3º deste
artigo, essas circunstâncias deverão ser devidamente justificadas no processo, sob
pena de repetição do convite.

O convite tem que ser feito a pelo menos três possíveis interessados, salvo quando, no
lugar de realização da licitação não houver este número de pessoas físicas ou jurídicas
atuantes na área objeto do contrato, ou, independentemente deste fato, quando houver
manifesto desinteresse dos possíveis convidados.

§ 6º Na hipótese do § 3º deste artigo, existindo na praça mais de 3 (três) possíveis


interessados, a cada novo convite, realizado para objeto idêntico ou assemelhado, é
obrigatório o convite a, no mínimo, mais um interessado, enquanto existirem
cadastrados não convidados nas últimas licitações.

Se existirem na praça mais de três possíveis interessados, a cada novo convite para
objeto idêntico ou similar é obrigatório o convite a, pelo menos, mais um interessado,

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enquanto houver cadastrados que não tenham sido convidados em licitações


anteriores;

4.3.4 Concurso

§ 4º Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para


escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios
ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de edital publicado
na imprensa oficial com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias.

Concurso é utilizado na escolha de trabalho técnico, científico ou artístico. É válido


ressaltar, ainda, o art. 13, § 1º, da Lei, o qual dispõe que “os contratos para a prestação
de serviços técnicos profissionais especializados deverão, preferencialmente, ser
celebrados mediante a realização de concurso, com estipulação prévia de prêmio ou
remuneração”.

4.3.5 Leilão

§ 5º Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda


de bens móveis inservíveis para a administração ou de produtos legalmente
apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis prevista no art.
19, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação.

A última modalidade de licitação prevista na Lei 8.666/93 é o leilão, passível de


utilização para a venda, a qualquer interessado que oferecer o maior lance, desde que
superior ao valor da avaliação, de:

• Bens móveis inservíveis para a Administração;


• Produtos legalmente apreendidos ou penhorados;
• Bens imóveis da Administração Pública, cuja aquisição haja
derivado de procedimentos judiciais ou de dação em pagamento.

4.4 Obrigatoriedade
O art. 37, XXI, da Constituição, ao estabelecer a obrigatoriedade de adoção do
procedimento licitatório para a contratação de obras, serviços, compras e alienações,
expressamente prevê que a legislação poderá estabelecer hipóteses em que essa

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obrigatoriedade é excepcionada. Tais exceções correspondem às hipóteses de


inexigibilidade e dispensa de licitação, adiante estudadas.

4.4.1 Inexigibilidade

A licitação é um procedimento no qual a Administração permite a apresentação de


propostas por parte de todos os interessados em com ela firmar contrato em relação a
determinado objeto. Apresentadas as propostas, a Administração escolherá aquela que
lhe parecer a mais vantajosa, dentre as apresentadas pelos candidatos habilitados.
Quando não é possível tal disputa, em vista de existência de uma só pessoa, física ou
jurídica, apta a desempenhar a contento o serviço, fornecer satisfatoriamente a
mercadoria, ou construir adequadamente a obra, não é razoável a abertura do
procedimento licitatório, pois seu resultado estaria pré-determinado. Nessas situações,
em que há inviabilidade jurídica de competição, a licitação é considerada inexigível,
podendo a Administração adjudicar diretamente o objeto do contrato.

O art. 25 da Lei 8.666/93, em rol de natureza meramente exemplificativa, prevê as


principais hipóteses de inexigibilidade de licitação. Qualquer delas, para servir de
justificativa para a não-realização da licitação, deve obrigatoriamente ser motivada.

• Para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam


ser fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial
exclusivo, vedada a preferência de marca, devendo a comprovação de
exclusividade ser feita através de atestado fornecido pelo órgão de
registro do comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou
o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou,
ainda, pelas entidades equivalentes;
• Para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei,
de natureza singular, com profissionais ou empresas de notória
especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e
divulgação;
• Para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente
ou através de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica
especializada ou pela opinião pública.
Para a aferição da exclusividade do fornecedor devemos levar em consideração a lição
do Professor Hely Lopes Meirelles, o qual considera “vendedor ou representante
comercial exclusivo, para efeito de convite, é o que é único na localidade; para tomada
de preços, o que é único no registro cadastral; para concorrência, o que é único no
país”.

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4.4.2 Dispensa

Nesse ponto cabe fazermos uma diferenciação, pois há duas modalidades de dispensa
de licitação.

Há situações em que, não obstante a existência de viabilidade jurídica de competição,


a Lei autoriza a Administração a não proceder à licitação. Tais hipóteses correspondem
aos casos de licitação dispensável, e estão taxativamente enumeradas no art. 24 da
Lei 8.666/93.

Ao lado destas, a Lei relaciona algumas situações em que, havendo também


viabilidade jurídica de competição, a Administração não está apenas autorizada, mas
obrigada a não instaurar o procedimento licitatório. Estas hipóteses foram denominadas
como de licitação dispensada, estando previstas no seu art. 17 da Lei 8.666/93, e se
relacionam à alienação de bens pela Administração. Estas hipóteses nós já vimos
acima, na parte de alienações.

As hipóteses de licitação dispensável encontram-se taxativamente enumeradas no art.


24 da Lei 8.666/1993. Este artigo é grande, mas não deixem de dar uma olhada nele,
pois é bastante cobrado Não vou colocar aqui porque ficaria muito grande.

4.4.3 Tipos de Licitação

Quanto ao critério adotado para a seleção da proposta vencedora, há quatro tipos de


licitação, exceto na modalidade concurso.

§ 1º Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de licitação, exceto na


modalidade concurso:
I - a de menor preço - quando o critério de seleção da proposta mais vantajosa para
a Administração determinar que será vencedor o licitante que apresentar a proposta
de acordo com as especificações do edital ou convite e ofertar o menor preço;
II - a de melhor técnica;
III - a de técnica e preço.
IV - a de maior lance ou oferta - nos casos de alienação de bens ou concessão de
direito real de uso.

A Administração não tem discricionariedade para optar por um ou outro tipo, devendo,
neste aspecto, observar as prescrições do art. 46.

A licitação de menor preço constitui a regra geral para a contratação de obras,


serviços, compras, locações e fornecimento. O pregão somente admite o tipo menor

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preço. Neste tipo de licitação é considerada vencedora a proposta que, atendidos os


requisitos mínimos de edital ou da carta-convite, conforme o caso, representar o menor
encargo econômico para a Administração.

Ela não se aplica, por óbvio, nos casos em que é a Administração quem está na
posição de alienante, oferecendo determinado bem ou direito aos particulares. Neste
caso terá lugar a licitação de maior lance ou oferta, destinada à alienação de bens ou à
concessão de direito real de uso. Ela é o inverso da licitação de menor preço, pois aqui
será vencedor o candidato que propuser o pagamento do maior valor entre os
candidatos à aquisição do bem ou direito oferecido pela Administração.

Art. 46. Os tipos de licitação "melhor técnica" ou "técnica e preço" serão utilizados
exclusivamente para serviços de natureza predominantemente intelectual, em
especial na elaboração de projetos, cálculos, fiscalização, supervisão e
gerenciamento e de engenharia consultiva em geral e, em particular, para a
elaboração de estudos técnicos preliminares e projetos básicos e executivos,
ressalvado o disposto no § 4º do artigo anterior.

É lógico este artigo, uma vez que se usará o critério da técnica apenas para os serviços
de natureza intelectual. Aqui, os licitantes se distinguirão pela técnica empregada no
serviço. Um serviço de limpeza não terá diferenças na técnica

4.5 Procedimentos e Fases


Podemos dividir o procedimento de licitação em duas grandes etapas: uma interna, que
corresponde à abertura do processo administrativo, no qual consta a autorização para
a realização do procedimento, o objeto a ser licitado e os recursos que vão custear o
futuro contrato; e uma externa, que se inicia com a realização de uma audiência
pública, nas licitações de grande vulto, ou com a publicação do resumo do edital ou o
envio do convite de convocação, seguindo-se o recebimento da documentação, a
habilitação, o julgamento das propostas, a homologação e a adjudicação.

4.5.1 Edital

O edital é a “lei interna” da licitação, sendo de observância obrigatória não só para os


licitantes, mas também e principalmente para a Administração. Nele devem estar
regulados todos os aspectos referentes à licitação. Além disso, é por meio do edital
que, à exceção do convite, a Administração convoca os interessados em participar do
certame.

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O art. 21 trata da publicação do aviso resumido do edital, nos seguintes termos:

Art. 21. Os avisos contendo os resumos dos editais das concorrências, das
tomadas de preços, dos concursos e dos leilões, embora realizados no local da
repartição interessada, deverão ser publicados com antecedência, no mínimo, por
uma vez;
I - no Diário Oficial da União, quando se tratar de licitação feita por órgão ou
entidade da Administração Pública Federal e, ainda, quando se tratar de obras
financiadas parcial ou totalmente com recursos federais ou garantidas por
instituições federais;
II - no Diário Oficial do Estado, ou do Distrito Federal quando se tratar,
respectivamente, de licitação feita por órgão ou entidade da Administração Pública
Estadual ou Municipal, ou do Distrito Federal;
III - em jornal diário de grande circulação no Estado e também, se houver, em jornal
de circulação no Município ou na região onde será realizada a obra, prestado o
serviço, fornecido, alienado ou alugado o bem, podendo ainda a Administração,
conforme o vulto da licitação, utilizar-se de outros meios de divulgação para ampliar
a área de competição;
§ 1º O aviso publicado conterá a indicação do local em que os interessados poderão
ler e obter o texto integral do edital e todas as informações sobre a licitação.

A publicação em jornal de grande circulação, para a concorrência, a tomada de preços,


o concurso e o leilão é obrigatória em todos os casos. Além disso, deve-se publicar em
um jornal do estado e outro do município, quando houver.

§ 2º O prazo mínimo até o recebimento das propostas ou da realização do evento


será:
I - quarenta e cinco dias para:
a) concurso;
b) concorrência, quando o contrato a ser celebrado contemplar o regime de
empreitada integral ou quando a licitação for do tipo "melhor técnica" ou "técnica e
preço";
II - trinta dias para:
a) concorrência, nos casos não especificados na alínea "b" do inciso anterior;
b) tomada de preços, quando a licitação for do tipo "melhor técnica" ou "técnica e
preço";
III - quinze dias para a tomada de preços, nos casos não especificados na alínea "b"
do inciso anterior, ou leilão;
IV - cinco dias úteis para convite.

A antecedência mínima da publicação do edital para a apresentação das propostas ou


realização do evento será de:

Concurso, concorrência nos casos de regime de empreitada integral,


45 dias
“melhor técnica” e “técnica e preço”.
Concorrência, nos demais casos, e tomada de preços nos casos de
30 dias
“melhor técnica” e “técnica e preço”.

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15 dias Tomada de preços, nos demais casos, e leilão.

05 dias úteis Convite.

Havendo alteração no edital obriga à divulgação pela mesma forma utilizada quanto ao
texto original. Em regra, nesse caso será reaberto o prazo para a apresentação das
propostas, a não ser que a alteração no edital em nada afete sua formulação.

Art. 41. A Administração não pode descumprir as normas e condições do edital, ao


qual se acha estritamente vinculada.
§ 1º Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar edital de licitação por
irregularidade na aplicação desta Lei, devendo protocolar o pedido até 5 (cinco) dias
úteis antes da data fixada para a abertura dos envelopes de habilitação, devendo a
Administração julgar e responder à impugnação em até 3 (três) dias úteis, sem
prejuízo da faculdade prevista no § 1º do art. 113.

Qualquer pessoa pode impugnar o edital, até cinco dias úteis antes da abertura dos
envelopes de habilitação, abrindo-se, a partir daí, o prazo de três dias úteis para que a
Administração responda á impugnação.

§ 2º Decairá do direito de impugnar os termos do edital de licitação perante a


administração o licitante que não o fizer até o segundo dia útil que anteceder a
abertura dos envelopes de habilitação em concorrência, a abertura dos envelopes
com as propostas em convite, tomada de preços ou concurso, ou a realização de
leilão, as falhas ou irregularidades que viciariam esse edital, hipótese em que tal
comunicação não terá efeito de recurso.

Já os licitantes poderão impugnar administrativamente o edital até o segundo dia útil


que anteceder a abertura dos envelopes de habilitação em concorrência, a abertura
dos envelopes com as propostas em convite, tomada de preços ou concurso, ou a
realização de leilão.

4.5.2 Habilitação

A fase de habilitação destina-se a aferir se o interessado em firmar um contrato com a


Administração possui os requisitos necessários para a adequada execução de seu
objeto. Esta etapa, salvo no pregão, ocorre em momento anterior ao da análise das
propostas. Na verdade, o envelope contendo a proposta do licitante considerado
inabilitado pela comissão de licitação nem mesmo é aberto, sendo-lhe devolvido
lacrado.

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Com a exigência de habilitação objetiva a Administração assegurar a adequada


execução do objeto contratado, o que seria posto em risco caso o licitante vencedor
não dispusesse de condições para cumprir a contento suas obrigações. Este fim – a
garantia do cumprimento do contrato – determina quais as exigências que podem ser
feitas ao licitante, vedando a Lei 8.666/93 todas aquelas desnecessárias ou inúteis
frente a tal finalidade.

Podemos entender a habilitação como a fase subjetiva da licitação, quando são


analisadas as condições pessoais dos interessados em contratar com a Administração.
Ultrapassada ela, segue-se a fase objetiva, em que são analisadas as propostas dos
concorrentes cujas condições de habilitação foram reconhecidas pela Administração.

Art. 27. Para a habilitação nas licitações exigir-se-á dos interessados,


exclusivamente, documentação relativa a:
I - habilitação jurídica;
II - qualificação técnica;
III - qualificação econômico-financeira;
IV - regularidade fiscal.
V – cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art. 7º da Constituição Federal.

O inciso V se refere ao dispositivo da CF que veda o trabalho noturno, perigoso ou


insalubre ao menor de 18 anos, e de qualquer trabalho ao menor de 16 anos, salvo na
condição de aprendiz, a partir dos 14 anos.

§ 5º Ultrapassada a fase de habilitação dos concorrentes (incisos I e II) e abertas as


propostas (inciso III), não cabe desclassificá-los por motivo relacionado com a
habilitação, salvo em razão de fatos supervenientes ou só conhecidos após o
julgamento.
§ 6º Após a fase de habilitação, não cabe desistência de proposta, salvo por motivo
justo decorrente de fato superveniente e aceito pela Comissão.

Após a fase de habilitação e depois de abertas as propostas, a Administração não pode


mais desclassificar os licitantes, a não ser por fato superveniente ou conhecidos após o
julgamento. Por outro lado, após a fase de habilitação, o licitante não pode mais desistir
da proposta apresentada, salvo em função de fato superveniente considerado pela
Administração como motivo justo para a desistência.

4.5.3 Procedimentos e Julgamento das Propostas

Art. 43. A licitação será processada e julgada com observância dos seguintes
procedimentos:
I - abertura dos envelopes contendo a documentação relativa à habilitação dos
concorrentes, e sua apreciação;

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II - devolução dos envelopes fechados aos concorrentes inabilitados, contendo as


respectivas propostas, desde que não tenha havido recurso ou após sua
denegação;
III - abertura dos envelopes contendo as propostas dos concorrentes habilitados,
desde que transcorrido o prazo sem interposição de recurso, ou tenha havido
desistência expressa, ou após o julgamento dos recursos interpostos;
IV - verificação da conformidade de cada proposta com os requisitos do edital e,
conforme o caso, com os preços correntes no mercado ou fixados por órgão oficial
competente, ou ainda com os constantes do sistema de registro de preços, os quais
deverão ser devidamente registrados na ata de julgamento, promovendo-se a
desclassificação das propostas desconformes ou incompatíveis;
V - julgamento e classificação das propostas de acordo com os critérios de
avaliação constantes do edital;
VI - deliberação da autoridade competente quanto à homologação e adjudicação do
objeto da licitação.

Estes procedimentos são de adoção obrigatória no caso da concorrência, mas somente


no que couber quando se tratar de tomada de preços, convite, concurso e leilão.

Após publicação do aviso do edital ou entrega do convite, o licitante deve apresentar


aos responsáveis pela licitação, até o dia, horário e local fixados, sua documentação de
habilitação e sua proposta técnica e/ou de preço, em envelopes separados, fechados e
rubricados no fecho.

A abertura dos envelopes que contêm os documentos de habilitação e as propostas


será realizada sempre em sessão pública da qual se lavrará ata circunstanciada,
assinada pelos responsáveis pela licitação e pelos representantes legais dos licitantes
presentes ao evento.

Os licitantes que não forem habilitados terão suas propostas devolvidas sem
apreciação. Os envelopes serão devolvidos fechados. Se ninguém interpuser recurso a
sua inabilitação ou a habilitação de um concorrente, se não houver desistência
expressa ou após o julgamento dos recursos, serão abertos os envelopes com as
propostas dos licitantes habilitados.

Será verificada então a regularidade da proposta em relação às exigências do edital e


em relação aos preços praticados no mercado ou constantes do registro de preços.
Quando este for utilizado, deverá constar na ata de julgamento. As propostas que não
forem desclassificadas serão julgadas de acordo com os critérios estabelecidos no
edital. Por último, a autoridade competente irá homologar e adjudicar o objeto da
licitação.

Art. 44. No julgamento das propostas, a Comissão levará em consideração os


critérios objetivos definidos no edital ou convite, os quais não devem contrariar as
normas e princípios estabelecidos por esta Lei.

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§ 1º É vedada a utilização de qualquer elemento, critério ou fator sigiloso, secreto,


subjetivo ou reservado que possa ainda que indiretamente elidir o princípio da
igualdade entre os licitantes.
§ 2º Não se considerará qualquer oferta de vantagem não prevista no edital ou no
convite, inclusive financiamentos subsidiados ou a fundo perdido, nem preço ou
vantagem baseada nas ofertas dos demais licitantes.

O julgamento objetivo é um dos princípios que regem a licitação. Por isso, não é
permitido que os critérios utilizados sejam sigilosos. Todos têm o direito de saber as
razões que levaram a escolha de determinado licitante e verificar se ela foi correta. As
condições têm que ser iguais para todos os participantes. Uma conseqüência disso é
que se veda a consideração de vantagens que vão além do edital. Além disso, as
ofertas não poderão ser baseadas nas dos concorrentes.

§ 3º Não se admitirá proposta que apresente preços global ou unitários simbólicos,


irrisórios ou de valor zero, incompatíveis com os preços dos insumos e salários de
mercado, acrescidos dos respectivos encargos, ainda que o ato convocatório da
licitação não tenha estabelecido limites mínimos, exceto quando se referirem a
materiais e instalações de propriedade do próprio licitante, para os quais ele
renuncie a parcela ou à totalidade da remuneração.
§ 4º O disposto no parágrafo anterior aplica-se também às propostas que incluam
mão-de-obra estrangeira ou importações de qualquer natureza.

Este parágrafo terceiro é interessante porque ele não permite que as propostas
apresentem preços muito inferiores, incompatíveis com os preços de insumos e
salários de mercado. Mesmo que não sejam estabelecidos limites mínimos, o licitante
deve apresentar uma proposta que não exceda e nem seja muito abaixo do praticado
no mercado.

4.5.4 Homologação e Adjudicação ao Vencedor

O julgamento das propostas dos licitantes e a escolha, dentre elas, da vencedora,


encerra o trabalho da comissão de licitação. Após isso, os autos do processo são
remetidos à autoridade competente para a homologação da licitação e a adjudicação
de seu objeto ao licitante vencedor.

Adjudicação é o ato pelo qual a Administração atribui ao licitante vencedor o objeto da


licitação. Homologação é o ato pelo qual é ratificado todo o procedimento licitatório e
conferido aos atos licitatórios aprovação para que produzam os efeitos jurídicos
necessários.

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Cabe à autoridade competente pela homologação verificar a legalidade dos atos


praticados na licitação e a conveniência da contratação do objeto licitado para a
Administração. Se houver irregularidades no julgamento ou em momento a ele anterior
a autoridade não procederá à sua homologação. Deve, então, devolver o processo à
comissão para novo julgamento, corrigido o vício anterior. Se isso não for possível, a
autoridade deve determinar a anulação dos atos do procedimento posteriores ao
surgimento do vício, retornando-se a partir daí o trâmite regular da licitação.

4.5.5 Anulação e Revogação

Art. 49. A autoridade competente para a aprovação do procedimento somente


poderá revogar a licitação por razões de interesse público decorrente de fato
superveniente devidamente comprovado, pertinente e suficiente para justificar tal
conduta, devendo anulá-la por ilegalidade, de ofício ou por provocação de terceiros,
mediante parecer escrito e devidamente fundamentado.

Como se nota a lei restringiu significativamente a possibilidade de a Administração


proceder à revogação da licitação, só admitindo-a por fatos supervenientes,
comprováveis e graves o suficiente para justificar a adoção da medida. Já a anulação é
um dever quando a autoridade constatar ilegalidade, por provocação ou de ofício. Além
dessa hipótese, a lei prevê também como motivo legítimo para a revogação da licitação
a não assinatura do termo de contrato ou a não retirada do instrumento equivalente
pelo vencedor do certame, quando convocado para tanto (art. 64, § 2º). Em ambos os
casos, deve constar do processo a devida motivação, com indicação dos fatos e
fundamentos jurídicos da decisão.

§ 1º A anulação do procedimento licitatório por motivo de ilegalidade não gera


obrigação de indenizar, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 59 desta
Lei.
Art. 59. A declaração de nulidade do contrato administrativo opera retroativamente
impedindo os efeitos jurídicos que ele, ordinariamente, deveria produzir, além de
desconstituir os já produzidos.
Parágrafo único. A nulidade não exonera a Administração do dever de indenizar o
contratado pelo que este houver executado até a data em que ela for declarada e
por outros prejuízos regularmente comprovados, contanto que não lhe seja
imputável, promovendo-se a responsabilidade de quem lhe deu causa.

A anulação do procedimento licitatório em virtude de ilegalidade não gera obrigação de


indenizar. Todavia, a nulidade do contrato não exonera a Administração do dever de
indenizar o contratado pelo que este houver executado até a data em que ela for
declarada e por outros prejuízos regularmente comprovados, desde que ele não tenha
sido o responsável pelo ato ilegal (art. 59, parágrafo único).

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Embora a Lei não contenha disposição expressa a respeito, a revogação da licitação,


ao contrário da sua anulação, gera para a Administração o dever de indenizar os
licitantes que comprovadamente tiveram prejuízos em função dela.

Outra diferença entre os dois institutos, no que tange a licitações e contratos, é que
após a assinatura do contrato não é mais possível revogar a licitação; ao passo que,
mesmo após a assinatura do contrato, é possível anular a licitação, a qual acarretará a
anulação do contrato.

§ 2º A nulidade do procedimento licitatório induz à do contrato, ressalvado o


disposto no parágrafo único do art. 59 desta Lei.

Se a licitação for anulada depois da assinatura do contrato, este também será anulado
automaticamente, uma vez que foi decorrência daquela.

4.6 Contratos Administrativos


A Lei de Licitações considera contrato todo e qualquer ajuste celebrado entre órgãos
ou entidades da Administração Pública e particulares, por meio do qual se estabelece
acordo de vontades, para formação de vínculo e estipulação de obrigações recíprocas.
Quando falamos em acordo de vontades estamos nos referindo ao princípio da
autonomia da vontade. Apesar de algumas cláusulas do contrato serem impostas pela
Administração, isso não quer dizer que o particular seja obrigado a contratar. Ele pode
recusar o contrato.

Segundo Zanella Di Pietro:

A expressão contratos da administração é utilizada, em sentido amplo, para


abranger todos os contratos celebrados pela Administração Pública, seja sob o
regime de direito público, seja sob regime de direito privado. E a expressão contrato
administrativo é reservada para designar tão somente os ajustes que a
administração, nessa qualidade, celebra com pessoas físicas ou jurídicas, públicas
ou privadas, para a consecução de fins públicos, segundo regime jurídico de direito
público.
Costuma-se dizer que, nos contratos de direito privado, a Administração se nivela
ao particular, caracterizando-se a relação jurídica pelo traço da horizontalidade e
que, nos contratos administrativos, a Administração age como poder público, com
todo o seu poder de império sobre o particular, caracterizando-se a relação jurídica
pelo traço da verticalidade

Podemos afirmar, em linhas gerais, que nos contratos administrativos atípicos a


Administração nivela-se ao particular, caracterizando-se a relação jurídica acordada
pela horizontalidade. São desta espécie, por exemplo, os contratos de locação, em que

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a Administração é locatária, e os contratos bancários firmados entre os particulares e


as entidades financeiras estatais.

Já os contratos administrativos propriamente ditos, ou simplesmente contratos


administrativos, têm como marca maior a verticalidade, pois neles a Administração faz
uso de seu poder de império, colocando-se em posição superior a do particular.
Exemplos de tais contratos são os de concessão ou permissão de serviços públicos.
Esta superioridade da Administração materializa-se por meio de privilégios especiais
que detém ao contratar, configurados nas denominadas cláusulas exorbitantes.

Zanella di Pietro relaciona as seguintes características para os contratos


administrativos em sentido restrito:

ƒ Presença da Administração como Poder Público;


ƒ Finalidade Pública;
ƒ Obediência à forma prescrita em lei;
ƒ Procedimento Legal;
ƒ Natureza de contrato de adesão;
ƒ Natureza intuitu personae;
ƒ Presença de cláusulas exorbitantes;
ƒ Mutabilidade.

A lei determina inúmeras normas referentes à forma. Esta é essencial, não só em


benefício do interessado, como da própria administração, para fins de controle da
legalidade. Apenas em uma hipótese abre a lei margem para o estabelecimento de
contratos verbais: quando se tratar de compras de pequena monta e de pronto
pagamento feitas em regime de adiantamento.

Parágrafo único. É nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com a Administração,


salvo o de pequenas compras de pronto pagamento, assim entendidas aquelas de
valor não superior a 5% (cinco por cento) do limite estabelecido no art. 23, inciso II,
alínea "a" desta Lei, feitas em regime de adiantamento.

O limite para tais contratos é de R$ 4.000,00.

A Lei também exige que os contratos administrativos mais vultosos sejam formalizados
por meio de instrumento de contrato. De acordo com o art. 62, caput, da Lei 8.666/93, o
instrumento de contrato é obrigatório nos casos de concorrência e tomada de preços,
bem como nos de dispensa e inexigibilidade que se situem nos limites correspondentes
àquelas modalidades de licitação.

Nos demais casos a lei admite que o instrumento de contrato seja substituído por
outros instrumentos hábeis para a comprovação da avença, tais como a carta-contrato,

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a nota de empenho de despesa, a autorização de compra e a ordem de execução de


serviço.

§ 4º É dispensável o "termo de contrato" e facultada a substituição prevista neste


artigo, a critério da Administração e independentemente de seu valor, nos casos de
compra com entrega imediata e integral dos bens adquiridos, dos quais não
resultem obrigações futuras, inclusive assistência técnica.

E, ainda, segundo o § 4º do art. 62, é dispensável o instrumento de contrato e facultada


a substituição referida acima, a critério da Administração e qualquer que seja o valor do
contrato, nos casos de “compra com entrega imediata e integral dos bens adquiridos,
dos quais não resultem obrigações futuras, inclusive assistência técnica”. Nesse caso,
o contrato pode ser comprovado pela nota fiscal que relaciona os bens adquiridos e
seu respectivo valor.

É um contrato de adesão porque todas as cláusulas dos contratos administrativos são


fixadas unilateralmente pela administração. Os contratos administrativos são contratos
de adesão. Contratos de adesão são aqueles em que uma das partes impõe a maioria
ou a totalidade das cláusulas, cabendo à outra apenas concordar ou não com elas,
sem possibilidade de alterá-las. Desta forma, nos contratos administrativos a
Administração impõe à outra parte, em regra o vencedor de um procedimento licitatório,
as cláusulas do acordo, sem que este possa fazer uma contraproposta.

Os contratos administrativos são celebrados intuitu personae, ou seja, o contratado


deve executar por suas próprias forças o objeto estipulado, não podendo repassá-la,
em princípio, a terceiros. Decorrência direta desta característica dos contratos
administrativos é a sua rescisão, como regra, no caso de subcontratação, bem como
no caso de falecimento do contratado pessoa física ou de falência do contratado
pessoa jurídica.

As cláusulas exorbitantes são as prerrogativas outorgadas com exclusividade à


Administração para assegurar a perfeita execução do objeto do contrato e que,
portanto, asseguram-lhe uma posição de prevalência sob a outra parte contratante.
São denominadas exorbitantes justamente porque extrapolam o direito comum, sendo
incomuns ou mesmo inadmissíveis num ajuste firmado apenas por particulares.

Entre as cláusulas exorbitantes, estão os poderes de:

a. Exigir garantias;
b. Alterar unilateralmente o contrato;
c. Rescindir unilateralmente o contrato;
d. Fiscalização;
e. Aplicação de penalidades;

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f. Anulação;
g. Retomada de objeto;
h. Restringir o uso da exceptio non adimpletti contractus.

4.6.1 Duração e Prorrogação

Art. 57. A duração dos contratos regidos por esta Lei ficará adstrita à vigência dos
respectivos créditos orçamentários, exceto quanto aos relativos:
I - aos projetos cujos produtos estejam contemplados nas metas estabelecidas no
Plano Plurianual, os quais poderão ser prorrogados se houver interesse da
Administração e desde que isso tenha sido previsto no ato convocatório;
II - à prestação de serviços a serem executados de forma contínua, que poderão ter
a sua duração prorrogada por iguais e sucessivos períodos com vistas à obtenção
de preços e condições mais vantajosas para a administração, limitada a sessenta
meses;
III - (VETADO)
IV - ao aluguel de equipamentos e à utilização de programas de informática,
podendo a duração estender-se pelo prazo de até 48 (quarenta e oito) meses após
o início da vigência do contrato.

Entende-se por duração ou prazo de vigência o período em que os contratos firmados


produzem direitos e obrigações para as partes contratantes. É vedado o contrato
administrativo que tenha prazo de vigência indeterminado.

A vigência é cláusula obrigatória e deve constar de todo contrato, que só terá validade
e eficácia após assinado pelas partes contratantes e publicado seu extrato na imprensa
oficial.

A lei estabelece que os contratos têm sua vigência limitada aos respectivos créditos
orçamentários, em observância ao princípio da anualidade do orçamento. Sendo assim,
os contratos vigoram até 31 de dezembro do exercício financeiro em que foi
formalizado, independentemente de seu início. Em alguns casos, os contratos podem
ultrapassar a vigência dos respectivos créditos orçamentários. A lei admite as
seguintes exceções:

ƒ projetos cujos produtos estejam contemplados nas metas estabelecidas no


Plano Plurianual, que podem ser prorrogados, se houver interesse da
Administração e previsão no ato convocatório. Exemplo: construção de um
hospital de grande porte;

ƒ serviços a serem executados de forma contínua, que poderão ter a sua duração
prorrogada por até 60 meses. Exemplo: serviços de limpeza e conservação;

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ƒ aluguel de equipamentos e utilização de programas de informática, que podem


ser prorrogados pelo prazo de até 48 meses. Exemplo: aluguel de
computadores.

4.6.2 Formalização

Art. 60. Os contratos e seus aditamentos serão lavrados nas repartições


interessadas, as quais manterão arquivo cronológico dos seus autógrafos e registro
sistemático do seu extrato, salvo os relativos a direitos reais sobre imóveis, que se
formalizam por instrumento lavrado em cartório de notas, de tudo juntando-se cópia
no processo que lhe deu origem.
Parágrafo único. É nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com a Administração,
salvo o de pequenas compras de pronto pagamento, assim entendidas aquelas de
valor não superior a 5% (cinco por cento) do limite estabelecido no art. 23, inciso II,
alínea "a" desta Lei, feitas em regime de adiantamento.

A Lei de Licitações exige que os contratos e suas modificações sejam elaborados pelos
órgãos ou entidades da Administração que realizam a contratação. O contrato deve ser
formalizado por escrito, sendo nulo o contrato verbal, salvo o de pequenas compras,
entendidas como aquelas não superiores a 5% do valor máximo permitido para a
modalidade de licitação convite, ou seja, R$ 4.000,00. Trata-se do suprimento de
fundos, que é o adiantamento de numerário a servidor.

Art. 61. Todo contrato deve mencionar os nomes das partes e os de seus
representantes, a finalidade, o ato que autorizou a sua lavratura, o número do
processo da licitação, da dispensa ou da inexigibilidade, a sujeição dos contratantes
às normas desta Lei e às cláusulas contratuais.

Todo contrato administrativo elaborado pela Administração Pública deve conter, além
das cláusulas essenciais, as seguintes informações:

a. nome do órgão ou entidade da Administração e de seu representante;


b. nome do particular que executará o objeto do contrato e de seu
representante;
c. finalidade ou objetivo do contrato;
d. ato que autorizou a lavratura do contrato;
e. número do processo da licitação, da dispensa ou da inexigibilidade;
f. sujeição dos contratantes às normas da Lei nº 8.666, de 1993;
g. submissão dos contratantes às cláusulas contratuais.

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4.6.3 Publicidade dos Contratos

Parágrafo único. A publicação resumida do instrumento de contrato ou de seus


aditamentos na imprensa oficial, que é condição indispensável para sua eficácia,
será providenciada pela Administração até o quinto dia útil do mês seguinte ao de
sua assinatura, para ocorrer no prazo de vinte dias daquela data, qualquer que seja
o seu valor, ainda que sem ônus, ressalvado o disposto no art. 26 desta Lei.

A administração deve encaminhar para publicação um RESUMO do instrumento de


contrato, ou de seus ADITAMENTOS, até o quinto dia útil do MÊS SEGUINTE ao de
sua assinatura. Isto vale até mesmo para os contratos sem ônus, ainda como o
contrato de permissão de uso. A imprensa oficial, após recebido o extrato, tem vinte
dias para efetivar a publicação.

4.6.4 Instrumento de Contrato

Art. 62. O instrumento de contrato é obrigatório nos casos de concorrência e de


tomada de preços, bem como nas dispensas e inexigibilidades cujos preços estejam
compreendidos nos limites destas duas modalidades de licitação, e facultativo nos
demais em que a Administração puder substituí-lo por outros instrumentos hábeis,
tais como carta-contrato, nota de empenho de despesa, autorização de compra ou
ordem de execução de serviço.

Nos seguintes casos, a contratação deve ser formalizada obrigatoriamente por meio de
termo de contrato:

a. licitações realizadas nas modalidades tomada de preços, concorrência e


pregão;
b. dispensa ou inexigibilidade de licitação, cujo valor esteja compreendido nos
limites das modalidades tomada de preços e concorrência;
c. contratações de qualquer valor das quais resultem obrigações futuras, por
exemplo: entrega futura ou parcelada do objeto e assistência técnica.
Nos demais casos a lei admite que o instrumento de contrato seja substituído por
outros instrumentos hábeis para a comprovação da avença, tais como:

• carta-contrato;
• nota de empenho de despesa;
• autorização de compra; ou
• ordem de execução de serviço.

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§ 1º A minuta do futuro contrato integrará sempre o edital ou ato convocatório da


licitação.

A minuta do termo de contrato, obrigatoriamente examinada e aprovada previamente


por assessoria jurídica da Administração, deve estar, sempre, anexada ao ato
convocatório.

§ 4º É dispensável o "termo de contrato" e facultada a substituição prevista neste


artigo, a critério da Administração e independentemente de seu valor, nos casos de
compra com entrega imediata e integral dos bens adquiridos, dos quais não
resultem obrigações futuras, inclusive assistência técnica.

A Administração também pode dispensar o termo de contrato nas compras com


entrega imediata e integral dos bens adquiridos, das quais não resultem obrigações
futuras, inclusive assistência técnica, INDEPENDENTEMENTE DO VALOR e da
modalidade realizada.

4.6.5 Alteração

O contrato firmado entre as partes pode ser alterado nos casos previstos no art. 65 da
Lei nº 8.666, de 1993, desde que haja interesse da Administração e para atender ao
interesse público. Para que as modificações sejam consideradas válidas, devem ser
justificadas por escrito e previamente autorizadas pela autoridade competente para
celebrar o contrato.

Existem dois tipos de alterações dos contratos: as unilaterais e as por acordo entre as
partes.

Alteração Unilateral

Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as devidas
justificativas, nos seguintes casos:
I - unilateralmente pela Administração:
a) quando houver modificação do projeto ou das especificações, para melhor
adequação técnica aos seus objetivos;
b) quando necessária a modificação do valor contratual em decorrência de
acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos por esta
Lei;

Já vimos acima que a alteração unilateral dos contratos é uma prerrogativa da


administração, uma cláusula exorbitante. São de dois tipos as alterações unilaterais:
qualitativas e quantitativas. No primeiro caso, é necessária uma adequação técnica do

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projeto ou das especificações em relação aos seus objetivos. No segundo caso, poderá
haver tanto um aumento do valor quanto uma redução.

§ 1º O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições contratuais, os


acréscimos ou supressões que se fizerem nas obras, serviços ou compras, até 25%
(vinte e cinco por cento) do valor inicial atualizado do contrato, e, no caso particular
de reforma de edifício ou de equipamento, até o limite de 50% (cinqüenta por cento)
para os seus acréscimos.

Estas alterações unilaterais de valor poderão ser no máximo de 25% do valor inicial do
contrato atualizado. Quando se tratar de reforma de edifício ou equipamento, o limite,
no caso dos ACRÉSCIMOS, será de 50%. Quando o parágrafo fala em “nas mesmas
condições contratuais”, fica de fora o valor total a ser pago, uma vez que o contratado
ficará com mais ou menos obrigações. Ao poder de alteração unilateral conferido à
administração, corresponde o direito do contratado de ver mantido o equilíbrio
econômico-financeiro do contrato, assim considerada a relação que se estabelece, no
momento da celebração do ajuste, entre o encargo assumido pelo contratado e a
prestação pecuniária assegurada pela administração. Vamos lembrar o que dizia o art.
58.

§ 1º As cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos contratos administrativos


não poderão ser alteradas sem prévia concordância do contratado.
§ 2º Na hipótese do inciso I deste artigo, as cláusulas econômico-financeiras do
contrato deverão ser revistas para que se mantenha o equilíbrio contratual.

A possibilidade de alteração unilateral do contrato aplica-se apenas às cláusulas de


serviço, que dispõem acerca do objeto do contrato e de sua forma de execução. As
cláusulas econômico-financeiras, concernentes à remuneração estabelecida para o
contratado pelo adimplemento dos encargos a que se obrigou, não são passíveis de
modificação unilateral. Regra geral, estas cláusulas sofrem revisão em decorrência da
alteração unilateral das cláusulas de serviço.

Quando houver a modificação no valor ou no projeto, acarretando maiores obrigações


para o contratado, as cláusulas econômico-financeiras deverão ser revistas.

Alteração mediante acordo entre as partes

Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as devidas
justificativas, nos seguintes casos:
II - por acordo das partes:
a) quando conveniente a substituição da garantia de execução;

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b) quando necessária a modificação do regime de execução da obra ou serviço,


bem como do modo de fornecimento, em face de verificação técnica da
inaplicabilidade dos termos contratuais originários;
c) quando necessária a modificação da forma de pagamento, por imposição de
circunstâncias supervenientes, mantido o valor inicial atualizado, vedada a
antecipação do pagamento, com relação ao cronograma financeiro fixado, sem a
correspondente contraprestação de fornecimento de bens ou execução de obra ou
serviço;
d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram inicialmente entre os
encargos do contratado e a retribuição da administração para a justa remuneração
da obra, serviço ou fornecimento, objetivando a manutenção do equilíbrio
econômico-financeiro inicial do contrato, na hipótese de sobrevirem fatos
imprevisíveis, ou previsíveis porém de conseqüências incalculáveis, retardadores ou
impeditivos da execução do ajustado, ou, ainda, em caso de força maior, caso
fortuito ou fato do príncipe, configurando área econômica extraordinária e
extracontratual.

A alteração por acordo das partes pode ocorrer nas seguintes situações:

1) quando for conveniente substituir a garantia efetuada para a execução do


contrato;
2) quando for necessária a modificação do regime de execução da obra ou
serviços ou do fornecimento, pela constatação técnica de que os termos
originais do contrato não se aplicam mais;
3) quando for necessária a modificação da forma de pagamento, por
imposição de circunstâncias que surgirem após a assinatura do contrato,
devendo ser mantido seu valor inicial atualizado;
4) para restabelecer a relação inicialmente pactuada, objetivando a
manutenção do equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato;

Equilíbrio Econômico-Financeiro

Vimos que tanto é permitida a alteração, com acordo entre as partes, com vistas a
manter o equilíbrio econômico-financeiro, quanto é um dever da administração
restabelecê-lo em caso de alteração unilateral.

O equilíbrio econômico-financeiro consiste na manutenção das condições de


pagamento estabelecidas inicialmente no contrato, a fim de que se mantenha estável a
relação entre as obrigações do contratado e a retribuição da Administração, para a
justa remuneração da obra, serviço ou fornecimento.

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Nas hipóteses expressamente previstas em lei, é possível à Administração, mediante


acordo com o contratado, restabelecer o equilíbrio econômico-financeiro do contrato. O
reequilíbrio econômico-financeiro do contrato se justifica nas seguintes ocorrências:

a. fato imprevisível, ou previsível porém de conseqüências incalculáveis,


retardadores ou impeditivos da execução do que foi contratado;
b. caso de força maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando álea
econômica (probabilidade de perda concomitante à probabilidade de
lucro) extraordinária e extracontratual.
FATO DO PRÍNCIPE é toda determinação estatal GERAL, imprevisível, que impeça ou,
o que é mais comum, onere substancialmente a execução do contrato, autorizando sua
revisão, na hipótese de tornar-se impossível seu cumprimento.

O destaque dado ao termo geral é para estabelecer com clareza a diferença entre fato
do príncipe, que é todo ato geral do Estado que impeça ou dificulte a execução do
contrato, e FATO DA ADMINISTRAÇÃO, que corresponde a toda ação ou omissão do
Poder Público direcionada especificamente ao contrato e que, da mesma forma que o
fato do príncipe, impede ou dificulta sua execução. Um ato estatal que determine o
aumento da carga tributária de modo a tornar mais onerosa a execução do contrato é
um fato do príncipe, um ato do Poder Público mediante o qual ele se apossa de um
bem previsto no contrato como destinado à sua execução é um fato da Administração.

5 Lei 9.784 de 1999

Art. 1o Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo administrativo no


âmbito da Administração Federal direta e indireta, visando, em especial, à proteção
dos direitos dos administrados e ao melhor § 1o Os preceitos desta Lei também se
aplicam aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, quando no
desempenho de função administrativa.
§ 2o Para os fins desta Lei, consideram-se:
I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutura da Administração direta e
da estrutura da Administração indireta;
II - entidade - a unidade de atuação dotada de personalidade jurídica;
III - autoridade - o servidor ou agente público dotado de poder de decisão.

A Lei 9.784 traz regras para o processo administrativo de forma geral. Ela não busca
substituir as leis que tratam de processos administrativos específicos, como o
disciplinar, o fiscal, ou o de licitações, etc. A própria Lei 9.784 deixa claro que não
substitui estas leis.

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Estas regras valem para toda a Administração Pública Federal, Direta ou Indireta,
inclusive dos Poderes Legislativo e Judiciário no que concerne às suas atividades
administrativas.

Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da


legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade,
ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.

A Lei 9.784 traz alguns dos princípios administrativos.

Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os


critérios de:
I - atuação conforme a lei e o Direito;
II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de
poderes ou competências, salvo autorização em lei;
III - objetividade no atendimento do interesse público, vedada a promoção pessoal
de agentes ou autoridades;
IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé;
V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses de sigilo
previstas na Constituição;
VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e
sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do
interesse público;
VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão;
VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos
administrados;
IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza,
segurança e respeito aos direitos dos administrados;
X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à
produção de provas e à interposição de recursos, nos processos de que possam
resultar sanções e nas situações de litígio;
XI - proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas as previstas em
lei;
XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo da atuação dos
interessados;
XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o
atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova
interpretação.

Estes incisos tratam de alguns desses princípios. Por exemplo, o inciso III traz um dos
aspectos do princípio da publicidade, assim como o inciso V, que traz outro aspecto. O
inciso VI traz o princípio da razoabilidade. O inciso XIII traz o princípio da segurança
jurídica. O princípio da segurança jurídica não pertence apenas à seara do processo
administrativo, ele tem por conteúdo conferir um mínimo de estabilidade às relações
jurídicas frente à inevitável transformação do Direito, seja em termos de doutrina, seja
em termos de jurisprudência, seja em termos de legislação.

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As mudanças são necessárias e até mesmo bem-vindas, contudo, não podem


ultrapassar certos limites. Tais limites são as aplicações específicas do princípio da
segurança jurídica, podendo-se, dentre elas, citar a impossibilidade de lei vir a afetar o
ato jurídico perfeito, a coisa julgada e o direito adquirido, bem como a vedação à
aplicação retroativa de nova interpretação de norma administrativa, objeto da questão.

Devemos perceber que a lei veda a aplicação retroativa em qualquer hipótese, seja a
nova interpretação benéfica ou prejudicial ao administrado. Assim, praticado um ato
quando vigente certo posicionamento administrativo sobre a aplicação de uma norma,
não poderá uma nova interpretação, construída em momento posterior à produção do
ato, vir a alcançá-lo. É isto que pretende o princípio assegurar, nesta aplicação.

Já o inciso XI traz o princípio da gratuidade nos processos administrativo, que não é


absoluto, uma vez que existem exceções.

O inciso XII é o que chamamos de princípio da oficialidade. A Administração pode atuar


a pedido ou de ofício, ou seja, mediante requerimento (ou ato similar) do administrado
ou independente de qualquer manifestação desta natureza. Isto está mais adiante na
Lei 9.784/99:

Art. 5º O processo administrativo pode iniciar-se de ofício ou a pedido de


interessado.

Essa prerrogativa que tem a Administração de dar início aos processos administrativos
sem provocação do particular é justamente o conteúdo do princípio da oficialidade.
Além disso, o princípio da oficialidade não se limita à instauração do processo,
instrumentalizando a Administração durante todo o seu transcorrer. Uma vez iniciado
de ofício o processo, a Administração deve continuar atuando de ofício, tomando todas
as providências necessárias até o seu encerramento regular.

5.1 Direitos e Deveres dos Administrados


Art. 3º O administrado tem os seguintes direitos perante a Administração, sem
prejuízo de outros que lhe sejam assegurados:
I - ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, que deverão facilitar o
exercício de seus direitos e o cumprimento de suas obrigações;
II - ter ciência da tramitação dos processos administrativos em que tenha a condição
de interessado, ter vista dos autos, obter cópias de documentos neles contidos e
conhecer as decisões proferidas;
III - formular alegações e apresentar documentos antes da decisão, os quais serão
objeto de consideração pelo órgão competente;
IV - fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo quando obrigatória a
representação, por força de lei.

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Art. 4o São deveres do administrado perante a Administração, sem prejuízo de


outros previstos em ato normativo:
I - expor os fatos conforme a verdade;
II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé;
III - não agir de modo temerário;
IV - prestar as informações que lhe forem solicitadas e colaborar para o
esclarecimento dos fatos.

Estas regrinhas são meio básicas. Acho importante só dar uma lida, sem ficar
decorando exaustivamente.

5.2 Início do Processo


Art. 5º O processo administrativo pode iniciar-se de ofício ou a pedido de
interessado.
Art. 6º O requerimento inicial do interessado, salvo casos em que for admitida
solicitação oral, deve ser formulado por escrito e conter os seguintes dados:
I - órgão ou autoridade administrativa a que se dirige;
II - identificação do interessado ou de quem o represente;
III - domicílio do requerente ou local para recebimento de comunicações;
IV - formulação do pedido, com exposição dos fatos e de seus fundamentos;
V - data e assinatura do requerente ou de seu representante.
Parágrafo único. É vedada à Administração a recusa imotivada de recebimento de
documentos, devendo o servidor orientar o interessado quanto ao suprimento de
eventuais falhas.

O art. 5º nós já vimos que se trata do princípio da oficialidade. Já o art. 6º traz as


informações que deve constar no requerimento do interessado.

Art. 7º Os órgãos e entidades administrativas deverão elaborar modelos ou


formulários padronizados para assuntos que importem pretensões equivalentes.
Art. 8º Quando os pedidos de uma pluralidade de interessados tiverem conteúdo e
fundamentos idênticos, poderão ser formulados em um único requerimento, salvo
preceito legal em contrário.

Se existem diversas solicitações, assuntos que se equivalem, os órgão devem criar


formulários padronizados. Seria o caso, por exemplo, dos pedidos de restituição na
Receita. Às vezes as pessoas pagam imposto a maior, por isso podem recém o valor
em excesso de volta. Para isso, muitas vezes deve fazer uma solicitação junto à
Receita, que deverá ter um formulário padronizado para as restituições referentes aos
diversos tipos de impostos, abrangendo os diversos erros que o contribuinte pode ter
cometido.

Se houver diversos interessados com pedidos idênticos, poderá ser feito um único
requerimento.

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5.3 Interessados
Art. 9º São legitimados como interessados no processo administrativo:
I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como titulares de direitos ou interesses
individuais ou no exercício do direito de representação;
II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm direitos ou interesses que
possam ser afetados pela decisão a ser adotada;
III - as organizações e associações representativas, no tocante a direitos e
interesses coletivos;
IV - as pessoas ou as associações legalmente constituídas quanto a direitos ou
interesses difusos.
Art. 10. São capazes, para fins de processo administrativo, os maiores de dezoito
anos, ressalvada previsão especial em ato normativo próprio.

Vimos no inciso II do art. 3º que os interessados têm direito a ter ciência do processo,
ter vista dos autos, obter cópia dos documentos neles contidos e conhecer as decisões
proferidas. Contudo, não é qualquer um que é interessado. “Ah! Eu sou inimigo do
sujeito, portanto sou interessado”. O art. 9º estabelece quem são os interessados.

Quem iniciar o processo é lógico que é interessado, mesmo que seja como
representante de alguém. Quem pode ter um direito afetado pela decisão do processo
também é interessado. Se os interesses são coletivos, as associações representativas
também são interessadas. Os sindicatos são um exemplo. Quanto aos interesses
difusos vale, são interessados as pessoas ou associações legalmente constituídas.

O art. 10 traz a capacidade para fins de processo administrativo, que é de 18 anos.

5.4 Competência
Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a
que foi atribuída como própria, salvo os casos de delegação e avocação legalmente
admitidos.
Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento
legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que
estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em
razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à delegação de
competência dos órgãos colegiados aos respectivos presidentes.

Prestar atenção às questões: a competência é delegável, mas não é irrenunciável. No


art. 12 estatui que um órgão administrativo e seu titular, se não houver vedação em lei,
poderão delegar parte de sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que
estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando a medida mostrar-se

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conveniente em razão de motivos de ordem técnica, social, econômica, jurídica ou


territorial.

Deste dispositivo retiramos as seguintes regras:

1°) só admite-se a delegação parcial de competência;

2°) não é necessário que haja expressa disposição legal autorizando a delegação em
certa hipótese (o próprio dispositivo autoriza a medida por razões de ordem técnica,
social, econômica, jurídica ou territorial), basta que não exista norma vedando a
delegação;

3º) o órgão e seu titular podem delegar competência mesmo a órgãos e seus titulares
que não lhes sejam hierarquicamente subordinados: isto implica uma considerável
ampliação da possibilidade de delegação de competência, uma vez que esta medida
sempre foi analisada dentro do poder hierárquico, ou seja, sempre a partir da idéia de
que era uma determinação de um superior a um subordinado. Pela disciplina da lei, a
delegação, na esfera federal, pode ser adotada fora da cadeia hierárquica, caso em
que não pode ser vista como uma determinação, um comando;

Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:


I - a edição de atos de caráter normativo;
II - a decisão de recursos administrativos;
III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.

Este art. 13 traz importantes limitações à delegação.

Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser publicados no meio oficial.
§ 1º O ato de delegação especificará as matérias e poderes transferidos, os limites
da atuação do delegado, a duração e os objetivos da delegação e o recurso cabível,
podendo conter ressalva de exercício da atribuição delegada.
§ 2º O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela autoridade delegante.
§ 3º As decisões adotadas por delegação devem mencionar explicitamente esta
qualidade e considerar-se-ão editadas pelo delegado.

Finalizando o disciplinamento da matéria, o artigo 14 traz diversas regras sobre


delegação, estabelecendo que:

1) O ato delegatório deverá ser específico quanto aos poderes delegados, aos
limites de atuação da autoridade delegada, à finalidade da delegação e
aos recursos cabíveis;
2) A delegação pode se dar com ou sem reserva de poderes: na delegação
sem reserva de poderes a autoridade delegante, enquanto eficaz a
delegação, retira de si própria a possibilidade de praticar atos que se
enquadrem na matéria delegada; na delegação com reserva de poderes a

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autoridade delegante ressalva que permanece com poderes para praticar


atos na matéria delegada;
3) A delegação é revogável a qualquer tempo, a critério da autoridade
delegante;
4) O ato praticado a partir de competência delegada considera-se de autoria
da autoridade que recebeu a delegação (é desta, portanto, a legitimidade
passiva para responder em mandado de segurança quando atuar de forma
ilegal ou abusiva).

Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes


devidamente justificados, a avocação temporária de competência atribuída a órgão
hierarquicamente inferior.

Avocar é trazer para si uma competência que pertence a um órgão inferior


hierarquicamente. Esta competência não foi delegada. Ela é originalmente do órgão
inferior. Por isso que a avocação deve ser excepcional e temporária.

Art. 16. Os órgãos e entidades administrativas divulgarão publicamente os locais


das respectivas sedes e, quando conveniente, a unidade fundacional competente
em matéria de interesse especial.
Art. 17. Inexistindo competência legal específica, o processo administrativo deverá
ser iniciado perante a autoridade de menor grau hierárquico para decidir.

Se a lei não definiu a competência de determinado processo, este se iniciará com a


autoridade de menor grau hierárquico para decidir, ou seja, começa lá de baixo.

5.5 Impedimento e Suspeição


Art. 18. É impedido de atuar em processo administrativo o servidor ou autoridade
que:
I - tenha interesse direto ou indireto na matéria;
II - tenha participado ou venha a participar como perito, testemunha ou
representante, ou se tais situações ocorrem quanto ao cônjuge, companheiro ou
parente e afins até o terceiro grau;
III - esteja litigando judicial ou administrativamente com o interessado ou respectivo
cônjuge ou companheiro.

Da mesma forma que juízes e procuradores tem impedimentos e suspeição, o mesmo


ocorre nos processos administrativos. Se a autoridade tem um interesse direto na
matéria tratada, é lógico que ele não poderá participar do processo. Seria o caso de um
servidor que é sócio de uma empresa de comércio exterior que está pedindo uma

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isenção de imposto de importação. Jamais ele poderá participar do processo como


autoridade.

Se o servidor já for participar como perito ou testemunha, ele também não poderá
participar como autoridade. O mesmo ocorre se o perito ou a testemunha for parente
seu até terceiro grau.

Se o servidor estiver de alguma forma ligado judicial ou administrativamente ao


interessado, ou a seu conjugue, terá que ficar de fora. Por exemplo, o interessado está
me processando por danos morais por telo chamado de gordo. Não poderei participar
de um processo de que ele faça parte.

Art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer em impedimento deve comunicar o


fato à autoridade competente, abstendo-se de atuar.
Parágrafo único. A omissão do dever de comunicar o impedimento constitui falta
grave, para efeitos disciplinares.

O impedimento não sai automaticamente. O servidor que por alguma razão esteja
impedido deve comunicar o fato. Se não comunicar comete falta grave. Não sei se isso
quer dizer que pode ser demitido.

Art. 20. Pode ser argüida a suspeição de autoridade ou servidor que tenha amizade
íntima ou inimizade notória com algum dos interessados ou com os respectivos
cônjuges, companheiros, parentes e afins até o terceiro grau.
Art. 21. O indeferimento de alegação de suspeição poderá ser objeto de recurso,
sem efeito suspensivo.

Não é só o servidor que pode comunicar o impedimento. Qualquer um pode questionar


a suspeição do servidor caso ele tenha amizade ou inimizade com algum dos
interessados ou com parentes até terceiro grau.

5.6 Os Atos do Processo


Art. 22. Os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada
senão quando a lei expressamente a exigir.
§ 1º Os atos do processo devem ser produzidos por escrito, em vernáculo, com a
data e o local de sua realização e a assinatura da autoridade responsável.
§ 2º Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma somente será exigido quando
houver dúvida de autenticidade.
§ 3º A autenticação de documentos exigidos em cópia poderá ser feita pelo órgão
administrativo.
§ 4º O processo deverá ter suas páginas numeradas seqüencialmente e rubricadas.

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Este artigo 22 traz o princípio do informalismo. Preste atenção na questão que disser
que um dos princípios do processo administrativo é o formalismo. É justamente o
contrário. O processo não tem uma forma predeterminada. Só se exige que ele seja
escrito, em vernáculo, que quer dizer na língua do país, ou então linguagem correta.

Reconhecer firma é o que se faz em cartório. Eles dizem que aquela assinatura é
realmente sua. O reconhecimento de firma só é necessário se houver dúvida da
autenticidade.

O parágrafo terceiro fala que a autenticidade dos documentos pode ser feita pelo órgão
administrativo. Isto ocorre porque os servidores públicos têm poder de garantir a
autenticidade de um documento da mesma forma que os cartórios.

Art. 23. Os atos do processo devem realizar-se em dias úteis, no horário normal de
funcionamento da repartição na qual tramitar o processo.
Parágrafo único. Serão concluídos depois do horário normal os atos já iniciados,
cujo adiamento prejudique o curso regular do procedimento ou cause dano ao
interessado ou à Administração.
Art. 24. Inexistindo disposição específica, os atos do órgão ou autoridade
responsável pelo processo e dos administrados que dele participem devem ser
praticados no prazo de cinco dias, salvo motivo de força maior.
Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo pode ser dilatado até o dobro,
mediante comprovada justificação.
Art. 25. Os atos do processo devem realizar-se preferencialmente na sede do órgão,
cientificando-se o interessado se outro for o local de realização.

Destes artigos é importante o art. 24, que traz o prazo de cinco para que os atos do
processo sejam praticados. Isto, é claro, se não houver disposição específica. Lembre-
se, a 9.784 é uma lei que traz regras gerais, atuando subsidiariamente. Importante
saber que este prazo pode ser superado por motivo de força maior ou dilatado pelo
dobro se justificado.

5.6.1 Comunicação dos Atos

Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita o processo administrativo


determinará a intimação do interessado para ciência de decisão ou a efetivação de
diligências.
§ 1º A intimação deverá conter:
I - identificação do intimado e nome do órgão ou entidade administrativa;
II - finalidade da intimação;
III - data, hora e local em que deve comparecer;
IV - se o intimado deve comparecer pessoalmente, ou fazer-se representar;
V - informação da continuidade do processo independentemente do seu
comparecimento;

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VI - indicação dos fatos e fundamentos legais pertinentes.


§ 2º A intimação observará a antecedência mínima de três dias úteis quanto à data
de comparecimento.

Os atos do processo precisam ser comunicados ao interessado. Por isso, é preciso que
a Administração comprove que o comunicou, fazendo isto através da intimação. O
parágrafo primeiro traz as informações que devem constar na intimação. Se a
intimação for para que o interessado compareça ao órgão, ela deve ocorrer pelo menos
três dias antes da data do comparecimento.

§ 3º A intimação pode ser efetuada por ciência no processo, por via postal com
aviso de recebimento, por telegrama ou outro meio que assegure a certeza da
ciência do interessado.
§ 4º No caso de interessados indeterminados, desconhecidos ou com domicílio
indefinido, a intimação deve ser efetuada por meio de publicação oficial.
§ 5º As intimações serão nulas quando feitas sem observância das prescrições
legais, mas o comparecimento do administrado supre sua falta ou irregularidade.

Este parágrafo terceiro traz as formas possíveis de se intimar. A primeira delas é o


interessado assinando o próprio processo. Ou então pode se dar por telegrama,
provavelmente por AR, que é o serviço do Correio que faz com que a pessoa que
recebe a correspondência assine dizendo que a recebeu. O parágrafo terceiro fala
ainda em outras formas que assegurem a certeza da ciência do interessado. Aqui não
pode ser feita intimação por edital em jornal de grande circulação, já que não há a
certeza de sua ciência.

Art. 27. O desatendimento da intimação não importa o reconhecimento da verdade


dos fatos, nem a renúncia a direito pelo administrado.
Parágrafo único. No prosseguimento do processo, será garantido direito de ampla
defesa ao interessado.

Se o interessado não cumprir o que está na intimação, isto não quer dizer que ele
concorda com tudo que está no processo ou que renunciou de algum direito. Mas, se
há uma lei específica determinando prazo para ação do interessado, caso contrário ele
não poderá se manifestar, isto vale. É o que acontece no Processo Administrativo
Fiscal. Por exemplo é apreendida uma bagagem no porto porque ela ficou no armazém
mais de 90 dias sem a pessoa se mexer para desembaraçá-la. A Receita apreende a
mercadoria e intima a pessoa dando um prazo para ela se manifestar. Se a pessoa não
fizer nada no prazo, a Receita já pode doar a mercadoria. Contudo, acho que se a
pessoa for à Justiça, ainda poderá reaver os valores, uma vez que o não
pronunciamento não quer dizer que ela concorde com a apreensão.

Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos do processo que resultem para o
interessado em imposição de deveres, ônus, sanções ou restrição ao exercício de
direitos e atividades e os atos de outra natureza, de seu interesse.

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Este art. 28 traz quais atos devem ser objeto de intimação:

• Imposição de deveres, ônus, sanções ou restrição;


• Atos de seu interesse.

Este segundo tipo meio que generaliza.

5.7 Instrução
Art. 29. As atividades de instrução destinadas a averiguar e comprovar os dados
necessários à tomada de decisão realizam-se de ofício ou mediante impulsão do
órgão responsável pelo processo, sem prejuízo do direito dos interessados de
propor atuações probatórias.
§ 1º O órgão competente para a instrução fará constar dos autos os dados
necessários à decisão do processo.
§ 2º Os atos de instrução que exijam a atuação dos interessados devem realizar-se
do modo menos oneroso para estes.
Art. 30. São inadmissíveis no processo administrativo as provas obtidas por meios
ilícitos.

Este art. 29 traz novamente o princípio da oficialidade. A Administração pode atuar no


processo a pedido do interessado ou de ofício. Já o art. 30 traz a exigência de que as
provas devam ser obtidas exclusivamente por meios lícitos. Não vale grampear
telefone sem autorização judicial.

Art. 31. Quando a matéria do processo envolver assunto de interesse geral, o órgão
competente poderá, mediante despacho motivado, abrir período de consulta pública
para manifestação de terceiros, antes da decisão do pedido, se não houver prejuízo
para a parte interessada.
§ 1º A abertura da consulta pública será objeto de divulgação pelos meios oficiais, a
fim de que pessoas físicas ou jurídicas possam examinar os autos, fixando-se prazo
para oferecimento de alegações escritas.
§ 2º O comparecimento à consulta pública não confere, por si, a condição de
interessado do processo, mas confere o direito de obter da Administração resposta
fundamentada, que poderá ser comum a todas as alegações substancialmente
iguais.
Art. 32. Antes da tomada de decisão, a juízo da autoridade, diante da relevância da
questão, poderá ser realizada audiência pública para debates sobre a matéria do
processo.
Art. 33. Os órgãos e entidades administrativas, em matéria relevante, poderão
estabelecer outros meios de participação de administrados, diretamente ou por meio
de organizações e associações legalmente reconhecidas.
Art. 34. Os resultados da consulta e audiência pública e de outros meios de
participação de administrados deverão ser apresentados com a indicação do
procedimento adotado.

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Art. 35. Quando necessária à instrução do processo, a audiência de outros órgãos


ou entidades administrativas poderá ser realizada em reunião conjunta, com a
participação de titulares ou representantes dos órgãos competentes, lavrando-se a
respectiva ata, a ser juntada aos autos.

Se o processo envolver matéria de interesse geral, a Administração poderá abrir


consulta pública ou audiência pública, para que outras pessoas, órgãos, organizações
participem do processo dando sua opinião.

Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do
dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta
Lei.
Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão registrados em
documentos existentes na própria Administração responsável pelo processo ou em
outro órgão administrativo, o órgão competente para a instrução proverá, de ofício,
à obtenção dos documentos ou das respectivas cópias.
Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e antes da tomada da decisão,
juntar documentos e pareceres, requerer diligências e perícias, bem como aduzir
alegações referentes à matéria objeto do processo.
§ 1º Os elementos probatórios deverão ser considerados na motivação do relatório
e da decisão.
§ 2º Somente poderão ser recusadas, mediante decisão fundamentada, as provas
propostas pelos interessados quando sejam ilícitas, impertinentes, desnecessárias
ou protelatórias.

O interessado também pode, e em alguns casos deve, fazer prova no processo. Por
exemplo, se ele diz que é pobre e merece a bolsa família, ele tem que provar a
pobreza, apresentando documentos. Se a pessoa se diz viúva e quer receber a pensão
do aposentado por que era sua companheira, tem que provar que vivia com ele pelos
requisitos da lei.

Este art. 38 traz o princípio do contraditório e ampla defesa. O interessado tem o direito
de defender seus direitos com todos os meios possíveis, sendo que as provas e os
argumentos apresentados terão que ser considerados na motivação da decisão. O
parágrafo segundo traz as condições para que se possa recusar uma prova
apresentada pelo interessado. Se o interessado pede uma diligência que se vê
claramente com o objetivo de postergar o processo, ela poderá ser indeferida.

Art. 39. Quando for necessária a prestação de informações ou a apresentação de


provas pelos interessados ou terceiros, serão expedidas intimações para esse fim,
mencionando-se data, prazo, forma e condições de atendimento.
Parágrafo único. Não sendo atendida a intimação, poderá o órgão competente, se
entender relevante a matéria, suprir de ofício a omissão, não se eximindo de proferir
a decisão.
Art. 40. Quando dados, atuações ou documentos solicitados ao interessado forem
necessários à apreciação de pedido formulado, o não atendimento no prazo fixado

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pela Administração para a respectiva apresentação implicará arquivamento do


processo.
Art. 41. Os interessados serão intimados de prova ou diligência ordenada, com
antecedência mínima de três dias úteis, mencionando-se data, hora e local de
realização.

Vimos acima os casos em que o interessado pode agir de sua iniciativa. Agora, temos
as regras para quando a Administração exige que ele atue. Se ela quer que ele preste
informações ou apresente provas, ela o intimará. Se o interessado não cumprir com a
intimação, a Administração apenas ignora o fato e continua o processo, como se ele
tivesse cumprido. Esta omissão não deve trazer prejuízos ao processo.

Se o administrado iniciou um processo em que está pedindo algo para a Administração,


ele tem que cumprir as exigências, caso contrário a Administração apenas nega o
pedido. Na Receita a gente recebe muitos pedidos de taxistas para isentar o imposto
na compra de carros. Se a Receita pedir algum documento e o interessado não cumprir
com a obrigação, a receita apenas nega o pedido.

Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado terá o direito de manifestar-se no


prazo máximo de dez dias, salvo se outro prazo for legalmente fixado.

Depois de juntadas as provas e feitas as diligências, o interessado tem 10 dias para se


manifestar antes da decisão. Lembrar que se houver outro prazo n uma lei específica, é
este que vale.

DEVER DE DECIDIR
Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamente emitir decisão nos
processos administrativos e sobre solicitações ou reclamações, em matéria de sua
competência.
Art. 49. Concluída a instrução de processo administrativo, a Administração tem o
prazo de até trinta dias para decidir, salvo prorrogação por igual período
expressamente motivada.

A Administração não pode chegar no final do processo e dizer “não sei”. Ela tem que
decidir. Esta decisão deverá ser tomada em até 30 dias após o fim da instrução. Este
prazo poderá ser prorrogado por igual período, desde que motivado.

5.8 Motivação
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e
dos fundamentos jurídicos, quando:
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;

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V - decidam recursos administrativos;


VI - decorram de reexame de ofício;
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de
pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais;
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato
administrativo.
§ 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em
declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres,
informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato.
§ 2º Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado meio
mecânico que reproduza os fundamentos das decisões, desde que não prejudique
direito ou garantia dos interessados.
§ 3º A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões ou de decisões
orais constará da respectiva ata ou de termo escrito.

Este art. 50 não é só importante para os processos administrativos, mas para todos
atos administrativos. Ele traz os atos que devem ter seus motivos expressos. A
Administração tem que dizer o porquê daquele ato.

Motivo é o pressuposto de fato e de direito que autoriza (nos atos discricionários) ou


determina (nos atos vinculados) a produção do ato administrativo. A motivação, por sua
vez, consiste na declaração por escrito dos motivos que levaram à produção do ato
administrativo. Valendo-nos das expressões do enunciado, é a indicação dos
pressupostos fáticos e jurídicos do ato administrativo. No ato de imposição de sanção
disciplinar, o motivo é a falta cometida pelo servidor, bem como o dispositivo legal onde
a conduta do servidor é caracterizada como falta administrativa; a motivação é
declaração por escrito que o servidor praticou uma conduta faltosa com base em certo
dispositivo legal.

A doutrina sempre discutiu intensamente sobre as hipóteses em que a motivação do


ato seria condição obrigatória para sua validade, uma vez que a exposição por escrito
dos motivos de fato e de direito que culminaram num ato administrativo é sem dúvida
aspecto importantíssimo para um efetivo controle da atuação administrativa.

A posição doutrinária dominante, em vista disto, é de que todos os atos vinculados têm
como requisito de validade sua motivação, enquanto que para os atos discricionários
tal medida constitui regra geral, admitindo ser excepcionada em algumas hipóteses,
sendo a mais comum a exoneração do servidor de cargo em comissão.

Apesar deste posicionamento doutrinário, a Lei 9.784/99, no art. 50, inovou na matéria.
Não diferenciou a obrigatoriedade ou não de motivação com base na dicotomia atos
vinculados/atos discricionários, mas na importância do ato, na sua relevância jurídica. A
par disso, listou num rol os atos que exigem como condição de validade a declaração
de seus motivos.

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A partir da sistemática adotada na lei, podemos concluir que, no seio da Administração


Pública Federal, inúmeros atos, sejam vinculados ou discricionários, não exigem
motivação para sua válida produção. Dentre eles, os mais importantes são com
maestria enfatizados pelo Professor Celso Antônio Bandeira de Mello. Afirmou o Autor,
sobre o artigo em comento:

Conquanto seja certo que o arrolamento em apreço abarca numerosos e


importantes casos, o fato é que traz consigo restrição intolerável. Basta lembrar que
em País no qual a Administração freqüentemente pratica favoritismos ou liberdades
com recursos públicos a motivação é extremamente necessária em atos ampliativos
de direitos, não contemplados na enumeração. Assim, parece-nos inconstitucional
tal restrição, por afrontar um princípio básico do Estado de Direito.

Os atos ampliativos de direitos são os atos administrativos que conferem um direito ao


administrado ou aumentam de amplitude um direito anteriormente reconhecido, a
exemplo das autorizações, licenças e permissões.

5.9 Anulação, revogação e Convalidação


Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de
legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos.

Esta é a regra geral para os atos administrativos. Se o ato é ilegal, tanto a


Administração quanto a Justiça podem anulá-lo. Contudo, se o ato é discricionário,
somente a Administração pode revogá-lo por motivo de conveniência e oportunidade.
Neste campo a Justiça não se mete.

Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que


decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da
data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.
§ 1º No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á
da percepção do primeiro pagamento.
§ 2º Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade
administrativa que importe impugnação à validade do ato.

Se um ato gera direitos ou é favorável para o administrado, a administração terá


apenas cinco anos para ANULÁ-LO. Preste atenção. O prazo de cinco anos é para
ANULAR, e não para REVOGAR. Nesta hipótese, portanto, não importa se o defeito é
de competência, finalidade, forma, motivo ou objeto: passou 05 anos, babau pra
Administração (salvo malandragem do administrado). Estes são os que nós chamamos
de vícios insanáveis do ato. Não dá para convalidar expressamente um ato com vício
nestes cinco requisitos.

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Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse


público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis
poderão ser convalidados pela própria Administração.

Convalidação é a correção de um ato ilegal com eficácia retroativa. Há atos que


apresentam vícios passíveis de correção, porque menos graves, que são os atos
anuláveis; e há atos cujos vícios são de maior gravidade e que não admitem correção:
são os atos nulos. O fato de a Administração não anular o ato em cinco anos é
chamado de CONVALIDAÇÃO TÁCITA, ou seja, um ato que apresentava vícios
continua a vigorar normalmente, não podendo mais ser anulado.

Já os atos portadores de defeitos sanáveis podem ser convalidados se da medida não


resultar lesão ao interesse público ou a terceiros. Trata-se aqui de convalidação
expressa (está efetivamente sendo praticado um ato – de correção – pela
Administração). Na segunda hipótese a convalidação é medida adotada
discricionariamente pela Administração, em vista do termo “pode” que inicia a regra,
com o que se deixa claro a natureza desta competência. Ademais, só se admite a
convalidação se o ato for portador de defeitos sanáveis.

Trabalhando a partir de cinco elementos de validade do ato administrativo


(competência, finalidade, forma, motivo e objeto) a doutrina (que hoje se inclina
majoritariamente a favor da convalidação) tem entendimento relativamente pacífico
sobre o que se considera defeito sanável: é apenas o vício de competência, quando
esta é não-exclusiva, e de forma, quando esta é não-essencial à validade do ato.
Portanto, a convalidação expressa pode incidir apenas quando o ato apresentar estes
dois defeitos. Do contrário ela não é autorizada.

Já os atos que beneficiarem os administrados, salvo se estes estiverem de má-fé, não


podem mais ser anulados pela Administração uma vez transcorrido o prazo
decadencial de 05 anos, qualquer que seja o defeito que o ato apresente.

5.10 O Recurso Administrativo e a Revisão


Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em face de razões de legalidade
e de mérito.
§ 1º O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a decisão, a qual, se não a
reconsiderar no prazo de cinco dias, o encaminhará à autoridade superior.
§ 2º Salvo exigência legal, a interposição de recurso administrativo independe de
caução.
Art. 57. O recurso administrativo tramitará no máximo por três instâncias
administrativas, salvo disposição legal diversa.

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Se o interessado não gostar da decisão, ele poderá entrar com recurso, desde que
referente à legalidade ou ao mérito. O recurso é encaminhado primeiro a mesma
autoridade que proferiu a decisão. Se esta não reconsiderar em cinco dias, encaminha
a uma autoridade superior.

O caput do art. 56 da Lei é claro ao estatuir que é cabível recurso por razões de
legalidade ou de mérito. Deste modo, pode o insurgente basear sua pretensão tanto
em motivos de legalidade (entende que a decisão afrontou algum dispositivo de lei ou
algum princípio administrativo) quanto de mérito (entende que, apesar de a decisão em
si ser legal, o entendimento correto seria outro naquele processo em questão). O mais
importante a se entender é que o direito de recorrer não pressupõe que o interessado
traga aos autos novos elementos (ao contrário do processo de revisão, como veremos).
Ele, inconformado com a decisão proferida, e com base nos elementos já constantes
do processo, impugna-a por razões de mérito ou de legalidade.

O parágrafo segundo dispensa que o interessado apresente uma garantia para interpor
o recurso. Veja que no caso de uma lei específica, vale esta. É o que ocorre no
Processo Administrativo Fiscal. Se o contribuinte discorda do pagamento de um tributo
e, depois de uma decisão de primeira instância, quer entrar com recurso, ele tem que
apresentar uma garantia para o pagamento do tributo. O recurso só é aceito mediante
caução. Mas lembre-se, a NÃO-EXIGÊNCIA de caução é a REGRA.

O interessado só pode interpor três recursos. Devemos notar que, se o recurso


tramitará por no máximo três instâncias, então o processo tramitará por no máximo
quatro (a instância inicial e as três recursais).

Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso administrativo:


I - os titulares de direitos e interesses que forem parte no processo;
II - aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente afetados pela decisão
recorrida;
III - as organizações e associações representativas, no tocante a direitos e
interesses coletivos;
IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou interesses difusos.

Não é todo mundo que pode interpor recurso.

• Os titulares de direitos e interesses que forem parte do processo;


• Aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente afetados pela
decisão recorrida;
• As organizações e associações representativas, no tocante a direitos e
interesses coletivos;
• Os cidadãos ou associações, quanto a interesses difusos.

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Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez dias o prazo para interposição
de recurso administrativo, contado a partir da ciência ou divulgação oficial da
decisão recorrida.
§ 1º Quando a lei não fixar prazo diferente, o recurso administrativo deverá ser
decidido no prazo máximo de trinta dias, a partir do recebimento dos autos pelo
órgão competente.
§ 2º O prazo mencionado no parágrafo anterior poderá ser prorrogado por igual
período, ante justificativa explícita.

O prazo para o interessado entrar com recurso é de 10 dias, salvo disposição em lei
específica. O prazo se inicia com a ciência ou publicação oficial. O prazo conta-se,
pois, da data do conhecimento real (ciência) ou fictício (publicação) da decisão, e não
data em que ela foi prolatada.

Já o prazo para decidir o recurso é de 30 dias, que é o mesmo prazo para decidir o
processo. Aqui também é possível a prorrogação por igual período, desde que
justificada. Se a decisão for proferida em data posterior à fixada, isto não representa
vício, sendo válida a decisão. A conseqüência, se for extrapolado o prazo, é a punição
da autoridade morosa, a não ser que esta comprove justo motivo para o atraso.

Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o recurso não tem efeito suspensivo.
Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo de difícil ou incerta reparação
decorrente da execução, a autoridade recorrida ou a imediatamente superior
poderá, de ofício ou a pedido, dar efeito suspensivo ao recurso.

O recurso não tem efeito suspensivo. Isto quer dizer que a decisão tomada no
processo será aplicada. No caso de cassação de autorização de banca de jornal,
mesmo com apresentação de recurso, ela terá de parar de funcionar.

Art. 63. O recurso não será conhecido quando interposto:


I - fora do prazo;
II - perante órgão incompetente;
III - por quem não seja legitimado;
IV - após exaurida a esfera administrativa.
§ 1º Na hipótese do inciso II, será indicada ao recorrente a autoridade competente,
sendo-lhe devolvido o prazo para recurso.
§ 2º O não conhecimento do recurso não impede a Administração de rever de ofício
o ato ilegal, desde que não ocorrida preclusão administrativa.

Este artigo traz os requisitos de admissibilidade do recurso. São as condições que ele
tem que satisfazer para ser apreciado pela autoridade competente. Quando cumpridos,
não asseguram o sucesso da pretensão do recorrente, mas garantem que o recurso
será conhecido, julgado pela autoridade.

Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso poderá confirmar, modificar,
anular ou revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua
competência.

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Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste artigo puder decorrer gravame à


situação do recorrente, este deverá ser cientificado para que formule suas
alegações antes da decisão.

O recurso nos processos administrativos, em geral, poderá piorar a situação do


interessado. Neste caso ele terá direito de se manifestar.

Art. 65. Os processos administrativos de que resultem sanções poderão ser


revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando surgirem fatos novos ou
circunstâncias relevantes suscetíveis de justificar a inadequação da sanção
aplicada.
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar agravamento da
sanção.

A lei só disciplina a revisão nos processos em que haja imposição de sanções, o que
não impede que posteriormente venha o instituto a ser ampliado, por lei, a outras
hipóteses.

O primeiro ponto a ser destacado é que o direito de iniciar um processo de revisão é


imprescritível. A norma é clara ao estatuir que os processos administrativos que
impuserem sanções podem ser revistos a qualquer tempo. Ademais, a iniciativa da
revisão pode partir da própria Administração, agindo de ofício, ou do administrado.

O segundo ponto é o requisito de admissibilidade da revisão: fatos novos ou


circunstâncias suscetíveis de justificar a inadequação da penalidade aplicada. Não
basta, para este processo, que a parte (ou a Administração, de ofício) alegue injustiça
na aplicação da penalidade, ou venha pleitear uma interpretação diversa da norma que
escorou sua punição. É indispensável que ela carreie ao processo fatos novos (não
presentes no processo original) ou circunstâncias relevantes, não levadas em conta no
processo original, que justifiquem uma nova reapreciação do caso. Tanto o fato novo
como a circunstância relevante representam tão só requisitos de admissibilidade da
revisão, o que significa que sua presença constitui apenas uma condição processual.
Não significa que a revisão vá resultar necessariamente numa alteração da decisão
prolatada no processo anterior.

Deve-se destacar que da revisão não poderá resultar agravamento de sanção, ou seja,
o instituto sempre vem a beneficiar, ou ao menos a não prejudicar, o administrado
punido. Nesse aspecto, é completamente oposta a disciplina da lei com relação aos
recursos administrativos. Quanto a estes, o art. 64 expressamente admite a
possibilidade de agravamento da penalidade.

Por fim, não devemos considerar a revisão como uma segunda instância do processo
administrativo original. Nada disso. A revisão é processo novo e autônomo, com

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requisitos próprios de admissibilidade, que inaugura uma nova relação jurídica entre
Administração e administrado.

5.11 Prazos
Art. 66. Os prazos começam a correr a partir da data da cientificação oficial,
excluindo-se da contagem o dia do começo e incluindo-se o do vencimento.
§ 1º Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil seguinte se o
vencimento cair em dia em que não houver expediente ou este for encerrado antes
da hora normal.
§ 2º Os prazos expressos em dias contam-se de modo contínuo.
§ 3º Os prazos fixados em meses ou anos contam-se de data a data. Se no mês do
vencimento não houver o dia equivalente àquele do início do prazo, tem-se como
termo o último dia do mês.
Art. 67. Salvo motivo de força maior devidamente comprovado, os prazos
processuais não se suspendem.

Esta regra é simples. A pessoa foi intimada dia 10 de janeiro e tem 10 dias para
responder. O primeiro dia será o dia 11 e o último será o dia 20. Se for final de semana,
feriado ou tiver jogo da seleção, o prazo fica prorrogado pra o próximo dia útil.

O parágrafo segundo diz que se o prazo for em dias, ele conta os finais de semana e
feriados. Será contínuo. No caso de o prazo ser em meses ou anos, o prazo conta
sempre no mesmo dia do mês ou do ano. Assim, se o caboclo foi intimado dia 05 de
março e tem dois meses para responder, o fim do prazo será em 05 de maio. Não
importa se o mês tem 30 ou 31 dias. No caso dos anos é a mesma coisa. Iniciando em
10 de fevereiro de 2000, dois anos de prazo acabarão em 10 de fevereiro de 2002. Se
o mês em que o prazo terminar não tiver o dia em que iniciou, o prazo termina no
último dia do mês. Assim, se o prazo iniciou dia 31 de julho e é de dois meses, ele
terminará em 30 de setembro.

Art. 68. As sanções, a serem aplicadas por autoridade competente, terão natureza
pecuniária ou consistirão em obrigação de fazer ou de não fazer, assegurado
sempre o direito de defesa.

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