inanimado, fossilizado. A escola gira em torno da escrita. A gramática normativa está voltada para a escrita.
Existem valores sonoros diferentes para cada
símbolo alfabético, e a ortografia por si só não dá uma orientação clara sobre a pronúncia da língua e seus dialetos.
Não existe relação simples “um por um”
letra por som. Um mesmo som pode ser representado por diferentes letras e vice versa.
A escrita não é espelho da fala.
Tabela de símbolos fonéticos Modos de Letras Exemplos articulação correspondentes na ortografia Oclusivas p pai, bicicleta b boi t tia d dia qu/c aquele, casa, taxi g gula,guerra Nasais m mala,campo n nada,canto nh tinha,vem m, n lã, bom, banco Modos de Letras Exemplos articulação correspondentes na ortografia Fricativas f faca v vaca s exceção, feliz, próximo z mesmo,visgo ch enxada,basta j giz, gente Laterais l mala,lata lh família,alho Representações r caro, mar fonéticas do R e RR rr carro, mar x carro, mar h carro,mar r Porta r mar Modos de Letras Exemplos articulação correspondentes na ortografia Africados t tia,muito d dia,doido Vogais i vive, menino (mininu) e vê, aquele é pé, aquela a lá ó pó, abóbora o avô, todo u tudo, todo, salto ã lã, banana O uso de vogais e consoantes na escrita tem um significado e uma função muito diferentes de seu uso na fala. Escreve-se “optar” e se costuma dizer “opitar”, “lápis” e se diz “laps”, “caixa” e se diz “caxa”.
A ortografia é uma convenção sobre as
possibilidades de uso do sistema de escrita, de tal modo que as palavras tenham um único modo de representação gráfica. Escada
Elefante Os alunos deveriam identificar as palavras que são escritas começadas com a letra E.
A criança usa a sua fala como referência para
a escrita e não comete “erros” por leviandade ou distração.
O aluno erra a forma ortográfica porque se
baseia na forma fonética. Os erros dos alunos revelam uma reflexão sobre os usos lingüísticos da escrita e da fala. A escola não deveria preocupar-se somente com a ortografia, mas também com o funcionamento da fala; é importante saber como os alunos falam para poder entender melhor o que eles escrevem.
Deixar as crianças escreverem espontâneos é
de fundamental importância para que façam corretamente a passagem da fala para a escrita e da escrita para a ortografia. A escola, como espelho da sociedade, não admite o diferente e prefere adotar só as noções de certo e errado, numa falsa visão da realidade.
Os professores deveriam discutir o problema
da variação lingüística com seus alunos e mostrar-lhes como os diferentes dialetos são, por que são diferentes, como a sociedade encara essa variação, seus preconceitos e a conseqüência disso na vida das pessoas. A escola deve respeitar os dialetos, entendê- los e até mesmo ensinar como essas variedades da língua funcionam comparando- as entre si. Incluindo nessa discussão o dialeto considerado padrão.
Para o aluno, o respeito às variedades
lingüísticas significa a compreensão do seu mundo e dos outros.